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Princípios e Práticas
de Educação Ambiental
Nota 1: Esta obra foi elaborada de forma colaborativa, tornando-se uma coletânea. Os
capítulos respeitam as normas técnicas e recomendações da ABNT. A responsabilidade
pelo conteúdo de cada capítulo é de competência dos/as respectivos/as autores/as,
não representando, necessariamente, a opinião da editora, tampouco da organizadora e
organizador.
Impresso no Brasil.
Printed in Brazil.
Princípios e Práticas
de Educação Ambiental
V&V Editora
Diadema – SP
2022
Conselho Editorial
Expediente
Vários autores
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-88471-39-5
https://doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5
CDD 363.7
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Apresentação ........................................................................................ 6
Andrea Rabinovici
Zysman Neiman
Capítulo I
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis: Memórias, reflexões e boas histórias .................. 10
Renata De Oliveira Aguina
Juliana Lisita
Adriana Regina Braga
Capítulo II
Tendências da Educação Ambiental .............................................. 26
Débora Rodrigues Cordeiro
Hamida Macedo Calacina
Adriana Braga
Capítulo III
A Educação Ambiental como ponto de partida nas Políticas
Públicas ................................................................................................ 43
Ana Paula Lolato Secco
Elizeu Soares de Camargo Neto
Zysman Neiman
Capítulo IV
Educação Ambiental no Ensino Formal ....................................... 70
Lucas dos Santos Fazzio Rachid
Jean William Mendes
Zysman Neiman
Capítulo V
Déficit da natureza versus relações sustentáveis: quando a
falta transborda e inviabiliza a vida .............................................. 99
Michele Almeida
Luciana Aparecida Farias
Capítulo VI
Para além da escola: o potencial transformador da Educação
Ambiental não-formal ..................................................................... 113
Larissa Lopes
Sabrina Policarpio Souza Campos
Maurício Talebi
Andrea Rabinovici
Capítulo VII
Movimentos Sociais, Fóruns e Rede de Educação
Ambiental .......................................................................................... 133
Leila Miyoko Hatai
Ana Beatriz da Silva Cunha de Barros
Maurício Talebi
Andrea Rabinovici
Sobre a organizadora e o organizador ......................................... 150
Sobre as autoras e os autores ....................................................... 152
Ficha técnica .................................................................................... 154
Apresentação
Andrea Rabinovici e Zysman Neiman
Apresentação
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.1
6
O Curso de Princípios e Práticas de Educação Ambiental,
oferecido pelos docentes Andrea Rabinovici e Zysman Neiman, com
colaboração de Maurício Talebi, dentro do Programa de Pós-graduação
Interunidades em Análise Ambiental Integrada da Universidade Federal
de São Paulo, a Unifesp, teve formato inédito, motivado a partir da
vivência da Pandemia de Coronavírus (Covid-19), suas limitações e
potencialidades. A disciplina, comumente presencial, teórica e prática,
desta vez, em 2021, foi realizada quase que exclusivamente de forma
remota e on-line e, os docentes resolveram inovar, convidando
personalidades importantes, protagonistas da Educação Ambiental.
6
Educação Ambiental; e os conceitos para a elaboração de projetos em
Educação Ambiental.
7
população que seguiu trabalhando na rua, sem opção de se recolher e
nem de mudar de casa, ou, pior, das famílias que perderam seus
trabalhos, renda, entes queridos e que, por vezes, saíram de suas casas
despejados para viverem nas ruas.
8
Testemunhar os depoimentos dos educadores e das educadoras
ambientais que gentilmente emprestaram suas memórias para nos
acalantar de sonhos, serviu-nos para ganhar ânimo renovado para a
jornada que ainda precisa ser cumprida.
9
Capítulo I
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.2
10
A Jornada de Educação Ambiental na Rio92
11
A Educação Ambiental no Brasil se tornou campo de
conhecimento a partir das décadas de 1970 e 1980 e já nasceu plural e
diferenciada pois reunia contribuições de diversas disciplinas
científicas, matrizes filosóficas, posições político-pedagógicas, atores e
movimentos sociais (LIMA, 2009).
12
A evolução dos acontecimentos por ocasião dos Eventos das
Comissões Preparatórias da Rio92 com a participação das ONGs
inscritas, fez emergir a ideia de “Tratados” das Organizações da
Sociedade Civil que participaram da Conferência, dando mais
visibilidade e consistência ao Fórum de ONGs e Movimentos Sociais,
parte do Fórum Global. Assim, a Carta se transformou em um Tratado.
13
Dessa forma, a Carta de Educação Ambiental vai se
transformando em Tratado, construído, por meio de muito diálogo, pela
sociedade civil com contribuição de diversos países de todas as partes
do mundo e foi traduzido em quatro idiomas. Viezzer (2021) destaca
sobre as dificuldades em traduzir e organizar tudo isso, e enaltece o
empenho e a participação ativa de alguns(mas) ambientalistas como:
Marcos Sorrentino, Rachel Trajber e Monica Simons que muito
contribuíram nessa importante etapa de tradução e estudos sobre cada
item do Tratado.
14
Em consequência da Conferência de Estocolmo foi criada pelo
Decreto nº 73.030/73, a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema),
que colocava em pauta a questão ambiental junto à opinião pública,
isenta do poder de polícia, na defesa do meio ambiente (IBAMA, 2014).
15
Apesar de todos os avanços, traz a necessidade de preservação
do meio ambiente por uma demanda do ser humano, “para o âmbito da
educação, o viés antropocêntrico é patente, uma vez que o meio ambiente
deve ser preservado, porque o ser humano precisa dele, o que se
constitui uma armadilha” (CAVALCANTE, 2020, p.235)
16
A Carta da Terra é um importante documento que traz princípios
éticos, ressaltando a importância de ações responsáveis de todas as
pessoas com o meio ambiente e umas com as outras, inicialmente foi
proposta na Rio92, porém foi oficialmente publicada em 2000. É um
documento inspirador, que traz o entendimento de responsabilidade
universal, e que apesar de sermos povos diferentes e de culturas
diversas, todos somos habitantes do mesmo planeta. Os princípios da
Carta da Terra são: respeitar e cuidar da comunidade da vida,
integridade ecológica, justiça social e econômica, democracia, não
violência e paz.
17
A pobreza é sem dúvida um grave problema mundial acentuado
pelo crescimento econômico desenfreado de alguns países, em
detrimento de outros, o que acarreta consequentemente na degradação
ambiental. Enquanto um indivíduo com grandes recursos financeiros
tem o poder de escolha, um indivíduo pobre recorre aos recursos
disponíveis, exemplificando, a falta de saneamento básico adequado
que geralmente é a realidade de pessoas sem recursos, resulta em
poluição de diversos rios, praias e mangues.
