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AOS – Amazônia, Organizações e Sustentabilidade


Amazon, Organizations and Sustainability DOI
- http:// dx.doi.org/ 10.17800/2238-8893/ aos.v3n2p121-132 ISSN
online: 2238-8893

SUSTENTABILIDADE - SEIS DIMENSÕES DE UM PRINCÍPIO HOLÍSTICO

Dirk Oesselman*

Ulrich Pfeifer-Schaupp**

ABSTRATO

Desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), no Rio de Janeiro,
em 1992, a sustentabilidade tornou-se um conceito-chave para a discussão política e acadêmica de uma visão
comum para o desenvolvimento futuro de uma sociedade-mundo. Os autores do seguinte artigo enfocam a
sustentabilidade como um princípio holístico em seis diferentes dimensões: ecológica como base do sistema de
todos os seres vivos, econômica, política, social e pedagógica como áreas da atuação humana, e uma dimensão
ético-espiritual como uma atitude fundamental. Os insights fundamentais são baseados na Carta da Terra, que
foi elaborada com contribuições de Paulo Freire (2000, p. 66–67) e Moacir Gadotti (2010, p.13–27).
O artigo foi escrito em um contexto acadêmico alemão e visa inspirar a discussão interdisciplinar de uma
perspectiva internacional.

INTRODUÇÃO

“O que eu desenterrei de você, ó Terra, deixe-o crescer novamente


rapidamente. Deixe-me, ó Purificador, não cortar seu nervo vital nem perfurar seu coração
(GROBER, 2010, p. 234; tradução Rosemarie Oesselmann)

A citação acima representa uma das mais antigas definições do princípio que hoje chamamos de
“sustentabilidade”. Origina-se do Atharva Veda, um texto hindu da Índia com aproximadamente 3.000 anos de
idade. Indira Gandhi, a primeira-ministra indiana, concluiu seu discurso brilhante e amplamente conhecido na
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo em 1972 com

esta citação. “One Earth” foi o mote desta conferência, que pode ser considerada o início da história da
sustentabilidade.

Manuscript fi rst received / Recebido em: 26/032014 / Manuscript accepted / Aprovado em:01/07/2014

* Professor da Universidade Protestante de Ciências Aplicadas Freiburg - EH Freiburg, Alemanha. Doutora em Ciências da Educação pela Leibniz-Universität
Hannover, Alemanha. Mestre em Ciências Sociais da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. E-Mail: oesselmann@eh-freiburg.de **Professor
de doutorado na Universidade Protestante de Ciências Aplicadas de Freiburg, Alemanha. Atualmente na Faculdade de Ciências do Serviço Social. Principais
Campos de Pesquisa: Sustentabilidade, Mindfulness, Psicologia Budista, Terapia Familiar e Sistêmica. E-mail: pfeifer-schaupp@web.de

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Neste artigo, tentamos explicar o termo “sustentabilidade” por meio de seis dimensões intimamente
conectadas que refletem o termo de diferentes ângulos. Essas dimensões não são igualmente importantes,
mas diferem em sua posição e significado, como mostra o modelo. A dimensão ecológica é a base de toda
a vida e, portanto, a referência para o princípio da “sustentabilidade”. A dimensão ético-espiritual indica que
todas as atividades humanas repousam sobre um sistema de significados e valores que determina, com
base em princípios e ideais, a estruturação da vida. A relevância de cada princípio depende principalmente
de seu lugar aqui. Incluídas nesses princípios abrangentes estão as dimensões econômica, política, social
e pedagógica que moldam a vida comunitária.

SUSTENTABILIDADE – UM VELHO PROBLEMA, UM COMPROMISSO CONSTANTE

O verbo “sustentar” é derivado do latim “sustentare”, que significa “manter, carregar, apoiar,
proteger” (GROBER, 2010, p.18f.). Essa noção aponta para um modo de vida responsável, que é alcançado
quando as atividades presentes e a economia visam apoiar e manter as chances de vida futura.
O Relatório Brundtland, apresentado às Nações Unidas pela Comissão Mundial para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento em 1987, oferece uma concepção de “desenvolvimento sustentável” que
ainda hoje é válida: a humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável para garantir
que ele atenda às necessidades de presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
atender às suas próprias necessidades. O conceito de desenvolvimento sustentável implica limites – não
limites absolutos, mas limitações impostas pelo estado atual da tecnologia e da organização social dos
recursos ambientais e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos das atividades humanas1 .

