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ELIZABETH CASTELO BRANCO DE SOUZA . FRANCISCO CORREIA DE OLIVEIRA . DANIEL RODRIGUEZ DE CARVALHO PINHEIRO .

SUELY SALGUEIRO CHA CON

ADMINISTRAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO


ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT

Elizabeth Castelo Branco de Souza


Pesquisadora do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE)

Francisco Correia de Oliveira


Universidade de Fortaleza Data de submissão: 25 mar. 2009 . Data de aprovação: 01

Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro dez. 2009 . Sistema de avaliação: Double blind review . Uni-
Universidade de Fortaleza versidade FUMEC / FACE . Prof. Dr. Cid Gonçalves Filho . Prof.
Dr. Luiz Cláudio Vieira de Oliveira . Prof. Dr. Mário Teixeira Reis
Suely Salgueiro Chacon Neto
Universidade Federal do Ceará

RESUMO
O objetivo deste artigo é resgatar elementos para subsidiar uma reflexão crítica sobre o
modelo de desenvolvimento econômico prevalente na sociedade e as relações com o
meio ambiente, sob a ameaça que ronda o destino da espécie humana, conforme afirma-
ção de Lovelock (2006, p. 20) sobre o conceito de desenvolvimento sustentável: “uma
ideia adorável se a tivéssemos aplicado 200 anos atrás, quando havia um bilhão de pesso-
as no mundo. Agora é tarde demais. Não há mais espaço para nenhum tipo de desenvol-
vimento. A humanidade tem que regredir”. Este artigo apresenta a evolução do conceito de
desenvolvimento econômico sob a ótica da sustentabilidade, e interliga temas como: o
ambientalismo, aglutinador de distintos pensamentos sobre as relações entre a sociedade
e a natureza; o movimento ambiental, a fundamentar a disseminação do conceito de
desenvolvimento sustentável, e a gestão ambiental, abordada como prática orientada pelo
conceito de desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave
Desenvolvimento. Desenvolvimento sustentável. Ambientalismo. Gestão ambiental.

R. Adm. FACES Journal Belo Horizonte · v. 8 · n. 4 · p. 137-159 · out./dez. 2009. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) 137
MEIO AMBIENTE E DESENV OLVIMENTO

ABSTRACT
The objective of this article is to rescue elements to subsidize a critical reflection about the
prevalent model of economic development in our society and the relationships with the
environment under the threat that haunts the destiny of human beings, according to
Lovelock’s affirmation (2006, p. 20) about the concept of sustainable development: “an
adorable idea if we had applied it 200 years ago, when there were 1 billion of people in the
world. Now it is too late. There’s no chance for any kind of development. Humankind must
regress”. This article presents the evolution of the concept of economic development under
the optic of sustainability; it interconnects themes like ambientalism, an agglutinator of
distinct thoughts about the relationships between society and nature; the environmental
movement, that will fund the dissemination of the concept of sustainable development,
and environmental management, approached as practices guided by the concept of sustai-
nable development.

KEYWORDS
Development. Sustainable development. Ambientalism. Environmental management.

INTRODUÇÃO população mundial. Não se pode, no entanto,


falar em sustentabilidade se não se discutir inicial-
Este artigo tem por objetivo refletir criticamente
mente o que cada um quer dizer especificamen-
sobre o modelo de desenvolvimento econômico
te com este termo. É algo semelhante ao que
prevalente e sobre o caráter das interações com a
dizem os filósofos que pleiteiam ser a definição
natureza, ocasionadas, de uma maneira geral,
dos termos um elemento essencial para a discus-
pelas atividades humanas. A motivação foi gera-
são das ideias. Assim, os conceitos de desenvolvi-
da pelo determinismo da afirmativa de James
mento e os problemas relacionadas à não sus-
Lovelock (2006) quanto à extemporaneidade do
tentabilidade já são discutidos nesta parte.
conceito de desenvolvimento sustentável como
uma possibilidade para o crescimento econômi- O segundo item aborda os problemas relati-
co da sociedade. Adota-se, como pressuposto, que vos à conceituação de desenvolvimento susten-
a sociedade pode encontrar uma relação susten- tável e evidencia essa falta de precisão conceitual,
tável com a natureza e promover a geração de uma vez que circunstanciado pode significar coi-
riqueza e bem-estar social. sas diferentes para diferentes pessoas.
O primeiro item do estudo aborda aspectos O terceiro item refere-se à contribuição do
que apontam para a característica dos problemas ambientalismo para a construção do conceito de
derivados dos modelos de desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável. Destaca ainda as
de crescimento econômico e social adotados, sete diferentes abordagens do ambientalismo na
enfocando, principalmente, a destruição ecológi- literatura técnica. Discute também o papel dos
ca, a depleção dos recursos ambientais e a baixa movimentos ambientais como instrumento de
qualidade de vida apresentada pela maioria da compartilhamento desse conceito e, ainda, a ges-

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tão ambiental como prática orientada por esse fazer com que o crescimento seja distribuído de
conceito. forma equânime pela população. Na verdade, o
As considerações finais apontam para os de- conceito, tal como colocado, leva o homem a
safios de transformação dos valores da socieda- pensar nos frutos do crescimento econômico, ou
de. Refletem sobre as novas referências trazidas seja, se ele está ou não sendo direcionado para o
para a sociedade para a construção de um novo bem-estar do próprio homem. Nesta perspectiva,
modelo de desenvolvimento. Verificam que o ide- o termo está mais próximo de seu sentido etimo-
ário de desenvolvimento trazido por este modelo lógico de “des-envolver”, ou seja, contrariar o en-
necessita de maior apoio e pressão da socieda- volvimento, verificar o seu conteúdo, suas conse-
de, porque dificilmente as mudanças processam- quências. Neste sentido, o desenvolver é verificar
se de maneira espontânea e harmoniosa em uma se os frutos de crescimento são devolvidas ao ci-
sociedade de mercado. A existência de pressões dadão, se desenrolam a favor da sociedade.
do governo, sociedade e mercado é que serão Não obstante a contribuição schumpeteriana
determinantes para a construção do modelo que no início, as expressões desenvolvimento econô-
se almeja alcançar. mico e crescimento econômico foram emprega-
das de maneira indistinta, desde o pós-guerra até
DESENVOLVIMENTO 1960. Nesse período, o acompanhamento dos
índices de desenvolvimento econômico limitava-
O conceito de desenvolvimento é amplamen- se ao acompanhamento dos indicadores de cres-
te usado pelas ciências sociais com divergentes cimento do produto real ou crescimento do pro-
acepções. O psicólogo, quando fala em desen- duto real per capita. Nesses modelos de desen-
volvimento, refere-se quase sempre à evolução volvimento, o uso intensivo e extensivo dos re-
da condição humana, indo da fase uterina à ma- cursos naturais e a degradação da natureza são
turidade. Em Administração de Empresas, o ter- considerados inevitáveis ao processo (BROWN,
mo esteve muito ligado a questões de inovação e 1980; DIEGUES, 1992).
mudança empresarial. O movimento chamado A Revolução Industrial, por suas característi-
desenvolvimento organizacional não era outra cas de revolução produtiva, estabelece um pro-
coisa senão um movimento de mudanças plane- cesso de crescimento econômico intensivo, com
jadas dentro de uma organização. O termo, em significativo aumento da renda per capita e am-
Economia, que terminou sendo o mais discutido pliação da capacidade humana de produção de
na atualidade, não era de uso corrente entre os bens e serviços e de acumulação. Constitui, tam-
clássicos. Estes preferiam a palavra crescimento bém, marco no que se refere à crescente aglo-
que, durante muito tempo, foi usado como sinô- meração de população em caráter permanente e
nimo de desenvolvimento. Assim, as taxas de cres- sistemático, sem precedente na história da hu-
cimento do produto interno bruto da economia manidade (SUNKEL, 1973).
eram identificadas como as taxas de desenvolvi- Nos países da América Latina, o processo de
mento. industrialização acelerou-se a partir da Segunda
Esta acepção não foi aceita por muitos eco- Guerra Mundial, quando se tornou uma política
nomistas, sendo atribuída a Schumpeter e poste- de desenvolvimento em cada um deles. No perí-
riormente aos neo-schumpeterianos a diferencia- odo de 1945 a 1970, o conceito de desenvolvi-
ção dos termos. Crescimento referindo-se à taxa mento baseia-se na industrialização e no progres-
de incremento do produto interno bruto, e de- so material que conduziria “espontaneamente” à
senvolvimento à capacidade que tem o país de melhoria dos aspectos sociais (VEIGA, 2006, p.

