Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
educacional
gente criando o futuro
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz
Diretor-presidente Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira
Autoria Bruno Fonseca da Silva
Camila Bolfarini Bento
Projeto Gráfico e Capa DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design lnstrucional,
Edição de Arte. Diagramação. Design Gráfico e Revisão.
1
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
® 1
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
<g)
1
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.
© 1
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
1 EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
1
EXPLICANDO
Expllcaçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao específica da
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1 -Aspectos introdutórios da temática socioambiental
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13
lntrodução .............................................................................................................................. 14
Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 16
A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 19
Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 21
Sintetizando ........................................................................................................................... 38
Referências bibliográficas ................................................................................................. 39
Unidade 2. Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42
Sintetizando ........................................................................................................................... 68
Referências bibliográficas ................................................................................................. 69
Unidade 3- Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 72
Sintetizando ........................................................................................................................... 98
Referências bibliográficas ................................................................................................. 99
Unidade 4 - Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do desenvolvimento
socioambiental
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 102
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O professor Bruno Fonseca da Silva é
graduado em Geografia (Licenciatura)
e Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente pela Universidade Federal de
Pernambuco, atuando desde 2013 em
estudos relacionados às ciências am
bientais. Suas pesquisas concentram
-se no monitoramento ambiental, por
meio da análise de elementos químicos,
radioisótopos e compostos orgânicos
para avaliação da qualidade do ar - utili
zando organismos vivos (líquens) - e do
solo. Tem publicações, participações em
eventos científicos e ministração de cur
sos e palestras.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq. br/3215963517080495
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A professora Camila Bolfarini Bento
é Doutora e Mestre em Biotecnologia
e Monitoramento Amb iental pela Uni
versidade Federal de São Carlos (2020),
licenciada em Biologia (2020) e Bacha
rel em Engenharia Agronômica pela
Universidade Estadual Paulista (2012).
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq. br/3230386423166043
Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram
conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós
graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e
nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE
ser
educacional
Objetivos da unidade
Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os
problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido
atualmente;
Tópicos de estudo
Introdução Histórico dos debates
• Os problemas ambientais da a respeito de ética e
atualidade responsabilidade social no
• A interdisciplinaridade nas Brasil e no mundo
questões ambientais
• Um convite para repensar o Movimentos mundiais
amanhã
Conceitos e definições
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Introdução
Atualmente, a humanidade apresenta forte
••
preocupação com as questões ambientais. No
sentido restrito, utilizamos o termo "ambien
te" para nos referirmos aos aspectos da natureza,
como a água, as plantas, os "animais"; mas conside
ramos a "sociedade" como algo à parte, como se não
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para
inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig-
nificados. Quando abordamos a palavra "animais", em certo ponto, infe
riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes - mas, nisso,
fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos
respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia,
negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro.
Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais,
mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para
equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen
te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao
outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que,
em determinados momentos, acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se
a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra:
afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o
que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis
cutidas na temática ambiental? O primeiro exer
cício necessário é a reflexão de que não existe
diferença entre sociedade e ambiente: ser hu
mano e o seu meio constituem algo mútuo
e unitário. A compreensão é aparentemente
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos
colocá-la em prática.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Classe A
Renda mensal 37,4%
acima RS 14.695 da renda nacional
Classe B
Renda mensal
RS 4.720 a RS 14.695
Classe C
Renda mensal
RS 1.957 AR$ 4.720
Classe D/E
Renda mensal
até RS 1.957
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20.
CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para
elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção
de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho
abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e
sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema
(LESSA, 2012).
RESP0NSABILI0ADE SOCIOAMBIENTAL.
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di
versas áreas - humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz
uma forma de construção de conhecimento - nem sempre convergente -, e
essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no
vos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois
o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa
ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos
que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação
do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma
importância para compreendermos o ambientalismo.
CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi
cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural
histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição
de dialética pelo autor: "O modo de pensarmos as contradições da rea
lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente
contraditória e em permanente transformação" (KO NO ER, 2008, p. 8).
•
Os problemas ambientais da atualidade
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé
rios problemas ambientais. Para movimentar a "máquina" financeira e se tor
narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram
das questões do ser humano e seu meio. É complexo afirmar que os governos
são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his
tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral,
torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a
manutenção de empregos, geração de rendas e afins.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su
porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também
ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran
tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser
viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita
a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos
anos, gera maior engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também,
um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devas
tação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co
bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma
nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos - em
ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de
bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos
não pôde acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti
culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por
indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, suJeitando-se a uma
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo
ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra
raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co
mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força,
mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as
legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham
obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.
CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia,
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à interiorização social
da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a
primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel
duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou
contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico
é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de
física, química e na medicina.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento
etc. - e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me
lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba
lho para modificação - formas de ação denominadas práxis.
DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des
se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores
(2016), chamado: "O conceito de práxis e a formação docente como ciên-
cia da educação". Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia,
os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis
sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios - mas
pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor
uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân
cia do trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi-
dir esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi
cações; há uma espécie de ponto de vista;
2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras
e formam uma interligação de conhecimentos;
3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo,
sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de
vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente.
No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas
em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta
sua formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tec
nológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou
assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sen
tido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimen
to, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua constru
ção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado
e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas
como obrigatoriedade no processo de construção de
suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha
esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
questões sociais, inclusive, devem ser contempiadas na problemática da pesqui
sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma
nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Conceitos e definições
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento
••
é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é
dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de
vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples
mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo
existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras - livros, notas,
artigos, comunicações curtas -, e essas questões dúbias são erradicadas quando
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequen
temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são
passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em
constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur
gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen
samento teórico.
Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais)
as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem
como produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa "balança equilibrada", pois duran
te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes:
ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre
no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda
mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse
o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar
os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen
samento, denominada determinista, foi elaborada por
Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo
gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri
meiros relatos escritos sobre a implementação das
questões sociais sobre o ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Meio ambiente
Termo usua lme nte empregado nos estudos voltados às ciências ambienta is.
Entretanto, há cientistas que i n iciara m uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos
a palavra "meio", esta ría mos a bordando a metade de algo, e, devido à i nterl igação
existente, não se deve rea l iza r essa i nferência.
Por m u itos a nos, as q uestões a m bientais fo ra m a bordadas nos seus aspectos
físicos. Contudo, o papel socia l tem a presentado uma i nse rção gradativa e a bra n
gente na d iscussão. Por te rmos sido acostumados (ou até mesmo doutri nados)
a d ivid irmos o con hecimento para melhor com p reensão, esse termo pode ser
usualmente empregado pa ra o estudo das q uestões físicas a m bientais.
Áreas degradadas
U mas das ma iores problemáticas
a m bientais existentes atualmente é a
degradação ambienta l . O termo é em
pregado principa lmente para estudos
de solos e ecossistemas.
As atividades h u manas, principal
mente de ind ustrial ização, agricu ltura,
pecuá ria, e m i neração, destacam-se no
desmatamento e improd utividade do
solo, por meio do l a nçamento de rejei
tas, como elementos q u ím icos tóxicos.
Ao d izermos que u ma área é degrada
da, ocorre uma referência àq uelas que se encontram a ltamente pol u ídas e req ue-
rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para mel horamento de so-
los, afl uentes e refloresta mento.
No meio acadêmico, pesq u isas voltadas à rec u peração dessas á reas são cons
ta ntes. O avanço nas ciências dos materiais possibil itou a a p l icação de nanopartí
cu las, hidrogéis e estruturas poliméricas q u e a uxil iam, com sucesso, a recu pera
ção de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesq u isas ou com pra de
patentes para sol ucionar tais problemas, o que i m p l ica na inserção de u ma série
de profissionais, como engenheiros, físicos, q u ím icos, a d m i n istradores, biólogos
e afins.
R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I O A M B I ENTAL .
Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das
Nações Unidas (O NU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada,
somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra
dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa
zendo surgir áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano,
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países
como os Estados Unidos entraram na "corrida", com o intuito de adquirir lucros,
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri
tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos
países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados
nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco,
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri
cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração
devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui
sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na
tentativa de mitigar o problema.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA 2015.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im
pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos
moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo
a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e
afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí
lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen
tais sobre o tema.
Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental
são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em
nossas atividades do cotidiano. O processo de "chegada, recebimento" da água
é denominado afluente; e a "saída", denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança
dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente
no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento
e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci
dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla
reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O
enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela
mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes,
com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio,
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à
ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é
d ema nstrad a a morte gradativa dessas p essa as.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente
pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a
utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de
tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili
zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo.
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes
quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o
problema e buscar soluções.
Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta
ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa
ção de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum
nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par
ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar
bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos
apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis,
com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante
atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção
de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados
da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais
importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi
palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses
modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas
é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia
sustentável, há alguma forma de impacto.
Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram
um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como
na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno
minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte
de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra
restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra
tividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de
bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos
estão gradativamente reestruturando suas linhas produti
vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição,
principalmente para atingir as metas propostas em acor-
RESPDNSABILl □ A□ E SOCIOAMBIENTAL.
dos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu
bem-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos "forçados" ao constante consumo,
e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais
quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima
originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur
sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões
de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar
ta seus bens - roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons
ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren
deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu
dança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu
dança de atitudes - e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já
que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá
ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi
mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema,
uma primeira definição precisa ser es
clarecida, que é a diferença entre clima
e tempo. O tempo é algo mutável - um
dia poderá ser de sol, e o outro é de
chuva. Já o clima é uma observação das
modificações do tempo numa faixa mí
nima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo
dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem
plo, podem apresentar constante aquecimento.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble
mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca
sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo
é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti
ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque
cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de
glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio
nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os
principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias
que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam
bém é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló
gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas
as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des
sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula
ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários
altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi
tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão
sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus;
entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
Preservação e conservação
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to
talmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total,
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo
mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com
legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo
como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal,
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas,
em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de
novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que
há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a im
portância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biornas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos
com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa,
busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações
fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema
complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para
obtenção de resultados.
O biorna é compreendido pela delimitação de uma região com característi
cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini
das. No território brasileiro há seis biornas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado,
Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos
e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências.
Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa
ção também têm-se apropriado dessa terminologia.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais,
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo
das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e
evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli
cação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento
e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso,
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da
justiça (Figura 5).
Igualdade Equidade
Figura 5. Exemplificação d a d iferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Sh utterstock. Acesso em: 24/08/2020.
Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição
de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis-
RESPDNSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti
dades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são
relacionadas à segurança alimentar.
Resíduos sólidos
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar
tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu
tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas
ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res
ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor
mações sobre o gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efeti
vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes
como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco
executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de res
peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determina
do grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado
neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma
cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa,
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover
ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmi
cos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as
Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas.
Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa
mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária,
e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos
dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se
alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe ope
rária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava
atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência
de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados.
Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reco
nhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no
surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções
de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo
cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau
tas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im
portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso
de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu
discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre
conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou
tros debates pouco comentados naquele período.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Brasil no ca minho da responsa bilidade socia l
Após o período d a D itad u ra M i l ita r e constitu ição do B ra s i l com o d e mocra
c i a , novos d e bates s u rg i ra m . A e l a boração da Constitu ição gara ntiu as legisla
ções tra ba l h istas a nter i o r m ente red uzidas d u ra nte a d itad u ra . A l i be rd a d e d e
expressão e de i m p re n sa é d evo lvida, a m p l ia n d o a ascensão sobre os p ro b l e
mas socia is, p r i n c i pa l m e n te re l a c i o nados à pobreza, existentes devido à l i ber
dade dos pesq u isa d o res das c i ê n c ias h u m a n a s defi n irem se u s estudos s e m a
oco rrê n c i a de a lgu m tipo d e reta l iação.
A reforma agrá ria é o utro i m porta nte ma rco, q ue poss i b i l ito u a d istr i b u i
ç ã o e posse d e te rras pa ra os peq u e n os agric u l to res. D ife re nte m e nte d o q u e
s e i m a g i n a, esse gru po de tra ba l h a d o res s ã o os p r i n c i pa is respon sáve i s p e l o
a baste c i m e nto a l i me ntício nacio n a l . A s gra n des l avo u ras, as agro i n d ú strias,
tê m foco na m a n u te n ção do m e rcado i nte rnacio n a l, u ma vez q ue o B ra s i l é u m
d o s p r i n c i pa i s centros do agro negócio m u n d i a l .
O Movimentos mundiais
A Seg u n d a G u e rra M u n d i a l teve
••
fi m no a n o de 1 945 e de ixo u conse
q u ê ncias graves p a ra h u ma n idade.
O m u nd o p rec isava reestrutu ra r-se
fis i c a m e nte e eco n o m i c a m ente. A l é m
da m o rte d e m i l ha res de pessoas, o u
t r o gra n d e gru po ficou sem acesso a
a l i m e ntos e su p r i m e ntos d e neces
sidades básicas. Fato res co mo esses
i m p u l si o n a ra m o p ro b l e m a da fo me
existe nte e m d iversos pa íses d o m u n
do, m e s m o a nte r i o r m e nte à g u e r ra, e fize ra m com q u e s u rgisse u m a visão agrí-
cola d e n o m i n a d a Revol ução Verd e. Entre os pe r íodos de 1 960 e 1 970, p a íses
como Estados U n idos e M éxico p ro c u ra ra m i m p l e m e nta r tec n o l ogias q u e ace
l e rassem a prod ução agríco l a .
