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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO


URUGUAI CENTRO UNIVERSITÁRIO
IDEAU CURSO DE DIREITO

IMPACTOS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 14.133/2021


NAS CONTRATAÇÕES PÚBLICAS EM MUNICÍPIOS
DE PEQUENO PORTE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

********

GETULIO
VARGAS/RS 2023
2

*********

IMPACTOS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 14.133/2021 NAS


CONTRATAÇÕES PÚBLICAS EM MUNICÍPIOS
DE PEQUENO PORTE

Projeto de Pesquisa, apresentado


ao Curso de Direito, do Instituto de
Desenvolvimento Educacional do
Alto Uruguai, como parte dos
requisitos para obtenção de
aprovação na disciplina de Estágio
de Prática Jurídica III.

Orientador: Prof. Danubia


Desordi

GETÚLIO VARGAS / RS
2023
3

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO


URUGUAI
CENTRO UNIVERSITÁRIO IDEAU
CURSO DE DIREITO

A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão


de Curso

IMPACTOS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 14.133/2021 NAS


CONTRATAÇÕES PÚBLICAS EM MUNICÍPIOS
DE PEQUENO PORTE

ELABORADO POR *******************

Como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito

Aprovado em: / /

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof(a). M(a). Nome do orientador(a) – Orientador(a)


Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai –
UNIDEAU

Prof.xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai –
UNIDEAU

Prof.ª. xxxx
Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai -
UNIDEAU

GETÚLIO VARGAS / RS
2023
4

AGRADECIMENTO
5

A justiça não consiste em ser neutro entre o


certo e o errado, mas em descobrir o certo e
sustentá-lo, onde quer que ele se encontre,
contra o errado.

Theodore Roosevelt
6

RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso aborda a temática Nova Lei De


Licitações 14.133/2021, o objetivo geral é investigar os impactos da nova Lei de
Licitações 14.133/2021 nas contratações públicas em municípios de pequeno porte.
A pergunta de pesquisa é: Quais são os impactos da nova Lei de Licitações
14.133/2021 nas contratações públicas em municípios de pequeno porte? Pois, é
valido salientar que a nova lei trouxe novas modalidades licitatórias, modificações
nos contratos, infrações e sanções administrativas e novos princípios para serem
regidos no processo de licitação. É uma pesquisa bibliográfica buscando
concepções de autores renomandos sobre o tema exposto, bem como, analisou os
preceitos legais expostos na Constituição Federal sobre os processos licitatórios.
Após a elaboração de toda a pesquisa é notável que a regulamentação da nova Lei
de Licitações trouxe desafios, obstáculos e impactos nas licitações públicas e cabe
aos municípios se adaptarem as novidades e mudanças, pois, a sociedade de um
modo geral está em constante evolução e cabe a administração acompanhar as
mudanças da humanidade. Por fim, conclui-se que a nova lei 14.133/2021 trouxe
varias mudanças no processo licitatório comparando com a Lei n. 8.666/93. Algumas
modalidades como a Carta Convite e a Tomada de Preços deixam de existir, dando
lugar ao Diálogo Competitivo nas licitações, as modalidades de licitação passaram a
ser feitas por meios eletrônicos, com a função de agilizar o processo licitatório e
trazer mais transparência para os gastos públicos de maneira geral.

Palavras-Chave: Mudanças. Administração Pública. Processos Licitatórios.


7

ABSTRACT

This Course Completion Work addresses the theme New Bidding Law 14.133/2021,
the general objective is to investigate the impacts of the new Bidding Law
14.133/2021 on public procurement in small municipalities. The research question is:
What are the impacts of the new Bidding Law 14.133/2021 on public procurement in
small municipalities? Therefore, it is valid to point out that the new law brought new
bidding modalities, changes in contracts, infractions and administrative sanctions and
new principles to be governed in the bidding process. It is a bibliographical research
seeking conceptions of renowned authors on the exposed theme, as well as,
analyzing the legal precepts exposed in the Federal Constitution on the bidding
processes. After the elaboration of all the research, it is notable that the regulation of
the new Bidding Law brought challenges, obstacles and impacts in public biddings
and it is up to the municipalities to adapt to the news and changes, since society in
general is in constant evolution and it is up to the administration to follow the
changes of humanity. Finally, it is concluded that the new law 14.133/2021 brought
several changes in the bidding process compared to Law n. 8,666/93. Some
modalities such as the Letter of Invitation and the Price Survey no longer exist, giving
way to the Competitive Dialogue in the bids, the modalities of the bidding started to
be done by electronic means, with the function of speeding up the bidding process
and bringing more transparency to the expenses publics in general.

Keywords: Changes. Public administration. Bidding Processes.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução histórica da licitação 11


Figura 2: Principais características do arcabouço regulatório das 15
licitações
Figura 3: Principais constatações sobre as licitações 16
Figura 4: Princípios da licitação 22
Figura 5: Inovações da Nova Lei de Licitações 26
Figura 6: Fluxo de incorporações à Lei nº 14.133/2021 no âmbito das 27
modalidades de licitação
Figura 7: Fluxo de incorporações à Lei nº 14.133/2021, no âmbito dos 28
critérios de julgamento.
Figura 8: Relação entre as modalidades de licitação e os critérios de 29
julgamento de acordo com a nova Lei de Licitações.
9

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 9
2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO SOBRE LICITAÇÕES NO BRASIL
11

2.1 LICITAÇÃO: CONCEITO E FUNÇÃO 15


2.2 MODALIDADES DE LICITAÇÃO 19

2.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS Á LICITAÇÃO 21

2.4 ASPECTOS GERAIS SOBRE A NOVA LEI DAS LICITAÇÕES 25

2.5 IMPACTOS E REFLEXOS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 31

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 38
10

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho tem como tema a nova Lei De Licitações 14.133/2021,


propõe uma discussão sobre os impactos da nova Lei de Licitações 14.133/2021
nas contratações públicas em municípios de pequeno porte. No Brasil, a sociedade
desconfia dos administradores públicos, nos dias de hoje, muito se fala em exercer
uma gestão municipal ou estatal transparente, sem fraudes, sem gastos
desnecessários e sem desvios, a legislação brasileira possui leis específicas sobre
orçamento público que objetiva uma gestão honesta dos recursos orçamentários
públicos, regulada pelos princípios descritos na Constituição, tais princípios são
pautados dentro da moralidade, legalidade, eficiência entre outros.
Sabe-se a administração pública deve seguir várias etapas para seguir seu
planejamento de acordo com cada despesa necessária, levando em consideração
os diferentes tipos, modalidades que deverão fazer parte do processo de compra,
ou seja, da licitação. No decorrer da história há indícios que os chineses utilizaram
algo parecido com o processo de licitação, mas, sendo assim, na administração
pública não é algo novo o conhecimento de que deve haver formas específicos para
direcionar os custos orçamentárias da Administração Pública.
Sendo assim, com a vigência da nova Lei nº 14.133/2021 a partir de abril de
2021 os municípios de pequeno porte precisarão se adequar a modernização dos
processos licitatórios brasileiros, criando impasses para economia local, em virtude
das exigências atual dos processos licitatórios por meio do uso de meios digitais,
provocando obstáculos no acesso às contratações públicas e tornando obrigatório
para a administração pública realizar novas estratégias em relação ao planejamento
das contratações públicas, bem como elaborar planos anuais de contratações
adaptados a nova lei nº 14.133/2021.
A Nova Lei de Licitações 14.133/2021 está em vigor desde abril de 2021,
mas, tornou-se obrigatória a partir de 01 de abril de 2023, sendo assim, os
servidores que comandam os processos licitatórios e os participantes particulares
das licitações tiveram um tempo de adaptabilidade proporcionado pelo legislador
para se adequarem as novas argumentações e diretrizes apresentadas pela
referida lei.