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161). O pensamento predominante era de que a econômico entre os países e da diferença na ins-
mudança econômica experimentada pelos países tituição de padrões ambientais, contribui para es-
centrais, que lideraram a Revolução Industrial, e o timular as reflexões sobre o processo de industri-
padrão alcançado por esses países poderia ser alização da América Latina e conduz à indagação
universalizado (CAVALCANTI, 2003), constituin- sobre o potencial de transformação qualitativa
do-se no que Furtado (1974, p. 75) denominou desse processo, quanto ao alcance de um tipo de
“mito do desenvolvimento” e caracterizou como desenvolvimento econômico dinâmico, eficiente,
uma ideia mobilizadora das sociedades em de- igualmente acessível a todos (SUNKEL, 1973).
senvolvimento em direção ao estilo de vida cria- Até a metade do século XX, acreditava-se no
do pelo capitalismo industrial, que justificaria o poder da técnica e da ciência para solucionar to-
caráter predatório do sistema produtivo e a des- dos os problemas humanos. O progresso “iria pro-
truição do meio físico natural (FURTADO, 1974). duzir o melhor e cada vez melhor. Hoje sabemos
A década de 1970 foi um período de altas que não é assim. O milênio que chega está total-
taxas de crescimento econômico no país, sendo mente embarcado na incerteza sobre o porvir”
o processo de industrialização incentivado e apoi- (MORIN, 2000, p. 27-28). “O mercado introduz
ado pelos governos, como símbolo de progresso a humanidade em um futuro incerto e sem pre-
(CAVALCANTI, 2003). O governo brasileiro decla- cedentes” (LEIS, 2004, p. 28) e, caso os meca-
rou-se contra o controle da poluição, por enten- nismos de auto-regulação de Gaia (LOVELOCK,
der que isso representava, um “entrave ao pro- 1991) sejam rompidos pelos sistemas econômi-
gresso” (VINHA, 2003, p. 173), e articulou a ins- cos, a humanidade poderá estar diante de uma
talação de indústrias no país, com alto potencial crise estrutural, que corrói a estrutura ambiental
poluidor, concentrando-se, a maioria delas, na ci- do planeta, cujos “horizontes não podem ser pre-
dade de Cubatão, em São Paulo, cujos resultados vistos [...], não obstante, as prospectivas não são
seriam sentidos de maneira trágica dez anos de- nada otimistas” (SOFFIATI, 2002, p. 50). Segun-
pois, quando a cidade foi apontada como uma do Odum (2004, p. 812), “chegou o momento
das mais poluídas do mundo, tornando-se um de o homem administrar tanto a sua própria po-
exemplo emblemático (VINHA, 2003). A concen- pulação como os recursos de que depende, dado
tração de empresas multinacionais e brasileiras que pela primeira vez na sua breve história se
em Cubatão gerou uma concentração populacio- encontra perante limitações definitivas e não pu-
nal de trabalhadores dessas indústrias e de pes- ramente locais”.
soas atraídas pelas oportunidades de negócios. A A destruição ecológica, a depleção dos recur-
operação dessas indústrias, sem atendimento a sos ambientais, a baixa qualidade de vida da mai-
padrões ambientais de tratamento, estocagem e oria da população mundial sinalizam para os limi-
disposição de lixo tóxico, provocou elevados ní- tes da racionalidade econômica da civilização
veis de poluição do ar, dos rios, da vegetação e moderna. A lógica do crescimento ilimitado pro-
do solo e afetou a saúde das pessoas, cujos ní- duziu o subdesenvolvimento de dois terços da
veis de infecção respiratória, taxas de mortalidade humanidade e a utilização em larga escala dos
infantil e incidência de natimortos e bebês defor- recursos naturais, e levou à exaustão sistemas vi-
mados eram substancialmente superiores àque- tais e ameaça o equilíbrio ambiental (LEFF, 2001).
les registrados nas regiões do entorno (ELLIOTT, A crise ecológica evidencia “o drama de toda civi-
1994). lização”, consequência do modelo civilizatório que
Esse tipo de situação provocada pelo homem, exacerbou a dualidade temporal entre a perma-
em decorrência do desnível de desenvolvimento nência do planeta Terra e a transitoriedade da

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sociedade (LEIS; D’AMATO, 2003, p. 78; LEIS; recursos naturais. Por sua representatividade so-
D’AMATO, 2005). A crise ecológica é a crise da cioeconômica e por constituírem estruturas mais
razão instrumental dominante, voltada a fins, sub- ágeis e flexíveis do que outras organizações, como
jetiva, condicionada a interesses de cunho coleti- governos e universidades, as empresas podem
vo, em determinados espaço e tempo, como de- contribuir para o agravamento ou a superação dos
corrência da lógica de acumulação do atual mo- problemas ambientais provocados pelas ativida-
delo de desenvolvimento econômico-social e do des humanas e diretamente relacionados aos
padrão científico e tecnológico (BOFF, 2004; modos de produção e consumo da sociedade.
LAYRARGUES, 2000; LEFF, 1994; LIMA, 2004). Devido ao poder econômico que detêm e às com-
A racionalidade instrumental e a racionalida- petências técnicas de que dispõem, as empresas
de econômica fundada no capitalismo, nas gran- assumem um papel de liderança nas transforma-
des instituições, no lucro em curto prazo, no in- ções sociais, provando que podem contribuir com
dustrialismo, no consumismo, no individualismo, um “modelo de desenvolvimento efetivamente
na competição, parecem constituir o processo ci- sustentável” (VERGARA; BRANCO, 2001, p. 22).
vilizatório, alicerçado pelo domínio do homem
sobre a natureza, que orientou a humanidade em DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
direção à crise ambiental, cujo equacionamento
A expressão “desenvolvimento econômico”
requer mudanças estruturais no âmbito da socie-
evoluiu, e a articulação entre racionalidade eco-
dade (BOFF, 2004; LAYRARGUES, 2000, 2003;
nômica e ética social, baseada em crescimento,
LEFF, 1994, 2001; LEIS, 2004; LEIS; D’AMATO,
distribuição de oportunidades, consolidação dos
2003, 2005; LIMA, 2004).
processos democratizadores, conquista de maior
A compreensão do caráter integrado, interco- autonomia, criação de condições que detenham
nectado, interdependente das interações do ho- a degradação ambiental e melhoria da qualidade
mem na biosfera é determinante para que a soci- de vida de toda a população, constituiu o cerne
edade implemente soluções de abrangência ho- do desenvolvimento (CEPAL, 1990). Desenvolvi-
lística para os problemas decorrentes dos impac- mento distinto de crescimento econômico, “na
tos ambientais causados pelas atividades huma- reaproximação entre a economia e a ética [...], na
nas (BOFF, 2004; LEFF, 2001; LEIS, 2004; MO- medida em que os objetivos do desenvolvimen-
RIN, 2000; ODUM, 1985). O princípio da “panre- to vão bem além da mera multiplicação da rique-
lacionalidade” (BOFF, 2004, p. 56), fundamenta- za material” (SACHS, 2004, p. 13). Desenvolvi-
do em abordagem que “procura a síntese e não a mento econômico passou a representar, além do
separação [...] deve ser nossa primeira preocupa- crescimento do produto interno bruto (PIB)1 de
ção se quisermos que a nossa sociedade inicie a um país, a maneira como esse produto é distribu-
implementação de soluções holísticas para os pro- ído social e setorialmente, incorporando outros
blemas” (ODUM, 1985, p. 4-9). elementos indicativos da melhoria de qualidade
A cada setor da sociedade impõe-se o desa- de vida, como a elevação das condições de saú-
fio de mudança em relação ao tratamento das de, de nutrição, de educação, de emprego, de
questões relacionadas à alocação e manejo dos habitação, de acesso às redes de energia elétrica,

1 Produto interno bruto (PIB) é o conjunto de bens e serviços produzido no país, descontadas as despesas com os insumos utilizados no
processo de produção durante o ano. É a medida do total do valor adicionado bruto gerado por todas as atividades econômicas (IBGE,
2006, p. 34).

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água e saneamento e aspectos relacionados à O amadurecimento das consciências e do