1
http://www.un-documents.net/ocf-ov.htm#I – Capítulo 3, 27.

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Além disso, consideramos a sustentabilidade um princípio fundamental de percepção, compreensão e estruturação


da vida, que abarca as diversas dimensões sociais e exige a conformação consciente dos meios individuais de existência.
Assim, os desafios não dizem respeito apenas ao desenvolvimento tecnológico e à responsabilidade político-social, mas
a todas as atividades humanas que se expressam em valores e ideias de felicidade e contentamento.

“DESENVOLVIMENTO” – UM PARADIGMA COLOCADO À PROVA

Durante muito tempo, o termo “desenvolvimento” significou que o ser humano, para ser livre, poderia e deveria
desenvolver instrumentos cada vez mais eficazes para dominar a natureza e, assim, controlar seu meio ambiente.
Nesse sentido, o desenvolvimento hoje é interpretado como crescimento econômico. No entanto, é óbvio que o
crescimento ilimitado não pode se relacionar nem com a humanidade como um todo, nem com o futuro.
A necessidade de transformação repousa em como o ser humano lida com o mundo e consigo mesmo.
Os seguintes aspectos precisam de uma nova forma de pensar: –
Reconhecimento de limites: Pré-condições e perspectivas de desenvolvimento não podem envolver crescimento e
progresso ilimitados – o homem, assim como o ambiente natural, só tem acesso a recursos limitados.

– Como lidar com o poder: A sustentabilidade requer um manejo responsável e crítico das opções relacionadas à ação.
Em vez de crescimento ilimitado, o objetivo de moldar uma sociedade mundial só pode ser permitir a vida em contextos
complexos.
– “Governança global”: os problemas mundiais só podem ser resolvidos por instituições que sejam capazes de implementar
as medidas necessárias para garantir a preservação da vida para toda a humanidade. A política mundial deve assentar
em princípios éticos e não em interesses económicos e políticos.
– Coerência de objetivos e interesses locais e globais: As plataformas e instituições globais não devem negligenciar os
requisitos, interesses, personagens e perspectivas regionais e locais. Um diálogo respeitoso com a diversidade e
múltiplas perspectivas pode se tornar a chave para moldar o mundo de forma responsável (ver
KULTUSMINISTERKONFERENZ 2007, p. 21–27).
Esses são os requisitos para um engajamento responsável, à luz das seis dimensões da sustentabilidade.

A DIMENSÃO ECOLÓGICA – O QUADRO DE REFERÊNCIA ESSENCIAL

A sobrevivência humana em nosso planeta está exposta a múltiplas ameaças ecológicas. Mesmo em 1972, os
autores do relatório ao Clube de Roma reconheceram claramente que os “limites do crescimento” haviam sido atingidos.
Eles demonstraram isso usando um modelo matemático simples: em um sistema com recursos limitados, o crescimento
ilimitado é impossível.
Na Grécia antiga, oikos se referia à casa comum, que compreendia não apenas a família, mas também servos,
escravos, gado, equipamentos e terras. O termo “ecologia” é derivado de oikos (a casa) e logos (lição) – que juntos
constituem uma lição sobre a gestão sensata do lar.
O significado moderno de ecologia refere-se à ciência da relação das criaturas vivas com seu ambiente. Esta
ciência, que se desenvolveu no início do século 20, originalmente fazia parte da biologia e é uma raiz das modernas
teorias de sistemas. Em sua Teoria Geral dos Sistemas, Ludwig von Bertalanffy formulou dois princípios importantes
para os sistemas vivos: (1) Eles existem em um fluxo