Sendo assim, o presente trabalho tem como problematização: Quais são os


11

impactos da nova Lei de Licitações 14.133/2021 nas contratações públicas em


municípios de pequeno porte? Pois, é valido salientar que a nova lei trouxe
novas

modalidades licitatórias, modificações nos contratos, infrações e sanções


administrativas e novos princípios para serem regidos no processo de licitação.
Portanto o objetivo geral é investigar os impactos da nova Lei de Licitações
14.133/2021 nas contratações públicas em municípios de pequeno porte, e os
objetivos específicos são: apresentar um embasamento teórico sobre a evolução
histórica das licitações; mostrar as principais novidades e mudanças da nova lei
14.133/2021comparando com a Lei n. 8.666/93 e verificar pontos positivos e
negativos em relação a legislação para os municípios de pequeno porte.
A escolha do tema é de fundamental importância para o meio jurídico, pois, a
sociedade se transforma diariamente e a legislação precisa acompanhar essas
mutações a fim de suprir as exigências contemporâneas principalmente no setor
administrativo dos municípios brasileiros.
Carvalho Filho (2020) destaca que a administração pública é responsável por
realizar obras e prestar serviços quando necessário, sendo necessário selecionar
uma pessoa jurídica responsável pelo provimento de materiais e mão de obra, ou
seja, nesse caso é importante um processo de seleção por meio de uma Licitação,
que é um processo formal, onde instituições empresariais competem entre si para a
escolha de um fornecedor dos serviços e produtos para as organizações públicas.
É importante demostrar que os procedimentos licitatórios nos municípios
seguem o que está descrito na Constituição, responsabilizando os gestores comprar
e contratar serviços seguindo as regras e os princípios constitucionais. Fortes Junior
(2017) destaca que legislação é mutante, está sempre inovando para atender as
necessidades da sociedade como um todo e ser mais eficiente, sendo assim, a lei
14.1333/2021 substitui leis como: a Lei de Licitações e Contratos (nº 8.666/1993),
Lei do Pregão (nº10.520/2002) e Lei do Regime Diferenciado de Contratação - RDC
(nº 12.462/2011).
Portanto, acredita-se que tal estudo além de contribuir para a formação e
capacitação profissional, também contribuirá para a aquisição de novos
conhecimentos sobre os processos licitatórios, para que sejam evitados, fraudes,
falhas que prejudicam e proporcionam a disseminação de crimes como corrupção
12

nas licitações públicas.

2 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO SOBRE LICITAÇÕES NO BRASIL

As licitações tiveram origem na Europa na Idade Média, no Brasil, iniciou no


século XIX e passou por um processo de evolução no decorrer da história. Para
Alves (2020) o termo licitação vem do latim licitatione, que significa arrematar em
leilão, licitação trata-se de um procedimento administrativo, pelo qual a
administração pública fará a contratação de serviços ou aquisição de produtos.
Portanto, as licitações são sempre públicas e devem ser acessíveis para toda
a sociedade, a partir do momento que não se cumpre a determinação imposta pelas
leis licitatórias, considera-se crime. A figura 1 demostra a evolução das leis e
decretos da licitação até os dias atuais.

Figura 1: Evolução histórica da licitação

Fonte: ALVES (2020).

Sobre a evolução histórica da legislação sobre licitações no Brasil destaca-se


primeiramente o decreto nº 2.926 de 14 de maio de 1862. De acordo com Fortes
13

Junior (2017, p. 147):

O decreto nº. 2.296/1862 foi o primeiro texto que tratou sobre licitações no
Brasil, um regulamento para as arrematações dos serviços a cargo do
então Ministério da Agricultura, Comércio, e Obras públicas, o artigo
primeiro dispunha que deveriam ser publicados anúncios convidando
concorrentes fixando prazo de quinze dias a seis meses para apresentação
das propostas, segundo a importância e valor do objeto, neste decreto já se
falava em amostras de objetos a serem fornecidos, porém quem deveria
disponibilizar as amostras era o próprio órgão licitante, o qual deveria
disponibilizar também plantas e demais detalhes técnicos aos interessados
pelas obras, para se ter acesso aos orçamentos era necessária permissão
do Ministro, a qual era estendida a todos interessados, os concorrentes
deveriam apresentar fiador idôneo ou caução como condição para
participação no certame, os interessados deveriam se apresentar na data
estipulada nos anúncios para serem inscritos em um livro destinado para
esse fim e após isso eram sorteadas as posições em que cada concorrente
apresentaria de viva voz a sua proposta.

Nota-se que no decreto nº. 2.296/1862 não tinha duas oportunidades para
novos lances, quem por último apresentasse a proposta se beneficiava dos outros
concorrentes, tal decreto era uma lei que não abrangia todas as esferas
governamentais, mas, serviu de estrutura para outras legislações como é o caso do
decreto lei nº 4.536 de 28 de janeiro de 1922.
Hadlich (2015) descreve que após algumas modificações no Decreto Nº
2.926/1862, foi promulgado o Decreto Lei nº. 4.536/1922, que organizava o Código
de Contabilidade da União, nesse decreto apenas 20 Artigos descreviam sobre as
licitações, o artigo 49 obrigava concorrência pública para fornecimentos acima de
determinado valor e para obras quando ultrapassasse o dobro do valor estipulado
para fornecimento, havia uma fase preliminar em que era julgada a idoneidade do
proponente no prazo de dez dias findo o qual seria inscrito no certame, havia
obrigatoriedade de publicação em diário oficial com todas as informações
necessárias aos interessados.
Após o decreto nº. 4.536/1922, surgiu o decreto lei nº 200 de 25 de fevereiro
de 1967, para Silva (2020), estabeleceu a reforma administrativa federal e tratou
sobre licitações no Título XII, que continha em torno de 20 Artigos, os
ordenamentos jurídicos anteriores mencionavam os casos em que era necessária a
realização de licitações, já no decreto Lei nº 200/67 há a previsão dos casos em
que é dispensável a licitação.
14

Sendo assim, destaca-se que os editais deveriam ser publicados em


imprensa oficial com antecedência de trinta dias em caso de Concorrência Pública e
quinze dias em caso de Tomada de Preços, assim como é praticado pela legislação
hoje vigente, também, deveriam conter todas as informações quanto a local, objeto,
condições e participação, habilitação, julgamento etc, o artigo 131 previa que a na
habilitação poderia se exigir do licitante a documentação relativa à personalidade
jurídica, capacidade técnica e idoneidade financeira (SILVA, 2020).
No ano de 1968 foi criada a Lei Nº 5.456 de 20 de junho de 1968 que previa
apenas que o Decreto Lei Nº 200/67 deveria ser aplicado aos Estados e Municípios,
sendo que os prazos de publicação poderiam ser reduzidos à metade e que leis
estaduais fixariam os valores que deveriam ser aplicados em cada modalidade de
licitação, o artigo 4º permitia que os Estados legislassem supletivamente sobre
licitações (HADLICH, 2015)
A Lei nº 5.456 trouxe mais segurança para as contratações, pois, se tornaria
padrão para todos os órgãos federativos. Segundo Alves (2020, p.15):

O decreto lei nº 2300 de 21 de novembro de 1986 foi o grande marco da


licitação no Brasil até aquele momento, denominado no primeiro Artigo de
Estatuto Jurídico das Licitações e Contratos Administrativos, o Decreto Lei
2300/86 trouxe 90 Artigos divididos em seis capítulos, os quais eram
pertinentes ao âmbito da Administração Federal, o capítulo I subdividido
em seis seções trazia em sua primeira seção os princípios básicos da
igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento
convocatório, julgamento objetivo e de princípios correlatos.

