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ser

educacional
gente criando o futuro
Presidente do Conselho de Administração Janguiê Diniz
Diretor-presidente Jânyo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância Enzo Moreira
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Edição de Arte. Diagramação. Design Gráfico e Revisão.

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1
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple­
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

1
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.

® 1
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.

<g)
1
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto
tratado.

© 1
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

1 EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

1
EXPLICANDO
Expllcaçao, eluc1daçao sobre uma palavra ou expressao específica da
área de conhecimento trabalhada.
Unidade 1 -Aspectos introdutórios da temática socioambiental
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13

lntrodução .............................................................................................................................. 14
Os problemas ambientais da atualidade ..................................................................... 16
A interdisciplinaridade nas questões ambientais ...................................................... 19
Um convite para repensar o amanhã ........................................................................... 21

Conceitos e definições ........................................................................................................ 22

Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e


no mundo ................................................................................................................................ 32

Movimentos mundiais ......................................................................................................... 34

Sintetizando ........................................................................................................................... 38
Referências bibliográficas ................................................................................................. 39
Unidade 2. Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 42

Responsabilidade socioambiental ................................................................................... 43


O nascimento do mundo globalizado e a questão socioambiental......................... 44
A responsabilidade socioambiental como compromisso da modernidade .......... 46
A responsabilidade socioambiental governamental, cidadã e empresarial ......... 47

Aspectos legais .................................................................................................................... 50


Leis socioambientais brasileiras .................................................................................. 51
A responsabilidade socioambiental além das exigências legais .......................... 52

Desenvolvimento sustentável ............................................................................................ 54


Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável .............................................. 56
As três dimensões da sustentabilidade ....................................................................... 6 0

Debates mundiais ................................................................................................................. 61


Agenda 21 ......................................................................................................................... 62
Agenda 2030 ..................................................................................................................... 6 3

Contexto atual ....................................................................................................................... 65


Ecoeficiência .................................................................................................................... 6 6
Os 7 R's da sustentabilidade .......................................................................................... 6 7

Sintetizando ........................................................................................................................... 68
Referências bibliográficas ................................................................................................. 69
Unidade 3- Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 72

Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão .................................. 73


Ações de gestão interna ................................................................................................ 7 4
Ações de gestão externa ............................................................................................... 7 5
Paradigma econômico, social e ambiental ................................................................. 7 8
Empresa sustentável ....................................................................................................... 7 9
Modelos de gestão ambiental ....................................................................................... 81
Gestão e as políticas socioambientais ........................................................................ 82
Princípios, códigos e regulamentos das políticas socioambientais empresariais .. 84

Indicadores, certificações, tecnologias e instrumentos de gestão ........................... 86


Fontes de orientação estratégica ................................................................................. 87
A Norma ISO 26000.......................................................................................................... 88
Indicadores e índices de sustentabilidade ................................................................. 92
Tecnologias resultantes da gestão ambiental ............................................................ 9 4

Marketing ambiental ........................................................................................................... 95


Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor .................................................. 9 6
Iniciativas d e marketing ambiental .............................................................................. 9 7

Sintetizando ........................................................................................................................... 98
Referências bibliográficas ................................................................................................. 99
Unidade 4 - Cooperativismo, atuação conjunta e promoção do desenvolvimento
socioambiental
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 102

Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do desenvolvimento ............... 103


O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental........................... 104
A abordagem intersetorial na elaboração de políticas socioambientais ................ 107
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e o terceiro setor .................... 110
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental, saúde e educação......................113
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e redes .............. 114
Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental e a ciência ................. 116
Promoção do desenvolvimento: o papel da educação ambiental ........................ 117

Desafios da prática e tendências ................................................................................... 123


Tendências das organizações na busca da responsabilidade socioambiental.................. 123

Sintetizando ......................................................................................................................... 126


Referências bibliográficas ............................................................................................... 128
As questões sociais e ambientais adentram o século XXI transpassando as
barreiras acadêmicas. o tema ganha forma e passa a ser debatido não somente
em grandes eventos, conferências e afins, mas também compõe o discurso po­
lítico e as rodas de diálogo, e dele tomam parte pessoas de diferentes graus de
conhecimento. O mundo das artes - músicas, poesias, peças teatrais, novelas -
"firma" um compromisso, denunciando e levando o conhecimento de forma po­
pular. O distanciamento entre sociedade e ambiente passa a ser gradativamente
erradicado e dá margem a uma nova visão, denominada socioambiental.
Antes de qualquer titulação ou posto empregatício, somos cidadãos e te­
mos reponsabilidade com nosso meio de convívio e com as causas socioam­
bientais. Temos o compromisso de reestruturar nossas formas de pensamento
e nosso conhecimento, pois, no decorrer da História, a ideia de hierarquização
da sociedade sobre o ambiente, ou dentro do próprio âmbito social, acarretou
reflexos desastrosos. Mesmo em passos lentos, caminhamos rumo à constru­
ção socioambiental de maneira digna; contudo, para entender como isso ocor­
reu, é necessário fazer uma linha do tempo, compreendendo o histórico e o
surgimento dos conceitos e seus fundamentos.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O professor Bruno Fonseca da Silva é
graduado em Geografia (Licenciatura)
e Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente pela Universidade Federal de
Pernambuco, atuando desde 2013 em
estudos relacionados às ciências am­
bientais. Suas pesquisas concentram­
-se no monitoramento ambiental, por
meio da análise de elementos químicos,
radioisótopos e compostos orgânicos
para avaliação da qualidade do ar - utili­
zando organismos vivos (líquens) - e do
solo. Tem publicações, participações em
eventos científicos e ministração de cur­
sos e palestras.

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq. br/3215963517080495

Dedico este livro a todos que buscam compreender e se preocupam com as


causas ambientais - e principalmente aos cientistas da sociedade civil, que
defendem e procuram solucionar problemas sobre a temática.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A professora Camila Bolfarini Bento
é Doutora e Mestre em Biotecnologia
e Monitoramento Amb iental pela Uni­
versidade Federal de São Carlos (2020),
licenciada em Biologia (2020) e Bacha­
rel em Engenharia Agronômica pela
Universidade Estadual Paulista (2012).

Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq. br/3230386423166043

Dedico este trabalho aos meus professores, por todos que acrescentaram
conhecimento teórico e prático desde a minha formação de base até a pós­
graduação. Agradeço por serem profissionais tão dedicados nessa árdua e
nobre tarefa de formar pessoas intelectual e socialmente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE

ser
educacional
Objetivos da unidade
Introduzir a temática social e ambiental e realizar uma reflexão sobre os
problemas atuais, para descobrir quais os motivos de o tema ser debatido
atualmente;

Explanar conceitos importantes e apresentar as respectivas definições sobre


o tema socioambiental;

Conhecer os movimentos existentes que fundamentam o debate


socioambientalista mundial.

Tópicos de estudo
Introdução Histórico dos debates
• Os problemas ambientais da a respeito de ética e
atualidade responsabilidade social no
• A interdisciplinaridade nas Brasil e no mundo
questões ambientais
• Um convite para repensar o Movimentos mundiais
amanhã

Conceitos e definições

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Introdução
Atualmente, a humanidade apresenta forte
••
preocupação com as questões ambientais. No
sentido restrito, utilizamos o termo "ambien­
te" para nos referirmos aos aspectos da natureza,
como a água, as plantas, os "animais"; mas conside­
ramos a "sociedade" como algo à parte, como se não
houvesse um elo entre ambos. Qual motivo, porém, para
inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus sig-
nificados. Quando abordamos a palavra "animais", em certo ponto, infe­
riorizamos as demais espécies por sermos seres pensantes - mas, nisso,
fracassamos. Nós nos consideramos inteligentes; porém, não sabemos
respeitar o meio em que vivemos. Somos definidos como sociais; todavia,
negligenciamos o respeito à opinião, a escolha, ao status social do outro.
Nessa direção, chegamos ao limite: da abundância de recursos naturais,
mas também do preconceito, iniciando uma corrida contra o tempo para
equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemen­
te de outras espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao
outro, fazendo com que se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que,
em determinados momentos, acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se
a temática é ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra:
afinal, somos também ambiente? Se a resposta for positiva, o
que nos levaria a pensar que questões sociais não são dis­
cutidas na temática ambiental? O primeiro exer­
cício necessário é a reflexão de que não existe
diferença entre sociedade e ambiente: ser hu­
mano e o seu meio constituem algo mútuo
e unitário. A compreensão é aparentemente
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos
colocá-la em prática.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Classe A
Renda mensal 37,4%
acima RS 14.695 da renda nacional

Classe B
Renda mensal
RS 4.720 a RS 14.695

Classe C
Renda mensal
RS 1.957 AR$ 4.720
Classe D/E
Renda mensal
até RS 1.957

Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE (2015) apud Mussi, 2017, p. 20.

Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar


esse discurso socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensi­
bilização social, não se restringindo à conscientização. Sensibilizar a po­
pulação às questões socioambientais procura estimular seu engajamento
e trabalho efetivo, com a finalidade de um ambiente de melhor convívio.
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restri­
ta às relações de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambien­
tal realizada. Para melhor compreensão, pode-se afirmar que a produção
do conhecimento e o desligamento histórico entre sociedade e ambiente
são formas de trabalho. Dessa forma, o trabalho é o produto dos fenôme­
nos e da relação entre sociedade e natureza, que procura atingir alguma
meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.

CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para
elaboração da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos
homens: trabalho e ser social. O enredo da obra baseia-se na concepção
de trabalho como processo de complexidade do ser social e no trabalho
abstrato (força produtiva). A abordagem da obra é de cunho filosófico e
sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão sobre o tema
(LESSA, 2012).

Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos


com o nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem.

RESP0NSABILI0ADE SOCIOAMBIENTAL.
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de di­
versas áreas - humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz
uma forma de construção de conhecimento - nem sempre convergente -, e
essa contradição, ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar no­
vos conhecimentos. É o que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois
o ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementa­
ção do método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos
que nos rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação
do conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma
importância para compreendermos o ambientalismo.

CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publi­
cada pela primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural
histórica, filosófica e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição
de dialética pelo autor: "O modo de pensarmos as contradições da rea­
lidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente
contraditória e em permanente transformação" (KO NO ER, 2008, p. 8).


Os problemas ambientais da atualidade
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sé­
rios problemas ambientais. Para movimentar a "máquina" financeira e se tor­
narem concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram
das questões do ser humano e seu meio. É complexo afirmar que os governos
são responsáveis pelo desenvolvimento regional, pois, durante o processo his­
tórico, em especial após a Segunda Guerra Mundial, as grandes corporações, as
multinacionais, iniciaram uma espécie de regência econômica global. Em geral,
torna-se perceptível a necessidade das indústrias e do setor de serviços para a
manutenção de empregos, geração de rendas e afins.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada
cidade, ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão su­
porte produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também
ocorrerá a ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
de novos moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restauran­
tes, entre outros. Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os ser­
viços básicos, principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita
a locomoção. Isso demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos
anos, gera maior engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também,
um lado obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devas­
tação de florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de co­
bertura vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à ma­
nutenção da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos - em
ambos os casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de
bens minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos
não pôde acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na
geração de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de parti­
culados atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por
indústrias, transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).

Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade. Fonte: SOUZA, 2014.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram
impactos. A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de
outras regiões que aceitassem empregos exploratórios, suJeitando-se a uma
elevada carga de trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo fo­
ram xenofobia e inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra
raça e gênero tornou-se crescente. O status social e profissional paira sobre
o ambiente, dando margem à inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, co­
mentados anteriormente, foram incorporados socialmente e ganharam força,
mas sabemos que esses problemas ainda se encontram presentes, embora as
legislações e os movimentos para mudanças se encontrem ativos e tenham
obtido resultados positivos. Todavia, muito ainda precisa ser feito.

CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em 1867, na Polônia,
desafiou todos os preconceitos existentes quanto à interiorização social
da mulher. Realizou um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a
primeira mulher, e a única pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel
duas vezes em categorias científicas distintas, química e física. Lutou
contra toda forma de discriminação e preconceito, e seu legado científico
é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas áreas de
física, química e na medicina.

É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão


sempre interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a ne­
cessidade de circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade
e o meio físico.
A educação é uma ferramenta "libertadora" para a erradicação dos pro­
blemas apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O
esquecimento de que educar é a principal ferramenta para a formação de ci­
dadãos é uma das principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada
a qualquer momento, por mais simples que seja a atitude; porém, a educação
será crucial e terá impactos na construção de um novo futuro.
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom desen­
volvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo
de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países desen­
volvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é per-

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
ceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento
etc. - e isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As me­
lhorias surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no traba­
lho para modificação - formas de ação denominadas práxis.

DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação des­
se conceito foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores
(2016), chamado: "O conceito de práxis e a formação docente como ciên-
cia da educação". Mesmo com uma abordagem mais voltada à pedagogia,
os autores procuram apresentar os princípios fundamentais do conceito.

O A interdisciplinaridade nas questões ambientais


••
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema cau­
sa-efeito dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para
fixá-los em nosso cotidiano. Podemos classificá-los em:
1. Discriminação por questões de classe, gênero, raça e etnia;
2. Exploração irregular de recursos naturais;
3. Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;
4. Despejo de rejeites em locais e formas indevidas;
5. Desmatamento e caça predatória;
6. Exploração de mão de obra;
7. Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
8. Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates
e movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como
principal membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem
o compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma
única ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para
essa final idade.
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas - mas
tem o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que le-

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
varam à degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profis­
sional, qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios - mas
pode trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor
uma gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importân­
cia do trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdivi-
dir esse trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar: cada área contribui com seu conhecimento, sem modifi­
cações; há uma espécie de ponto de vista;
2. Interdisciplinar: as áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras
e formam uma interligação de conhecimentos;
3. Transdisciplinar: não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo,
sem ocasionar espécie alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, de­
vido à complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente.
No caráter multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não
apresentará eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas
em diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta
sua formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tec­
nológica (técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou
assuntos dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sen­
tido, os projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimen­
to, demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua constru­
ção exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado
e doutorado) inseridos na área de ciências ambientais da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior) apresentam a interdisciplinaridade de áreas
como obrigatoriedade no processo de construção de
suas dissertações e teses. Caso o trabalho não tenha
esse escopo, poderá ser penalizado com reprovação. As

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
questões sociais, inclusive, devem ser contempiadas na problemática da pesqui­
sa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de formar recursos huma­
nos capazes de compreender e solucionar problemas relacionados ao ambiente.

O Um convite para repensar o amanhã


••
Nossas formas de agir, sejam elas positivas ou negativas, implicarão no
futuro. Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada,
percebe-se que o ambiental é algo mais abrangente do que os elementos
físicos. Compreender a natureza e suas interligações é um processo comple­
xo; contudo, em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos
os elementos que nos rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer
um novo amanhã, e repensá-lo significa transformar nossas atitudes e pro­
por ações de melhoria.
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de so­
berba, a ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética
que aprendemos no período escolar é sempre necessária de ser colocada
em prática, sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivencia­
mos. Diferentemente das demais espécies, somos seres pensantes - e, ao
realizarmos escolhas e ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as con­
sequências das nossas ações. Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vi­
vemos, temos conhecimento dos impactos que causaremos a nós mesmos.
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos
propusermos fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um
trabalho constante, ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio
é fundamental para melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, con­
sequentemente, nossa felicidade.
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em
ambos os aspectos, financeiro e moral - pois pas-
samos a refletir sobre o coletivo, e não somente
sobre as questões individuais. Procuremos, por­
tanto, sempre fazer esse exercício de pensar no
próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e so­
bre o amanhã.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Conceitos e definições
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento
••
é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é
dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, de­
vemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simples­
mente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo
existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras - livros, notas,
artigos, comunicações curtas -, e essas questões dúbias são erradicadas quando
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequen­
temente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são
passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em
constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo sur­
gimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pen­
samento teórico.
Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais)
as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem
como produto o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa "balança equilibrada", pois duran­
te séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes:
ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre
no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi funda­
mental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse
o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar
os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pen­
samento, denominada determinista, foi elaborada por
Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideolo­
gias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos pri­
meiros relatos escritos sobre a implementação das
questões sociais sobre o ambiente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Meio ambiente
Termo usua lme nte empregado nos estudos voltados às ciências ambienta is.
Entretanto, há cientistas que i n iciara m uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos
a palavra "meio", esta ría mos a bordando a metade de algo, e, devido à i nterl igação
existente, não se deve rea l iza r essa i nferência.
Por m u itos a nos, as q uestões a m bientais fo ra m a bordadas nos seus aspectos
físicos. Contudo, o papel socia l tem a presentado uma i nse rção gradativa e a bra n­
gente na d iscussão. Por te rmos sido acostumados (ou até mesmo doutri nados)
a d ivid irmos o con hecimento para melhor com p reensão, esse termo pode ser
usualmente empregado pa ra o estudo das q uestões físicas a m bientais.
Áreas degradadas
U mas das ma iores problemáticas
a m bientais existentes atualmente é a
degradação ambienta l . O termo é em­
pregado principa lmente para estudos
de solos e ecossistemas.
As atividades h u manas, principal­
mente de ind ustrial ização, agricu ltura,
pecuá ria, e m i neração, destacam-se no
desmatamento e improd utividade do
solo, por meio do l a nçamento de rejei­
tas, como elementos q u ím icos tóxicos.
Ao d izermos que u ma área é degrada­
da, ocorre uma referência àq uelas que se encontram a ltamente pol u ídas e req ue-
rem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para mel horamento de so-
los, afl uentes e refloresta mento.
No meio acadêmico, pesq u isas voltadas à rec u peração dessas á reas são cons­
ta ntes. O avanço nas ciências dos materiais possibil itou a a p l icação de nanopartí­
cu las, hidrogéis e estruturas poliméricas q u e a uxil iam, com sucesso, a recu pera­
ção de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesq u isas ou com pra de
patentes para sol ucionar tais problemas, o que i m p l ica na inserção de u ma série
de profissionais, como engenheiros, físicos, q u ím icos, a d m i n istradores, biólogos
e afins.

R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I O A M B I ENTAL .
Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das
Nações Unidas (O NU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada,
somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degra­
dação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fa­
zendo surgir áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano,
alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países
como os Estados Unidos entraram na "corrida", com o intuito de adquirir lucros,
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu terri­
tório. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos
países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados
nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco,
que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agri­
cultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração
devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de
sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesqui­
sas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na
tentativa de mitigar o problema.

Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA 2015.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores
sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um im­
pacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos
moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo
a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e
afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famí­
lias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamen­
tais sobre o tema.
Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental
são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em
nossas atividades do cotidiano. O processo de "chegada, recebimento" da água
é denominado afluente; e a "saída", denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como
gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de
grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lança­
dos em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente
no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento
e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capaci­
dade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres
humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.

ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com cla­
reza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O
enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela
mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes,
com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio,
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à
ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é
d ema nstrad a a morte gradativa dessas p essa as.

Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e moni­


toramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legisla­
ções ambientais.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente
pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a
utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de
tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutili­
zação para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo.
No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pes­
quisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o
problema e buscar soluções.
Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarreta­
ram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia
tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementa­
ção de fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).