18
Infelizmente o termo Desenvolvimento Sustentável se
transformou na cura de todas as doenças, na solução de todos os
problemas, e assim a possibilidade de continuarmos vivendo com os
mesmos valores atuais, apenas administrando o Planeta. Uma forma de
nos alienar sobre as nossas realidades insustentáveis, produzidas por
um modelo neoliberal que é comandado para beneficiar uma minoria
privilegiada da espécie humana. Entretanto, podemos substituir a
palavra desenvolvimento, por sociedades e/ou comunidades, pois
estaríamos possibilitando que diferentes culturas possam pensar e
priorizar a qualidade de vida, e a harmonia entre as pessoas e natureza
pudessem se sobrepor a hegemonia dos interesses econômicos. Lógico
que para se chegar a essa conquista é preciso uma ecoeducação crítica,
participativa e transformadora, pois o grau de consciência que nos
trouxe até aqui não será o mesmo que nos salvará; é preciso outros
valores, outras formas de existir e coexistir no Planeta.
19
Conforme Viezzer (2004), o Tratado também se transformou em
uma bússola, na qual vem orientando diversas atividades em Educação
Ambiental como: pesquisas, seminários, debates, ações e programas
educacionais nas redes formais e informais de ensino.
20
ainda como princípios orientadores a participação, a descentralização, o
reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural e a
interdisciplinaridade (BRASIL, 2007).
21
realizado com desenvolvido pela empresa Itaipu sob a supervisão
de Moema Viezzer que que também criou o programa Formação
de Educadores em Educação Ambiental (FEIA) utilizando o tema
água).
22
sido debatido na Agenda 21, na Rio92. Esse conceito foi apropriado
pela sociedade civil como uma Agenda de Compromissos em que
dialogam com as pautas de interesse ambiental para a manutenção da
biota como um todo, mas pouco tem se efetivado. Não houve apoio da
mídia e aprofundamento de debates junto à sociedade de forma
motivadora ou consciente que levasse a uma transformação
significativa de ações ambientais individuais ou coletivas, e mais que
isso, a difusão de informações.
Referências
23
20). Tese de doutorado em Educação Ambiental do Programa de
pós-graduação em Educação Ambiental – PPGEA- Universidade
Federal do Rio Grande – FURG, 2017
24
TOZONI-REIS, M.F.C. Formação dos educadores ambientais e
paradigmas em transição. Ciência & Educação, v.8, nº1, p.83 –
96. Bauru, 2002
25
P
Capítulo II
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.3
26
A Educação Ambiental como campo acadêmico
27
Para Reigota (2012) não existe uma unicidade quando falamos de
Educação Ambiental, pois são muitas, com distintos referenciais
teóricos e políticos, com interesses que podem ser antagônicos e
adversários. No entanto, não se pode esperar uma hegemonia, pois
envolve diferentes atores e realidades, que de acordo com o autor,
podem ser observadas a partir da diversidade do campo científico. No
caso da constituição do campo da Educação Ambiental, segundo ele,
faz-se necessário entender o seu desenvolvimento e historicidade, os
aspectos que estão relacionados com a sua presença e inserção no meio
acadêmico das pesquisas, além de apresentar a contribuição dos
movimentos sociais, grupos e indivíduos que possuem pouco ou
nenhuma relação com o meio acadêmico. Assim, as possibilidades de
construção do campo da Educação Ambiental estão relacionadas a sua
emergência como um campo científico e acadêmico como efeito e
produto da acentuada atividade de movimentos ligados à sociedade,
grupos e pessoas, assim como também relacionado ao movimento
político e social baseado nas concepções pedagógicas e políticas
diferenciadas e existentes em diversos lugares educativos, não sendo
unicamente em escolas ou universidades.
28
Sauvé (2005) mostra que apesar da preocupação comum do
campo da Educação Ambiental com as questões voltadas para o meio
ambiente e da identificação do principal papel da educação com a
natureza para a melhoria de seus usos, os(as) distintos(as) autores(as)
ou grupos (animadores, organismos, professores(as), associações,
pesquisadores(as), pedagogos(as) etc.) admitem falas distintas a
respeito da Educação Ambiental e indicam diferentes formas de
construir e praticar a ação educativa neste campo, ou seja, cada um
pratica a sua própria visão.
29
enriquecer o campo da Educação Ambiental. Para isso, é necessário
desenvolver um movimento congruente unânime de metodologias de
pesquisa com epistemologias e ontologias, indagar a natureza e os usos
das interpretações existentes, seguindo a filosofia como aporte das
tentativas paradigmáticas da investigação (TRISTÃO, 2013)
30
o sujeito cognoscente e a realidade (GAMBOA, 1998). O autor destaca
que a concepção de realidade e de sujeito é o que direciona o método e
demarca a construção do conhecimento, sempre a partir de outro
sujeito produtor de sentido, sendo assim, diferentes concepções de
realidade determinam diferentes métodos.
31
tempo (CARVALHO, 2004; LOUREIRO, 2004); reconhecer e respeitar os
princípios da vida, da natureza e cultura num processo social histórico
(LEFF, 2001; CAPRA, 2003); ampliar e aprofundar os conhecimentos
complexos da problemática ambiental (MORIN, 2003; CARVALHO,
2004); construir novos saberes e valores para a construção de uma
realidade socioambiental sustentável (LEFF, 2001; QUINTAS, 2004);
integrar e articular diferentes saberes sociais e disciplinas para a
construção compartilhada de soluções e possíveis soluções dos
problemas socioambientais (LEFF, 2001; CARVALHO, 2004).
32
Correntes da Educação Ambiental
33
Macrotendência Conservadora
Macrotendência Pragmática
34
e articulada das causas e consequências dos problemas ambientais.
Essa ausência de reflexão deriva da crença na neutralidade da ciência e
resulta em uma percepção superficial e despolitizada das relações
sociais e de suas interações com o ambiente (LAYRARGUES, 2014).
