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Unidade 1.

Aspectos introdutórios da temática socioambiental


Bruno Fonseca da Silva
OBJETIVOS DA UNIDADE

• Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão


sobre os problemas atuais, para descobrir quais os motivos de
o tema ser debatido atualmente;

• Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas


definições sobre o tema socioambiental;

• Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o


debate socioambientalista mundial.

TÓPICOS DE ESTUDO
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Introdução

// Os problemas ambientais da atualidade

// A interdisciplinaridade nas questões ambientais

// Um convite para repensar o amanhã

Conceitos e definições
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no
Brasil e no mundo
Movimentos mundiais
Introdução

Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões


ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos
referirmos aos aspectos da natureza, como a água, as plantas, os
“animais”; mas consideramos a “sociedade” como algo à parte, como se não
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas
nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus
significados. Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto,
inferiorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes – mas,
nisso, fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não
sabemos respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como
sociais; todavia, negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao
status social do outro. Nessa direção, chegamos ao limite: da
abundância de recursos naturais, mas também do preconceito,
iniciando uma corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e
alcançarmos a harmonia.

Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos.


Diferentemente de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura
sobressair-se ao outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide
social (Figura 1), o que, em determinados momentos, acarreta
discriminação.

No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se


a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com
outra: afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o
que nos levaria a pensar que questões sociais não são discutidas na
temática ambiental? O primeiro exercício necessário é a reflexão de
que não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser humano e
o seu meio constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é
aparentemente simples, mas torna-se complexa ao tentarmos colocá-
la em prática.

Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a


abordar esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca
pela sensibilização social, não se restringindo à conscientização.
Sensibilizar a população às questões socioambientais procura
estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a finalidade de
um ambiente de melhor convívio.

Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está


restrita às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade
socioambiental realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar
que a produção do conhecimento e o desligamento histórico entre
sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o
trabalho é o produto dos fenômenos e da relação entre sociedade e
natureza, que procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa
finalidade é denominada teleologia.

CONTEXTUALIZANDO

A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para


elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na
concepção de trabalho como processo de complexidade do ser social
e no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de
cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a
visão sobre o tema (LESSA, 2012).

Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que


temos com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais
que o envolvem. Compreender esse relacionamento socioambiental
exige conhecimento de diversas áreas – humanidades, sociais
aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma de construção
de conhecimento – nem sempre convergente –, e essa contradição, ou
contraposição de ideias tem a capacidade de formar novos
conhecimentos. É o que se denomina dialética.

Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento,


pois o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira,
a implementação do método cartesiano como forma de compreender
melhor os fenômenos que nos rodeiam acarretaram alguns
problemas: com o formato de fragmentação do conhecimento,
precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma
importância para compreendermos o ambientalismo.

CITANDO

Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética,


publicada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem
estrutural histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a
seguinte definição de dialética pelo autor: “O modo de pensarmos as
contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade
como essencialmente
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE

A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica


sérios problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se
tornarem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se
ausentaram das questões do ser humano e seu meio.
É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo
desenvolvimento regional, pois, durante o processo histórico, em
especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global.
Em geral, torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor
de serviços para a manutenção de empregos, geração de rendas e
afins.

Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em


determinada cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas
empresas que lhe darão suporte produtivo (peças, tecidos ou
qualquer tipo de matéria-prima). Também ocorrerá a ampliação do
comércio e outros meios de serviços, devido à chegada de novos
moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis,
restaurantes, entre outros. Além disso, os gestores regionais
procuram melhorar os serviços básicos, principalmente aqueles
relacionados ao transporte, o que facilita a locomoção. Isso
demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos anos,
gera maior engajamento.

Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há,


também, um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico
ocasionou a devastação de florestas, ameaçando a sobrevivência de
espécies. Essa remoção de cobertura vegetal também ocasionou a
degradação dos solos, bem essencial à manutenção da vida, assim
como dos recursos hídricos, que foram poluídos – em ambos os casos,
com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de bens
minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos
recursos não pôde acompanhar a demanda.

Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento


demasiado na geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a
constante emissão de particulados atmosféricos (orgânicos e
inorgânicos), por meio dos gases emitidos por indústrias, transportes
e pela realização de queimadas (Figura 2).
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte:
SOUZA, 2014.

Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém,


registraram impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a
busca por pessoas de outras regiões que aceitassem empregos
exploratórios, sujeitando-se a uma elevada carga de trabalho e a
baixos salários. Os resultados desse processo foram xenofobia e
inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra raça e
gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os
subgrupos, comentados anteriormente, foram incorporados
socialmente e ganharam força, mas sabemos que esses problemas
ainda se encontram presentes, embora as legislações e os
movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham obtido
resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.

CURIOSIDADE

A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia,


desafiou todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização
social da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade,
sendo a primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o
Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas distintas, química
e física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu
legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais,
principalmente nas áreas de física, química e na medicina.

É importante perceber que as atividades relacionadas à economia


estarão sempre interligadas aos problemas socioambientais. A
empregabilidade e a necessidade de circulação financeira elevam as
relações no interior da sociedade e o meio físico.

A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos


problemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são
enormes. O esquecimento de que educar é a principal ferramenta
para a formação de cidadãos é uma das principais delas. A realização
de mudanças deve ser iniciada a qualquer momento, por mais
simples que seja a atitude; porém, a educação será crucial e terá
impactos na construção de um novo futuro.

As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom


desenvolvimento socioambiental. A saúde humana é a principal
impactada e motivo de estudos em diversos países. Um dos temas
trabalhados em países desenvolvidos é a influência das questões
socioambientais na população, pois é perceptível o crescimento do
número de mortes por câncer devido à poluição, da procura por
psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento etc. –
e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As
melhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e
posteriormente no trabalho para modificação – formas de ação
denominadas práxis.