Solar Eólica Ondas

Geotérmica Biomassa Mini-hídricas

Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 20 1 0.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum
nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem par­
ticulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocar­
bonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos
apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis,
com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante
atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção
de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados
da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais
importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e
eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, princi­
palmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses
modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas
é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia
sustentável, há alguma forma de impacto.
Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram
um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de
trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como
na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é deno­
minado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte
de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra
restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucra­
tividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes de­
bates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos
estão gradativamente reestruturando suas linhas produti­
vas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição,
principalmente para atingir as metas propostas em acor-

RESPDNSABILl □ A□ E SOCIOAMBIENTAL.
dos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu
bem-estar, sem ocorrência de danos.
Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos "forçados" ao constante consumo,
e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quais­
quer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima
originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recur­
sos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões
de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descar­
ta seus bens - roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo cons­
ciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se apren­
deu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mu­
dança nessa forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mu­
dança de atitudes - e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já
que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá
ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendi­
mento para questões básicas e essenciais de manutenção diária.
Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema,
uma primeira definição precisa ser es­
clarecida, que é a diferença entre clima
e tempo. O tempo é algo mutável - um
dia poderá ser de sol, e o outro é de
chuva. Já o clima é uma observação das
modificações do tempo numa faixa mí­
nima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande mo­
dificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar
sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exem­
plo, podem apresentar constante aquecimento.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da proble­
mática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e oca­
sionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo
é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temáti­
ca. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aque­
cimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de
glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasio­
nados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os
principais responsáveis por esse processo atualmente.
Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias
que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas tam­
bém é usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnoló­
gicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas
as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso des­
sa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da popula­
ção, em uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários
altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substi­
tuição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies
devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar
um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão
sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus;
entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
Preservação e conservação
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados to­
talmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total,
em que não pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fo­
mentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com
legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo
como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de
ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso
de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal,
são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as
áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e
afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas,
em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de
novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os
estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que
há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a im­
portância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto
em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos.
Ecologia, ecossistemas e biornas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos
com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa,
busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações
fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema
complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para
obtenção de resultados.
O biorna é compreendido pela delimitação de uma região com característi­
cas (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem defini­
das. No território brasileiro há seis biornas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado,
Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos
e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências.
Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informa­
ção também têm-se apropriado dessa terminologia.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais,
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação
de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo
das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e
evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua apli­
cação ampliada: a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento
e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso,
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da
justiça (Figura 5).

Igualdade Equidade

Figura 5. Exemplificação d a d iferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Sh utterstock. Acesso em: 24/08/2020.

Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição
de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanis-

RESPDNSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
mos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas enti­
dades governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles
voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está
relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como
obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são
relacionadas à segurança alimentar.
Resíduos sólidos
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descar­
tado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reu­
tilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas
ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, res­
ponsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de infor­
mações sobre o gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efeti­
vo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes
como cidadãos são importantes pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco
executado na sociedade.
Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de res­
peito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determina­
do grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado
neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma
cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa,
sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.

O H istórico dos debates a respeito de ética e


••
responsabilidade social no Brasil e no mundo
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos
os dias. As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro,

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover
ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmi­
cos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as
Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas.
Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensa­
mento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária,
e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos
dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também
contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se
alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe ope­
rária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava
atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência
de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados.
Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir os sindicatos, reco­
nhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no
surgimento de movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções
de mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preo­
cupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pau­
tas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma im­
portante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso
de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu
discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, pre­
conceito racial e consumo consciente, dando margem a ou­
tros debates pouco comentados naquele período.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Brasil no ca minho da responsa bilidade socia l
Após o período d a D itad u ra M i l ita r e constitu ição do B ra s i l com o d e mocra ­
c i a , novos d e bates s u rg i ra m . A e l a boração da Constitu ição gara ntiu as legisla­
ções tra ba l h istas a nter i o r m ente red uzidas d u ra nte a d itad u ra . A l i be rd a d e d e
expressão e de i m p re n sa é d evo lvida, a m p l ia n d o a ascensão sobre os p ro b l e ­
mas socia is, p r i n c i pa l m e n te re l a c i o nados à pobreza, existentes devido à l i ber­
dade dos pesq u isa d o res das c i ê n c ias h u m a n a s defi n irem se u s estudos s e m a
oco rrê n c i a de a lgu m tipo d e reta l iação.
A reforma agrá ria é o utro i m porta nte ma rco, q ue poss i b i l ito u a d istr i b u i ­
ç ã o e posse d e te rras pa ra os peq u e n os agric u l to res. D ife re nte m e nte d o q u e
s e i m a g i n a, esse gru po de tra ba l h a d o res s ã o os p r i n c i pa is respon sáve i s p e l o
a baste c i m e nto a l i me ntício nacio n a l . A s gra n des l avo u ras, as agro i n d ú strias,
tê m foco na m a n u te n ção do m e rcado i nte rnacio n a l, u ma vez q ue o B ra s i l é u m
d o s p r i n c i pa i s centros do agro negócio m u n d i a l .

O Movimentos mundiais
A Seg u n d a G u e rra M u n d i a l teve
••
fi m no a n o de 1 945 e de ixo u conse­
q u ê ncias graves p a ra h u ma n idade.
O m u nd o p rec isava reestrutu ra r-se
fis i c a m e nte e eco n o m i c a m ente. A l é m
da m o rte d e m i l ha res de pessoas, o u ­
t r o gra n d e gru po ficou sem acesso a
a l i m e ntos e su p r i m e ntos d e neces­
sidades básicas. Fato res co mo esses
i m p u l si o n a ra m o p ro b l e m a da fo me
existe nte e m d iversos pa íses d o m u n ­
do, m e s m o a nte r i o r m e nte à g u e r ra, e fize ra m com q u e s u rgisse u m a visão agrí-
cola d e n o m i n a d a Revol ução Verd e. Entre os pe r íodos de 1 960 e 1 970, p a íses
como Estados U n idos e M éxico p ro c u ra ra m i m p l e m e nta r tec n o l ogias q u e ace­
l e rassem a prod ução agríco l a .
Por o u t ro l ado, a u t i l ização dese n frea d a de pesticidas tro uxe p ro b l e m a s
a m b i e n ta is. O uso de pro d u tos q u ím icos co m o fe rtil iza ntes e ra a lgo corr i q u e i -

R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I OAM B I ENTAL .
ro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem
como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam
protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apre­
sentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles
realizado por Rachel Carson em 1 962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pes­
ticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde hu­
mana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno.
Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os
impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança,
que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o
desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com
níveis mais baixos de impactos ambientais.
Conferência de Estocolmo
O fim da Segunda Guerra também
ocasionou outras preocupações am­
bientais. O relatório produzido pelo
Clube de Roma em 1 972 apontou um
problema de crescimento rápido da po­
pulação e que os recursos naturais não
conseguiriam suprir as necessidades.
Naquele mesmo ano, a O N U de-
cidiu realizar a primeira reunião com
chefes de Estado que procurassem
tratar dos problemas ambientais, de­
nominada Conferência Mundial do
Homem e do Meio Ambiente, popu­
larmente conhecida como Conferência
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência
de Estocolmo (Figura 6). de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 20 1 8.

Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível es­


cassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram de­
batidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que pro­
movia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente,
com os aspectos ambientais.
A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das institui­
ções governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação
do IPCC - lntergovernmental Panei on Clímate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões
econômicas).
Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído
o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada
apenas no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida
no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de ga­
ses do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de
C02, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos
de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito
em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mer­
cado internacional.
Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente
conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos
temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176)
de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava de­
finir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tor­
nou-se o início da ascensão global das discussões sobre
os problemas ambientais, tendo como foco a busca
por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o
relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para ela­
boração do Protocolo de Quioto.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
ENV la0N MEN T AND DEV ELOP MEN T
Rio de Janeiro 3 - 1 4 June 1 992

Figura 7 . Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1 992.

A Rio+20, p o r sua vez, fo i rea l izada 20 a n o s d e p o i s e teve p o r o bjetivo a rea ­


fi rmação d o s co m p ro m issos a d otados na Eco 92. A conferência ta m b é m teve
como fo co a o b se rva ç ã o e d iscussão de p ro b l e m a s a i n d a existentes e b u scou
fo rmas d e s o l u ções fut u ra s . U m gra n d e d ife re n c i a l d o e n contro fo i a intens ifi­
cação dos d e bates vo l ta d os à i m p l e m e nta ç ã o da eco n o m ia verd e .
C ú p u la das N a ções U n i d a s para o Desenvo lv i m e nto Su stentáve l
Esse i m portante evento oco rreu na cidade de N ova York, Esta dos U n i­
dos, com o objetivo de d i recionar o planejamento pa ra o desen­
volvimento su stentável até o a n o d e 2030. Fora m traçados 1 7
objetivos, denomina d os O DS (O bjetivos para o Desenvolvi­
mento Sustentável), como demonstra a Figura 8 . N o encontro,
ta mbém fora m d iscutidas as a ções p roposta s d u ra nte a Rio +20.

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Figura 8. Os 1 7 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Fonte: ONU Brasil, 201 5.

R E S P O N S A B I L I D A D E S O C I O A M B I E N TA L .
Sintetizando •
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causado­
res dos impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida so­
cial. Esse processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação
a seu meio, o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso,
o deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista
fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à disse­
minação de diversas formas de discriminação.
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série
de consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, que impac­
tam seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e
disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente
na sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de
reestruturarmos nossas atitudes.
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de
cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e nature­
za são indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e
afins, na óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e
interligar diferentes formas de conhecimento.
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus concei­
tos e fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores
públicos para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que
influencia diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática
adentrasse as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a
importância da discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um
único fim: proporcionar para sociedade uma vida sustentável.
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos go­
vernamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade procu-
rou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização
com o seu meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos
responsáveis por sua melhoria. Pequenas atitudes hoje farão
a diferença para termos um futuro melhor e proporcionar me­
lhor qualidade de vida para as próximas gerações.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Referências bibl iográficas •
ARUANAS (seriado). Direção de Estela Renner. Rio de Janeiro: Globoplay, 2019.
(40 min.), son., color.
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE

ser
educacional
Objetivos da unidade
Contextualizar a necessidade da responsabilidade socioambiental na
sociedade globalizada;

Explicar sobre responsabilidade socioambiental individual, governamental e


empresarial;

Apresentar as práticas de responsabilidade socioambiental rumo ao


desenvolvimento sustentável;

Abordar o contexto atual sobre responsabilidade socioambiental e


desenvolvimento sustentável.

Tópicos de estudo
Responsabilidade Desenvolvimento sustentável
socioambiental • Ações globais rumo ao
• O nascimento do mundo desenvolvimento sustentável
globalizado e a questão • As três dimensões da
socioambiental sustentabilidade
• A responsabilidade
socioambiental como Debates mundiais
compromisso da modernidade • Agenda 2 1
• A responsabilidade • Agenda 2030
socioambiental governamental,
cidadã e empresarial Contexto atual
• Ecoeficiência
Aspectos legais • Os 7 R's da sustentabilidade
• Leis socioambientais
brasileiras
• A responsabilidade
socioambiental além das
exigências legais

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Responsabilidade socioambiental
••
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos
processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e
crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e
inúmeras descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a con­
trolar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção.
Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões
de risco ambiental e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento
pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em
um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos esta­
mos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo re­
sultantes da economia capitalista.
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conec­
tadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de
consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de
características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação
ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora.
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambien­
tal. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade so­
cioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas
que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabi­
lidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto
de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas
e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (res­
ponsabilidade ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que
causam degradação socioambiental e colocam em risco a
qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações,
do outro há diversas organizações se mobilizando para nos
conscientizar da necessidade de mudança para que o plane­
ta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Figura 1. Mobi lização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmen­
te. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.

O O nascimento do mundo g loba l izado e a questão


socioambiental
••
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças de-
correntes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente dese­
nhados e são debatidos por diversas organizações e meios de comunicação.
Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do desenvolvimento indus­
trial é a globalização.
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado,
alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensi­
ficou o uso e a pressão sobre os recursos naturais renováveis e não reno­
váveis para atender à intensificação da produção industrial em escala. Com
a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e em busca de "uma vida
melhor" - aos moldes capitalistas -, muitas pessoas saíram do campo para
morar nas cidades, processo que culminou na ur banização. A revolução
verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementas
anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a
demanda interna e externa das redes de mercado global.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
EXPLI CAN DO
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capaci­
dade de manutenção e não se esgotam fa c ilme nte, são exemplos: água,
solo, maté ria orgânica e vento. Os re cursos naturais não renováveis são
aqueles que se esgotam quando usados sem práti cas sustentáveis e seu
te mpo de re posição não é com parado à c ronologia de vida huma na, são
exe m plos: petróleo, carvão m i neral, gás natu ral, xisto betu minoso e ener­
gia n uclear. Com exceção à e nergia n u clear, todos os exemplos c itados
são de origem fóssil.

Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos


ao meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversida­
de, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento
da desigualdade social, entre outros (Figura 2).

.l
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Sh utterstock. Acesso em: 30/09/2020.

Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecoló­
gicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo con­
tinuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tec­
nologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas
de mitigação do impacto social e ambiental.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm
sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação,
ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o
despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por gover­
nos, empresas e cidadãos.


A responsabilidade socioambiental como compromisso
da modernidade
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as ques­
tões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioam­
biental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que
os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados
com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados.
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governa­
mentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas
de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da popu­
lação. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto
negativo que uma determinada atividade possa causar.

EXEMPLIFICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam
à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
• Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);
• Agenda ambiental na administração pública;
• Instituto de pesquisas socioambientais (1 PESA);
• 1 nstituto socioambiental (1 SA);
• Fundo casa socioambiental;
• Verdejar socioambiental;
• 1 nstituto Ethos.

Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as


práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os
programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como
um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a
existência de um mundo melhor para as futuras gerações.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem
ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioam­
biental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identifi­
car cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em po­
líticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma
ética e responsável.


A responsabilidade socioambiental governamental,
cidadã e empresarial
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas
de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as
cidades e as empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de cons­
cientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos
se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental,
o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próxi­
mas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais,
adequando currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além
disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus repre­
sentantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organiza­
ções não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e
suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que
tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além
disso, também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País
adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de
interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em
estudos de impacto ambiental.
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas
de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1,
existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. De­
vemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar
preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na
causa socioambiental.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabili­
dade socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, in­
clusão social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações
nos torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões
socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se
como um dever de todos.

QUADRO 1. PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBI ENTAL QUE


PODEM SER ADOTADAS NAS CIDADES

Prática Exemplo

Comprando de empresas que apoiam a causa sus­


Faça escolhas conscientes
tentável.
Indo de bicicleta, metrô, carona, ônibus ou cami­
Esti mui e o uso do transporte alternativo
nhando.
Atualizando os aparelhos eletrônicos, em vez de
Avalie a necessidade de consumir
trocá-los.
Informando-se sobre práticas ilegais como trabalho
Busque a origem dos produtos
infantil.

Pratique a coleta seletiva Separando embalagens plásticas do lixo orgânico.

Participe de atividades recreativas Organizando festas folclóricas e tradicionais.

Conheça os produtos da sua região Comprando diretamente do agricultor indo ao co­


mércio local.

Converse sobre meio ambiente Falando com vizinhos sobre as opções sustentáveis
existentes na cidade.

Evite fontes não renováveis Consumindo etanol e produtos biodegradáveis.

Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela


consiste em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do
ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individual­
mente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de grande poder
ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental individual:
• Evitar usar sacolas e embalagens plásticas;
• Não desperdiçar alimentos;
• Separar e reciclar o lixo;
• Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha;

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


• Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional;
• Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia.
As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam co­
nhecer as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem pro­
cessos e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua respon­
sabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos que
vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão ne­
cessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas
relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com
o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma
abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável.
Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabili­
dade socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e
ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e
aumentam seus lucros. Ocorre ainda a valorização da marca, maior fidelização
dos clientes, redução dos custos, aprimoramento da comunicação externa e o
melhor desempenho dos empregados.

Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 30/09/2020.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por
meio da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direi­
tos das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária,
por programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de
áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais
(efluentes ou gasosos).

O Aspectos legais
••
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-
-se dizer que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avan­
çadas do mundo. O cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em
sua grande parte, de aspecto jurídico, mas também podem ser aplicáveis
às pessoas físicas.
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica,
que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará
passível de sanções penais administrativas, que serão aplicadas independente­
mente da obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O poluidor é a pessoa
jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente, pelo dano causado. O
sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e potencial, que será es­
tipulado por entidades da área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da
atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de
interesse mundial, o que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo,
há grande dificuldade na comprovação da escala do dano causado, devido à
complexidade de mensuração, assim, a responsabilidade deverá ser objetiva.
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode
ser responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omis­
são de sua responsabilidade legal.
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade
humana e justiça social, instituiu o "estado social", que deve orientar as rela­
ções sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas exerçam
práticas de responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente que, an­
tes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos direitos
sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de
uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental as­
sociada às penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem
ser conhecidas e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas.
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem
natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais que,
quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos so­
ciais têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos
pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento de salário dos colaboradores.

O Leis socioambientais brasileiras


••
O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País.
Existem também as leis estudais e municipais, bem como os órgãos que se
certificam de que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho Nacional
de Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

QUADRO 2. EXEMPLOS DE LEIS AMBIENTAIS BRASILEIRAS



Lei Definição

Lei 6.766/1979 Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências.

Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e mecanis­


Lei 6.938/1981
mos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados
Lei 7.347/1985 ao meio ambiente, ao consum1dor, a bens e direitos de valor artístico,
estético. histórico. turístico e paisagístico e dá outras providências.
Estabelece os instrumentos para a gestão dos recursos hídricos de domí­
Lei 9.433/1997
nio federal.
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas
Lei 9.605/1998
e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências.
Regulamenta o art. 225. § 1 o, incisos 1, li, Ili e VII da Constituição Federal.
Lei 9.985/2000 instituí o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e
dá outras providências.
Dispõe sobre a gestão de florestas pú blícas para a produção sustentável;
Le í n º 1 1 284/2006 instituí, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
Brasileiro.

Lei 1 1 .445/2007 Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico.

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de
Lei 1 2.305/201 O
12 de fevereiro de 1 998, e dá outras providências.
Estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de
preservação permanente e as áreas de reserva legal; a exploração flor•
estai, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos
Lei 12.651/2012 produtos florestais e o controle e prevenção dos incêndios florestais, e
prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus ob­
jetivos. também conhecido como código florestal.
Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/1 0/2020.

A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos
dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de
trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunera­
do, pagamento de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS),
décimo terceiro salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença ma­
ternidade e paternidade.
A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das
regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve
considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e
pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para
o aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação
ética entre os colaboradores.