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equilibrar adaptando-se às influências do ambiente ou à dinâmica dos subsistemas ambientais; (2) Se as


influências se tornarem muito fortes, todo o sistema pode “cair”. Isso é chamado de “ponto de inflexão” ou
bifurcação (citado em KRIZ 1999, p. 57, 74).
A mudança climática tem sido um problema há muito tempo, e as ameaças ao sistema de vida sempre
foram significativas. Porém, na verdade essas mudanças se originam de uma espécie – o ser humano – e estão
se tornando mais rápidas.
Mas concentrar-se apenas em tais desenvolvimentos negativos pode ser inútil, pois serve para aumentar
o sentimento de desespero e desesperança. Portanto, também é importante lembrar as muitas mudanças bem-
sucedidas no campo da proteção ambiental nos últimos 30 anos. Como afirma Ernst Ulrich von Weizsäcker em
sua publicação Faktor 5, referindo-se ao sucesso de programas de políticas públicas:

Depois de apenas 25 anos, as montanhas de espuma dos rios desapareceram e as áreas


industriais superlotadas – como a região do Ruhr, Osaka no Japão ou Pittsburgh nos EUA
– ficaram mais limpas do que nunca nos últimos 100 anos. Essa história de sucesso
surpreendeu muitos céticos que viam a origem do problema no crescimento econômico como tal.
(VON WEIZSÄCKER et al. 2010, p. 16; tradução Rosemarie Oesselmann)

SUSTENTABILIDADE FORTE E FRACA

A Teoria dos Sistemas de Bertalanffy mostra a importância fundamental de um oikos em funcionamento:


A sobrevivência ecológica é uma pré-condição do desenvolvimento econômico e social e, portanto, de extrema
importância (OTT & DÖRING, 2007). Na discussão acadêmica, essa abordagem de que a ecologia é o
fundamento de todas as outras dimensões é chamada de “sustentabilidade forte”, enquanto a discussão política
na Alemanha, baseada no Modelo dos Três Pilares, defende que as preocupações ecológicas, econômicas e
sociais são de igual importância. Essa chamada “sustentabilidade fraca”, no entanto, é considerada inadequada
por muitos cientistas (MUTLAK & SCHWARZE, 2007; BARKMANN, 2007; PAECH & PFRIEM 2007; OTT &
DÖRING, 2007).
A dimensão ecológica é a base e pré-condição para as outras cinco dimensões da sustentabilidade. Sem
um sistema ecológico no qual a vida humana de longo prazo seja possível, as outras dimensões são irrelevantes.
Nesse caso, não poderia haver atividade econômica nem política e nenhum sistema social funcional. Portanto,
não estamos preocupados com a posição da ecologia em relação à sustentabilidade, mas com a “ecologia
profunda” (MACY & YOUNG BROWN, 2004; DRENGSON 1999): uma ecologia em que “a sabedoria, ou seja, o
conhecimento sobre a ética , normas, valores e comportamento, é trazido para uma nova relação com o
princípio científico da ecologia” (GOTTWALD & KLEPSCH 1995, p. 17; tradução Rosemarie Oesselmann).
Expressamos isso por meio da dimensão ético-espiritual da sustentabilidade, que até hoje tem recebido pouca
atenção no discurso acadêmico.

A DIMENSÃO ÉTICA-ESPIRITUAL

A sustentabilidade aponta para uma abordagem responsável da terra e dos seres humanos como um
paradigma básico de uma vida significativa. A história das religiões e das culturas mostra que uma abordagem
responsável já está contida na história cristã da criação, na tradição budista e no conhecimento das religiões
naturais indígenas. (ver FOX, 1998 e HANH, 2009)

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A sustentabilidade precisa de uma base espiritual, uma compreensão básica da humanidade e do mundo.
Não pode ser explicado ou implementado apenas por argumentos racionais. É o princípio da vida que supera o politicamente
correto. A questão é mostrar respeito pela vida em toda a sua continuidade, diversidade, fragilidade e dependência.