DICA

A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação


desse conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e
colaboradores (2016), chamado: “O conceito de práxis e a formação
docente como ciência da educação”. Mesmo com uma abordagem
mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os
princípios fundamentais do conceito.
A INTERDISCIPLINARIDADE NAS QUESTÕES AMBIENTAIS

Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema


causa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-
los para fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em:
• Discriminação por questões de classe, gênero, razão e etnia;

• Exploração irregular de recursos naturais;

• Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou


acadêmico;

• Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;

• desmatamento e caça predatória;

• 6Exploração de mão de obra;


• 7
• Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
• 8
• Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.

As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões,


debates e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A
academia, como principal membro estrutural de discussão dos
problemas socioambientais, tem o compromisso de trabalhar esses
temas e propor soluções. Entretanto, uma única ciência não é capaz
de ter a totalidade de conhecimentos necessários para essa
finalidade.

Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação,


para implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas
degradadas – mas tem o conhecimento necessário para compreender
as causas humanas que levaram à degradação do local. Um
administrador não tem, em seu perfil profissional, qualificação para
análises químicas de despejo de efluentes em rios – mas pode
trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para
propor uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos
demonstram a importância do trabalho conjunto das diferentes
áreas.

No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos


subdividir esse trabalho conjunto em três aspectos:

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1. Multidisciplinar
Cada área contribui com seu conhecimento, sem modificações; há
uma espécie de ponto de vista.
2. Interdisciplinar
As áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam
uma interligação de conhecimentos.
3. Transdisciplinar
Não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar
espécie alguma de divisão ou interrupção.

Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma


utopia, devido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de
área existente. No caráter multidisciplinar, a falta da construção de
novos pensamentos não apresentará eficácia quando em
comparação com a interdisciplinaridade. Já a interdisciplinaridade
recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um engajamento,
com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em
diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental
apresenta sua formação.

Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e


tecnológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma
disciplina, ou assuntos dentro de sua ementa, que abordam a
temática ambiental. Nesse sentido, os projetos ambientalistas, por
abarcarem diferentes áreas do conhecimento, demonstram robustez
de elaboração e execução, uma vez que sua construção exige
diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.

No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e


doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
apresentam a interdisciplinaridade de áreas como obrigatoriedade no
processo de construção de suas dissertações e teses. Caso o trabalho
não tenha esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As
questões sociais, inclusive, devem ser contempladas na problemática
da pesquisa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de
formar recursos humanos capazes de compreender e solucionar
problemas relacionados ao ambiente.
Continued
UM CONVITE PARA REPENSAR O AMANHÃ

Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no


futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada,
percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos
físicos.
Compreender a natureza e suas interligações é um processo
complexo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial
respeitarmos os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias
convidados a refazer um novo amanhã, e repensá-lo significa
transformar nossas atitudes e propor ações de melhoria.

Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de


soberba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria
ética que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser
colocada em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos
e que vivenciamos. Diferentemente das demais espécies, somos seres
pensantes – e, ao realizarmos escolhas e ponderarmos nossas
atitudes, conhecemos as consequências das nossas ações. Portanto,
ao prejudicarmos o meio em que vivemos, temos conhecimento dos
impactos que causaremos a nós mesmos.

As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos


propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este
é um trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do
nosso meio é fundamental para melhorar exponencialmente a
qualidade de vida e, consequentemente, nossa felicidade.

Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em ambos os


aspectos, financeiro e moral – pois passamos a refletir sobre o
coletivo, e não somente sobre as questões individuais. Procuremos,
portanto, sempre fazer esse exercício de pensar no próximo, sobre as
coisas que nos rodeiam e sobre o amanhã.

Conceitos e definições
construtivo.
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela
a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como
acadêmicos, devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós
construído, e não simplesmente recebido e reproduzido. Algumas
pessoas se perguntam por qual motivo existe a necessidade de
constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, artigos,
comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas
quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.

Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados


frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante
lembrar que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia
é dinâmica e se encontra em constantes transformações. As práxis
implementadas são responsáveis pelo surgimento de novas formas
de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento
teórico.
// Socioambiental/ambiental

Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou


ambientais) as relações existenciais entre sociedade e natureza. É
algo inseparável, que tem como produto o trabalho.

Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes,


mas um equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança
equilibrada”, pois durante séculos existiu uma discussão acerca de
uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável
pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso.
Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental
para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.

A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que
surgisse o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava
explorar os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de
pensamento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich
Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o
nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a
implementação das questões sociais sobre o ambiente.

// Meio ambiente
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências
ambientais. Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de
desuso, pois, ao inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a
metade de algo, e, devido à interligação existente, não se deve realizar
essa inferência.

Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus


aspectos físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma
inserção gradativa e abrangente na discussão. Por termos sido
acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o
conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser
usualmente empregado para o estudo das questões físicas
ambientais.

// Áreas degradadas
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é
a degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para
estudos de solos e ecossistemas.

As atividades humanas, principalmente de industrialização,


agricultura, pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e
improdutividade do solo, por meio do lançamento de rejeitos, como
elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área é degradada,
ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas
e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para
melhoramento de solos, afluentes e reflorestamento.

No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas


são constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a
aplicação de nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que
auxiliam, com sucesso, a recuperação de solos e rios.

Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou


compra de patentes para solucionar tais problemas, o que implica na
inserção de uma série de profissionais, como engenheiros, físicos,
químicos, administradores, biólogos e afins.

// Desertificação

A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações


das Nações Unidas (ONU).A utilização de recursos naturais de forma
inapropriada, somada às mudanças climáticas e aspectos físicos
naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que torna impossível
a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e
semiáridas.

Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente


africano, alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de
auxílio financeiro, países como os Estados Unidos entraram na
“corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando a existência de
áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto,
atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países
com tendências ao processo de desertificação, que podem ser
encontrados nas Américas, África e Europa.

No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na


Região Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de
Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em processo avançado
(Figura 3). A utilização das técnicas de agricultura por inundação,
associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às
condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das
áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de impactos
socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.