conservação ambiental (SOUZA, 1993). conhecimento dos problemas sociais e ambien-
As desigualdades sociais, a má distribuição das tais estimulou proposições acadêmicas diferenci-
riquezas e o crescimento do índice de pobreza adas sobre desenvolvimento econômico (BUAR-
no mundo e dos índices de degradação ambien- QUE, 2002), contemplando, além de aspectos
tal parecem indicar que outras dimensões, além econômicos e financeiros, aspectos sociais e de
daquelas de caráter quantitativo, fundamentadas valorização das pessoas, destacando-se duas de-
las: (1) a conceituação de desenvolvimento como
no crescimento do PIB, precisam ser adicionadas
ao conceito de desenvolvimento, a fim de possi- “um processo de expansão das liberdades reais
bilitar seu enfoque numa perspectiva de susten- de que as pessoas desfrutam”, cujas variáveis,
como o PIB nacional, renda per capita, índice de
tabilidade (BROWN, 1980; BUARQUE, 2002;
industrialização e patamar tecnológico podem ser
CAVALCANTI, 2003; ELLIOTT, 1994; SACHS,
importantes como meios de expansão das liber-
1986, 1993; SCHUMACHER, 1983; VEIGA,
dades, mas estas dependem da conjugação de
2006).
outras variáveis de cunho social (SEN, 2000, p.
As conceituações sobre desenvolvimento sus- 17); e (2) a conceituação de desenvolvimento
tentável decorrem de um processo de reflexão como resultante do investimento, nas pessoas,
sobre os padrões de desenvolvimento e cresci- compreendendo três elementos essenciais, sem
mento econômico predominantes na sociedade os quais todos os outros permanecem latentes e
ocidental desde a Revolução Industrial, que foi inexplorados: educação, organização e disciplina
estimulado pela observação das consequências (SCHUMACHER, 1983).
insatisfatórias desse padrão de desenvolvimento
A gradativa integração, ao discurso e às práti-
e crescimento econômico, em relação à qualida-
cas desenvolvimentistas, de aspectos relaciona-
de de vida da maioria da população e ao estado
dos a externalidades, risco, escassez e às comple-
de degradação do meio ambiente. O desenvolvi- xas relações entre o meio ambiente e as socieda-
mento sustentável é um conceito que circunscre- des modernas contribui para a definição de um
ve o de proteção ambiental e está fundamentado modelo de desenvolvimento compatibilizado pela
em valores éticos e sociais, marcando uma filoso- inclusão da dimensão ambiental (SOFFIATI, 2002;
fia de desenvolvimento que conjuga eficiência YOUNG; MAY, 2003). No âmbito das sociedades,
econômica, justiça social e prudência ecológica é consensual a ideia de que desenvolvimento
(BRUSEKE, 2003; BUARQUE, 2002; CMMAD, econômico é necessário; e o debate deslocou-se
1991; LEFF, 2001; LEIS, 2004; LEIS; D’AMATO, para a elaboração do tipo desejado de desenvol-
2003; RATTNER, 2004; SACHS, 1986, 1993; UN, vimento, que interiorize a proteção ambiental (VI-
1992). Novos princípios precisam ser formulados, OLA, 1991). A pauta de debates versa, nessa
para que a sociedade ultrapasse as etapas de re- perspectiva, sobre os caminhos para a construção
conhecimento das ineficiências e deficiências da de um novo modelo de desenvolvimento, que se
chamada sociedade de consumo e de proposi- apresente como duradouro e inclusivo, fundado
ções de linhas de ação para a de “sistematização em princípios da racionalidade ambiental, em
real de um novo patamar científico”, que se con- oposição a valores vigentes no modelo civilizató-
cretizará com o avanço da ciência econômica na rio capitalista do ocidente, embasados no indivi-
incorporação da natureza como um “valor intrín- dualismo, na economia de mercado, na competi-
seco e como parte do patrimônio humano” (BU- ção, no consumismo, na produtividade máxima,
ARQUE, 1990, p. 133). no crescimento ininterrupto e ilimitado (AKTOUF,

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2004; LAYRARGUES, 2000; LEFF, 2001; LEIS; No reexame das questões críticas relaciona-
D’AMATO, 2003; LEIS, 2004). das a desenvolvimento e meio ambiente, a Co-
No início da década de 1970, intensificaram- missão Mundial sobre Meio Ambiente e Desen-
se as discussões sobre economia e ecologia e volvimento, criada pela ONU, em 1983, concen-
ampliaram-se as convicções sobre a necessidade trou-se no tema fundamental “de que muitas das
de modelos alternativos de desenvolvimento, tanto atuais tendências de desenvolvimento resultam
para os países industrializados quanto para aque- em um número cada vez maior de pessoas po-
les em desenvolvimento. A noção de sustentabili- bres e vulneráveis, além de causarem danos ao
dade torna-se frequente nas pautas de debates meio ambiente”. Essa constatação amplia o con-
sobre desenvolvimento, e está presente tanto nos ceito de desenvolvimento para além da dimen-
discursos desenvolvimentistas, reproduzidos por são restrita de crescimento econômico, e propõe
agências multilaterais, consultores e ideólogos do que “a humanidade é capaz de tornar o desen-
desenvolvimento, os quais defendem que com volvimento sustentável” (assegurando) “que ele
ajustes, correção de rumos e adaptação dos proje- atenda as necessidades do presente sem com-
tos, a proposta de desenvolvimento sustentável es- prometer a capacidade de as gerações futuras aten-
taria assegurada, quanto nos discursos, no âmbito derem também às suas” (CMMAD, 1991, p. 4-9).
das Organizações Não-Governamentais (ONG), que O desenvolvimento sustentável pode ser con-
interpretam a sustentabilidade como uma força cebido “como uma proposta que tem em seu
mobilizadora destinada a substituir a ideia prevalen- horizonte uma modernidade ética, não apenas
te de progresso (ACSELRAD, 1999). uma modernidade técnica (uma vez que absor-
Em contraposição aos conceitos construídos ve), o compromisso com a perenização da vida”
para explicação do real, a noção de sustentabili- (BURSZTYN, 2001, p. 167). A perspectiva ética
dade está fundamentada na lógica das práticas – desse novo tipo de desenvolvimento configura-
em que efeitos considerados desejáveis são leva- se pela atenção ao bem-estar da atual geração e,
dos a acontecer – e na busca de legitimidade também, o das futuras gerações, e requer solida-
política. Serão sustentáveis as práticas que se pre- riedade intrageracional, ou seja, solidariedade sin-
tendam compatíveis com a qualidade futura con- crônica, e solidariedade intergeracional, diacrôni-
siderada como desejável, sendo sustentável, hoje, ca. O alcance do bem-estar pela geração atual
aquele conjunto de práticas portadoras da sus- não pode comprometer o alcance do bem-estar
tentabilidade no futuro. Se a noção de sustenta- pelas gerações futuras (SACHS, 1986, 1993).
bilidade é vista como algo desejável, ela será de- A construção do conceito de desenvolvimen-
fendida pelos setores da sociedade com interes- to sustentável desloca a questão de “o quê e para
ses distintos, e a definição que prevalecer vai ou- quem produzir” para –”como produzir”, e está vin-
torgar autoridade para a discriminação entre prá- culada ao aumento da preocupação com a ma-
ticas boas e práticas ruins, o que requer mobiliza- nutenção e a sustentabilidade dos recursos natu-
ção para criação de foros apropriados à aprova- rais, rediscutindo o ritmo e a maneira do desen-
ção e ao consenso entre aqueles, que, como os volvimento das sociedades no sistema capitalista
outros, também defendem a sobrevivência do (SILVA, 2005). O desenvolvimento sustentável
planeta, das comunidades, da biodiversidade, da pressupõe princípios de bem-estar econômico, de
diversidade cultural (ACSELRAD, 1999). equidade2 social, de sustentabilidade ambiental,

2Entende-se por equidade, “a igualdade de oportunidades de desenvolvimento humano da população, respeitada a diversidade sociocultural,
mas asseguradas a qualidade de vida e a qualificação para a cidadania e o trabalho” (BUARQUE, 2002, p. 15).

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de participação democrática, de respeito à diver- A ausência de um quadro de referência teóri-


sidade cultural e de liberdade espiritual; e está co que relacione sistematicamente as contribui-
embasado nas necessidades humanas, na rela- ções dos discursos e campos de conhecimento
ção harmoniosa com a natureza, na solidarieda- específicos parece desvelar a falta de precisão na
de social, na participação política e no respeito conceituação de desenvolvimento sustentável
aos direitos humanos e aos valores culturais (JARA, (RATTNER, 2004). Configura-se como um con-
2001). ceito novo e complexo, cuja implementação re-
Na conceituação da União Internacional para quer “uma reorientação do estilo de desenvolvi-
a Conservação da Natureza e dos Recursos Natu- mento” (BUARQUE, 2002, p. 69), fundamentada
rais, desenvolvimento sustentável é um processo na ideia básica de equidade social intra e interge-
que melhora as condições de vida das comuni- racional, para a qual convergem as conceituações
dades humanas e, ao mesmo tempo, respeita os de desenvolvimento sustentável. “Não é um con-
limites de capacidade de carga dos ecossistemas ceito, mas uma definição ou valor. [...] (sua teo-
(IUCN, 1991). Significa “desenvolvimento social ria) está sendo construída” (PINHEIRO, 2006).
e econômico estável, equilibrado, com mecanis- Pouco se aprendeu sobre como promovê-lo, e
mos de distribuição das riquezas geradas e com não há metodologias disponíveis para planejamen-
capacidade de considerar a fragilidade, a interde- to com foco na sustentabilidade do desenvolvi-
pendência e as escalas de tempo próprias e es- mento (MAGALHÃES, 2003).
pecíficas dos recursos naturais” (SIQUEIRA, 2001, Desenvolvimento, meio ambiente e sustenta-
p. 259). Representa uma nova forma de pensar bilidade são termos e conceitos que se apresen-
o desenvolvimento econômico da sociedade, pro- tam estreitamente interrelacionados e são ampla-
curando “compatibilizar o atendimento das ne- mente empregados nas falas e discursos de re-
cessidades sociais e econômicas do ser humano presentantes dos vários setores da sociedade:
com as necessidades de preservação do ambien- comunidade, academia, Estado, empresários. O
te, de modo que assegure a sustentabilidade da debate ambiental relativiza-se pela incorporação
vida na Terra para as gerações presentes e futu- de valores capitalistas; o vocabulário ambiental é
ras” (DIAS, 2004, p. 31). incorporado ao discurso do capital; e nesse pro-
cesso o ideário de sustentabilidade é o mais fre-
O desenvolvimento sustentável é um proces-
quentemente utilizado. Sustentabilidade significa
so duradouro, com capacidade de permanecer
“coisas completamente diferentes para diferen-
ao longo do tempo, envolvendo, além das dimen-
tes pessoas, mas é muito difícil ser favorável à
sões econômica, social e ambiental, a dimensão
adoção de práticas insustentáveis; assim, o termo
política, cuja promoção requer a estabilidade dos
reforça positivamente as políticas, conferindo-lhes
processos decisórios e das políticas públicas de
uma aura de serem ambientalmente sensíveis”
desenvolvimento (MAGALHÃES, 2003). Não é um
(HARVEY, 1996, p. 148, tradução nossa).
conceito elaborado isoladamente por uma equi-
pe técnica, ou uma novidade lançada pelas Na-
AMBIENTALISMO E DESENVOLVIMENTO.
ções Unidas. Ele está fundamentado num con-
texto socioeconômico e político que possibilitou Embora confundido, seguidas vezes, em seus
a ampliação do conhecimento empírico sobre os conteúdos, o ambientalismo tem proporcionado
problemas sociais e ambientais e a institucionali- indubitáveis contribuições para construção do con-
zação da preocupação com a gestão ambiental ceito de desenvolvimento sustentável, embora não
(RATTNER, 2004). deva ser com ele identificado.