No entanto, embora a sustentabilidade seja essencial, ela não deve ser usada como um indicador moral. A
autoconsciência do ser humano como parte de um todo cria sentimentos positivos de felicidade e realização. Além disso,
se por um lado a sustentabilidade libera o indivíduo da exigência de ter que se provar repetidamente, por outro, ele é
delegado para ser um membro responsável desse todo.
Ligado a isso está a realização de sua própria condição humana como um ser limitado, incompleto, mas ao mesmo
tempo autocontido. Particularmente importantes são as comunicações e afirmações sobre como agir de forma adequada e
conjunta a partir da consciência da responsabilidade por um sistema de vida abrangente. O objetivo não pode ser criar
pressão moral, mas sim manter vivas as percepções existenciais da interconectividade do ser.

A DIMENSÃO ECONÔMICA

As raízes históricas do moderno princípio ecológico-político da sustentabilidade devem ser encontradas na


economia. Na economia neoclássica ou neoliberal dominante, a “natureza” é simplesmente outro recurso, como o trabalho
ou o capital, e assume-se tacitamente que esse “capital natural” não pode ser esgotado, ou pelo menos não pode ser
substituído monetariamente (ROGALL, 2010).
Entretanto, no entanto, pode-se observar uma mudança de uma economia neoclássica ou neoliberal para uma
economia de sustentabilidade. Em seu livro Small is Beautiful, Ernst Friedrich Schumacher critica a “religião da ciência
econômica” (2001, p. 40) e enfatiza a necessidade de uma ciência metaeconômica (p. 41). Com seu apelo por valores não
econômicos, como “cuidado amoroso” (p. 41) como fundamento e requisito da economia, ele formula um princípio básico
de uma economia sustentável: o objetivo deve ser uma “economia de continuidade ” (pág. 31).

Nesse ínterim, as “economias de sustentabilidade” ganharam influência em todo o mundo. Rogall refere-se a duas
diferenças básicas entre uma economia de sustentabilidade e a economia neoclássica (2010):

- Em vez da ideia unilateral do homem como homo economicus, o homem como homo cooperativus
deve ser o objetivo.

- O princípio da economia de livre mercado deve ser transformado em uma ordem ecológico-social.

A Iniciativa do Plano Marshall Global é um exemplo da crescente importância da “Economia Verde” na atual
realidade político-econômica. A iniciativa visa estabelecer um quadro de regulação ecológico-social global dos mercados
em termos de Governança Global. A Organização Mundial do Comércio/ OMC, o Fundo Monetário Internacional/ FMI, o
Banco Mundial, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura/ UNESCO são os agentes deste procedimento. Isso implica a necessidade de reorientação e
reorganização fundamentais dessas instituições, que até agora foram consideradas os principais agentes da estratégia
neoliberal (STIGLITZ, 2002; PFEIFER-SCHAUPP, 2005).

No entanto, este e outros modelos de Economia Verde apresentam vários problemas. Acima de tudo, tem sido
criticado por não desafiar a ideologia do crescimento. Outras abordagens econômicas

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incluem a Economia Pós-Crescimento (PAECH, 2009; PAECH & PFRIEM, 2007) e a Economia Estacionária (DALY, 2009),
que concebem atividades econômicas que se estendem além da conformidade com um aumento anual do produto nacional
bruto.
Outra abordagem importante para uma economia sustentável é o desenvolvimento de indicadores de
desenvolvimento econômico e prosperidade que ultrapassem a dimensão puramente monetária do produto nacional bruto.
A abordagem de capacidade proposta por Amartya Sen é um impulso importante. Em sua Economia para a Humanidade,
o desenvolvimento não é medido em termos de aumento do produto nacional bruto per capita da população, mas sim por
sua contribuição para o aumento da liberdade. “O desenvolvimento exige que as principais causas da escravidão sejam
removidas: a pobreza e o despotismo, a falta de oportunidades econômicas e a emergência social sistemática, o descaso
com as instituições públicas e a intolerância com o controle sufocante das estruturas ditatoriais.” (SEN, 2002, p. 13; tradução
Rosemarie Oesselmann)
O Índice de Desenvolvimento Humano proposto pela ONU, ou o amplamente citado Índice de Felicidade Nacional
Bruta do Butão são exemplos de indicadores de desenvolvimento que se concentram no bem-estar das pessoas. O simples
lema “Viver bem em vez de ter muito” proposto pelo Wuppertal Institute resume isso em poucas palavras. No entanto,
“economia” não é um termo abstrato – todos nós a constituímos (ROMHARDT, 2009). Isso significa que aspectos
importantes da dimensão econômica da sustentabilidade também incluem: como e o que consumimos, onde investimos
dinheiro ou contratamos seguros, e assim por diante.
O desenvolvimento de um modo de vida de suficiência e frugalidade pode ser considerado um importante elemento de
mudança básica (OTT & DÖRING, 2007).