As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os


fatores sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo,
ocorre um impacto direto na produção de alimentos, bem como o
abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma
queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por
produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o
processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de
famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades
governamentais sobre o tema.

// Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor
ambiental são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado
corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O processo de
“chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e a “saída”,
denominada efluente.

Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos,


como gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se
uma temática de grande discussão, pois o destino, em sua maioria,
são os rios. Ao serem lançados em aquíferos, um dos principais
problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona
sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da
vida aquática.

Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à


capacidade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem
acontecer em seres humanos, por meio da ingestão, acarretando
sérios problemas de saúde.

azônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas concentrações


de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona problemas de saúde
nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de
peixes. Em algumas cenas,

Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e


monitoramento constante, por meio de análises químicas que
atendem às legislações ambientais.

Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente


pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam
a utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para
realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do
tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou
alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do
tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos de
mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e
buscar soluções.
// Bioenergia

As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos


acarretaram mudanças energéticas globais. A busca por fontes
alternativas de energia tornou-se crescente, a fim de evitar um
colapso energético futuro.

Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar


suas condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e
implementação de fontes limpas e renováveis.

A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores


níveis de impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis.
Matérias-primas como biomassa, sol, vento, são consideradas formas
de energia limpa (Figura 4).

É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará


algum nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.

Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem


particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os
hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à
saúde. Estudos apontam positividade em sua substituição por outras
fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente;
porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento.

A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre


produção de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas,
os óleos derivados da soja e do milho são os principais, mas são eles
também fontes nutricionais importantes.

Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia


solar e eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de
animais, principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para
implementação desses modais energéticos também é outra
problemática. Compreender tais problemas é importante para
entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia
sustentável, há alguma forma de impacto.
// Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas
iniciaram um processo de mudança e implementaram tecnologias em
seu processo de trabalho para proporcionar menos impactos ao
ambiente.

Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem


como na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato
produtivo é denominado de economia verde e tem demonstrado
adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e
privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de
impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade, com
diminuição de custos.

Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates


e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão
gradativamente reestruturando suas linhas produtivas e investindo
em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma
tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as
metas propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da
poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma
positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem
ocorrência de danos.
// Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante
consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção
econômica. Por quaisquer produtos utilizados necessitar, em seu processo,
de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações
ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de
recursos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar
sobre padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a
sociedade adquire e descarta seus bens – roupas, eletrodomésticos,
calçados e afins.

O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo


consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio
em que se aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de
felicidade, ocasionar uma mudança nessa forma de pensar é
complexo.

Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio
de mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos
naturais no futuro, já que a demanda é superior se comparada à
oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar
da população, assim como a falta de atendimento para questões
básicas e essenciais de manutenção diária.
// Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser
esclarecida, que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo
mutável – um dia poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é
uma observação das modificações do tempo numa faixa mínima de
30 anos.

Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande


modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança
pode apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas
de climas frios, por exemplo, podem apresentar constante
aquecimento.

As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da


problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio
atmosférico e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios
ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa
temática. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um
processo de aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer
um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do
planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação.

Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos


ocasionados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases
tóxicos no ar, são os principais responsáveis por esse processo
atualmente.
// Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de
tecnologias que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente,
como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A
terminologia tecnologias limpas também é usualmente empregada
nessa temática.

A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de


biomassa é considerada uma forma de desenvolvimento sustentável.
As inovações tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo
acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão social
também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido à
necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em uma
tentativa de diminuir as desigualdades.

Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são


necessários altos investimentos em pesquisas que busquem fontes
alternativas em substituição parcial, ou total. Atividades que
contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente
interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um
desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas
estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por
países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
// Preservação e conservação
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm
significados totalmente opostos. A preservação é designada para
áreas com proteção total, em que não pode ocorrer nenhuma forma
de intervenção humana. Quando se trata de conservação, poderá
ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando indícios de
qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações
que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo
como punição de descumprimento multas e/ou prisões.

O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e


difícil de ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o
descompromisso de empreendimentos, tentativas de subornos e
trabalho exploratório e ilegal, são situações encontradas na
exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas
têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins,
cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma
face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora
existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e
estudadas.

Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta


de novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas
ecológicas. Os estudos de base (aqueles que dão margem a outras
pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São fatores
como esses que demonstram a importância de proteção das
respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos
casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
// Ecologia, ecossistemas e biomase espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em
determinados casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados.

O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com


características (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros
aspectos) bem definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata
Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.

Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e


abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um
conceito bastante utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os
setores de tecnologia da informação também têm-se apropriado
dessa terminologia.

Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado


espaço nos debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre
entidades governamentais, empresas e instituições universitárias,
visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os
temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias,
informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
// Equidade social

A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais
atuais. A questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser
humano em sua relação com o meio físico, mas abranger também a
relação entre seres sociais.

O termo igualdade adentra este século para realizar reparos,


consertar e evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro
termo tem tido sua aplicação ampliada: a equidade.

Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação,


julgamento e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade
busca estudar o caso, ocasionando uma restruturação de regra, mas
sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5).
// Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e
distribuição de alimentos seguros para toda a população. As políticas
voltadas a mecanismos produtivos e disponibilidade de alimentos, a
serem elaboradas pelas entidades governamentais, é denominada
soberania alimentar.

A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos


aqueles voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O
contexto também está relacionado à aquisição de alimentos
saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças
causadas pelo consumo alimentício inadequado também são
relacionadas à segurança alimentar.
RESÍDUOS SÓLIDOS
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem
adquirido e descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais
podem ser reciclados e/ou reutilizados. Contudo, o descarte
inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais
atuais.

No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos


(Lei n° 12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda
políticas de gestão, responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização
de coleta seletiva e sistema de informações sobre o gerenciamento de
resíduos.

Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um


trabalho efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento
de resíduos. Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a
separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na sociedade.
// Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas
étnicas e de respeito ao próximo, em alguns casos, não são
implementadas.

No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um


determinado grupo social e inferiorização de outro é algo ainda
encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática
uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa,
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem
todos os dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo
inteiro, sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão
do hoje e promover ações que terão efeitos significativos em curto ou
longo prazo. Os meios acadêmicos e as universidades são os
principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas,
embora não sejam exclusivas nessas mesas.
// Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início
marcado pela Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária
de trabalho, em maioria exploratórios, fez diversos teóricos
debaterem a problemática.

Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias


atuais: Karl Marx elabora as primeiras formulações sobre o
capitalismo. A corrente de pensamento de Marx era uma dura crítica
à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos
lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes
donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de
poluição que se alastravam pela Europa.

As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a


classe operária procurar lutar por alguma forma de garantia de
direitos. Esse fator estava atrelado, também, à constante
modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e
fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas
perspectivas levaram os operários a lutar e a construir sindicatos,
reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também
resultaram no surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas
temáticas ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a
qualidade de vida social foi peça-chave para o surgimento de
encontros que buscassem propor soluções de mitigação. Reuniões
que anteriormente eram realizadas para atender às preocupações
com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas
pautas ambientalistas.

O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de


uma importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta
contra o uso de armas nucleares, incorporou temáticas importantes
em seu discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade,
preconceito racial e consumo consciente, dando margem a outros
debates pouco comentados naquele período.
// O Brasil no caminho da responsabilidade social
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas
anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de
expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os
problemas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes
devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas
definirem seus estudos sem a ocorrência de algum tipo de retaliação.

A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a


distribuição e posse de terras para os pequenos agricultores.
Diferentemente do que se imagina, esse grupo de trabalhadores são
os principais responsáveis pelo abastecimento alimentício nacional.
As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na manutenção do
mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais
centros do agronegócio mundial.

// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde


O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente.
Além da morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem
acesso a alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores
como esses impulsionaram o problema da fome existente em
diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram
com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução Verde.
Entre os períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e
México procuraram implementar tecnologias que acelerassem a
produção agrícola.

Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe


problemas ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes
era algo corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio
físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram
realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de
utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem
divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles
realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera
silenciosa.

A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de


pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e
saúde humana, foi considerada livro célebre pelo movimento
ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na época,
ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção
e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente, não foi
rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento
de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis
mais baixos de impactos ambientais.
// Conferência de Estocolmo
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com
chefes de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais,
denominada Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente,
popularmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6).

Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível


escassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais
foram debatidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração de
Estocolmo, que promovia ações ambientais. A importância dessa
reunião é pautada por ser a primeira vez que as entidades
governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos
ambientais.
// A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das
instituições governamentais e seus respectivos gestores, o que
culminou na criação do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate
Change, em 1988.

A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados


relacionados a mudanças climáticas, com a proposta de
conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de solução
e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas).
// Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser
construído o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo,
porém, foi realizada apenas no ano de 2005.

Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da


vida no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na
emissão de gases do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na
atmosfera.

Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões


de CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do
termo créditos de carbono, em que uma tonelada de dióxido de
carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas
certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.
// Eco 92 e Rio + 20

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,


popularmente conhecida como Eco 92, foi uma das principais
reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um
significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta.

Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir


um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o
início da ascensão global das discussões sobre os problemas
ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução
(Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental
para elaboração do Protocolo de Quioto.

A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo
a reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência
também teve como foco a observação e discussão de problemas
ainda existentes e buscou formas de soluções futuras. Um grande
diferencial do encontro foi a intensificação dos debates voltados à
implementação da economia verde.
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável

Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados


Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o
desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17
objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento
Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também
foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.

Sobre a confederação da ONU Eco 92, é incorreto afirmar que:

Foi a primeira a ser realizada sobre a temática de preocupações


ambientais.

Teve a participação de chefes de Estado do mundo inteiro.


Demonstrou a importância e preocupação em relação às causas
ambientalistas.SINTETIZANDO

A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais


causadores dos impactos ambientais, transformando radicalmente o
modo de vida social. Esse processo também ocasionou o afastamento
do ser humano em relação a seu meio, o que causou uma diferença
entre sociedade e natureza. Além disso, o deslumbramento com os
aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista fizeram com
que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à
disseminação de diversas formas de discriminação.

O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram


uma série de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do
solo, que impactam seriamente a manutenção e qualidade de vida.
Ademais, o surgimento e disseminação de doenças relacionadas a
impactos ambientais é algo presente na sociedade atual, e tais fatores
levam-nos a refletir sobre a necessidade de reestruturarmos nossas
atitudes.

As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc.


são de cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser
humano e natureza são indissociáveis. A compreensão de todos os
aspectos, humanos, físicos e afins, na óptica interdisciplinar, é
fundamental, devido à robustez em receber e interligar diferentes
formas de conhecimento.

Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus


conceitos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a
atenção dos setores públicos para as causas ambientalistas. A
percepção que este é um tema que influencia diretamente os
aspectos sociais e econômicos fez com que a temática adentrasse as
agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a
importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante
disso, têm um único fim: proporcionar para sociedade uma vida
sustentável.

Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos
órgãos governamentais e das grandes empresas, porém. Assim como
a sociedade procurou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se
à sensibilização com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de
todos, e somos responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes
hoje farão a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar
melhor qualidade de vida para as próximas gerações.

Responsabilidade socioambiental
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços
tecnológicos e crescimento econômico foram obtidos. Com o
aprimoramento tecnológico e inúmeras descobertas em todas as áreas
do conhecimento, passamos a controlar os elementos da natureza e a
aumentar sua capacidade de produção. Muitos desses avanços visaram
à produção e o consumo sem avaliar questões de risco ambiental e
social.

