Você está na página 1de 113

Unidade 1 - Aspectos introdutórios da temática

socioambiental

OBJETIVOS DA UNIDADE
 bullet

Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os


problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido
atualmente;

 bullet

Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre o


tema socioambiental;
 bullet
Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate
socioambientalista mundial.

TÓPICOS DE ESTUDO
Clique nos botões para saber mais
Introdução

// Os problemas ambientais da atualidade


// A interdisciplinaridade nas questões ambientais
// Um convite para repensar o amanhã
Conceitos e definições

-
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no
Brasil e no mundo

-
Movimentos mundiais

Introdução
Seção 3 de 6
Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões ambientais. No
sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos aos aspectos da natureza,
como a água, as plantas, os “animais”; mas consideramos a “sociedade” como algo à parte,
como se não houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos
respectivos termos?

Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus significados.


Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, inferiorizamos as
demais espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, fracassamos. Nós
nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que
vivemos. Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à
opinião, a escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao
limite: da abundância de recursos naturais, mas também do preconceito,
iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos
a harmonia.

Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de


outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro,
fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em
determinados momentos, acarreta discriminação.

No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática


é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos
também ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que
questões sociais não são discutidas na temática ambiental? O primeiro
exercício necessário é a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e
ambiente: ser humano e o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A
compreensão é aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos
colocá-la em prática.
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse discurso
socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização social, não se restringindo à
conscientização. Sensibilizar a população às questões socioambientais procura estimular seu
engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio.

Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restrita às relações de
emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental realizada. Para melhor
compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o desligamento histórico
entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos
fenômenos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma meta ou
objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.

CONTEXTUALIZANDO

A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para

elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos

homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na

concepção de trabalho como processo de complexidade do ser social e

no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de

cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a

visão sobre o tema (LESSA, 2012).

Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos


com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem.
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de
diversas áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual
traz uma forma de construção de conhecimento – nem sempre convergente –,
e essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar
novos conhecimentos. É o que se denomina dialética.

Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o


ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a
implementação do método cartesiano como forma de compreender melhor os
fenômenos que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de
fragmentação do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências,
algo de suma importância para compreendermos o ambientalismo.

CITANDO

Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética,

publicada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem

estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a

seguinte definição de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as

contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade

como essencialmente contraditória e em permanente transformação”

(KONDER, 2008, p. 8).

OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE

A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sérios problemas
ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tornarem concorrentes, as grandes
empresas buscaram o lucro e se ausentaram das questões do ser humano e seu meio.

É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo desenvolvimento


regional, pois, durante o processo histórico, em especial após a Segunda
Guerra Mundial, as grandes corporações, as multinacionais, iniciaram uma
espécie de regência econômica global. Em geral, torna-se perceptível a
necessidade das indústrias e do setor de serviços para a manutenção de
empregos, geração de rendas e afins.

Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada


cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão
suporte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima).
Também ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido
à chegada de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis,
restaurantes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram
melhorar os serviços básicos, principalmente aqueles relacionados ao
transporte, o que facilita a locomoção. Isso demonstra a formação de uma
cadeia que, com o passar dos anos, gera maior engajamento.

Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, um


lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a
devastação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa
remoção de cobertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem
essencial à manutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram
poluídos – em ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis.
A exploração de bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a
manutenção dos recursos não pôde acompanhar a demanda.

Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na


geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de
particulados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases
emitidos por indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).

Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014.


Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo
foram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito
contra raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira
sobre o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os
subgrupos, comentados anteriormente, foram incorporados socialmente e
ganharam força, mas sabemos que esses problemas ainda se encontram
presentes, embora as legislações e os movimentos para mudanças se
encontrem ativos e tenham obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda
precisa ser feito.

CURIOSIDADE

A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia,

desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização


social da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade,

sendo a primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o

Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas distintas, química e

física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu

legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais,

principalmente nas áreas de física, química e na medicina.

É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão


sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a
necessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da
sociedade e o meio físico.

A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos problemas


apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de
cidadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser
iniciada a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a
educação será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro.

As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom


desenvolvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e
motivo de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países
desenvolvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois
é perceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à
poluição, da procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de
relacionamento etc. – e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser
humano. As melhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e
posteriormente no trabalho para modificação – formas de ação
denominadas práxis.

DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação

desse conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e

colaboradores (2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação

docente como ciência da educação”. Mesmo com uma abordagem

mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os

princípios fundamentais do conceito.

A INTERDISCIPLINARIDADE NAS QUESTÕES


AMBIENTAIS

Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema causa-efeito dos


problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para fixá-los em nosso cotidiano.
Podemos classificá-los em:

 1

Discriminação por questões de classe, gênero, razão e etnia;

 2

Exploração irregular de recursos naturais;

 3

Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;

 4

Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;


 5

Desmatamento e caça predatória;

 6

Exploração de mão de obra;

 7

Emissão constantes de poluentes atmosféricos;


 8
8
Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.

As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates e


movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários
para essa finalidade.

Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para


implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que
levaram à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil
profissional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em
rios – mas pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental
para propor uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram
a importância do trabalho conjunto das diferentes áreas.

No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdividir


esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar

Cada área contribui com seu conhecimento, sem modificações; há


uma espécie de ponto de vista.
2. Interdisciplinar

As áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam
uma interligação de conhecimentos.
3. Transdisciplinar

Não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar


espécie alguma de divisão ou interrupção.

Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, devido
à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. No
caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em
diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta sua
formação.

Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e


tecnológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina,
ou assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse
sentido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do
conhecimento, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que
sua construção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e
contextualizados.

No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e doutorado)


inseridos na área de ciências ambientais da CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentam a
interdisciplinaridade de áreas como obrigatoriedade no processo de construção
de suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha esse escopo, poderá ser
penalizado com reprovação. As questões sociais, inclusive, devem ser
contempladas na problemática da pesquisa, pois, em sua maioria, os
programas têm o objetivo de formar recursos humanos capazes de
compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.
UM CONVITE PARA REPENSAR O AMANHÃ

Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no futuro. Como forma de
refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o ambiental é algo mais
abrangente do que os elementos físicos.

Compreender a natureza e suas interligações é um processo complexo;


contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos os
elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer um
novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e propor
ações de melhoria.

Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de soberba, a


ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética que
aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada em
prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivenciamos.
Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as
consequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que
vivemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos.

As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos


propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio é
fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e,
consequentemente, nossa felicidade.

Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em ambos os aspectos,


financeiro e moral – pois passamos a refletir sobre o coletivo, e não somente
sobre as questões individuais. Procuremos, portanto, sempre fazer esse
exercício de pensar no próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e sobre o
amanhã.
Conceitos e definições
Seção 4 de 6

Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo.

A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a


responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos,
devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não
simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por
qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras
– livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são
erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.

Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados


frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar
que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se
encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são
responsáveis pelo surgimento de novas formas de visão, já que a prática é
crucial na efetivação do pensamento teórico.
// Socioambiental/ambiental

Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as


relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem
como produto o trabalho.

Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um


equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois
durante séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as
partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a
gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico
e social foi fundamental para o surgimento de determinadas ciências, como a
Geografia.

A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o
conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos
para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento,
denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente
incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos
primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o
ambiente.
// Meio ambiente

Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais.


Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao
inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e,
devido à interligação existente, não se deve realizar essa inferência.

Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos
físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e
abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo
doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse
termo pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas
ambientais.
// Áreas degradadas
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a
degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de
solos e ecossistemas.

As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura,


pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do
solo, por meio do lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos.
Ao dizermos que uma área é degradada, ocorre uma referência àquelas que
se encontram altamente poluídas e requerem regeneração, a partir de
tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos, afluentes e
reflorestamento.

No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são


constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de
nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso,
a recuperação de solos e rios.

Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de


patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma
série de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores,
biólogos e afins.
// Desertificação

A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das


Nações Unidas (ONU).

A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças


climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma
que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir
áreas áridas e semiáridas.

Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano,


alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro,
países como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de
adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de
desertificação em seu território. No entanto, atualmente existe um
mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de
desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa.

No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região


Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco,
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de
agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta
evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de
extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando
abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de
impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.

Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de


desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um
impacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais
pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica.
Sendo a região responsável por produzir alimentos para outros municípios,
estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará
milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das
entidades governamentais sobre o tema.
// Efluentes

Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são
os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas
atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é
denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.

Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como


gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem
lançados em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana
existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o
desenvolvimento e manutenção da vida aquática.

Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade


de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.

ASSISTA

A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza

os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo


concentra-se nos impactos socioambientais causados pela mineração

na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas

concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona

problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por

meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a

morte gradativa dessas pessoas.

Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e


monitoramento constante, por meio de análises químicas que atendem às
legislações ambientais.

Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela


aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização
de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos.
O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de
serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a
importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos
de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar
soluções.
// Bioenergia

As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram


mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.

Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação
de fontes limpas e renováveis.

A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de


impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).

Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.


É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível
de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.

Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem


particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os
hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde.
Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais
sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias
uma constante atenção e acompanhamento.

A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de


energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da
soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais
importantes.

Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e


eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais,
principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação
desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais
problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma
energia sustentável, há alguma forma de impacto.
// Economia verde

Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram


um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.

Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na


criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é
denominado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por
parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se
encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange
mais lucratividade, com diminuição de custos.

Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e


participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente
reestruturando suas linhas produtivas e investindo em tecnologias
sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa
transição, principalmente para atingir as metas propostas em acordos de
cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu
bem-estar, sem ocorrência de danos.
// Padrões de consumo

Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é
de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados
necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações
ambientalistas foram iniciadas.

O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos


naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de
consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta
seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.

O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo


consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se
aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar
uma mudança nessa forma de pensar é complexo.

Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de
mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no
futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como
consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim
como a falta de atendimento para questões básicas e essenciais de manutenção
diária.
// Mudanças climáticas

Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida,
que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia
poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das
modificações do tempo numa faixa mínima de 30 anos.

Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande


modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode
apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas
frios, por exemplo, podem apresentar constante aquecimento.

As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da


problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico
e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse
processo é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática.
Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de
aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já
que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de
processos de glaciação e deglaciação.

Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos


ocasionados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar,
são os principais responsáveis por esse processo atualmente.
// Desenvolvimento sustentável

Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que


ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias
limpas também é usualmente empregada nessa temática.

A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é


considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações
tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para
beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra
inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de melhorar a
qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir as
desigualdades.

Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos


investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição
parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas
estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países
europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
// Preservação e conservação

Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados


totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total,
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não
fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta
com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas,
tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal,
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma
face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas
áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.

Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas


espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há
muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a
importância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios
econômicos.
// Ecologia, ecossistemas e biomas

A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é
denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e
diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.

São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados


casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados.

O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características


(climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem
definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia,
Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.

Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se


propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante
utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da
informação também têm-se apropriado dessa terminologia.

Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos


debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais,
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao
campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da
informação.
// Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.

O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar
erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua
aplicação ampliada: a equidade.

Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e


afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso,
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da
justiça (Figura 5).

Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte:


Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
// Segurança alimentar

Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de


alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos
produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades
governamentais, é denominada soberania alimentar.

A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles


voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também
está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população.
Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício
inadequado também são relacionadas à segurança alimentar.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e


descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados
e/ou reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais
problemas ambientais atuais.

No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n°


12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão,
responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e
sistema de informações sobre o gerenciamento de resíduos.

Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho


efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos.
Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos
ainda é algo pouco executado na sociedade.
// Racismo estrutural

Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de


respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.

No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado


grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século.
Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes
grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é
denominada racismo estrutural.

Histórico dos debates a respeito de ética e


responsabilidade social no Brasil e no
mundo
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos
os dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro,
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e
promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os
meios acadêmicos e as universidades são os principais polos desses debates,
destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas
mesas.
// Uma visão de aspecto mundial

O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em
maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.

Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de
pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe
operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que
estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as
teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos
níveis de poluição que se alastravam pela Europa.

As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe


operária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator
estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a
dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem
desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir
sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também
resultaram no surgimento de movimentos grevistas.

Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida
social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor
soluções de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para
atender às preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser
substituídas pelas pautas ambientalistas.

O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma
importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de
armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o
respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo
consciente, dando margem a outros debates pouco comentados naquele
período.
// O Brasil no caminho da responsabilidade social

Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates
surgiram.

A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas


anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de
imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais,
principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos
pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência
de algum tipo de retaliação.

A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e


posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se
imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo
abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias,
têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um
dos principais centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
Seção 6 de 6

// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde

A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para
humanidade.
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da
morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a
alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses
impulsionaram o problema da fome existente em diversos países do mundo,
mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola
denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países
como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que
acelerassem a produção agrícola.

Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas


ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo
corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde
humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência,
e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem
contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente
criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962,
denominado Primavera silenciosa.

A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de


pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde
humana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno.
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança,
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com
níveis mais baixos de impactos ambientais.
// Conferência de Estocolmo

O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório


produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da
população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades.

Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes
de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada
Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente
conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6).

Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA,


2018.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez
de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no
encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia
ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira
vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os
aspectos ambientais.
// A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC)

As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições


governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.

A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a


mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões
econômicas).
// Protocolo de Quioto

Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o


Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada
apenas no ano de 2005.

Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no


planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases
do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.

Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2,


e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de
carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em
forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado
internacional.
// Eco 92 e Rio + 20

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente


conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países
(176) de todo o planeta.

Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um


plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da
ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como
foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do
IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto.

Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.


A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a
reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também
teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e
buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a
intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde.
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável

Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos,


com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento
sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados
ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a
Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a
Rio +20.

SINTETIZANDO

A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais


causadores dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de
vida social. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano
em relação a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e
natureza. Além disso, o deslumbramento com os aspectos econômicos e
ascensão do modo capitalista fizeram com que a sociedade se dividisse em
subgrupos, dando margem à disseminação de diversas formas de
discriminação.

O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série


de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que
impactam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o
surgimento e disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é
algo presente na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a
necessidade de reestruturarmos nossas atitudes.

As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de


cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e natureza
são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e
afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e
interligar diferentes formas de conhecimento.

Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus conceitos e


fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores
públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que
influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a
temática adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também
demonstra a importância da discussão. Todos os eventos e conferências,
diante disso, têm um único fim: proporcionar para sociedade uma vida
sustentável.

Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos
governamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade
procurou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização com o
seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos responsáveis por sua
melhoria. Pequenas atitudes hoje farão a diferença para termos um futuro
melhor e proporcionar melhor qualidade de vida para as próximas gerações.

Unidade 2.
Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento
sustentável
Camila Bolfarini Bento
OBJETIVOS DA UNIDADE
 bullet

Contextualizar a necessidade da responsabilidade socioambiental na sociedade


globalizada;

 bullet

Explicar sobre responsabilidade socioambiental individual, governamental e


empresarial;

 bullet
Apresentar as práticas de responsabilidade socioambiental rumo ao
desenvolvimento sustentável;
 bullet
Abordar o contexto atual sobre responsabilidade socioambiental e
desenvolvimento sustentável.
TÓPICOS DE ESTUDO
Clique nos botões para saber mais
Responsabilidade socioambiental

// O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental


// A responsabilidade socioambiental como compromisso da
modernidade
// A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e
empresarial
Aspectos legais

// Leis socioambientais brasileiras


// A responsabilidade socioambiental além das exigências legais
Desenvolvimento sustentável

// Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável


// As três dimensões da sustentabilidade

Debates mundiais

// Agenda 21
// Agenda 2030
Contexto atual

// Ecoeficiência
// Os 7 R’s da sustentabilidade
Responsabilidade socioambiental
Seção 2 de 6

Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos

processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e


crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e

inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a

controlar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção.

Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões

de risco ambiental e social.

O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela


demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um
fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos estamos
sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo resultantes
da economia capitalista.

Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e


conectadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões
de consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de
características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora.

Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental.


Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade
socioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade.
Responsabilidade socioambiental também pode ser compreendida como um
conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas e
privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (responsabilidade
ambiental).

Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação


socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das
futuras gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos
conscientizar da necessidade de mudança para que o planeta Terra e a
humanidade possam coexistir (Figura 1).

Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil


responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID:
1388894739.
O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A
QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças
decorrentes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente
desenhados e são debatidos por diversas organizações e meios de
comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do
desenvolvimento industrial é a globalização.

Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado,


alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução
Industrial intensificou o uso e a pressão sobre os recursos naturais
renováveis e não renováveis para atender à intensificação da produção
industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e
em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas –, muitas pessoas
saíram do campo para morar nas cidades, processo que culminou
na urbanização. A revolução verde levou ao campo das tecnologias nunca
vistas, permitindo incrementos anuais na produtividade de vegetais e carnes,
comercializados para atender a demanda interna e externa das redes de
mercado global.

EXPLICANDO

Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior

capacidade de manutenção e não se esgotam facilmente, são

exemplos: água, solo, matéria orgânica e vento. Os recursos naturais

não renováveis são aqueles que se esgotam quando usados sem

práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à

cronologia de vida humana, são exemplos: petróleo, carvão mineral,

gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear. Com exceção à

energia nuclear, todos os exemplos citados são de origem fóssil.


Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao
meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de
biodiversidade, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há
aumento da desigualdade social, entre outros (Figura 2).

Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 30/09/2020.

Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras
ecológicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo
continuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de
tecnologias que repensem questões de competitividade e que considerem
formas de mitigação do impacto social e ambiental.

A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm


sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação,
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por
governos, empresas e cidadãos.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
COMO COMPROMISSO DE MODERNIDADE

Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as


questões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade
socioambiental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta
de que os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão
alinhados com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos
são limitados.

Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações


governamentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a
programas de implementação de práticas socioambientais e de conscientização
da população. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o
impacto negativo que uma determinada atividade possa causar.

EXPLICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se

dedicam à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:

 Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);


 Agenda ambiental na administração pública;
 Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
 Instituto socioambiental (ISA);
 Fundo casa socioambiental;
 Verdejar socioambiental;
 Instituto Ethos.
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as
práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os
programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como
um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a
existência de um mundo melhor para as futuras gerações.

Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser
adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioambiental no dia
a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos,
instituições, organizações e empresas que investem em políticas e na cultura
organizacional sustentável, posicionando-se de forma ética e responsável.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
GOVERNAMENTAL, CIDADÃ E EMPRESARIAL

Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de


responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as
cidades e as empresas.

O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de


conscientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os
cidadãos se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade
socioambiental, o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas
estejam próximas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e
redes sociais, adequando currículos escolares e financiando instituições de
pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por
meio de seus representantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa
privada e as organizações não governamentais. No Brasil, o Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são responsáveis pelo
desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo promover a
produção e o consumo sustentáveis. Além disso, também é responsabilidade
do governo promover o crescimento do País adotando práticas de
desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem
fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto
ambiental.

As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de

responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem

diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. Devemos exigir dos

governantes, políticas que fomentem tal temática e dar preferência ao

consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na causa

socioambiental.

Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabilidade


socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, inclusão
social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos
torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões
socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se
como um dever de todos.
Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas
cidades

Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela


consiste em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do
ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada
individualmente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de
grande poder ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental
individual:

 bullet

Evitar usar sacolas e embalagens plásticas;

 bullet

Não desperdiçar alimentos;

 bullet

Separar e reciclar o lixo;

 bullet

Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha;

 bullet

Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional;


 bullet
Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia.

As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer


as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos
e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua
responsabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos
que vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão
necessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas
relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com
o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma
abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável.

Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de


responsabilidade socioambiental e estratégias de marketing, além dos
benefícios sociais e ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua
imagem corporativa e aumentam seus lucros. Ocorre ainda a valorização da
marca, maior fidelização dos clientes, redução dos custos, aprimoramento da
comunicação externa e o melhor desempenho dos empregados.

Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de


lucro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por meio
da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos
das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária, por
programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de
áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais
(efluentes ou gasosos).

Aspectos legais
Seção 3 de 6

No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer


que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avançadas do
mundo. O cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em sua grande
parte, de aspecto jurídico, mas também podem ser aplicáveis às pessoas
físicas.

A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica,


que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará
passível de sanções penais administrativas, que serão aplicadas
independentemente da obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O
poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente,
pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e
potencial, que será estipulado por entidades da área. Uma vez que o meio
ambiente é um direito da atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e
dimensões do dano são de interesse mundial, o que torna a ação jurídica de
extrema relevância. Contudo, há grande dificuldade na comprovação da escala
do dano causado, devido à complexidade de mensuração, assim, a
responsabilidade deverá ser objetiva.

O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser
responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de
sua responsabilidade legal.
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade
humana e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as
relações sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas
exerçam práticas de responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente
que, antes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos
direitos sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social.

Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de
uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental
associada às penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações
devem ser conhecidas e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas.

Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem


natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais
que, quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os
encargos sociais têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
Eles são os custos pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento de
salário dos colaboradores.
LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS

O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País.


Existem também as leis estudais e municipais, bem como os órgãos que se
certificam de que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA)
A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos
dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de
trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado,
pagamento de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS),
décimo terceiro salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença
maternidade e paternidade.

A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das


regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve
considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e
pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para o
aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação
ética entre os colaboradores.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS

Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou


normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa
jurídica, ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos
inerentes ao seu setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável
vai além das obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e
atua no combate aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental
sustentável.

A série ISO (International Organization for Standardization – organização

internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura

organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão

além das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que

passam a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela

ABNT NBR (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a
empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais
decorrentes de sua atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no
longo prazo. A norma estabelece algumas práticas:

 bullet

Implementação de um sistema de gestão ambiental;

 bullet
Rotulagem ambiental;

 bullet

Análise de desempenho ambiental;

 bullet

Análise de ciclo de vida;

 bullet

Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;

 bullet

Comunicação ambiental;
 bullet
Mitigação das mudanças climáticas.
A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:

 bullet

Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de forma


consciente;

 bullet

Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental;

 bullet

Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura


organizacional;

 bullet

Menor risco de falência;

 bullet

Abertura a patrocínios e boa visão internacional;

 bullet

Possível diversificação setorial;

 bullet
Adesão de novos grupos de clientes;
 bullet
Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos.
A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento
contínuo de técnicas para otimização de processos pela implementação de um
sistema de gestão da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000
estão sempre sendo atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas do
mundo todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios:

 bullet

Aumento da produtividade;

 bullet

Redução de custos;

 bullet

Produtos e serviços de maior qualidade;

 bullet

Credibilidade e reconhecimento interno e externo;

 bullet

Visão mais ampla do fluxo de trabalho;

 bullet

Segurança nos procedimentos internos;


 bullet
Colaboradores engajados e integrados.

A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança

ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos

de saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização

é responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros

que podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui

promover e proteger sua saúde física e mental.


Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001
em uma empresa:

 bullet

Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;

 bullet

Redução de afastamentos por acidente de trabalho;

 bullet

Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado;


 bullet
Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas.
Implementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como
benefícios:

 bullet

Uso de tecnologias modernas e eficientes;

 bullet

Redução dos custos com energia;


 bullet
Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das
atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas
auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser credenciada
e reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que aderem
às normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no
mercado como responsáveis socioambientalmente.
Desenvolvimento sustentável
Seção 4 de 6

O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes


capitalistas, passando a depender do consumo cada vez maior de energia e
recursos naturais (recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da
década de 1950 em diante, a preocupação com uma eminente explosão
demográfica global resultante do crescimento dos países pobres causou um
interesse global pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos
para controlar a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de
População, realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países
desenvolvidos articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver
programas de estímulo à redução do crescimento da população por meio de
redução da taxa de natalidade, do outro, os países pobres e em
desenvolvimento defendiam que políticas de desenvolvimento eram
necessárias.
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de

desenvolvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos

meios de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez que a

disponibilidade dos recursos era finita.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável


baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de
medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação
humana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e
serviços suficientes para atender às necessidades básicas, proporcionando
melhor qualidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos naturais e
materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes.

De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas


de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:

 Retomar o crescimento;
 Alterar a qualidade do desenvolvimento;
 Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação,
saúde, energia, água e saneamento;
 Manter um nível populacional sustentável;
 Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos;
 Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a
sociedade.

Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das


organizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se
dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e
que visassem o lucro deveriam dar espaço para relações sociais justas e para
bem-estar dos seres vivos.
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das
nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se
entender o desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que
não limite o desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos
naturais são finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim,
se estabelece um paradigma que consiste em diminuir o consumo e a
exploração dos recursos renováveis e não renováveis pelos países
desenvolvidos, garantindo que países industrializados – em desenvolvimento
– possam se modernizar, proporcionando qualidade de vida às suas
populações em sinergia com o meio ambiente.

Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso


entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações
foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.

ASSISTA

A Organização das Nações Unidas vem se posicionando como uma

grande difusora das ideias de desenvolvimento sustentável no mundo

todo. Assista ao vídeo da Cúpula das Nações Unidas sobre o

Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2015.

AÇÕES GLOBAIS RUMO AO


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação


humana, bem como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade
social são vistos diariamente nos meios de comunicação. Cada dia mais é
exigido que a sociedade adote uma postura de mudança diante de seus meios
de produção e de suas opções de consumo.
As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade

fizeram com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras

planetárias. As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento

de recursos e da resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de

produção e consumo. O conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder

público na definição de modelos de produção seguros para a humanidade e a

vida na Terra. As nove fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são:

[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da


biosfera (perda de biodiversidade e extinção de espécies);
depleção da camada de ozônio estratosférico; acidificação
dos oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e
nitrogênio); mudança no uso da terra; uso global de água
doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução
de poluentes orgânicos, materiais radioativos,
nanomateriais e microplásticos. Das nove, quatro já foram
ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da integridade da
biosfera, mudança no uso da terra e fluxos biogeoquímicos
(MARTINE; ALVES, 2015, p. 445).
Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar
duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na
absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela
superfície terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se
mantenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação
aborda o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração
atmosférica dos gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de
recursos não renováveis – como os combustíveis fósseis –, resulta no aumento
da temperatura da superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura
4).

Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade
humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na
atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso
(N2O). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020.

A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso,


bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das
mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.

Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos extremos
podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos,
ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertificação,
derretimento das calotas polares, redução da diversidade de fauna e flora,
entre outros.

O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das

práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma

pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada

de carbono pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso

em emissão de dióxido de carbono – um dos principais gases do efeito estufa

causado pelo homem – que quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre

a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir os

efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas

públicas e desenvolvimento de novos produtos.

CURIOSIDADE

Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente

saber mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo

informações sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de

energia, uma calculadora especializada fará os cálculos e você poderá

comparar sua pegada com a de pessoas de outros países.

Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas.
Porém, existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas
pela ciência. Diante desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela
vem de fontes de energia renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-
las, estamos reduzindo a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera.
São exemplos de energia limpa aquelas provenientes de fontes solares,
eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes.

Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de


fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020.

Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus


processos produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse
mercado internacional cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na
quantidade de gás não emitido para a atmosfera, sendo que cada crédito se
refere a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t CO2e). Não
somente o dióxido de carbono é contabilizado, outros gases causadores do
aquecimento global também, mas seus valores são calculados considerando
sua equivalência em moléculas de dióxido de carbono.

Os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes em


relação à produção e à origem dos alimentos. Nesse sentido, a agricultura
intensiva vem avançando lentamente na busca de tecnologias e processos que
minimizem problemas de poluição e degradação dos recursos naturais e que
ofereçam produtos seguros ao consumidor final. Podemos citar o zoneamento
econômico-ecológico, a agricultura de precisão, a fixação biológica de
nitrogênio, as práticas de controle da erosão do solo, os sistemas de plantio
direto e o manejo integrado de pragas. Além disso, a produção orgânica será
decisiva como a agricultura do futuro, assim como os sistemas agroflorestais,
a agricultura sintrópica e o consumo local. Cada vez mais, os consumidores
buscam opções de produtos originários do modelo orgânico de produção. Tais
sistemas resultam em sustentabilidade no curto e no longo prazo, uma vez que
são baseados em práticas de responsabilidade socioambientais com
abordagens integradas. Os processos produtivos nesses sistemas são baseados
nos mecanismos e processos naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e
fertilizantes sintéticos
AS TRÊS DIMENSÔES DA SUSTENTABILIDADE

A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de


práticas de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas
governamentais e pela atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o emprego
das três dimensões da sustentabilidade, como mostrado na Figura 6.