A DIMENSÃO POLÍTICA

Um quadro de regulamentação global para a complementação de padrões socioecológicos internacionais, como


exige o Plano Marshall Global, já marca uma transição da dimensão econômica para a dimensão política da sustentabilidade.

Outras quatro abordagens exemplares mostrarão os níveis em que a dimensão política da sustentabilidade é
relevante.

1. A Carta da Terra – o nível de acordo sob o direito internacional 2. Governança


Global – o nível de controle global 3. A reforma fiscal ecológica –
o nível da Europa ou dos Estados-nação 4. Agenda 21 Local – o nível comunal e
regional

(1) Após um longo período de preparação, a Comissão da Carta da Terra aprovou o documento da Carta da Terra em
março de 2000 em uma reunião realizada na sede da UNESCO em Paris e – na Conferência de Cúpula para o
Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo em 2002 – lançou as bases para uma programa da Organização das
Nações Unidas e da UNESCO, que visava tratar da implementação da sustentabilidade. O preâmbulo afirma:

Estamos em um momento crítico na história da Terra, uma época em que a humanidade deve escolher seu futuro.
À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, o futuro traz grandes perigos e grandes
promessas. Para avançar, devemos reconhecer que, em meio a uma magnífica diversidade de culturas e formas
de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos unir para
criar uma sociedade global sustentável fundada

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sobre o respeito pela natureza, os direitos humanos universais, a justiça econômica e uma cultura de paz.
Para este fim, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade de

uns aos outros, para a comunidade maior da vida e para as gerações futuras.2

Usando uma linguagem marcadamente “espiritual”, esta declaração política mostra que a dimensão ético-
espiritual da sustentabilidade se torna cada vez mais importante até mesmo no discurso político, e que as
dimensões ético-espiritual e política se interligam.

(2) A Global Governance Initiative (DEUTSCHER BUNDESTAG, 2002, p. 415ff.) tenta encontrar formas de
regular assuntos internos e de cooperar em assuntos relacionados à formação política

da globalização. Os objetivos são políticas políticas globais de estruturação e arranjo no processo de


ajustes interativos. Incluídos neste processo estarão trusts, Organizações Não-Governamentais/ONGs,
atores nos mercados financeiros globais, bem como meios de comunicação de massa. A Governança
Global visa a sustentabilidade econômica, social e ecológica. Os princípios do bom governo via Governança
Global não visam preparar um governo mundial, mas, ao contrário, facilitar um sistema federal subsidiário
descentralizado.

(3) No nível do estado-nação, a reforma fiscal ecológica é um meio importante para a realização da
sustentabilidade (VON WEIZSÄCKER et al. 2010). Os impostos sobre o desejável têm um efeito
indesejável: se os impostos sobre o trabalho aumentam, o trabalho se torna mais caro e isso resultará em
racionamento. Por outro lado, os impostos sobre o indesejável têm um efeito desejável: aumentar os
impostos sobre o consumo de recursos resultará na redução desse consumo (p. 315). A idéia básica é
aumentar os preços da energia anualmente para aumentar a produção de energia.

(4) Na primeira Conferência Mundial no Rio de 1992, um programa da Agenda 21 local – parte da Agenda 21
internacional – foi iniciado. O objetivo era projetar cidades e comunidades locais sustentáveis e incentivar
a participação social e iniciativas comunitárias ecológico-sociais.
Dessa forma, as autoridades locais se tornarão motores do desenvolvimento sustentável e avançarão no
processo de sustentabilidade de baixo para cima (JÖRGENSEN, 2008).

Tal como a dimensão económica, a dimensão política da sustentabilidade promove a percepção de que
a “política” não é (só) uma questão de “quem está no topo”, mas também diz respeito a cada um de nós, e que
mesmo não fazendo nada estamos a agir politicamente .