Por o u t ro l ado, a u t i l ização dese n frea d a de pesticidas tro uxe p ro b l e m a s
a m b i e n ta is. O uso de pro d u tos q u ím icos co m o fe rtil iza ntes e ra a lgo corr i q u e i -
R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I OAM B I ENTAL .
ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem
como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam
protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre
sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles
realizado por Rachel Carson em 1 962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes
ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu
mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno.
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança,
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com
níveis mais baixos de impactos ambientais.
Conferência de Estocolmo
O fim da Segunda Guerra também
ocasionou outras preocupações am
bientais. O relatório produzido pelo
Clube de Roma em 1 972 apontou um
problema de crescimento rápido da po
pulação e que os recursos naturais não
conseguiriam suprir as necessidades.
Naquele mesmo ano, a O N U de-
cidiu realizar a primeira reunião com
chefes de Estado que procurassem
tratar dos problemas ambientais, de
nominada Conferência Mundial do
Homem e do Meio Ambiente, popu
larmente conhecida como Conferência
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência
de Estocolmo (Figura 6). de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 20 1 8.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente,
com os aspectos ambientais.
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui
ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação
do IPCC - lntergovernmental Panei on Clímate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões
econômicas).
Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído
o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada
apenas no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga
ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de
C02, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos
de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito
em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer
cado internacional.
Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176)
de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de
finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor
nou-se o início da ascensão global das discussões sobre
os problemas ambientais, tendo como foco a busca
por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o
relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela
boração do Protocolo de Quioto.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
ENV la0N MEN T AND DEV ELOP MEN T
Rio de Janeiro 3 - 1 4 June 1 992
■-li ■
ICI . , "... , ■
..
IJ.. .
. ª. . O
..
■· ,
• , • •.
· • ·l i•
1 • l•I
•
. ' ". ' '
...
' 'I
m 11 11•t:' 11·'
, • • <Ili
:,:
, :: :: ::
,. . ' . "· 1
(9
•
OBJETIV")S
DE DESENVOLVlt,1ENTO
1
1, 1 :, 1
SUSTENTAVEL
Figura 8. Os 1 7 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasil, 201 5.
R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I O A M B I E N TA L .
Sintetizando •
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causado
res dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida so
cial. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação
a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso,
o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista
fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disse
minação de diversas formas de discriminação.
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série
de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impac
tam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e
disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente
na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de
reestruturarmos nossas atitudes.
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de
cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e nature
za são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e
afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e
interligar diferentes formas de conhecimento.
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus concei
tos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores
públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que
influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática
adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a
importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um
único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável.
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos go
vernamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procu-
rou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização
com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos
responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão
a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar me
lhor qualidade de vida para as próximas gerações.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Referências bibl iográficas •
ARUANAS (seriado). Direção de Estela Renner. Rio de Janeiro: Globoplay, 2019.
(40 min.), son., color.
BRASIL. Lei n. 12.305/10, de 2 de agosto de 2010. Diário Oficial da União, Bra
sília, DF, Poder Legislativo, 03 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/I12305.htm>. Acesso em: 24 jul. 2020.
CREAJR-PR [Programa]. Brasil e as energias renováveis. [s.1.J, 30 ago. 2010.
Disponível em: <https://creajrpr.wordpress.com/2010/08/30/brasiI-e-as-ener
gias-renovaveis/>. Acesso em: 23 jul. 2020.
FEITOSA, E. 1972: o Brasil na Conferência de Estocolmo. 1 imagem. Eco Kids,
Eco leens, Ministério Público do Estado da Bahia, 12 mar. 2018. Publicado por
Karina Cherubini. Disponível em: <http://www.ecokidsecoteens.mpba.mp.br/
1972-o-brasil-na-conferencia-de-estocolmo/>. Acesso em: 23 jul. 2020.
GOMES, M. e.o. A poluição ambiental e sua agressividade. Jornal Cruzeiro do
Sul, 24 set. 2014. 1 fotografia. Disponível em: <https://www2.jornalcruzeiro.com.
br/materia/571762/a-poluicao-ambiental-e-sua-agressividade>. Acesso em: 22
jul. 2020.
IBGE. A pirâmide econômica brasileira (2015) de acordo com os dados da Pes
quisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE versus as declarações
do Imposto de Renda. 2016. 1 gráfico. ln: MUSSI, L. O paradigma da inclusão
social na indústria cosmética brasileira: pesquisa, desenvolvimento e va
lor agregado para as camadas sociais menos favorecidas. 2016. 41f. Traba
lho de Cone! usão de Curso (Especialização) - Faculdade de Gestão da Inovação
Tecnológica, Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba, 2016.
KONDER, L. O que é dialética. São Paulo: Brasiliense, 2008.
LESSA, S. Mundo dos homens: trabalho e ser social. São Paulo: Instituto Lukács, 2012.
LEITE, M.; ALVES, E. (Colab.). Há 25 anos, Eco-92 tentava convencer o mundo a
se salvar. PROCLIMA, São Paulo, jun. 2017. 1 fotografia. Disponível em: <https://
cetesb.sp.gov.br/proeiima/ 2017/O 6/02/ha-2 5-an os-eco-92-tentava-conven cer
-o-mundo-a-se-salvar/>. Acesso em 23 jul. 2020
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU Brasil]. Transformando nosso
mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Tradução Centro
de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) Rio de Janeiro: ONU,
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
2015. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Aces
so em: 25 jul. 2020.
MAIA, F. Fenômeno de salinização. [2015]. 1 fotografia. ln: SILVA, V. PINEIRO, A.;
BERNSTEIN, A. Cabrobó (PE) rumo à desertificação. Educação Pública, 10 nov.
2015. 1 fotografia. Disponível em: <http://educacaopublica.cecierj.edu.br/arti
gos/15/22/cabrob-pe-rumo-desertificacao>. Acesso em: 23 jul. 2020.
PEREIRA, D. A.; ROCHA, S. F. M.; CHAVES, P. M. O conceito de práxis e a formação
docente como ciência da educação. Revista de Ciências Humanas, Rio Grande
do Sul. v. 17, n. 29, p. 31-46, 2016.
POTT, C. M.; ESTRELA, C. C. Histórico ambiental: desastres ambientais e o des
pertar de um novo pensamento. Estudos Avançados, São Paulo. v. 31, n. 89, p.
271-283, 2017.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE
ser
educacional
Objetivos da unidade
Contextualizar a necessidade da responsabilidade socioambiental na
sociedade globalizada;
Tópicos de estudo
Responsabilidade Desenvolvimento sustentável
socioambiental • Ações globais rumo ao
• O nascimento do mundo desenvolvimento sustentável
globalizado e a questão • As três dimensões da
socioambiental sustentabilidade
• A responsabilidade
socioambiental como Debates mundiais
compromisso da modernidade • Agenda 2 1
• A responsabilidade • Agenda 2030
socioambiental governamental,
cidadã e empresarial Contexto atual
• Ecoeficiência
Aspectos legais • Os 7 R's da sustentabilidade
• Leis socioambientais
brasileiras
• A responsabilidade
socioambiental além das
exigências legais
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Responsabilidade socioambiental
••
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e
inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a con
trolar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção.
Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões
de risco ambiental e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento
pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em
um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos esta
mos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo re
sultantes da economia capitalista.
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conec
tadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de
consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de
características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora.
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambien
tal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade so
cioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabi
lidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto
de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas
e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (res
ponsabilidade ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que
causam degradação socioambiental e colocam em risco a
qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações,
do outro há diversas organizações se mobilizando para nos
conscientizar da necessidade de mudança para que o plane
ta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Figura 1. Mobi lização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmen
te. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
EXPLI CAN DO
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capaci
dade de manutenção e não se esgotam fa c ilme nte, são exemplos: água,
solo, maté ria orgânica e vento. Os re cursos naturais não renováveis são
aqueles que se esgotam quando usados sem práti cas sustentáveis e seu
te mpo de re posição não é com parado à c ronologia de vida huma na, são
exe m plos: petróleo, carvão m i neral, gás natu ral, xisto betu minoso e ener
gia n uclear. Com exceção à e nergia n u clear, todos os exemplos c itados
são de origem fóssil.
.l
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Sh utterstock. Acesso em: 30/09/2020.
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecoló
gicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo con
tinuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tec
nologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas
de mitigação do impacto social e ambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm
sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação,
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por gover
nos, empresas e cidadãos.
•
A responsabilidade socioambiental como compromisso
da modernidade
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as ques
tões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioam
biental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que
os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados
com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados.
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governa
mentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas
de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da popu
lação. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto
negativo que uma determinada atividade possa causar.
EXEMPLIFICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam
à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
• Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);
• Agenda ambiental na administração pública;
• Instituto de pesquisas socioambientais (1 PESA);
• 1 nstituto socioambiental (1 SA);
• Fundo casa socioambiental;
• Verdejar socioambiental;
• 1 nstituto Ethos.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem
ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioam
biental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identifi
car cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em po
líticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma
ética e responsável.
•
A responsabilidade socioambiental governamental,
cidadã e empresarial
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas
de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as
cidades e as empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de cons
cientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos
se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental,
o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próxi
mas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais,
adequando currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além
disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus repre
sentantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organiza
ções não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e
suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que
tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além
disso, também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País
adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de
interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em
estudos de impacto ambiental.
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas
de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1,
existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. De
vemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar
preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na
causa socioambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabili
dade socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, in
clusão social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações
nos torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões
socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se
como um dever de todos.
Prática Exemplo
Converse sobre meio ambiente Falando com vizinhos sobre as opções sustentáveis
existentes na cidade.
Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 30/09/2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por
meio da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direi
tos das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária,
por programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de
áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais
(efluentes ou gasosos).
O Aspectos legais
••
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-
-se dizer que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avan
çadas do mundo. O cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em
sua grande parte, de aspecto jurídico, mas também podem ser aplicáveis
às pessoas físicas.
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica,
que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará
passível de sanções penais administrativas, que serão aplicadas independente
mente da obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O poluidor é a pessoa
jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente, pelo dano causado. O
sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e potencial, que será es
tipulado por entidades da área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da
atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de
interesse mundial, o que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo,
há grande dificuldade na comprovação da escala do dano causado, devido à
complexidade de mensuração, assim, a responsabilidade deverá ser objetiva.
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode
ser responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omis
são de sua responsabilidade legal.
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade
humana e justiça social, instituiu o "estado social", que deve orientar as rela
ções sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas exerçam
práticas de responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente que, an
tes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos direitos
sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de
uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental as
sociada às penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem
ser conhecidas e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas.
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem
natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais que,
quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos so
ciais têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos
pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento de salário dos colaboradores.
Lei Definição
A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos
dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de
trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunera
do, pagamento de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS),
décimo terceiro salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença ma
ternidade e paternidade.
A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das
regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve
considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e
pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para
o aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação
ética entre os colaboradores.
•
A responsabilidade socioambiental além das exigências
legais
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou
normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídi
ca, ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao
seu setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável vai além das
obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate
aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável.
A série ISO (lnternational Organization for Standardization - organização in
ternacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura orga
nizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão além
das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que passam
a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela ABNT NBR
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança
ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos
de saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização
é responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros
que podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui pro
mover e proteger sua saúde física e mental.
Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001
em uma empresa:
• Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;
• Redução de afastamentos por acidente de trabalho;
• Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado;
• Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas. Im-
plementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como benefícios:
• Uso de tecnologias modernas e eficientes;
• Redução dos custos com energia;
• Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento
das atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realiza
das auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser creden
ciada e reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que
aderem às normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no
mercado como responsáveis socioambientalmente.
O Desenvolvimento sustentável
••
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capita
listas, passando a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos
naturais (recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de
1950 em diante, a preocupação com uma eminente explosão demográfica glo
bal resultante do crescimento dos países pobres causou um interesse global
pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos para controlar
a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de População,
realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidos
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de estí
mulo à redução do crescimento da população por meio de redução da taxa de
natalidade, do outro, os países pobres e em desenvolvimento defendiam que
políticas de desenvolvimento eram necessárias.
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de desen
volvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos meios
de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez que a disponibilidade
dos recursos era finita.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável
baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de
medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação hu
mana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e serviços
suficientes para atender às necessidades básicas, proporcionando melhor qua
lidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos naturais e materiais tóxicos,
a geração de resíduos e a emissão de poluentes.
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políti-
cas de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:
• Retomar o crescimento;
• Alterar a qualidade do desenvolvimento;
• Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação,
saúde, energia, água e saneamento;
• Manter um nível populacional sustentável;
• Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos;
• Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a sociedade.
Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das or-
ganizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se
dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e
que visassem o lucro deveriam dar espaço para relações sociais justas e para
bem-estar dos seres vivos.