O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento


pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou
em um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos
anos estamos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de
consumo resultantes da economia capitalista.

Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e


conectadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que
padrões de consumo adotados em escala mundial resultam em perdas
progressivas de características geográficas, regionais e culturais, bem
como na contaminação ambiental, que resulta em perda de diversidade
de fauna e flora.

Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade


socioambiental. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a
responsabilidade socioambiental está ligada a ações que respeitam o
meio ambiente e políticas que tenham entre seus principais objetivos a
sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental também pode ser
compreendida como um conjunto de práticas exercidas por cidadãos,
governos e empresas públicas e privadas que têm por objetivo
providenciarem a inclusão social (responsabilidade social) e o cuidado
com o meio ambiente (responsabilidade ambiental).

Se de um lado temos observado diversas atividades que causam


degradação socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a
O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL

Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças


decorrentes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente
desenhados e são debatidos por diversas organizações e meios de
comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do
desenvolvimento industrial é a globalização.

Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo


globalizado, alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução
Industrial intensificou o uso e a pressão sobre os recursos naturais
renováveis e não renováveis para atender à intensificação da
produção industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores
nas indústrias e em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas
–, muitas pessoas saíram do campo para morar nas cidades, processo
que culminou na urbanização. A revolução verde levou ao campo das
tecnologias nunca vistas, permitindo incrementos anuais na
produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a
demanda interna e externa das redes de mercado global.

EXPLICANDO
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior
capacidade de manutenção e não se esgotam facilmente, são
exemplos: água, solo, matéria orgânica e vento. Os recursos
naturais não renováveis são aqueles que se esgotam quando
usados sem práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não
é comparado à cronologia de vida humana, são exemplos:
petróleo, carvão mineral, gás natural, xisto betuminoso e energia
nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os exemplos
citados são de origem fóssil.
Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos
negativos ao meio ambiente e à perda de características sociais: há
aumento das áreas desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e
hídrica, perda de biodiversidade, os produtos consumidos não são
corretamente descartados, há aumento da desigualdade social, entre
outros (Figura 2).

Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras
ecológicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem
exigindo continuamente modelos de produção de bens e serviços
obtidos por meio de tecnologias que repensem questões de
competitividade e que considerem formas de mitigação do impacto
social e ambiental.

A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos


têm sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além
da avaliação, ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento
ambiental e para o despertar da responsabilidade socioambiental
devem ser propostas por governos, empresas e cidadãos.

A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DE


MODERNIDADE

Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as


questões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre
responsabilidade socioambiental. Isso vem acontecendo porque o
mundo moderno se deu conta de que os impactos dos nossos hábitos
de produção e consumo não estão alinhados com o poder de resiliência
do planeta, uma vez que seus recursos são limitados.

Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações


governamentais e não governamentais têm se dedicado cada vez
mais a programas de implementação de práticas socioambientais e de
conscientização da população. A ideia consiste em identificar, eliminar
ou, ao menos, reduzir o impacto negativo que uma determinada
atividade possa causar.

EXPLICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se
dedicam à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:

• Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);


• Agenda ambiental na administração pública;
• Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
• Instituto socioambiental (ISA);
• Fundo casa socioambiental;
• Verdejar socioambiental;
• Instituto Ethos.
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as
práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis.
Atualmente, os programas devem fomentar e inserir a responsabilidade
socioambiental como um compromisso diário a ser adotado pela
sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo melhor para
as futuras gerações.

Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem


ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade
socioambiental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade
sabe identificar cidadãos, instituições, organizações e empresas que
investem em políticas e na cultura organizacional sustentável,
posicionando-se de forma ética e responsável.
Aspectos legais
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se
dizer que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e
avançadas do mundo. O cumprimento das leis socioambientais
nacionais é, em sua grande parte, de aspecto jurídico, mas também
podem ser aplicáveis às pessoas físicas.

A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou


jurídica, que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio
ambiente estará passível de sanções penais administrativas, que serão
aplicadas independentemente da obrigatoriedade de recuperar o dano
causado. O poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou
indiretamente, pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo
dano ambiental real e potencial, que será estipulado por entidades da
área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da atualidade e das
gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de interesse
mundial, o que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo, há
grande dificuldade na comprovação da escala do dano causado, devido
à complexidade de mensuração, assim, a responsabilidade deverá ser
objetiva.

O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também


pode ser responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando
há omissão de sua responsabilidade legal.

A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade,


dignidade humana e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve
orientar as relações sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos
e empresas exerçam práticas de responsabilidade socioambiental,
devemos ter em mente que, antes de qualquer coisa, há necessidade da
regulação das políticas e dos direitos sociais, entre eles, educação,
saúde, habitação e assistência social.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção
de uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade
socioambiental associada às penalidades legais e exercida pelas leis,
normas e infrações devem ser conhecidas e praticadas pela sociedade
civil, governos e empresas.

Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que


tem natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos
sociais que, quando não cumpridos, resultam em multas e/ou
penalidades. Os encargos sociais têm origem na Consolidação das Leis
de Trabalho (CLT). Eles são os custos pagos pelo empregador sobre a
folha de pagamento de salário dos colaboradores.

LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS

O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País.


Existem também as leis estudais e municipais, bem como os órgãos que
se certificam de que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho
Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente
(MMA)

A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os
direitos dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro
em carteira de trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso
semanal remunerado, pagamento de salário, férias, fundo de garantia
do tempo de serviço (FGTS), décimo terceiro salário, hora extra, adicional
noturno, aviso prévio, licença maternidade e paternidade.

A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além


das regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades.
Deve considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade
de gênero e pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação
continuada para o aprimoramento do nível do conhecimento do
colaborador, além da relação ética entre os colaboradores.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS

Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho


socioambiental ou normas determinadas por lei, ela está exercendo seu
papel como pessoa jurídica, ou seja, a empresa está somente seguindo
os aspectos jurídicos inerentes ao seu setor. Ser uma empresa social e
ambientalmente responsável vai além das obrigações legais e
econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate aos
problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável.