A dimensão social

Quando, nas décadas de 1970 e 1980, os movimentos ecológicos começaram em maior escala, o fato
de que a proteção ambiental tem necessariamente um componente social não era claro para todos. Naquela
época, o objetivo era proteger o meio ambiente da violação do homem; ou seja, da aquisição excessiva de
recursos para fins egoístas. Somente nas últimas décadas ficou claro que a escassez de recursos, bem como os
resultados das mudanças climáticas, têm consequências extremas para o
2
http://www.earthcharterinaction.org/content/pages/Read-the-Charter.html

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equilíbrio social, local e globalmente. Por outro lado, grupos políticos e sociais perceberam que o desenvolvimento
social deve permitir o uso sustentável dos recursos naturais.
Atualmente – tendo em vista o conflito de objetivos existente – a tensão global na relação entre ecologia e
justiça social está se tornando cada vez mais evidente. Em muitos países, particularmente no sul global
desfavorecido, as possibilidades de desenvolvimento – e, portanto, também a manutenção dos sistemas de
seguridade social – estão em concorrência com as provisões necessárias para a proteção do equilíbrio ecológico.
Além disso, as mudanças climáticas e a exploração implacável da natureza mostram cada vez mais claramente
as consequências negativas da produção de bens vitais – principalmente para aqueles que não são responsáveis
(ver KULTUSMINISTERKONFERENZ, 2007, p. 19f.).

A política social sustentável relaciona o bem-estar comum com a primazia do sistema ecológico. O
princípio de tornar possível a vida futura envolve necessariamente os dois componentes: por um lado, um arranjo
socialmente equilibrado para assegurar as necessidades básicas, direitos e oportunidades para todas as pessoas
e, por outro lado, o equilíbrio ecológico necessário.
O equilíbrio entre os níveis local e global é um desafio central. O bem-estar comum é importante para
todas as formas de vida social – embora na prática seja aplicado principalmente ao grupo social individual: família,
clã, comunidade ou nação. Baseia-se no desejo de assegurar o equilíbrio social dentro do grupo e sua
sobrevivência em um contexto maior. A história da humanidade mostra que isso se dá sobretudo por diferenciação
e em competição com outros grupos sociais, por exemplo pela ocupação do território ou pela defesa de posições
sociais adquiridas. O bem-estar comum é uma tarefa central diante de uma sociedade global em desenvolvimento
e das relações e problemas relacionados. Deve-se perceber que os vários grupos não devem agir uns contra os
outros, mas precisam se esforçar para criar uma base comum de vida para todos. A justiça social e o bem-estar
comum devem ser reconhecidos como uma tarefa para toda a humanidade – o desenvolvimento só pode ser
alcançado em um contexto global.
Isso não pode ser alcançado apenas pela governança política, mas depende de como o bem-estar comum
global é reconhecido por nações, culturas e religiões e transformado em fundamento moral. Além disso, dependerá
de como os diferentes grupos podem se desenvolver e garantir seu próprio bem-estar sem negar aos outros os
mesmos direitos e sem colocar em risco todo o contexto ecológico.

Em conjunto, tais mudanças na conformação da sociedade dependerão da ampla participação de todas


as pessoas. Esta participação inclui a) participação social eb) participação comunicativa.
A participação social baseia-se na visão de que todas as pessoas estão envolvidas na formação da sociedade, na
medida em que têm o direito de satisfazer as suas necessidades básicas, participar nas decisões e, por fim,
participar activamente em todos os aspectos da construção da sociedade. A participação comunicativa refere-se à
importância da maneira como os diversos atores se comunicam. Uma discussão aberta de múltiplas perspectivas
permite uma percepção de diferentes interesses e necessidades.