Após, o decreto Lei 2300, surgiu as licitações na Constituição de 1988 que


dispõe no art. 22, compete privativamente à União legislar sobre: XXVII – normas
gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III. (SILVA, 2020).
Tem no art. 37 – A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
15

licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com


cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações (SILVA, 2020).
Esse é o grande marco das licitações, pois, somente a Constituição Federal
Brasileira abordou sobre licitações e contratações administrativas, e definiu a
competência da União para legislar sobre normas Gerais de Licitação para todos os
entes da federação.
Após as licitações fazerem parte da Constituição de 88 novas leis surgiram
como a lei 8666 de 21 de junho de 1993, visando trazer maior segurança às
contratações públicas, a lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, que institui, no âmbito
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências (ALVES, 2015).
Também teve a lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 que originou o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) é uma modalidade de licitação pública
criada no Brasil para atender às necessidades de contratações para obras
destinadas aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, e da Copa do Mundo
FIFA de 2014, além de obras de infraestrutura aeroportuária em capitais distantes
até 350 quilômetros daqueles eventos esportivos (SILVA, 2020). Portanto, nota-se
que o RDC foi um avanço se tratando das obras e o modo de disputa poderá ser
aberto, fechado, ou a combinação dos critérios.
Por fim, segundo Alves (2015, p. 19):

Tem-se a lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016 que dispõe sobre o estatuto


jurídico da empresa pública – EP, da sociedade de economia mista – SEM e
de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, veio disciplinar a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado por intermédio de suas empresas públicas e sociedades de
economia mista, conforme previsto no art. 173 da Constituição Federal. E o
decreto nº 10.024, de 20 de setembro de 2019 que regulamenta o pregão
em sua forma eletrônica, o Decreto instituiu o procedimento eletrônico de
dispensa de licitação, o novo regulamento se aplica ao âmbito da
administração pública federal, em um primeiro momento, as suas disposições
se aplicam à administração federal direta, às autarquias, às fundações e
aos fundos especiais, mas, as suas disposições também podem ser
aplicadas às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às
16

suas subsidiárias.

Desde o dia 25/06/2019 o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o


texto- base do projeto da nova Lei de Licitações onde recebeu o número 6814/2017.
O PL 1293/95 consolida quase todas as normas para as contratações públicas,
revogando a Lei de 8666/93, a Lei do Pregão (2002) e o Regime Diferenciado de
Contratações (2011), ficaram de fora as estatais, com o argumento de que a Lei de
Responsabilidade das Estatais já possui um capítulo dedicado ao tema das
licitações (SILVA, 2015). A figura 2, resume as principais características do
arcabouço regulatório das licitações.
Figura 2: Principais características do arcabouço regulatório das licitações.

Fonte: SABINO (2023).

Nota-se que formam aprimoradas várias características do processo licitatório


com a publicação da nova Lei das Licitações, destacando-se as alterações e
novidades ocorridas nas modalidades de licitação e nos critérios de julgamento.

2.1 LICITAÇÃO: CONCEITO E FUNÇÃO


17

O dever de licitar decorre de uma disposição constitucional, quando da


promulgação da Constituição Federal de 1988, o legislador optou por conferir uma
regra mais bem detalhada para as compras e demais aquisições que envolvessem
recursos públicos, possibilitando, assim, que houvesse um maior controle por parte
de toda a sociedade e dos próprios Tribunais de Contas (SURDI, 2022).
Em seu artigo 37, XXI, a Constituição Federal assim dispõe: Art. 37, XXI,
Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações (BORGES, 2021).
Baseando-se nisso a figura 3 demostra importantes constatações sobre as
licitações.

Figura 3: Principais constatações sobre as licitações

Fonte: MEIRELLES (2021).

Segundo Carvalho (2015, p. 429):


18

A administração pública possui a tarefa árdua e complexa de manter o


equilíbrio social e gerir a máquina pública. Por essa razão, não poderia a
lei deixar a critério do administrador a escolha das pessoas a serem
contratadas, porque essa liberdade daria margem a escolhas impróprias e
escusas, desvirtuadas do interesse coletivo, sendo assim, a licitação é
restringida pela lei, que impõe certos limites para celebração de contratos
administrativos, que tem como fundamento adequar o tratamento
isonômico nas suas contratações, ou seja, a Licitação consiste em um
procedimento administrativo por meio do qual a administração escolhe a
proposta mais vantajosa para a contratação de seu interesse e esse
procedimento se desenvolve através de atos administrativos vinculativos
entre o licitante e o poder público oferecendo iguais condições a todos
interessados, que desejem contratar com a administração pública.

Nota-se que a licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e


por um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos visando a seleção
da proposta de contratação mais vantajosa e a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável, com observância do princípio da isonomia, conduzido por um
órgão dotado de competência especifica (JUSTEN FILHO, 2021).
Portanto, a isonomia é um fundamento essencial, pois, direciona toda licitação
no ordenamento jurídico brasileiro, já que é preciso analisar a melhor proposta dos
interessados, antes de contratar. O quadro 1 apresenta os principais conceitos a
cerca das licitações públicas.

Quadro 1: Licitações públicas

LICITAÇÕES PÚBLICAS

As licitações públicas são regidas por princípios


constitucionais que devem nortear todo o processo, os
Princípios quais se encontram consagrados no art. 37 da Carta
Magna e objetivam a lisura e a transparência das
contratações.

Existem diferentes modalidades de licitação, como a


concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e
Modalidades o leilão. Cada modalidade possui requisitos específicos e
é utilizada de acordo com o valor e a natureza do objeto a
ser
19

contratado.
Documento que estabelece as regras do processo
licitatório, contendo todas as informações sobre o objeto
da licitação, critérios de participação, prazos, exigências,
formas de apresentação das propostas e critérios de
Edital
seleção. É por meio do edital que os interessados têm
acesso às informações necessárias para participar da
licitação.

A habilitação é a etapa do processo licitatório em que são


verificados os requisitos legais e técnicos dos
Habilitação participantes. Nessa fase, os licitantes devem comprovar
sua capacidade jurídica, regularidade fiscal, qualificação
técnica e econômico-financeira para executar o contrato.

Os critérios de seleção são utilizados para escolher a


proposta mais vantajosa para a administração pública.
Critérios de Seleção Eles podem ser baseados no menor preço, na melhor

técnica, na combinação entre preço e qualidade, ou em


outros critérios objetivos previstos no edital.