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O ambientalismo, focalizado não como um crise ambiental e às proposições para seu enfren-
movimento sociopolítico, mas como visão de tamento; (5) quanto às atitudes políticas frente à
mundo, reveste-se de importância, devido à sua crise ambiental; (6) quanto ao embasamento
posição crítica em relação à lógica do capitalismo material; e (7) quanto à interiorização da variável
e ao modelo de desenvolvimento dominante na ambiental em diferentes setores sociais. As seis
sociedade, contribuindo para a reflexão sobre a primeiras abordagens referem-se ao pensamen-
importância de uma relação equilibrada entre a to ambientalista, enquanto a última diz respeito,
sociedade e a natureza, e a criação das condições mais diretamente, ao movimento ambientalista.
sociais, econômicas, institucionais e culturais fa- A identificação das principais características das
voráveis à mudança em direção à compatibiliza- abordagens do ambientalismo conduz à compre-
ção entre os sistemas econômicos e os sistemas ensão da importância e da repercussão desse
ecológicos. movimento para a emersão do conceito de de-
Identificado como movimento social e históri- senvolvimento sustentável que fundamenta uma
co, o ambientalismo originou-se da constatação visão crítica ao modelo de funcionamento da so-
dos desastres ambientais ocasionados pelas inte- ciedade e ao sistema econômico, despertando na
rações das organizações sociais com o meio am- sociedade e em suas organizações a consciência
biente. Apresentou-se como “crítico e alternativo quanto aos limites ecológicos e quanto aos limi-
em relação à ordem capitalista existente” (LEIS, tes da tecnologia para solução dos problemas
2004, p. 28), e suas propostas contestatórias pres- sociais, econômicos e ambientais ocasionados por
supõem uma “redefinição de nossa civilização” relações desarmoniosas entre o sistema econô-
(LEIS, 2004, p. 35-36), evidenciando-se o poten- mico e o sistema ecológico.
cial subversivo de sua base ideológica. No âmbito da abordagem ideológico-filosófi-
No conjunto da sociedade, o ideário do ambi- ca, as origens da crise ambiental residem na crise
entalismo apresenta duas perspectivas distintas: dos valores culturais, paradigmas e visões de
uma conservadora do status quo, e outra trans- mundo. As relações estabelecidas entre as pes-
formadora, que defende um mundo ecologica- soas e a natureza estão balizadas pela compreen-
mente sustentável, e que está tensionada por duas são que elas têm de si mesmas e das coisas com
forças principais: a do ambientalismo radical, ori- as quais se relacionam, e estão marcadas pelo
entado pela ética e pela crítica aos valores predo- antropocentrismo, que estabelece a dualidade
minantes na sociedade; e a do ambientalismo entre homem e natureza; e pelo ecocentrismo,
renovado, que compatibiliza o modelo de desen- que percebe o mundo como uma rede equilibra-
volvimento econômico com a conservação dos damente composta pelos seres vivos e pelo am-
recursos naturais (ALMEIDA, 1997; LAYRARGUES, biente físico em interrelações indissociáveis e in-
2003; LEIS, 2004). Segundo Leis (2004, p. 36), terdependentes (WHITE, 1967 apud PÁEZ, 2004).
a concepção do ambientalismo renovado “é a que Nessa abordagem, duas correntes do pensamen-
mais se aproxima da compreensão de sua com- to ambientalista se contrapõem pela dualidade
plexidade”, sendo o enfoque perseguido neste ecocentrismo x antropocentrismo: (1) a ecologia
estudo. profunda e (2) a ecologia superficial. A ecologia
O ambientalismo foi amplamente discutido no profunda, também conhecida como ecologismo
âmbito da academia, destacando-se, da literatura, ortodoxo, concebe o ser humano como parte da
para registro neste estudo, sete diferentes abor- natureza, critica o homem moderno por seu de-
dagens: (1) ideológico-filosófica; (2) ideológico- sajuste aos ritmos e leis naturais, enaltece o ho-
política; (3) ética; (4) quanto às concepções da mem primitivo por seu modo equilibrado de con-

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MEIO AMBIENTE E DESENV OLVIMENTO

viver com a natureza (NAESS, 1989), reconhece no tocante à sua visão de mundo. O eco-socialis-
“o valor intrínseco de todos os seres vivos e con- mo, também conhecido como eco-marxismo ou
cebe os seres humanos apenas como um fio parti- ecologismo popular, adota como princípio que a
cular na teia da vida” (CAPRA, 2004, p. 26). organização social e os modos de produção e
A ecologia profunda baseia-se em princípios consumo capitalistas são as causas da crise am-
formulados para “guiar aqueles que acreditam que biental. O eco-capitalismo defende a privatização
os problemas ecológicos não podem ser resolvi- da natureza, ao passo que o eco-socialismo ad-
dos com soluções técnicas prontas. Na prática, voga o reconhecimento da natureza como bem
isto significa simplesmente tentar ver seus pro- público, estabelecendo-se o conflito de interes-
blemas particulares do ponto de vista de outros ses (VINCENT, 1995).
interesses além dos seus próprios [...]” (NAESS, O eco-anarquismo, também denominado eco-
1989, p. 4, tradução nossa). Essa corrente filosó- logia social, é uma corrente político- ideológica
fica propõe uma mudança radical dos valores da do ambientalismo, que atribui as causas da crise
sociedade, de dominação da natureza para har- ambiental à estrutura hierárquica da sociedade e
monia com a natureza, de igualdade entre as di- à dominação (BOOKCHIN, 2003, p. 5, tradução
ferentes espécies, de recursos limitados, de tecno- nossa):
logia apropriada e de ciência não dominante (NA-
ESS, 1989). a ideia de dominação da natureza teve sua origem
A corrente denominada ecologia superficial é na dominação do homem pelo homem. [...] A eco-
o contraponto da ecologia profunda, e defende o logia social assevera que o futuro da vida humana
uso dos bens naturais para melhoria da qualida- caminha passo a passo com o futuro do mundo
de de vida humana. A mudança proposta por essa não humano, ainda que não ignore o fato de que a
corrente reside basicamente na incorporação da sociedade hierárquica e estratificada em classes
dimensão ambiental nas relações sociais e de causou prejuízos ao mundo natural na mesma me-
mercado, pela contabilização das externalidades dida dos prejuízos causados a grande parte da pró-
ambientais aos processos produtivos e pelo esta- pria humanidade.
belecimento de mecanismos de valoração dos
bens naturais, ressaltando-se, nessa corrente de No âmbito da ideologia política do ambienta-
pensamento, a prevalência da racionalidade ins- lismo, identifica-se uma corrente de autoritaris-
trumental (NAESS, 1989). mo no pensamento ambientalista, denominada
O ambientalismo, como ideologia política, clas- eco-autoritarismo, também conhecida como eco-
sifica-se em: eco-capitalismo, eco-socialismo, eco- facismo. Essa corrente entende que, por sua gra-
anarquismo e eco-autoritarismo. A expressão eco- vidade, a crise ambiental requer urgência no tra-
capitalismo é a predominante na sociedade oci- tamento de suas questões, que somente seria
dental, e recebe denominações, como capitalis- alcançada por marcante intervenção do Estado:
mo verde, capitalismo natural, ambientalismo pro- “whatever its specific form, the politics of the sus-
gressista, ecologia de livre mercado e ecologia tainable society seem likely to move us along the
positiva. Essa corrente defende a autonomia e spectrum from libertarianism towards authoritari-
suficiência dos mecanismos de mercado para anism’ and we have to accept that ‘the golden
solução dos problemas ambientais. Aproxima-se age of individualism, liberty and democracy is all
da tendência filosófica do antropocentrismo eco- but over’ “ (OPHULS, 1977, p. 161, apud HAR-
lógico, e opõe-se ideologicamente ao eco-socia- VEY, 1992, p. 177). “As soluções autoritárias para
lismo, por considerá-lo ultrapassado e retrógrado a crise ambiental foram abandonadas pelo pen-