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das
nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se
entender o desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que
não limite o desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos
naturais são finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim,
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
se estabelece um paradigma que consiste em diminuir o consu
mo e a exploração dos recursos renováveis e não renováveis pe
los países desenvolvidos, garantindo que países industrializados
- em desenvolvimento - possam se modernizar, proporcionando
qualidade de vida às suas populações em sinergia com o meio ambiente.
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consen
so entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações
foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.
ASSISTA
A Organização das Nações Unidas vem se posicionando
como uma grande difusora das ideias de desenvolvimen
to sustentável no mundo todo. Assista ao vídeo da Cúpula
das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentá
..
vel, realizada em 2015.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
a erossóis atm osféricos; e i ntrodução de poluentes o rgân icos,
m ateriais radioativos, nanomateriais e m i c roplásticos. Das nove,
q uatro já fo ram u ltrapassadas: m uda nças clim áticas, perda da
i ntegridade da b iosfe ra, m udança no uso da terra e fluxos bio
geoquím icos (MARTIN E; ALVES, 201 5, p. 445)
Sobre o aquecimento global e mudança s climáticas, devemos conside
rar duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na
absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela
superfície terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se man
tenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação aborda
o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração atmosférica dos
gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de recursos não renová
veis - como os combustíveis fósseis -, resulta no aumento da temperatura da
superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 4).
Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade humana que resulta em
aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (C02), metano (CH4)
e o óxido nitroso (N,O). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso,
bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das mu
danças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos ex
tremos podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos
oceanos, ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertifica
ção, derretimento das calotas polares, redução da diversidade de fauna e
flora, entre outros.
O termo "pegada de carbono" refere-se ao consumo individual diante das
práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma
pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada
de carbono pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso
em emissão de dióxido de carbono - um dos principais gases do efeito estufa
causado pelo homem - que quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre
a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir os
efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas
públicas e desenvolvimento de novos produtos.
CURIOSIDADE
Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente sa
ber mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo informa
ções sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de energia,
uma calculadora especializada fará os cálculos e você poderá comparar
sua pegada com a de pessoas de outros países.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Energia poluente/fontes não Energia limpa/fontes
renováveis renováveis
Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de fonte de energia renováveis.
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 0 1 /1 0/2020.
�1 ,ftit}
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Debates mundiais
Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio Am-
••
biente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida oficialmente,
resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Após al
guns anos depois da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de
1983, nasce um grande marco da pauta ambiental elaborado pela Comissão
de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso futuro comum.
Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios
de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento
sustentável. Em 1988, uma união entre a ONU Meio Ambiente e a Organiza
ção Meteorológica Mundial (OMM) resultou na criação do Painel Intergover
namental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que os resultados de
pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo são reunidas
e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A famosa Cúpula
da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco de sua década,
pois discutiu a importância de se agregar os componentes sociais, econômi
cos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento sustentável e finalizou a
Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, estabeleceu metas obrigatórias
de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37 países signatários.
Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos con
cretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, regional
e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram resulta-
do de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na década de 90 sobre as
condições do desenvolvimento humano. A formulação dos ODM
contou com especialistas renomados de diversas áreas que esti
veram focados na redução da pobreza extrema observada, prin
cipalmente, nos países pobres e em desenvolvimento.
Todos os países signatários da época aderiram ao acor
do, comprometendo-se em inserir em suas políticas,
ações para alcançar os objetivos. Os oito objetivos do
milênio foram definidos conforme o Quadro 3. Eles
deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então
discutidos novamente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 3. OITO OBJETIVOS DEFINIDOS NA CÚPULA DO
MILÊNIO DAS NAÇÕES UNIDAS
Objetivos Descrição
O Agenda 21
••
A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se
no Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a
CONTEXTUALIZANDO
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvol
vimento (CNUMAD) finalizou a Agenda 21, um docum ento dividido em 40
capítulos que aborda os meios para que seja adotado em escala planetá
ria um padrão de desenvolvimento sustentável. No total, 192 países acor-
daram e assinaram a Agenda 21.
O Agenda 2030
••
Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados
Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional,
que elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169
metas para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, considerando
os parâmetros sustentáveis de uso dos recursos naturais.
O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimen
to sustentável, que deve ser cumprido até 2030, traz um plano de ação para as
pessoas, o planeta e a prosperidade.
Os 17 ODS's são:
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 4. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
�
Descrição
,.Ili
,,,,,
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
E·li@E Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.
Conservação e uso sustentável dos oceanos. dos mares e dos recursos marin
hos para o desenvolvimento sustentável.
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Ili
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes. responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Ecoeficiência
••
O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais
nos processos produtivos e de consumo, de forma que não deixe de aten
der às necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso
consciente de matéria-prima renovável em processos produtivos que minimi
zem a geração de resíduos, além disso, devem apresentar elevada produtivi
dade sem deixar de lado a qualidade. Basicamente, significa produzir mais
com menos.
O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo
deve incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e
divulgando) e as empresas devem adaptar seus processos e procedimentos
operacionais.
Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de
acordo com oito elementos fundamentais:
• Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços;
• Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços;
• Minimizando a dispersão de tóxicos;
• Fomentando a reciclabilidade dos materiais;
• Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis;
• Estendendo a durabilidade dos produtos;
• Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais racional
dos recursos naturais e energéticos.
Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores para
analisar a ecoeficiência do produto:
• Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a uti
lização sustentável de recursos renováveis?
• Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
• E l e descarta materiais tóxicos em seu
produtivo?
• Os materiais utilizados são recicláveis ou biode
gradáveis?
• O produto promove seu uso racional?
• A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável?
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Os 7 R's da sustentabilidade
••
Os 7 R's são um conjunto de práticas de educação ambiental para garantir a
mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável. A questão cen
tral é a de repensar costumes e hábitos, reduzindo o consumo e o desperdício.
Os 7 R's são verbos que nos passam a sensação de ação. Observe a Figura 7.
Reutilizar Recusar
I
Reciclar Reduzir
Reintegrar Reparar
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a hu
manidade passou por um processo de intensificação do desenvolvimento in
dustrial. Segundo os moldes capitalistas, os meios de produção e consumo,
baseados no uso de recursos renováveis e não renováveis, tornaram-se insus
tentáveis. Discussões sobre a necessidade de mudança para uma postura sus
tentável se intensificaram.
Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável passou
a exigir que as cidades e seus cidadãos, governantes e empresas passassem
a pensar em como inserir as práticas de responsabilidade socioambiental em
seu cotidiano. A responsabilidade socioambiental passou de um ideal para um
conjunto de leis, normas e certificações que reposicionam as instituições no
mundo globalizado.
Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo discutida
por organizações compostas por países do mundo todo. Estudamos eventos
históricos, como a Comissão de Brundtland, a criação do Painel Intergoverna
mental para as Mudanças, a Cúpula da Terra, a Cúpula do Milênio das Nações
Unidas e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que reformu
laram os objetivos desenvolvimentistas considerando as questões ambientais.
Neles, documentos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a Agen
da 21 e, atualmente, a Agenda 2030, reescreveram nossos modelos de produ
ção, consumo e descarte de produtos.
Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do Desenvolvi
mento Sustentável (ODS's), que foram enumerados a fim de erradicar a pobre
za até 2030.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Referências bibl iográficas •
BERLATO, L. F.; MERINO, G. s. A. D.; FIGUEIREDO, L. F. G. A contribuição da
gestão de design para a sustentabilidade empresarial. 2018. Disponível em:
<http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/28111>. Acesso em:
02 out. 2020.
BRASIL. Leis ordinárias. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legisla
cao/>. Acesso em: 02 out. 2020.
BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. Comissão mundial sobre meio am
biente e desenvolvimento. 2. ed. Rio deJaneiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991.
COMINI, G. et ai. Melhores práticas de sustentabilidade socioambiental no
planejamento estratégico das organizações: uma análise de apoio à decisão
multicritério com expert choice. Simpósio de Excelência em Gestão e Tec
nologia, 2013. Disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/arti
gos13/45318530.pdf>. Acesso em: 02 out. 2020.
Comissão das Comunidades Europeias. Livro verde: promover um quadro eu
ropeu para a responsabilidade social das empresas. Comissão das comunida
des europeias: Bruxelas, 2001.
EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Matriz energética e elétrica. Dispo
nível em: <https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletri
ca>. Acesso em: 02 out. 2020.
FAO - Food and Agriculture Organization of United Nations. Global forest re
sources assessment 2020 - key findings. Roma, 2020. Disponível em: <https://
doi.org/10.4060/ca8753en>. Acesso em: 02 out. 2020.
FAOSTAT - Food and Agriculture Organization of United Nations. Select indi
cators. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#country/21>. Acesso
em: 02 out. 2020.
FUNAG - Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola. Maiores economias do mun
do. Disponível em: <http://www.funag.gov.br/ipri/images/analise-pesquisa/ta
belas/top1 Spib.pdf>. Acesso em: 02 out. 2020.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto Interno Bruto.
Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php>. Acesso em: 02 out.
2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
ISO - lnternational Organization for Standardization. ISO 14001 e ISSO 9001.
Disponível em: <https://certificacaoiso.com.br>. Acesso em: 02 out. 2020.
KITAMURA, P. C. Agricultura sustentável no Brasil: avanços e perspectivas. Ciên
cia e Ambiente, Santa Maria, n. 27, p. 7-27, 2003. Disponível em: <https://www.
alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/15041>. Acesso em: 02 out. 2020.
MARTIN E, G.; ALVES, J. E. D. Economia, sociedade e meio ambiente no século
21: Tripé ou trilema da sustentabilidade? Revista Brasileira de Estudos de Po
pulação, v. 32, n. 3, p. 433-459, 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/
50102-3098201500000027>. Acesso em: 02 out. 2020.
MMA - Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 global. Disponível em: <ht
tps://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda
-21-global.html>. Acesso em: 02 out. 2020.
MMA - Ministério do Meio Ambiente. Responsabilidade socioambiental.
Disponível em: <https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental.
html>. Acesso em: 02 out. 2020.
O QUE é desenvolvimento sustentável? Postado por ONU Brasil. (2min. 07s.).
son. color. leg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Bue5c2kp
gPo>. Acesso em: 02 out. 2020.
ONU BRASIL - Organização das Nações Unidas. 17 objetivos para transformar
o mundo. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs>. Acesso em: 02 out.
2020.
PLATAFORMA AGENDA 2030. GT Agenda 2030: objetivos do desenvolvimen
to sustentável. Disponível em: <https://gtagenda2030.org.br/ods/>. Acesso
em: 02 out. 2020.
ROMA, J. C. Os objetivos de desenvolvimento do milênio e sua transição para
os objetivos de desenvolvimento sustentável. Ciência e Cultura, 20 19. Dispo
nível em: <http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602019000100011>. Acesso em:
02 out. 2020.
SOS MATA ATLÂNTICA. Calcule sua emissão de CO2. Disponível em: <https://
www.sosma.org.br/calcule-sua-emissao-de-co2/>. Acesso em: 02 out. 2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE
ser
educacional
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
Responsabilidade socioambiental Indicadores. certificações.
como estratégia de gestão tecnologias e instrumentos
• Ações de gestão interna de gestão
• Ações de gestão externa • Fontes de orientação estratégica
• Paradigma econômico, social e • Norma ISO 26000
ambiental • Indicadores e índices de
• Empresa sustentável sustentabilidade
• Modelos de gestão ambiental • Tecnologias resultantes da
• Gestão e as políticas gestão ambiental
socioambientais
• Princípios, códigos e Marketing ambiental
regulamentos das políticas • Tendências mundiais sobre o
socioambientais empresariais perfil do consumidor
• Iniciativas de marketing
ambiental
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
•
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo
direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. Entretanto,
por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral,
desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não
estavam em sintonia com as necessidades sociais e ambientais.
No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem
a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento
em meio ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassa
dos aos consumidores, resultando no aumento dos preços (COMINI et ai., 2013).
Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diver
sos paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudando, os resul
tados positivos podem ser entendidos, em grande parte, como consequência
da intensa atuação das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de
dados científicos e apoiadas pela população.
A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental tam
bém resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um futu
ro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção
ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade.
Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabi
lidade socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valoriza
ção da marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor
comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos empregados.
A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas
de gestão que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa
ao desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão
atendem a itens como:
• Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas
de adesão voluntária às quais está sujeita;
• Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvi
mento sustentável regional, nacional e internacional;
• Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por
seus produtos, processos e instalações são previamente identificados;
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
• Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de eva
cuação em casos de emergência ambiental;
• Conhecimento dos métodos de resposta em casos de pre
venção ou mitigação dos impactos adversos;
• Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos im
pactos, positivos e negativos, decorrentes da sua atuação na região;
• Acessibilidade aos produtos e instalações.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
passaram a ser de adesão voluntária, mais como um compromisso do que uma
obrigação da empresa. Foram criados sistemas de gestão focados em práticas
para o aprimoramento da saúde e segurança dos funcionários com certificados
internacionais que valorizam a marca diante do mercado consumidor.