A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo, deve


considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a
diversidade cultural, étnica, religiosa e de gênero, bem como questões
regionais da comunidade.

Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na


rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de
forma que haja retorno, na forma de lucro, ao investimento realizado pelo
capital privado e qualidade de vida aos colaboradores.
Figura 6. Tripé da sustentabilidade. Fonte: BERLATO; MERINO; FIGUEIREDO, 2018.
(Adaptado).
Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e consumo
deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas. Termos
como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa e sete R’s
proporcionarão uma cultura organizacional ambiental nas empresas,
residências e espaços públicos, uma vez que conduzem ao desenvolvimento
do perfil de responsabilidade socioambiental.
Debates mundiais
Seção 5 de 6

Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio


Ambiente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida
oficialmente, resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente. Após alguns anos depois da Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente de 1983, nasce um grande marco da pauta ambiental
elaborado pela Comissão de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso
futuro comum.

Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios


de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento
sustentável. Em 1988, uma união entre a ONU Meio Ambiente e a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) resultou na criação do Painel
Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que os
resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo
são reunidas e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A
famosa Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco
de sua década, pois discutiu a importância de se agregar os componentes
sociais, econômicos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento
sustentável e finalizou a Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997,
estabeleceu metas obrigatórias de redução das emissões de gases de efeito
estufa nos 37 países signatários.

Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos

concretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional,

regional e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)

foram resultado de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na década de

90 sobre as condições do desenvolvimento humano. A formulação dos ODM

contou com especialistas renomados de diversas áreas que estiveram focados

na redução da pobreza extrema observada, principalmente, nos países pobres e

em desenvolvimento.

Todos os países signatários da época aderiram ao acordo, comprometendo-se


em inserir em suas políticas, ações para alcançar os objetivos. Os oito
objetivos do milênio foram definidos conforme o Quadro 3. Eles deveriam ser
atingidos até 2015, quando seriam então discutidos novamente.
Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada
na África do Sul, discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou
suas conquistas, para então conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações
concretas e tangíveis em relação àquelas estabelecidas em 1992.
Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi desenvolvida

em um trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil. Entre

outros, foram definidos os 17 Objetivos do Desenvolvimento

Sustentável (ODS’s), que tiveram como base os ODM’s. Os ODS’s são o que

se tem de mais atual com relação às metas em direção a um mundo mais

sustentável.
AGENDA 21

A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se no


Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a
relevância dos países em parceria com empresas, organizações
governamentais e não governamentais em se comprometerem com estudos
para avaliar e combater os problemas socioambientais. Desde a sua
finalização, a Agenda 21 foi aprimorada e adaptada a condições mais
palpáveis para os níveis de desenvolvimento de cada País. É importante
lembrar que cada País desenvolveu sua Agenda 21, inclusive o Brasil.

Ela discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como: combate à


pobreza, mudança nos padrões de consumo, cooperação internacional,
proteção e promoção da saúde humana, proteção da atmosfera e de
ecossistemas, proteção da biodiversidade, proteção da infância,
desenvolvimento rural, Dia da Mulher, fortalecimento das populações
indígenas, dos trabalhadores, dos agricultores, do comércio e da indústria etc.

CONTEXTUALIZANDO

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento (CNUMAD) finalizou a Agenda 21, um documento

dividido em 40 capítulos que aborda os meios para que seja adotado

em escala planetária um padrão de desenvolvimento sustentável. No

total, 192 países acordaram e assinaram a Agenda 21.

A partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os


moldes industriais e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-se até
os dias atuais) promover a qualidade de vida e não apenas o crescimento
individual estimulado pela produção e consumo injustificado.

AGENDA 2030
Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados
Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional,
que elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169
metas para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, considerando
os parâmetros sustentáveis de uso dos recursos naturais.

O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o


desenvolvimento sustentável, que deve ser cumprido até 2030, traz um plano
de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade.

Os 17 ODS’s são:

Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na realidade de


cada País signatário, considerando suas prioridades internas, mas voltando-se
para um desenvolvimento global. Eles são integrados e indivisíveis, e
mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento
sustentável: a econômica, a social e a ambiental.

Contexto atual
Seção 6 de 6

Atualmente, a população brasileira é de, aproximadamente, 212 milhões de


pessoas distribuídas ao longo das 27 unidades federativas que compõem nosso
país. Um dos principais indicadores que revela a riqueza de um País é o
seu Produto Interno Bruto (PIB), que calcula o valor de toda a riqueza
produzida por um País considerando o desempenho dos três setores que
compõem a economia. Em 2019, o PIB do Brasil foi de R$ 7,3 trilhões e a
ordem de participação dos setores neste resultado foi: serviços, indústria e
agropecuária (IBGE, 2020). Com este resultado, o País ficou entre as dez
maiores economias do mundo (FUNAG, 2020).

Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com,


aproximadamente, 12% do território coberto por florestas. Apesar de usarmos
mais fontes de energia não renováveis do que renováveis (56,5%), usamos
mais fontes renováveis do que o resto do mundo. Além disso, há riqueza de
fauna e flora, biomas diversificados e uma imensa diversidade étnico-cultural.

Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo

fortalecimento de um perfil mundial voltado à questão da responsabilidade

socioambiental, o País posiciona-se em um contexto estratégico, no sentido de

que as organizações brasileiras podem se destacar mundialmente de maneira

positiva na geração de ambientes sustentáveis de produção e consumo.

Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes


concretas, que adotam não somente ideologias, mas que praticam
rotineiramente as pautas mais atuais do desenvolvimento sustentável, como
ecoeficiência e os 7’Rs. Para isso, elas aprimoram-se e se reposicionam,
utilizando a tecnologia, a diversidade e os recursos sociais e ambientais do
nosso País, garantindo credibilidade nacional e internacional.
ECOFICIÊNCIA

O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais nos


processos produtivos e de consumo, de forma que não deixe de atender às
necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso
consciente de matéria-prima renovável em processos produtivos que
minimizem a geração de resíduos, além disso, devem apresentar elevada
produtividade sem deixar de lado a qualidade. Basicamente,
significa produzir mais com menos.

O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo deve
incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e
divulgando) e as empresas devem adaptar seus processos e procedimentos
operacionais.

Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de


acordo com oito elementos fundamentais:

 Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços;


 Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços;
 Minimizando a dispersão de tóxicos;
 Fomentando a reciclabilidade dos materiais;
 Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis;
 Estendendo a durabilidade dos produtos;
 Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais racional
dos recursos naturais e energéticos.

Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores para analisar a


ecoeficiência do produto:

 Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a utilização


sustentável de recursos renováveis?
 Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
 Ele descarta materiais tóxicos em seu processo produtivo?
 Os materiais utilizados são recicláveis ou biodegradáveis?
 O produto promove seu uso racional?
 A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável?
 OS 7 R’S DA SUSTENTABILIDADE

 Os 7 R’s são um conjunto de práticas de educação ambiental para


garantir a mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável.
A questão central é a de repensar costumes e hábitos, reduzindo o
consumo e o desperdício. Os 7 R’s são verbos que nos passam a
sensação de ação. Observe a Figura 7.

Repense seus hábitos, consuma o que é realmente


necessário. Recuse produtos e serviços de origem insustentável, conheça a
origem da matéria-prima. Reduza o lixo gerado e, assim, o gasto energético
no processo. Repare seus produtos quebrados em vez de comprar
novos. Reintegre, por exemplo, compostando o lixo orgânico. Recicle o lixo,
separe-o e leve para reciclagem. Se não pode reciclar, reutilize, dando
funções novas e sustentáveis aos produtos. O foco está em pensar que não
existe jogar fora!

SINTETIZANDO
Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a
humanidade passou por um processo de intensificação do desenvolvimento
industrial. Segundo os moldes capitalistas, os meios de produção e consumo,
baseados no uso de recursos renováveis e não renováveis, tornaram-se
insustentáveis. Discussões sobre a necessidade de mudança para uma postura
sustentável se intensificaram.

Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável passou a


exigir que as cidades e seus cidadãos, governantes e empresas passassem a
pensar em como inserir as práticas de responsabilidade socioambiental em seu
cotidiano. A responsabilidade socioambiental passou de um ideal para um
conjunto de leis, normas e certificações que reposicionam as instituições no
mundo globalizado.

Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo discutida por


organizações compostas por países do mundo todo. Estudamos eventos
históricos, como a Comissão de Brundtland, a criação do Painel
Intergovernamental para as Mudanças, a Cúpula da Terra, a Cúpula do
Milênio das Nações Unidas e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, que reformularam os objetivos desenvolvimentistas considerando
as questões ambientais. Neles, documentos como os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, a Agenda 21 e, atualmente, a Agenda 2030,
reescreveram nossos modelos de produção, consumo e descarte de produtos.

Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do


Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), que foram enumerados a fim de
erradicar a pobreza até 2030.

Unidade 3.
Responsabilidade socioambiental como estratégia de
gestão
Camila Bolfarini Bento
OBJETIVOS DA UNIDADE
 bullet

Contextualizar as ações de gestão ambiental empresarial;

 bullet

Explicar sobre as estratégias de gestão ambiental nas empresas;

 bullet
Apresentar as principais ferramentas de análise de desempenho ambiental das
empresas;
 bullet
Abordar a importância da divulgação das ações de sustentabilidade.
TÓPICOS DE ESTUDO
Clique nos botões para saber mais
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão

// Ações de gestão interna
// Ações de gestão externa
// Paradigma econômico, social e ambiental
// Empresa sustentável
// Modelos de gestão ambiental
// Gestão e as políticas socioambientais
// Princípios, códigos e regulamentos das políticas socioambientais
empresariais
Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão

// Fontes de orientação estratégica
// Norma ISO 26000
// Indicadores e índices de sustentabilidade
// Tecnologias resultantes da gestão ambiental
Marketing ambiental

// Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor
// Iniciativas de marketing ambiental

Responsabilidade socioambiental como


estratégia de gestão
Seção 2 de 4

No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da


economia dos países ou de conjuntos de países.

Entretanto, por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria,
em geral, desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de
produção não estavam em sintonia com as necessidades sociais e ambientais.

No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem


a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento
em meio ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem
repassados aos consumidores, resultando no aumento dos preços (COMINI et
al., 2013).
Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diversos
paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudancdo, os resultados
positivos podem ser entendidos, em grande parte, como consequência da
intensa atuação das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de
dados científicos e apoiadas pela população.

A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental


também resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário
de um futuro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que
migra em direção ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de
sua rentabilidade.

Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabilidade


socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valorização da
marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor
comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos empregados.

A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas de


gestão que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa ao
desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão
atendem a itens como:

 bullet

Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas de


adesão voluntária às quais está sujeita;

 bullet

Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvimento


sustentável regional, nacional e internacional;

 bullet

Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por seus


produtos, processos e instalações são previamente identificados;

 bullet

Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de evacuação em casos de


emergência ambiental;

 bullet
Conhecimento dos métodos de resposta em casos de prevenção ou mitigação
dos impactos adversos;

 bullet

Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos


impactos, positivos e negativos, decorrentes da sua atuação na região;
 bullet
Acessibilidade aos produtos e instalações.

AÇÕES DE GESTÃO INTERNA

As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital


humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações
de responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados nos
processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta.

Quando adotam esses aspectos, dá-se início à gestão de mudança que


equilibra a competitividade, a lucratividade e o desenvolvimento sustentável.

O investimento em capital humano tem seus fundamentos na valorização do


profissional, proporcionando maior qualidade de vida. Ações que vão do
recrutamento à aprendizagem ao longo da vida e à participação nos lucros
formalizam o conceito do empregado como um colaborador. As ações de
investimento em capital humano são:

 bullet

Proibição de práticas discriminatórias;

 bullet

Equilíbrio entre vida profissional, familiar e tempo livre;

 bullet

Igualdade de contratação, remuneração e de carreira para as mulheres;

 bullet

Regime de participação nos lucros e no capital;

 bullet

Recrutamento responsável;
 bullet

Contratação de pessoas oriundas de minorias étnicas, idosos e desempregados


de longo prazo;
 bullet
Estabelecimento de parcerias para implementação de programas de formação
focada na melhoria do desempenho profissional.

Os investimentos em saúde e em segurança do trabalho existem como uma


obrigação prevista em lei. Como resultante dos movimentos socioambientais
atuais, questões relacionadas à prevenção dos riscos à saúde e segurança
passaram a ser de adesão voluntária, mais como um compromisso do que uma
obrigação da empresa. Foram criados sistemas de gestão focados em práticas
para o aprimoramento da saúde e segurança dos funcionários com certificados
internacionais que valorizam a marca diante do mercado consumidor.

As ações de reestruturação fazem parte dos processos de adaptação das


empresas ao aprimoramento tecnológico, e resultam em redução de
despesas, aumento de produtividade e melhora da qualidade dos produtos e
serviços oferecidos aos clientes. Nas últimas décadas, por não considerarem as
questões de responsabilidade social e ambiental, ações de reestruturação
resultaram em demissões em massa, encerramento da atividade de unidades
fabris e desmotivação dos funcionários. Na atualidade, sabe-se que a
reestruturação consciente deve:

 bullet

Elencar os interesses de todas as partes interessadas;

 bullet

Informar e consultar as partes sobre a reestruturação;

 bullet

Considerar o aperfeiçoamento do perfil profissional diante da reestruturação;

 bullet

Identificar previamente possíveis riscos para a empresa e para os funcionários;

 bullet

Salvaguardar e considerar os direitos dos trabalhadores;

 bullet
Prever os custos diretos e indiretos;
 bullet
Buscar estratégias e políticas alternativas que diminuam as demissões.
A gestão do impacto ambiental e do uso dos recursos naturais é essencial
para garantir o desenvolvimento sustentável. Além de ser lei, em muitos
casos, deve ser visto como um compromisso com a sociedade atual e futura. A
adoção de uma cultura organizaciona, com ações de responsabilidade
socioambiental, tem se demonstrado repetidamente vantajosa no sentido de
reduzir despesas energéticas e custos de matéria-prima. Algumas empresas
têm adotado ações como:

 bullet

Redução do uso de fontes não renováveis de energia;

 bullet

Inclusão de fontes de energia-limpa;

 bullet

Redução do consumo de água e energia elétrica;


 bullet
Utilização de materiais biodegradáveis em componentes e embalagens.