A responsabilidade socioambiental além das exigências
legais
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou
normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídi­
ca, ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao
seu setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável vai além das
obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate
aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável.
A série ISO (lnternational Organization for Standardization - organização in­
ternacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura orga­
nizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão além
das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que passam
a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela ABNT NBR
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a
empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decor­
rentes de sua atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no longo
prazo. A norma estabelece algumas práticas:
• Implementação de um sistema de gestão ambiental;
• Rotulagem ambiental;
• Análise de desempenho ambiental;
• Análise de ciclo de vida;
• Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;
• Comunicação ambiental;
• Mitigação das mudanças climáticas.
A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:
• Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de
forma consciente;
• Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental;
• Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura orga-
nizacional;
• Menor risco de falência;
• Abertura a patrocínios e boa visão internacional;
• Possível diversificação setorial;
• Adesão de novos grupos de clientes;
• Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos.
A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento con­
tínuo de técnicas para otimização de processos pela implementação de um
sistema de gestão da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000
estão sempre sendo atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas
do mundo todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios:
• Aumento da produtividade;
• Redução de custos;
• Produtos e serviços de maior qualidade;
• Credibilidade e reconhecimento interno e externo;
• Visão mais ampla do fluxo de trabalho;
• Segurança nos procedimentos internos;
• Colaboradores engajados e integrados.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança
ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos
de saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização
é responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros
que podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui pro­
mover e proteger sua saúde física e mental.
Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001
em uma empresa:
• Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;
• Redução de afastamentos por acidente de trabalho;
• Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado;
• Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas. Im-
plementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como benefícios:
• Uso de tecnologias modernas e eficientes;
• Redução dos custos com energia;
• Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento
das atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realiza­
das auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser creden­
ciada e reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que
aderem às normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no
mercado como responsáveis socioambientalmente.

O Desenvolvimento sustentável
••
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capita­
listas, passando a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos
naturais (recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de
1950 em diante, a preocupação com uma eminente explosão demográfica glo­
bal resultante do crescimento dos países pobres causou um interesse global
pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos para controlar
a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de População,
realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidos

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de estí­
mulo à redução do crescimento da população por meio de redução da taxa de
natalidade, do outro, os países pobres e em desenvolvimento defendiam que
políticas de desenvolvimento eram necessárias.
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de desen­
volvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos meios
de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez que a disponibilidade
dos recursos era finita.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável
baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de
medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação hu­
mana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e serviços
suficientes para atender às necessidades básicas, proporcionando melhor qua­
lidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos naturais e materiais tóxicos,
a geração de resíduos e a emissão de poluentes.
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políti-
cas de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:
• Retomar o crescimento;
• Alterar a qualidade do desenvolvimento;
• Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação,
saúde, energia, água e saneamento;
• Manter um nível populacional sustentável;
• Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos;
• Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a sociedade.
Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das or-
ganizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se
dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e
que visassem o lucro deveriam dar espaço para relações sociais justas e para
bem-estar dos seres vivos.
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das
nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se
entender o desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que
não limite o desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos
naturais são finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim,

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
se estabelece um paradigma que consiste em diminuir o consu­
mo e a exploração dos recursos renováveis e não renováveis pe­
los países desenvolvidos, garantindo que países industrializados
- em desenvolvimento - possam se modernizar, proporcionando
qualidade de vida às suas populações em sinergia com o meio ambiente.
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consen­
so entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações
foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.

ASSISTA
A Organização das Nações Unidas vem se posicionando
como uma grande difusora das ideias de desenvolvimen­
to sustentável no mundo todo. Assista ao vídeo da Cúpula
das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentá­

..
vel, realizada em 2015.

O Ações globais rumo ao desenvolvimento sustentável


Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação
humana, bem como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade so­
cial são vistos diariamente nos meios de comunicação. Cada dia mais é exigido
que a sociedade adote uma postura de mudança diante de seus meios de pro­
dução e de suas opções de consumo.
As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade
fizeram com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras
planetárias. As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento de
recursos e da resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de produção e
consumo. O conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder público na defini­
ção de modelos de produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As
nove fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são:
[. .] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfe­
ra (perda de biodiversidade e extinção de espécies); depleção
da camada de ozônio estratosférico; acidificação dos oceanos;
fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio); mudan­
ça no uso da terra; uso global de água doce; concentração de

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
a erossóis atm osféricos; e i ntrodução de poluentes o rgân icos,
m ateriais radioativos, nanomateriais e m i c roplásticos. Das nove,
q uatro já fo ram u ltrapassadas: m uda nças clim áticas, perda da
i ntegridade da b iosfe ra, m udança no uso da terra e fluxos bio­
geoquím icos (MARTIN E; ALVES, 201 5, p. 445)
Sobre o aquecimento global e mudança s climáticas, devemos conside­
rar duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na
absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela
superfície terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se man­
tenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação aborda
o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração atmosférica dos
gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de recursos não renová­
veis - como os combustíveis fósseis -, resulta no aumento da temperatura da
superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 4).

Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade humana que resulta em
aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (C02), metano (CH4)
e o óxido nitroso (N,O). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso,
bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das mu­
danças climáticas causadas pelo aquecimento global.
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos ex­
tremos podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos
oceanos, ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertifica­
ção, derretimento das calotas polares, redução da diversidade de fauna e
flora, entre outros.
O termo "pegada de carbono" refere-se ao consumo individual diante das
práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma
pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada
de carbono pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso
em emissão de dióxido de carbono - um dos principais gases do efeito estufa
causado pelo homem - que quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre
a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir os
efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas
públicas e desenvolvimento de novos produtos.

CURIOSIDADE
Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente sa­
ber mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo informa­
ções sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de energia,
uma calculadora especializada fará os cálculos e você poderá comparar
sua pegada com a de pessoas de outros países.

Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso


de fontes energéticas. Porém, existem diversas alternativas
sendo disponibilizadas e aprimoradas pela ciência. Diante
desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa.
Ela vem de fontes de energia renováveis (Figura 5), e
quando optamos por utilizá-las, estamos reduzindo
a emissão de gases do efeito estufa para a atmos­
fera. São exemplos de energia limpa aquelas pro­
venientes de fontes solares, eólicas, geotérmicas,
hidráulicas e maremotrizes.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Energia poluente/fontes não Energia limpa/fontes
renováveis renováveis

Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de fonte de energia renováveis.
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 0 1 /1 0/2020.

Empresas q u e red uzem as e m issões de ga ses do efeito estufa em seus pro­


cessos produtivos podem comercial izar créditos de carbono. Esse mercado
i ntern acional c resce a n u a l mente . Os créd itos baseia m -se n a qua ntidade d e gás
não e m itido p a ra a atmosfera, sendo que cada crédito se refere a uma tonelada
de d ióxido d e carbono equiva l ente (t CO2e). Não somente o d ióxido de carbono
é conta bil izado, outros ga ses cau sadores d o aq uecimento global também, mas
seus va l ores são calcula dos considerando sua e q u iva lência e m moléculas de
d ióxido d e carbono.
Os co n s u m i dores estão s e to rnando cada vez mais exigentes e cons­
cie ntes e m re l a ção à p rod ução e à o rigem d os a l i m e ntos . Nesse sentido, a
agri cultura i n tensiva vem ava n ç a n d o l entame nte na busca de tecnologias e
p rocessos q u e m i n i m izem p ro b l e m a s de pol u i ção e degradação dos recursos
naturais e que ofereça m p rod utos segu ros ao con s u m idor fi n a l . Pod e m os ci­
tar o zonea m e nto econôm ico-ecológico, a agricultura de p recisão, a fixação
biológica d e n itrogên io, as p ráticas d e contro l e da e rosão d o solo, os sistemas
d e p l a ntio d i reto e o m a n ejo i ntegra d o d e p ragas. Além d isso, a produção
orgâ nica será decis iva como a agricultura d o futu ro, assim co m o os sistemas
agrofloresta i s, a agricu ltura sintrópica e o consumo loca l . Ca d a vez m a is,
os co n s u m i d ores buscam opções d e p rodutos originá rios d o m od e l o orgân ico
d e produção. Ta is sistemas res u ltam e m s u stenta b i l i d a d e n o cu rto e n o l o ngo
p razo, u m a ve z q u e são basea d os em práticas de respo n s a b i l i d a d e socio a m ­
bienta is c o m a bordage n s i ntegradas. Os p rocessos produtivos n e s s e s s iste­
mas são baseados nos mecan ismos e p rocessos naturais que e l i m i n a m o uso
dos agrotóxicos e ferti l i za ntes s i ntéticos.

RESPON SABI LIDADE SOC IOAM B I E NTAL .



As três dimensões da sustentabilidade
A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de
práticas de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas governa­
mentais e pela atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o emprego das três
dimensões da sustentabilidade, como mostrado na Figura 6.
A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo,
deve considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a di­
versidade cultural, étnica, religiosa e de gênero, bem como questões regionais
da comunidade.
Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na
rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de
forma que haja retorno, na forma de lucro, ao investimento realizado pelo ca­
pital privado e qualidade de vida aos colaboradores.

�1 ,ftit}

Figura 6. Tnpé da sustentabilidade. Fonte: BERLATO; MERINO; FIGUEIREDO, 2018. (Adaptado).

Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e


consumo deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas.
Termos como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa e sete R's pro­
porcionarão uma cultura organizacional ambiental nas empresas, residências
e espaços públicos, uma vez que conduzem ao desenvolvimento do perfil de
responsabilidade socioambiental.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Debates mundiais
Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio Am-
••
biente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida oficialmente,
resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Após al­
guns anos depois da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de
1983, nasce um grande marco da pauta ambiental elaborado pela Comissão
de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso futuro comum.
Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios
de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento
sustentável. Em 1988, uma união entre a ONU Meio Ambiente e a Organiza­
ção Meteorológica Mundial (OMM) resultou na criação do Painel Intergover­
namental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que os resultados de
pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo são reunidas
e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A famosa Cúpula
da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco de sua década,
pois discutiu a importância de se agregar os componentes sociais, econômi­
cos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento sustentável e finalizou a
Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, estabeleceu metas obrigatórias
de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37 países signatários.
Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos con­
cretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, regional
e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram resulta-
do de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na década de 90 sobre as
condições do desenvolvimento humano. A formulação dos ODM
contou com especialistas renomados de diversas áreas que esti­
veram focados na redução da pobreza extrema observada, prin­
cipalmente, nos países pobres e em desenvolvimento.
Todos os países signatários da época aderiram ao acor­
do, comprometendo-se em inserir em suas políticas,
ações para alcançar os objetivos. Os oito objetivos do
milênio foram definidos conforme o Quadro 3. Eles
deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então
discutidos novamente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 3. OITO OBJETIVOS DEFINIDOS NA CÚPULA DO
MILÊNIO DAS NAÇÕES UNIDAS

Objetivos Descrição

Objetivo 1 Erradicar a pobreza extrema e a fome

Objetivo 2 Alcançar o ensino primário universal

Objetivo 3 Promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres

Objetivo 4 Reduzir a mortalidade infantil

Objetivo 5 Melhorar a saúde materna

Objetivo 6 Combater HIV, malária e outras doenças

Objetivo 7 Garantir a sustentabilidade ambiental

Objetivo 8 Desenvolver parcerias globais para o desenvolvimento

Fonte: ROMA. 2019.

Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realiza­


da na África do Sul, discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou
suas conquistas, para então conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações
concretas e tangíveis em relação àquelas estabelecidas em 1992.
Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi desenvolvi­
da em um trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil. Entre
outros, foram definidos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS's), que tiveram como base os ODM's. Os ODS's são o que se tem de mais
atual com relação às metas em direção a um mundo mais sustentável.

O Agenda 21
••
A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se
no Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


relevância dos países em parceria com empresas, organizações governamen­
tais e não governamentais em se comprometerem com estudos para avaliar e
combater os problemas socioambientais. Desde a sua finalização, a Agenda 21
foi aprimorada e adaptada a condições mais palpáveis para os níveis de desen­
volvimento de cada País. É importante lembrar que cada País desenvolveu sua
Agenda 21, inclusive o Brasil.
Ela discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como: comba­
te à pobreza, mudança nos padrões de consumo, cooperação internacional,
proteção e promoção da saúde humana, proteção da atmosfera e de ecossiste­
mas, proteção da biodiversidade, proteção da infância, desenvolvimento rural,
Dia da Mulher, fortalecimento das populações indígenas, dos trabalhadores,
dos agricultores, do comércio e da indústria etc.

CONTEXTUALIZANDO
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvol­
vimento (CNUMAD) finalizou a Agenda 21, um docum ento dividido em 40
capítulos que aborda os meios para que seja adotado em escala planetá­
ria um padrão de desenvolvimento sustentável. No total, 192 países acor-
daram e assinaram a Agenda 21.

A partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os


moldes industriais e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-se até
os dias atuais) promover a qualidade de vida e não apenas o crescimento indi­
vidual estimulado pela produção e consumo injustificado.

O Agenda 2030
••
Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados
Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional,
que elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169
metas para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, considerando
os parâmetros sustentáveis de uso dos recursos naturais.
O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimen­
to sustentável, que deve ser cumprido até 2030, traz um plano de ação para as
pessoas, o planeta e a prosperidade.
Os 17 ODS's são:

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 4. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Descrição

Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e


promover a agricultura sustentável.
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades.
Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para


todos.
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à
energia para todos.
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,
emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
Construir infraestruturas res11ientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação.

Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivas, seguros, resilientes


e sustentáveis.

,.Ili
,,,,,
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

E·li@E Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.

Conservação e uso sustentável dos oceanos. dos mares e dos recursos marin­
hos para o desenvolvimento sustentável.
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e
reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.

Ili
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes. responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

E·iEMI Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o


desenvolvimento sustentável.
Fonte: Plataforma Agenda 2030. (Adaptado). Acesso em: 01/10/2020.

Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na realidade


de cada País signatário, considerando suas prioridades internas, mas voltando­
-se para um desenvolvimento global. Eles são integrados e indivisíveis, e mes­
clam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentá­
vel: a econômica, a social e a ambiental.

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


O Contexto atual
Atualmente, a população brasilei­
••
ra é de, aproximadamente, 2 1 2 mi­
lhões de pessoas distribuídas ao lon­
go das 27 unidades federativas que
compõem nosso País. Um dos princi­
pais indicadores que revela a riqueza
de um País é o seu Produto I nterno
Bruto ( P I B), que calcula o valor de
toda a riqueza produzida por um País
considerando o desempenho dos três
setores que compõem a economia.
Em 201 9, o PIB do Brasil foi de R$ 7, 3
trilhões e a ordem de participação
dos setores neste resultado foi: ser­
viços, indústria e agropecuária ( IB G E, 2020). Com este resultado, o País ficou
entre as dez maiores economias do mundo (FU NAG, 2020).
Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com, aproxi­
madamente, 1 2% do território coberto por florestas. Apesar de usarmos mais
fontes de energia não renováveis do que renováveis (56, 5%), usamos mais fon­
tes renováveis do que o resto do mundo. Além disso, há riqueza de fauna e
flora, biornas diversificados e uma imensa diversidade étnico-cultural.
Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo
fortalecimento de um perfil mundial voltado à questão da responsabilidade
socioambiental, o País posiciona-se em um contexto estratégico, no sentido de
que as organizações brasileiras podem se destacar mundialmente de maneira
positiva na geração de ambientes sustentáveis de produção e consumo.
Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes con­
cretas, que adotam não somente ideologias, mas que praticam rotineiramente
as pautas mais atuais do desenvolvimento sustentável, como ecoeficiência e os
7' Rs. Para isso, elas aprimoram-se e se reposicionam, utilizando a tecnologia, a
diversidade e os recursos sociais e ambientais do nosso País, garantindo credi­
bilidade nacional e internacional.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Ecoeficiência
••
O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais
nos processos produtivos e de consumo, de forma que não deixe de aten­
der às necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso
consciente de matéria-prima renovável em processos produtivos que minimi­
zem a geração de resíduos, além disso, devem apresentar elevada produtivi­
dade sem deixar de lado a qualidade. Basicamente, significa produzir mais
com menos.
O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo
deve incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e
divulgando) e as empresas devem adaptar seus processos e procedimentos
operacionais.
Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de
acordo com oito elementos fundamentais:
• Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços;
• Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços;
• Minimizando a dispersão de tóxicos;
• Fomentando a reciclabilidade dos materiais;
• Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis;
• Estendendo a durabilidade dos produtos;
• Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais racional
dos recursos naturais e energéticos.
Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores para
analisar a ecoeficiência do produto:
• Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a uti­
lização sustentável de recursos renováveis?
• Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
• E l e descarta materiais tóxicos em seu
produtivo?
• Os materiais utilizados são recicláveis ou biode­
gradáveis?
• O produto promove seu uso racional?
• A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável?

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Os 7 R's da sustentabilidade
••
Os 7 R's são um conjunto de práticas de educação ambiental para garantir a
mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável. A questão cen­
tral é a de repensar costumes e hábitos, reduzindo o consumo e o desperdício.
Os 7 R's são verbos que nos passam a sensação de ação. Observe a Figura 7.

Reutilizar Recusar

I
Reciclar Reduzir

Reintegrar Reparar

Figura 7. Os sete R's.

Repense seus hábitos, consuma o que é realmente necessário. Recuse pro­


dutos e serviços de origem insustentável, conheça a origem da matéria-prima.
Reduza o lixo gerado e, assim, o gasto energético no processo. Repare seus
produtos quebrados em vez de comprar novos. Reintegre, por exemplo, com­
postando o lixo orgânico. Recicle o lixo, separe-o e leve para reciclagem. Se
não pode reciclar, reutilize, dando funções novas e sustentáveis aos produtos.
O foco está em pensar que não existe jogar fora!

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a hu­
manidade passou por um processo de intensificação do desenvolvimento in­
dustrial. Segundo os moldes capitalistas, os meios de produção e consumo,
baseados no uso de recursos renováveis e não renováveis, tornaram-se insus­
tentáveis. Discussões sobre a necessidade de mudança para uma postura sus­
tentável se intensificaram.
Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável passou
a exigir que as cidades e seus cidadãos, governantes e empresas passassem
a pensar em como inserir as práticas de responsabilidade socioambiental em
seu cotidiano. A responsabilidade socioambiental passou de um ideal para um
conjunto de leis, normas e certificações que reposicionam as instituições no
mundo globalizado.
Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo discutida
por organizações compostas por países do mundo todo. Estudamos eventos
históricos, como a Comissão de Brundtland, a criação do Painel Intergoverna­
mental para as Mudanças, a Cúpula da Terra, a Cúpula do Milênio das Nações
Unidas e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que reformu­
laram os objetivos desenvolvimentistas considerando as questões ambientais.
Neles, documentos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a Agen­
da 21 e, atualmente, a Agenda 2030, reescreveram nossos modelos de produ­
ção, consumo e descarte de produtos.
Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do Desenvolvi­
mento Sustentável (ODS's), que foram enumerados a fim de erradicar a pobre­
za até 2030.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
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www.sosma.org.br/calcule-sua-emissao-de-co2/>. Acesso em: 02 out. 2020.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE

ser
educacional
Objetivos da unidade

Contextualizar as ações de gestão ambiental empresarial;

Explicar sobre as estratégias de gestão ambiental nas empresas;

Apresentar as principais ferramentas de análise de desempenho ambiental


das empresas;

Abordar a importância da divulgação das ações de sustentabilidade.

Tópicos de estudo
Responsabilidade socioambiental Indicadores. certificações.
como estratégia de gestão tecnologias e instrumentos
• Ações de gestão interna de gestão
• Ações de gestão externa • Fontes de orientação estratégica
• Paradigma econômico, social e • Norma ISO 26000
ambiental • Indicadores e índices de
• Empresa sustentável sustentabilidade
• Modelos de gestão ambiental • Tecnologias resultantes da
• Gestão e as políticas gestão ambiental
socioambientais
• Princípios, códigos e Marketing ambiental
regulamentos das políticas • Tendências mundiais sobre o
socioambientais empresariais perfil do consumidor
• Iniciativas de marketing
ambiental

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.

Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo
direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. Entretanto,
por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral,
desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não
estavam em sintonia com as necessidades sociais e ambientais.
No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem
a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento
em meio ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassa­
dos aos consumidores, resultando no aumento dos preços (COMINI et ai., 2013).
Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diver­
sos paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudando, os resul­
tados positivos podem ser entendidos, em grande parte, como consequência
da intensa atuação das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de
dados científicos e apoiadas pela população.
A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental tam­
bém resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um futu­
ro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção
ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade.
Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabi­
lidade socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valoriza­
ção da marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor
comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos empregados.
A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas
de gestão que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa
ao desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão
atendem a itens como:
• Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas
de adesão voluntária às quais está sujeita;
• Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvi­
mento sustentável regional, nacional e internacional;
• Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por
seus produtos, processos e instalações são previamente identificados;

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
• Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de eva­
cuação em casos de emergência ambiental;
• Conhecimento dos métodos de resposta em casos de pre­
venção ou mitigação dos impactos adversos;
• Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos im­
pactos, positivos e negativos, decorrentes da sua atuação na região;
• Acessibilidade aos produtos e instalações.

O Ações de gestão interna


••
As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investi-
mentos em capital humano, saúde, segurança e reestruturação responsável,
enquanto as ações de responsabilidade ambiental estão relacionadas à ges­
tão dos recursos naturais utilizados nos processos produtivos com foco no uso
consciente e de baixo impacto no planeta. Quando adotam esses aspectos,
dá-se início à gestão de mudança que equilibra a competitividade, a lucrativi­
dade e o desenvolvimento sustentável.
O investimento em capital humano tem seus fundamentos na valorização
do profissional, proporcionando maior qualidade de vida. Ações, que vão do
recrutamento à aprendizagem ao longo da vida e à participação nos lucros,
formalizam o conceito do empregado como um colaborador. As ações de inves­
timento em capital humano são:
• Proibição de práticas discriminatórias;
• Equilíbrio entre vida profissional, familiar e tempo livre;
• Igualdade de contratação, remuneração e de carreira para as mulheres;
• Regime de participação nos lucros e no capital;
• Recrutamento responsável;
• Contratação de pessoas oriundas de minorias étnicas, idosos e desempre­
gados de longo prazo;
• Estabelecimento de parcerias para implementação de programas de for­
mação focada na melhoria do desempenho profissional.
Os investimentos em saúde e em segurança do trabalho existem como
uma obrigação prevista em lei. Como resultante dos movimentos socioambien-
tais atuais, questões relacionadas à prevenção dos riscos à saúde e segurança

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
passaram a ser de adesão voluntária, mais como um compromisso do que uma
obrigação da empresa. Foram criados sistemas de gestão focados em práticas
para o aprimoramento da saúde e segurança dos funcionários com certificados
internacionais que valorizam a marca diante do mercado consumidor.
As ações de reestruturação fazem parte dos processos de adaptação das
empresas ao aprimoramento tecnológico, e resultam em redução de despesas,
aumento de produtividade e melhora da qualidade dos produtos e serviços ofe­
recidos aos clientes. Nas últimas décadas, por não considerarem as questões de
responsabilidade social e ambiental, ações de reestruturação resultaram em de­
missões em massa, encerramento da atividade de unidades fabris e desmotivação
dos funcionários. Na atualidade, sabe-se que a reestruturação consciente deve:
• Elencar os interesses de todas as partes interessadas;
• Informar e consultar as partes sobre a reestruturação;
• Considerar o aperfeiçoamento do perfiI profissional diante da reestruturação;
• Identificar previamente possíveis riscos para a empresa e para os funcionários;
• Salvaguardar e considerar os direitos dos trabalhadores;
• Prever os custos diretos e indiretos;
• Buscar estratégias e políticas alternativas que diminuam as demissões.
A gestão do impacto ambiental e do uso dos recursos naturais é essencial
para garantir o desenvolvimento sustentável. Além de ser lei, em muitos casos,
deve ser visto como um compromisso com a sociedade atual e futura. A adoção de
uma cultura organizacional, com ações de responsabilidade socioambiental, tem
se demonstrado repetidamente vantajosa no sentido de reduzir despesas ener­
géticas e custos de matéria-prima. Algumas empresas têm adotado ações como:
• Redução do uso de fontes não renováveis de energia;
• Inclusão de fontes de energia-limpa;
• Redução do consumo de água e energia elétrica;
• Utilização de materiais biodegradáveis em componentes e embalagens.

O Ações de gestão externa


••
É importante considerar que as empresas não são ambientes isolados que
trabalham somente diante dos posicionamentos de acionistas e empregados,
pelo contrário, dependem de agentes externos, como fornecedores, parceiros

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
comerciais, a utoridades p ú b l icas e clie ntes. Ente n d e-se tam bém co m o fator
de infl u ê n cia exte rna o respe ito aos d i reitos h u m a n o s e às p reocu pações com
o m e i o a m biente. Nesse contexto, para promove r a a c u m u lação do capital
social, as p ráticas d e res p o n s a b i l idade socio a m biental d evem a b ra nger todas
essas esferas, incl u i n d o as pecu l i a ridades d a região e da com u n id a d e l oca l .
Além d isso, a s m u l ti n aciona is, os mercados globais e os pe rfis global izados d e
con s u m o ta m b é m d evem ser l eva dos e m co nsid eração.
As e m presas d e p e n d e m m u ito do n íve l d e desenvolvime nto d o l ocal, d a
sal ubridade e d a esta b i l id a d e d a s com u n i dades loca i s e m q u e e stão i n s e ri d a s,
bem como da o p i n i ã o da p o p u l ação s o b re sua re puta çã o, pois refl etem d i reta e
i n d i reta m ente em sua com petitivid a d e e d e s e m p e n h o no m e rcado. A atuação
d e uma e m presa pode m u d a r o pe rfi l d e uma região:
• Recruta n d o pessoas excl u íd a s
soci a l m e nte;
• Por meio de ações de melhoria da
q u a l idade de vida, como por exem plo,
financiando/patrocinando a formação
de espaços de lazer com u n itários;
• Disponibilizando estruturas de cuida­
do à infância para filhos de trabalhadores;
• Patrocinando eventos culturais e
desportivos por meio de parcerias;
• Por m e i o de ações de caridade a gru pos de vu l n eráve is.
As re lações e m p resariais d efinem a co m p lexidade dos processos e os custos,
podendo, m u itas vezes, d efi n i r a agil idade da entrega e a q u a l idade de p rodutos
e serviços. Além disso, os clientes estão cada vez m a is i nte rados sobre a cadeia
produtiva dos produtos q u e consomem, sendo as re lações e m p resariais q u es­
tões que d eterm i n a m a esco l h a pela co m p ra ou não do prod uto. Assim, a esco l h a
de pa rceiros comerciais e forn ecedores d eve considerar o dese m p e n h o e a
re putação social e a m biental das em presas com as q uais se m a ntém relações.
Outra re lação empresarial que pode refl etir e m ações de responsabilidade so­
cioa mbiental está baseada no modo com que as gra n des empresas se relacionam
com as peq uenas. Seja como fornecedora de matéria-prima, com ponentes ou ter­
cei riza ndo u m a pa rte de sua prod ução, pequenas empresas sempre devem estar

RES PONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


envolvidas em grandes negócios. O incentivo a pequenas empresas ou startups
inovadoras e sustentáveis, por participações minoritárias ou preferência nas rela­
ções comerciais, são modos de exercer a responsabilidade socioambiental dentro
de sua área de atuação pela promoção do espírito empresarial compromissado.
Como parte da responsabilidade socioambiental empresarial, as empresas de­
vem procurar fornecer, de modo ético, eficiente e ecológico, produtos e serviços que
os seus clientes buscam. Vale ressaltar que a obtenção de lucros mais elevados é uma
consequência da construção de relações duradouras entre empresas e seus clientes.
É importante abordar a dimensão dos direitos humanos, uma vez que elen­
ca fatores políticos, jurídicos e morais que regulam o bom desempenho de uma
empresa. Os códigos de conduta impõem o cumprimento dos direitos humanos
que devem ser executados de acordo com normas e padrões cuidadosamente
elaborados. A verificação de conduta em relação ao cumprimento dos aspectos
legais e sociais dos direitos humanos deve ser feita pelas autoridades públicas,
pelos sindicatos e pelas organizações não governamentais (ONGs). Naturalmente,
o equilíbrio entre os agentes de verificação e o cumprimento integral dos aspectos
legais e sociais internos e externos pode aumentar a rentabilidade das empresas.

CO NTEXTUALIZANDO
Em 201 1 , o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas
(CDH) aprovou o documento Princípios Orientadores sobre
Empresas e Direitos Humanos, que é estruturado em três
pilares: proteger, respeitar e reparar. Para saber mais, acesse o
site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
No Brasil, tem-se o Programa Nacional dos Direitos Humanos instituído pelo De­
creto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, e atualizado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de
maio de 2010, que abrange os direitos humanos e as responsabilidades das empresas e
deve ser utilizado como base para a definição dos parâmetros de atuação empresarial.
A economia se refere aos recursos disponíveis e à sua disponibilidade e adminis­
tração em escala regional ou global. É preciso ter a consciência de que a solução para
a crise ambiental e social depende de um modelo de desenvolvimento econômico
comprometido com a manutenção de relações harmônicas com o meio ambiente, ga­
rantindo sua conservação e refletindo em uma economia positiva. Logo, consideran­
do o poder das empresas no desempenho econômico dos países, quanto maior o seu
comprometimento com o meio ambiente, menores devem ser os riscos ambientais.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.

Paradigma econômico, social e ambiental
As instituições públicas zelam pelo que é de interesse coletivo da popula­
ção por meio de normas, valores e regras. As instituições particulares pos­
suem caráter privado uma vez que guardam os interesses individuais.
Apesar das distinções entre instituições públicas e privadas, o meio am­
biente, pelo fornecimento de recursos, e a sociedade, por meio da sua força de
trabalho, além de estarem intimamente relacionados e possuírem caráter pú­
blico, são as bases para a existência empresarial. Assim, pode-se dizer que as
empresas se colocam como instituições públicas com função social, pois lidam
subjetiva e materialmente com a sociedade e com o meio ambiente, que são de
extrema importância para a humanidade e pauta internacional.
Consequentemente, espera-se que as empresas possuam uma postura
compromissada, que deve se espelhar nas questões econômicas, sociais e
ambientais. Desse modo, devem exercer suas atividades com base nas três
dimensões da sustentabilidade para que trabalhem em equilíbrio com as
questões econômicas, sociais e ambientais.
Por muitos anos, na economia capitalista, a obtenção de lucro se mostrou
um dos principais meios para se estimar o sucesso empresarial. Decorre disso
o fato de que, muitas vezes, as empresas se esquecem da ética e agem a partir
de atos oportunistas. Os países se diferem quanto às leis sociais e ambientais
que possuem, geralmente, refletindo seu grau de desenvolvimento. Um país em
desenvolvimento pode se tornar menos atrativo para a permanência de empre­
sas devido às leis sociais, fiscais ou ambientais que venham a promulgar. Diver­
sas vezes é possível constatar que agir de acordo com o que as leis preconizam
pode não ser suficiente para atender às expectativas da sociedade em relação às
empresas. As relações entre países e instituições públicas e privadas devem ser
fortalecidas para garantir a transparência das atividades empresariais.
Diversas são as partes interessadas (stakeholders) que afetam e são afe­
tadas, influenciam e são influenciadas pelas empresas e que, muitas vezes,
possuem interesses conflitantes entre si e em relação à empresa (Diagrama
1). É importante entender que buscar o melhor para si não resulta em atingir o
melhor para todos, então, as partes interessadas devem atuar de modo que se
equilibrem, considerando os três pilares da sustentabilidade.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
DIAGRAMA 1. PARTES INTERESSADAS (STAKEHOLDERS) QUE
AFETAM O DESEMPENHO DE UMA EMPRESA

Comunidade
Grupos políticos Proprietários
financeira

Grupos ativistas

Consumidores

Grupos de
defesa dos
consumidores
Associações
Empregados Sindicatos
comerciais

Fonte: BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016, p. 22. (Adaptado).

Atualmente, sabe-se a importância do desenvolvimento sustentável para


garantir melhor qualidade de vida para a população e um futuro sustentável
para as gerações seguintes. A atuação empresarial, nesse contexto, deve agir
ativamente e em articulação com projetos que evitem a crise social e ética de
paradigmas econômicos, sociais e ambientais.

O Empresa sustentável
Segundo Carroll (1979). a responsabilidade social das empresas compreen-
••
de as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias que a sociedade
tem em relação às organizações em um determinado período. Uma empresa
responsável socioambientalmente deve ter como objetivo o desenvolvimento
sustentável e, por meio dele, exercer, em suas relações internas e externas, o
cumprimento das questões legais e o posicionamento ético de modo integra­
do, considerando todas as expectativas das partes interessadas.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sempre haverá dificuldades para implantar as práticas de responsabilidade
socioambiental, já que envolvem uma diversidade de questões que se tradu­
zem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos, internos e
externos à empresa (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).
Todavia, no Brasil, a Constituição Federal definiu que as empresas devem
observar os seguintes princípios:
• Soberania nacional;
• Propriedade privada;
• Função social da propriedade;
• Livre concorrência;
• Defesa do consumidor;
• Defesa do meio ambiente;
• Redução das desigualdades regionais e sociais;
• Busca do pleno emprego;
• Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte que tenham sua
sede e administração no País.
Desse modo, a Constituição Federal brasileira traz à tona a ideia de desen­
volvimento sustentável, colocando-o como uma das razões para a limitação
da atuação de uma empresa quando ameaça o uso racional dos recursos.
Empresas sustentáveis não esperam que leis ambientais sejam elabora­
das pelos países, e sim pensam globalmente e agem localmente, adotando
as três dimensões da sustentabilidade em suas atividades (Diagrama 2). Es­
sas três dimensões abrangem a sustentabilidade econômica, social e am­
biental, mas também abarca questões de:
· Sustentabilidade espacial: referente a uma configuração
rural-urbana equilibrada, que avalia soluções para os assenta­
mentos humanos;
• Sustentabilidade cultural: referente ao respeito pela plu­
ralidade apropriada à cultura local;
• Sustentabilidade política: ressalta a necessidade
de processos democráticos consolidados;
• Sustentabilidade institucional: relacionada
à atividade pública e às suas relações com outras
instâncias da sociedade.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
DIAGRAMA 2. TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE

Fonte: BERLATO; MERINO; FIGUEIREDO, 2018, p. 4. (Adaptado).

O Modelos de gestão ambiental


O tripie bottom fine (resultado triplo) é um modelo de gestão empresarial
••
criado a partir das dimensões da sustentabilidade, e possui como pressuposto
básico que a responsabilidade social das empresas deve contribuir para a su­
peração das crises socioambientais.
Esse modelo propõe uma abordagem em que todas as formas de capital se­
jam favorecidas ao longo do tempo por meio de uma gestão econômica, social
e ambiental responsável.
No modelo tradicional, as empresas obtêm aumento de valor de mercado com
geração de lucro líquido e consequente aumento da riqueza dos acionistas. Na esfe­
ra econômica do tripé da sustentabilidade, as empresas também obtêm desempe­
nho financeiro positivo, mas consideram os custos sociais e ambientais envolvidos
em seus processos. Na esfera social, o capital social que estão construindo deve ser
considerado e seu conhecimento vislumbrado como fator de competitividade. Na
esfera ambiental, o diferencial desse modelo está na obtenção de lucro líquido am­
biental por meio da adoção do conceito de capital natural baseado no modo como
a empresa lida com a manutenção dos recursos naturais e os serviços ambientais.
A partir do modelo tripie bottom tine, desenvolveram-se os 3 Ps - profit, peo­
ple e planet (lucro, pessoas e planeta), cuja aplicação está restrita às empresas,
à medida que se associa a dimensão econômica ao lucro, conforme ilustra a
Figura 1 (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Figura 1. O modelo 3 Ps. Fonte: BARBIERI; CAJAZEIRA. 2016, p. 61. (Adaptado).

O Gestão e as políticas socioambientais


Vale ressaltar que o processo de globalização e a economia baseada no con­
••
sumismo e descarte rápido de produtos têm aquecido os mercados globais, en-
tretanto, não caminham em sincronia com as questões ambientais. Cientes dos
danos, provavelmente irreversíveis, os consumidores e as organizações não go­
vernamentais têm cobrado uma postura ética das empresas, exercendo diversas
ações socioambientais. As empresas têm o compromisso de considerar as ques­
tões relativas à sustentabilidade regional e global propostas pelas partes que as
compõem para, então, buscar soluções cabíveis. Nesse contexto, a intervenção
governamental como agente regulamentador das ações do setor privado na cons­
trução de ações socioambientais é indispensável. Partindo desse pressuposto, as
políticas públicas socioambientais atuam no sentido de dar legitimidade e efetivi­
dade às questões ambientais, fornecendo orientação, auxiliando no planejamento
e realizando o monitoramento das ações e atividades desenvolvidas.
Segundo Appio (2005), as políticas públicas podem ser definidas como os
instrumentos de execução de programas políticos baseados na intervenção
estatal na sociedade com a finalidade de garantir a igualdade de oportunidade
entre os cidadãos, tendo por escopo assegurar as condições materiais de uma
existência digna a todos. Essas políticas são promovidas por meio da criação
de planos e programas elaborados pelo Estado, mas com a participação das
esferas públicas e privadas para garantir um processo totalmente democrático.
Os planos determinam prioridades, objetivos e períodos para execução, já os

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
programas são compostos por ações e atividades para o estabelecimento de
questões de interesse público. As atividades têm papel de instaurar as ações,
ou seja, torná-las reais e efetivas.

EXEMPLIFICANDO
Quando falamos em meio ambiente, o foco dos planos e/ou
programas estatais é a contenção da crise ambiental. Como
exemplo, pode-se citar o Plano de Ação para Produção e
Consumo Sustentáveis (PPCS). Trata-se de um documento­
base das ações de governo, do setor produtivo e da sociedade
que direcionam o Brasil para padrões mais sustentáveis.

A atuação nacional se fortaleceu, em 1981, com a criação do Programa Na­


cional do Meio Ambiente (PN MA) e do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA). O SISNAMA é a estrutura adotada para a gestão ambiental no Brasil,
em que o meio ambiente é caracterizado como patrimônio público da humani­
dade, devendo ser protegido por e para todos, considerando os cidadãos de hoje
e as gerações futuras. O SISNAMA tem como órgão consultivo e deliberativo o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e é representado pelos órgãos
municipais, estaduais e federais, pela sociedade civil e pelo setor empresarial.
O CONAMA, por meio de suas resoluções, define critérios, estabelece procedi­
mentos e parâmetros técnicos, altera resoluções antigas e têm diversos modos
de atuação na área ambiental. Inclui também os Estudos de Impactos Ambien­
tais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) que foram incluídos pela
PNMA como instrumentos de política ambiental e são obrigatórios e prévios a
qualquer projeto que venha a causar impactos no meio ambiente.
O EIA é um estudo meramente técnico, elaborado de modo imparcial, de avalia­
ção das consequências e danos ambientais para determinado projeto (industrial,
residencial, comercial etc.) e aponta quais procedimentos devem ser utilizados
para que o projeto seja executado em harmonia com o meio ambiente. Trata-se de
um documento extremamente importante para o desenvolvimento sustentável,
pois auxilia na prevenção e mitigação dos impactos negativos ao meio ambiente.
O RIMA é um relatório técnico conclusivo de impacto ambiental do EIA que
contém os levantamentos e as conclusões pelo qual o órgão público designado
deve analisar e conceder ou não a licença ao projeto a ser executado.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
As resoluções do CONAMA fornecem as diretrizes gerais para a elaboração
do EIA e do RIMA, bem como as atividades técnicas mínimas que precisam ser
cumpridas em relação ao diagnóstico, previsão, análise, acompanhamento e
monitoramento ambiental do local de estudo.