As ações de reestruturação fazem parte dos processos de adaptação das
empresas ao aprimoramento tecnológico, e resultam em redução de despesas,
aumento de produtividade e melhora da qualidade dos produtos e serviços ofe
recidos aos clientes. Nas últimas décadas, por não considerarem as questões de
responsabilidade social e ambiental, ações de reestruturação resultaram em de
missões em massa, encerramento da atividade de unidades fabris e desmotivação
dos funcionários. Na atualidade, sabe-se que a reestruturação consciente deve:
• Elencar os interesses de todas as partes interessadas;
• Informar e consultar as partes sobre a reestruturação;
• Considerar o aperfeiçoamento do perfiI profissional diante da reestruturação;
• Identificar previamente possíveis riscos para a empresa e para os funcionários;
• Salvaguardar e considerar os direitos dos trabalhadores;
• Prever os custos diretos e indiretos;
• Buscar estratégias e políticas alternativas que diminuam as demissões.
A gestão do impacto ambiental e do uso dos recursos naturais é essencial
para garantir o desenvolvimento sustentável. Além de ser lei, em muitos casos,
deve ser visto como um compromisso com a sociedade atual e futura. A adoção de
uma cultura organizacional, com ações de responsabilidade socioambiental, tem
se demonstrado repetidamente vantajosa no sentido de reduzir despesas ener
géticas e custos de matéria-prima. Algumas empresas têm adotado ações como:
• Redução do uso de fontes não renováveis de energia;
• Inclusão de fontes de energia-limpa;
• Redução do consumo de água e energia elétrica;
• Utilização de materiais biodegradáveis em componentes e embalagens.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
comerciais, a utoridades p ú b l icas e clie ntes. Ente n d e-se tam bém co m o fator
de infl u ê n cia exte rna o respe ito aos d i reitos h u m a n o s e às p reocu pações com
o m e i o a m biente. Nesse contexto, para promove r a a c u m u lação do capital
social, as p ráticas d e res p o n s a b i l idade socio a m biental d evem a b ra nger todas
essas esferas, incl u i n d o as pecu l i a ridades d a região e da com u n id a d e l oca l .
Além d isso, a s m u l ti n aciona is, os mercados globais e os pe rfis global izados d e
con s u m o ta m b é m d evem ser l eva dos e m co nsid eração.
As e m presas d e p e n d e m m u ito do n íve l d e desenvolvime nto d o l ocal, d a
sal ubridade e d a esta b i l id a d e d a s com u n i dades loca i s e m q u e e stão i n s e ri d a s,
bem como da o p i n i ã o da p o p u l ação s o b re sua re puta çã o, pois refl etem d i reta e
i n d i reta m ente em sua com petitivid a d e e d e s e m p e n h o no m e rcado. A atuação
d e uma e m presa pode m u d a r o pe rfi l d e uma região:
• Recruta n d o pessoas excl u íd a s
soci a l m e nte;
• Por meio de ações de melhoria da
q u a l idade de vida, como por exem plo,
financiando/patrocinando a formação
de espaços de lazer com u n itários;
• Disponibilizando estruturas de cuida
do à infância para filhos de trabalhadores;
• Patrocinando eventos culturais e
desportivos por meio de parcerias;
• Por m e i o de ações de caridade a gru pos de vu l n eráve is.
As re lações e m p resariais d efinem a co m p lexidade dos processos e os custos,
podendo, m u itas vezes, d efi n i r a agil idade da entrega e a q u a l idade de p rodutos
e serviços. Além disso, os clientes estão cada vez m a is i nte rados sobre a cadeia
produtiva dos produtos q u e consomem, sendo as re lações e m p resariais q u es
tões que d eterm i n a m a esco l h a pela co m p ra ou não do prod uto. Assim, a esco l h a
de pa rceiros comerciais e forn ecedores d eve considerar o dese m p e n h o e a
re putação social e a m biental das em presas com as q uais se m a ntém relações.
Outra re lação empresarial que pode refl etir e m ações de responsabilidade so
cioa mbiental está baseada no modo com que as gra n des empresas se relacionam
com as peq uenas. Seja como fornecedora de matéria-prima, com ponentes ou ter
cei riza ndo u m a pa rte de sua prod ução, pequenas empresas sempre devem estar
CO NTEXTUALIZANDO
Em 201 1 , o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas
(CDH) aprovou o documento Princípios Orientadores sobre
Empresas e Direitos Humanos, que é estruturado em três
pilares: proteger, respeitar e reparar. Para saber mais, acesse o
site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
No Brasil, tem-se o Programa Nacional dos Direitos Humanos instituído pelo De
creto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, e atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de
maio de 2010, que abrange os direitos humanos e as responsabilidades das empresas e
deve ser utilizado como base para a definição dos parâmetros de atuação empresarial.
A economia se refere aos recursos disponíveis e à sua disponibilidade e adminis
tração em escala regional ou global. É preciso ter a consciência de que a solução para
a crise ambiental e social depende de um modelo de desenvolvimento econômico
comprometido com a manutenção de relações harmônicas com o meio ambiente, ga
rantindo sua conservação e refletindo em uma economia positiva. Logo, consideran
do o poder das empresas no desempenho econômico dos países, quanto maior o seu
comprometimento com o meio ambiente, menores devem ser os riscos ambientais.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
•
Paradigma econômico, social e ambiental
As instituições públicas zelam pelo que é de interesse coletivo da popula
ção por meio de normas, valores e regras. As instituições particulares pos
suem caráter privado uma vez que guardam os interesses individuais.
Apesar das distinções entre instituições públicas e privadas, o meio am
biente, pelo fornecimento de recursos, e a sociedade, por meio da sua força de
trabalho, além de estarem intimamente relacionados e possuírem caráter pú
blico, são as bases para a existência empresarial. Assim, pode-se dizer que as
empresas se colocam como instituições públicas com função social, pois lidam
subjetiva e materialmente com a sociedade e com o meio ambiente, que são de
extrema importância para a humanidade e pauta internacional.
Consequentemente, espera-se que as empresas possuam uma postura
compromissada, que deve se espelhar nas questões econômicas, sociais e
ambientais. Desse modo, devem exercer suas atividades com base nas três
dimensões da sustentabilidade para que trabalhem em equilíbrio com as
questões econômicas, sociais e ambientais.
Por muitos anos, na economia capitalista, a obtenção de lucro se mostrou
um dos principais meios para se estimar o sucesso empresarial. Decorre disso
o fato de que, muitas vezes, as empresas se esquecem da ética e agem a partir
de atos oportunistas. Os países se diferem quanto às leis sociais e ambientais
que possuem, geralmente, refletindo seu grau de desenvolvimento. Um país em
desenvolvimento pode se tornar menos atrativo para a permanência de empre
sas devido às leis sociais, fiscais ou ambientais que venham a promulgar. Diver
sas vezes é possível constatar que agir de acordo com o que as leis preconizam
pode não ser suficiente para atender às expectativas da sociedade em relação às
empresas. As relações entre países e instituições públicas e privadas devem ser
fortalecidas para garantir a transparência das atividades empresariais.
Diversas são as partes interessadas (stakeholders) que afetam e são afe
tadas, influenciam e são influenciadas pelas empresas e que, muitas vezes,
possuem interesses conflitantes entre si e em relação à empresa (Diagrama
1). É importante entender que buscar o melhor para si não resulta em atingir o
melhor para todos, então, as partes interessadas devem atuar de modo que se
equilibrem, considerando os três pilares da sustentabilidade.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
DIAGRAMA 1. PARTES INTERESSADAS (STAKEHOLDERS) QUE
AFETAM O DESEMPENHO DE UMA EMPRESA
�
Comunidade
Grupos políticos Proprietários
financeira
Grupos ativistas
Consumidores
Grupos de
defesa dos
consumidores
Associações
Empregados Sindicatos
comerciais
O Empresa sustentável
Segundo Carroll (1979). a responsabilidade social das empresas compreen-
••
de as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade
tem em relação às organizações em um determinado período. Uma empresa
responsável socioambientalmente deve ter como objetivo o desenvolvimento
sustentável e, por meio dele, exercer, em suas relações internas e externas, o
cumprimento das questões legais e o posicionamento ético de modo integra
do, considerando todas as expectativas das partes interessadas.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sempre haverá dificuldades para implantar as práticas de responsabilidade
socioambiental, já que envolvem uma diversidade de questões que se tradu
zem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos, internos e
externos à empresa (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).
Todavia, no Brasil, a Constituição Federal definiu que as empresas devem
observar os seguintes princípios:
• Soberania nacional;
• Propriedade privada;
• Função social da propriedade;
• Livre concorrência;
• Defesa do consumidor;
• Defesa do meio ambiente;
• Redução das desigualdades regionais e sociais;
• Busca do pleno emprego;
• Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte que tenham sua
sede e administração no País.
Desse modo, a Constituição Federal brasileira traz à tona a ideia de desen
volvimento sustentável, colocando-o como uma das razões para a limitação
da atuação de uma empresa quando ameaça o uso racional dos recursos.
Empresas sustentáveis não esperam que leis ambientais sejam elabora
das pelos países, e sim pensam globalmente e agem localmente, adotando
as três dimensões da sustentabilidade em suas atividades (Diagrama 2). Es
sas três dimensões abrangem a sustentabilidade econômica, social e am
biental, mas também abarca questões de:
· Sustentabilidade espacial: referente a uma configuração
rural-urbana equilibrada, que avalia soluções para os assenta
mentos humanos;
• Sustentabilidade cultural: referente ao respeito pela plu
ralidade apropriada à cultura local;
• Sustentabilidade política: ressalta a necessidade
de processos democráticos consolidados;
• Sustentabilidade institucional: relacionada
à atividade pública e às suas relações com outras
instâncias da sociedade.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
DIAGRAMA 2. TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE
�
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Figura 1. O modelo 3 Ps. Fonte: BARBIERI; CAJAZEIRA. 2016, p. 61. (Adaptado).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
programas são compostos por ações e atividades para o estabelecimento de
questões de interesse público. As atividades têm papel de instaurar as ações,
ou seja, torná-las reais e efetivas.
EXEMPLIFICANDO
Quando falamos em meio ambiente, o foco dos planos e/ou
programas estatais é a contenção da crise ambiental. Como
exemplo, pode-se citar o Plano de Ação para Produção e
Consumo Sustentáveis (PPCS). Trata-se de um documento
base das ações de governo, do setor produtivo e da sociedade
que direcionam o Brasil para padrões mais sustentáveis.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As resoluções do CONAMA fornecem as diretrizes gerais para a elaboração
do EIA e do RIMA, bem como as atividades técnicas mínimas que precisam ser
cumpridas em relação ao diagnóstico, previsão, análise, acompanhamento e
monitoramento ambiental do local de estudo.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
-
QUADRO 1. PRINCIPAIS CONVENÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OITI
-
�
-
Ano de ratificação
no Brasil Convenção
-
1989 Sobre inspeção do trabalho na indústria e no comércio.
-
1965 Sobre abolição do trabalho forçado.
-
Sobre igualdade de tratamento entre nacionais e
1962
-
estrangeiros em previdência social.
-
1997 Sobre férias remuneradas.
-
2001 Sobre idade mínima para admissão.
1988 Sobre contaminação do ar. ruído e vibrações.
-
1992 Sobre segurança e saúde dos trabalhadores.
-
1990 Sobre reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes.
1989 Sobre povos indígenas e aldeados.
<s)
CURIOSIDADE
A Organização Internacional do Trabalho possui
convenções ratificadas no Brasil desde 1934. Algumas
convenções ratificadas não estão mais em vigor por
terem sido alteradas, revistas ou denunciadas. Você pode
consultar todas elas e conhecer um pouco mais sobre a
0IT acessando o site da organização.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
• As boas práticas de governança corporativa;
• As boas práticas de concorrência.
O combate à corrupção está associa
do a atos ética e moralmente condenáveis,
praticados, principalmente, por quem
ocupa posições de destaque nas rela
ções hierárquicas de instituições públicas
e privadas. A corrupção praticada pelas
instituições é um tema atual e contrário
às práticas de responsabilidade socioam
bientais, que pode resultar em danos am
bientais e impactos sociais irreversíveis.
São exemplos de práticas de corrupção:
• Coagi r física ou mora l m e nte p a ra
a p rática de a ções i lega i s ou etica m e n
te contrárias aos i d e a i s do coagido;
• Lavagem de d i n h e i ro;
• Su borno de agentes fiscalizad ores;
• Fra u d a r laudos ou pe rícias técn icas;
• Burlar leis prati cando o bstrução à j u stiça ou con l u i os entre e m p resas.
Deve-se con sid erar também os aspectos operacionais q u e causam impac-
tos econômicos, a m b ientais e sociais. Considera ndo a formação ou a reestrutu
ra ção de u ma empresa, esses aspectos d evem ser construídos
por meio de p roced ime ntos operacionais padrão (POPs) de
u ma cultura orga nizacional com processos bem d efinid os,
por normas ISO e relatórios de desempenho q u e conside
..
re m as ações de responsabilidade socioam biental.
O n_
_l_ i c_a_
d- d_
de g est o
ã
o_
re_s_,-
c-
e-
rt-
if-
ic_a_ç_
õ_e_
s,-t-
e-
c-
no__
l o_
g_
ia_s_e-in-s- u_
tr_ m_e_n_
to-s�
-
O que
funciona.