Macrotendência Crítica
35
Considerando esse quadro de degradação ambiental vivenciado
pelo Brasil, faz-se necessário a inserção adequada de políticas de
inclusão para a sociedade, mas também a acelerada busca por
caminhos ligados a educação que favoreçam a elaboração de uma
percepção global, abrangente e crítica da problemática ambiental,
evidenciando a compreensão das interrelações dos diversos aspectos
que englobam a realidade, sejam eles humanos, políticos, físicos,
políticos, culturais e sociais. Deste modo, uma nova forma de ensino
voltado para a Educação Ambiental deve possibilitar um movimento
que busque integrar a problemática ambiental com o sistema
educacional, com o objetivo de transformar práticas tradicionais de
ensino em práticas que possam abranger a busca de soluções para os
problemas ambientais presenciados pela população e mostrar quais são
os limites e quais são as possibilidades de transformações para a
melhoria da qualidade de vida (FRACALANZA et al. 2005).
36
supremacia hegemônica do campo e a possibilidade de guiá-lo a partir
de seus interesses e suas interpretações da realidade.
37
Assim, as instituições de ensino, através de seus trabalhos e
pesquisas são instrumentos estratégicos, que exercem a função social
de estimular na sociedade a relevância de seu papel na tomada de
decisões para as alterações e transformações necessárias com o objetivo
no desenvolvimento de uma sociedade crítica e sustentável (SOUSA;
CARNIELLO; ARAÚJO, 2012).
Referências
38
CARNEIRO, S. M. M. Fundamentos epistemo-metodológicos da
Educação Ambiental. Educar em revista, p. 17-35, 2006.
39
FLORIANI, D. Educação Ambiental e epistemologia: conhecimento e
prática de fronteira ou uma disciplina a mais? Pesquisa em Educação
Ambiental, v. 4, n. 2, p. 191-202, 2009.
40
LOBINO, M. das G. F. A práxis ambiental educativa. Vitória: Edufes,
2013.
41
TEITELBAUM, A. El papel de la educación ambiental en América
Latina. 1978.
42
Capítulo III
Capítulo III
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.4
43
Políticas Públicas e a insustentabilidade do modelo
econômico vigente
44
Assim, são necessárias boas e efetivas Políticas Públicas focadas
na educação (não só na ambiental) para que ela seja de qualidade e
com formação de senso crítico,
45
direcionadas principalmente aos setores marginalizados da sociedade,
considerados como vulneráveis.
46
O PPCS identificou seis prioridades dentre os 17 temas
relacionados pelo Comitê Gestor de Produção e Consumo Sustentáveis
em 2009. Dois deles são claramente vinculados/direcionados ao projeto
em desenvolvimento, sendo eles: a) educação para o consumo
sustentável, que tem como objetivo conceber e colocar em prática
instrumentos como pesquisas, estudos de caso, guias e manuais,
campanhas e outros, para sensibilizar e mobilizar o
indivíduo/consumidor, visando a mudanças de comportamento por
parte da população em geral; e b) o varejo sustentável, que tem como
objetivo discutir a percepção do setor varejista a respeito da inserção de
práticas de sustentabilidade nas suas operações e o seu papel na
promoção do consumo sustentável, por meio de ações condizentes com
as premissas e objetivos do PPCS.
47
exploração e depredação ambiental, precisa dar lugar a um novo
modelo desenvolvimentista, que não se afaste do necessário equilíbrio
entre a vida lato sensu e os recursos naturais necessários à sua
viabilidade, a fim de compatibilizar os recursos e os valores para
oportunizar a existência atual e futura da humanidade, com bem-estar,
onde os recursos naturais não sejam esgotados ou degradados
irremediavelmente, garantindo o futuro dos seres humanos na Terra.
48
pós consumo, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei
n°12.305, de agosto de 2010, representa um notável avanço na
proteção e preservação do meio ambiente, quando por em evidência a
indeclinável mudança nos atuais e insustentáveis padrões de produção
e consumo, assim como a necessidade de reconfigurar e organizar o
manejo e o gerenciamento adequados dos resíduos em todo o país, com
a modificação do antiquado modelo até então arraigado na cultura de
omissão e permissividade de grande parte da sociedade. Instituiu
assim, uma série de mecanismos que são capazes de encorajar e
fomentar o consumo consciente.
49
hierarquicamente inferiores. Assim, a questão ambiental foi tratada de
forma deliberada na lei maior do Brasil e trouxe o conjunto de ideias
que norteiam a direção a ser seguida na questão ambiental.
50
preocupações, já que não podemos nos furtar ao debate, e nos
colocarmos em cegueira deliberada sobre o assunto.
51
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à
diversidade individual e cultural.
52
cada vez mais recorrentes, e esse cenário se torna mais crítico e,
consequentemente, as comunidades e populações mais vulneráveis são
as mais impactadas. São essas crises que acabam influenciando na
estruturação e implementação de Políticas Públicas, mas, atualmente, o
que se observa é uma falta de padrões para se pensar nos grupos mais
vulneráveis intersetoriais. Cada vez mais são desconsiderados esses
públicos prioritários. A Educação Ambiental apresenta, nesse cenário,
aspectos metodológicos que colocam como objetivo o atuar no
desenvolvimento social e nos aspectos econômicos, servindo como uma
ferramenta de conscientização para tornar recorrente o cuidado ao meio
ambiente.
53
Em 1988 ocorreu, após 5 anos de elaboração e debates, a
promulgação da atual Constituição Brasileira em 1988, que elevou ao
nível constitucional, ou seja, de maior valor entre os tipos de leis no
país, a questão ambiental e a Educação Ambiental como Política
Pública cogente quando aponta:
54
institucionalização, no Ministério do Meio Ambiente, os Núcleos de
Educação Ambiental do Ibama (NEAs) e se dá o II Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental, promovido pela REBEA, onde se estabelece a
necessidade de fortalecimento das Comissões Interinstitucionais de
Educação Ambiental (CIEAs). Em 1994 é aprovada a primeira versão do
Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), elaborado pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e por outros atores.
55
elaboração e na implementação da Política Pública. Dessa forma, a
Educação Ambiental já se institucionaliza com essa participação social,
o que traz uma riqueza de contribuições tanto na sua elaboração
quanto na sua implementação. Ainda em 2003 se realiza a 1ª
Conferência Nacional de Meio Ambiente e surge a Rede Universitária de
Política de Educação Ambiental (RUPEA).
56
iniciou, como será discutido adiante, uma consulta pública para a
elaboração da terceira versão do ProNEA.
57
Processos participativos de elaboração de Políticas Públicas
em Educação Ambiental
58
Figura 2: Esquema representativo do histórico das Políticas Públicas de
Educação Ambiental no Brasil. Nos retângulos pretos estão indicados algumas
das ações importantes acumuladas no período de 1981-2018.
Fonte: Maranhão (2021).