O Princípios, cód igos e regulamentos das políticas


••
socioambientais empresariais
A difusão da responsabilidade socioambiental empresarial ocorre pela ado-
ção de instrumentos norteadores e por um conjunto de códigos e normas ela­
borados, levando em consideração os aspectos estratégicos da empresa. Esses
instrumentos e normas devem ser implementados desde o início da organização
para que resultem em desempenho positivo. A elaboração ou reformulação de
aspectos estratégicos, como a definição da visão, valores e missão devem ser
baseados em instrumentos norteadores mundialmente conhecidos, tais como:
• Direitos Humanos;
• Agenda 21;
• Protocolo de Quioto;
• Declaração sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;
• Carta da Terra;
• Pacto Global;
• Agenda 2030;
• Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Os códigos e regulamentos são instrumentos socioambientais empresariais
que devem ser construídos considerando os aspectos estratégicos políticos, os
aspectos relacionados aos recursos e os perfis liderança. Os códigos e normas
fornecem recomendações para ações focadas, como as convenções da Organi­
zação Internacional do Trabalho, a Organização para a Cooperação e Desenvol­
vimento Econômico e o combate à corrupção.
As convenções da Organização Internadona I do Trabalho (OIT) fornecem
códigos e normas considerando a estrutura tripartite que envolve empregado­
res, empregados e governos. As convenções e recomendações da OIT são vol­
tadas para as relações de trabalho de qualquer organização, inclusive estatais
(BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016) (Quadro 1).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
-
QUADRO 1. PRINCIPAIS CONVENÇÕES DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OITI

-

-
Ano de ratificação
no Brasil Convenção

1957 Sobre indenização por acidente do trabalho na agricultura.


1957 Sobre os métodos de fixação do salário mínimo.

-
1989 Sobre inspeção do trabalho na indústria e no comércio.

-
1965 Sobre abolição do trabalho forçado.

-
Sobre igualdade de tratamento entre nacionais e
1962

-
estrangeiros em previdência social.

-
1997 Sobre férias remuneradas.

-
2001 Sobre idade mínima para admissão.
1988 Sobre contaminação do ar. ruído e vibrações.

-
1992 Sobre segurança e saúde dos trabalhadores.

-
1990 Sobre reabilitação profissional e emprego de pessoas deficientes.
1989 Sobre povos indígenas e aldeados.

2000 Sobre proibição das piores formas de trabalho infantil e


ação imediata para sua eliminação.

2018 Convenção e recomendação sobre trabalho decente para as


trabalhadoras e os trabalhadores domésticos.

<s)
CURIOSIDADE
A Organização Internacional do Trabalho possui
convenções ratificadas no Brasil desde 1934. Algumas
convenções ratificadas não estão mais em vigor por
terem sido alteradas, revistas ou denunciadas. Você pode
consultar todas elas e conhecer um pouco mais sobre a
0IT acessando o site da organização.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)


possui diretrizes para grandes empresas que compõem um código de conduta
sobre diversas questões empresariais nas áreas sociais, econômicas e ambientais.
Entre as diretrizes básicas mais importantes, pode-se destacar as que abordam:
• As relações de emprego;
• As publicações de informações;
• Os cuidados com o meio ambiente;
• O combate à corrupção;
• O atendimento aos interesses dos consumidores;
• O desenvolvimento científico e tecnológico;

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
• As boas práticas de governança corporativa;
• As boas práticas de concorrência.
O combate à corrupção está associa­
do a atos ética e moralmente condenáveis,
praticados, principalmente, por quem
ocupa posições de destaque nas rela­
ções hierárquicas de instituições públicas
e privadas. A corrupção praticada pelas
instituições é um tema atual e contrário
às práticas de responsabilidade socioam­
bientais, que pode resultar em danos am­
bientais e impactos sociais irreversíveis.
São exemplos de práticas de corrupção:
• Coagi r física ou mora l m e nte p a ra
a p rática de a ções i lega i s ou etica m e n ­
te contrárias aos i d e a i s do coagido;
• Lavagem de d i n h e i ro;
• Su borno de agentes fiscalizad ores;
• Fra u d a r laudos ou pe rícias técn icas;
• Burlar leis prati cando o bstrução à j u stiça ou con l u i os entre e m p resas.
Deve-se con sid erar também os aspectos operacionais q u e causam impac-
tos econômicos, a m b ientais e sociais. Considera ndo a formação ou a reestrutu­
ra ção de u ma empresa, esses aspectos d evem ser construídos
por meio de p roced ime ntos operacionais padrão (POPs) de
u ma cultura orga nizacional com processos bem d efinid os,
por normas ISO e relatórios de desempenho q u e conside­

..
re m as ações de responsabilidade socioam biental.

O n_
_l_ i c_a_
d- d_
de g est o
ã
o_
re_s_,-
c-
e-
rt-
if-
ic_a_ç_
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s,-t-
e-
c-
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l o_
g_
ia_s_e-in-s- u_
tr_ m_e_n_
to-s�
-

A sobrevivência e o sucesso de u m a o rga n ização estão d i reta me nte rel a ­


cionados à sua capacidade d e atender às n ecess idades e expectativas dos p ro ­
p ri etári os, dos clientes e da sociedade.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIE NTAL .


De acordo com aABNT (2012), uma vez que as decisões e atividades têm impac­
to ambiental, ações entre organizações públicas ou privadas e o meio ambiente
devem atuar no sentido de reduzi-los, sendo conveniente que a organização adote
uma abordagem integrada que considere as implicações econômicas, sociais, na
saúde e no meio ambiente de suas decisões e atividades, direta e indiretamente.
Muito se tem trabalhado ao longo das últimas décadas para garantir que as
práticas de responsabilidade socioambiental sejam exercidas pelas empresas e
para que estejam alinhadas ao conceito de desenvolvimento sustentável.
As práticas de responsabilidade socioambiental reestruturam a cultura or­
ganizacional das empresas, influenciando as diversas instâncias da gestão em­
presarial, tais como: a gestão financeira, o marketing, a produção, a gestão de
pessoas, a logística e o desenvolvimento de produtos.
Desse modo, é importante entender melhor os indicadores, certificações,
tecnologias e instrumentos de gestão que podem ser adotados pelas empresas
em busca de um desempenho ambiental eficiente.

O Fontes de orientação estratégica


••
O ciclo PDCA (plan, do, check, act, ou seja, planejar, fazer, verificar e agir) busca
a melhoria contínua dos processos das organizações (Diagrama 3). Questões sobre
como adotar novos ou como fazer a melhoria de processos já existentes buscando
um melhor desempenho socioambiental podem ser resolvidas a partir dessa técnica.

DIAGRAMA 3. CICLO PDCA


O que
funciona.
Fonte: PATEL; DESHPANDE, 2017, p. 1 97. (Adaptado).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Esse ciclo garante dois tipos de ações corretivas:
• Ação corretiva temporária: busca a resolução do problema já instaurado;
• Ação corretiva permanente: consiste na investigação e eliminação das
causas e, portanto, visa a sustentabilidade do processo.
A ideia do ciclo PDCA é realizar o planejamento, estabelecendo claramente os
objetivos e as metas para que as ações sejam programadas com embasamento. Além
disso, descreve os processos que envolvem o problema para entendê-lo e para identi­
ficar as áreas para melhorias. Para isso, a utilização de fluxogramas e mapas dos pro­
cessos é importante. Muitas ferramentas estão disponíveis para coletar e interpretar
dados, como histogramas, gráficos de execução, de dispersão e de controle.
Compreendido o cenário atual, deve-se implementar o programa estabelecido,
promovendo a organização e o treinamento de funcionários e/ou pareeiros. As solu­
ções decididas devem ser implementadas individualmente. É importante que os res­
ponsáveis se certifiquem de que todas as etapas foram totalmente compreendidas.
A fase de verificação é caracterizada por uma aprendizagem significativa. Há
a oportunidade de desenvolver planos atualizados, elevando o processo a novos
patamares, em vez de simplesmente consertar o que deu errado na fase anterior.
Se os resultados forem negativos, o trabalho de melhoria deve recomeçar na fase
de planejamento, pois, caso contrário, as soluções testadas passam para a fase de
ação. A verificação deve ser feita continuamente pelo monitoramento e elabora­
ção de relatórios que evidenciem com clareza os resultados alcançados.
A atuação deve promover a melhoria contínua. Uma vez que o ciclo atingiu
essa etapa, as soluções são preparadas para implementação final e, possivelmen­
te, para adoção por outros setores da organização. Nessa etapa, deve-se adotar
normas e certificações para reconhecimento nacional e internacional das melho­

o
rias realizadas, e, para manter a melhoria, é preciso repetir o ciclo continuamente.

A Norma ISO 26000


••
A obtenção de certificados pelo atendimento de padrões técnicos sobre produ­
tos, processos produtivos, métodos e ensaios é um grande diferencial para as em­
presas. Em alguns casos, a norma que fornece o certificado é tão importante que
se torna uma lei. Criada em 1947 e mais conhecida por sua sigla ISO, a principal
organização de normalização é a lnternational Organization for Standardization.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O objetivo da ISO é desenvolver padrões e atividades para facilitar as trocas de
bens e serviços no mercado internacional e promover a cooperação entre os paí­
ses nas esferas científicas, tecnológicas e produtivas (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2016).
As normas de gestão da ISO se aplicam a qualquer organização, pois não são
normas de conteúdo, mas de procedimentos que podem se adequar ao segmen­
to da empresa que a adota. Todas elas adotam o ciclo PDCA para melhoria con­
tínua dos processos. A certificação requer auditorias periódicas de avaliação.
A ISO possui normas adotadas mundialmente, entre as mais importantes es­
tão as séries ISO 9000, de gestão da qualidade, e a ISO 14000, sobre sistemas de
gestão ambiental.
A norma ISO 26000 foi desenvolvida para organizações que querem adotar
um sistema de gestão focado em responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável. Por fazer uso de termos como "pode" ou "convém que" em seu tex­
to, pode-se dizer que é uma norma-guia não certificável que busca, por meio de
suas diretrizes, mais fazer indicações e recomendações do que exigir ou tornar
algo obrigatório.
A norma ISO 26000 aborda sete temas centrais voltados para a responsabili-
dade social das organizações:
• Governança organizacional;
• Direitos humanos;
• Práticas de trabalho;
• Meio ambiente;
• Práticas leais de operação;
• Questões relativas aos consumidores;
• Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Essa norma elenca princípios específicos associados ao meio ambiente, que
discutem quatro questões centrais definidas por uma descrição de expectativas
relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sendo eles:
· Princípio da responsabilidade ambiental: além de cumprir leis vigentes, con­
vém que a organização assuma a responsabilidade pelos impactos ambientais causa­
dos por suas atividades ao meio ambiente em geral; convém que não deixe de atuar em
busca de desempenho positivo, mas que, para isso, reconheça seus limites ecológicos;
• Princípio da precaução: onde houver ameaças de danos graves ou irrever­
síveis ao meio ambiente ou à saúde humana, convém que não se utilize da falta

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
de certeza científica para postergar o uso de medidas eficazes que impeçam a
degradação ambiental ou danos à saúde humana em função dos custos. Con­
vém que a organização considere os custos e benefícios de longo prazo e não
somente os custos de curto prazo de uma medida;
· Gestão de risco ambiental: convém que programas sejam utilizados pelas
organizações a partir de uma perspectiva baseada em riscos e na sustentabili­
dade, para avaliar, evitar, reduzir e mitigar riscos e impactos ambientais de suas
atividades. Convém que sejam elaboradas e aplicadas atividades de conscien­
tização, além de procedimentos de resposta a emergências, bem como meios
de divulgar informações sobre incidentes ambientais e para reduzir e mitigar
impactos ambientais na saúde e na segurança, causados por acidentes;
• Poluidor pagador: de acordo com a extensão do impacto ambiental na socie­
dade, convém que a organização arque com os custos da poluição causada por suas
atividades e providencie as ações corretivas, totalmente ou à medida que a poluição
se adeque aos níveis permitidos. O custo da poluição e a quantificação dos benefícios
econômicos e ambientais da prevenção devem ser internalizados pelas organizações.
Desse modo, as empresas devem considerar o emprego da gestão ambiental
seguindo abordagens estratégicas, como: ciclo de vida de produtos, avaliação de im­
pacto ambiental, produção mais limpa e ecoeficiência, abordagem por sistemas de
produto-serviço, uso de tecnologias e práticas ambientalmente saudáveis, práticas
de compras sustentáveis (priorizar produtos ou serviços com impactos minimizados
e fazer uso de sistemas de rotulagem confiáveis) e aprendizagem e conscientização.
O Quadro 2 destaca as principais questões abordadas pela ISO 26000.

QUADRO 2. QUESTÕES CENTRAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE ABORDADAS PELA NORMA ISO 26000

Questão Descrição

Convém identificar e reduzir emissões atmosféricas.

Convém identificar e reduzir descargas na água.

Convém fazer a gestão de resíduos.


Prevenção da
poluição Convém reduzir o uso e fazer descarte correto de produtos químicos tóxicos
e perigosos.
Convém identificar e reduzir poluições sonora. odorífera. visual. luminosa.
de vibração, de emissões eletromagnéticas, radioativa, agentes infecciosos,
emissões sem um ponto de partida definido e perigos biológicos.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Convém promover a eficiência energética.

Uso Convém promover a conservação, uso e acesso à água.


sustentável
de recursos Convém promover a efic1ê ncia no uso de materiais.

Convém promover a minimização da exigência de recursos por parte de um produto.

Convém medir, registrar e relatar suas emissões significativas de GEE*.

Convém implementar medidas otimizadas para reduzir e minimizar as emis­


sões diretas e indiretas de GEE progressivamente.
Convém analisar a quantidade e o tipo de combustíveis usados dentro da or­
ganização e implementar programas para melhorar a eficiência e a eficácia.

Convém evitar ou reduzir emissões de GEE provenientes do manejo do solo.


Mitigação e
adaptação
Convém praticar, sempre que possível, a economia de energia.
às mudanças
climáticas Convém considerar se tornar "neutra em carbono", imp lementando medidas
para compensar emissões de GEE.

Convém considerar projeções futuras para o clima global e local.

Convém identificar oportunidades para evitar ou minimizar os danos associa­


dos às mudanças climáticas.

Convém implementar medidas para responder a impactos existentes ou previstos.

Proteção do Convém valorizar e proteger a biodiversidade.


meio ambi­
ente e da bio­ Convém valorizar, proteger e restaurar os serviços de ecossistemas.
diversidade e
restauração Convém promover o uso sustentável do solo e dos recursos naturais.
de habitats
naturais Convém estimular um desenvolvimento urbano e rural ambientalmente favorável.

*GEE: gases do efeito estufa.

Se a organização elaborou e mantém um sistema de gestão ambiental seguindo


os requisitos da norma 150 14001, deve haver grandes chances dos princípios da
norma 150 26000 terem sido atendidos, principalmente o princípio da gestão do ris­
co ambiental. A série 150 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem
que a empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decor­
rentes de sua atividade, objetivando se tornar sustentável no curto e no longo prazo.
A norma 150 14001 estabelece práticas de responsabilidade ambiental, como:
• Implementação de um sistema de gestão ambiental;
• Rotulagem ambiental;
• Análise de desempenho ambiental;
• Análise de ciclo de vida;

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


• Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;
• Comunicação ambiental;
• Mitigação das mudanças climáticas.


Indicadores e índices de sustentabilidade
Os indicadores e índices podem ser usados para avaliar o desempenho em
relação aos objetivos do desenvolvimento sustentável e compará-lo entre cida­
des, países, blocos econômicos e organizações públicas e privadas; estimam se
as instituições estão crescendo econômica e ambientalmente de acordo com o
objetivo proposto.
Os indicadores são compostos por parâmetros ou valores, analisados em
grupos ou isoladamente a partir de estratégias de gestão definidas antecipada­
mente. A partir dos indicadores são avaliadas as condições do sistema de gestão
e se a estratégia adotada previamente está gerando resultados. Desse modo,
são importantes por informarem às partes interessadas sobre o desempenho
positivo ou negativo em uma determinada questão.
Nesse sentido, indicadores que avaliam os resultados das ações de respon­
sabilidade socioambiental empresarial capturam e antecipam tendências para
informar os tomadores de decisão, assim como orientam o desenvolvimento e o
monitoramento de políticas e estratégias. Os indicadores do desenvolvimento
sustentável (indicadores de sustentabilidade) informam se o desempenho da
empresa está ocorrendo em harmonia com o meio ambiente e têm papel impor­
tante no monitoramento, na avaliação e na efetivação do desenvolvimento sus­
tentável. Os indicadores de sustentabilidade analisam se o impacto ambiental
gerado por uma empresa permite que o planeta seja resiliente.
Os indicadores ambientais devem ser:
• Comparáveis: devem permitir comparaçõese mostrar as mudanças ocorridas;
· Equilibrados: devem distinguir o mau e o bom desempenho;
· Contínuos: devem ser formulados a partir de critérios similares e conside­
rar períodos comparáveis;
• Temporais: devem ser revistos regularmente para permitir o uso de
medidas atualizadas;
· Claros: devem ser de fácil compreensão.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Os indicadores de desenvolvimento sustentável do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) são exemplos importantes para mostrar o grau de
desenvolvimento sustentável no Brasil. O IBGE analisa indicadores de sustentabi­
lidade considerando as três dimensões da sustentabilidade, dos quais destacam-se:
• Concentrações de poluentes no ar e em áreas urbanas;
• Queimadas e incêndios florestais;
• População residente em áreas costeiras;
• Acesso a tratamento de esgoto;
• Espécies extintas ou em risco;
• Crescimento populacional;
• Mortalidade infantil;
• Consumo de energia per capita.

DICA
No Brasil, a construção de indicadores de desenvolvimento
sustentável se integra ao conjunto de esforços para
concretização das ideias e princípios formulados na
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, de 1992.
É importante conhecer as diversas informações sobre
como estamos trabalhando rumo ao desenvolvimento
sustentável. O documento é interativo e de acesso gratuito.