Durante o processo licitatório, os participantes podem


Impugnação e
apresentar impugnações ao edital ou interpor recursos
Recurso
em caso de discordância com as decisões da comissão
delicitação. Esses mecanismos garantem o direito de
defesa e a possibilidade de contestação das etapas do
processo.

Após a fase de seleção, é celebrado o contrato entre o


Contrato
órgão público e o vencedor da licitação. O contrato
estabelece as obrigações das partes, prazos, forma de
pagamento e demais condições necessárias para a
execução do objeto contratado.
20

Fonte: CARVALHO (2015)

Para Carvalho (2015) na licitação existe um ato de convocação que em regra


é o edital neste instrumento de convocação que serão definidos critérios de
julgamento das propostas que são denominados de tipos de licitação, a formação da
licitação deve ocorrer após a definição do tipo de licitação por parte da comissão que
irá conduzir o certame.
Os tipos de licitação, segundo Carvalho Filho (2014, p. 294) são:

A de menor preço, a de melhor técnica, a de técnica e preço e a de maior


lance ou oferta", este último adotado para alienação de bens ou concessão
de direito real de uso de bens públicos. Nos três primeiros, como o próprio
nome indica, leva-se em conta o fator pertinente, embora, como vimos,
possam ser considerados outros para a fixação do critério.

Cada tipo de licitação serve para uma um tipo de contratação. Para Carvalho
(2015) a licitação do tipo menor preço é aquele que define o vencedor da licitação
que alcança o objeto descrito no instrumento convocatório e oferece o preço mais
baixo, o edital define o objeto e suas características e o licitante que trouxer o objeto
respeitando os critérios definidos no edital no preço mais baixo vence a licitação.
Mazza (2013) dispõe que a licitação de menor preço: quando o critério de
seleção da proposta mais vantajosa para a administração determinar que será
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do
edital ou convite e ofertar o menor preço.
É o edital quem define a melhor técnica. Entende-se por melhor técnica a
licitação que tem por critério de escolha a qualidade do produto a ser adquirida ou
do serviço a ser prestado. Em razão do previsto no artigo 46 da lei 8666, este tipo só
poderá ser utilizado para serviços de natureza intelectual ou para serviços de
informática (CARVALHO, 2015).
Segundo as concepções de Melo (2010, p. 604):

Nas licitações de técnica e preço, as quais são reguladas no § 2º do art. 46,


o critério de seleção da melhor proposta e o que resulta da media
ponderada das notas atribuídas aos fatores técnica e preço, valorados na
conformidade dos pesos e critérios estabelecidos no ato convocatório. Dele
deverão constar, tal como na licitação de melhor técnica, critérios claros e
21

objetivos para identificação de todos os fatores pertinentes que serão


considerados para a avaliação da proposta técnica. Também seu
procedimento obedece, no início, a tramitação igual à da licitação de melhor
técnica.

Outro critério a ser observado para Melo (2010) é o maior lance ou oferta, são
tipos de licitações previstos no artigo 45 § 1 inciso IV da lei 8666/93, e é utilizada
para alienação de bens e direito por parte do poder público bem como para o leilão,
em regra as licitações são realizadas no tipo menor preço, só é possível se valer de
licitação com exigência nos demais tipos de licitação para serviços de informática ou
para serviços de natureza intelectual sendo essa limitação feita pela própria
lei 8666/93.

2.2 MODALIDADES DE LICITAÇÃO

São as modalidades de licitação que indicarão as regras gerais da


competição, no Direito Brasileiro existem seis modalidades gerais de licitação,
Carvalho (2015) define sendo essas: concorrência, tomada de preços, convite,
concurso, leilão sendo essas modalidades originarias da lei 8666/93, já o pregão
foi instituída posteriormente a lei 8666/93 e atualmente é regulamentado pela
lei 10520/02. Portanto, a lei descreve que essas modalidades licitatorias proibem à
criação de novas modalidades de licitação e também a combinação entre as
modalidades já existentes de licitação.
Para Carvalho Filho (2014) são cinco as modalidades de licitação, mas, são
apenas três os fins a que se destinam, e isso porque, como se verá adiante, as três
primeiras modalidades a concorrência, a tomada de preços e o convite - têm o
mesmo objetivo: a contratação de obras, serviços e fornecimento, enquanto [...], o
concurso e o leilão têm objetivos próprios e diferenciados. Essas modalidades são
expressas na lei. Nenhuma outra, além delas, pode ser criada pela Administração.
Nem também podem sofrer combinações entre si.

Segundo Carvalho (2015, p.444):

Em virtude de seu caráter mais amplo e de seu procedimento rigoroso, a


concorrência é obrigatória para contratações de valores mais altos,
conforme prevê o art. 23, da lei 8.666/93, porque os recursos financeiros
22

empregados pela Administração são mais elevados, a concorrência


apresenta maior rigor na formalidade exigindo ampla divulgação. Sendo
assim, a modalidade é obrigatória para contratações de obras e serviços de
engenharia acima de um milhão e meio de reais (R$ 1.500.000,00) e para
aquisição de bens e serviços, que não de engenharia, acima de seiscentos
e cinquenta mil reais (R$ 650.000,00). Na tomada de preços existe certa
restrição de quem pode participa podendo apenas participar do certame
aqueles cadastrados no órgão que está promovendo a licitação e aqueles
que cumprirem os requisitos para cadastro com no mínimo três dias antes
da data marcada para abertura dos envelopes.

A tomada de preços é utilizada para obras e serviços de engenharia no valor


de até um milhão e quinhentos mil reais (R$ 1.500.000) e nas compras de bens e
outros serviços até de seiscentos e cinquenta mil reais (R$ 650.000.00), é a
modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atendam às
condições do edital até três dias antes da data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação (art. 22, § 2º, da Lei n.8.666/93) (MAZZA, 2013,
p.312).
O convite somente os convidados no numero mínimo de três convidados
podem participar do certame e caso não seja convidado e queira participar do
certame deverá ser previamente cadastrado no órgão e manifestar interesse com
antecedência mínima de 24 horas da abertura das propostas, essa modalidade é
usada nas contratações de obras e serviços de engenharia no valor de até
(R$150.000.00) cento e cinquenta mil reais e para aquisição de bens no valor de até
(R$80.000.00) oitenta mil reais (CARVALHO, 2015). O convite é uma modalidade
utilizado para contratos de valores pequenos.
O convite é a modalidade mais restrita de todas as previstas lia lei de
licitações, pois a Administração Pública pode escolher potenciais interessados em
participar da licitação, sendo assim, é possível a realização da licitação na
modalidade convite para contratações de obras e serviços de engenharia até cento e
cinquenta mil reais (R$ 150.000,00) e para aquisição de bens e serviços, que não de
engenharia, até de oitenta mil reais (R$ 80.000,00) (CARVALHO, 2015).
Segundo Carvalho Filho (2014, p. 282):

O concurso, leilão e pregão modalidades selecionadas por meio do objeto


sendo o concurso à modalidade licitatória utilizada pela administração
sempre que for necessária a escolha de trabalhos técnico, artístico ou
cientifico e será pago por meio de prêmio ou quantia em dinheiro de acordo
com o disposto no edital, o concurso, previsto no art. 22, § 4º, do Estatuto, é
a modalidade de licitação que visa à escolha de trabalho técnico, artístico ou
científico. Trata-se, pois, de aferição de caráter eminentemente intelectual.
23

Quando faz um concurso, a Administração não pretende contratar com


ninguém, ao menos em princípio. Quer apenas selecionar um projeto de
cunho intelectual e a seu autor conceder um prêmio ou determinada
remuneração. Com o cumprimento desse ônus pela Administração, a
licitação fica encerrada.