59
A participação popular se transforma no referencial de
ampliação das possibilidades de acesso dos setores
populares dentro de uma perspectiva de
desenvolvimento da sociedade civil e de fortalecimento
dos mecanismos democráticos, mas também de
garantia da execução eficiente de programas de
compensação social no contexto das políticas de ajuste
estrutural e de liberalização da economia e de
privatização do patrimônio do Estado (JACOBI, 2002,
p.444).
60
Nesta instância, todas as definições de ajustes ao texto eram
amplamente discutidas até que o consenso fosse alcançado. A redação
final das contribuições, no entanto, foi realizada por um subgrupo
menor2, com a missão de propor o texto que seria, então, aprovado pelo
GT ampliado e, em seguida, apreciado pelo Órgão Gestor e seu Comitê
Assessor.
61
total apoio e acompanhamento do Grupo de Facilitação da REBEA
como suporte. O esforço do Grupo de Trabalho para Consulta e
Sistematização foi concluído em maio de 2018.
62
mais de 25 anos de elaboração das Políticas Públicas, concebidas de
forma consultiva e participativa junto com a sociedade civil e, em
particular nessa área, com participação ativa da comunidade
acadêmica e de educadores(as) ambientais brasileiros(as).
63
nossas mentes”, como lançado pela Professora Jacqueline Guerreiro
Aguiar, representante da REBEA.
64
podem acarretar a interrupção da formação e articulação das 27 CIEAs.
Ocorreu, também, a redução drástica no orçamento que deveria ser
voltado para Educação Ambiental, com a fragilização das instituições
vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente como Ibama, ICMBio,
Agencia Nacional de Águas (ANA), entre outras e, com isso, essas
instituições também perderam a sua capacidade estatal de realizar e de
implementar as Políticas Públicas de Educação Ambiental no país. A
retirada da PNEA do Orçamento, por meio de sua exclusão do Plano
Plurianual (PP), demonstra o processo dessa política entre 2019 e 2021;
logo, das demais políticas de Educação Ambiental do nosso País.
65
Orçamento da União, mas também captados para realizar a Educação
Ambiental que giravam entre R$6 milhões a R$7 milhões. Já em 2019,
foram destinados modestos R$180 mil para a DEA, e que nem foram
totalmente utilizados, porque houve esse desmonte do serviço público,
com a sufocante limitação orçamentária, que inviabiliza o básico.
66
Assim, no debate foi levado aos(às) Senadores(as), não só a
questão do amplo desmonte das políticas ambientais, mas também – e
mais grave – da Educação Ambiental, que é sabidamente um processo
lento, contínuo e de formação de senso crítico, que ao sofrer solução de
continuidade, tem uma retomada muito difícil e de resultados incertos.
Considerações finais
67
prejudicada e agravada internacionalmente pelo retrocesso de políticas
que estavam dando resultados e, o pior, ajuda a fomentar o ciclo vicioso
e insustentável de consumo exagerado e pseudo felicidade nele
baseado, abismo social, miséria, fome e desesperança.
Referências
68
MANZOCHI, L. H. Palestra/aula realizada em 21 de outubro de
2021para a disciplina de Princípios e Práticas de Educação Ambiental,
do Programa Interunidades de Pós-graduação em Análise Ambiental
Integrada, PPGAAI, Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, 2021.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=sL9C6dQ2toE&list=PLWL407Uuc
q7N2SKeMGHnP0QwAcDiTFa7d&index=1>. Acessado em 20 dez 2021.
69
Página capitular
Capítulo IV
70
Retrospectiva e conceitos
71
imprecisa, através de atividades independentes de professores(as) da
educação básica e de ensino superior que, sob influência de ideais
conservacionistas que começavam a aparecer no mundo, realizavam
práticas identificadas como “estudo do meio” (ver adiante) ou “trabalhos
de campo”.
72
sustentabilidade em sua forma mais genuína e prática que a Educação
Ambiental aproximará os sujeitos envolvidos e a sociedade, do processo
de superar a iminente crise ambiental.
73
econômica também. Em meados da década de 1960, período em que o
Brasil se encontrava regido pela ditadura militar, a questão ambiental
era observada de forma cética pelo governo vigente, mas também pela
sociedade como um todo, e por sua vez, ignorada. Contrariamente
estavam as questões econômicas em voga, uma vez que o governo
brasileiro via na industrialização, uma oportunidade para o crescimento
econômico. A questão era que o setor industrial nacional, comparado a
outros Estados, era inconsistente e obsoleto, foi quando
permissivamente o capital estrangeiro adentrou ao território nacional
com o objetivo de industrializar o país (GABEIRA, 1985).
74
como prática educativa nos diversos níveis do ensino, entendendo por
Educação Básica (a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o
Médio), mas também incluindo outras esferas e modalidades de ensino
como o técnico, o superior, a educação especial e a educação de jovens
e adultos (EJA) sendo trabalhada de forma permanente, ou seja, a sua
presença nos currículos é imutável, devendo ser trabalhada de forma a
estabelecer inter-relação entre as linhas de atuação de formação e
capacitação, desenvolvimento científico, bem como a produção de
material educativo, além das ações de monitoramento e avaliação de
processos (BRASIL, 1999).
75
ambiente ecologicamente equilibrado como um bem de uso comum de
todos, configurando-o assim como categoria jurídica res comune
omnium. Por essa maior abrangência que a CF/88 deu ao tema,
Políticas Públicas começaram a ser instituídas.
76
as orientações e normativos do Conselho Nacional de Educação e
com documentos e agendas globais e locais referendados de
Educação Ambiental;
77
de obrigatoriedade, constituem-se no documento norteador da
estrutura curricular em todo o país. Filvock e Teixeira (2007) destacam
que o termo “parâmetro” foi utilizado para que o documento não tivesse
um caráter de imposição de um modelo curricular homogêneo, dando
certa autonomia a Estados, municípios e mesmo às unidades escolares
para definirem os conteúdos a serem abordados.
78
Figura 1: Temas Transversais dos PCN. Fonte: Brasil (2019).
79
limitando a uma única disciplina ou área de ensino, mas, ao contrário,
apresentando seu caráter interdisciplinar (BRANCO et. al., 2018).
80
No que se refere à Educação Ambiental, a BNCC apresenta
abordagens distintas entre as três versões iniciais quando comparadas,
e ainda uma outra na sua versão definitiva. A primeira versão, com 302
páginas, sequer menciona o termo “Educação Ambiental”,
apresentando, apenas, algumas “temáticas relacionadas com o meio
ambiente, trabalho, cidadania e direitos humanos precisam ser tratadas
como temas transversais, a partir de uma perspectiva interdisciplinar”
(BRASIL, 2015, s/p).