A dimensão pedagógica

As discussões sobre educação giram em torno dos objetivos do desenvolvimento humano. A educação é
e sempre foi uma expressão do espírito do tempo e sua projeção no futuro. Espelha a compreensão dos
conhecimentos básicos, bem como as mudanças necessárias.
No final do século 20, a UNESCO nomeou uma comissão para estabelecer um conceito básico para

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“educação futura” para um novo milênio. Essas considerações forneceram um ímpeto crucial para uma compreensão
diferente da educação. O aprofundamento do conhecimento profissional – e, portanto, uma visão de mundo
profissionalmente fragmentada – não estava mais em primeiro plano, mas foi completado por uma abordagem holística
da realidade da vida. Esta é a pré-condição para dois aspectos básicos da educação futura: a) inclusão em uma visão
de mundo complexa e coerente e b) um vínculo com princípios éticos.
A Década para o Desenvolvimento Sustentável da Educação, iniciada pela UNESCO para o período
2006-2015, visa introduzir uma mudança na compreensão de como lidar com o meio ambiente nas várias áreas formais
da educação. Neste contexto, é dada particular ênfase ao conteúdo e a uma nova orientação conceptual da educação
nas escolas e universidades. No entanto, tendo em vista os argumentos e conflitos presentes, esta iniciativa não é
suficiente. O objetivo deve ser o desenvolvimento econômico, político e social fundamentalmente diferente da
sociedade. Isso deve resultar de um amplo movimento que a) transforma as vozes e as necessidades da população
em um lobby político que não pode ser ignorado, b) melhora outros modelos econômicos em nível regional e
internacional e os apresenta a grupos crescentes da população, e c) discute visões globais de convivência e as analisa
em relação à sua implementação. A educação deve aceitar todos esses desafios.

Edgar Morin, membro da comissão da UNESCO, considera que aprender sobre a própria identidade na terra
é a base para a educação futura:
“Devemos também aprender a existir no planeta Terra, a viver nele, a comunicar; não só pertence
a uma certa cultura, mas ser um habitante da terra [...] Devemos perceber por nós mesmos:

– a consciência antropológica que reconhece nossa unidade dentro de nossas diferenças, – a


consciência ecológica [...] de conviver com todos os seres mortais na mesma biosfera, – a consciência de ser
um habitante desta terra, que significa responsabilidade e solidariedade para todos os outros seres na terra, –
a consciência espiritual da
condição humana [...].” (MORIN, 2001, p. 93; tradução Rosemarie Oesselmann)

CONCLUSÃO

A sustentabilidade inicia pensamentos fundamentais sobre orientação e projetos de vida. Disputa questões
que perpassam crenças religiosas e realizações culturais. As mudanças drásticas e as múltiplas crises das últimas
décadas tornaram necessário criar um meio de convivência em escala global sob o princípio da sustentabilidade. Esta
reforma diz respeito a todas as áreas da vida, e as ciências em particular têm de se submeter a este desafio central.

Sustentabilidade não é um termo técnico, mas um princípio de vida muito antigo e, como tal, significativo e
necessário. Apesar das controvérsias teóricas, há consenso suficiente para começar a trabalhar como mostra o
movimento da Carta da Terra.

A sustentabilidade exige não só uma mudança fundamental na concepção de valores, mas também uma nova
imagem do mundo e do homem, que supere o modernismo, bem como um retorno às percepções fundamentais da
vida. A dimensão ético-espiritual tem recebido pouca atenção no discurso acadêmico, mas é indispensável mesmo
assim.
Na Alemanha, as universidades de ciências aplicadas são centros de pesquisa nessa área e, em grande parte,

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foco na busca de soluções tecnológicas para problemas ambientais. Assim, a perspectiva da pesquisa é
estreita. Na pesquisa interdisciplinar – particularmente dentro das universidades – o tema da sustentabilidade
ainda é “subexposto” (SCHNEIDEWIND, 2009). Acima de tudo, os aspectos sócio-científicos precisam de mais
atenção.
Um desafio especial diz respeito à correlação entre conhecimento e ação, que aponta para a capacidade
de se concentrar em perspectivas básicas e abrangentes da vida, bem como deixá-las fluir para as questões
cotidianas. Nesse nível, as dimensões emocional e autorreflexiva também devem ser consideradas.

Esperamos que este artigo instigue impulsos multifacetados para uma reflexão mais aprofundada sobre
questões de sustentabilidade.

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