Para Di Pietro (2014) o pregão é uma modalidade de licitação posterior à


lei 8666/93 e é regulamentado pela lei 10520/02, e presta-se para aquisição de bens
e serviços comuns, bens e serviços comuns são considerados aqueles que podem
ser indicados no próprio edital como produtos de fácil identificação usual de
mercado.
Sobre o leilão Di Pietro (2014) cita que é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
alienação de bens imóveis, prevista no art. 19, a quem possa oferecer o maior lance,
igual ou superior ao da avaliação (art. 22, § 5º). Portanto, essa é uma modalidade
utilizada para venda de bens imóveis adquiridos por meio de dação em pagamento
ou decisão judicial.

2.3 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS Á LICITAÇÃO

A licitação deve respeitar os princípios constitucionais aplicáveis à


administração constantes no art. 37, caput da Constituição Federal como também os
princípios previstos no art. 3 da lei 8666/93. A figura 4 demostra os princípios da
licitação e suas características.

Figura 4: Princípios da licitação.


24

Fonte: DI PIETRO (2014).

O princípio que rege a licitação é o da legalidade, permeia as normas


aplicadas ao seu procedimento bem como a impessoalidade que descarta qualquer
ordem de preferência nas contratações, já ao princípio da moralidade esse leva em
consideração que as contratações devem ser realizadas nos padrões éticos e
morais e o princípio da eficiência garante maior benefício ao interesse coletivo (DI
PIETRO, 2014).

Sendo assim, todos os procedimentos licitatórios devem observar a


legalidade, a impessoalidade tem como finalidade conduzidar a licitação em respeito
25

aos padrões éticos e morais, além da garantia de eficiência inerente a toda atuação
do Poder Público, no princípio da legalidade o administrador não pode a sua própria
vontade realizar qualquer ato ou contratação sem que a própria lei lhe autorize
diferentemente, na licitação o princípio da legalidade impõe que o administrador
observe o procedimento de acordo com aquilo que está previamente determinado na
lei (CARVALHO, 2015).
Portanto, o princípio da legalidade é a base dos processos licitatórios.
Carvalho Filho (2014, p.246) destaca que:

No campo das licitações, o princípio da legalidade impõe, principalmente,


que o administrador observe as regras que a lei traçou para o procedimento.
É a aplicação do devido processo legal, segundo o qual se exige que a
Administração escolha a modalidade certa; que seja bem clara quanto aos
critérios seletivos; que só deixe de realizar a licitação nos casos permitidos
na lei; que verifique, com cuidado, os requisitos de habilitação dos
candidatos, e, enfim, que se disponha a alcançar os objetivos colimados,
seguindo os passos dos mandamentos legais.

Com isso, entende-se que o princípio da legalidade está descrito no art.4 da


constituição. Para Melo (2010) o princípio da legalidade encontra-se no art. 4º da lei,
que segundo o qual todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos
ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância
do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão
acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou
impedir a realização dos trabalhos.
Portanto, todas as ações administrativas não estão subordinados as vontades
dos agentes públicos e devem seguir o que está descrito na lei. Niebuhr (2013),
descreve que o princípio da supremacia do interesse público justifica as garantias e
prerrogativas que o Estado tem, ou seja, a supremacia do interesse público faz com
que o Estado goze de garantias que não estão presentes no âmbito privado, quando
o Estado busca o interesse público ele acaba garantido, garantias e prerrogativas
para que possa alcançar o interesse público sendo esse princípio um dos princípios
de observância obrigatória que compõe a base do regime jurídico administrativo
(CARVALHO, 2015).
O princípio da eficiência visa que as contratações sejam feitas não apenas no
preço mais na qualidade do produto ou serviço em tempo hábil, sendo assim,
Niebuhr (2013, p. 42) cita que:
26

O princípio da eficiência foi inserido na constituição federal por meio da


emenda constitucional 19/98, o fim da eficiência é conseguir o maior número
de benefícios com o mínimo de gastos, a atuação eficiente além de buscar a
garantia da legalidade, moralidade toda atuação administrativa deve seguir
a busca de resultados positivos. A eficiência em licitação pública gira em
torno de três aspectos fundamentais: preço, qualidade e celeridade. Em
razão desses aspectos, decorrem outros princípios, chamados de justo
preço, da seletividade e o da celeridade, que juntos atingiriam a eficiência
desejada.

Nessa ressalva destaca-se que outro princípio essencial nas licitações é o da


isonomia, pois é ele que direciona toda licitação no ordenamento jurídico Brasileiro.
Para Mello (2010), o principio da igualdade implica o dever não apenas de tratar
isonomicamente todos os que afluírem ao certame, mas também o de ensejar
oportunidade de disputa-lo a quaisquer interessados que, desejando dele participar,
podem oferecer as indispensáveis condições de garantia.
O princípio da vinculação ao instrumento convocatório, institui que via de
regra o edital é a lei interna da licitação salvo na modalidade convite que a
convocação é feita por meio da carta convite (DI PIETRO, 2014, p.387). Após a
administração estabelecer no edital os requisitos para as empresas participar da
licitação, os interessados poderão apresentar suas propostas.
O edital é um ato administrativo que depende da lei e deve estar de acordo
com as disposições legais, para Carvalho (2015, p. 604):

O princípio da economicidade encontra argumento no sentido que a


administração deve busca o menor preço e melhores condições, buscando
sempre reduzir os custos com maior celeridade e desburocratização, a
economicidade carrega a noção de prestação do serviço de forma eficiente,
com resultados positivos à sociedade e com gastos dentro dos limites da
razoabilidade. Saliente-se que se costuma considerar este preceito no que
tange à qualidade e também à quantidade de serviço prestado, evitando-se
uma execução morosa por parte do servidor.

Por fim, o princípio da economicidade, esta descrito no artigo 70 da


Constiuição, objetiva a qualidade e menor custo benefício na prestação de serviços
para administração, sendo assim, percebe-se que todos osp rincípios sao
fundamentais no processo licitátorio e para as empresas participarem e
paresentarem suas propostas devem seguir o que esta descrito no edital.
27

2.4 ASPECTOS GERAIS SOBRE A NOVA LEI DAS LICITAÇÕES

Diariamente as legislações de um modo geral sofrem mudanças, pois, a


sociedade está sempre em constante transformação, se tratando das legislações na
administração pública, está também muda frequentemente, sendo importante
acompanhar as alterações em virtude das licitações feita nos processos de compras
públicas.
Em relação ao campo de aplicação das disposições da Nova Lei das
Licitações, Surdi (2022, p. 7) destaca que é preciso uma reflexão sobre o artigo 1º,
que apresenta a seguinte redação:

Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais de licitação e contratação para as


Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e abrange: I – os órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal
e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho
de função administrativa; II – os fundos especiais e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública. § 1º Não
são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303, de 30 de
junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei. § 2º As
contratações realizadas no âmbito das repartições públicas sediadas no
exterior obedecerão às peculiaridades locais e aos princípios básicos
estabelecidos nesta Lei, na forma de regulamentação específica a ser
editada por ministro de Estado.