81
Vale mencionar que essa terceira versão ignorou completamente
as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2012), um documento
com mais de 500 páginas, o qual apresenta todas as orientações para
os sistemas de ensino realizarem sua organização, articulação e
desenvolvimento, e que veio de acordo com a Constituição Federal de
1988, com a Política Nacional do Meio Ambiente, Política Nacional de
Educação Ambiental, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
entre outros dispositivos.
82
Desnecessário se torna reafirmar aqui os princípios,
objetivos e as diretrizes já enunciados em documentos
como o Programa Nacional de Educação Ambiental e a
Política Nacional de Educação Ambiental, ambos
contemplados nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Ambiental. Basta, portanto, que a
Base enuncie essas Diretrizes claramente como sendo o
seu referencial a ser perseguido.
83
Quadro 1: Comparação quanto à abordagem dos Temas nos PCNs e a BNCC
Documento Parâmetros Base Nacional Comum Curricular
Curriculares (BNCC)
Nacionais
(PCNs)
Publicação 1997 2017/2018
Denominaçã Temas Temas Contemporâneos
o Transversais (Transversais e Integradores)
Caráter Recomendaçõ Determinação como referência nacional
Normativo es para a obrigatória para a elaboração ou adequação
Educação dos currículos e propostas pedagógicas.
Básica. Considerados como conteúdos a serem
Assuntos que integrados aos currículos da Educação
deveriam Básica, a partir das habilidades a serem
atravessar as desenvolvidas pelos componentes
mais diversas curriculares. Ademais, a BNCC recomenda
disciplinas. incorporar aos currículos e às propostas
pedagógicas a abordagem de temas
contemporâneos que afetam a vida humana
em escala local, regional e global,
preferencialmente de forma transversal e
integradora.
Base Legal Não havia o Todos são regidos por marcos legais
vínculo específicos.
obrigatório
com uma
legislação ou
norma
específica.
Por que Os temas devem ser incluídos no currículo como conteúdos a
Transversal? serem ministrados pelas diversas áreas de conhecimento, de
forma transversal.
Por que Em todos os documentos, as modificações representam
Mudar? importantes conquistas para a educação nacional e,
principalmente, para os Temas Contemporâneos e à
Transversalização dos conteúdos, que na BNCC receberam, no
currículo escolar, o espaço e o status compatíveis com a sua
relevância.
Fonte: Adaptado de Brasil (2019, p. 15).
84
curricular, mas sim de forma transversal e integradora. Para o MEC, a
BNCC traz, ao publicar o documento que apresenta Temas
Contemporâneos, conquistas relevantes para a educação em âmbito
nacional e, sobretudo, para a transversalização dos conteúdos, que
ganharam, finalmente, no currículo escolar, o lugar e o destaque
compatíveis com a sua importância (BRASIL, 2019).
85
conhecimentos na área socioambiental, a partir de ações pedagógicas
bem planejadas, individuais e coletivas (DIAS, 2004).
86
comunidade o melhor caminho em busca da sustentabilidade
(GROHE, 2014, p.2)”.
87
Entre 2003 e 2018, o MEC e o MMA incentivaram a juventude
brasileira a participar das decisões políticas relacionadas à Educação
Ambiental, por meio do coletivo jovem Com-Vidas, que se reúne tendo
como prerrogativa a participação nas Conferências Nacionais Infanto
Juvenis pelo Meio Ambiente (CNIJMA) as quais têm como condição de
participação a apresentação de projetos, avaliados em âmbito estadual
e selecionados para o evento federal. A IV Conferência Nacional
Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), ocorrida em 2013, teve
uma ampla repercussão no país e estimulou a participação das escolas
para a elaboração de projetos de Educação Ambiental que seguiam as
orientações do Manual Escolas Sustentáveis.
88
(UFMS), com o título de “Processo Formativo em Educação Ambiental
Escolas Sustentáveis e Com-Vida”, ocorreu no ano 2010, para a
formação de professores(as) do ensino fundamental e médio em 16
estados e no Distrito Federal, abrigando cerca de 1.600 cursistas,
inscritos em 39 pólos da Universidade Aberta do Brasil (PEREIRA et al.,
2011).
89
Figura 3: Componentes do Programa Nacional Escolas Sustentáveis
Fonte: Brasil (2014), MEC-PNES versão preliminar de 17 de julho de 2014, p. 11.
90
Nós trabalhávamos em diversas frentes, sendo que as
CNIFMA chegaram a ter milhões de participantes e a
ideia de criação de Escolas Sustentáveis era muito boa,
pois essas escolas seriam referências de
sustentabilidade para suas comunidades, com
integração entre currículo, gestão e edificações,
atingindo-se assim os adultos que puderam participar
dessas questões da contemporaneidade nas escolas,
aproveitando o espaço da escola. Era Uma emoção
receber aquelas fotos das escolas dos mais remotos
pontos do Brasil, uma ação incrível que eu acho será
inesquecível para muitas crianças. Havia a Comissão de
Meio Ambiente e Qualidade de Vida na escola e assim
conseguíamos realizar Políticas Públicas, que demoram
muito para se enraizarem (TRAJBERG, 2021, s/p).
91
A educação para a sustentabilidade e para as ciências da Terra
como um todo se trata de uma análise epistemológica, visando colocar
o indivíduo como sujeito ativo na relação com o meio, o que, no campo
da educação socioambiental aplicada aos geo e ecoparques, vincula as
aprendizagens ambiental e científica (SAUVÈ, 2010), desta forma
efetivando e possibilitando o contato com o objeto de proteção e
conservação.
92
com os elementos naturais, através da subjetividade, conduzindo o
sujeito à sua “condição natural” através da Educação Ambiental
(TOZONI-REIS, 2003; MENDONÇA; NEIMAN, 2003).
93
Referências
94
BRASIL. Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional
de Educação Ambiental. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em 14
dez 2021.
95
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos
Jurídicos. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Brasília, DF,
2017d. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/Lei/L13415.htm>.
96
XVI, n. 60, 2017. Disponível em
<http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=2771>. Acesso em 17 dez
2021.
97
<http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/cea/cea/Marilia_Reis_Tozoni.pdf>
. Acesso em 25 nov 2021.
98
Página capitular
Capítulo V
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.6
99
Aspectos epistemológicos e filosóficos
1 Em uma sociedade adiaforizada não importa mais a dor do Outro, os sentimentos das
pessoas, a perda de sua história, de sua cultura, ou ainda, a perda da natureza. É a
total insensibilização.