A série ISO (International Organization for Standardization – organização


internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na
cultura organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por
normas que vão além das exigências legais e algumas podem se tornar
tão importantes que passam a ser exigidas em lei. As normas ISO no
Brasil são controladas pela ABNT NBR (Associação Brasileira de Normas
Técnicas).

A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que
a empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais
decorrentes de sua atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto
e no longo prazo. A norma estabelece algumas práticas:

• Implementação de um sistema de gestão ambiental;

• Rotulagem ambiental;

• Análise de desempenho ambiental;

• Análise de ciclo de vida;

• Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento


de produtos;

• Comunicação ambiental;

• Mitigação das mudanças climáticas.

A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:


• Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia
de forma consciente;

• Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado


ambiental;

• Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da


cultura organizacional;

• Menor risco de falência;

• Abertura a patrocínios e boa visão internacional;

• Possível diversificação setorial;

• Adesão de novos grupos de clientes;


• Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos.

A série ISO 9000 fornece meios para implementação e


monitoramento contínuo de técnicas para otimização de processos
pela implementação de um sistema de gestão da qualidade. As
normas que compõem a série ISO 9000 estão sempre sendo
atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas do mundo
todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios:

• Aumento da produtividade;

• Redução de custos;

• Produtos e serviços de maior qualidade;

• Credibilidade e reconhecimento interno e externo;

• Visão mais ampla do fluxo de trabalho;

• Segurança nos procedimentos internos;

• Colaboradores engajados e integrados.


A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e
segurança ocupacional com foco na melhoria do desempenho das
empresas em termos de saúde e segurança do trabalho. Segundo a
própria norma, uma organização é responsável pela saúde e segurança
ocupacional dos trabalhadores e outros que podem ser afetados por
suas atividades. Esta responsabilidade inclui promover e proteger sua
saúde física e mental.

Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO


45001 em uma empresa:

• Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;

• Redução de afastamentos por acidente de trabalho;

• Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x


empregado;

• Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.

A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das


empresas. Implementando um sistema de gestão de energética, a
empresa tem como benefícios:

• Uso de tecnologias modernas e eficientes;

• Redução dos custos com energia;

• Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças


climáticas.

A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento


das atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são
realizadas auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que
deve ser credenciada e reconhecida por órgãos nacionais e
internacionais. Organizações que aderem às normas ISO possuem
sistema de manejo integrado e se colocam no mercado como
responsáveis socioambiental mente.
Desenvolvimento sustentável
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes
capitalistas, passando a depender do consumo cada vez maior de
energia e recursos naturais (recursos renováveis e não renováveis).
Atrelado a isto, da década de 1950 em diante, a preocupação com uma
eminente explosão demográfica global resultante do crescimento dos
países pobres causou um interesse global pelos temas populacionais.
Iniciaram-se diversos movimentos para controlar a fecundidade dos
países pobres. Na Conferência Mundial de População, realizada pela
ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidos
articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de
estímulo à redução do crescimento da população por meio de redução
da taxa de natalidade, do outro, os países pobres e em desenvolvimento
defendiam que políticas de desenvolvimento eram necessárias.

Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de


desenvolvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e
novos meios de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez
que a disponibilidade dos recursos era finita.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável


baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços,
de medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes
da ação humana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso
de bens e serviços suficientes para atender às necessidades básicas,
proporcionando melhor qualidade de vida, enquanto reduz o uso de
recursos naturais e materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão
de poluentes.

De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das


políticas de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:

• Retomar o crescimento;
• Alterar a qualidade do desenvolvimento;
• Atender às necessidades essenciais do emprego, educação,
alimentação, saúde, energia, água e saneamento;
• Manter um nível populacional sustentável;
• Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos
recursos;
• Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a
sociedade.

Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das


organizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e
manter-se dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas
exploratórias, predatórias e que visassem o lucro deveriam dar espaço
para relações sociais justas e para bem-estar dos seres vivos.

Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável


das nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na
realidade, deve-se entender o desenvolvimento sustentável como um
conjunto de práticas que não limite o desenvolvimento econômico, mas
que considere que os recursos naturais são finitos e devem ser usados
sob um viés conservacionista. Assim, se estabelece um paradigma que
consiste em diminuir o consumo e a exploração dos recursos renováveis
e não renováveis pelos países desenvolvidos, garantindo que países
industrializados – em desenvolvimento – possam se modernizar,
proporcionando qualidade de vida às suas populações em sinergia com
o meio ambiente.

Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há


consenso entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato,
diversas ações foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda
há muito a ser feito.

AÇÕES GLOBAIS RUMO AO DESENVOLVIMENTO


SUSTENTÁVEL
Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da
ação humana, bem como sobre a necessidade das práticas de
responsabilidade social são vistos diariamente nos meios de
comunicação. Cada dia mais é exigido que a sociedade adote uma
postura de mudança diante de seus meios de produção e de suas opções
de consumo.
As consequências do desenvolvimento em condições de
insustentabilidade fizeram com que diversos cientistas discutissem a
transgressão das fronteiras planetárias. As fronteiras planetárias se
referem ao poder de fornecimento de recursos e da resiliência do
planeta diante dos hábitos e moldes de produção e consumo. O conceito
pode ajudar a sociedade civil e o poder público na definição de modelos
de produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As nove
fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são:

As consequências do desenvolvimento em condições de


insustentabilidade fizeram com que diversos cientistas discutissem a
transgressão das fronteiras planetárias. As fronteiras planetárias se
referem ao poder de fornecimento de recursos e da resiliência do
planeta diante dos hábitos e moldes de produção e consumo. O conceito
pode ajudar a sociedade civil e o poder público na definição de modelos
de produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As nove
fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são:
[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de biodiversidade e
extinção de espécies); depleção da camada de ozônio estratosférico; acidificação dos
oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio); mudança no uso da terra;
uso global de água doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução de poluentes
orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais e microplásticos. Das nove, quatro já foram
ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da integridade da biosfera, mudança no uso da
terra e fluxos biogeoquímicos (MARTINE; ALVES, 2015, p. 445).

Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos


considerar duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que
consiste na absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios
infravermelhos emitidos pela superfície terrestre. Este processo permite
que a superfície terrestre se mantenha em temperaturas ideais para os
seres vivos. A segunda situação aborda o efeito estufa antrópico, no qual
o aumento da concentração atmosférica dos gases do efeito estufa,
causados pelo uso excessivo de recursos não renováveis – como os
combustíveis fósseis –, resulta no aumento da temperatura da superfície
terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 4).
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo
caso, bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a
velocidade das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.

Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos


extremos podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura
dos oceanos, ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos,
desertificação, derretimento das calotas polares, redução da diversidade
de fauna e flora, entre outros.

O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante


das práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos
de uma pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do
planeta. A pegada de carbono pode ser calculada, tornando-se um
índice, geralmente, expresso em emissão de dióxido de carbono – um
dos principais gases do efeito estufa causado pelo homem – que
quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre a bioesfera. Estes
dados individuais podem ser extrapolados para medir os efeitos da
atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas
públicas e desenvolvimento de novos produtos.

CURIOSIDADE
Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou
simplesmente saber mais sobre a pegada de carbono na sua
região. Fornecendo informações sobre sua dieta, seus hábitos de
transporte e consumo de energia, uma calculadora especializada
fará os cálculos e você poderá comparar sua pegada com a de
pessoas de outros países.
Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes
energéticas. Porém, existem diversas alternativas sendo
disponibilizadas e aprimoradas pela ciência. Diante desse contexto,
abordamos a ideia de energia limpa. Ela vem de fontes de energia
renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-las, estamos
reduzindo a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. São
exemplos de energia limpa aquelas provenientes de fontes solares,
eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes.

Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus


processos produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse
mercado internacional cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na
quantidade de gás não emitido para a atmosfera, sendo que cada crédito
se refere a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t CO2e). Não
somente o dióxido de carbono é contabilizado, outros gases causadores
do aquecimento global também, mas seus valores são calculados
considerando sua equivalência em moléculas de dióxido de carbono.

Os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e


conscientes em relação à produção e à origem dos alimentos. Nesse
sentido, a agricultura intensiva vem avançando lentamente na busca de
tecnologias e processos que minimizem problemas de poluição e
degradação dos recursos naturais e que ofereçam produtos seguros ao
consumidor final. Podemos citar o zoneamento econômico-ecológico, a
agricultura de precisão, a fixação biológica de nitrogênio, as práticas de
controle da erosão do solo, os sistemas de plantio direto e o manejo
integrado de pragas. Além disso, a produção orgânica será decisiva
como a agricultura do futuro, assim como os sistemas agroflorestais,
a agricultura sintrópica e o consumo local. Cada vez mais, os
consumidores buscam opções de produtos originários do modelo
orgânico de produção. Tais sistemas resultam em sustentabilidade no
curto e no longo prazo, uma vez que são baseados em práticas de
responsabilidade socioambientais com abordagens integradas. Os
processos produtivos nesses sistemas são baseados nos mecanismos e
processos naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e fertilizantes
sintéticos.

AS TRÊS DIMENSÔES DA SUSTENTABILIDADE


A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de
práticas de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas
governamentais e pela atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o
emprego das três dimensões da sustentabilidade, como mostrado na
Figura 6.

A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e


consumo, deve considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo
em vista a diversidade cultural, étnica, religiosa e de gênero, bem como
questões regionais da comunidade.

Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade


na rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-
ganha, de forma que haja retorno, na forma de lucro, ao investimento
realizado pelo capital privado e qualidade de vida aos colaboradores.

Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e


consumo deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente
corretas. Termos como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa
e sete R’s proporcionarão uma cultura organizacional ambiental nas
empresas, residências e espaços públicos, uma vez que conduzem ao
desenvolvimento do perfil de responsabilidade socioambiental.

Debates mundiais
Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida
oficialmente, resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente. Após alguns anos depois da Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente de 1983, nasce um grande marco da pauta
ambiental elaborado pela Comissão de Brundtland, o relatório
nomeado como Nosso futuro comum.

Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os


meios de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do
desenvolvimento sustentável. Em 1988, uma união entre a ONU Meio
Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) resultou na
criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas
(IPCC), sendo que os resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas
realizadas no mundo todo são reunidas e relatórios e planos de ação são
publicados periodicamente. A famosa Cúpula da Terra, realizada no Rio
de Janeiro em 1992, foi um marco de sua década, pois discutiu a
importância de se agregar os componentes sociais, econômicos e
ambientais nas buscas pelo desenvolvimento sustentável e finalizou a
Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, estabeleceu metas
obrigatórias de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37
países signatários.

Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos


concretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional,
regional e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
foram resultado de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na
década de 90 sobre as condições do desenvolvimento humano. A
formulação dos ODM contou com especialistas renomados de diversas
áreas que estiveram focados na redução da pobreza extrema observada,
principalmente, nos países pobres e em desenvolvimento.

Todos os países signatários da época aderiram ao acordo,


comprometendo-se em inserir em suas políticas, ações para alcançar os
objetivos. Os oito objetivos do milênio foram definidos conforme o
Quadro 3. Eles deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então
discutidos novamente.
AGENDA 21

A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-


se no Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-
se a relevância dos países em parceria com empresas, organizações
governamentais e não governamentais em se comprometerem com
estudos para avaliar e combater os problemas socioambientais. Desde
a sua finalização, a Agenda 21 foi aprimorada e adaptada a condições
mais palpáveis para os níveis de desenvolvimento de cada País. É
importante lembrar que cada País desenvolveu sua Agenda 21, inclusive
o Brasil.