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samento ambientalista, mas o autoritarismo pare- progressista; (3) neomalthusiana, que, apoiada
ce permear as políticas ambientais” (HARVEY, pelos estudos de Malthus (várias edições, apud
1992, p. 177, tradução nossa). LEIS, 2004; LINDO, 2000), identifica no cresci-
Com base na ética ecológica das relações mento demográfico as causas da crise e propõe
homem–sociedade e homem–natureza, o pen- sua limitação; (4) zerista, que, embasada nos es-
samento ambientalista classifica-se em quatro tudos de Meadows (1978), propõe que não haja
vertentes – alfa, beta, delta e gama – e um eixo crescimento econômico no planeta; (5) ecologis-
integrador, denominado ômega (LEIS; D’AMATO, ta social, que, inspirada no anarquismo, combate
2003). A vertente alfa refere-se a valores indivi- o capitalismo e o socialismo, pelo fato de ambos
dualistas na relação homem-sociedade e valores os modelos de produção estarem fundamenta-
dos no industrialismo; (6) ecotecnicista, que atri-
antropocêntricos na relação homem-natureza,
sendo a que mais se aproxima do paradigma so- bui à melhoria tecnológica a solução dos impac-
tos ambientais; e (7) marxista, que se contrapõe
cial dominante, do antropocentrismo ecológico e
ao sistema capitalista e propõe o eco-socialismo.
do eco-capitalismo. A vertente beta mantém a
Suas convicções recaem sobre a maneira desi-
orientação antropocêntrica da vertente alfa, mas
gual como os riscos e impactos ambientais refle-
adota uma orientação de cooperação na relação
tem-se nas variadas classes que formam o tecido
homem–sociedade, reivindicando a mudança dos
social (HERCULANO, 1992).
valores hierárquicos e individualistas, inerentes à
lógica da competição e incompatíveis com o am- Na perspectiva das atitudes políticas adotadas
bientalismo, que reivindica valores comunitários. frente à crise ambiental, o ambientalismo classifi-
Numa linha distinta daquela seguida pela beta, a ca-se em (1) exponencialismo, (2) compatibilis-
vertente gama avança na relação homem-nature- mo, (3) preservacionismo, (4) conservacionismo,
za, mas mantém a orientação individualista no (5) ambientalismo e (6) ecologismo (SOFFIATI,
tocante à relação homem-sociedade. Delta, é a 2002).
vertente mais complexa, por adotar orientação O exponencialismo caracteriza-se pela convic-
biocêntrica e comunitária na relação homem-na- ção do crescimento econômico ilimitado e da in-
tureza-sociedade. Ômega supõe, como eixo inte- finitude dos recursos naturais, sendo a depleção
grador, o equilíbrio e a integração sinérgica das ambiental considerada um resultado dos proces-
quatro vertentes. Em síntese, “a crise ecológica sos produtivos necessário à conquista do planeta.
não tem alternativas realistas fora de um ambien- O compatibilismo é um movimento que, sem
talismo sustentado numa ética complexa e mul- propor uma mudança substantiva no modelo de
tidimensional que recupere o sentido da fraternida- desenvolvimento clássico, relativiza-o pela inclu-
de, o sentido espiritual da vida social e natural” (LEIS; são da dimensão ambiental, o que se evidencia
D’AMATO, 2003, p. 83-90; LEIS; D’AMATO, 2005). pela instituição de mecanismos de comando e
A abordagem do ambientalismo quanto às controle para proteção da natureza.
concepções da crise ambiental e às proposições O preservacionismo caracteriza-se pela intran-
para seu enfrentamento subdivide-se em sete sigência no tratamento da questão ecológica,
correntes de pensamento: (1) fundamentalista, mediante atitudes políticas, cujos adeptos, “dese-
que se opõe ao antropocentrismo e propõe o josos da intangibilidade dos remanescentes de
ecocentrismo; (2) alternativa, que atribui ao mo- ecossistemas nativos e, até certo ponto, nostálgi-
delo civilizatório ocidental as responsabilidades cos de uma idade de ouro não muito bem locali-
sobre a crise ambiental e adota uma resposta anti- zada no tempo” (SOFFIATI, 2002, p. 59), sobre-

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MEIO AMBIENTE E DESENV OLVIMENTO

põem a defesa da natureza a todos os interesses A essa ótica do ambientalismo, contrapõe-se


da sociedade. o ecologismo popular, que adota uma visão utili-
Na lógica da racionalidade instrumental, o con- tarista dos bens naturais, com base na racionali-
servacionismo propõe a utilização racional e par- dade instrumental, e propõe a equidade de aces-
cimoniosa dos bens da natureza, revelando aten- so aos produtos e serviços provenientes da natu-
ção com as futuras gerações e a continuidade de reza. Esse movimento advoga que o ambientalis-
vida no planeta, mas adotando uma visão utilita- mo tem origem em grupos sociais que defendem
rista da natureza. a proteção ambiental como condição de sobrevi-
vência e não de qualidade de vida, e que não se
A quinta categoria dessa classificação, deno-
trata de um movimento apenas das sociedades
minada ambientalismo, identifica-se pela superfi-
desenvolvidas, de caráter pós-materialista, mas que
cialidade e fragilidade teórica, o que dificulta a
há uma ecologia eminentemente popular (MAR-
compreensão e a delimitação política de suas pro-
TINEZ-ALIER, 2001).
postas, que visam a resultados em curto prazo. É
também conhecida como ecologia de resultado A última abordagem refere-se, especificamen-
ou pragmática. te, ao movimento ambientalista, e aponta para a
interiorização da variável ambiental pelos setores
O ecologismo mantém uma atitude de refle-
sociais, passando da abrangência bissetorial da fase
xão crítica sobre as questões relacionadas à crise
inicial para a multissetorial e, em seguida, adqui-
ambiental e, como atitude política, numa visão
rindo abrangência transetorial (VIOLA, 1991). Em
em longo prazo, aceita as propostas da vertente
do ambientalismo, como forma de manutenção sua fase fundacional, o movimento ambientalista
do diálogo, julgado necessário para possibilitar a está polarizado pela atuação de entidades ecoló-
implementação das mudanças. O ecologismo gicas, em seu sentido restrito da atuação, e de
“como utopia branda, [...] está cônscio da impos- entidades governamentais de controle ambiental.
sibilidade de extirpar totalmente o ‘mal’, o ‘imper- Nos grupos e associações ambientalistas dessa
feito’, o ‘injusto’, o ‘feio’ e o ‘sujo’. Trata-se de fase bissetorial do movimento, predominava um
trabalhar não pelo melhor dos mundos, mas por perfil amador, e sua prática de atuação restringia-
um mundo melhor” (SOFFIATI, 2002, p. 60). se a denúncias de poluição e de degradação
ambiental nas cidades e à realização de movimen-
Observado pela ótica das características do
tos populares de apoio à preservação de ecossis-
embasamento material ou simbólico, o ambien-
temas naturais. A partir da segunda metade da
talismo defende que a atenção à crise ambiental
década de 1980, o movimento ambientalista bra-
decorreu de uma mudança de valores nas socie-
sileiro caracteriza-se pela profissionalização das
dades ocidentais ricas e afluentes, originada pela
instituições que representam “uma alternativa vi-
melhoria em sua qualidade de vida, o que possi-
ável de conservação ou restauração do ambiente
bilitou a dedicação a causas ecológicas de preser-
danificado” (VIOLA, 1991, p. 8); e a interiorização
vação de espécies e de paisagens. Em alguns
da variável ambiental por outros setores da socie-
países centrais do capitalismo, o desenvolvimen-
dade, como governo, empresariado, academia e
to econômico possibilitou incrementos nas áreas
ONGs decorre da disseminação das ideias ambi-
da educação e da tecnologia, gerando nova dis-
entalistas na fase fundacional do movimento (VI-
posição cultural e redirecionando os conflitos de
OLA, 1991).
classe para movimentos de ordem imaterial, con-
dição possibilitada pela supressão dos problemas Observa-se que as concepções sobre meio
de ordem econômica (INGLEHART, 1977, apud ambiente, nas abordagens do ambientalismo, so-
ALEXANDRE, 2004). frem modificações e abandonam posicionamen-