100
graduação “Princípios e Práticas em Educação Ambiental”2, bem como
onde podemos praticá-la, pois uma Educação Ambiental mais sensível e
ocupando “vazios” para os quais ninguém dá muito valor, seria a peça
chave no desenvolvimento de uma maior consciência a respeito de nós
mesmos e das nossas relações.
101
Da Sensibilização e Conscientização
102
problemática socioambiental, ou ainda, termos uma maior consciência
de quem somos e como estamos no mundo.
103
O que nas palavras da Rita Mendonça significa também
promover ações de Educação Ambiental com a natureza e não na
natureza ou pela natureza, de modo que nos aproximemos de uma
conscientização mais profunda. Ou seja, favorecer o desenvolvimento de
uma profunda consciência que somos parte integrante de um todo que
nos permeia, mas também nos interpenetra, transbordando e
viabilizando a vida; honrando a vida que há em nós, como reflete Rita
Mendonça:
Infância e natureza
104
a hipótese que a profunda divisão que os seres humanos atualmente
experimentam do mundo natural pode ser uma sequela psicológica de
uma desconexão ambiental precoce, já desde o nascimento, ocorrendo
devido aos partos não naturais (OLZA; MacDONNELL, 2010). Sendo
assim, evidencia-se cada vez mais que a biofilia5 precisa ser estimulada
desde muito cedo e se isso não acontece, começamos a desenvolver o
que Richard Louv denominou como Transtorno do Déficit de Natureza,
fazendo com que esse indivíduo não apresente um desenvolvimento
pleno.
5 Com origem etimológica no grego philia = amor a / inclinação a) pode ser traduzido
como amor às coisas vivas.
105
desenvolvimento pleno, tendo inclusive o poder de transformação,
conforme relato introduzido por Maria Isabel, ao contar a experiência de
um indivíduo que participou de uma vivência oferecida pela sua escola
em um parque nacional. Seu colega foi tão impactado pela experiência,
que decidiu fazer Engenharia Florestal e atualmente é um dos maiores
especialistas em mudanças climáticas do nosso país.
106
que muito favorece o desenvolvimento da biofilia, além do
estabelecimento de relações sustentáveis. Essa metodologia é composta
de brincadeiras que aprofundam o contato direto e sensível com o meio
natural, porém, também inclui um olhar que vai além das brincadeiras
e estabelece um fluxo de aprendizado.
107
saudável – imunidade, memória, sono, capacidade de aprendizado,
sociabilidade, capacidade física – além de contribuir significativamente
para o bem estar integral das crianças e jovens, um dos trabalhos do
Programa em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e
elaborado pelo Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza do Instituto
Alana, foi o manual de orientação chamado “Benefícios da Natureza no
Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes”, o qual também contou
com a participação em sua elaboração de Maria Isabel. No manual
encontram-se orientações para pediatras, educadores(as) e escolas,
familiares e para as crianças e os adolescentes.
108
nossa relação com a natureza/meio ambiente7, bem como existem
diferentes contextos de atuação, o que proporciona uma multiplicidade
de experiências que objetivam ora alcançar o sujeito político, ora o
sujeito social e, por vezes o sujeito psicológico. Portanto, segundo
Bertolucci et al. (2005) existiria não somente uma Educação Ambiental,
mas sim “Educações Ambientais”, as quais recorrem a diferentes
estratégias de sensibilização.
109
natureza, o que proporciona uma maior qualidade nas cidades, além de
favorecer estilos de vida e relações mais sustentáveis.
Referências
110
DORIGO, T.A. FERREIRA, P.N.L. Contribuições da percepção ambiental
de frequentadores sobre praças e parques no Brasil (2009-2013):
Revisão Bibliográfica. Revista de Gestão Ambiental e
sustentabilidade. Dez. 2015.
111
SAVOLAINEN, K. More Time Children Spend in Nature During
Preschool Is Associated with a Greater Sense of Responsibility for
Nature: A Study in Finland. Ecopsychology, IN PRESS, 2021.
112
Página capitular
Capítulo VI
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.7
113
O papel das organizações na Educação Ambiental
114
formas em diversos espaços, incluindo aí atividades de ecoturismo e
similares (já que o ecoturismo pressupõe a Educação Ambiental),
muitas vezes realizadas em conjunto com escolas e setor privado, e com
públicos diversificados. Outro componente de atuação de grande
relevância foi a inserção na área de Educação Ambiental, de empresas
em geral, como parte de sua responsabilidade socioambiental, que,
atualmente é denominada como Governança Ambiental, Social e
Corporativa - ESG (vide Capítulo VII).
115
estabelecimento de compromissos e ações pela qualidade de vida
planetária.
116
A Educação Ambiental nas Organizações não Governamentais
e na sociedade civil (redes e coletivos) socioambientalistas
117
O reconhecimento da Educação Ambiental no IPÊ
118
compreensão das percepções da população sobre os espaços naturais,
Suzana e a equipe do IPÊ se depararam com visões que não condiziam
com suas expectativas. Ela partiu de pressupostos que não se
enquadraram na contextualização histórica, geográfica, econômica e
cultural daquela comunidade.
119
Ambiental passou a ter credibilidade e ser respeitado, e, atualmente, a
sua importância é incontestável pelos membros do Instituto, não
havendo projetos dentro do IPÊ que não contemplem propostas de
Educação Ambiental. De acordo com Padua e De Souza (2007, p.117),
120
Ao se fazer Educação Ambiental com a comunidade, percebeu-se
a necessidade de unir valores societários correspondentes a cada etapa
da construção dos projetos educacionais, identificados na Tabela 1,
tendo como sua principal metodologia a pesquisa-ação, capaz de
conciliar um processo dialógico entre a ciência (racionalidade) e o senso
comum (sensibilidade e intuição).
Com uma mensagem potente e que nos faz refletir sobre o fazer
Educação Ambiental, Suzana (2021) entende que,
121
Só o conhecimento não leva a mudança. [...] Quando
você é tocado no conhecimento e no seu lado de seus
valores internos, você consegue realmente mudar sem
nenhum grande sacrifício (PADUA, 2021)
122
participaram do Comitê Assessor de implementação da Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e contribuíram para a
implementação da Política Estadual de Educação Ambiental (PEEA) em
São Paulo.
123
tomadas de decisões, pesquisas e formulações de Políticas Públicas. A
missão da rede é de socializar as informações, experiências e ações,
promover articulações com outras redes na área de Educação
Ambiental, almejando a sua qualificação e bases para construção de
políticas no Estado de São Paulo.