Para a formulação de indicadores de desenvolvimento sustentável empresarial,


pode-se citar os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis,
criados pelo Instituto Ethos. A ferramenta elabora indicadores a partir de um ques­
tionário e tem como foco avaliar o grau de incorporação da sustentabilidade e da res­
ponsabilidade social aos negócios, auxiliando na definição de estratégias, políticas e
processos. Trata-se de uma ferramenta gratuita de aprendizagem, avaliação e monito­
ramento das ações de responsabilidade socioambiental, estruturada em temas e sub­
temas com um questionário agrupado em dimensões baseadas na norma 150 26000.
Os indicadores são diferentes dos índices. Os índices são feitos da junção
de um conjunto de indicadores e são instrumentos de tomada de decisão e
previsão, pois permitem conhecer o endividamento e os riscos associados
para os investimento e funcionam como um retrato das condições da empresa,
refletindo sua saúde econômica, social e ambiental.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Como exemplo, pode-se citar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE
B3), que é uma ferramenta de análise comparativa do desempenho das ações de
sustentabilidade das empresas constantes nas listas da B3 (Brasil Bolsa Balcão) sob
o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equi­
líbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. O ISE B3 está fundamenta­
do na eficiência econômica e na equidade ambiental, além de possuir transparên­
cia em seus processos, uma vez que também possui fundamentos na governança
coorporativa e na promoção da justiça social. Atualmente, o ISE B3 se caracteriza
como um norteador para os fundos de investimento e valoriza as empresas de ca­
pital aberto ao lidar com uma questão tão demandada pela sociedade atual.

G 1
DICA
Entenda o que é, conheça sua missão, fundamentos, objetivos
estratégicos e a versão atual do Questionário ISE B3.

Muitas empresas prestadoras de serviços estratégicos fazem a análise dos


índices de sustentabilidade por meio de softwares de gestão de indicadores
ambientais, por plataformas de análise de vulnerabilidade e licenciamento am­
biental, auxiliando na adoção de programas e selos ambientais. Infelizmente,
na maioria das vezes, tais serviços estão disponíveis somente para empresas
de grande porte devido ao seu alto custo.


Tecnologias resultantes da gestão ambiental
A adoção de práticas de responsabilidade socioambiental nas estratégias
de gestão empresarial tem permitido, se não exigido, o desenvolvimento de
tecnologias inovadoras, tanto na produção de bens quanto na prevenção de
impactos negativos ao meio ambiente. Tais tecnologias estão disponíveis em
diversos segmentos empresariais e, em geral, são resultado de demandas dos
clientes. Pode-se afirmar que, na atualidade, para ser considerado um bom
processo ou produto não basta ser eficiente industrialmente, também há a ne­
cessidade de ser eficiente ambientalmente.
Algumas tecnologias com melhor desempenho ambiental já devem estar
presentes no seu dia a dia. O Quadro 3 destaca alguns exemplos.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
QUADRO 3. EXEMPLOS DE NOVAS TECNOLOGIAS ADOTADAS EM PRODUTOS E PROCESSOS

Processo/Produto Vantagem Desvantagem

Linha branca de Menor consumo de energia.


Geração de lixo resultante da
eletrodomésticos troca de eletrodomésticos.
Menor consumo de energia;
Lâmpadas de LED Maior durabilidade; Custo mais elevado.
Menos descarte de lixo.
Dispensa o uso de combustível Custo elevado;
Carros elétricos fóssil. Dificuldade de ganhar o mercado.
Redução da toxicidade devido à
Tintas remoção de metais pesados na Menor durabilidade.
com posição.
Redução do uso de defensivos Custo inicial elevado;
agrícolas; Necessidade de treinamento;
Drones na agricultura
Redução do custo de produção a Dificuldade para chegar ao
longo prazo. pequeno produtor.
Embalagens de fécula Reduz o uso de plástico; Custo elevado;
de mandioca Biodegradáve l. Menor durabilidade.

Menor consumo de energia; Custo micial elevado;


Painéis solares Redução dos valores das contas São necessários técnicos para
de energia. instalação.

Tecnologias industriais que resultam na redução do consumo de água


ou da queima de biomassa, que reduzam a geração de resíduos
ou que aumentem a eficiência dos processos de tratamento de
efluentes, bem como que resultam em produtos com
menor utilização de elementos tóxicos ou de fon­
tes não renováveis têm sido foco dos setores de
pesquisa e desenvolvimento de empresas e de
instituições de pesquisa, pois trazem benefícios
econômicos e ambientais.

O Marketing ambiental
O marketing ambiental ou marketing verde é uma estratégia adotada
••
para promover a divulgação e aumentar as vendas de produtos e serviços que
tenham bases ambientalmente corretas. Por meio dele é possível vincular uma
marca, produto ou serviço a uma imagem ecologicamente correta.

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


Os produtos e serviços passíveis do marketing ambiental devem ser resultado
de um impacto ambiental mínimo, tanto ao se considerar os elementos que com­
põem o produto quanto os que estão relacionados ao seu processo produtivo.
Diante da crescente demanda por práticas de sustentabilidade, o marketing
ambiental pode trazer às empresas vantagens competitivas, o recrutamento
de novos clientes e a garantia de sua sobrevivência no mercado.
Existem quatro pilares elaborados para que as empresas possam aplicar o
marketing ambiental em seus produtos ou serviços de modo sustentável:
• Ser ecologicamente correto;
• Ser economicamente viável;
• Ser socialmente justo;
• Ser culturalmente aceito.


Tendências mundiais sobre o perfil do consumidor
Na maioria dos países, a preocupação com o meio ambiente cresceu. Ques­
tões sobre o uso de fontes de energia renováveis, sobre o desmatamento, as
mudanças climáticas e a poluição atmosférica são apontadas como os maiores
problemas ambientais da atualidade.
Os consumidores, de modo geral, consideram importante comprar produtos e
serviços de empresas que respeitam o meio ambiente, mas quando são questiona­
das sobre o que é importante para decidir consumir de uma empresa, preocupações
básicas relacionadas a custo-benefício são listadas antes de questões sobre respon­
sabilidade socioambiental e produtos ambientalmente corretos. Preço bom, quali­
dade, confiabilidade e atendimento ao cliente estão entre os atributos empresariais
mais importantes entre os consumidores. Essas respostas indicam que, de acordo
com o posicionamento dos clientes, as empresas não devem sacrificar os fundamen­
tos da marca para as questões ambientais, entretanto, devem manter um equilíbrio
entre os atributos desejados e o compromisso com o desenvolvimento sustentável.
Em geral, consumidores estão dispostos a comprar mais produtos ambien­
talmente corretos e a pagar até 10% a mais para produtos ecológicos, mas mui­
tos relatam problemas que prejudicam a compra, como a rotulagem confusa
ou não confiável, preço muito discrepante em comparação aos produtos não
verdes, falta de disponibilidade e pouca variedade.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Os consumidores de produtos ambientalmente corretos procuram produ­
tos que usem menos embalagens plásticas, e sim biodegradáveis ou recicláveis;
além disso, apoiam-se nas informações presentes nas embalagens e em certifi­
cações para decidir sobre qual produto comprar.

O Iniciativas de marketing ambiental


••
É necessário que as empresas realizem a divulgação de ações de marketing
ambiental aos seus clientes somente depois de realmente adotarem uma pos­
tura ambientalmente correta em sua cultura organizacional, por meio de ações
de responsabilidade socioambiental.
Para fazer propagandas sobre essa postura ambientalmente correta, as pe­
quenas e grandes empresas podem:
• Adotar os 3 Rs da sustentabilidade: reduzir, reutilizar e reciclar;
• Incorporar os 4 Ss: aceitação social, satisfação do consumidor, segurança
e sustentabilidade;
• Usar selos verdes (certificação ambiental) para legitimar o posicionamen-
to da empresa;
• Participar de programas de promoção dos três pilares da sustentabilidade;
• Escolher fornecedores e parceiros ecologicamente corretos.
Empresas conhecidas no mundo todo têm adotado iniciativas ambientais e
divulgado suas ações em todos os meios de comunicação disponíveis, sendo
exemplos de destaque:
• Microsoft: já foi eleita a empresa mais sustentável do mundo. Desenvolveu, por
exemplo, um sistema de inteligência artificial para combater o aquecimento global;
• Coca-cola: em 2012, mudou a cor das latas e rótulos para conscientizar a
sociedade sobre a necessidade proteção dos ursos polares, um dos
personagens símbolos da marca;
· Nike: criou o Making App para inspirar designers
de moda a trabalhar com materiais ecológicos a par­
tir de seus produtos;
• Toyota: desenvolveu o Prius, o primeiro veí­
culo híbrido do mundo.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Nesta unidade, vimos que os planos e os programas de instituições go­
vernamentais e não governamentais despertam o consumidor para a im­
portância e urgência das questões ambientais. Nesse sentido, as empresas,
enquanto instituições de caráter particular e público, estão desenvolvendo
estratégias de gestão voltadas para o meio ambiente. Visando promover e
zelar pelos três pilares da sustentabilidade, essas empresas estão adotando
ações de gestão internas e externas para a promoção do acúmulo de capital
econômico, social e ambiental.
Visto que a responsabilidade socioambiental é uma temática atual e discuti­
da internacionalmente, deve ser adotada em todos os níveis hierárquicos den­
tro de uma empresa e deve tomar como parâmetros movimentos como OIT,
OCDE, a Agenda 21, a Carta da Terra e os ODSs. Nesse contexto, destacamos
que, para se orientarem, as empresas podem utilizar como estratégias o ciclo
PDCA e as normas ISO, bem como os indicadores e índices de sustentabilidade.
Por fim, vimos que a divulgação do resultado do trabalho ambientalmente
correto das empresas deve ser feita por estratégias de marketing ambiental
bem definidas, que trazem maior lucratividade, competitividade e dão credibi­
lidade internacional.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
UNIDADE

ser
educacional
Objetivos da unidade
Explicar a importância do cooperativismo e da atuação conjunta
dos diferentes setores que compõem a sociedade na promoção do
desenvolvimento socioambiental;

Abordar a educação ambiental como agente de promoção do


desenvolvimento socioambiental;

Discutir os desafios ainda existentes para a completa promoção do


desenvolvimento sustentável;

Citar algumas práticas que vêm sendo adotadas pelas organizações e pela
sociedade civil.

Tópicos de estudo
Cooperação, articulações • Articulações intersetoriais:
intersetoriais e promoção do responsabilidade socioambiental
desenvolvimento e a ciência
• O sistema cooperativista e a • Promoção do
responsabilidade socioambiental desenvolvimento: o papel da
• A abordagem intersetorial educação ambiental
na elaboração de políticas
socioambientais Desafios da prática e
• Articulações intersetoriais: tendências
responsabilidade socioambiental • Tendências das organizações
e o terceiro setor na busca da responsabilidade
• Articulações intersetoriais: socioambiental
responsabilidade socioambiental,
saúde e educação
• Articulações intersetoriais:
responsabilidade socioambiental
e redes

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O Cooperação, articulações intersetoriais e promoção do
..
desenvolvimento
A criação de grupos de trabalho
pode auxiliar na construção de uma
importante ferramenta de coorde­
nação e efetivação das práticas de
responsabilidade socioambiental, ao
possibilitarem a construção compar­
tilhada de projetos de cooperação,
articulação e promoção do desen­
volvimento sustentável, que dão di­
reção comum e estratégica às ques­
tões econômicas, sociais e ambientais. Tais ferramentas são os meios para
superar as hierarquias institucionais e as relações de poder entre setores,
políticas e segmentos sociais.
Dentro dos pressupostos do desenvolvimento sustentável de propor, esti­
mular, promover e monitorar as ações de responsabilidade socioambiental e
a minimização dos impactos negativos sociais e ambientais, a adoção destas
ferramentas acabará por:
• Estimular discussões sobre responsabilidade socioambiental nas organi-
zações e divulgar legislações e normas;
• Potencializar o resultado de ações de capacitação;
• Construir e organizar conhecimento e objetivos de aprendizagem;
• Propiciar o uso racional de matéria-prima, equipamento, força de traba­
lho, imóveis, infraestrutura e contratos;
• Aperfeiçoar o uso de recursos orçamentários;
• Aumentar as colaborações entre as instituições de ensino e pesquisa e as
organizações públicas e privadas;
• Realizar o intercâmbio de experiências entre os signatários.
A construção de espaços para comunicação e troca de experiências permite
o estabelecimento de conceitos, objetivos e direções comuns, propiciando con­
dições para o planejamento participativo de ações que exijam contribuições de
diferentes setores.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Apesar de ser uma importante estratégia na busca pelo desenvolvimento sus­
tentável, o diálogo intersetorial não é simples. Ao praticá-lo será preciso lidar com
diferentes pontos de vista e culturas organizacionais para a tomada de decisão e
para encontrar a solução de problemas.
O trabalho cooperado e intersetorial é um instrumento relevante para a opera­
cionalização do conceito e de ações de responsabilidade socioambiental, com base
nos pressupostos teóricos e metodológicos da promoção da sustentabilidade.
Atualmente, a promoção da cooperação e da articulação intersetorial pode
ser considerada componente central das políticas de responsabilidade socioam­
biental. Elas objetivam a mudança de postura e a quebra de paradigmas, repre­
sentando uma nova forma de gerenciamento que transcende a fragmentação das
políticas públicas e promove a gestão participativa.


O sistema cooperativista e a responsabilidade socioambiental
Podemos estabelecer algumas conexões entre a gestão das cooperativas e
as ações de responsabilidade socioambiental, seguindo o conceito dos três pi­
lares da sustentabilidade. O (1) contexto econômico permite a dinamização da
economia em micro e macroescala, seja por meio da interação com o mercado,
ou pela política equitativa distribuição de renda baseada na produção do coope­
rado. O (li) contexto social das cooperativas propicia a distribuição regional da
renda em termos equitativos, levando em consideração a geração de emprego
e desenvolvimento de pequenas localidades, o que permite a distribuição do
capital financeiro regionalmente e homogeneamente. O (Ili) contexto ambiental
fundamenta-se na ideia de que as bases cooperativistas estruturam-se consi­
derando o estabelecimento de relações de equilíbrio com o meio ambiente. O
conceito de unidade e trabalho em equipe das cooperativas permeiam as ideias
de parceria, cooperação e colaboração de trabalho.
O cooperativismo está apoiado em cinco valores, sendo eles: equidade, so­
lidariedade, justiça social, liberdade e democracia (CHAVES et ai., 2009). Ao preo­
cupar-se com o bem-estar social, o cooperativismo contempla ações de gestão
voltadas para a responsabilidade socioambiental. Nesse sentido, responsabilida­
de socioambiental e cooperativismo alinham-se, pois ambos são formados por
indivíduos que além de trabalharem seguindo as mesmas pautas econômicas,

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
sociais e ambientais, atuam em prol de uma sociedade maisjusta hoje e no futuro.
A atuação responsável socioambientalmente nas comunidades não é algo novo
para as cooperativas, na realidade, elas foram criadas com o objetivo de resolver
reclamações e problemas comuns de um grupo de pessoas. Assim, sempre estive­
ram fundamentadas na comunidade que as criou. Pode-se dizer que a responsabi­
lidade socioambiental compõe a essência do cooperativismo.
Analisando os princípios cooperativistas, ficam claras as relações entre coo-
perativismo e responsabilidade socioambiental:
· Adesão livre: as cooperativas são organizações voluntárias,
abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e
assumir as responsa bilidades como cooperadas, sem discrimi­
nações sociais, raciais, políticas, religiosas ou de gênero;
· Gestão democrática livre as cooperativas são organizações
democráticas, controladas por seus cooperados, q u e partici­
pam ativamente na formulação das suas políticas e nas toma­
das de decisões;
· Distribu ição dos lucros: os cooperados contribuem e q u ita­
tivamente e controlam democraticamente o capital de suas
cooperativas;
· Autonomia e independência as cooperativas são organizações
autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos cooperados;
· Promoção da educação, formação dos membros e aprimora­
mento social as cooperativas promovem a educação e a for­
mação de seus cooperados, dos representantes eleitos, dos
gerentes e de seus funcionários, de forma que estes possam
contribuir eficazmente para o desenvolvimento da cooperativa;
· Promoção do capital social: as cooperativas trabalham para o
desenvolvimento sustentado das suas comunidades, através de
políticas aprovadas pelos cooperados;
· Cooperação entre as cooperativas para as cooperativas pres­
tarem melhores serviços a seus cooperados e agregarem força
ao movimento cooperativo, devem trabalhar em conj unto com
as estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais (OCE­
PAR, 201 6 apud OLIVEIRA, 201 7, p. 83)

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A cultura organizacional que adota os sete princípios cooperativistas está fo­
cada no capital social, se diferindo, assim, da cultura organizacional empresarial
tradicional, que é fundamentada na geração de capital financeiro (Quadro 1 ).

QUADRO 1 . COM PARATIVO ENTRE COOPERATIVA E EMPRESA VOLTADA PARA GERAÇÃO


DE CAPITAL F I NANCE I RO

Cooperativa Empresa tradicional

É uma sociedade de pessoas. É uma sociedade de capital.


Tem como objetivo a prestação de serviços
O objetivo principal é o lucro financeiro.
aos associados.
N ú mero ilim itado de associados. N ú mero limitado de acionistas.
Controle democrático onde um homem faz
Cada ação possibilita um voto.
um voto.
Assembleia baseada no número de
Assembleia baseada no capital financeiro.
associados.
Não é permitida a transferência das quotas. Transferências das ações a terceiros.
Operações do associado com a cooperativa. Dividendo proporcional ao valor das ações.
Fonte: GIESE; BÜTTENBENDER, 201 5, p. 10.

O cooperativismo é gerido pela


vontade coletiva e concretizado após
a conivência de todos os sócios coo­
perados. Ainda assim, as cooperati­
vas necessitam de uma gestão flexí­
vel para que possam se adaptar às
tendências e exigências do mercado
globalizado, sem deixar de conservar
seus valores e princípios como orga­
nização social.
Os cooperados possuem respon­
sabilidades perante a sociedade, a comunidade e, principalmente, os pró­
prios cooperados. Quando adequadamente implementada, a cooperativa
pode melhorar a imagem da organização e consolidar uma identidade organi­
zacional positiva economicamente, socialmente e ambientalmente.
Existem diversas organizações cooperativistas que exercem práticas de res­
ponsabilidade socioambiental. Vamos conhecer alguns exemplos no Quadro 2.

RESPONSABILIDADE SOC IOAMBIE NTAL .


QUADRO 2. EXEMPLOS DE ORGANIZAÇÕES COOPERATIVISTAS

Cooperativa fundada em 1963, no Paraná, fornece
assistência técnica e implementas agrícolas aos seus
associados, comercializa aves e produtos agrícolas nos
mercados nacional e internacional, fabrica rações e
desenvolve pesquisas econômicas. Como exemplo de
ação de responsabilidade socíoambíental, desenvolveu
Copacol
diversos programas, entre eles estão os programas Volta às
Aulas e Programa de Profissionalização do Produtor Rural,
destinados a aumentar a autoestima dos funcionários.
associados e pessoas da comunidade que não puderam
concluir o Ensino Fundamental. Foi a primeira empresa
do setor agroindustrial do País a aderir aos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Cooperativa fundada em 2003, em São Paulo, tem como
objetivo a reciclagem, a separação, a destinação correta e
a venda dos resíduos orgânicos e inorgânicos. Além disso,
Cooperlínea
presta serviços, ministra palestras de conscíentízação e
educação ambiental, de normatízação e de cooperativismo
ambiental. Conquistou. em 2004. a Certificação de
Responsabilidade Social ISO 14001.

Cooperativa fundada em 2003, em São Paulo, tem como


objetivo a produção de hortaliças, legumes, cogumelos e
Caisp frutas convencionais, orgânicas e hídropônícas de maneira

©
consciente. Os produtos orgânicos são livres de agrotóxicos,
assim, busca-se um equilíbrio entre o ser humano e a natureza.
A linha orgânica possuí certificação e selo da ECOC ERT.