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tos marcadamente antagônicos, para adotar um futuras, visando à conscientização sobre a insus-
discurso relativizado pela conjugação das ques- tentabilidade do modelo econômico que rege as
tões ambientais com as questões socioeconômi- interações entre as organizações sociais e o meio
cas. O movimento, antes amador, ativista e vo- ambiente. Em 1968, um grupo formado por trin-
cacional, baseado na crítica ao sistema e na de- ta pessoas, compreendendo pesquisadores, pe-
núncia, transformou-se em profissional e predis- dagogos, industriais, economistas, funcionários
posto ao diálogo e à negociação, visando, de públicos e humanistas, reuniu-se em Roma, insti-
maneira pragmática, à solução dos problemas gado por Arillio Perccei, um empresário industrial
ambientais (LAYRARGUES, 2003). italiano, economista, preocupado com as ques-
As abordagens do ambientalismo, dissemina- tões econômicas e ambientais, para debater a cri-
das e compartilhadas no âmbito da sociedade, se instalada à época e o futuro da humanidade.
têm repercussão sobre as atividades humanas e O primeiro relatório, intitulado Limites do Cresci-
contribuem para estimular a reflexão crítica sobre mento, elaborado pelo Clube de Roma, nome pelo
as práticas de suas organizações e o estabeleci- qual ficou conhecido o grupo, foi coordenado por
mento de um estilo diferente de relacionamento Dennis e Donella Meadows, do Massachusetts
entre as múltiplas organizações sociais e o ambi- Institute of Technology, e concluiu que, mantidos
ente natural, que privilegie o equilíbrio entre de- os níveis de industrialização, poluição, produção
senvolvimento e meio ambiente. de alimentos e exploração dos recursos naturais,
o limite de desenvolvimento do planeta seria atin-
Os movimentos ambientais e sua contribuição
para o compartilhamento do conceito de desen-
gido em cem anos, provocando uma repentina
volvimento sustentável diminuição da população mundial e da capacida-
de industrial, ou seja, um “colapso” (MEADOWS,
O processo de conscientização quanto aos ris-
1978; ODUM, 1985, p. 343). Estes resultados
cos ambientais aos quais está exposta a socieda-
foram interpretados como uma previsão do fim
de parece conduzir a um consenso quanto à ne-
cessidade imperativa de enfrentamento dos pro- da civilização e houve muitas críticas à metodolo-
blemas de ordem ambiental e de se repensar as gia utilizada, por não considerar o desenvolvimento
relações entre as organizações sociais e a nature- de tecnologias, a descoberta de novos recursos e
za, “sob pena do aniquilamento, contaminação e a substituição de recursos esgotados. O relatório
exaustão da capacidade de reprodução material foi uma das mais repercutidas denúncias sobre
e social da vida no planeta” (LIMA, 2004, p. 6). “a obsessão da sociedade com o crescimento, na
Parece estar sendo gestado um movimento que qual, em todo nível – individual, familiar, empre-
apreende a compreensão da sociedade sobre a sarial, nacional – a meta é de se tornar cada vez
finitude dos recursos e sobre os limites ecológi- maior, mais rico e mais poderoso, sem conside-
cos e do aparato científico e tecnológico (BOFF, rar o custo final do crescimento exponencial”
2004; CAPRA, 2002, 2004; LAYRARGUES, 2000; (ODUM, 1985, p. 343).
LEFF, 2001; LEIS, 2004; LEIS; D’AMATO, 2003, O marco inicial no “despertar de uma consci-
2005; LIMA, 2004; MORIN, 2000; ODUM, 1985, ência ecológica mundial” foi a Conferência Inter-
2004; VEIGA, 2006). governamental de Especialistas sobre as Bases
Na década de 1960, movimentos organiza- Científicas para Uso e Conservação Racionais dos
dos chamaram a atenção da sociedade para a Recursos da Biosfera, realizada em 1968, em Paris,
gravidade da situação vivenciada pela geração atual com o objetivo de analisar o uso e a conservação
e para aquela que será vivenciada pelas gerações da biosfera e o impacto humano sobre a mesma,

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o que atraiu a atenção da sociedade para a im- da no Rio de Janeiro em junho de 1992, reuniu
portância e urgência de se implementarem siste- políticos, cientistas, pesquisadores, professores e
mas de preservação ecológica (ANDRADE; TACHI- estudantes de 179 países, com o objetivo de “dis-
ZAWA; CARVALHO, 2000, p. 2). cutir os compromissos consensuais [...] em rela-
Em 1972, realizou-se a primeira reunião de ção ao ambiente e ao desenvolvimento mais sus-
líderes mundiais, em Estocolmo, para discutir as tentável do mundo para o século XXI” (SATO;
relações entre o homem e o meio ambiente e a SANTOS, 1999, p. 15). Foi durante a Rio 92 que
necessidade da adoção de medidas efetivas de a comunidade internacional concebeu e aprovou
controle dos fatores de degradação da natureza, a Agenda 21, que constitui um programa de pla-
reconhecendo-se a dimensão ambiental como nejamento participativo visando à promoção de
condicionadora e limitante do modelo tradicional um novo padrão de desenvolvimento, cuja pro-
de crescimento. A poluição foi o tema central do posta é conciliar equilíbrio ambiental, justiça soci-
encontro. Os líderes dos países em desenvolvi- al e eficiência econômica, enunciando a indisso-
mento arguíram que a solução para os proble- ciabilidade entre fatores sociais, econômicos e
mas ambientais não significa a contenção do de- ambientais, que constituem o conceito de desen-
senvolvimento, e sim sua orientação para a pre- volvimento sustentável (ALMEIDA, 2002).
servação do meio ambiente e dos recursos não- Em dezembro de 1997, em Kyoto, foi realiza-
renováveis. A Conferência marcou a inserção das da a terceira Conferência das Nações Unidas so-
questões ambientais nas agendas oficiais interna- bre Mudança do Clima, com a participação de
cionais, e os líderes mundiais assumiram com- representantes de mais de 160 países. A Confe-
promissos a favor da preservação da natureza e rência teve como objetivos: a) estabelecer, para
da criação de agências nacionais e internacionais, os países desenvolvidos, compromissos de redu-
dentre elas o Programa das Nações Unidas para ção e limitação da emissão de dióxido de carbo-
o Meio Ambiente (PNUMA), de modo a garantir no e outros gases responsáveis pelo efeito estu-
o alcance dos objetivos (CMMAD, 1991). fa; b) possibilitar a utilização de mecanismos de
Em outubro de 1984, em Oslo, foi proposta flexibilização, pelos países em desenvolvimento,
pela primeira vez no mundo “uma agenda global para que estes possam atingir os objetivos de re-
para a mudança”, cujo foco reside na formulação dução de gases do efeito estufa. Os compromis-
de estratégias de conciliação entre desenvolvimen- sos assumidos visam à redução, no período de
to econômico e meio ambiente e na dissemina- 2008 a 2012, em 5,2%, relativamente ao índice
ção de noções comuns relativas a questões am- global registrado em 1990, da emissão de dióxi-
bientais de longo prazo, visando à cooperação do de carbono e outros gases nocivos. São três
entre os países, para o desenvolvimento susten- os mecanismos de flexibilização que ajudam es-
tável. Essa agenda compôs o relatório final, intitu- ses países a cumprir as exigências de redução de
lado Nosso Futuro Comum ou Relatório Brun- emissões, fora de seus territórios: (1) a Imple-
dtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre mentação Conjunta, o (2) Comércio de Emissões
Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela e (3) o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
Assembleia Geral da ONU, em 1983 (CMMAD, – MDL. O Mecanismo de Desenvolvimento Lim-
1991, p. XI). po torna possível a participação, no Tratado, de
A Conferência das Nações Unidas para o Meio países em desenvolvimento, como o Brasil, me-
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), tam- diante obtenção de créditos de carbono (UN,
bém conhecida como Eco 92 ou Rio 92, realiza- 1998).

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Em julho de 2001, em Bonn, um acordo en- problemas e tratamento integrado das partes
volvendo 178 países, entre eles o Brasil, define (SOUZA, 2000). A gestão ambiental requer “uma
as regras para a implementação do Tratado de visão sistêmica, global, abrangente e holística”
Kyoto. Entre as principais decisões inclui-se a ado- (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000, p.
ção dos sumidouros, mecanismo pelo qual os 89), que possibilita o conhecimento das inter-re-
estados que não cumprirem as metas de emis- lações de recursos captados com valores obtidos.
são de poluentes do Tratado devem investir na A gestão ambiental atua preventivamente em
preservação de florestas, que absorvem dióxido
todo o processo produtivo, abrangendo o cum-
de carbono.
primento da legislação, a escolha das técnicas mais
Em agosto de 2002, em Johannesburgo, foi adequadas, a redução do consumo de recursos
realizada a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvi- naturais, a reciclagem de resíduos, a reutilização
mento Sustentável, também conhecida como de materiais, a alocação de recursos humanos e
Rio+10, tendo como objetivo a avaliação, por parte financeiros, a sensibilização dos funcionários e dos
da comunidade internacional, do estado do pla- fornecedores e o relacionamento com a comuni-
neta e de seus habitantes, passados dez anos dos dade (BARBIERI, 2004).
compromissos assumidos na Rio 92. O principal
resultado da Cúpula foi a conjugação da susten- Os programas de gestão ambiental estabele-
tabilidade ambiental com a sustentabilidade soci- cem as atividades a serem desenvolvidas, a sua
al, evidenciada na formulação das Metas de De- sequência, bem como as responsabilidades por
senvolvimento do Milênio, compartilhadas pela sua execução. Abrangem os aspectos ambientais
comunidade global (PNUD, 2006b). mais importantes e focalizam a melhoria contí-
nua, ampliando-se o escopo de atuação confor-
Esses movimentos têm contribuído para am-
me as medidas vão sendo implementadas, apre-
pliação, em âmbito mundial, do debate sobre as
sentando-se dinâmicos e flexíveis para adaptação
questões relacionadas ao meio ambiente, e, no
às mudanças (DONAIRE, 1999). A gestão ambi-
Brasil, “têm encorajado o MMA a formular políti-
cas capazes de compatibilizar conservação ambi- ental apresenta-se como relevante instrumento
ental com desenvolvimento econômico” (IPEA, gerencial de apoio à criação de diferenciais de
2004, p. 75-79). competitividade para as organizações (TACHIZA-
WA, 2004).
A gestão ambiental empresarial como prática ori-
entada pelo conceito de desenvolvimento sus-
Neste início de século XXI, parece acertado
tentável afirmar que as empresas serão avaliadas pelas
A gestão ambiental visa a ordenar as ativida- relações responsáveis com o meio ambiente e
des humanas para que seus impactos sobre o por seus compromissos com as pessoas com as
meio sejam minimizados. Apresenta caráter mul- quais mantêm relações, dentre elas, acionistas,
tidisciplinar, em virtude de envolver distintas vari- empregados, clientes, fornecedores, concorrentes
áveis que interagem simultaneamente, requeren- e a sociedade em geral, agregando valores a múl-
do uma visão do todo, compreensão global dos tiplos intervenientes, os stakeholders3, sem res-