Fonte: PATEL; DESHPANDE, 2017, p. 1 97. (Adaptado).
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Esse ciclo garante dois tipos de ações corretivas:
• Ação corretiva temporária: busca a resolução do problema já instaurado;
• Ação corretiva permanente: consiste na investigação e eliminação das
causas e, portanto, visa a sustentabilidade do processo.
A ideia do ciclo PDCA é realizar o planejamento, estabelecendo claramente os
objetivos e as metas para que as ações sejam programadas com embasamento. Além
disso, descreve os processos que envolvem o problema para entendê-lo e para identi
ficar as áreas para melhorias. Para isso, a utilização de fluxogramas e mapas dos pro
cessos é importante. Muitas ferramentas estão disponíveis para coletar e interpretar
dados, como histogramas, gráficos de execução, de dispersão e de controle.
Compreendido o cenário atual, deve-se implementar o programa estabelecido,
promovendo a organização e o treinamento de funcionários e/ou pareeiros. As solu
ções decididas devem ser implementadas individualmente. É importante que os res
ponsáveis se certifiquem de que todas as etapas foram totalmente compreendidas.
A fase de verificação é caracterizada por uma aprendizagem significativa. Há
a oportunidade de desenvolver planos atualizados, elevando o processo a novos
patamares, em vez de simplesmente consertar o que deu errado na fase anterior.
Se os resultados forem negativos, o trabalho de melhoria deve recomeçar na fase
de planejamento, pois, caso contrário, as soluções testadas passam para a fase de
ação. A verificação deve ser feita continuamente pelo monitoramento e elabora
ção de relatórios que evidenciem com clareza os resultados alcançados.
A atuação deve promover a melhoria contínua. Uma vez que o ciclo atingiu
essa etapa, as soluções são preparadas para implementação final e, possivelmen
te, para adoção por outros setores da organização. Nessa etapa, deve-se adotar
normas e certificações para reconhecimento nacional e internacional das melho
o
rias realizadas, e, para manter a melhoria, é preciso repetir o ciclo continuamente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O objetivo da ISO é desenvolver padrões e atividades para facilitar as trocas de
bens e serviços no mercado internacional e promover a cooperação entre os paí
ses nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).
As normas de gestão da ISO se aplicam a qualquer organização, pois não são
normas de conteúdo, mas de procedimentos que podem se adequar ao segmen
to da empresa que a adota. Todas elas adotam o ciclo PDCA para melhoria con
tínua dos processos. A certificação requer auditorias periódicas de avaliação.
A ISO possui normas adotadas mundialmente, entre as mais importantes es
tão as séries ISO 9000, de gestão da qualidade, e a ISO 14000, sobre sistemas de
gestão ambiental.
A norma ISO 26000 foi desenvolvida para organizações que querem adotar
um sistema de gestão focado em responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável. Por fazer uso de termos como "pode" ou "convém que" em seu tex
to, pode-se dizer que é uma norma-guia não certificável que busca, por meio de
suas diretrizes, mais fazer indicações e recomendações do que exigir ou tornar
algo obrigatório.
A norma ISO 26000 aborda sete temas centrais voltados para a responsabili-
dade social das organizações:
• Governança organizacional;
• Direitos humanos;
• Práticas de trabalho;
• Meio ambiente;
• Práticas leais de operação;
• Questões relativas aos consumidores;
• Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Essa norma elenca princípios específicos associados ao meio ambiente, que
discutem quatro questões centrais definidas por uma descrição de expectativas
relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sendo eles:
· Princípio da responsabilidade ambiental: além de cumprir leis vigentes, con
vém que a organização assuma a responsabilidade pelos impactos ambientais causa
dos por suas atividades ao meio ambiente em geral; convém que não deixe de atuar em
busca de desempenho positivo, mas que, para isso, reconheça seus limites ecológicos;
• Princípio da precaução: onde houver ameaças de danos graves ou irrever
síveis ao meio ambiente ou à saúde humana, convém que não se utilize da falta
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
de certeza científica para postergar o uso de medidas eficazes que impeçam a
degradação ambiental ou danos à saúde humana em função dos custos. Con
vém que a organização considere os custos e benefícios de longo prazo e não
somente os custos de curto prazo de uma medida;
· Gestão de risco ambiental: convém que programas sejam utilizados pelas
organizações a partir de uma perspectiva baseada em riscos e na sustentabili
dade, para avaliar, evitar, reduzir e mitigar riscos e impactos ambientais de suas
atividades. Convém que sejam elaboradas e aplicadas atividades de conscien
tização, além de procedimentos de resposta a emergências, bem como meios
de divulgar informações sobre incidentes ambientais e para reduzir e mitigar
impactos ambientais na saúde e na segurança, causados por acidentes;
• Poluidor pagador: de acordo com a extensão do impacto ambiental na socie
dade, convém que a organização arque com os custos da poluição causada por suas
atividades e providencie as ações corretivas, totalmente ou à medida que a poluição
se adeque aos níveis permitidos. O custo da poluição e a quantificação dos benefícios
econômicos e ambientais da prevenção devem ser internalizados pelas organizações.
Desse modo, as empresas devem considerar o emprego da gestão ambiental
seguindo abordagens estratégicas, como: ciclo de vida de produtos, avaliação de im
pacto ambiental, produção mais limpa e ecoeficiência, abordagem por sistemas de
produto-serviço, uso de tecnologias e práticas ambientalmente saudáveis, práticas
de compras sustentáveis (priorizar produtos ou serviços com impactos minimizados
e fazer uso de sistemas de rotulagem confiáveis) e aprendizagem e conscientização.
O Quadro 2 destaca as principais questões abordadas pela ISO 26000.
QUADRO 2. QUESTÕES CENTRAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE ABORDADAS PELA NORMA ISO 26000
�
Questão Descrição
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Convém promover a eficiência energética.
•
Indicadores e índices de sustentabilidade
Os indicadores e índices podem ser usados para avaliar o desempenho em
relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável e compará-lo entre cida
des, países, blocos econômicos e organizações públicas e privadas; estimam se
as instituições estão crescendo econômica e ambientalmente de acordo com o
objetivo proposto.
Os indicadores são compostos por parâmetros ou valores, analisados em
grupos ou isoladamente a partir de estratégias de gestão definidas antecipada
mente. A partir dos indicadores são avaliadas as condições do sistema de gestão
e se a estratégia adotada previamente está gerando resultados. Desse modo,
são importantes por informarem às partes interessadas sobre o desempenho
positivo ou negativo em uma determinada questão.
Nesse sentido, indicadores que avaliam os resultados das ações de respon
sabilidade socioambiental empresarial capturam e antecipam tendências para
informar os tomadores de decisão, assim como orientam o desenvolvimento e o
monitoramento de políticas e estratégias. Os indicadores do desenvolvimento
sustentável (indicadores de sustentabilidade) informam se o desempenho da
empresa está ocorrendo em harmonia com o meio ambiente e têm papel impor
tante no monitoramento, na avaliação e na efetivação do desenvolvimento sus
tentável. Os indicadores de sustentabilidade analisam se o impacto ambiental
gerado por uma empresa permite que o planeta seja resiliente.
Os indicadores ambientais devem ser:
• Comparáveis: devem permitir comparaçõese mostrar as mudanças ocorridas;
· Equilibrados: devem distinguir o mau e o bom desempenho;
· Contínuos: devem ser formulados a partir de critérios similares e conside
rar períodos comparáveis;
• Temporais: devem ser revistos regularmente para permitir o uso de
medidas atualizadas;
· Claros: devem ser de fácil compreensão.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) são exemplos importantes para mostrar o grau de
desenvolvimento sustentável no Brasil. O IBGE analisa indicadores de sustentabi
lidade considerando as três dimensões da sustentabilidade, dos quais destacam-se:
• Concentrações de poluentes no ar e em áreas urbanas;
• Queimadas e incêndios florestais;
• População residente em áreas costeiras;
• Acesso a tratamento de esgoto;
• Espécies extintas ou em risco;
• Crescimento populacional;
• Mortalidade infantil;
• Consumo de energia per capita.
DICA
No Brasil, a construção de indicadores de desenvolvimento
sustentável se integra ao conjunto de esforços para
concretização das ideias e princípios formulados na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, de 1992.
É importante conhecer as diversas informações sobre
como estamos trabalhando rumo ao desenvolvimento
sustentável. O documento é interativo e de acesso gratuito.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Como exemplo, pode-se citar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE
B3), que é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho das ações de
sustentabilidade das empresas constantes nas listas da B3 (Brasil Bolsa Balcão) sob
o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equi
líbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. O ISE B3 está fundamenta
do na eficiência econômica e na equidade ambiental, além de possuir transparên
cia em seus processos, uma vez que também possui fundamentos na governança
coorporativa e na promoção da justiça social. Atualmente, o ISE B3 se caracteriza
como um norteador para os fundos de investimento e valoriza as empresas de ca
pital aberto ao lidar com uma questão tão demandada pela sociedade atual.
G 1
DICA
Entenda o que é, conheça sua missão, fundamentos, objetivos
estratégicos e a versão atual do Questionário ISE B3.
•
Tecnologias resultantes da gestão ambiental
A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental nas estratégias
de gestão empresarial tem permitido, se não exigido, o desenvolvimento de
tecnologias inovadoras, tanto na produção de bens quanto na prevenção de
impactos negativos ao meio ambiente. Tais tecnologias estão disponíveis em
diversos segmentos empresariais e, em geral, são resultado de demandas dos
clientes. Pode-se afirmar que, na atualidade, para ser considerado um bom
processo ou produto não basta ser eficiente industrialmente, também há a ne
cessidade de ser eficiente ambientalmente.
Algumas tecnologias com melhor desempenho ambiental já devem estar
presentes no seu dia a dia. O Quadro 3 destaca alguns exemplos.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 3. EXEMPLOS DE NOVAS TECNOLOGIAS ADOTADAS EM PRODUTOS E PROCESSOS
�
O Marketing ambiental
O marketing ambiental ou marketing verde é uma estratégia adotada
••
para promover a divulgação e aumentar as vendas de produtos e serviços que
tenham bases ambientalmente corretas. Por meio dele é possível vincular uma
marca, produto ou serviço a uma imagem ecologicamente correta.
•
Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor
Na maioria dos países, a preocupação com o meio ambiente cresceu. Ques
tões sobre o uso de fontes de energia renováveis, sobre o desmatamento, as
mudanças climáticas e a poluição atmosférica são apontadas como os maiores
problemas ambientais da atualidade.
Os consumidores, de modo geral, consideram importante comprar produtos e
serviços de empresas que respeitam o meio ambiente, mas quando são questiona
das sobre o que é importante para decidir consumir de uma empresa, preocupações
básicas relacionadas a custo-benefício são listadas antes de questões sobre respon
sabilidade socioambiental e produtos ambientalmente corretos. Preço bom, quali
dade, confiabilidade e atendimento ao cliente estão entre os atributos empresariais
mais importantes entre os consumidores. Essas respostas indicam que, de acordo
com o posicionamento dos clientes, as empresas não devem sacrificar os fundamen
tos da marca para as questões ambientais, entretanto, devem manter um equilíbrio
entre os atributos desejados e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Em geral, consumidores estão dispostos a comprar mais produtos ambien
talmente corretos e a pagar até 10% a mais para produtos ecológicos, mas mui
tos relatam problemas que prejudicam a compra, como a rotulagem confusa
ou não confiável, preço muito discrepante em comparação aos produtos não
verdes, falta de disponibilidade e pouca variedade.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Os consumidores de produtos ambientalmente corretos procuram produ
tos que usem menos embalagens plásticas, e sim biodegradáveis ou recicláveis;
além disso, apoiam-se nas informações presentes nas embalagens e em certifi
cações para decidir sobre qual produto comprar.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Nesta unidade, vimos que os planos e os programas de instituições go
vernamentais e não governamentais despertam o consumidor para a im
portância e urgência das questões ambientais. Nesse sentido, as empresas,
enquanto instituições de caráter particular e público, estão desenvolvendo
estratégias de gestão voltadas para o meio ambiente. Visando promover e
zelar pelos três pilares da sustentabilidade, essas empresas estão adotando
ações de gestão internas e externas para a promoção do acúmulo de capital
econômico, social e ambiental.
Visto que a responsabilidade socioambiental é uma temática atual e discuti
da internacionalmente, deve ser adotada em todos os níveis hierárquicos den
tro de uma empresa e deve tomar como parâmetros movimentos como OIT,
OCDE, a Agenda 21, a Carta da Terra e os ODSs. Nesse contexto, destacamos
que, para se orientarem, as empresas podem utilizar como estratégias o ciclo
PDCA e as normas ISO, bem como os indicadores e índices de sustentabilidade.
Por fim, vimos que a divulgação do resultado do trabalho ambientalmente
correto das empresas deve ser feita por estratégias de marketing ambiental
bem definidas, que trazem maior lucratividade, competitividade e dão credibi
lidade internacional.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Referências bibl iográficas •
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICA. NBR ISSO 26000: Dire
trizes de responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
APPIO, E. Controle judicial das políticas públicas no Brasil. Curitiba: Juruá, 2005.