1
DICA
Acesse os sites oficiais das cooperativas C O PACOL, CO PERCICLA e CAISP
para saber um pouco mais sobre suas histórias e trajetórias.

o A abordagem intersetorial na elaboração de políticas


socioambientais
..
As políticas públicas de educação, de assistência social, de saúde, ambien-
tais, entre outras, são, muitas vezes, elaboradas de forma setorial e desarti­
culada. Tal condição resulta em uma gestão fragmentada e divergente, que

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


acaba por não ate n d e r às necess i d a ­
des sociais e a m bientais. O Diagra m a
1 m o stra o contexto d o sistema so­
c i o a m biental quando este não con­
sidera a i m portância da a b o rdagem
i nterseto rial e o uso d e p o l íticas de
cunho socioa m b ienta l .
As práticas p o l íticas b rasi l e i ras se
demo nstraram i n efi cientes e custosas
quando desem penhadas sob uma v i ­
s ã o seto rizada e fragm entadas, além
d isso, os resultados destas p o l íticas
sem pre fi cam aquém das d i retrizes
e o bjetivos a l m ej a d o s (C U STÓ D I O ;
SI LVA, 2020). As estrutu ras setoriali­
zadas tendem a tratar o cidadão e os
problemas de fo rma fragmentada,
com serviços executados isolad a m e n ­
te, em bora as ações se d i rijam para
o coletivo. Conduzem a u m a atuação
desa rti culada e o bstaculizam mesmo
os projetos de gestõ es dem ocráticas
e i n ovadoras. O planejam ento tenta
a rtic u l a r as ações e os serviços, mas
a execução desarticulada e perde de
vista a integra lidade do i n d ivíduo e a
i nter-re lação d o s problemas (J U N Q U E I RA et a i ., 1 9 97).
O diálogo entre os diversos seto res que compõem
a estrutura socioam biental d e u m País e que co nsi­
dere os saberes e práticas, é u m instrum ento-cha­
ve na elaboração d e políticas públicas, u m a vez que
e l i m i n a as características centra lizadoras e h ierárquicas,
bem como, dá voz à opin ião d e todos os agentes sociais,
evita ndo o contexto evidenciado na Diagra m a 1 .

RESPO N SABILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


DIAGRAMA 1. ANÁLISE SISTÊMICA DE UM CONTEXTO QUE DESCONSIDERA A
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
......___,.....
......___,.....

Modelo de "desenvolvimento"

Produz Produz

Miséria-fome Desperdício

Fonte: PI TTON, 2009. (Adaptado).

É nesse contexto que as políticas intersetoriais devem ser consideradas. A


intersetorialidade é uma prática social que se caracteriza por uma articulação
entre sujeitos de diferentes setores, poderes e saberes, com o objetivo comum
de resolver problemas sociais e ambientais, As políticas públicas devem voltar-
-se para o atendimento das demandas da população, levando em conta os re­
cursos existentes para tal ação. Assim, a intersetorialidade torna-se
um pressuposto imprescindível para a implementação das políti­
cas setoriais (NÓBREGA et ai., 2018).
Há quatro componentes decisivos para o êxito na
intersetorial idade: decisão política; empenho con­
tinuado do dirigente; compreensão dos técnicos
de que a estratégia é mais eficiente e eficaz; e
disposição para o diálogo, para a aprendizagem
e para a construção coletiva (LAFFITE et ai., 2020).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O trabalho intersetorial socioambiental requer amplo debate, prática da ne­
gociação e incorporação da contribuição política para que se alcance a dimen­
são transetorial das questões econômicas, sociais e ambientais. A partir daí,
tem-se a possibilidade de desenvolver novos olhares e instaurar novos valores,
considerando o respeito às diferenças na compreensão e na superação das
questões globais.
Organizações públicas e privadas, entre elas, as universidades, os centros
de pesquisa, as empresas, os meios de comunicação e, principalmente, a socie­
dade civil, fazem parte da cadeia de formulação e de implementação de políti­
cas socioambientais.
Basicamente, todos os setores que compõem um País são influenciados di­
reta ou indiretamente pelas políticas socioambientais. Por muitos anos, os con­
flitos de interesse sobre a implementação e estabelecimento destas políticas
foram maiores do que a sua efetivação, sendo que muito deste contexto foi
resultado da falta da atuação intersetorial. A abordagem intersetorial faz a me­
diação de tais conflitos entre os defensores do uso indiscriminado de recursos

..
naturais e os que defendem a sustentabilidade ambiental.

O Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental


e o terceiro setor
Se o primeiro e o segundo setor correspondem ao Estado e ao mercado,
respectivamente, o chamado terceiro setor é um termo utilizado para definir
organizações e iniciativas privadas sem fins lucrativos, que prestam serviços
de caridade e de interesse público. Em geral, possuem estatuto, gestão por
assembleias gerais e rígido controle financeiro. Neste conceito, desde que não
possuam fins lucrativos, enquadram-se: os institutos, as organizações não go­
vernamentais (ONGs), as fundações, as associações, e as entidades.
Como citado anteriormente, o diálogo entre os diversos setores que com­
põem a sociedade é um instrumento necessário na elaboração de políticas pú­
blicas. Sabemos que é fundamental a gestão do conhecimento ambiental e o diá­
logo intersetorial para a garantia dos direitos humanos, para a conservação da
biodiversidade e dos recursos naturais do planeta. Nesse sentido, as instituições
do terceiro setor se articulam com o Estado, assumindo o papel de auxiliar, cobrar,

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
fiscalizar e direcionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da população,
focando sua atuação nos locais mais carentes. Outra atuação intersetorial ocor­
re nas empresas que, por sua vez, podem ver no terceiro setor a oportunidade
de colocar em prática projetos e ações de responsabilidade socioambiental.
O terceiro setor possui diversas frentes de atuação, que visam a promoção
da cidadania e das minorias. Elas podem trabalhar com:
• A cultura;
• A educação;
• O meio ambiente;
• A saúde;
• A assistência social;
• A infância;
• A atenção ao idoso;
• As questões étnico-raciais;
• O preconceito religioso;
• A distinção de gênero;
• A pobreza;
• A ajuda humanitária;
• O esporte e o lazer;
• A extensão agrícola;
• A educação ambiental;
• As atividades profissionalizantes;
• A proteção e luta aos direitos dos animais;
• O resgate em casos de catástrofes ambientais;
• A garantia dos direitos humanos em geral.
O terceiro setor só existe devido à existência das causas sociais. Por isso,
podemos dizer que ele está totalmente voltado às questões e à prática da res­
ponsabilidade socioambiental.
A articulação entre terceiro setor e Estado permite que diversos serviços
básicos e informações atualizadas cheguem aos locais onde o trabalho do Esta­
do ou de empresas ainda não tenha chegado ou não esteja tão evidente. Mui­
tas das organizações do terceiro setor recebem auxílio financeiro do governo
ou obtêm recursos por meio de financiamentos governamentais, de empresas
privadas, da comercialização de produtos e/ou por doações.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
A mão de obra atuante é constituída, em geral, por vo­
luntários, temporários ou fixos.
Existem inúmeros exemplos de institutos, ONGs,
fundações, associações e entidades que exercem
práticas de responsabilidade socioambiental. Vamos
conhecer alguns.

QUADRO 3. EXEMPLOS DE INSTITUTOS, ONGS, FUNDAÇÕES, ASSOCIAÇÕES E ENTIDADES


QUE EXERCEM PRÁTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Fundada em 1986. atua na promoção de políticas públicas


para a conservação da Mata Atlântica por meio do
monitoramento do biorna, da produção de estudos, de
SOS Mata Atlântica
projetos demonstrativos, do diálogo com setores públicos
e privados, do aprimoramento da legislação ambiental. da
comunicação, e do engajamento da sociedade.
SOS Pantanal - Instituto
Fundado em 2009, o SOS Pantanal tem a missão de informar
Socioambiental da Bacia do
e promover o diálogo para um Pantanal sustentável.
Alto Paraguai
Fundada em 1954, no Rio de Janeiro, e presente em mais
Apae - Associação de Pais e de 2 mil municípios, é uma organização social cujo objetivo
Amigos dos Excepcionais principal é promover a atenção integral à pessoa com
deficiência intelectual e múltipla.

É uma organização da sociedade cívil brasileira, fundada


lmaflora - Instituto de em 1995. Atua com objetivo de promover o uso correto
Manejo e Certificação das florestas e de seus recursos, para conservar nossa
Florestal e Agrícola biodiversidade, para viver em harmonia com todas as
formas de vida e pensando nas gerações futuras.

É uma organização da sociedade cívil, localizada na Amazônia


brasileira, fundada em 1987. Implementa programas sobre
PSA - Projeto Saúde e Alegria organização social. meio ambiente, saúde, educação.
economia, cultura e inclusão digital, entre outros, visando a
melhorar a qualidade de vida e o exercício da cidadania.

G)
1
DICA
Acesse os sites oficiais das cooperatrvas SOS Mata Atlântica, SOS Pantanal,
Apae, lmaflora e PSA para saber um pouco mais sobre suas histórias e trajetórias.

/ii\
\oi
RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .

Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental,
saúde e educação
A concepção socioambiental sobre promoção da
saúde e da educação inclui a existência de condições
ideais como alimentação, trabalho, moradia, sanea­
mento básico, lazer, meio ambiente e acesso aos bens
essenciais. Tal concepção é obtida considerando-se os as­
pectos físicos, sociais, econômicos, ambientais e culturais
da sociedade e fundamentando-se no fato de que, quando
integrado socialmente - pelo acesso à saúde e educação -, o
indivíduo tem condições de aproveitar uma vida com qualidade, ao mesmo
tempo que para ser saudável precisa de um ambiente de qualidade.
As articulações intersetoriais sustentadas por programas com essa abor­
dagem possuem constante diálogo crítico e reflexivo entre a comunidade, os
profissionais, as empresas, as universidades e as agências governamentais e
não governamentais.
As articulações intersetoriais promovem programas baseados em ações es-
tratégicas que resultam:
• Na promoção de espaços ambientalmente saudáveis;
• No empoderamento e inclusão da população;
• No desenvolvimento de habilidades;
• Nos conhecimentos e atitudes favoráveis à saúde;
• Na percepção da importância do meio ambiente para obtenção de quali-
dade de vida;
• Na redução da pobreza e da desigualdade social;
• Na promoção do desenvolvimento sustentável.
As ações de responsabilidade socioambiental no contexto de promoção da saú­
de e da educação ficam isoladas quando abordadas em um contexto setorial e frag­
mentado. Neste sentido, as articulações intersetoriais devem ser estratégias imple­
mentadas por meio de ações coordenadas entre os diferentes setores da sociedade
- Estado, mercado, organizações e iniciativas privadas. As estratégias intersetoriais
devem embasar-se em programas estruturados com gestão, planejamento partici­
pativo, financiamento próprio, e integração com a comunidade e o meio ambiente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Para entender melhor sobre as articulações intersetoriais na promoção da
saúde e da educação, vamos conhecer alguns exemplos que, por promoverem a
educação e a saúde, resultam em cidadãos mais ativos nas questões ambientais.

QUADRO 4. PROGRAMAS CRIADOS A PARTIR DE ARTICULAÇÕES INTERESETORIAIS



Foi desenvolvido no Pará, atuou em um dos problemas de
maior relevância para o exercício da cidadania, promovendo
o acesso das crianças de áreas rurais e das periferias da
Programa Bolsa Família para cidade à educação. Focando sua atuação nas meninas,
a Educação
o programa resultou na melhoria da saúde materna. na
prevenção da gravidez, na redução da desnutrição infantil e
no combate ao trabalho infantil (TAVARES et ai., 2009).

O programa foi desenvolvido em 2003. com escala federal.


Programa Bolsa Família - Teve como eixo principal a redução da pobreza e o combate
Fome Zero à fome. E ntre seus objetivos, também estava a promoção de
ações intersetoriais do Poder Público.

Implementado no estado do Rio de janeiro, foi pioneira


no tratamento da questão da violência doméstica e no
reconhecimento desta como um problema de saúde
pública. Esta iniciativa reuniu os setores da saúde, da
Casa da Mulher Bertha Lutz
assistência social, d a justiça, da segurança pública.
além de associações de mulheres, entidades de atenção
aos problemas de alcoolismo e d rogas, profissionais da
psicologia, entre outros.

O programa foi desenvolvido no estado de São Paulo


e trouxe a ideia de articulação entre todos os setores
Programa Integrado de
da prefeitura, direcionando os recursos para áreas
Inclusão Social desassistidas do município, onde há concentração de
pobreza e baixa qualidade de vida.

Baseia-se em um conjunto articulado de diversas


organizações do governo, da sociedade civil, de organismos
Rede Nacional Primeira multilaterais da ONU, de institutos e de fundações de
Infância - RNPI pesquisa, do ambiente acadêmico, e do meio empresarial,
que assumem o compromisso de defender e promover os

..
direitos da criança na primeira infância.

o Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental


e redes
Como já discutimos, as questões socioambientais há alguns anos vêm in­
fluenciando a formulação e a implementação de políticas públicas, que visam
a promoção da cidadania e de ações de responsabilidade socioambiental, que
resultem em desenvolvimento sustentável.

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


Por ser um tema discutido por diversos setores, entre eles, universidades,
centros de pesquisa, empresas e organizações governamentais e não governa­
mentais nacionais e internacionais, uma questão crucial para o desempenho
positivo das questões ambientais é a necessidade da abordagem intersetorial.
Trata-se de um processo bastante complexo, em virtude da sua heterogenei­
dade organizativa e ideológica. O grande ponto de inflexão dos movimentos
socioambientais ocorre com a constituição de fóruns e redes, que têm impor­
tância estratégica para ativar, expandir e consolidar seu caráter multissetorial
(JACOBI, 2000).
As redes representam a capacidade de os movimentos sociais e
organizações da sociedade civil explicitarem sua riqueza inter­
subjetiva, organizacional e política e concretizarem a construção
de intersubjetividades planetárias, buscando consensos, trata­
dos e compromissos de atuação coletiva (JACOBI, 2000, p. 1 34).
As redes são fortes agentes da divulgação de informação - verdadeiras e falsas
-, de programas e políticas governamentais que acabam influenciando a tomada
de decisão da população. Elas fortalecem questões divulgadas pelos três setores,
sendo cada vez mais reconhecidas como indispensáveis pela sociedade e pelos
governos, participando de processos decisórios.
Nos últimos anos, diversas organizações têm suas discussões e atividades
embasadas a partir de dados estratégicos, levantados por meio das redes, que
permitem: o diagnóstico do risco, o fluxo contínuo de informações, a adoção de
novas tecnologias, e a identificação de lacunas e dilemas socioambientais. Tal pos­
sibilidade tem forte influência sobre os moldes da formulação de políticas públicas
e sobre o nível de conhecimento da população sobre o tema socioambiental.
As redes, considerando as características complexas e heterogêneas da so­
ciedade, horizontalizam a articulação de demandas de diversos setores, servindo
como uma tecnologia de informação que dissemina posicionamentos, denúncias
e propostas. A presença das redes repercute globalmente em diversos campos
de atuação, como nos direitos humanos e no meio ambiente. Por trabalhar em
escala global, a consciência socioambiental despertada pela atuação das redes
se amplia e resulta em um crescente entendimento de que as transformações
em curso estão se convertendo em ameaças cada vez mais preocupantes (JA­
COBI, 2000).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
CURIOSIDADE
Para entender melhor sobre o poder das redes como ferramenta que pro­
move a intersetorialidade e a divulgação de informações socioambientais,
é possível buscar por termos em sites de busca e nas redes sociais para
constatar como é grande a quantidade de sites e perfis informativos que
serão encontrados. Como exemplo, o termo "meio ambiente", pesquisado,
no Google, obteve 378.000.000 resultados; "políticas públicas ambientais"
obteve 20.200.000 resultados; e "empresa sustentável no Brasil" obteve

..
50.400.000 resultados.

O Articulações intersetoriais: responsabilidade socioambiental


e a ciência
Não há dúvida sobre a importância do avanço da ciência e da tecnologia
para os empreendimentos humanos. Nosso mundo material e as coisas ao nos­
so redor são manifestações da capacidade científica. A tecnologia, que impacta
como nunca o nosso dia a dia, pode ser considerada resultado direto do inten­
so progresso científico e da aplicação dos conhecimentos teóricos e práticos
nas novas descobertas. Podemos citar algumas descobertas científicas e estu­
dos de impacto social e ambiental:
• Desenvolvimento de vacinas;
• Satélites de observação terrestre;
• Computadores para armazenamento de quantidades enormes de dados;
• Desenvolvimento de softwares que permitem mapeamentos sociais e am­
bientais;
• Navios oceanográficos;
• Quantificação de emissões de gases do efeito estufa por sistemas urbanos
e rurais;
• Sistemas inovadores de conservação e preservação de fauna e flora;
• Desenvolvimento de variedades agrícolas da mesma espécie adaptadas a
diferentes zonas climáticas;
• Rede de internet 5G.
No que diz respeito aos aspectos essenciais que definem o bem-estar e a qua­
lidade de vida - e também para monitorar as mudanças que podem vir a ocorrer -,
a comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações sobre a
situação das questões ambientais, uma vez que pesquisa o tema continuamente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O trabalho que vem sendo desen­
volvido durante várias décadas pela co­
munidade científica sobre as questões
socioambientais em conjunto com as
políticas públicas e com as organizações
governamentais e não governamentais,
trouxe estes aspectos ao conhecimento
da sociedade, conduzindo ao atual nível
de conscientização das populações e go­
vernos. Se hoje, começamos a empregar
grande parte do nosso tempo em busca
de soluções para as questões sociais e
ambientais e para o impacto das ativida­
des humanas, em grande parte, isso é fruto do trabalho científico que nos mostrou
a importância dessa dedicação.
Fica claro que a ciência, em suas diversas áreas, é a grande detentora do co­
nhecimento e dos mecanismos socioambientais. A adoção de práticas de res­
ponsabilidade socioambiental está diretamente relacionada com a chegada da
informação científica aos diversos setores sociais. Devemos considerar o fato
de que a informação acadêmica é técnica, logo, de difícil compreensão para
profissionais de outras áreas.
Assim, para que seja efetiva, a difusão da informação científica deve ser fei­
ta de modo que haja articulação intersetorial. Diante disso, torna-se indispen­
sável a construção de um diálogo simplificado, que possa ser compreendido e

..
viabilizado para todos os setores, incluindo as organizações governamentais e

o
não governamentais, que elaboram as políticas públicas e para a população.