3
Stakeholders é o termo que tradicionalmente designava os grupos de interesses internos às organizações, que abrangiam acionistas,
financiadores e investidores em geral. Essa definição tornou-se mais ampla e abrangeu todos os grupos que, de alguma forma, têm
relacionamento com a empresa: “empregados, consumidores, fornecedores, associações comerciais, comunidade e grupos ambientais, o
público em geral, e no senso mais amplo, as gerações futuras e a biosfera como um todo” (WRI, 1994, p. 218; SANCHES, 1996).
“Stakeholders (ou partes interessadas) são pessoas ou instituições que representam ou integram grupos que, de alguma forma, são
afetados, positiva ou negativamente, pelas ações da empresa. [...], numa relação de influência mútua” (ALMEIDA, 2003, p. 128).

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MEIO AMBIENTE E DESENV OLVIMENTO

tringir suas contribuições para a sociedade à ma- bom para suas empresas, para o Planeta e para
ximização dos lucros para os acionistas (VERGA- as pessoas” (WBCSD, 2002, p. 2, tradução nos-
RA; BRANCO, 2001). sa), e todas tentam “provar que a busca da sus-
As empresas compreenderam que consumi- tentabilidade é um meio para torná-las mais for-
dores e investidores valorizam a atuação ecologi- tes e competitivas” (SCHMIDHEINY, 2002, p. 1).
camente responsável, a adoção de medidas vi- A missão do WBCSD consiste em “possibilitar que
sando à eliminação de externalidades negativas e as empresas líderes sejam catalisadoras da mu-
a introdução de novas posturas a serem observa- dança em direção ao desenvolvimento sustentá-
das na consecução do lucro. As políticas ambien- vel e da promoção do papel da ecoeficiência, ino-
tais empresariais resultam da interação de forças vação e responsabilidade social corporativa”
externas, notadamente as exigências do mercado (WBCSD, 2002, p. 13, tradução nossa).
consumidor e a atuação do Governo, que, em Para os empresários do WBCSD, é condição
atendimento à crescente pressão da sociedade, indispensável ao contexto do desenvolvimento
cria mecanismos de legislação mais rígidos; e de sustentável a participação equilibrada de três seg-
mudanças geradas no âmbito interno das empre- mentos: o governo, as empresas e a sociedade.
sas. Constituem-se em conjunto de metas e ins- Um mundo, portanto, em que estejam integra-
trumentos que visam à redução dos impactos ne- dos “a inovação e a prosperidade que os merca-
gativos de suas atividades sobre o meio ambiente dos propiciam, a segurança e as condições bási-
(ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2000; BAR- cas que os governos dão e os padrões éticos que
BIERI, 2004; DONAIRE, 1999; LUSTOSA; CÁNEPA; a sociedade civil reclama” (WBCSD, 2002, p. 12,
YOUNG, 2003; MAIMON, 2003; POLIZEI; PETRO- tradução nossa). Segundo Almeida (2002, p. 62),
NI; KRUGLIANSKAS, 2005; TACHIZAWA, 2004). “a gestão ambiental, tarefa de todos, evolui para
A gestão ambiental possibilita que a empresa algo mais profundo e mais amplo, que é a gestão
identifique os impactos de suas ações em rela- da sustentabilidade. Ampliou-se a perspectiva”.
ção ao meio ambiente, e priorize metas para a Criado em março de 1997, o Conselho Em-
melhoria contínua de sua performance ambien- presarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sus-
tal, monitorando as ações corretivas e reavalian- tentável (CEBDS) reúne 60 grandes grupos priva-
do as práticas utilizadas, as metas e os objetivos dos e estatais, responsáveis por 450 unidades
da própria gestão ambiental. A adoção da gestão produtivas distribuídas no país, que geram mais
ambiental pelas empresas acarreta mudanças na de 500 mil empregos diretos. Sua atuação focali-
percepção dos elementos internos e externos que za temas como legislação ambiental e recursos
compõem o ambiente onde atuam. hídricos, ecoeficiência, biodiversidade e biotecno-
A incorporação das questões relacionadas ao logia, energia, mudanças climáticas e comunica-
meio ambiente e do conceito de desenvolvimen- ção social (ALMEIDA, 2002).
to sustentável ao discurso empresarial parece re- A inserção da gestão ambiental no ambiente
velar-se na criação, em 1995, do Conselho Em- de negócios revela-se no âmbito externo às em-
presarial Mundial para o Desenvolvimento Sus- presas (1) pelas ações de regulação visando à
tentável (WBCSD, 1999), integrado por mais de assimilação dos riscos ambientais em suas estra-
160 das maiores empresas do mundo, responsá- tégias de investimento, estendendo o compromis-
veis por um faturamento anual de US$4,5 trilhões, so com a gestão ambiental aos fornecedores; (2)
o que equivale a 20% do PIB mundial (ALMEIDA, pela criação de programas de financiamento que
2002; WBCSD, 2002), “cujos líderes acreditam adotam a gestão ambiental empresarial como re-
que perseguir o desenvolvimento sustentável é quisito de competitividade; e (3) pelo estímulo à

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ELIZABETH CASTELO BRANCO DE SOUZA . FRANCISCO CORREIA DE OLIVEIRA . DANIEL RODRIGUEZ DE CARVALHO PINHEIRO . SUELY SALGUEIRO CHA CON

inovação tecnológica, por meio de parcerias com tam o comprometimento com o cumprimento da
universidades e laboratórios de pesquisa. No âmbi- legislação ambiental, com a proteção ao meio
to interno das empresas, isso se reflete pelo desen- ambiente e com a melhoria da competitividade
volvimento nas áreas de pesquisa e pela integração das empresas (MAIMON, 1996).
com as áreas de marketing, produção e finanças Frente aos problemas ambientais, as empre-
(POLIZEI; PETRONI; KRUGLIANSKAS, 2005). sas desenvolvem três distintas abordagens de atua-
A concepção sobre meio ambiente e a rele- ção: (1) controle da poluição, (2) prevenção da
vância da gestão ambiental não estão internaliza- poluição e (3) abordagem estratégica. Destaca-
das da mesma maneira nos setores industriais e se, nessas abordagens, a evolução das posturas
em firmas de todos os portes (VINHA, 2003). As empresariais típicas de reatividade para aquelas
indústrias vêm procurando reduzir os efeitos ne- típicas de proatividade; as práticas empresariais
gativos de suas operações, as chamadas externa- de correção, prevenção e antecipação de solu-
lidades, de maneiras e intensidades diferenciadas ções aos potenciais problemas ambientais decor-
entre países e setores industriais, e essas provi- rentes de suas atividades; e a percepção dos
dências estão diretamente relacionadas à intera- empresários quanto à atuação harmoniosa de sua
ção dos stakeholders, à pressão do movimento empresa com o meio ambiente, considerada não
ambientalista e às regulamentações ambientais mais como um custo adicional, e sim como van-
impostas pelos governos (MAIMON, 2003). tagem competitiva.
A transição entre a postura empresarial da Na visão de Ackerman e Bauer (1976, apud
década de 1970 – período em que se argumen- DONAIRE, 1999), as políticas ambientais empre-
tava a “incompatibilidade entre a responsabilida- sariais são influenciadas pelas mudanças ocorri-
de ambiental da empresa e a maximização de das no ambiente dos negócios e pela sensibilida-
lucros e entre a política ambiental e o crescimen- de empresarial às questões ambientais, que ori-
to da atividade econômica de um país” (MAIMON, entará o desenvolvimento de mecanismos no
2003, p. 400) – e a postura empresarial dirigida âmbito da empresa, de acordo com seu posicio-
pela responsabilidade ambiental estabelecida namento em relação a três fases: 1) percepção –
como regra ainda não é realidade, mesmo nos há a responsabilidade ambiental, porém não atre-
países desenvolvidos, onde as empresas nem lada à organização; 2) compromisso – é evidente
sempre incorporam a responsabilidade com o o atrelamento da responsabilidade ambiental às
meio ambiente em suas estratégias, na maioria políticas empresariais, mas as ações são escas-
das vezes orientadas por aspectos condizentes sas; e 3) ação – é manifesta a atuação da empre-
com custos e mercado (MAIMON, 2003). sa direcionada pela responsabilidade ambiental.
As políticas ambientais empresariais são defi- Mecanismos coercitivos de regulamentações
nidas pelas empresas com o objetivo de orientar ambientais, taxações, multas e pressões de mer-
sua adaptação à regulamentação ou às exigênci- cado exercem influência sobre as práticas das
as de mercado, podendo (1) sinalizar para modi- empresas, mobilizando-as, de maneira reativa, para
ficações na estrutura produtiva ou no produto; (2) as necessárias mudanças em sua conduta, visan-
antecipar soluções para os potenciais problemas do ao controle e prevenção de impactos ambien-
ambientais, adotando o princípio da precaução; e tais negativos, ocasionados por suas atividades.
(3) integrar a função ambiental no planejamento As práticas empresariais reativas constituem adap-
estratégico das empresas (MAIMON, 2003). A tações à regulamentação ou às exigências de mer-
série de normas ambientais ISO 14.000 apresen- cado, como resposta às políticas de comando e
ta-se como uma das ferramentas que possibili- controle. Os impactos ambientais são controlados