BARBIERl,J. C.; CAJAZEIRA, E. R. Responsabilidade social empresarial e empre
sa sustentável: da teoria à prática. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
BERLATO, L. F.; MERINO, G. S. A. D.; FIGUEIREDO, L. F. G. A contribuição da ges
tão de design para a sustentabilidade empresarial. ln: Colóquio Internacional
de Design, 2017. Anais... São Paulo: Blucher Design Proceedings, 2018. p. 1-15.
Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/desig
nproceedings/cid2017/01.pdf>. Acesso em: 30 set. 2020.
BRASIL. Decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Diário Oficial da União, Bra
sília, DF, Poder Executivo, 22 dez. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/cciviI_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7037.htm>. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Decreto n. 7.177, de 12 de maio de 2010. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 13 mai. 201 O. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/decreto/d7177.htm>. Acesso em: 01 out. 2020.
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Princípios orientado
res sobreempresas e direitos humanos. Brasília, 26 abr. 2018. Disponível em: <https://
www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/empresas-e-direito-humanos/principios
orientadores-sobre-empresas-e-direitos-humanos>. Acesso em: 03 out. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano de Ação para Produção e Con
sumo Sustentáveis - PPCS. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/
respo nsabiIidade-socioambiental/producao-e-con sumo-sustentave 1/plano-na-
cional.html>. Acesso em: 30 set. 2020.
CARROLL, A. B. A three-dimensional conceptual model of corporate performance. Aca
demy of Management Review, v. 4, n. 4, p. 497-505, 1979. Disponível em: <https://www.
jstor.org/stable/257850?seq=1#metadata_info_tab_contents>. Acesso em: 30 set. 2020.
COMINI, G. et ai. Melhores práticas de sustentabilidade socioambiental no pla
nejamento estratégico das organizações: uma análise de apoio à decisão mul
ticritério com expert choice. ln: SEGET - Simpósio de Excelência em Gestão e
Tecnologia, 1O., 2013. Anais... Rio de Janeiro: AEDB, 2013. Disponível em: <https://
www.aedb.br/seget/arquivos/artigos13/45318530.pdf>. Acesso em: 30 set. 2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTAT ÍSTICA. Indicadores de
desenvolvimento sustentável. Coordenação de Recursos Naturais e Estu
dos Ambientais [e] Coordenação de Geografia. Rio de Janeiro, 2015. Disponível
em: <https://www.ibge.gov. br/geoci en eia s/i nformacoes-a m b ienta is/estudos
am bienta is/15838-i ndicadores-de-desenvolvi mento-sustentavel .htm l?=&t=o
que-e>. Acesso em: 01 out. 2020.
INMETRO - INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECN OLOGIA.
Compreendendo a responsabilidade social ISO 26000 e ABNT NBR 16001. Brasília,
DF. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/
cartilha_compreendendo_a_responsabilidade_social.pdf>. Acesso em: 30 set. 2020.
INST ITUTO ETHOS. Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e
Responsáveis. São Paulo, 2013. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/wp
content/uploads/201 3/08/lndicadores-Ethos-20131.pdf>. Acesso em: 01 out. 2020.
ISEB3. O que é o ISE B3. Disponível em <http://iseb3.eom.br/o-que-e-o-ise>.
Acesso em: 01 out. 2020.
OIT - ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO T RABALHO. Convenções ratificadas
pelo Brasil. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasil ia/convencoes/lang--pt/in
dex.htm>. Acesso em: 01 out. 2020.
PAT EL, P. M.; DESHPANDE, V. A. Application of Plan-Do-Check-Act Cycle for Quality
and Productivity lmprovement - A Review. lJRASET, v. 5, n. 1, p. 197-201 , jan. 2017.
Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/31 8743952_Applica
tion_Of_Plan-Do-Check-Act_Cycle_For_Qual ity_And_Productivity_1mprovement
-A_Review>. Acesso em: 01 out. 2020.
RANCKI G T H E BRANDS. Green Brands, Global lnsights 2011. Disponível em: <ht
tps://www.ranki ngthebrands.com/PDF/T he%2020 1 1 %20lmage%20Power%20
Green%20Brands.pdf>. Acesso em: 30 set. 2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE
ser
educacional
Objetivos da unidade
Explicar a importância do cooperativismo e da atuação conjunta
dos diferentes setores que compõem a sociedade na promoção do
desenvolvimento socioambiental;
Citar algumas práticas que vêm sendo adotadas pelas organizações e pela
sociedade civil.
Tópicos de estudo
Cooperação, articulações • Articulações intersetoriais:
intersetoriais e promoção do responsabilidade socioambiental
desenvolvimento e a ciência
• O sistema cooperativista e a • Promoção do
responsabilidade socioambiental desenvolvimento: o papel da
• A abordagem intersetorial educação ambiental
na elaboração de políticas
socioambientais Desafios da prática e
• Articulações intersetoriais: tendências
responsabilidade socioambiental • Tendências das organizações
e o terceiro setor na busca da responsabilidade
• Articulações intersetoriais: socioambiental
responsabilidade socioambiental,
saúde e educação
• Articulações intersetoriais:
responsabilidade socioambiental
e redes
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do
..
desenvolvimento
A criação de grupos de trabalho
pode auxiliar na construção de uma
importante ferramenta de coorde
nação e efetivação das práticas de
responsabilidade socioambiental, ao
possibilitarem a construção compar
tilhada de projetos de cooperação,
articulação e promoção do desen
volvimento sustentável, que dão di
reção comum e estratégica às ques
tões econômicas, sociais e ambientais. Tais ferramentas são os meios para
superar as hierarquias institucionais e as relações de poder entre setores,
políticas e segmentos sociais.
Dentro dos pressupostos do desenvolvimento sustentável de propor, esti
mular, promover e monitorar as ações de responsabilidade socioambiental e
a minimização dos impactos negativos sociais e ambientais, a adoção destas
ferramentas acabará por:
• Estimular discussões sobre responsabilidade socioambiental nas organi-
zações e divulgar legislações e normas;
• Potencializar o resultado de ações de capacitação;
• Construir e organizar conhecimento e objetivos de aprendizagem;
• Propiciar o uso racional de matéria-prima, equipamento, força de traba
lho, imóveis, infraestrutura e contratos;
• Aperfeiçoar o uso de recursos orçamentários;
• Aumentar as colaborações entre as instituições de ensino e pesquisa e as
organizações públicas e privadas;
• Realizar o intercâmbio de experiências entre os signatários.
A construção de espaços para comunicação e troca de experiências permite
o estabelecimento de conceitos, objetivos e direções comuns, propiciando con
dições para o planejamento participativo de ações que exijam contribuições de
diferentes setores.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Apesar de ser uma importante estratégia na busca pelo desenvolvimento sus
tentável, o diálogo intersetorial não é simples. Ao praticá-lo será preciso lidar com
diferentes pontos de vista e culturas organizacionais para a tomada de decisão e
para encontrar a solução de problemas.
O trabalho cooperado e intersetorial é um instrumento relevante para a opera
cionalização do conceito e de ações de responsabilidade socioambiental, com base
nos pressupostos teóricos e metodológicos da promoção da sustentabilidade.
Atualmente, a promoção da cooperação e da articulação intersetorial pode
ser considerada componente central das políticas de responsabilidade socioam
biental. Elas objetivam a mudança de postura e a quebra de paradigmas, repre
sentando uma nova forma de gerenciamento que transcende a fragmentação das
políticas públicas e promove a gestão participativa.
•
O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental
Podemos estabelecer algumas conexões entre a gestão das cooperativas e
as ações de responsabilidade socioambiental, seguindo o conceito dos três pi
lares da sustentabilidade. O (1) contexto econômico permite a dinamização da
economia em micro e macroescala, seja por meio da interação com o mercado,
ou pela política equitativa distribuição de renda baseada na produção do coope
rado. O (li) contexto social das cooperativas propicia a distribuição regional da
renda em termos equitativos, levando em consideração a geração de emprego
e desenvolvimento de pequenas localidades, o que permite a distribuição do
capital financeiro regionalmente e homogeneamente. O (Ili) contexto ambiental
fundamenta-se na ideia de que as bases cooperativistas estruturam-se consi
derando o estabelecimento de relações de equilíbrio com o meio ambiente. O
conceito de unidade e trabalho em equipe das cooperativas permeiam as ideias
de parceria, cooperação e colaboração de trabalho.
O cooperativismo está apoiado em cinco valores, sendo eles: equidade, so
lidariedade, justiça social, liberdade e democracia (CHAVES et ai., 2009). Ao preo
cupar-se com o bem-estar social, o cooperativismo contempla ações de gestão
voltadas para a responsabilidade socioambiental. Nesse sentido, responsabilida
de socioambiental e cooperativismo alinham-se, pois ambos são formados por
indivíduos que além de trabalharem seguindo as mesmas pautas econômicas,
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
sociais e ambientais, atuam em prol de uma sociedade maisjusta hoje e no futuro.
A atuação responsável socioambientalmente nas comunidades não é algo novo
para as cooperativas, na realidade, elas foram criadas com o objetivo de resolver
reclamações e problemas comuns de um grupo de pessoas. Assim, sempre estive
ram fundamentadas na comunidade que as criou. Pode-se dizer que a responsabi
lidade socioambiental compõe a essência do cooperativismo.
Analisando os princípios cooperativistas, ficam claras as relações entre coo-
perativismo e responsabilidade socioambiental:
· Adesão livre: as cooperativas são organizações voluntárias,
abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e
assumir as responsa bilidades como cooperadas, sem discrimi
nações sociais, raciais, políticas, religiosas ou de gênero;
· Gestão democrática livre as cooperativas são organizações
democráticas, controladas por seus cooperados, q u e partici
pam ativamente na formulação das suas políticas e nas toma
das de decisões;
· Distribu ição dos lucros: os cooperados contribuem e q u ita
tivamente e controlam democraticamente o capital de suas
cooperativas;
· Autonomia e independência as cooperativas são organizações
autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos cooperados;
· Promoção da educação, formação dos membros e aprimora
mento social as cooperativas promovem a educação e a for
mação de seus cooperados, dos representantes eleitos, dos
gerentes e de seus funcionários, de forma que estes possam
contribuir eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;
· Promoção do capital social: as cooperativas trabalham para o
desenvolvimento sustentado das suas comunidades, através de
políticas aprovadas pelos cooperados;
· Cooperação entre as cooperativas para as cooperativas pres
tarem melhores serviços a seus cooperados e agregarem força
ao movimento cooperativo, devem trabalhar em conj unto com
as estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais (OCE
PAR, 201 6 apud OLIVEIRA, 201 7, p. 83)
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A cultura organizacional que adota os sete princípios cooperativistas está fo
cada no capital social, se diferindo, assim, da cultura organizacional empresarial
tradicional, que é fundamentada na geração de capital financeiro (Quadro 1 ).
©
consciente. Os produtos orgânicos são livres de agrotóxicos,
assim, busca-se um equilíbrio entre o ser humano e a natureza.
A linha orgânica possuí certificação e selo da ECOC ERT.
1
DICA
Acesse os sites oficiais das cooperativas C O PACOL, CO PERCICLA e CAISP
para saber um pouco mais sobre suas histórias e trajetórias.
Modelo de "desenvolvimento"
Produz Produz
Miséria-fome Desperdício
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O trabalho intersetorial socioambiental requer amplo debate, prática da ne
gociação e incorporação da contribuição política para que se alcance a dimen
são transetorial das questões econômicas, sociais e ambientais. A partir daí,
tem-se a possibilidade de desenvolver novos olhares e instaurar novos valores,
considerando o respeito às diferenças na compreensão e na superação das
questões globais.
Organizações públicas e privadas, entre elas, as universidades, os centros
de pesquisa, as empresas, os meios de comunicação e, principalmente, a socie
dade civil, fazem parte da cadeia de formulação e de implementação de políti
cas socioambientais.
Basicamente, todos os setores que compõem um País são influenciados di
reta ou indiretamente pelas políticas socioambientais. Por muitos anos, os con
flitos de interesse sobre a implementação e estabelecimento destas políticas
foram maiores do que a sua efetivação, sendo que muito deste contexto foi
resultado da falta da atuação intersetorial. A abordagem intersetorial faz a me
diação de tais conflitos entre os defensores do uso indiscriminado de recursos
..
naturais e os que defendem a sustentabilidade ambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
fiscalizar e direcionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da população,
focando sua atuação nos locais mais carentes. Outra atuação intersetorial ocor
re nas empresas que, por sua vez, podem ver no terceiro setor a oportunidade
de colocar em prática projetos e ações de responsabilidade socioambiental.
O terceiro setor possui diversas frentes de atuação, que visam a promoção
da cidadania e das minorias. Elas podem trabalhar com:
• A cultura;
• A educação;
• O meio ambiente;
• A saúde;
• A assistência social;
• A infância;
• A atenção ao idoso;
• As questões étnico-raciais;
• O preconceito religioso;
• A distinção de gênero;
• A pobreza;
• A ajuda humanitária;
• O esporte e o lazer;
• A extensão agrícola;
• A educação ambiental;
• As atividades profissionalizantes;
• A proteção e luta aos direitos dos animais;
• O resgate em casos de catástrofes ambientais;
• A garantia dos direitos humanos em geral.