Promoção do desenvolvimento: o papel da educação


ambiental
A educação ambiental está presente na Constituição Federal, em seu artigo
225, inciso V I, que estabelece que promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente é dever do Estado e de todos.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sobre educa ç ão a m b ienta l entendem-se os p rocessos p or meio
dos q uais o ind ivíduo e a coletivi dade constroem va lores
socia is, conhecimentos, h a b i l i d ades, atitudes e com p etências
voltadas p a ra a conserva ç ão do meio a m biente, bem de uso
com u m do p ovo, essencial à sadia q ualidade de vida e sua sus­
tenta bilidade (BRA S I L, 201 8, p . 43).
Ta l co n ceito nos faz refletir sobre o
fato d e q u e a e d u cação a m b i e n t a l n ã o
excl u i o dese nvolvi m e n to, m a s o rea l i ­
za l eva n d o e m co nsideração a capaci­
dade d e res i l iê n ci a d o p l a n eta.
Pod emos i nfe rir que a e d u cação
a m b i e n t a l a b a rca o d i reito j u ríd ico,
pois é i n strum ento d e efetivação do
d i re ito e da n e ces s i d a d e dos sere s h u ­
m a n o s a o dese nvolvi m e n to a m b iental
e q u i l i b ra d o, con d ição i n d ispensáve l à
d i g n i d a d e de vida das gerações vive n ­
t e s e d a s fut u ra s . Somente por i n te r­
médio da ed ucação, a h u man idade
será capaz d e co m p ree n d e r a re l evâ n ­
c i a d a s q u e stões a m b ientais e s u a i n ­
ter-relação c o m o m e i o a m biente .
As d i s c u s s õ e s s o b re e d u c a ç ã o a m b i e n t a l remetem a u m a n tigo e a m p l o
h i stórico n a c i o n a l e i n tern a c i o n a l . D u ra n te a R i o -92, u m eve nto rea l i z a d o
n o R i o d e J a n e i ro q u e fo i m a rco d a s d i s c u s s õ e s s o b re m e i o a m b i e n te, fo i
e l a b o r a d o o Tra t a d o d e E d u ca ç ã o A m b i e n t a l p a ra Socied a d e s S u s t e n táve i s
e R e s p o n s a b i l i d a d e G l o b a l . N e l e, fo ram e s t a b e l e c i d o s p r i n cíp i os , d i retrizes
e p l a n o s d e ação fu n d a m e n t a i s p a ra a promoção d a e d u ca ç ã o p a ra a s s o ­
c i e d a d e s s u st e n táve i s . E l e s e n fa t i z a r a m a i m p o r t â n c i a d o p e n s a m e n to e d a s
a t i t u d e s crít i cas, coletivas e s o l i d á rias, d a i n terd isci p l i n a ri d a d e, d a m u l t i p l i ­
c i d a d e e d a va l o r i z a ç ã o d a d i ve rs i d a d e .
N o Q u a d ro 5 , va mos co n h ecer os dezesseis p ri n cípios d a e d u cação p a ra
sociedades s u stentáve i s e responsa b i l i d a d e g l o b a l .

RESPONSABILIDADE SOC IOAM B I E NTAL .


QUADRO 5. PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E
RESPONSABILIDADE GLOBAL
________,....._
________,....._

Dezesseis princípios da educação para sociedades sustentáveis e responsabilidade global

1. A educação é um direito de todos;

2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, promovendo a
transformação e a construção da sociedade;
3. A educação ambiental tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e
planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações;
4. A educação ambiental não é neutra, e sim ideológica. constituindo-se como ato político;
5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, com enfoque
interdisciplinar na relação entre ser humano, natureza e universo;
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos
direitos humanos;
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações
em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico;
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de
decisão, em todos os níveis e etapas;
9. A educação ambiental deve recuperar. reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história
indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, linguística
e ecológica;
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações,
promovendo oportunidades para as mudanças democráticas de base, que estimulem os
setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução
de seus próprios destinos;

1 1 . A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento;


12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas para trabalharem
conflitos de forma justa e humana;
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e
instituições, visando criar novos modos de vida que atendam às necessidades básicas
de todos;
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação em massa,
que devem se comprometer com o interesse de toda a sociedade;
15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações;
16. A educação ambiental deve contribuir para o desenvolvimento de uma consciência ética
sobre todas as formas de vida, com as quais compartilhamos este planeta. respeitando seus
ciclos vitais e impondo limites à exploração das demais formas de vida pelos humanos.
Fonte: BRASIL, [s.d.]c.

A partir daí, diversos programas foram emoldurados na busca do desenvol­


vimento de uma sociedade que compreenda a importância do meio ambiente.
Não obstante, quando se trata dos meios para a implementação da educação
ambiental, é possível identificar uma grande diversidade de concepções.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Existem diversas correntes sobre a concepção de meio ambiente que se
encaixam em diferentes perspectivas teóricas. Porém, é importante que, ape­
sar das diferenças, se mantenha o foco na problemática do assunto e na busca
por soluções condizentes com a realidade e a aplicabilidade dos grupos sociais.
Existem quinze correntes de educação ambiental divididas em dois grupos,
que apresentam uma pluralidade de proposições inerentes a cada contexto (Qua­
dro 6). Todas possuem em comum a preocupação com o meio ambiente e o reco­
nhecimento da importância da educação para promover o equilibro ambiental.

QUADRO 6. CORRENTES OE EDUCAÇÃO AMBIENTAL



n• Grupo Corrente Enfoque
Tradicional Centrada nas relações com a natureza.
Naturalista Objetiva a reconstrução da ligação entre os seres
humanos e a natureza.
A educação deve estabelecer sua função social,
Conservacionista
gerando consciência ambiental.
Usa a crise ambiental como razão para a busca
Resolutiva
de informação social.
Desenvolver uma abordagem sistêmica para a
Sistêmica
compreensão das realidades ambientais.
Científica Associar o desenvolvimento de conhecimentos e
habilidades à solução dos problemas ambientais.
Considera as conexões entre natureza. sociedade
Humanista
e processos históricos.
E nfatiza o desenvolvimento ambiental a partir
Moral/ética
do cognitivo. afetivo e moral.
Recente Cunho analítico e racional das realidades e dos
Holística
problemas ambientais atuais.
Aderem à concepção de "pensar global e agir
Biar regionalista
local" da Agenda 21.
Práxica Aprender para a ação e pela ação.
Analisa as dinâmicas sociais de base observadas
Crítica social
nas problemáticas ambientais.
Reestabelecimento de relações harmônicas com
Feminista a natureza no que tange às práticas de dominação
masculina.
Prática de educação ambiental de acordo com a
Etnográfica
realidade cultural de cada grupo.
O meio ambiente é entendido como uma esfera
Ecoe d ucação
de interação essencial para uma educação.
Transformar os modelos de produção e consumo da
Sustentabilidade
sociedade em prol das gerações presentes e futuras.
Fonte: SAUVÉ, 2005. (Adaptado).

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Todas as correntes citadas possuem em comum a preocupação com o meio
ambiente e o reconhecimento da importância da educação para promover o
equilibro ambiental. Independentemente da corrente, a educação ambiental
deve promover um ambiente de transformação individual e coletiva das atua­
ções humanas que causam a crise socioambiental.
O objetivo é que, por meio da educação ambiental, entenda-se que o am­
biente pode ser utilizado para benefício econômico e social da humanidade,
desde que ela seja capaz de usufruir dos recursos naturais sem causar impac­
tos negativos significantes (ALENCASTRO; SOUZA-LIMA, 2015).
Até aqui a educação ambiental foi abordada como meio de promover o de­
senvolvimento a partir de um viés ambiental. Discutimos seus conceitos, sua
importância e suas diversas correntes. Agora, vamos conhecer um pouco so­
bre as políticas, os programas, as ações e os projetos governamentais que es­
tão em vigor no Brasil e são voltados para essa pauta.
No Brasil, existe a Política Nacional de Educação Ambiental (PN EA) que é
coordenada por um órgão gestor que atua em articulação com o Ministério da
Educação e o Ministério do Meio Ambiente. O PNEA subsidia e qualifica ações
capazes de promover a educação ambiental em todos os níveis e modalidades
de ensino, seja em caráter formal ou não formal. A partir das políticas do PN EA,
foi lançado o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), em 2003.
O ProNEA apresenta diretrizes, princípios, visão, missão, objetivos, público e
linhas de ação que orientam a educação ambiental no Brasil, assegurando, de
forma integrada e articulada, o estímulo aos processos de mobilização, for­
mação, participação e controle social das políticas públicas
ambientais. Como podemos observar, o ProNEA atua em
articulação intersetorial com as demais políticas fede­
rais, estaduais e municipais, incluindo IBAMA, SISNA­
MA, PN UMA etc.
A missão do ProNEA é:
promover educação que contribua para um projeto de sociedade
que integre os saberes nas dimensões ambiental, ética, cultural,
espiritual, social, política e econômica, impulsionando a dignidade,
o cuidado, o bem viver e a valoração de toda forma de vida no
planeta (BRASIL, 2018, p. 26)

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Assim,
o ProNEA tem como eixo orientador a perspectiva da sustenta­
bilidade com base no Tratado de Educação Ambiental para So­
ciedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e defi ne como
d iretrizes do programa:
· Transversalidade, transdisciplinaridade e complexidade;
· Descentralização e articulação espacial e institucional, com
base na perspectiva territorial;
· Sustentabilidade socioambiental;
· Democracia, mobilização e participação social;
· Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Educação
(formal, não formal e informal), Meio Ambiente e outros que te­
nham i nterface com a educação ambiental;
· Planejamento e atuação integrada entre os diversos atores no
território (BRASIL, 2018, p. 23)
A partir do ProNEA o governo vem desenvolvendo diversas linhas de ações
estratégicas, como as observadas no Quadro 7.

QUADRO 7. LINHAS DE AÇÕES ESTRATÉGICAS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PRONEA



Proporcionar meios interativos e democráticos para que a sociedade


Educomunicação possa produzir conteúdos e disseminar conhecimentos por meio da
comunicação ambiental voltada para a sustentabilidade.

É o fichário da educação ambiental. Fornece informações. textos.


Coleciona
experiências e ações na área de educação ambiental.

Reúne vídeos com conteúdo socioambiental para serem exibidos em


Circuito Tela Verde
todo território nacional e em algumas localidades fora do País.

Promove o incentivo à implantação de espaços socioambientais para


Projeto Salas Verdes
atuarem como potenciais centros de informação e formação ambiental.

É uma ferramenta digital que tem o objetivo de divulgar ações que


Plataforma Educares
ajudem a enfrentar os desafios da implantação da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS).

É uma in1c1ativa que busca levar o futebol até as regiões pouco ex­
Concurso de Redação
ploradas pelas grandes competições, aliando aos eventos o conceito
da Copa Verde
de sustentabilidade.
Fonte: BRASIL, [s.d.]b. (Adaptado).

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


O Desafios da prática e tendências
Os desafios para a implantação das ações de responsabilidade socioambien­
••
tal nas organizações públicas e privadas ainda são muitos. É preciso ainda ultra-
passar questões sobre o tradicionalismo de ideias, sobre o nível de desenvolvi­
mento do País em que se inserem, sobre a desinformação e sobre a dificuldade
de acesso às práticas de responsabilidade socioambiental.
Ainda existem casos em que dirigentes, mesmo conscientes da existência da ver­
tente ambiental, não conseguem compreender a importância da adoção das ações
de responsabilidade socioambiental. Essa é uma questão recorrente, uma vez que
muitas pessoas acham que a pauta faz parte de um contexto utópico e extremista.
É urgente a necessidade de adquirir uma visão ampla do desempenho da or­
ganização diante da questão socioambiental, de seus diversos agentes influen­
ciadores e da sociedade. Como estudamos, atualmente, já existem diversas fer­
ramentas e metodologias disponíveis que avaliam, gratuitamente ou não, o grau
de responsabilidade socioambiental da organização em relação ao seu público
interno, à comunidade e à sociedade de modo geral.
A tendência deve ser a de crescer sustentavelmente, superando a profunda
desigualdade social existente em nosso País e no mundo. Neste contexto, esta­
mos falando da responsabilidade socioambiental como algo que, efetivamente,
crie valor ambiental, social e financeiro e que tenha um propósito
claramente identificável nas organizações. O desafio de ter uma
visão ampla de si própria, de seu público e da sociedade como

..
um todo deve ser enfrentado por todas as empresas brasileiras.

o Tendências das organizações na busca da responsabilidade


socioambiental
As organizações modernas estão se dando conta de que a eficiência so­
cioambiental afeta de forma significativa os resultados financeiros dos em­
preendimentos. Mas, para que isso ocorra efetivamente, elas devem ir além do
que é exigido por lei. Naturalmente, existe o interesse econômico na questão,
tanto pela expectativa de reconhecimento regional, nacional ou internacional,
quanto pela constatação de que os investimentos estão sendo rentáveis.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Nesse sentido, vamos conhecer algumas tendências da atuação socioam­
biental no mercado, falando sobre os títulos verdes e o capitalismo consciente.
Os títulos verdes (green bonds) são títulos utilizados para financiar in­
vestimentos sustentáveis, como: atividades de pesquisas e inovação de
um projeto; obras para implantação de energia solar; projetos de reapro­
veitamento de resíduos; e projetos para redução da emissão de gases do
efeito estufa ou de tratamento de águas residuárias. É uma alternativa de
investimento em longo prazo que contribui para o futuro do planeta. São
importantes para estimular o desenvolvimento sustentável e direcionar
recursos para a mitigação de mudanças climáticas (ABGI, 2020). Para se­
rem passíveis de financiamento, existem três critérios de elegibilidade dos
projetos, que foram implantados em 2018 pela 150 14030, que os classifica
a sua sustentabilidade de acordo com três categorias divididas entre A, B
e C. São elas:
• Verde por "natureza";
• Verde com qualificações (demonstrar redução de GEE);
• A ser testado caso a caso para atender requerimentos green, mas, em
geral, são categorias excluídas.
Por serem títulos, podem ser comparados com os títulos convencio­
nais. Vamos entender melhor com o auxílio do Quadro 8.

QUADRO 8. COMPARATIVO ENTRE OS TÍTULOS VERDES E TÍTULOS CONVENCIONAIS


---------------
---------------
Características Títulos verdes Títulos convencionais
São títulos de dívida. Sim Sim
Pagam cupom periódico ou no vencimento. Sim
Podem receber nota de rating de crédito. Sim Sim
Tipologia de acordo com garantia de dívida. Sim Sim
Recursos destinados aos projetos verdes. Sim Eventualmente
Rotulados como verdes e promovidos
Sim Não
dessa forma Junto aos investidores.
O emissor se compromete a ter algum
nível de transparência e documentação Sim Não
sobre o uso dos recursos.
Credenciais verdes de projetos recebem
Sim Não
avaliação externa.
Fonte: ABGI, 2020. (Adaptado).

RESPO NSAB ILIDADE SOCIOAMBIENTAL .


Por muito tempo, os emissores de títulos verdes eram os bancos de desenvol­
vimento multilaterais, mas, atualmente, o tema despertou interesse em empresas,
municípios e agências de crédito, que aumentaram significativamente sua participa­
ção neste tipo de título. Internacionalmente, as principais emissões de títulos verdes
são para financiar projetos, como: transporte, energia renovável, eficiência energéti­
ca, água, florestal, agronegócio, construção civil e saneamento (ABGI, 2020).
A adoção de títulos verdes pode trazer vantagens ao emissor, como: a di­
versificação e ampliação de investidores, uma boa reputação socioambiental,
uma maior visibilidade ambiental, e a possibilidade de marketing verde. Já para
o investidor, a adoção de títulos verdes, pode resultar em retorno financeiro,
compromisso e transparência no uso dos recursos.
O capitalismo consciente é uma tendência de pensamento empresarial em
que as empresas contribuem para as questões socioambientais ao mesmo tem­
po que são lucrativas. Essa é uma tendência que vem se revelando naturalmente
para a sociedade, tendo em vista os constantes diálogos sobre qualidade de vida
e meio ambiente. Existem três fatores que devem ser considerados para o avan­

ml
ço do capitalismo consciente, (i) a atual preocupação com a degradação ambien­
tal e com a disseminação da miséria, (ii) a conscientização de que as empresas
devem participar ativamente na solução desses problemas e (iii) a atuação das
Nações Unidas pelo estabelecimento dos 0D5 (Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável) e pela criação do Pacto Global.

A SSISTA
Para_ saber mais sobre capitalismo consciente, assista
ao v1deo.

Todas as tendências citadas apontam para a economia verde, que é uma prá­
tica econômica baseada no uso sustentável dos recursos naturais e na respon­
sabilidade socioambiental. A implantação desse modelo econômico dependerá,
além da adoção dos critérios citados anteriormente, do aumento das ofertas de
emprego, do uso de energia limpa, do consumo consciente e da valorização da
biodiversidade como principal meio para manutenção do meio ambiente e das
questões sociais. Espera-se que a economia verde resulte na redução da desi­
gualdade social, na preservação e na conservação do meio ambiente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
Sintetizando •
Nesta unidade, discutimos sobre a importância da atividade cooperada
e da atuação intersetorial das organizações públicas e privadas, represen­
tadas pelos três setores (Estado, mercado e terceiro setor) e das políticas
públicas na superação da atuação setorial e fragmentada.
Entendemos sobre a importância da atuação das cooperativas na imple­
mentação das ações de responsabilidade socioambiental. Para essa imple­
mentação, a criação de grupos de trabalho auxilia na construção, na coorde­
nação, na efetivação e no monitoramento das práticas de responsabilidade
socioambiental ao possibilitarem a construção compartilhada de projetos de
cooperação, articulação e promoção do desenvolvimento sustentável, que dão
direção comum e estratégica às questões econômicas, sociais e ambientais.
O terceiro setor está totalmente voltado às questões e à prática da respon­
sabilidade socioambiental. As instituições do terceiro setor se articulam com o
Estado e com o mercado, assumindo o papel de auxiliar, cobrar, fiscalizar e di­
recionar o trabalho pela melhoria da qualidade de vida da população, focando
sua atuação nos locais mais carentes. O terceiro setor possui diversas frentes
de atuação - como a cultura, a educação, o meio ambiente, a saúde, a assis­
tência social e a infância - que visam a promoção da cidadania e das minorias.
Quando articuladas, as políticas públicas ambientais, de educação e
saúde, auxiliam no diálogo entre os diversos setores que compõem a es­
trutura socioambiental de um País, uma vez que eliminam as característi­
cas centralizadoras e hierárquicas e dão voz à opinião de todos os agen­
tes sociais. As articulações intersetoriais de educação e saúde promovem
programas baseados em ações estratégicas, que resultam na
viabilização de espaços ambientalmente saudáveis; no empo­
deramento e inclusão da população; no desenvolvimento de
habilidades; no conhecimento e atitudes favorá­
veis à saúde; na percepção da importância do
meio ambiente para obtenção de qualidade
de vida; na redução da pobreza e da desi­
gualdade social; e na promoção do desenvol­
vimento sustentável.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
O grande ponto de encontro dos movimentos socioambientais ocorre com a
constituição de redes que têm importância estratégica. As redes representam
a capacidade dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil expli­
citarem sua riqueza intersubjetiva, organizacional e política e concretizarem a
construção de intersubjetividades planetárias, buscando consensos, tratados
e compromissos de atuação coletiva.
A comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações
sobre a situação das questões ambientais, logo, deve ser articulada interse­
torialmente. O trabalho que vem sendo desenvolvido durante várias décadas
pela comunidade científica sobre as questões socioambientais - em conjunto
com as políticas públicas e com as organizações governamentais e não gover­
namentais - trouxe estes aspectos ao conhecimento da sociedade, conduzindo
ao atual nível de conscientização das populações e governos.
A educação ambiental visa o desenvolvimento e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental não exclui o de­
senvolvimento, mas o realiza levando em consideração a capacidade de resi­
liência do planeta.
Assim, concluímos que entre os principais desafios a serem vencidos está o
tradicionalismo de ideias, o nível de desenvolvimento do País, a desinformação
e a dificuldade de acesso às práticas de responsabilidade socioambiental. A
tendência deve ser de crescer sustentavelmente, e assim, superar a profunda
desigualdade social existente em nosso País e no mundo. Para isso, as orga­
nizações públicas e privadas deverão adotar tendências da atuação socioam­
biental como, por exemplo, os títulos verdes e o capitalismo consciente.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL.
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