AÇÕES DE GESTÃO EXTERNA

É importante considerar que as empresas não são ambientes isolados que trabalham somente
diante dos posicionamentos de acionistas e empregados, pelo contrário, dependem de
agentes externos, como fornecedores, parceiros comerciais, autoridades públicas e clientes.

humanos e às
Entende-se também como fator de influência externa o respeito aos direitos
preocupações com o meio ambiente. Nesse contexto, para promover a
acumulação do capital social, as práticas de responsabilidade socioambiental
devem abranger todas essas esferas, incluindo as peculiaridades da região e da
comunidade local. Além disso, as multinacionais, os mercados globais e os
perfis globalizados de consumo também devem ser levados em consideração.
As empresas dependem muito do nível de desenvolvimento do local, da
salubridade e da estabilidade das comunidades locais em que estão inseridas,
bem como da opinião da população sobre sua reputação, pois refletem direta e
indiretamente em sua competitividade e desempenho no mercado. A atuação
de uma empresa pode mudar o perfil de uma região:

 bullet
Recrutando pessoas excluídas socialmente;

 bullet

Por meio de ações de melhoria da qualidade de vida, como por exemplo,


financiando/patrocinando a formação de espaços de lazer comunitários;

 bullet

Disponibilizando estruturas de cuidado à infância para filhos de trabalhadores;

 bullet

Patrocinando eventos culturais e desportivos por meio de parcerias;


 bullet
Por meio de ações de caridade a grupos de vulneráveis.

As relações empresariais definem a complexidade dos processos e os custos,


podendo, muitas vezes, definir a agilidade da entrega e a qualidade de
produtos e serviços. Além disso, os clientes estão cada vez mais interados
sobre a cadeia produtiva dos produtos que consomem, sendo as relações
empresariais questões que determinam a escolha pela compra ou não do
produto. Assim, a escolha de parceiros comerciais e fornecedores deve
considerar o desempenho e a reputação social e ambiental das empresas com
as quais se mantém relações.

Outra relação empresarial que pode refletir em ações de responsabilidade


socioambiental está baseada no modo com que as grandes empresas se
relacionam com as pequenas. Seja como fornecedora de matéria-prima,
componentes ou terceirizando uma parte de sua produção, pequenas empresas
sempre devem estar envolvidas em grandes negócios. O incentivo a pequenas
empresas ou startups inovadoras e sustentáveis, por participações
minoritárias ou preferência nas relações comerciais, são modos de exercer a
responsabilidade socioambiental dentro de sua área de atuação pela promoção
do espírito empresarial compromissado.

Como parte da responsabilidade socioambiental empresarial, as empresas


devem procurar fornecer, de modo ético, eficiente e ecológico, produtos e
serviços que os seus clientes buscam. Vale ressaltar que a obtenção de lucros
mais elevados é uma consequência da construção de relações duradouras entre
empresas e seus clientes.

É importante abordar a dimensão dos direitos humanos, uma vez que elenca
fatores políticos, jurídicos e morais que regulam o bom desempenho de uma
empresa. Os códigos de conduta impõem o cumprimento dos direitos
humanos que devem ser executados de acordo com normas e padrões
cuidadosamente elaborados. A verificação de conduta em relação ao
cumprimento dos aspectos legais e sociais dos direitos humanos deve ser feita
pelas autoridades públicas, pelos sindicatos e pelas organizações não
governamentais (ONGs). Naturalmente, o equilíbrio entre os agentes de
verificação e o cumprimento integral dos aspectos legais e sociais internos e
externos pode aumentar a rentabilidade das empresas.

CONTEXTUALIZANDO

Em 2011, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH)

aprovou o documento Princípios Orientadores sobre Empresas e

Direitos Humanos, que é estruturado em três

pilares: proteger, respeitar e reparar. Para saber mais, acesse o site

do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

ACESSE O SITE

No Brasil, tem-se o Programa Nacional dos Direitos Humanos instituído


pelo Decreto n° 7.037, de 21 de dezembro de 2009, e atualizado pelo Decreto
n° 7.177, de 12 de maio de 2010, que abrange os direitos humanos e as
responsabilidades das empresas e deve ser utilizado como base para a
definição dos parâmetros de atuação empresarial.

A economia se refere aos recursos disponíveis e à sua disponibilidade e


administração em escala regional ou global. É preciso ter a consciência de que
a solução para a crise ambiental e social depende de um modelo de
desenvolvimento econômico comprometido com a manutenção de relações
harmônicas com o meio ambiente, garantindo sua conservação e refletindo em
uma economia positiva. Logo, considerando o poder das empresas no
desempenho econômico dos países, quanto maior o seu comprometimento
com o meio ambiente, menores devem ser os riscos ambientais.
PARADIGMA ECONÔMICO, SOCIAL E
AMBIENTAL

As instituições públicas zelam pelo que é de interesse coletivo da população por meio de
normas, valores e regras. As instituições particulares possuem caráter privado uma vez que
guardam os interesses individuais.

Apesar das distinções entre instituições públicas e privadas, o meio ambiente,


pelo fornecimento de recursos, e a sociedade, por meio da sua força de
trabalho, além de estarem intimamente relacionados e possuírem caráter
público, são as bases para a existência empresarial. Assim, pode-se dizer que
as empresas se colocam como instituições públicas com função social, pois
lidam subjetiva e materialmente com a sociedade e com o meio ambiente, que
são de extrema importância para a humanidade e pauta internacional.

Consequentemente, espera-se que as empresas possuam uma postura


compromissada, que deve se espelhar nas questões econômicas, sociais e
ambientais. Desse modo, devem exercer suas atividades com base nas três
dimensões da sustentabilidade para que trabalhem em equilíbrio com as
questões econômicas, sociais e ambientais.

Por muitos anos, na economia capitalista, a obtenção de lucro se mostrou um


dos principais meios para se estimar o sucesso empresarial. Decorre disso o
fato de que, muitas vezes, as empresas se esquecem da ética e agem a partir de
atos oportunistas. Os países se diferem quanto às leis sociais e ambientais que
possuem, geralmente, refletindo seu grau de desenvolvimento. Um país em
desenvolvimento pode se tornar menos atrativo para a permanência de
empresas devido às leis sociais, fiscais ou ambientais que venham a
promulgar. Diversas vezes é possível constatar que agir de acordo com o que
as leis preconizam pode não ser suficiente para atender às expectativas da
sociedade em relação às empresas. As relações entre países e instituições
públicas e privadas devem ser fortalecidas para garantir a transparência das
atividades empresariais.

Diversas são as partes interessadas (stakeholders) que afetam e são afetadas,


influenciam e são influenciadas pelas empresas e que, muitas vezes, possuem
interesses conflitantes entre si e em relação à empresa (Diagrama 1). É
importante entender que buscar o melhor para si não resulta em atingir o
melhor para todos, então, as partes interessadas devem atuar de modo que se
equilibrem, considerando os três pilares da sustentabilidade.
Atualmente, sabe-se a importância do desenvolvimento sustentável para
garantir melhor qualidade de vida para a população e um futuro sustentável
para as gerações seguintes. A atuação empresarial, nesse contexto, deve agir
ativamente e em articulação com projetos que evitem a crise social e ética de
paradigmas econômicos, sociais e ambientais.

EMPRESA SUSTENTÁVEL

Segundo Carroll (1979), a responsabilidade social das empresas compreende as expectativas


econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade tem em relação às organizações
em um determinado período.

Uma empresa responsável socioambientalmente deve ter como objetivo


o desenvolvimento sustentável e, por meio dele, exercer, em suas relações
internas e externas, o cumprimento das questões legais e o posicionamento
ético de modo integrado, considerando todas as expectativas das partes
interessadas.

Sempre haverá dificuldades para implantar as práticas de responsabilidade


socioambiental, já que envolvem uma diversidade de questões que se
traduzem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos,
internos e externos à empresa (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).

Todavia, no Brasil, a Constituição Federal definiu que as empresas devem


observar os seguintes princípios:
 bullet

Soberania nacional;

 bullet

Propriedade privada;

 bullet

Função social da propriedade;

 bullet

Livre concorrência;

 bullet

Defesa do consumidor;

 bullet

Defesa do meio ambiente;

 bullet

Redução das desigualdades regionais e sociais;

 bullet

Busca do pleno emprego;


 bullet
Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte que tenham sua sede e
administração no País.

Desse modo, a Constituição Federal brasileira traz à tona a ideia de


desenvolvimento sustentável, colocando-o como uma das razões para a
limitação da atuação de uma empresa quando ameaça o uso racional dos
recursos.

Empresas sustentáveis não esperam que leis ambientais sejam elaboradas


pelos países, e sim pensamglobalmente e agem localmente, adotando as três
dimensões da sustentabilidade em suas atividades (Diagrama 2). Essas três
dimensões abrangem a sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas
também abarca questões de:

Clique nos botões para saber mais


Sustentabilidade espacial

Referente a uma configuração rural-urbana equilibrada, que avalia soluções
para os assentamentos humanos.
Sustentabilidade cultural

Referente ao respeito pela pluralidade apropriada à cultura local.
Sustentabilidade política

Ressalta a necessidade de processos democráticos consolidados.
Sustentabilidade institucional

Relacionada à atividade pública e às suas relações com outras instâncias da
sociedade.

MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL


O triple bottom line (resultado triplo) é um modelo de gestão empresarial criado a partir das
dimensões da sustentabilidade, e possui como pressuposto básico que a responsabilidade
social das empresas deve contribuir para a superação das crises socioambientais.

Esse modelo propõe uma abordagem em que todas as formas de capital sejam
favorecidas ao longo do tempo por meio de uma gestão econômica, social e
ambiental responsável.

No modelo tradicional, as empresas obtêm aumento de valor de mercado com


geração de lucro líquido e consequente aumento da riqueza dos acionistas. Na
esfera econômica do tripé da sustentabilidade, as empresas também obtêm
desempenho financeiro positivo, mas consideram os custos sociais e
ambientais envolvidos em seus processos. Na esfera social, o capital social
que estão construindo deve ser considerado e seu conhecimento vislumbrado
como fator de competitividade. Na esfera ambiental, o diferencial desse
modelo está na obtenção de lucro líquido ambiental por meio da adoção do
conceito de capital natural baseado no modo como a empresa lida com a
manutenção dos recursos naturais e os serviços ambientais.

A partir do modelo triple bottom line, desenvolveram-se os 3 Ps – profit,


people e planet (lucro, pessoas e planeta), cuja aplicação está restrita às
empresas, à medida que se associa a dimensão econômica ao lucro, conforme
ilustra a Figura 1 (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).

GESTÃO E AS POLÍTICAS SOCIOAMBIENTAIS


Vale ressaltar que o processo de globalização e a economia baseada no consumismo e
descarte rápido de produtos têm aquecido os mercados globais, entretanto, não caminham
em sincronia com as questões ambientais.

Cientes dos danos, provavelmente irreversíveis, os consumidores e as


organizações não governamentais têm cobrado uma postura ética das
empresas, exercendo diversas ações socioambientais. As empresas têm o
compromisso de considerar as questões relativas à sustentabilidade regional e
global propostas pelas partes que as compõem para, então, buscar soluções
cabíveis. Nesse contexto, a intervenção governamental como agente
regulamentador das ações do setor privado na construção de ações
socioambientais é indispensável. Partindo desse pressuposto, as políticas
públicas socioambientais atuam no sentido de dar legitimidade e efetividade
às questões ambientais, fornecendo orientação, auxiliando no planejamento e
realizando o monitoramento das ações e atividades desenvolvidas.

Segundo Appio (2005), as políticas públicas podem ser definidas como os


instrumentos de execução de programas políticos baseados na intervenção
estatal na sociedade com a finalidade de garantir a igualdade de oportunidade
entre os cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de uma
existência digna a todos. Essas políticas são promovidas por meio da criação
de planos e programas elaborados pelo Estado, mas com a participação das
esferas públicas e privadas para garantir um processo totalmente democrático.
Os planos determinam prioridades, objetivos e períodos para execução, já os
programas são compostos por ações e atividades para o estabelecimento de
questões de interesse público. As atividades têm papel de instaurar as ações,
ou seja, torná-las reais e efetivas.

EXEMPLIFICANDO

Quando falamos em meio ambiente, o foco dos planos e/ou programas

estatais é a contenção da crise ambiental. Como exemplo, pode-se

citar o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis

(PPCS). Trata-se de um documento-base das ações de governo, do


setor produtivo e da sociedade que direcionam o Brasil para padrões

mais sustentáveis.

ACESSE O SITE

A atuação nacional se fortaleceu, em 1981, com a criação do Programa


Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA). O SISNAMA é a estrutura adotada para a gestão
ambiental no Brasil, em que o meio ambiente é caracterizado como
patrimônio público da humanidade, devendo ser protegido por e para todos,
considerando os cidadãos de hoje e as gerações futuras. O SISNAMA tem
como órgão consultivo e deliberativo o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) e é representado pelos órgãos municipais, estaduais e federais,
pela sociedade civil e pelo setor empresarial. O CONAMA, por meio de suas
resoluções, define critérios, estabelece procedimentos e parâmetros técnicos,
altera resoluções antigas e têm diversos modos de atuação na área ambiental.
Inclui também os Estudos de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA) que foram incluídos pela PNMA como
instrumentos de política ambiental e são obrigatórios e prévios a qualquer
projeto que venha a causar impactos no meio ambiente.

O EIA é um estudo meramente técnico, elaborado de modo imparcial, de


avaliação das consequências e danos ambientais para determinado projeto
(industrial, residencial, comercial etc.) e aponta quais procedimentos devem
ser utilizados para que o projeto seja executado em harmonia com o meio
ambiente. Trata-se de um documento extremamente importante para o
desenvolvimento sustentável, pois auxilia na prevenção e mitigação dos
impactos negativos ao meio ambiente.

O RIMA é um relatório técnico conclusivo de impacto ambiental do EIA que


contém os levantamentos e as conclusões pelo qual o órgão público designado
deve analisar e conceder ou não a licença ao projeto a ser executado.

As resoluções do CONAMA fornecem as diretrizes gerais para a elaboração


do EIA e do RIMA, bem como as atividades técnicas mínimas que precisam
ser cumpridas em relação ao diagnóstico, previsão, análise, acompanhamento
e monitoramento ambiental do local de estudo.
PRINCÍPIOS, CÓDIGOS E REGULAMENTOS DAS
POLÍTICAS SOCIOAMBIENTAIS EMPRESARIAIS
A difusão da responsabilidade socioambiental empresarial ocorre pela adoção
de instrumentos norteadores e por um conjunto de códigos e normas
elaborados, levando em consideração os aspectos estratégicos da empresa.