Ela discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como:


combate à pobreza, mudança nos padrões de consumo, cooperação
internacional, proteção e promoção da saúde humana, proteção da
atmosfera e de ecossistemas, proteção da biodiversidade, proteção da
infância, desenvolvimento rural, Dia da Mulher, fortalecimento das
populações indígenas, dos trabalhadores, dos agricultores, do comércio
e da indústria etc.

CONTEXTUALIZANDO
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD) finalizou a Agenda 21, um
documento dividido em 40 capítulos que aborda os meios para
que seja adotado em escala planetária um padrão de
desenvolvimento sustentável. No total, 192 países acordaram e
assinaram a Agenda 21.
A partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os
moldes industriais e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-
se até os dias atuais) promover a qualidade de vida e não apenas o
crescimento individual estimulado pela produção e consumo
injustificado.

AGENDA 2030

Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos


Estados Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade
internacional, que elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a pobreza e promover
vida digna a todos, considerando os parâmetros sustentáveis de uso dos
recursos naturais.

O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o


desenvolvimento sustentável, que deve ser cumprido até 2030, traz um
plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade.

Os 17 ODS’s são:
Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na
realidade de cada País signatário, considerando suas prioridades
internas, mas voltando-se para um desenvolvimento global. Eles são
integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três
dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a
ambiental.
Contexto atual
Atualmente, a população brasileira é de, aproximadamente, 212 milhões
de pessoas distribuídas ao longo das 27 unidades federativas que
compõem nosso país. Um dos principais indicadores que revela a
riqueza de um País é o seu Produto Interno Bruto (PIB), que calcula o
valor de toda a riqueza produzida por um País considerando o
desempenho dos três setores que compõem a economia. Em 2019, o PIB
do Brasil foi de R$ 7,3 trilhões e a ordem de participação dos setores
neste resultado foi: serviços, indústria e agropecuária (IBGE, 2020). Com
este resultado, o País ficou entre as dez maiores economias do mundo
(FUNAG, 2020).

Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com,


aproximadamente, 12% do território coberto por florestas. Apesar de
usarmos mais fontes de energia não renováveis do que renováveis
(56,5%), usamos mais fontes renováveis do que o resto do mundo. Além
disso, há riqueza de fauna e flora, biomas diversificados e uma imensa
diversidade étnico-cultural.

Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo


fortalecimento de um perfil mundial voltado à questão da
responsabilidade socioambiental, o País posiciona-se em um contexto
estratégico, no sentido de que as organizações brasileiras podem se
destacar mundialmente de maneira positiva na geração de ambientes
sustentáveis de produção e consumo.

Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes


concretas, que adotam não somente ideologias, mas que praticam
rotineiramente as pautas mais atuais do desenvolvimento sustentável,
como ecoeficiência e os 7’Rs. Para isso, elas aprimoram-se e se
reposicionam, utilizando a tecnologia, a diversidade e os recursos sociais
e ambientais do nosso País, garantindo credibilidade nacional e
internacional.

CONTINUE
O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos
naturais nos processos produtivos e de consumo, de forma que não
deixe de atender às necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes
devem focar no uso consciente de matéria-prima renovável em
processos produtivos que minimizem a geração de resíduos, além disso,
devem apresentar elevada produtividade sem deixar de lado a
qualidade. Basicamente, significa produzir mais com menos.

O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo


deve incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas,
subsidiando e divulgando) e as empresas devem adaptar seus processos
e procedimentos operacionais.

Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de


acordo com oito elementos fundamentais:

• Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços;


• Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços;
• Minimizando a dispersão de tóxicos;
• Fomentando a reciclabilidade dos materiais;
• Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis;
• Estendendo a durabilidade dos produtos;
• Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais
racional dos recursos naturais e energéticos.

Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores para analisar


a ecoeficiência do produto:

• Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a utilização


sustentável de recursos renováveis?
• Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
• Ele descarta materiais tóxicos em seu processo produtivo?
• Os materiais utilizados são recicláveis ou biodegradáveis?
• O produto promove seu uso racional?
• A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentáve
OS 7 R’S DA SUSTENTABILIDADE

Os 7 R’s são um conjunto de práticas de educação ambiental para


garantir a mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável.
A questão central é a de repensar costumes e hábitos, reduzindo o
consumo e o desperdício. Os 7 R’s são verbos que nos passam a
sensação de ação. Observe a Figura 7.

Repense seus hábitos, consuma o que é realmente necessário. Recuse


produtos e serviços de origem insustentável, conheça a origem da
matéria-prima. Reduza o lixo gerado e, assim, o gasto energético no
processo. Repare seus produtos quebrados em vez de comprar novos.
Reintegre, por exemplo, compostando o lixo orgânico. Recicle o lixo,
separe-o e leve para reciclagem. Se não pode reciclar, reutilize, dando
funções novas e sustentáveis aos produtos. O foco está em pensar que
não existe jogar fora!
SINTETIZANDO

Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a


humanidade passou por um processo de intensificação do
desenvolvimento industrial. Segundo os moldes capitalistas, os meios de
produção e consumo, baseados no uso de recursos renováveis e não
renováveis, tornaram-se insustentáveis. Discussões sobre a necessidade
de mudança para uma postura sustentável se intensificaram.

Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável


passou a exigir que as cidades e seus cidadãos, governantes e empresas
passassem a pensar em como inserir as práticas de responsabilidade
socioambiental em seu cotidiano. A responsabilidade socioambiental
passou de um ideal para um conjunto de leis, normas e certificações que
reposicionam as instituições no mundo globalizado.

Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo


discutida por organizações compostas por países do mundo todo.
Estudamos eventos históricos, como a Comissão de Brundtland, a
criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças, a Cúpula da
Terra, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas e a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável, que reformularam os objetivos
desenvolvimentistas considerando as questões ambientais. Neles,
documentos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a
Agenda 21 e, atualmente, a Agenda 2030, reescreveram nossos modelos
de produção, consumo e descarte de produtos.

Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do


Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), que foram enumerados a fim de
erradicar a pobreza até 2030.

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