Segundo ela,
124
Brasil, acompanhadas pelas destruições ambientais, ataque aos povos
tradicionais e aos direitos básicos, principalmente pela perda de
conquistas trabalhistas e o desmantelamento das políticas sociais. O
desmatamento da Amazônia, os incêndios no Cerrado e Pantanal, a
perda de biodiversidade em diversos biomas, a liberação de agrotóxicos,
impactam diretamente na saúde e bem-estar da população como um
todo, dos ambientes e até na produção agrícola e exportações.
125
Em geral, no setor corporativo, o interesse em ações de Educação
Ambiental está na certificação pelo Inmetro nos sistemas de gestão da
qualidade (ISSO 9001) e gestão ambiental (ISO 14001) (BRASIL, 2020).
126
G: Refere-se à administração da empresa quanto à
composição do conselho, estrutura do comitê de auditoria,
conduta corporativa, remuneração dos(as) executivos(as),
relação com entidades do governo e políticos e a existência
de um canal de denúncias.
127
com a fome e venda de agrotóxicos (BRAGION, 2006; BRUNO, 2007
apud LINS; SILVA, 2009).
128
Muitas ONGs são refratárias, especialmente às parcerias com
entes privados que possuem em seu histórico quaisquer ações
consideradas insustentáveis, poluidoras ou outra característica que
possa abalar princípios éticos das ONGs em busca de apoio com
coerência. Outras entendem que o apoio caracteriza uma compensação
pelos crimes realizados e uma oportunidade de solução comum, para
quem danificou o ambiente e para quem pretende recuperá-lo. Há uma
ampla graduação entre a recusa e a aceitação de recursos de empresas,
conforme a filosofia de cada ONG.
129
Há uma grande tendência espontânea no crescimento da atuação de
grandes corporações em projetos envolvidos com causas ambientais.
Atrelados às responsabilidades e princípios do Instituto, como resultado
há o surgimento de mais adeptos para o agir cooperativo por causas
maiores.
130
diversos princípios morais e éticos, tais como o princípio da precaução,
a questão dos valores intrínsecos, do bem comum entre outros.
Interessante observar como a urgência das questões socioambientais,
as demandas por mitigar determinados impactos de grande vulto e os
recursos necessários, são resolvidas corporativamente nas ONGs e
empresas e como os dilemas éticos são tratados e resolvidos.
Referências
131
em:
<https://www.youtube.com/watch?v=q5oIOnXNVlk&list=PLWL407Uuc
q7N2SKeMGHnP0QwAcDiTFa7d&index=8>. Acessado em dezembro de
2021.
132
Página capitular
Capítulo VII
Movimentos
Leila Miyoko Hatai, AnaSociais, Fóruns
Beatriz da e
Silva Cunha de
Barros,
Rede Maurício Talebi e Andrea
de Educação Rabinovici
Ambiental
Leila Miyoko Hatai, Ana Beatriz da Silva Cunha de Barros,
Maurício Talebi e Andrea Rabinovici
doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5.8
133
Educação Ambiental e ambientalismo
134
ambiental passa a ser um objeto de estudo, assim como as questões de
raça, gênero e sexualidade (ALONSO; COSTA; MACIEL, 2007).
135
com tal nomenclatura. Diferente de Marcos Sorrentino, que começa a
sua trajetória na adolescência, em Embu das Artes (SP), na década de
1960 quando ainda não se usava o termo ambientalismo de fato e sim
se falava na “defesa do meio ambiente” e/ou “Ecologia” para engajar e
fortalecer a causa durante o período de ditadura no país. Segundo ele,
essa convergência entre movimento ambientalista e Educação
Ambiental é muito marcante.
136
assim como, o apoio às reservas extrativistas. As Organizações Não
Governamentais (ONGs) ambientalistas ampliam a interação com o
movimento indígena – pela proteção de suas terras – e aproximam-se de
setores do Movimento dos Sem-Terra (MST), que visa uma reforma
agrária agroecológica, bem como, de associações comunitárias – rurais
e urbanas (MARTOS, 2012, p. 75).
2 O Marco Temporal Indígena é uma tese que defende que os indígenas somente podem
reivindicar as terras demarcadas nas quais estavam, fisicamente, até o dia 5 de outubro
de 1988, quando foi proclamada a Constituição Federal de 1988. Para isso, esses povos
devem comprovar que estavam nos locais em questão. Fonte:
<https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/atualidades/marco-temporal-para-
demarcacao-de-terras-indigenas.htm>.
137
Participação social: Fórum Social, marchas, lutas,
manifestações
138
Em março de 1997 reuniram-se novamente no Rio de Janeiro
cerca de 80 representantes de países para avaliar o cumprimento dos
acordos elaborados na Rio92. A esse fórum internacional deram o nome
de Rio+5, ou seja, 5 anos após a realização da primeira Conferência no
Rio. Posteriormente realizou-se em Johannesburg a Conferência
conhecida como Rio+10, tendo como enfoque a necessidade de
avaliação do progresso tido na década que já havia transcorrido desde a
Rio92, bem como a criação de mecanismos que implementassem a
Agenda 21.
139
Quanto à natureza institucional das organizações e dos
movimentos em que os participantes estão envolvidos, é
óbvia a presença forte de movimentos sociais (25,7%) e
ONGs (19,4%). Os sindicatos vêm a seguir (16,3%).
Relativamente à área de ação (outra questão de
resposta múltipla), a educação é, de longe, a
dominante, com 47%, seguida da
participação/organização popular, com 30%, e dos
direitos humanos, com 24%. 35% dos participantes
declararam ser membros de partidos políticos,
percentagem que atinge os 44% no caso dos delegados
(SANTOS, 2004, p.64).
140
à pobreza e violência ou outros que são tidos como prioritários, como se
fossem concorrentes, sendo a questão socioambiental, um problema
das elites e das pessoas mais favorecidas, incluindo-se aí as discussões
sobre racismo ambiental, muito importantes e reveladoras desta
complexa discussão.
141
do FBOMS, optaram por não registrar estatuto, por
continuar como uma articulação. O que eu até acho
que foi uma decisão correta, não criou uma instituição
burocrática aí inclusive como isso continuou e com a
persistência da diversidade dentro do FBOMS. Houve
uma divisão, e algumas ONGs criaram a Associação
Brasileira de ONGs (ABONG) onde estavam as
organizações maiores, e não a diversidade que o
FBOMS acolhia (SORRENTINO, 2021).