Esses instrumentos e normas devem ser implementados desde o início da


organização para que resultem em desempenho positivo. A elaboração ou
reformulação de aspectos estratégicos, como a definição
da visão, valores e missão devem ser baseados em instrumentos norteadores
mundialmente conhecidos, tais como:

 bullet

Direitos Humanos;

 bullet

Agenda 21;

 bullet

Protocolo de Quioto;

 bullet

Declaração sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;

 bullet

Carta da Terra;

 bullet

Pacto Global;

 bullet

Agenda 2030;
 bullet
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Os códigos e regulamentos são instrumentos socioambientais empresariais que


devem ser construídos considerando os aspectos estratégicos políticos, os
aspectos relacionados aos recursos e os perfis liderança. Os códigos e normas
fornecem recomendações para ações focadas, como as convenções da
Organização Internacional do Trabalho, a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico e o combate à corrupção.
As convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fornecem
códigos e normas considerando a estrutura tripartite que envolve
empregadores, empregados e governos. As convenções e recomendações da
OIT são voltadas para as relações de trabalho de qualquer organização,
inclusive estatais (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016) (Quadro 1).

CURIOSIDADE

A Organização Internacional do Trabalho possui convenções

ratificadas no Brasil desde 1934. Algumas convenções ratificadas não

estão mais em vigor por terem sido alteradas, ou revistas ou

denunciadas. Você pode consultar todas elas e conhecer um pouco

mais sobre a OIT acessando o site da organização.

CLIQUE AQUI
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) possui diretrizes para grandes empresas que compõem um código de
conduta sobre diversas questões empresariais nas áreas sociais, econômicas e
ambientais. Entre as diretrizes básicas mais importantes, pode-se destacar as
que abordam:

 bullet

As relações de emprego;

 bullet

As publicações de informações;

 bullet

Os cuidados com o meio ambiente;

 bullet

O combate à corrupção;

 bullet

O atendimento aos interesses dos consumidores;

 bullet

O desenvolvimento científico e tecnológico;

 bullet

As boas práticas de governança corporativa;


 bullet
As boas práticas de concorrência.
O combate à corrupção está associado a atos ética e moralmente
condenáveis, praticados, principalmente, por quem ocupa posições de
destaque nas relações hierárquicas de instituições públicas e privadas. A
corrupção praticada pelas instituições é um tema atual e contrário às práticas
de responsabilidade socioambientais, que pode resultar em danos ambientais e
impactos sociais irreversíveis. São exemplos de práticas de corrupção:

 bullet

Coagir física ou moralmente para a prática de ações ilegais ou eticamente


contrárias aos ideais do coagido;
 bullet

Lavagem de dinheiro;

 bullet

Suborno de agentes fiscalizadores;

 bullet

Fraudar laudos ou perícias técnicas;


 bullet
Burlar leis praticando obstrução à justiça ou conluios entre empresas.
Deve-se considerar também os aspectos operacionais que causam impactos
econômicos, ambientais e sociais. Considerando a formação ou a
reestruturação de uma empresa, esses aspectos devem ser construídos por
meio de procedimentos operacionais padrão (POPs) de uma cultura
organizacional com processos bem definidos, por normas ISO e relatórios de
desempenho que considerem as ações de responsabilidade socioambiental.
Indicadores, certificações, tecnologias e
instrumentos de gestão
Seção 3 de 4

A sobrevivência e o sucesso de uma organização estão diretamente relacionados à sua


capacidade de atender às necessidades e expectativas dos proprietários, dos clientes e da
sociedade.

De acordo com a ABNT (2012), uma vez que as decisões e atividades têm
impacto ambiental, ações entre organizações públicas ou privadas e o meio
ambiente devem atuar no sentido de reduzi-los, sendo conveniente que a
organização adote uma abordagem integrada que considere as implicações
econômicas, sociais, na saúde e no meio ambiente de suas decisões e
atividades, direta e indiretamente.

Muito se tem trabalhado ao longo das últimas décadas para garantir que as
práticas de responsabilidade socioambiental sejam exercidas pelas empresas e
para que estejam alinhadas ao conceito de desenvolvimento sustentável.

As práticas de responsabilidade socioambiental reestruturam a cultura


organizacional das empresas, influenciando as diversas instâncias da gestão
empresarial, tais como: a gestão financeira, o marketing, a produção, a gestão
de pessoas, a logística e o desenvolvimento de produtos.

Desse modo, é importante entender melhor os indicadores, certificações,


tecnologias e instrumentos de gestão que podem ser adotados pelas empresas
em busca de um desempenho ambiental eficiente.

FONTES DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA


O ciclo PDCA (plan, do, check, act, ou seja, planejar, fazer, verificar e agir)
busca a melhoria contínua dos processos das organizações (Diagrama 3).
Questões sobre como adotar novos ou como fazer a melhoria de processos já
existentes buscando um melhor desempenho socioambiental podem ser
resolvidas a partir dessa técnica.

Esse ciclo garante dois tipos de ações corretivas:


Clique nos botões para saber mais
Ação corretiva temporária

Busca a resolução do problema já instaurado;
Ação corretiva permanente

Consiste na investigação e eliminação das causas e, portanto, visa a
sustentabilidade do processo.

A ideia do ciclo PDCA é realizar o planejamento, estabelecendo claramente


os objetivos e as metas para que as ações sejam programadas com
embasamento. Além disso, descreve os processos que envolvem o problema
para entendê-lo e para identificar as áreas para melhorias. Para isso, a
utilização de fluxogramas e mapas dos processos é importante. Muitas
ferramentas estão disponíveis para coletar e interpretar dados, como
histogramas, gráficos de execução, de dispersão e de controle.

Compreendido o cenário atual, deve-se implementar o programa


estabelecido, promovendo a organização e o treinamento de funcionários e/ou
parceiros. As soluções decididas devem ser implementadas individualmente. É
importante que os responsáveis se certifiquem de que todas as etapas foram
totalmente compreendidas.

A fase de verificação é caracterizada por uma aprendizagem significativa. Há


a oportunidade de desenvolver planos atualizados, elevando o processo a
novos patamares, em vez de simplesmente consertar o que deu errado na fase
anterior. Se os resultados forem negativos, o trabalho de melhoria deve
recomeçar na fase de planejamento, pois, caso contrário, as soluções testadas
passam para a fase de ação. A verificação deve ser feita continuamente pelo
monitoramento e elaboração de relatórios que evidenciem com clareza os
resultados alcançados.

A atuação deve promover a melhoria contínua. Uma vez que o ciclo atingiu
essa etapa, as soluções são preparadas para implementação final e,
possivelmente, para adoção por outros setores da organização. Nessa etapa,
deve-se adotar normas e certificações para reconhecimento nacional e
internacional das melhorias realizadas, e, para manter a melhoria é preciso
repetir o ciclo continuamente.
A NORMA ISO 26000

A obtenção de certificados pelo atendimento de padrões técnicos sobre produtos, processos


produtivos, métodos e ensaios é um grande diferencial para as empresas.

Em alguns casos, a norma que fornece o certificado é tão importante que se


torna uma lei. Criada em 1947 e mais conhecida por sua sigla ISO, a principal
organização de normalização é a International Organization for
Standardization. O objetivo da ISO é desenvolver padrões e atividades para
facilitar as trocas de bens e serviços no mercado internacional e promover a
cooperação entre os países nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas
(BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).

As normas de gestão da ISO se aplicam a qualquer organização, pois não são


normas de conteúdo, mas de procedimentos que podem se adequar ao
segmento da empresa que a adota. Todas elas adotam o ciclo PDCA para
melhoria contínua dos processos. A certificação requer auditorias periódicas
de avaliação.

A ISO possui normas adotadas mundialmente, entre as mais importantes estão


as séries ISO 9000, de gestão da qualidade, e a ISO 14000, sobre sistemas de
gestão ambiental.

A norma ISO 26000 foi desenvolvida para organizações que querem adotar
um sistema de gestão focado em responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável. Por fazer uso de termos como “pode” ou “convém que” em seu
texto, pode-se dizer que é uma norma-guia não certificável que busca, por
meio de suas diretrizes, mais fazer indicações e recomendações do que exigir
ou tornar algo obrigatório.

A norma ISO 26000 aborda sete temas centrais voltados para a


responsabilidade social das organizações:

 bullet

Governança organizacional;

 bullet

Direitos humanos;

 bullet

Direitos humanos;

 bullet

Meio ambiente;

 bullet

Práticas leais de operação;

 bullet

Questões relativas aos consumidores;


 bullet
Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Essa norma elenca princípios específicos associados ao meio ambiente, que
discutem quatro questões centrais definidas por uma descrição de expectativas
relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sendo:
Clique nos botões para saber mais
Princípio da responsabilidade ambiental

Além de cumprir leis vigentes, convém que a organização assuma a
responsabilidade pelos impactos ambientais causados por suas atividades ao
meio ambiente em geral; convém que não deixe de atuar em busca de
desempenho positivo, mas que, para isso, reconheça seus limites ecológicos;
Princípio da precaução

Onde houver ameaças de danos graves ou irreversíveis ao meio ambiente ou à
saúde humana, convém que não se utilize da falta de certeza científica para
postergar o uso de medidas eficazes que impeçam a degradação ambiental ou
danos à saúde humana em função dos custos. Convém que a organização
considere os custos e benefícios de longo prazo e não somente os custos de
curto prazo de uma medida;
Gestão de risco ambiental

Convém que programas sejam utilizados pelas organizações a partir de uma
perspectiva baseada em riscos e na sustentabilidade, para avaliar, evitar,
reduzir e mitigar riscos e impactos ambientais de suas atividades. Convém que
sejam elaboradas e aplicadas atividades de conscientização, além de
procedimentos de resposta a emergências, bem como meios de divulgar
informações sobre incidentes ambientais e para reduzir e mitigar impactos
ambientais na saúde e na segurança, causados por acidentes;
Poluidor pagador

De acordo com a extensão do impacto ambiental na sociedade, convém que a
organização arque com os custos da poluição causada por suas atividades e
providencie as ações corretivas, totalmente ou à medida que a poluição se
adeque aos níveis permitidos. O custo da poluição e a quantificação dos
benefícios econômicos e ambientais da prevenção devem ser internalizados
pelas organizações.

Desse modo, as empresas devem considerar o emprego da gestão ambiental


seguindo abordagens estratégicas, como: ciclo de vida de produtos, avaliação
de impacto ambiental, produção mais limpa e ecoeficiência, abordagem por
sistemas de produto-serviço, uso de tecnologias e práticas ambientalmente
saudáveis, práticas de compras sustentáveis (priorizar produtos ou serviços
com impactos minimizados e fazer uso de sistemas de rotulagem confiáveis) e
aprendizagem e conscientização.

O Quadro 2 destaca as principais questões abordadas pela ISO 26000.


Se a organização elaborou e mantém um sistema de gestão ambiental
seguindo os requisitos da norma ISO 14001, deve haver grandes chances dos
princípios da norma ISO 26000 terem sido atendidos, principalmente o
princípio da gestão do risco ambiental. A série ISO 14001 possui normas de
gestão ambiental que permitem que a empresa pratique ideias de mitigação
dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua atividade, objetivando se
tornar sustentável no curto e no longo prazo. A norma ISO 14001 estabelece
práticas de responsabilidade ambiental como:
 bullet

Implementação de um sistema de gestão ambiental;

 bullet

Rotulagem ambiental;

 bullet

Análise de desempenho ambiental;

 bullet

Análise de ciclo de vida;

 bullet

Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;

 bullet

Comunicação ambiental;
 bullet
Mitigação das mudanças climáticas.

INDICADORES E ÍNDICES DE
SUSTENTABILIDADE

Os indicadores e índices podem ser usados para avaliar o desempenho em relação aos
objetivos do desenvolvimento sustentável e compará-lo entre cidades, países, blocos
econômicos e organizações públicas e privadas.

Sendo que estimam se as instituições estão crescendo econômica e


ambientalmente de acordo com o objetivo proposto.

Os indicadores são compostos por parâmetros ou valores, analisados em


grupos ou isoladamente a partir de estratégias de gestão definidas
antecipadamente. A partir dos indicadores são avaliadas as condições do
sistema de gestão e se a estratégia adotada previamente está gerando
resultados. Desse modo, são importantes por informarem às partes
interessadas sobre o desempenho positivo ou negativo em uma determinada
questão.
Nesse sentido, indicadores que avaliam os resultados das ações de
responsabilidade socioambiental empresarial capturam e antecipam tendências
para informar os tomadores de decisão, assim como orientam o
desenvolvimento e o monitoramento de políticas e estratégias. Os indicadores
do desenvolvimento sustentável (indicadores de
sustentabilidade) informam se o desempenho da empresa está ocorrendo em
harmonia com o meio ambiente e têm papel importante no monitoramento, na
avaliação e na efetivação do desenvolvimento sustentável. Os indicadores de
sustentabilidade analisam se o impacto ambiental gerado por uma empresa
permite que o planeta seja resiliente.

Os indicadores ambientais devem ser:


Clique nos botões para saber mais
Comparáveis

Devem permitir comparações e mostrar as mudanças ocorridas;
Equilibrados

Devem distinguir o mau e o bom desempenho;
Contínuos

Devem ser formulados a partir de critérios similares e considerar períodos
comparáveis;
Temporais

Devem ser revistos regularmente para permitir o uso de medidas atualizadas;
Claros

Devem ser de fácil compreensão.
Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) são exemplos importantes para mostrar o grau
de desenvolvimento sustentável no Brasil. O IBGE analisa indicadores de
sustentabilidade considerando as três dimensões da sustentabilidade, dos quais
destacam-se:

 bullet

Concentrações de poluentes no ar e em áreas urbanas;

 bullet

Queimadas e incêndios florestais;

 bullet

População residente em áreas costeiras;


 bullet

Acesso a tratamento de esgoto;

 bullet

Espécies extintas ou em risco;

 bullet

Crescimento populacional;

 bullet

Mortalidade infantil;
 bullet
Consumo de energia per capita.

DICA

No Brasil, a construção de indicadores de desenvolvimento

sustentável se integra ao conjunto de esforços para concretização das

ideias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992.

É importante conhecer as diversas informações sobre como estamos

trabalhando rumo ao desenvolvimento sustentável. O documento é

interativo e de acesso gratuito.