O terceiro setor só existe devido à existência das causas sociais. Por isso,
podemos dizer que ele está totalmente voltado às questões e à prática da res
ponsabilidade socioambiental.
A articulação entre terceiro setor e Estado permite que diversos serviços
básicos e informações atualizadas cheguem aos locais onde o trabalho do Esta
do ou de empresas ainda não tenha chegado ou não esteja tão evidente. Mui
tas das organizações do terceiro setor recebem auxílio financeiro do governo
ou obtêm recursos por meio de financiamentos governamentais, de empresas
privadas, da comercialização de produtos e/ou por doações.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A mão de obra atuante é constituída, em geral, por vo
luntários, temporários ou fixos.
Existem inúmeros exemplos de institutos, ONGs,
fundações, associações e entidades que exercem
práticas de responsabilidade socioambiental. Vamos
conhecer alguns.
G)
1
DICA
Acesse os sites oficiais das cooperatrvas SOS Mata Atlântica, SOS Pantanal,
Apae, lmaflora e PSA para saber um pouco mais sobre suas histórias e trajetórias.
/ii\
\oi
RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .
•
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental,
saúde e educação
A concepção socioambiental sobre promoção da
saúde e da educação inclui a existência de condições
ideais como alimentação, trabalho, moradia, sanea
mento básico, lazer, meio ambiente e acesso aos bens
essenciais. Tal concepção é obtida considerando-se os as
pectos físicos, sociais, econômicos, ambientais e culturais
da sociedade e fundamentando-se no fato de que, quando
integrado socialmente - pelo acesso à saúde e educação -, o
indivíduo tem condições de aproveitar uma vida com qualidade, ao mesmo
tempo que para ser saudável precisa de um ambiente de qualidade.
As articulações intersetoriais sustentadas por programas com essa abor
dagem possuem constante diálogo crítico e reflexivo entre a comunidade, os
profissionais, as empresas, as universidades e as agências governamentais e
não governamentais.
As articulações intersetoriais promovem programas baseados em ações es-
tratégicas que resultam:
• Na promoção de espaços ambientalmente saudáveis;
• No empoderamento e inclusão da população;
• No desenvolvimento de habilidades;
• Nos conhecimentos e atitudes favoráveis à saúde;
• Na percepção da importância do meio ambiente para obtenção de quali-
dade de vida;
• Na redução da pobreza e da desigualdade social;
• Na promoção do desenvolvimento sustentável.
As ações de responsabilidade socioambiental no contexto de promoção da saú
de e da educação ficam isoladas quando abordadas em um contexto setorial e frag
mentado. Neste sentido, as articulações intersetoriais devem ser estratégias imple
mentadas por meio de ações coordenadas entre os diferentes setores da sociedade
- Estado, mercado, organizações e iniciativas privadas. As estratégias intersetoriais
devem embasar-se em programas estruturados com gestão, planejamento partici
pativo, financiamento próprio, e integração com a comunidade e o meio ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Para entender melhor sobre as articulações intersetoriais na promoção da
saúde e da educação, vamos conhecer alguns exemplos que, por promoverem a
educação e a saúde, resultam em cidadãos mais ativos nas questões ambientais.
..
direitos da criança na primeira infância.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
CURIOSIDADE
Para entender melhor sobre o poder das redes como ferramenta que pro
move a intersetorialidade e a divulgação de informações socioambientais,
é possível buscar por termos em sites de busca e nas redes sociais para
constatar como é grande a quantidade de sites e perfis informativos que
serão encontrados. Como exemplo, o termo "meio ambiente", pesquisado,
no Google, obteve 378.000.000 resultados; "políticas públicas ambientais"
obteve 20.200.000 resultados; e "empresa sustentável no Brasil" obteve
..
50.400.000 resultados.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O trabalho que vem sendo desen
volvido durante várias décadas pela co
munidade científica sobre as questões
socioambientais em conjunto com as
políticas públicas e com as organizações
governamentais e não governamentais,
trouxe estes aspectos ao conhecimento
da sociedade, conduzindo ao atual nível
de conscientização das populações e go
vernos. Se hoje, começamos a empregar
grande parte do nosso tempo em busca
de soluções para as questões sociais e
ambientais e para o impacto das ativida
des humanas, em grande parte, isso é fruto do trabalho científico que nos mostrou
a importância dessa dedicação.
Fica claro que a ciência, em suas diversas áreas, é a grande detentora do co
nhecimento e dos mecanismos socioambientais. A adoção de práticas de res
ponsabilidade socioambiental está diretamente relacionada com a chegada da
informação científica aos diversos setores sociais. Devemos considerar o fato
de que a informação acadêmica é técnica, logo, de difícil compreensão para
profissionais de outras áreas.
Assim, para que seja efetiva, a difusão da informação científica deve ser fei
ta de modo que haja articulação intersetorial. Diante disso, torna-se indispen
sável a construção de um diálogo simplificado, que possa ser compreendido e
..
viabilizado para todos os setores, incluindo as organizações governamentais e
o
não governamentais, que elaboram as políticas públicas e para a população.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sobre educa ç ão a m b ienta l entendem-se os p rocessos p or meio
dos q uais o ind ivíduo e a coletivi dade constroem va lores
socia is, conhecimentos, h a b i l i d ades, atitudes e com p etências
voltadas p a ra a conserva ç ão do meio a m biente, bem de uso
com u m do p ovo, essencial à sadia q ualidade de vida e sua sus
tenta bilidade (BRA S I L, 201 8, p . 43).
Ta l co n ceito nos faz refletir sobre o
fato d e q u e a e d u cação a m b i e n t a l n ã o
excl u i o dese nvolvi m e n to, m a s o rea l i
za l eva n d o e m co nsideração a capaci
dade d e res i l iê n ci a d o p l a n eta.
Pod emos i nfe rir que a e d u cação
a m b i e n t a l a b a rca o d i reito j u ríd ico,
pois é i n strum ento d e efetivação do
d i re ito e da n e ces s i d a d e dos sere s h u
m a n o s a o dese nvolvi m e n to a m b iental
e q u i l i b ra d o, con d ição i n d ispensáve l à
d i g n i d a d e de vida das gerações vive n
t e s e d a s fut u ra s . Somente por i n te r
médio da ed ucação, a h u man idade
será capaz d e co m p ree n d e r a re l evâ n
c i a d a s q u e stões a m b ientais e s u a i n
ter-relação c o m o m e i o a m biente .
As d i s c u s s õ e s s o b re e d u c a ç ã o a m b i e n t a l remetem a u m a n tigo e a m p l o
h i stórico n a c i o n a l e i n tern a c i o n a l . D u ra n te a R i o -92, u m eve nto rea l i z a d o
n o R i o d e J a n e i ro q u e fo i m a rco d a s d i s c u s s õ e s s o b re m e i o a m b i e n te, fo i
e l a b o r a d o o Tra t a d o d e E d u ca ç ã o A m b i e n t a l p a ra Socied a d e s S u s t e n táve i s
e R e s p o n s a b i l i d a d e G l o b a l . N e l e, fo ram e s t a b e l e c i d o s p r i n cíp i os , d i retrizes
e p l a n o s d e ação fu n d a m e n t a i s p a ra a promoção d a e d u ca ç ã o p a ra a s s o
c i e d a d e s s u st e n táve i s . E l e s e n fa t i z a r a m a i m p o r t â n c i a d o p e n s a m e n to e d a s
a t i t u d e s crít i cas, coletivas e s o l i d á rias, d a i n terd isci p l i n a ri d a d e, d a m u l t i p l i
c i d a d e e d a va l o r i z a ç ã o d a d i ve rs i d a d e .
N o Q u a d ro 5 , va mos co n h ecer os dezesseis p ri n cípios d a e d u cação p a ra
sociedades s u stentáve i s e responsa b i l i d a d e g l o b a l .
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, promovendo a
transformação e a construção da sociedade;
3. A educação ambiental tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e
planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações;
4. A educação ambiental não é neutra, e sim ideológica. constituindo-se como ato político;
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, com enfoque
interdisciplinar na relação entre ser humano, natureza e universo;
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos
direitos humanos;
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações
em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico;
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de
decisão, em todos os níveis e etapas;
9. A educação ambiental deve recuperar. reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história
indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, linguística
e ecológica;
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações,
promovendo oportunidades para as mudanças democráticas de base, que estimulem os
setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução
de seus próprios destinos;
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Existem diversas correntes sobre a concepção de meio ambiente que se
encaixam em diferentes perspectivas teóricas. Porém, é importante que, ape
sar das diferenças, se mantenha o foco na problemática do assunto e na busca
por soluções condizentes com a realidade e a aplicabilidade dos grupos sociais.
Existem quinze correntes de educação ambiental divididas em dois grupos,
que apresentam uma pluralidade de proposições inerentes a cada contexto (Qua
dro 6). Todas possuem em comum a preocupação com o meio ambiente e o reco
nhecimento da importância da educação para promover o equilibro ambiental.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Todas as correntes citadas possuem em comum a preocupação com o meio
ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o
equilibro ambiental. Independentemente da corrente, a educação ambiental
deve promover um ambiente de transformação individual e coletiva das atua
ções humanas que causam a crise socioambiental.
O objetivo é que, por meio da educação ambiental, entenda-se que o am
biente pode ser utilizado para benefício econômico e social da humanidade,
desde que ela seja capaz de usufruir dos recursos naturais sem causar impac
tos negativos significantes (ALENCASTRO; SOUZA-LIMA, 2015).
Até aqui a educação ambiental foi abordada como meio de promover o de
senvolvimento a partir de um viés ambiental. Discutimos seus conceitos, sua
importância e suas diversas correntes. Agora, vamos conhecer um pouco so
bre as políticas, os programas, as ações e os projetos governamentais que es
tão em vigor no Brasil e são voltados para essa pauta.
No Brasil, existe a Política Nacional de Educação Ambiental (PN EA) que é
coordenada por um órgão gestor que atua em articulação com o Ministério da
Educação e o Ministério do Meio Ambiente. O PNEA subsidia e qualifica ações
capazes de promover a educação ambiental em todos os níveis e modalidades
de ensino, seja em caráter formal ou não formal. A partir das políticas do PN EA,
foi lançado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em 2003.
O ProNEA apresenta diretrizes, princípios, visão, missão, objetivos, público e
linhas de ação que orientam a educação ambiental no Brasil, assegurando, de
forma integrada e articulada, o estímulo aos processos de mobilização, for
mação, participação e controle social das políticas públicas
ambientais. Como podemos observar, o ProNEA atua em
articulação intersetorial com as demais políticas fede
rais, estaduais e municipais, incluindo IBAMA, SISNA
MA, PN UMA etc.
A missão do ProNEA é:
promover educação que contribua para um projeto de sociedade
que integre os saberes nas dimensões ambiental, ética, cultural,
espiritual, social, política e econômica, impulsionando a dignidade,
o cuidado, o bem viver e a valoração de toda forma de vida no
planeta (BRASIL, 2018, p. 26)
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Assim,
o ProNEA tem como eixo orientador a perspectiva da sustenta
bilidade com base no Tratado de Educação Ambiental para So
ciedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e defi ne como
d iretrizes do programa:
· Transversalidade, transdisciplinaridade e complexidade;
· Descentralização e articulação espacial e institucional, com
base na perspectiva territorial;
· Sustentabilidade socioambiental;
· Democracia, mobilização e participação social;
· Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Educação
(formal, não formal e informal), Meio Ambiente e outros que te
nham i nterface com a educação ambiental;
· Planejamento e atuação integrada entre os diversos atores no
território (BRASIL, 2018, p. 23)
A partir do ProNEA o governo vem desenvolvendo diversas linhas de ações
estratégicas, como as observadas no Quadro 7.
É uma in1c1ativa que busca levar o futebol até as regiões pouco ex
Concurso de Redação
ploradas pelas grandes competições, aliando aos eventos o conceito
da Copa Verde
de sustentabilidade.
Fonte: BRASIL, [s.d.]b. (Adaptado).
..
um todo deve ser enfrentado por todas as empresas brasileiras.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Nesse sentido, vamos conhecer algumas tendências da atuação socioam
biental no mercado, falando sobre os títulos verdes e o capitalismo consciente.
Os títulos verdes (green bonds) são títulos utilizados para financiar in
vestimentos sustentáveis, como: atividades de pesquisas e inovação de
um projeto; obras para implantação de energia solar; projetos de reapro
veitamento de resíduos; e projetos para redução da emissão de gases do
efeito estufa ou de tratamento de águas residuárias. É uma alternativa de
investimento em longo prazo que contribui para o futuro do planeta. São
importantes para estimular o desenvolvimento sustentável e direcionar
recursos para a mitigação de mudanças climáticas (ABGI, 2020). Para se
rem passíveis de financiamento, existem três critérios de elegibilidade dos
projetos, que foram implantados em 2018 pela 150 14030, que os classifica
a sua sustentabilidade de acordo com três categorias divididas entre A, B
e C. São elas:
• Verde por "natureza";
• Verde com qualificações (demonstrar redução de GEE);
• A ser testado caso a caso para atender requerimentos green, mas, em
geral, são categorias excluídas.