Portanto, todas as leis sobre licitações públicas sejam de aplicação


obrigatória pela Administração Pública e isso vale para todos os entes federativos
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, principalmente aos órgãos dos
Poderes Legislativos e Judiciário quando estes estiverem fazendo uso da função
atípica de administrar, como demostra o quadro 2.

Quadro 2: Poderes e suas funções.

Poderes Funções

Poder Executivo É assegurada a função típica de administrar

Poder Legislativo Conta com a função de fiscalizar e de elaborar as leis


28

Poder Judiciário Julga as causas que a ele são submetidas.

Fonte: SURDI, (2022).

Mesmo que administrar seja uma função do Poder executivo, os demais


poderes podem fazer uso dessa função. Sobre as leis de licitação, é importante
descrever que, desde o dia 1º de abril de 2023 entrou em vigor a nova Lei de
Licitações e Contratos Administrativos nº 14.133/2021, tal lei vale entes federativos –
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Justen Filho (2021) destaca que a lei em questão trouxe mudanças
significativas em relação à Lei nº 8.666/1993, dentre as quais, a possibilidade de se
utilizar concomitantemente ambas as legislações a mais antiga (Leis nº 8.666/1993,
10.520/2002 e 12.462/2011) e a nova (Lei nº 14.133/2021) pelo prazo de 02 (dois)
anos, observando-se as regras de compatibilidade previstas na lei mais nova,
vedando-se, pois, a aplicação combinada das duas leis num mesmo procedimento
e/ou contrato restando a legislação mais antiga revogada após o aludido interstício
legal.

A Nova Lei de Licitações e Contratações Públicas tem como


principais pilares o planejamento, a padronização, o governo digital, a
competitividade e a transparência (TORRES, 2022), como demostra a figura 5.

Figura 5: Inovações da Nova Lei de Licitações.


29

Fonte: TORRES (2022).

No âmbito das modalidades de licitação, na Figura 6, esquematiza o fluxo de


incorporações à Lei nº 14.133/2021.

Figura 6: Fluxo de incorporações à Lei nº 14.133/2021 no âmbito das modalidades


de licitação.
30

Fonte: SABINO (2023).

Observa-se que as modalidades Convite e Tomadas de Preços foram


eliminadas, as modalidades Concorrência, Leilão e Concurso são absorvidas da Lei
nº 8.666/1993, a modalidade pregão vem da Lei nº 10.520/2002 e, como novidade,
tem-se a criação do Diálogo Competitivo, o qual consideramos o grande destaque
na esfera das modalidades de licitação (SABINO, 2023).
No que tange os critérios de julgamento, o grande destaque é a incorporação
do critério Maior Retorno Econômico da Lei nº 12.462/2011 – RDC, conforme
ilustrado na Figura 7.

Figura 7: Fluxo de incorporações à Lei nº 14.133/2021, no âmbito dos critérios de


31

julgamento.

Fonte: SABINO (2023).

Este critério permite remunerar o serviço pela fixação de um percentual que


incidirá sobre a economia efetivamente obtida. Ou seja, ele propicia a
implementação de contratos de performance e é considerado ideal para contratação
de serviços de Eficiência Energética e Energias Renováveis (SABINO, 2023). Sabe-
se que para cada modalidade de licitação há um ou mais critérios de julgamento que
podem ser aplicados, na figura 8 é apresentada a relação entre as modalidades de
licitação e os critérios de julgamento de acordo com a nova Lei de Licitações.
Figura 8: Relação entre as modalidades de licitação e os critérios de julgamento de
32

acordo com a nova Lei de Licitações.

Fonte: SABINO (2023).

Para a Concorrência pode-se aplicar qualquer critério exceto o Maior Lance,


o qual é exclusivo para o Leilão. A modalidade concurso permite apenas o critério
Melhor Técnica ou Conteúdo Artístico. Já com o Pregão é possível utilizar o Menor
Preço e o Maior Desconto. No caso do Diálogo competitivo a no Lei não explicita os
critérios de julgamento empregáveis, ela apenas informa que o edital conterá
critérios objetivos para seleção da proposta mais vantajosa (TORRES, 2022).
Sabe-se que a Administração Pública é formada por órgãos e entidades que
tem competências e funções administrativas descritas em lei, portarias, decretos e
resoluções, frente aos desafios enfrentados por municípios de pequeno porte o
legislador entendeu por bem conferir-lhes regras especiais de transição, mormente
no que atina ao prazo de adequação a normas específicas aplicáveis às licitações e
contratações públicas, como o exposto na Nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativos (TORRES, 2022).
Nessa ressalva o Parecer da Consultoria do TCU, no art. 176, da Lei nº
14.133/2021 destaca que:

Ainda em relação a prazos para cumprimento de dispositivos da NLLC, por


reconhecer a discrepância de estrutura vivida entre diversos entes
federados, presumiu a Nova Lei que os municípios com menos de 20.000
(vinte mil) habitantes teriam maiores dificuldades em implementar a nova
sistemática. Assim, o art. 176 concedeu prazo de 6 (seis) anos para que
esses municípios passem a ser obrigados a cumprir determinados tópicos
33

legais, inclusive quando às regras relativas à divulgação em sítio eletrônico


oficial. Na sequência, são apresentados os meios alternativos em que os
municípios com até 20.000 habilitantes deverão publicar as informações e
disponibilizar a versão física dos documentos (BRASIL, 2023, p.21).

Com isso, os municípios de pequeno porte têm o prazo de 06 (seis) anos


desde a publicação da nova lei para cumprirem os requisitos estabelecidos no seu
art. 7º e no caput do seu art. 8º, que trata sobre as licitações. Portanto, nota-se que
está será a maior utilidade do artigo 176 seja adiar por 6 (seis) anos a obrigação
dos municípios de tomar as medidas para a segregação de funções, em
conformidade com o § 1º do artigo 7º, cujo texto veda a designação do mesmo
agente público para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos
(NIEBUHR, 2021)
Sendo assim para cumprir de imediato o que diz a nova lei, os municípios de
pequeno porte não teriam condições financeiras para ampliar os seus quadros.
Justen Filho (2021) cita que é uma inovação positiva, pois, se impõe diretrizes de
gestão por competência, de governança pública e de segregação de funções.
Para Bordalo (2021, p. 456):

O aludido art. 176, no referido prazo, faculta-se também a tais Municípios


realizarem licitações eletrônicas, bem como o cumprimento das regras
sobre divulgação em sítio eletrônico oficial, previstas na dita lei, sendo
assim, entende-se que, o cumprimento de tal regra pelos Municípios em
questão, em curto prazo, não suscitaria maiores problemas, mormente
pelo fato de o Decreto Federal nº 10.024/2019, já determinar que o rrt. 1º
[...]
§ 3º Para a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns pelos
entes federativos, com a utilização de recursos da União decorrentes de
transferências voluntárias, tais como convênios e contratos de repasse, a
utilização da modalidade de pregão, na forma eletrônica, ou da dispensa
eletrônica será obrigatória, exceto nos casos em que a lei ou a
regulamentação específica que dispuser sobre a modalidade de
transferência discipline de forma diversa as contratações com os recursos
do repasse. (§ 3º, do art. 1º, do Decreto Federal nº 10.024/2019).