ACESSE O SITE
Para a formulação de indicadores de desenvolvimento sustentável empresarial,
pode-se citar os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e
Responsáveis, criados pelo Instituto Ethos. A ferramenta elabora indicadores
a partir de um questionário e tem como foco avaliar o grau de incorporação da
sustentabilidade e da responsabilidade social aos negócios, auxiliando na
definição de estratégias, políticas e processos. Trata-se de uma ferramenta
gratuita de aprendizagem, avaliação e monitoramento das ações de
responsabilidade socioambiental, estruturada em temas e subtemas com um
questionário agrupado em dimensões baseadas na norma ISO 26000.

Os indicadores são diferentes dos índices. Os índices são feitos da junção de


um conjunto de indicadores e são instrumentos de tomada de decisão e
previsão, pois permitem conhecer o endividamento e os riscos associados para
os investimento e funcionam como um retrato das condições da empresa,
refletindo sua saúde econômica, social e ambiental.

Como exemplo, pode-se citar o Índice de Sustentabilidade Empresarial


(ISE B3), que é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho nas
ações de sustentabilidade das empresas constantes das listas da B3 (Brasil
Bolsa Balcão) sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em
eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança
corporativa. O ISE B3 está fundamentado na eficiência econômica e na
equidade ambiental, além de possuir transparência em seus processos, uma
vez que também possui fundamentos na governança coorporativa e na
promoção da justiça social. Atualmente, o ISE B3 se caracteriza como um
norteador para os fundos de investimento e valoriza as empresas de capital
aberto ao lidar com uma questão tão demandada pela sociedade atual.

DICA

Entenda o que é, conheça sua missão, fundamentos, objetivos

estratégicos e a versão atual do Questionário ISE B3.

CLIQUE AQUI
Muitas empresas prestadoras de serviços estratégicos fazem a análise dos
índices de sustentabilidade por meio de softwares de gestão de indicadores
ambientais, por plataformas de análise de vulnerabilidade e licenciamento
ambiental, auxiliando na adoção de programas e selos ambientais.
Infelizmente, na maioria das vezes, tais serviços estão disponíveis somente
para empresas de grande porte devido ao seu alto custo.

TECNOLOGIAS RESULTANTES DA GESTÃO


AMBIENTAL

A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental nas estratégias de gestão


empresarial tem permitido, se não exigido, o desenvolvimento de tecnologias inovadora tanto
na produção de bens quanto na prevenção de impactos negativos ao meio ambiente.

Tais tecnologias estão disponíveis em diversos segmentos empresariais e, em


geral, são resultado de demandas dos clientes. Pode-se afirmar que, na
atualidade, para ser considerado um bom processo ou produto não basta ser
eficiente industrialmente, também há a necessidade de ser eficiente
ambientalmente.

Algumas tecnologias com melhor desempenho ambiental já devem estar


presentes no seu dia a dia. O Quadro 3 destaca alguns exemplos.

Tecnologias industriais que resultam na redução do consumo de água ou da


queima de biomassa, que reduzam a geração de resíduos ou que aumentem a
eficiência dos processos de tratamento de efluentes, bem como que resultam
em produtos com menor utilização de elementos tóxicos ou de fontes não
renováveis têm sido foco dos setores de pesquisa e desenvolvimento de
empresas e de instituições de pesquisa, pois trazem benefícios econômicos e
ambientais.

Marketing ambiental
Seção 4 de 4

O marketing ambiental ou marketing verde é uma estratégia adotada para promover a


divulgação e aumentar as vendas de produtos e serviços que tenham bases ambientalmente
corretas. Por meio dele é possível vincular uma marca, produto ou serviço a uma imagem
ecologicamente correta.

Os produtos e serviços passíveis do marketing ambiental devem ser resultado


de um impacto ambiental mínimo, tanto ao se considerar os elementos que
compõem o produto quanto os que estão relacionados ao seu processo
produtivo.

Diante da crescente demanda por práticas de sustentabilidade, o marketing


ambiental pode trazer às empresas vantagens competitivas, o recrutamento de
novos clientes e a garantia de sua sobrevivência no mercado.

Existem quatro pilares elaborados para que as empresas possam aplicar o


marketing ambiental em seus produtos ou serviços de modo sustentável:

 bullet

Ser ecologicamente correto;

 bullet

Ser economicamente viável;

 bullet

Ser socialmente justo;


 bullet
Ser culturalmente aceito.

TENDÊNCIAS MUNDIAIS SOBRE O PERFIL DO


CONSUMIDOR

Na maioria dos países, a preocupação com o meio ambiente cresceu.


Questões sobre o uso de fontes de energia renováveis, sobre o desmatamento,
as mudanças climáticas e a poluição atmosférica são apontadas como os
maiores problemas ambientais da atualidade.

Os consumidores, de modo geral, consideram importante comprar produtos e


serviços de empresas que respeitam o meio ambiente, mas quando são
questionadas sobre o que é importante para decidir consumir de uma empresa,
preocupações básicas relacionadas a custo-benefício são listadas antes de
questões sobre responsabilidade socioambiental e produtos ambientalmente
corretos. Preço bom, qualidade, confiabilidade e atendimento ao cliente estão
entre os atributos empresariais mais importantes entre os consumidores. Essas
respostas indicam que, de acordo com o posicionamento dos clientes, as
empresas não devem sacrificar os fundamentos da marca para as questões
ambientais, entretanto, devem manter um equilíbrio entre os atributos
desejados e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Em geral, consumidores estão dispostos a comprar mais produtos


ambientalmente corretos e a pagar até 10% a mais para produtos ecológicos,
mas muitos relatam problemas que prejudicam a compra, como a rotulagem
confusa ou não confiável, preço muito discrepante quando comparados aos
produtos não verdes, falta de disponibilidade e pouca variedade.

Os consumidores de produtos ambientalmente corretos procuram produtos que


usem menos embalagens plásticas, e sim biodegradáveis ou recicláveis; além
disso, apoiam-se nas informações presentes nas embalagens e em certificações
para decidir sobre qual produto comprar.

INICIATIVAS DE MARKETING AMBIENTAL

É necessário que as empresas realizem a divulgação de ações de marketing


ambiental aos seus clientes somente depois de realmente adotarem uma
postura ambientalmente correta em sua cultura organizacional, por meio de
ações de responsabilidade socioambiental.

Para fazer propagandas sobre essa postura ambientalmente correta, as


pequenas e grandes empresas podem:

 bullet

Adotar os 3 Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar;

 bullet
Incorporar os 4 Ss: aceitação social, satisfação do consumidor, segurança e
sustentabilidade;

 bullet

Usar selos verdes (certificação ambiental) para legitimar o posicionamento da


empresa;

 bullet

Participar de programas de promoção dos três pilares da sustentabilidade;


 bullet
Escolher fornecedores e parceiros ecologicamente corretos.
Empresas conhecidas no mundo todo têm adotado iniciativas ambientais e
divulgado suas ações em todos os meios de comunicação disponíveis, sendo
exemplos de destaque:
Clique nos botões para saber mais
Microsoft

Já foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. Desenvolveu, por exemplo,
um sistema de inteligência artificial para combater o aquecimento global;
Coca-cola

Em 2012, mudou a cor das latas e rótulos para conscientizar a sociedade sobre
a necessidade proteção dos ursos polares, um dos personagens símbolos da
marca;
Nike

Criou o Making App para inspirar designers de moda a trabalhar com
materiais ecológicos a partir de seus produtos;
Toyota

Desenvolveu o Prius, o primeiro veículo híbrido do mundo.
SINTETIZANDO

Nesta unidade, vimos que os planos e os programas de instituições


governamentais e não governamentais despertam o consumidor para a
importância e urgência das questões ambientais. Nesse sentido, as empresas,
enquanto instituições de caráter particular e público, estão desenvolvendo
estratégias de gestão voltadas para o meio ambiente. Visando promover e
zelar pelos três pilares da sustentabilidade, essas empresas estão adotando
ações de gestão internas e externas para a promoção do acúmulo de capital
econômico, social e ambiental.
Visto que a responsabilidade socioambiental é uma temática atual e discutida
internacionalmente, deve ser adotada em todos os níveis hierárquicos dentro
de uma empresa e deve tomar como parâmetros movimentos como OIT,
OCDE, a Agenda 21, a Carta da Terra e os ODSs. Nesse contexto, destacamos
que, para se orientarem, as empresas podem utilizar como estratégias o ciclo
PDCA e as normas ISO, bem como os indicadores e índices de
sustentabilidade.

Por fim, vimos que a divulgação do resultado do trabalho ambientalmente


correto das empresas deve ser feita por estratégias de marketing ambiental
bem definidas, que trazem maior lucratividade, competitividade e dão
credibilidade internacional.

Unidade 4.
Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do
desenvolvimento socioambiental
Camila Bolfarini Bento
OBJETIVOS DA UNIDADE
 bullet

Explicar a importância do cooperativismo e da atuação conjunta dos diferentes


setores que compõem a sociedade na promoção do desenvolvimento
socioambiental;

 bullet

Abordar a educação ambiental como agente de promoção do desenvolvimento


socioambiental;

 bullet

Discutir os desafios ainda existentes para a completa promoção do


desenvolvimento sustentável;
 bullet
Citar algumas práticas que vêm sendo adotadas pelas organizações e pela
sociedade civil.
TÓPICOS DE ESTUDO
Clique nos botões para saber mais
Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento

// O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental


// A abordagem intersetorial na elaboração de políticas socioambientais
// Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e o terceiro
setor
// Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental, saúde e
educação
// Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e redes
// Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e a ciência
// Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental
Desafios da prática e tendências

// Tendências das organizações na busca da responsabilidade socioambiental


Cooperação, articulações intersetoriais e
promoção do desenvolvimento
Seção 2 de 3

A criação de grupos de trabalho pode auxiliar na construção de uma im-


portante ferramenta de coordenação e efetivação das práticas de
responsabilidade socioambiental, ao possibilitarem a construção
compartilhada de projetos de cooperação, articulação e promoção do
desenvolvimento sustentável, que dão direção comum e estratégica às
questões econômicas, sociais e ambientais. Tais ferramentas são os meios para
superar as hierarquias institucionais e as relações de poder entre setores,
políticas e segmentos sociais.

Dentro dos pressupostos do desenvolvimento sustentável de propor, estimular,


promover e monitorar as ações de responsabilidade socioambiental e a
minimização dos impactos negativos sociais e ambientais, a adoção destas
ferramentas acabará por:

 1

Estimular discussões sobre responsabilidade socioambiental nas organizações


e divulgar legislações e normas;

 2

Potencializar o resultado de ações de capacitação;

 3
3

Construir e organizar conhecimento e objetivos de aprendizagem;

 4

Propiciar o uso racional de matéria-prima, equipamento, força de trabalho,


imóveis, infraestrutura e contratos;

 5

Aperfeiçoar o uso de recursos orçamentários;

 6

Aumentar as colaborações entre as instituições de ensino e pesquisa e as


organizações públicas e privadas;
 7
7
Realizar o intercâmbio de experiências entre os signatários.
A construção de espaços para comunicação e troca de experiências permite o
estabelecimento de conceitos, objetivos e direções comuns, propiciando
condições para o planejamento participativo de ações que exijam
contribuições de diferentes setores.

Apesar de ser uma importante estratégia na busca pelo desenvolvimento

sustentável, o diálogo intersetorial não é simples. Ao praticá-lo será preciso

lidar com diferentes pontos de vista e culturas organizacionais para a tomada

de decisão e para encontrar a solução de problemas.

O trabalho cooperado e intersetorial é um instrumento relevante para a

operacionalização do conceito e de ações de responsabilidade socioambiental

com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da promoção da

sustentabilidade.
Atualmente, a promoção da cooperação e da articulação intersetorial pode ser
considerada componente central das políticas de responsabilidade
socioambiental. Elas objetivam a mudança de postura e a quebra de
paradigmas, representando uma nova forma de gerenciamento que transcende
a fragmentação das políticas públicas e promove a gestão participativa.

O SISTEMA COOPERATIVISTA E A
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Podemos estabelecer algumas conexões entre a gestão das cooperativas e as


ações de responsabilidade socioambiental, seguindo o conceito dos três pilares
da sustentabilidade. O (i) contexto econômico permite a dinamização da
economia em micro e macroescala, seja por meio da interação com o mercado
ou pela política equitativa distribuição de renda baseada na produção do
cooperado. O (ii) contexto social das cooperativas propicia a distribuição
regional da renda em termos equitativos, levando em consideração a geração
de emprego e desenvolvimento de pequenas localidades, o que permite a
distribuição do capital financeiro regionalmente e homogeneamente. O (iii)
contexto ambiental fundamenta-se na ideia de que as bases cooperativistas
estruturam-se considerando o estabelecimento de relações de equilíbrio com o
meio ambiente. O conceito de unidade e trabalho em equipe das cooperativas
permeia a ideia de parceria, cooperação e colaboração de trabalho.

O cooperativismo está apoiado em cinco valores, sendo eles: equidade,


solidariedade, justiça social, liberdade e democracia (CHAVES et al., 2009).
Ao preocupar-se com o bem-estar social, o cooperativismo contempla ações
de gestão voltadas para a responsabilidade socioambiental. Nesse sentido,
responsabilidade socioambiental e cooperativismo alinham-se, pois ambos são
formados por indivíduos que além de trabalharem seguindo as mesmas pautas
econômicas, sociais e ambientais, atuam em prol de uma sociedade
mais justa hoje e no futuro. A atuação responsável socioambientalmente nas
comunidades não é algo novo para as cooperativas, na realidade, elas foram
criadas com o objetivo de resolver reclamações e problemas comuns de um
grupo de pessoas. Assim, sempre estiveram fundamentadas na comunidade
que as criou. Pode-se dizer que a responsabilidade socioambiental compõe a
essência do cooperativismo.

Analisando os princípios cooperativas, ficam claras as relações entre


cooperativismo e responsabilidade socioambiental:
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os
seus serviços e assumir as responsabilidades como cooperadas, sem discriminações sociais,
raciais, políticas, religiosas ou de gênero;

As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus cooperados, que


participam ativamente na formulação das suas políticas e nas tomadas de decisões;

Os cooperados contribuem equitativamente e controlam democraticamente o capital de suas


cooperativas;

As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos


cooperados;

As cooperativas promovem a educação e a formação de seus cooperados, dos representantes


eleitos, dos gerentes e de seus funcionários, de forma que estes possam contribuir
eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;

As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades,


através de políticas aprovadas pelos cooperados;

Para as cooperativas prestarem melhores serviços a seus


cooperados e agregarem força ao movimento cooperativo,
devem trabalhar em conjunto com as estruturas locais,
regionais, nacionais e internacionais (OCEPAR, 2016 apud
OLIVEIRA, 2017, p. 83).
A cultura organizacional que adota os sete princípios cooperativistas está
focada no capital social, se diferindo, assim, da cultura organizacional
empresarial tradicional, que é fundamentada na geração de capital financeiro
(Quadro 1).