Por serem títulos, podem ser comparados com os títulos convencio
nais. Vamos entender melhor com o auxílio do Quadro 8.
ml
ço do capitalismo consciente, (i) a atual preocupação com a degradação ambien
tal e com a disseminação da miséria, (ii) a conscientização de que as empresas
devem participar ativamente na solução desses problemas e (iii) a atuação das
Nações Unidas pelo estabelecimento dos 0D5 (Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável) e pela criação do Pacto Global.
A SSISTA
Para_ saber mais sobre capitalismo consciente, assista
ao v1deo.
Todas as tendências citadas apontam para a economia verde, que é uma prá
tica econômica baseada no uso sustentável dos recursos naturais e na respon
sabilidade socioambiental. A implantação desse modelo econômico dependerá,
além da adoção dos critérios citados anteriormente, do aumento das ofertas de
emprego, do uso de energia limpa, do consumo consciente e da valorização da
biodiversidade como principal meio para manutenção do meio ambiente e das
questões sociais. Espera-se que a economia verde resulte na redução da desi
gualdade social, na preservação e na conservação do meio ambiente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Nesta unidade, discutimos sobre a importância da atividade cooperada
e da atuação intersetorial das organizações públicas e privadas, represen
tadas pelos três setores (Estado, mercado e terceiro setor) e das políticas
públicas na superação da atuação setorial e fragmentada.
Entendemos sobre a importância da atuação das cooperativas na imple
mentação das ações de responsabilidade socioambiental. Para essa imple
mentação, a criação de grupos de trabalho auxilia na construção, na coorde
nação, na efetivação e no monitoramento das práticas de responsabilidade
socioambiental ao possibilitarem a construção compartilhada de projetos de
cooperação, articulação e promoção do desenvolvimento sustentável, que dão
direção comum e estratégica às questões econômicas, sociais e ambientais.
O terceiro setor está totalmente voltado às questões e à prática da respon
sabilidade socioambiental. As instituições do terceiro setor se articulam com o
Estado e com o mercado, assumindo o papel de auxiliar, cobrar, fiscalizar e di
recionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da população, focando
sua atuação nos locais mais carentes. O terceiro setor possui diversas frentes
de atuação - como a cultura, a educação, o meio ambiente, a saúde, a assis
tência social e a infância - que visam a promoção da cidadania e das minorias.
Quando articuladas, as políticas públicas ambientais, de educação e
saúde, auxiliam no diálogo entre os diversos setores que compõem a es
trutura socioambiental de um País, uma vez que eliminam as característi
cas centralizadoras e hierárquicas e dão voz à opinião de todos os agen
tes sociais. As articulações intersetoriais de educação e saúde promovem
programas baseados em ações estratégicas, que resultam na
viabilização de espaços ambientalmente saudáveis; no empo
deramento e inclusão da população; no desenvolvimento de
habilidades; no conhecimento e atitudes favorá
veis à saúde; na percepção da importância do
meio ambiente para obtenção de qualidade
de vida; na redução da pobreza e da desi
gualdade social; e na promoção do desenvol
vimento sustentável.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O grande ponto de encontro dos movimentos socioambientais ocorre com a
constituição de redes que têm importância estratégica. As redes representam
a capacidade dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil expli
citarem sua riqueza intersubjetiva, organizacional e política e concretizarem a
construção de intersubjetividades planetárias, buscando consensos, tratados
e compromissos de atuação coletiva.
A comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações
sobre a situação das questões ambientais, logo, deve ser articulada interse
torialmente. O trabalho que vem sendo desenvolvido durante várias décadas
pela comunidade científica sobre as questões socioambientais - em conjunto
com as políticas públicas e com as organizações governamentais e não gover
namentais - trouxe estes aspectos ao conhecimento da sociedade, conduzindo
ao atual nível de conscientização das populações e governos.
A educação ambiental visa o desenvolvimento e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental não exclui o de
senvolvimento, mas o realiza levando em consideração a capacidade de resi
liência do planeta.
Assim, concluímos que entre os principais desafios a serem vencidos está o
tradicionalismo de ideias, o nível de desenvolvimento do País, a desinformação
e a dificuldade de acesso às práticas de responsabilidade socioambiental. A
tendência deve ser de crescer sustentavelmente, e assim, superar a profunda
desigualdade social existente em nosso País e no mundo. Para isso, as orga
nizações públicas e privadas deverão adotar tendências da atuação socioam
biental como, por exemplo, os títulos verdes e o capitalismo consciente.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Referências bibl iográficas •
ABGI CONSULTORIA. Green bonds: o que são os títulos verdes e como utilizá-los
para alavancar a inovação. São Paulo, 2020. Disponível em: <https://brasil.abgi
-group.com/wp-content/uploads/2020/09/ABGI-Ebook-Green-bonds-master.pdf>.
Acesso em: 30 out. 2020.
ALENCASTRO, M. S. C.; SOUZA-LIMA,J. E. Educação ambiental: breves considerações
epistemológicas. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, Curitiba, v. 8, n. 4,
2015. Disponível em: <https://www.uninter.com/revistameioambiente/index.php/
meioAmbiente/article/view/421>. Acesso em: 30 out. 2020.
APAE BRASIL. Quem Somos. Brasília, DF, [s.d.J. Disponível em: <http://www.apae
brasil.org.br/pagina/a-apae>. Acesso em: 30 out. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Conceitos de educação am
biental. Brasília, [s.d.]a. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/educacao
-ambiental/pol%C3%ADtica-nacional-de-educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental/
conceito.html>. Acesso em: 30 out. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA; Ministério da Educação - MEC. Educação
ambiental por um Brasil sustentável: ProNEA, marcos legais e normativos. Brasília:
MMA, 2018. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/publicacoes/educacao-ambien
tal/category/98-pronea.html?download=1094:programa-nacional-de-educa%C3%A7%
C3%A3o-ambiental-4%C2%M-edi%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 30 out. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Programas. projetos e ações. Bra
sília, [s.d]b. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/pro
gramas-projetos-e-a%C3%A7%C3%B5es.html>. Acesso em: 30 out. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Brasília, [s.d]c. Dis
ponível em: <https://www.mma.gov.br/informma/item/8068-tratado-de-educa%
C3%A7% C3%A3o-ambientaI-para-sociedades-sustent%C3%A1veis-e-respensabi
Iidade-global.html>. Acesso em 30 out. 2020.
CAISP. A cooperativa. lbiúna, [s.d.]. Disponível em: <http://caisp.com.br/a-coopera
tiva/>. Acesso em: 30 out. 2020.
CHAVES, C.J. A.; VIEIRA, F. G. D; BERNARDO-ROCHA, E. E. R. Possibilidades e limites
das ações de responsabilidade social em organizações cooperativas. ln: Encontro da
ANPAD, 33., São Paulo. Anais... São Paulo: ANPAD, 2009.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
COOPERLÍNIA AMBIENTAL DO BRASIL. Serviços oferecidos pela Cooperlínia Am
biental do Brasil. Paulínea, 2017. Disponível em: <https://cooperlinia.coop.br/servi
cos/>. Acesso em: 30 out. 2020.
COPACOL. A Copacol. Cafelândia, PR, 2020. Disponível em: <https://www.copacol.
com.br/copacol>. Acesso em: 30 out. 2020.
CUSTÓDIO, A. V.; SILVA, C. R. C. A intersetorialidade nas políticas sociais públicas.
ln: Seminário Nacional Demandas Sociais e Políticas Públicas na Sociedade, 11.;
Mostra de Trabalhos Científicos, 1., Santa Cruz. Anais... Santa Cruz: UNISC, 2015.
Disponível em: <https://onIine.unisc.br/acadnet/anais/index.php/snpp/article/view
File/14264/%202708>. Acesso em: 30 out. 2020.
FUNDAÇÃO SOS PRO-MATA ATLÂNTICA. História da SOS Mata Atlântica. São Pau
lo, 2020. Disponível em: <https://www.sosma.org.br/sobre/historia/>. Acesso em: 30
out. 2020.
GIESE, E.; BÜTTENBENDER, P. L. Gestão da sustentabilidade ambiental no coope
rativismo: o caso da Cooperativa Mista São Luiz Ltda. - Coopermil. ljuí, 2015. Disponí
vel em: <http:l/bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/2904>.
Acesso em: 30 out. 2020.
IMAFLORA. Nossas raízes. Piracicaba, [s.d.]. Disponível em: <https://www.imaflora.
org/quem-somos/sobre-nos>. Acesso em: 30 out. 2020.
150 - lnternational Organization for Standardization. lSO/DIS 14030-2: Environmen
tal performance evaluation - Green debt instruments - Part 2: Process for green
loans. Londres: ISSO, 2018.
JACOBI, P. Meio ambiente e redes sociais: dimensões intersetoriais e complexidade
na articulação de práticas coletivas. Revista de Administração Pública, São Paulo,
v. 34, n. 6, p. 131-158, 2000. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.
php/rap/article/view/6353>. Acesso em: 30 out. 2020.
JUNQUEIRA, L. A. P.; INOJOSA, R. M.; KOMATSU, 5. Descentralização e intersetoria
lidade na gestão pública municipal no Brasil: a experiência de Fortaleza. Concurso
de ensayos dei CLAD "el tránsito de la cultura burocrática ai modelo de la gerencia
pública: perspectivas, possibilidades y limitaciones", 11., Caracas, 1997. Anais... Ca
racas: CLAD, 1997. Disponível em: <http://150.162.8.240/PNAP_2013_2/Modulo_4/
Organizacao_processos_tomada_decisao/material_didatico/textos/Descentrali
za%C3%A7%C3%A3o%20e%20intersetorialidade%20na%20gest%C3%A3o%20p%
C3%BAblica%20municipal.pdf>. Acesso em: 30 out. 2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
LAFFITE, L. T. G. et ai. (orgs.). A intersetorialidade nas políticas para a primei
ra infância. Fortaleza: Rede Nacional Primeira Infância, 2015. Disponível em:
<http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/07/GUIA-INTERSETO
RIAL.pdf>. Acesso em: 30 out. 2020.
NASCIMENTO, E. C. S. A utilização da abordagem intersetorial na elaboração
de políticas sociais. 2016. 45f. TCC (Graduação em Gestão Pública para o Desen
volvimento Econômico e Social) - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano
e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. Disponí
vel em: <https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/5410/1/ECSNascimento.pdf>.
Acesso em: 30 out. 2020.
NISHIGAWA, K. S.; GIMENES, F. M. P.; GIMENES, R. M. T. A inserção da responsabi
lidade social no sistema cooperativista: o caso da cooperativa agrícola consolata.
Informe Gepec, Toledo, v. 12, n. 2, 2007. Disponível em: <http://e-revista.unioes
te.br/index.php/gepec/article/view/1298>. Acesso em: 30 out. 2020.
NÓBREGA, L. M. O. et ai. Sistema único de saúde: a intersetorialidade como ins
trumento utilizado para garantir a resolutividade das ações de saúde. Temas
em Saúde, João Pessoa, v. 20, n. 4, p. 771-788, 2018. Disponível em: <http://te
masemsaude.com/wp-content/uploads/2018/10/fip201849.pdf>. Acesso em: 30
out. 2020.
OLIVEIRA, E. D. Cooperativismo e responsabilidade social como estratégia
de crescimento local. lvaiporã, 2017. Disponível em: <https://sistemas.uft.edu.
br/periodicos/index.php/producaoacademica/article/view/3558/11449>. Acesso
em: 30 out. 2020.
PITTON, S. E. Prejuízos ambientais do consumo sob a perspectiva geográfica. ln:
ORTIGOZA, S. A. G.; CORTEZ, S. T. C. (orgs.). Da produção ao consumo: impactos
socioambientais no espaço urbano. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009, p. 91-110.
PSA - Projeto Saúde e Alegria. Quem somos. Santarém, PA. Disponível em: <ht
tps://saudeealegria.org.br/quem-somos/>. Acesso em: 30 out. 2020.
RAJ Sisodia I Capitalismo Consciente. Postado por A Serviço da Administração.
(4min. 46s.). son. colar. leg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=LZp1AhHHmjA>. Acesso em: 30 out. 2020.
SAUVÉ, L. Uma cartografia das correntes de educação ambiental. ln: SATO, M.;
CARVALHO, 1. (orgs.). Educação Ambiental: pesquisa e desafios. Porto Alegre:
Artmed, 2005, p. 17-44.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
SILVA, K. L. et ai. lntersetorialidade, determ inantes socioambientais e promoção
da saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1 1 , p. 4361-4370, nov.
2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1 590/1413-812320141 9 1 1 .1 004201 4>.
Acesso em: 30 out. 2020.
SOS Pantanal. Um pouco de quem somos. Campo Grande, [s.d.]. Disponível em:
<https://www.sospantanal.org.br/>. Acesso em: 30 out. 2020.
TAVARES, M. F. L. et ai. Articulação intersetorial na gestão para a promoção da saúde.
ln: OLIVEIRA, R. G. de.; GRABOIS, V.; MENDES JÚNIOR, w. V. (orgs.). Qualificação de
gestores do SUS. Rio de Janeiro: EAD/Ensp, 2009, p. 363-378. Disponível em: <ht
tps://biblioteca.univap.br/dados/00002d/00002dfd.pdf>. Acesso em: 30 out. 2020.
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
f