Portanto, pelo fato de muitos municípios já recebem transferências voluntárias


da União e empregam boa parte dos recursos na aquisição de bens e na
contratação de serviços comuns, já realizam, licitação na modalidade Pregão em
sua forma eletrônica, de modo que, eventual adaptação/capacitação para a
utilização de outras modalidades licitatórias em suas formas eletrônicas não
dimanaria maiores esforços dos Municípios de pequeno porte.
Nessa senda, para Niebuhr (2021) grande parte dos municípios já fazem
licitação de modo eletrônico e usam diário oficial eletrônico, sendo assim, 6 anos
34

para se adaptarem não é exagerado, pois, dentro do citado prazo, por se tratar de
sítio eletrônico oficial, nos termos do caput do art. 174, da Lei nº 14.133/2021,
faculta-se aos Municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes a adoção do Portal
Nacional de Compras Públicas (PNCP).
Caso os municípios de pequeno porte optem por não adotar o PNCP, devem;
I - publicar, em diário oficial, as informações que esta Lei exige que sejam
divulgadas em sítio eletrônico oficial, admitida a publicação de extrato; II -
disponibilizar a versão física dos documentos em suas repartições, vedada a
cobrança de qualquer valor, salvo o referente ao fornecimento de edital ou de cópia
de documento, que não será superior ao custo de sua reprodução gráfica (BRASIL,
2023).
Nessa ressalva, é valido descrever que o art. 94, da nova Lei prevê que a
divulgação no PNCP é indispensável para se alcançar os objetivos do contrato e de
seus aditamentos. Para Brasil (2023) o prazo de 06 (seis) anos estipulado no caput
do art. 176, da nova lei, insere-se no contexto das ditas regras especiais de
transição, do qual apenas os Municípios com até 20.000 habitantes disporão para
melhor se adequarem às inovações legais específicas aqui tratadas, introduzidas no
ordenamento jurídico através da Lei nº 14.133/2021.
Com tudo, grande parte dos municípios de pequeno porte possuem entraves
em relação a qualificação dos colaboradores dos quadros técnicos e dos agentes
públicos que farão parte dos processos de licitação e da execução dos contratos
administrativos. Bordalo (2021) vai além, os municípios de pequeno porte
enfrentarão limitações nos termos de adequação da legislação local
regulamentadora da nova lei, além da adequação legal e orçamentária para fazer
face aos novos cargos e funções que serão criados na estrutura administrativa dos
referidos entes federativos.
Perante ao prazo de cumprimento do prazo de 6 anos, cada município com
até 20.000 mil habites poderá cumprir de imediato ou no decorrer do prazo como
intitulado art. 176 da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, cada
município deverá tomar decisões caso sinta-se apta do ponto de vista orçamentário,
legal e qualificado.
35

2.5 IMPACTOS E REFLEXOS DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES

O mundo de uma forma geral está vivendo a era tecnológica, sendo assim, se
tratando das licitações, houve muitos impactos e reflexos principalmente nos
municípios de pequeno porte. Para Gonçalves e Silva (2013) a Nova Lei de
Licitações veio para simplificar os procedimentos, aumentar a eficiência do processo
licitatório, promover a transparência e a competitividade, abordando temas como
sistema de registro de preços, governança, sustentabilidade, administração e
consórcios públicos, entre outros aspectos relacionados a licitações e contratos
administrativos.
Tal lei trouxe muitas vantagens e novidades, como demostra Melo (2021, p.
93):

Uma das novidades trazidas pela Nova Lei é a modalidade de diálogo


competitivo, que permite o diálogo prévio com os licitantes para o
desenvolvimento de soluções inovadoras e complexas. Além disso, introduz
melhorias relacionadas à habilitação, critérios de seleção e formato de
apresentação das propostas, uma das vantagens dessa nova norma é a
flexibilização na apresentação dos documentos de habilitação, o que agiliza
o processo, porém, a nova lei ainda mantém uma abordagem densa. Seria
desejável uma legislação mais concisa, consequente da criação de uma
agência reguladora para as contratações públicas.

As licitações devem abordar aspectos relevantes, indo além do melhor preço,


sendo assim, é importante integrar a sociedade na fiscalização dos contratos,
garantindo o cumprimento das obrigações e o uso adequado dos recursos públicos.
Para Gonçalves e Silva (2023), a elaboração de projetos e obras públicas deve ser
aprimorada, assim como a pesquisa de preços para a inteligência dos custos,
visando reduzir a necessidade de reequilíbrio contratual e tornar os contratos mais
objetivos.
Várias são as propostas que facilitariam o processo licitatório, Melo (2021)
destaca que a criação de uma agência reguladora técnica, que leve em
consideração as particularidades regionais e setoriais, com o objetivo de reduzir os
custos de produção e operação, seria fundamental, esta análise busca destacar os
pontos positivos da nova lei como um todo. Essa proposta é uma maneira de se
36

fazer uma reflexão sobre os obstáculos que os municípios de pequeno porte


enfrentam.
Sabe-se que toda a mudança gera insegurança, pois, as pessoas estão
acostumadas com métodos tradicionais, da lei antiga, nesse sentido, é possível
identificar pontos positivos na Nova Lei de Licitações. Para Niebuhr (et.al, 2020, p.
74):

Inicialmente, observe-se a intenção do legislador em garantir a


transparência e a regularidade dos atos por meio de uma padronização
sistemática. Essa abordagem confere um caráter altamente formal ao
procedimento, proporcionando maior segurança jurídica ao processo
licitatório e suas contratações como um todo. Com maiores exigências e um
planejamento mais robusto, é possível alcançar uma concretização mais
efetiva e atender ao interesse público pretendido. Após anos de vigência da
Lei 8.666/1993 e constatação de lacunas evidenciadas pela prática diária, a
Lei 14.133/2021 se baseia em pontos positivos da legislação anterior,
aprimorando-os conforme necessário, além de descartar práticas
consideradas obsoletas ou que não geram resultados.