O cooperativismo é gerido pela vontade coletiva e concretizado após a


conivência de todos os sócios cooperados. Ainda assim, as cooperativas
necessitam de uma gestão flexível para que possam se adaptar às tendências e
exigências do mercado globalizado sem deixar de conservar seus valores e
princípios como organização social.
Os cooperados possuem responsabilidades perante a sociedade, a comunidade
e, principalmente, os próprios cooperados. Quando adequadamente
implementada, a cooperativa pode melhorar a imagem da organização e
consolidar uma identidade organizacional positiva economicamente,
socialmente e ambientalmente.

Existem diversas organizações cooperativistas que exercem práticas de


responsabilidade socioambiental. Vamos conhecer alguns exemplos:

A ABORDAGEM INTERSETORIAL NA
ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS
SOCIOAMBIENTAIS

As políticas públicas de educação, de assistência social, de saúde, ambientais,


entre outras, são, muitas vezes, elaboradas de forma setorial e desarticulada.
Tal condição resulta em uma gestão fragmentada e divergente, que acaba por
não atender às necessidades sociais e ambientais. O Diagrama 1 mostra o
contexto do sistema socioambiental quando este não considera a importância
da abordagem intersetorial e o uso de políticas de cunho socioambiental.

As práticas políticas brasileiras se demonstraram ineficientes e custosas


quando desempenhadas sob uma visão setorizada e fragmentadas, além disso,
os resultados destas políticas sempre ficam aquém das diretrizes e objetivos
almejados (CUSTÓDIO; SILVA, 2020). As estruturas setorializadas tendem a
tratar o cidadão e os problemas de forma fragmentada, com serviços
executados isoladamente, embora as ações se dirijam para o coletivo.
Conduzem a uma atuação desarticulada e obstaculizam mesmo os projetos de
gestões democráticas e inovadoras. O planejamento tenta articular as ações e
os serviços, mas a execução desarticulada e perde de vista a integralidade do
indivíduo e a inter-relação dos problemas (JUNQUEIRA et al., 1997).
O diálogo entre os diversos setores que compõem a estrutura socioambiental
de um País e que considere os saberes e práticas, é um instrumento-chave na
elaboração de políticas públicas, uma vez que elimina as características
centralizadoras e hierárquicas, bem como, dá voz à opinião de todos os
agentes práticas, evitando o contexto evidenciado na Diagrama 1.

É nesse contexto que as políticas intersetoriais devem ser consideradas. A


intersetorialidade é uma prática social que se caracteriza por uma articulação
entre sujeitos de diferentes setores, poderes e saberes, com o objetivo comum
de resolver problemas sociais e ambientais. As políticas públicas devem
voltar-se para o atendimento das demandas da população, levando em conta os
recursos existentes para tal ação. Assim, a intersetorialidade torna-se um
pressuposto imprescindível para a implementação das políticas setoriais
(NÓBREGA et al., 2018).

Há quatro componentes decisivos para o êxito na intersetorialidade: decisão


política; empenho continuado do dirigente; compreensão dos técnicos de que a
estratégia é mais eficiente e eficaz; e disposição para o diálogo, para a
aprendizagem e para a construção coletiva (LAFFITE et al., 2020).

O trabalho intersetorial socioambiental requer amplo debate, prática da


negociação e incorporação da contribuição política para que se alcance a
dimensão transetorial das questões econômicas, sociais e ambientais. A partir
daí tem-se a possibilidade de desenvolver novos olhares e instaurar novos
valores, considerando o respeito às diferenças na compreensão e na superação
das questões globais.

Organizações públicas e privadas, entre elas, as universidades, os centros de


pesquisa, as empresas, os meios de comunicação e, principalmente, a
sociedade civil, fazem parte da cadeia de formulação e de implementação de
políticas socioambientais.

Basicamente, todos os setores que compõem um País são influenciados direta


ou indiretamente pelas políticas socioambientais. Por muitos anos, os conflitos
de interesse sobre a implementação e estabelecimento destas políticas foram
maiores do que a sua efetivação, sendo que muito deste contexto foi resultado
da falta da atuação intersetorial. A abordagem intersetorial faz a mediação de
tais conflitos entre os defensores do uso indiscriminado de recursos naturais e
os que defendem a sustentabilidade ambiental.
ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS:
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E O
TERCEIRO SETOR

Se o primeiro e o segundo setor correspondem ao Estado e ao mercado,


respectivamente, o chamado terceiro setor é um termo utilizado para definir
organizações e iniciativas privadas sem fins lucrativos, que prestam serviços
de caridade e de interesse público. Em geral, possuem estatuto, gestão por
assembleias gerais e rígido controle financeiro. Neste conceito, desde que não
possuam fins lucrativos, enquadram-se: os institutos, as organizações não
governamentais (ONGs), as fundações, as associações, e as entidades.

Como citado anteriormente, o diálogo entre os diversos setores que compõem


a sociedade é um instrumento necessário na elaboração de políticas públicas.
Sabemos que é fundamental a gestão do conhecimento ambiental e o diálogo
intersetorial para a garantia dos direitos humanos, para a conservação da
biodiversidade e dos recursos naturais do planeta. Nesse sentido, as
instituições do terceiro setor se articulam com o Estado, assumindo o papel de
auxiliar, cobrar, fiscalizar e direcionar o trabalho pela melhoria da qualidade
de vida da população, focando sua atuação nos locais mais carentes. Outra
atuação intersetorial ocorre nas empresas que, por sua vez, podem ver no
terceiro setor a oportunidade colocar em prática projetos e ações de
responsabilidade socioambiental.

O terceiro setor possui diversas frentes de atuação que visam a promoção


da cidadania e das minorias. Elas podem trabalhar com:

 bullet
A cultura;

 bullet

A educação;

 bullet

O meio ambiente;

 bullet

A saúde;

 bullet

A assistência social;

 bullet

A infância;

 bullet

A atenção ao idoso;

 bullet

As questões étnico-raciais;

 bullet

O preconceito religioso;

 bullet

A distinção de gênero;

 bullet

A pobreza;

 bullet

A ajuda humanitária;

 bullet
O esporte e o lazer;

 bullet

A extensão agrícola;

 bullet

A educação ambiental;

 bullet

As atividades profissionalizantes;

 bullet

A proteção e luta aos direitos dos animais;

 bullet

O resgate em casos de catástrofes ambientais;


 bullet
A garantia dos direitos humanos em geral.

O terceiro setor só existe devido à existência das causas sociais. Por isso,
podemos dizer que ele está totalmente voltado às questões e à prática da
responsabilidade socioambiental.

A articulação entre terceiro setor e Estado permite que diversos serviços


básicos e informações atualizadas cheguem aos locais onde o trabalho do
Estado ou de empresas ainda não tenha chegado ou não esteja tão evidente.
Muitas das organizações do terceiro setor recebem auxílio financeiro do
governo ou obtêm recursos por meio de financiamentos governamentais, de
empresas privadas, da comercialização de produtos e/ou por doações.

A mão de obra atuante é constituída, em geral, por voluntários, temporários


ou fixos.

Existem inúmeros exemplos de institutos, ONGs, fundações, associações e


entidades que exercem práticas de responsabilidade socioambiental. Vamos
conhecer alguns.
DICA

Acesse os sites oficiais das cooperativas SOS Mata Atlântica, SOS

Pantanal, Apae, Imaflora e PSA para saber um pouco mais sobre suas

histórias e trajetórias.

Clique nos botões para saber mais:


SOS MATA ATLÂNTICA
SOS PANTANAL
APAE
IMAFLORA
PSA

ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS:
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL,
SAÚDE E EDUCAÇÃO

A concepção socioambiental sobre promoção da saúde e da educação inclui a existência de


condições ideais como alimentação, trabalho, moradia, saneamento básico, lazer, meio
ambiente e acesso aos bens essenciais.
Tal concepção é obtida considerando-se os aspectos físicos, sociais,
econômicos, ambientais e culturais da sociedade e fundamentando-se no fato
de que, quando integrado socialmente – pelo acesso à saúde e educação –, o
indivíduo tem condições de aproveitar uma vida com qualidade, ao mesmo
tempo que para ser saudável precisa de um ambiente de qualidade.

As articulações intersetoriais sustentadas por programas com essa abordagem


possuem constante diálogo crítico e reflexivo entre a comunidade, os
profissionais, as empresas, as universidades e as agências governamentais e
não governamentais.

As articulações intersetoriais promovem programas baseados em ações


estratégicas que resultam:

 bullet

Na promoção de espaços ambientalmente saudáveis;

 bullet

No empoderamento e inclusão da população;

 bullet

No desenvolvimento de habilidades;

 bullet

Nos conhecimentos e atitudes favoráveis à saúde;

 bullet

Na percepção da importância do meio ambiente para obtenção de qualidade de


vida;

 bullet

Na redução da pobreza e da desigualdade social;


 bullet
Na promoção do desenvolvimento sustentável.

As ações de responsabilidade socioambiental no contexto de promoção da


saúde e da educação ficam isoladas quando abordadas em um contexto
setorial e fragmentado. Neste sentido, as articulações intersetoriais devem ser
estratégias implementadas por meio de ações coordenadas entre os diferentes
setores da sociedade – Estado, mercado, organizações e iniciativas privadas.
As estratégias intersetoriais devem embasar-se em programas estruturados
com gestão, planejamento participativo, financiamento próprio, e integração
com a comunidade e o meio ambiente.

Para entender melhor sobre as articulações intersetoriais na promoção da


saúde e da educação, vamos conhecer alguns exemplos que, por promoverem
a educação e a saúde, resultam em cidadãos mais ativos nas questões
ambientais.

ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS:
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E
REDES

Como já discutimos, as questões socioambientais há alguns anos vêm


influenciando a formulação e a implementação de políticas públicas, que
visam a promoção da cidadania e de ações de responsabilidade
socioambiental, que resultem em desenvolvimento sustentável.

Por ser um tema discutido por diversos setores, entre eles, universidades,
centros de pesquisa, empresas e organizações governamentais e não
governamentais nacionais e internacionais, uma questão crucial para
o desempenho positivo das questões ambientais é a necessidade da
abordagem intersetorial. Trata-se de um processo bastante complexo, em
virtude da sua heterogeneidade organizativa e ideológica. O grande ponto de
inflexão dos movimentos socioambientais ocorre com a constituição de fóruns
e redes, que têm importância estratégica para ativar, expandir e consolidar seu
caráter multissetorial (JACOBI, 2000).
As redes representam a capacidade de os movimentos sociais e
organizações da sociedade civil explicitarem sua riqueza
intersubjetiva, organizacional e política e concretizarem a
construção de intersubjetividades planetárias, buscando
consensos, tratados e compromissos de atuação coletiva
(JACOBI, 2000, p. 134).
As redes são fortes agentes da divulgação de informação – verdadeiras e falsas
–, de programas e políticas governamentais que acabam influenciando a
tomada de decisão da população. Elas fortalecem questões divulgadas pelos
três setores, sendo cada vez mais reconhecidas como indispensáveis pela
sociedade e pelos governos, participando de processos decisórios.

Nos últimos anos, diversas organizações têm suas discussões e atividades

embasadas a partir de dados estratégicos, levantados por meio das redes, que

permitem: o diagnóstico do risco, o fluxo contínuo de informações, a adoção

de novas tecnologias, e a identificação de lacunas e dilemas socioambientais.

Tal possibilidade tem forte influência sobre os moldes da formulação de

políticas públicas e sobre o nível de conhecimento da população sobre o tema

socioambiental.

As redes, considerando as características complexas e heterogêneas da


sociedade, horizontalizam a articulação de demandas de diversos setores,
servindo como uma tecnologia de informação que dissemina posicionamentos,
denúncias e propostas. A presença das redes repercute globalmente em
diversos campos de atuação, como nos direitos humanos e no meio ambiente.
Por trabalhar em escala global, a consciência socioambiental despertada pela
atuação das redes se amplia e resulta em um crescente entendimento de que as
transformações em curso estão se convertendo em ameaças cada vez mais
preocupantes (JACOBI, 2000).

CURIOSIDADE
Para entender melhor sobre o poder das redes como ferramenta que

promove a intersetorialidade e a divulgação de informações

socioambientais, é possível buscar por termos em sites de busca e nas

redes sociais para constatar como é grande a quantidade de sites e

perfis informativos que serão encontrados. Como exemplo, o termo

“meio ambiente”, pesquisado, no Google, obteve 378.000.000

resultados; “políticas públicas ambientais” obteve 20.200.000

resultados; e “empresa sustentável no Brasil” obteve 50.400.000

resultados.

ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS:
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E A
CIÊNCIA

Não há dúvida sobre a importância do avanço da ciência e da tecnologia para os


empreendimentos humanos.
Nosso mundo material e as coisas ao nosso redor são manifestações da
capacidade científica. A tecnologia, que impacta como nunca o nosso dia a
dia, pode ser considerada resultado direto do intenso progresso científico e da
aplicação dos conhecimentos teóricos e práticos nas novas descobertas.
Podemos citar algumas descobertas científicas e estudos de impacto social e
ambiental:

 1

Desenvolvimento de vacinas;

 2

2
Satélites de observação terrestre;

 3

Computadores para armazenamento de quantidades enormes de dados;

 4

Desenvolvimento de softwares que permitem mapeamentos sociais e


ambientais;

 5

Navios oceanográficos;

 6

Quantificação de emissões de gases do efeito estufa por sistemas urbanos e


rurais;

 7

Sistemas inovadores de conservação e preservação de fauna e flora;

 8

Desenvolvimento de variedades agrícolas da mesma espécie adaptadas a


diferentes zonas climáticas;
 9
9
Rede de internet 5G.

No que diz respeito aos aspectos essenciais que definem o bem-estar e a


qualidade de vida – e também para monitorar as mudanças que podem vir a
ocorrer –, a comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer
informações sobre a situação das questões ambientais, uma vez que pesquisa o
tema continuamente.

O trabalho que vem sendo desenvolvido durante várias décadas pela


comunidade científica sobre as questões socioambientais em conjunto com as
políticas públicas e com as organizações governamentais e não
governamentais, trouxe estes aspectos ao conhecimento da sociedade,
conduzindo ao atual nível de conscientização das populações e governos. Se
hoje, começamos a empregar grande parte do nosso tempo em busca de
soluções para as questões sociais e ambientais e para o impacto das atividades
humanas, em grande parte, isso é fruto do trabalho científico que nos mostrou
a importância dessa dedicação.