142
Além disso, Martos (2021) entende que o Fórum Brasileiro de
Educação Ambiental (FBEA), criado nos anos de 1990, é extremamente
importante para falar sobre a participação social, uma vez que é a
partir dele que surge a REBEA, a qual hoje é um exemplo a ser seguido
(DIB-FERREIRA; GUERREIRO, 2010), pois com o avanço tecnológico a
comunicação em rede foi ampliada e se tornou mais diversa a cada
discussão, debate e/ou trocas que fomentam e mantém esta malha,
reunindo hoje aproximadamente 40 redes de Educação Ambiental e
educadores(as) ambientais de todo país.
143
Para Martos (2012) um dos pontos que passam a ganhar força
diante de sua necessidade dentro do movimento ambientalista na Rio92
é a participação governamental como um aspecto fundamental para a
execução da Agenda 21 de forma nacional e local, para que, de fato,
acordos instituídos fizessem parte do calendário corriqueiro dos
diversos territórios do país. Além disso, também ficou evidente a
urgência de se capilarizar e enraizar o movimento pelo fortalecimento
da atuação em redes, consórcios institucionais e parcerias que
unifiquem os protagonistas reais do movimento.
144
vida e respeito ao meio ambiente; 8) Estabelecer parcerias para o
desenvolvimento. Composto por 21 metas, mensurados e comparados
entre os países por meio de 60 indicadores.
Ecossocialismo ou ecoanarquismo?
145
contemporânea, além de capitalista na sua base socioeconômica, é
predatória na sua relação com a natureza e o meio ambiente. Para a
ecologia política um novo dilema básico agrega-se aos outros dois
fundamentais que dominaram o século XX (democracia-autoritarismo,
capitalismo-socialismo): sociedade predatória-sociedade ecológica.
146
estudantes, professores(as) e sociedade em geral debateram questões
ambientais (vide Capitulo IV). Esse movimento incluiu, além das
escolas regulares do ensino fundamental, escolas indígenas,
quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, de assentamento, de pescadores e
de pessoas portadoras de necessidades especiais.
147
Reconhecendo a presença e potência de diferentes atores
envolvidos, podemos considerar que o uso de múltiplas linguagens é
fundamental para aproximar e entender as diferentes realidades dos
sujeitos. Martos (2012) acredita que o uso do referencial teórico-
metodológico freiriano da Educação Popular, onde a práxis (ação-
reflexão-ação) levou a acionar outra categoria, a organização, é
elemento crucial. Segundo Martos (2021), era nítido que além de estar
consciente, era preciso organizar-se – como grupos – para transformar
a educação e a sociedade.
Referências
148
Integrada, PPGAAI, Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, 2021.
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jzp45w3ZqPo&list=PLWL407Uuc
q7N2SKeMGHnP0QwAcDiTFa7d&index=7>. Acessado em dezembro de
2021.
149
Sobre a organizadora e o organizador
Andrea Rabinovici
Bacharela e licenciada em Ciências Sociais (IFCH-UNICAMP,
1992 e 1994), especialista em Turismo Ambiental (SENAC-SP, 1998),
mestra em Ciência Ambiental (PROCAM- USP, 2002) e doutora em
Ambiente e Sociedade (NEPAM - UNICAMP, 2009). Foi vice-reitora em
exercício da reitoria (abril a maio de 2021) Vice-Reitora (novembro de
2020 a maio de 2021), chefe de Gabinete da Reitoria da Unifesp (de
agosto de 2017 a novembro de 2020), bem como Pró-Reitora de
Assuntos Estudantis (fevereiro de 2013 a julho de 2017). É professora
Associada III da Universidade Federal de São Paulo, campus Diadema,
no Departamento de Ciências Ambientais, na Área de Ética, Ambiente e
Sociedade e também é docente do Mestrado Acadêmico em Análise
Ambiental Integrada e vice-coordenadora da Cátedra Sustentabilidade e
visões de futuro da Unifesp. Foi docente da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCAR) em seu campus de Sorocaba, universidade com a
qual manteve vínculo como professora e orientadora no Mestrado
Profissional em Sustentabilidade em Gestão Ambiental (PROSGAM) até
o final de 2018. É também docente colaboradora do Mestrado
Profissional em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento
Sustentável da Escola Superior de Conservação Ambiental
Sustentabilidade (ESCAS), ministrando cursos e participando dos
comitês de orientação. Lecionou em várias instituições de ensino
superior particulares entre 2001-2007. Atuou voluntariamente como
Diretora de Projetos do Instituto Physis Cultura & Ambiente entre 1997
a 2011. É avaliadora de cursos superiores pelo INEP/MEC. Foi co-
editora executiva da Revista Ambiente e Sociedade. É revisora e
parecerista do periódico Revista Brasileira de Ecoturismo, da Revista
Ambiente e Sociedade, da Revista Turismo em Análise, Revista
Brasileira de Educação Ambiental, do Caderno de Ciências Sociais e da
Revista Rosa dos Ventos. Parecerista ad hoc da Fapesp e da FACEPE,
além da Fundaj. Atua na interface das áreas de ciências sociais
(antropologia), meio ambiente e turismo, com temas variados tais como
ambientalismo, Organizações Não Governamentais, processos
participativos, populações tradicionais, turismo de base comunitária,
quilombolas, áreas protegidas, inclusão social, ética e meio ambiente e
educação ambiental.
150
Zysman Neiman
151
Sobre as autoras e os autores
152
Maurício Talebi
153
Índice remissivo
abordagens, 6, 30, 33, 39, 81, 119 86, 91, 92, 126, 127, 139, 148,
152
ambientalismo, 14, 134, 135, 136,
138, 145, 148, 149, 150 práticas, 2, 3, 4, 5, 6, 25, 69, 90,
98, 101, 110, 111, 117, 123,
cidadania, 20, 29, 40, 45, 49, 64, 131, 132, 135, 148, 149, 153,
81, 114, 147 155
conscientização, 19, 34, 53, 54, 72, processo, 7, 11, 13, 14, 15, 17, 29,
92, 102, 103, 104, 115, 126 30, 31, 32, 41, 44, 46, 51, 53,
60, 62, 65, 66, 67, 71, 73, 74,
conteúdo, 3
80, 89, 92, 93, 94, 97, 100, 102,
crise, 11, 29, 34, 52, 53, 54, 72, 104, 105, 114, 119, 121, 124,
73, 134, 146 125, 126, 128, 136, 137, 142,
144, 145
crítica, 19, 24, 33, 35, 36, 38, 39,
40, 51, 67, 102, 116, 125, 145 projeto, 5
Subtítulo -
Coleção -
Páginas 160
Edição 1ª
Volume 1
Ano 2022
Cidade Diadema
ISBN 978-65-88471-39-5
DOI doi.org/10.47247/VV/AR/88471.39.5
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