A nova Lei das Licitações implantou práticas contemporâneas, dando


prioridade para modelos eletrônicos com o suporte de vídeos e áudios, servindo
como incentivo para a implementação de soluções tecnológicas inovadoras. Para
Melo (2021) centraliza todas as informações em portais oficiais, inclusive a nível
nacional, como é o caso do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).
Se tratando de aspectos positivos destaca-se também a abolição dos limites
recebidos específicos para cada modalidade de licitação, permitindo que a
Administração analise e escolha a modalidade mais adequada para cada tipo de
objeto pretendido, a nova lei também comutou de forma os limites de dispensa, que
estavam desatualizados em relação à corrente, proporcionando um poder real de
aquisição para contratações de menor porte (NIEBUHR, et.al, 2020)
Incluir novas exigências como descreve Melo (2021), de garantias em valor
maior e obrigatória na modalidade de seguro-garantia desempenha um papel
fundamental na garantia da conclusão de obras que podem ser interrompidas por
qualquer motivo, além disso, a obrigatoriedade do projeto executivo é um ponto
crucial que contribui significativamente para evitar inadimplências, inadequações,
prorrogações e, principalmente, uma insatisfação do público interessado.
É nítido que a nova lei das licitações abre espaço para as questões
ambientais, pois uma preocupação do século XXI, que na lei anteriores, não se tinha
37

muita consideração. A nova lei apresenta questões que favorecem práticas e


produtos ecológicos, ambientalmente sustentáveis e que promovem o
desenvolvimento sustentável. Por fim, se tratando dos pontos positivos a Lei
14.133/2021 trouxe modificações que objetivam uma padronização e segurança nos
atos dos processos licitatórios.
Tratando –se das licitações, quando muda-se um processo que vigorou por
mais de 30 anos como e implementa-se a nova lei das licitações em municípios de
pequeno porte é natural se encontrar mais pontos negativos do que positivos. Nesse
sentido, Niebuhr, et al. (2020, p. 43), em seus comentários sobre a Lei 14.133/2021,
afirma que:

Ela tem um impacto significativo ao promover mudanças substanciais no


cotidiano de milhares de órgãos e entidades administrativas e nas milhares
de empresas que celebram contratos com a Administração Pública, o
entanto, a maior crítica ao novo estatuto está relacionada ao fato de que a
nova lei esbarra em um dos principais motivos que levaram à sua
elaboração: a burocratização dos procedimentos, o excesso de burocracia,
e isso tudo é considerado algo muito difícil de ser cumprido, especialmente
por órgãos e entidades menos seguras.

O autor segue descrevendo que a lei reproduz a mesma abordagem


burocrática, da Lei nº 8.666/1993 e esse é o principal problema da lei, pois trata de
todos os detalhes, restringe e amarra as ações, desanima uma entrada de
justificativas, documentos e mais documentos, mesmo para compras simples e
usuais (NIEBUHR, et.al, 2020). Sendo assim, entende-se que esse é o principal
obstáculo para a Administração Pública em municípios de pequeno porte.
A burocracia, com ênfase em normas, procedimentos e especialização de
funções, não é intrinsecamente ruim, torna-se fundamental para que a
Administração Pública se organize, siga procedimentos cirúrgicos, tenha controle e,
consequentemente, evite desvios, no entanto, por outro lado, encontramos
formalidades excessivas, burocracia exagerada e disfuncional, procedimentos
mecânicos repetitivos e altamente técnicos, o que pode prejudicar a funcionalidade
do processo licitatório desde o início (NIEBUHR, et.al, 2020).
Portanto, fica nítido que o planejamento de licitações e contratos traria mais
benefícios se fosse mais objetivo e simples, por outro lado não seria possível exigir
ao mesmo tempo maior segurança jurídica, redução de fraude e padronização dos
procedimentos, ficando em aberto interrogações a respeito das mudanças na nova
38

leis das licitações e surgem reflexões se os obstáculos estão relacionados a alguma


falha do dispositivo legal ou, relacionados às condutas desonestas de licitantes
interessados.
Sabino (2023) descreve que a nova Lei das Licitações acarretou em diversos
aspectos positivos para o arcabouço regulatório das contratações públicas, como,
atualização de um normativo que possuía diversas regras vinculadas aos anos 90;
incorporação de inovações que aprimoram o processo licitatório (ex.: diálogo
competitivo); compilação dos aspectos do processo licitatório, antes divididos em
diversas leis, em um único documento, trazendo mais praticidade às atividades (ex.:
RDC, Lei do Pregão).
Contudo, processos de mudanças naturalmente contemplam também
aspectos negativos e pontos a melhorar, com a nova Lei 14.133/2021 não é
diferente, para Sabino (2023, p. 88) apresenta-se algumas dessa vulnerabilidades
como:

Dificuldade do gestor público se adaptar às novas regras da licitação; a


avaliação do diálogo competitivo pode ser subjetiva, seria importante haver
técnicos no lado da contratante para tal avaliação; o diálogo competitivo
necessita de participação massiva de proponentes para garantir qualidade;
no caso do diálogo competitivo há a preocupação com a possibilidade de
favorecimento específico a uma empresa, por conta do histórico de
corrupção no país, logo abre riscos de licitações dirigidas; a utilização do
critério de julgamento maior retorno econômico tende a privilegiar empresas
maiores que realmente tenham capacidade de absorver o risco de um
contrato de performance; ainda no âmbito do maior retorno econômico,
continua havendo uma falta de remuneração para diagnósticos e serviços
de quantificação das economias.

Portanto, a nova Lei das Licitações melhorou o processo licitatório,


incorporando aspectos importantes das leis antecessoras, mesmo sabendo que
precisam dar uma maior atenção para a Administração Pública para evitar atos
ilícitos na avaliação do conteúdo técnico, cuidando dos seu objetivos.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a elaboração de toda a pesquisa com o objetivo de investigar os


impactos da nova Lei de Licitações 14.133/2021 nas contratações públicas em
municípios de pequeno porte, é notável que a regulamentação da nova Lei de
Licitações trouxe desafios, obstáculos e impactos nas licitações públicas e cabe aos
municípios se adaptarem as novidades e mudanças, pois, a sociedade de um modo
geral está em constante evolução e cabe a administração acompanhar as mudanças
da humanidade.
A publicação da Lei 14.133/2021 aprimorou as contratações públicas,
oferençendo segurança jurídica, eficiência e transparência nos processos licitatórios.
Percebeu-se que a Nova Lei da Licitação apresentou um planejamento mais sólido
da administração pública e deu a oportunidade para pequenos fornecedores
concorrer com grandes empresas valorizando o comércio local dos municípios de
pequeno porte.
Sendo assim, é possivel afirmar que a grande vantagem da nova lei de
licitações é as regras para os processos licitatórios que estão todas descritas no
edital e após a sua aprovação, os processos aconteceram de forma online, e se
caso alguma licitação precisar ser presencial é preciso elaborar uma justificativa.
Por mais que os municípios tiveram tempo para se adaptar de acordo com as
mudanças da Nova Lei de Licitações, muitos desafios surgiram e se tratando em
específico nos municípios de pequeno porte foi preciso investir em estrutura,
capacitação e contratação de novos profissionais em virtude da complexidade dos
procedimentos.
Para que os municípios de pequeno não sejam prejudicados em relação a
agilidade e eficiência das licitações em virtude de estarem com seus recursos
limitados, o Congresso Nacional elaborou uma Medida Provisória de nº 1.167/2023
para concretizar os investimentos para capacitação e estruturação adequada dos
órgãos e entidades responsáveis pelas licitações, possibilitando assim uma
implementação eficaz, gerando efeitos positivos com a simplificação e
desburocratização das licitações, além do aumento na isonomia e transparência dos
processos
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Por fim, conclui-se que a nova lei 14.133/2021 trouxe várias mudanças no
processo licitatório comparando com a Lei n. 8.666/93. Algumas modalidades como
a Carta Convite e a Tomada de Preços deixaram de existir, dando lugar ao Diálogo
Competitivo nas licitações, as modalidades de licitação passaram a ser feitas por
meios eletrônicos, com a função de agilizar o processo licitatório e trazer mais
transparência para os gastos públicos de maneira geral.
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