Fica claro que a ciência, em suas diversas áreas, é a grande detentora do


conhecimento e dos mecanismos socioambientais. A adoção de práticas de
responsabilidade socioambiental está diretamente relacionada com a chegada
da informação científica aos diversos setores sociais. Devemos considerar o
fato de que a informação acadêmica é técnica, logo, de difícil compreensão
para profissionais de outras áreas.

Assim, para que seja efetiva, a difusão da informação científica deve ser feita
de modo que haja articulação intersetorial. Diante disso, torna-se
indispensável a construção de um diálogo simplificado, que possa ser
compreendido e viabilizado para todos os setores, incluindo as organizações
governamentais e não governamentais, que elaboram as políticas públicas e
para a população.

PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO: O PAPEL


DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental está presente na Constituição Federal, em seu artigo


225, inciso VI, que estabelece que promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente é dever do Estado e de todos.
Sobre educação ambiental entendem-se os processos por meio
dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade (BRASIL, 2018, p. 43).
Tal conceito nos faz refletir sobre o fato de que a educação ambiental não

exclui o desenvolvimento, mas o realiza levando em consideração a

capacidade de resiliência do planeta.

Podemos inferir que a educação ambiental abarca o direito jurídico, pois é

instrumento de efetivação do direito e da necessidade dos seres humanos ao

desenvolvimento ambiental equilibrado, condição indispensável à dignidade

de vida das gerações viventes e das futuras. Somente por intermédio da

educação, a humanidade será capaz de compreender a relevância das questões

ambientais e sua inter-relação com o meio ambiente.

As discussões sobre educação ambiental remetem a um antigo e amplo


histórico nacional e internacional. Durante a Rio-92, um evento realizado no
Rio de Janeiro que foi marco das discussões sobre meio ambiente, foi
elaborado o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global. Nele, foram estabelecidos princípios, diretrizes e
planos de ação fundamentais para a promoção da educação para as sociedades
sustentáveis. Eles enfatizaram a importância do pensamento e das atitudes
críticas, coletivas e solidárias, da interdisciplinaridade, da multiplicidade e da
valorização da diversidade.

No Quadro 5, vamos conhecer os dezesseis princípios da educação para


sociedades sustentáveis e responsabilidade global.
A partir daí, diversos programas foram emoldurados na busca do
desenvolvimento de uma sociedade que compreenda a importância do meio
ambiente. Não obstante, quando se trata dos meios para a implementação da
educação ambiental, é possível identificar uma grande diversidade de
concepções.

Existem diversas correntes sobre a concepção de meio ambiente que se


encaixam em diferentes perspectivas teóricas. Porém, é importante que, apesar
das diferenças, se mantenha o foco na problemática do assunto e na busca por
soluções condizentes com a realidade e a aplicabilidade dos grupos sociais.

Existem quinze correntes de educação ambiental divididas em dois grupos,


que apresentam uma pluralidade de proposições inerentes a cada contexto
(Quadro 6). Todas possuem em comum a preocupação com o meio ambiente e
o reconhecimento da importância da educação para promover o equilibro
ambiental.

Todas as correntes citadas possuem em comum a preocupação com o meio


ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o
equilibro ambiental. Independentemente da corrente, a educação ambiental
deve promover um ambiente de transformação individual e coletiva das
atuações humanas que causam a cser_educacional socioambiental.

O objetivo é que, por meio da educação ambiental, entenda-se que o ambiente


pode ser utilizado para benefício econômico e social da humanidade, desde
que ela seja capaz de usufruir dos recursos naturais sem causar impactos
negativos significantes (ALENCASTRO; SOUZA-LIMA, 2015).

Até aqui a educação ambiental foi abordada como meio de promover o

desenvolvimento a partir de um viés ambiental. Discutimos seus conceitos,


sua importância e suas diversas correntes. Agora, vamos conhecer um pouco

sobre as políticas, os programas, as ações e os projetos governamentais que

estão em vigor no Brasil e são voltados para essa pauta.

No Brasil, existe a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) que é


coordenada por um órgão gestor que atua em articulação com o Ministério da
Educação e o Ministério do Meio Ambiente. O PNEA subsidia e qualifica
ações capazes de promover a educação ambiental em todos os níveis e
modalidades de ensino, seja em caráter formal ou não formal. A partir das
políticas do PNEA, foi lançado o Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), em 2003. O ProNEA apresenta diretrizes, princípios,
visão, missão, objetivos, público e linhas de ação que orientam a educação
ambiental no Brasil, assegurando, de forma integrada e articulada, o estímulo
aos processos de mobilização, formação, participação e controle social das
políticas públicas ambientais. Como podemos observar, o ProNEA atua em
articulação intersetorial com as demais políticas federais, estaduais e
municipais, incluindo IBAMA, SISNAMA, PNUMA etc.

A missão do ProNEA é:
promover educação que contribua para um projeto de sociedade
que integre os saberes nas dimensões ambiental, ética, cultural,
espiritual, social, política e econômica, impulsionando a
dignidade, o cuidado, o bem viver e a valoração de toda forma
de vida no planeta (BRASIL, 2018, p. 26).
Assim,
o ProNEA tem como eixo orientador a perspectiva da
sustentabilidade com base no Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e
define como diretrizes do programa:
• Transversalidade, transdisciplinaridade e complexidade;
• Descentralização e articulação espacial e institucional, com
base na perspectiva territorial;
• Sustentabilidade socioambiental;
• Democracia, mobilização e participação social;
• Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Educação
(formal, não formal e informal), Meio Ambiente e outros que
tenham interface com a educação ambiental;
• Planejamento e atuação integrada entre os diversos atores no
território (BRASIL, 2018, p. 23).
A partir do ProNEA o governo vem desenvolvendo diversas linhas de ações
estratégicas, como as observadas no Quadro 7.
Desafios da prática e tendências
Seção 3 de 3

Os desafios para a implantação das ações de responsabilidade socioambiental nas


organizações públicas e privadas ainda são muitos. É preciso ainda ultrapassar questões sobre
o tradicionalismo de ideias, sobre o nível de desenvolvimento do País em que se inserem,
sobre a desinformação e sobre a dificuldade de acesso às práticas de responsabilidade
socioambiental.

Ainda existem casos em que dirigentes, mesmo conscientes da existência da


vertente ambiental, não conseguem compreender a importância da adoção das
ações de responsabilidade socioambiental. Essa é uma questão recorrente,
uma vez que muitas pessoas acham que a pauta faz parte de um contexto
utópico e extremista.

É urgente a necessidade de adquirir uma visão ampla do desempenho da


organização diante da questão socioambiental, de seus diversos agentes
influenciadores e da sociedade. Como estudamos, atualmente, já existem
diversas ferramentas e metodologias disponíveis que avaliam, gratuitamente
ou não, o grau de responsabilidade socioambiental da organização em relação
ao seu público interno, à comunidade e à sociedade de modo geral.

A tendência deve ser a de crescer sustentavelmente, superando a profunda


desigualdade social existente em nosso País e no mundo. Neste contexto,
estamos falando da responsabilidade socioambiental como algo que,
efetivamente, crie valor ambiental, social e financeiro e que tenha um
propósito claramente identificável nas organizações. O desafio de ter uma
visão ampla de si própria, de seu público e da sociedade como um todo deve
ser enfrentado por todas as empresas brasileiras.
TENDÊNCIAS DAS ORGANIZAÇÕES NA BUSCA
DA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

As organizações modernas estão se dando conta de que a eficiência


socioambiental afeta de forma significativa os resultados financeiros dos
empreendimentos. Mas, para que isso ocorra efetivamente, elas devem ir além
do que é exigido por lei. Naturalmente, existe o interesse econômico na
questão, tanto pela expectativa de reconhecimento regional, nacional ou
internacional, quanto pela constatação de que os investimentos estão
sendo rentáveis.

Nesse sentido, vamos conhecer algumas tendências da atuação socioambiental


no mercado, falando sobre os títulos verdes e o capitalismo consciente.

Os títulos verdes (green bonds) são títulos utilizados para financiar


investimentos sustentáveis, como: atividades de pesquisas e inovação de um
projeto; obras para implantação de energia solar; projetos de reaproveitamento
de resíduos; e projetos para redução da emissão de gases do efeito estufa ou de
tratamento de águas residuárias. É uma alternativa de investimento em longo
prazo que contribui para o futuro do planeta. São importantes para estimular o
desenvolvimento sustentável e direcionar recursos para a mitigação de
mudanças climáticas (ABGI, 2020). Para serem passíveis de financiamento,
existem três critérios de elegibilidade dos projetos, que foram implantados em
2018 pela ISO 14030, que os classifica a sua sustentabilidade de acordo com
três categorias divididas entre A, B e C. São elas:
Clique nas abas para saber mais
A
Verde por “natureza”.

B
Verde com qualificações (demonstrar redução de GEE);
C
A ser testado caso a caso para atender requerimentos green, mas, em geral,
são categorias excluídas.
Por serem títulos, podem ser comparados com os títulos convencionais.
Vamos entender melhor com o auxílio do Quadro 8.

Por muito tempo, os emissores de títulos verdes eram os bancos de


desenvolvimento multilaterais, mas, atualmente, o tema despertou interesse
em empresas, municípios e agências de crédito, que aumentaram
significativamente sua participação neste tipo de título. Internacionalmente, as
principais emissões de títulos verdes são para financiar projetos, como:
transporte, energia renovável, eficiência energética, água, florestal,
agronegócio, construção civil e saneamento (ABGI, 2020).

A adoção de títulos verdes pode trazer vantagens ao emissor, como: a


diversificação e ampliação de investidores, uma boa reputação
socioambiental, uma maior visibilidade ambiental, e a possibilidade de
marketing verde. Já para o investidor, a adoção de títulos verdes, pode
resultar em retorno financeiro, compromisso e transparência no uso dos
recursos.

O capitalismo consciente é uma tendência de pensamento empresarial em


que as empresas contribuem para as questões socioambientais ao mesmo
tempo que são lucrativas. Essa é uma tendência que vem se revelando
naturalmente para a sociedade, tendo em vista os constantes diálogos sobre
qualidade de vida e meio ambiente. Existem três fatores que devem ser
considerados para o avanço do capitalismo consciente:

 1

1
A atual preocupação com a degradação ambiental e com a disseminação da
miséria;

 2

A conscientização de que as empresas devem participar ativamente na solução


desses problemas;
 3
3
A atuação das Nações Unidas pelo estabelecimento dos ODS (Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável) e pela criação do Pacto Global.

Todas as tendências citadas apontam para a economia verde, que é uma


prática econômica baseada no uso sustentável dos recursos naturais e na
responsabilidade socioambiental. A implantação desse modelo econômico
dependerá, além da adoção dos critérios citados anteriormente, do aumento
das ofertas de emprego, do uso de energia limpa, do consumo consciente e da
valorização da biodiversidade como principal meio para manutenção do meio
ambiente e das questões sociais. Espera-se que a economia verde resulte na
redução da desigualdade social, na preservação e na conservação do meio
ambiente.

SINTETIZANDO

Nesta unidade, discutimos sobre a importância da atividade cooperada e da


atuação intersetorial das organizações públicas e privadas, representadas pelos
três setores (Estado, mercado e terceiro setor) e das políticas públicas na
superação da atuação setorial e fragmentada.

Entendemos sobre a importância da atuação das cooperativas na


implementação das ações de responsabilidade socioambiental. Para essa
implementação, a criação de grupos de trabalho auxilia na construção, na
coordenação, na efetivação e no monitoramento das práticas de
responsabilidade socioambiental ao possibilitarem a construção compartilhada
de projetos de cooperação, articulação e promoção do desenvolvimento
sustentável, que dão direção comum e estratégica às questões econômicas,
sociais e ambientais.

O terceiro setor está totalmente voltado às questões e à prática da


responsabilidade socioambiental. As instituições do terceiro setor se articulam
com o Estado e com o mercado, assumindo o papel de auxiliar, cobrar,
fiscalizar e direcionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da
população, focando sua atuação nos locais mais carentes. O terceiro setor
possui diversas frentes de atuação – como a cultura, a educação, o meio
ambiente, a saúde, a assistência social e a infância – que visam a promoção da
cidadania e das minorias.

Quando articuladas, as políticas públicas ambientais, de educação e saúde,


auxiliam no diálogo entre os diversos setores que compõem a estrutura
socioambiental de um País, uma vez que eliminam as características
centralizadoras e hierárquicas e dão voz à opinião de todos os agentes sociais.
As articulações intersetoriais de educação e saúde promovem programas
baseados em ações estratégicas, que resultam na viabilização de espaços
ambientalmente saudáveis; no empoderamento e inclusão da população; no
desenvolvimento de habilidades; no conhecimento e atitudes favoráveis à
saúde; na percepção da importância do meio ambiente para obtenção de
qualidade de vida; na redução da pobreza e da desigualdade social; e na
promoção do desenvolvimento sustentável.

O grande ponto de encontro dos movimentos socioambientais ocorre com a


constituição de redes que têm importância estratégica. As redes representam a
capacidade dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil
explicitarem sua riqueza intersubjetiva, organizacional e política e
concretizarem a construção de intersubjetividades planetárias, buscando
consensos, tratados e compromissos de atuação coletiva.

A comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações


sobre a situação das questões ambientais, logo, deve ser articulada
intersetorialmente. O trabalho que vem sendo desenvolvido durante várias
décadas pela comunidade científica sobre as questões socioambientais – em
conjunto com as políticas públicas e com as organizações governamentais e
não governamentais – trouxe estes aspectos ao conhecimento da sociedade,
conduzindo ao atual nível de conscientização das populações e governos.

A educação ambiental visa o desenvolvimento e a conscientização pública


para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental não exclui o
desenvolvimento, mas o realiza levando em consideração a capacidade de
resiliência do planeta.

Assim, concluímos que entre os principais desafios a serem vencidos está o


tradicionalismo de ideias, o nível de desenvolvimento do País, a
desinformação e a dificuldade de acesso às práticas de responsabilidade
socioambiental. A tendência deve ser de crescer sustentavelmente, e assim,
superar a profunda desigualdade social existente em nosso país e no mundo.
Para isso, as organizações públicas e privadas deverão adotar tendências da
atuação socioambiental como, por exemplo, os títulos verdes e o capitalismo
consciente.

Você também pode gostar