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no final do processo, por equipamentos de con- material de sua constituição, passando pelos im-
trole de poluição destinados, exclusivamente, ao pactos provocados pela utilização desses produ-
cumprimento da legislação em vigor no local da tos durante sua vida útil até o seu descarte final,
empresa. Pesquisa e desenvolvimento para mo- por meio da tomada de consciência dos empre-
dificação de produtos ou processos produtivos não sários sobre suas responsabilidades quanto à de-
são observados nessa categoria (SANCHES, 1996). cisão na seleção crítica de projetos de produtos e
Mecanismos de convencimento parecem ser serviços sustentáveis, adotando postura de forne-
fatores mobilizadores de mudanças mais efetivos cedores de produtos úteis que facilitam a vida das
do que os coercitivos, pelo fato de estimularem pessoas, que utilizam matéria-prima selecionada
alterações comportamentais duradouras, emba- sob a ótica da escassez dos recursos naturais e da
sadas na intenção do indivíduo em adotar práti- observação do descarte final dos produtos.
cas consideradas acertadas, à luz das concepções Atenta-se para o fato de que as críticas ao atu-
compartilhadas pela sociedade, sem condiciona- al modelo de desenvolvimento econômico e so-
mentos de qualquer ordem, o que favorece a cial parecem não repercutir na sociedade, haja
adoção de práticas empresariais que antecipem vista o modelo acelerado de desenvolvimento
as soluções, de maneira proativa, aos potenciais econômico adotados por diversos países onde o
problemas ambientais ocasionados por suas ati- meio ambiente é uma questão menos importan-
vidades. As empresas investem em ações visan- te que o crescimento econômico. Na China, por
do à melhoria ambiental, evitando impactos am- exemplo, a partir do crescimento acelerado des-
bientais negativos. O meio ambiente é, assim, uma de a década de 80, a prioridade dada à industria-
perspectiva importante da empresa e função da lização e à construção de edificações poluiu os
administração. principais rios, contaminou 25 dos 27 maiores
lagos, e o país é afetado pelo fenômeno da chu-
CONSIDERAÇÕES FINAIS va ácida. Em abril de 2006, a capital chinesa so-
freu graus máximos de poluição e durante dois
Afastado o determinismo da afirmação de dias esteve coberta de areia do deserto de Gobi.
Lovelock (2006), reflete-se sobre as novas refe- A projeção é que em 2020, caso não haja mu-
rências trazidas pela construção de um modelo danças no perfil desse modelo de desenvolvimen-
de desenvolvimento sustentável e a importância to, a China entrará em grave crise ambiental, ten-
do papel desempenhado pelas empresas na eco- do consumido quase todas as suas reservas mi-
nomia, tanto na geração de riquezas, quanto na nerais (SHENGXIAN, 2006).
geração de empregos. Diante do exposto, a necessária mudança de
O ideário do desenvolvimento sustentável in- postura parece distante de se efetivar. Não se
sere, no mundo empresarial, temas relacionados observam mudanças de valores cuja repercussão
à depleção ambiental, como esgotamento dos conduz a mudanças em direção à racionalidade
recursos naturais não-renováveis, utilizados ao lon- ambiental, concretizando-se em práticas profissi-
go das cadeias de produção; e impactos ambien- onais e empresariais predominantemente proati-
tais provocados pelos distintos processos produti- vas no controle e prevenção de impactos ambi-
vos, geração e descarte de resíduos. A interioriza- entais. Embora sejam observadas práticas em tran-
ção de práticas sustentáveis às empresas em suas sição, o que se apresenta mais frequentemente
atividades produtivas vai exigir modificações na são práticas profissionais e empresariais reativas,
maneira de trabalhar dos diferentes intervenien- visando ao atendimento normativo e às pressões
tes, desde o projeto do produto, na definição do de mercado. As empresas, em geral, adotam as

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ELIZABETH CASTELO BRANCO DE SOUZA . FRANCISCO CORREIA DE OLIVEIRA . DANIEL RODRIGUEZ DE CARVALHO PINHEIRO . SUELY SALGUEIRO CHA CON

práticas suficientes para atendimento à legislação


Elizabeth Castelo Branco de
ambiental e para não incorrerem em sanções
Souza
aplicadas pela fiscalização dos órgãos ambientais. Pesquisadora do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do
Nordeste (ETENE)
Os maiores desafios parecem ser a transfor-
mação dos valores da sociedade industrializada, Doutoranda do Curso de Conservación Ambiental y Cámbio
Global da Universidade Internacional de Andalucía (UNIA) –
mediante internalização do conceito de sustenta- Espanha
bilidade, e a implementação de ações fundamen- Endereço profissional
Banco do Nordeste do Brasil S/A.
tadas na racionalidade ambiental que atendam Av. Paranjana, 5700 - Castelão
às necessidades humanas, respeitando os limites 60740-000 - Fortaleza, CE - Brasil
Telefone: (85) 32993779 Fax: (85) 32993474
da natureza, integrando-os. As práticas individuais www.bnb.gov.br
ficam aquém da consciência ambiental propaga- elizabethbranco@secrel.com.br

da nos discursos, e as organizações sociais estão


longe de pautar seu cotidiano pela racionalidade Francisco Correia de Oliveira
ambiental, considerando a redução de consumo, Universidade de Fortaleza
a substituição de matérias-primas, a reciclagem Endereço profissional
de materiais e a proteção de ecossistemas frágeis Universidade de Fortaleza, Centro de Ciências Administrativas,
Mestrado de Administração.
(VIOLA, 1991). Av. Washington Soares, 1321 - Bloco Q - sala 3 - Edson
Dificilmente as mudanças processam-se de Queiroz
60177-120 - Fortaleza, CE - Brasil - Caixa-Postal: 1258
maneira espontânea e harmoniosa, sendo dirigi- Telefone: (85) 4773229
http://www.unifor.br
das pela interação de forças externas e de intensi- oliveira@unifor.br
dades diversificadas oriundas da sociedade, do chicocorreia@terra.com.br
governo e do mercado. A existência de pressões
do governo, sociedade e mercado é determinan-
te para a atenção das empresas às questões rela- Daniel Rodriguez de Carvalho Pinheiro
Universidade de Fortaleza
cionadas ao meio ambiente. A ordem e a nature- Doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará
za das pressões recíprocas exercidas pelo merca- Endereço profissional:
Universidade de Fortaleza - Núcleo de Pesquisa de Humanida-
do junto às empresas, governo e sociedade re- des
Av. Washington Soares, 1321 - Bairro Edson Queiroz
percutem sobre a competitividade empresarial, CEP: 60811-905 - Fortaleza - Ceará - Brasil
constituindo-se em oportunidades ou ameaças ao Telefone (85) 3477.3247 - PABX (85) 3477.3000
Caixa Postal 1258
crescimento empresarial. > http://www.unifor.br
daniel@unifor.br

Recebido em: mar. 2009 · Aprovado em: dez. 2009


Suely Salgueiro Chacon
Universidade Federal do Ceará

Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade


de Brasília,
Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará
Endereço profissional
Universidade Federal do Ceará, Campus do Cariri.
Av. Tenente Raimundo Rocha, S/N - Cidade Universitária
63000-000 - Juazeiro do Norte, CE - Brasil
Telefone: (88) 35727200
http://www.cariri.ufc.br/
suelychacon@gmail.com

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