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3º MÓDULO – LESÕES DE JOELHOS E TORNOZELOS

TRÍADE INFELIZ

A tríade infeliz é o nome de uma lesão grave que envolve três partes cruciais da
articulação do joelho. Outros nomes para ele incluem: tríade terrível, tríade de
O’Donoghue e joelho soprado.

A articulação do joelho vai desde a base do fémur, que é o osso da coxa, até ao
topo da tíbia, a tíbia, o osso da canela. Os ligamentos unem estes dois ossos e
proporcionam estabilidade para a articulação do joelho.

Os ligamentos são fortes, mas não são muito elásticos. Se eles se esticam,
tendem a ficar assim. E quando esticados demais, eles podem rasgar.

A tríade infeliz envolve danos para si:

Ligamento cruzado anterior (LCA). O LCA cruza a articulação interna do joelho


diagonalmente. Ajuda a evitar que a tíbia se mova demasiado para a frente e estabiliza
a perna quando se torce na cintura.

Ligamento colateral medial (MCL). O MCL evita que o seu joelho se dobre
demasiado na direcção do outro joelho.

Menisco medial. Isto é uma cunha de cartilagem na tíbia do seu joelho interior.
Ela age como um amortecedor quando você anda ou corre enquanto também
estabiliza seu joelho.

Quais são os sintomas da tríade infeliz?

Os sintomas da tríade infeliz surgem de repente imediatamente após o seu


joelho estar ferido.

Eles podem incluir:

- dor intensa no interior do joelho

- inchaço significativo que começa em minutos após a lesão

- dificuldade em mover-se ou colocar peso no joelho

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- rigidez do joelho

- sensação de que seu joelho está travando ou pegando em algo

- contusões que aparecem alguns dias após a lesão.

O que causa a tríade infeliz?

A tríade infeliz geralmente resulta de um golpe duro na perna enquanto o pé é


plantado no chão. Isto empurra o seu joelho para dentro, o que não está habituado a
fazer.

Também faz com que o fémur e a tíbia se torçam em direcções opostas. Isto faz
com que o seu menisco medial e ligamentos se estiquem demasiado, tornando-os
propensos a rasgar.

Isto pode acontecer quando um jogador de futebol tem as suas chuteiras


colocadas no chão enquanto é atingido com grande força no joelho exterior.

Também pode acontecer a um esquiador se o seu esqui não se libertar das


amarrações durante uma queda. O tornozelo não pode girar em uma bota de esqui,
então o joelho acaba se torcendo, o que pode esticar ou romper os ligamentos.

Como é tratada a tríade infeliz?

O tratamento depende da gravidade da lesão.

Se as lágrimas nos ligamentos e menisco forem leves, talvez consiga evitar a


cirurgia:

- descansando o joelho para que possa curar sem piorar.

- aplicar pacotes de gelo para reduzir a inflamação e o inchaço

- uso de ligaduras de compressão para reduzir o inchaço

- elevando o joelho, mantendo-o apoiado sempre que possível

- fazer fisioterapia para aumentar a força e a mobilidade

A Cochrane Review descobriu que adultos ativos com lesões no LCA não
tiveram nenhuma redução na função do joelho dois e cinco anos após a lesão. O

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mesmo aconteceu com aqueles que se submeteram a tratamento não cirúrgico e com
aqueles que optaram pela cirurgia.

No entanto, 51% das pessoas tratadas sem cirurgia acabaram por ser operadas
em 5 anos devido à instabilidade do joelho. Isto é algo a ter em mente ao considerar as
suas opções de tratamento.

Outro problema potencial é que ao atrasar a cirurgia, o potencial de


desenvolvimento de artrite existe devido à instabilidade que pode afectar o joelho à
medida que o paciente envelhece.

A fisioterapia é uma parte importante da sua recuperação, independentemente


de ter ou não uma cirurgia.

Fonte: Estar Bem Hoje. Tríade Infeliz, Joelho Soprado: Sintomas, Causas, Tratamento, Recuperação. [S.I.]
[2020?]. Disponível em: <https://www.estarbemhoje.com/%E2%9A%A1-triade-infeliz-joelho-soprado-
sintomas-causas-tratamento-recuperacao/>. Acesso em 03 Set. 2021.

TENDINITE PATELAR

A Tendinite patelar é uma das lesões por esforço repetitivo mais comuns no
joelho. Estudos epidemiológicos recentes mostram que acomete de 20 a 30% dos
atletas e esportistas de diversas modalidades, principalmente os praticantes dos
populares esportes de impacto como a corrida de rua, trekking, corrida de montanha,
jogadores de basquete e esportes que exigem frenagem constante como o tênis e o
squash. Didaticamente, tendinite patelar é uma inflamação no tendão que liga a patela
(rótula) à tíbia.

O tendão patelar é uma estrutura fibrosa, muito forte que conecta a parte final
da patela, que chamamos de polo inferior da patela a uma proeminência óssea
localizada no início da tíbia, chamada de tuberosidade tibial anterior. O tendão patelar
é envolvido por uma membrana bem fininha chamada de peri-tendão, cuja função é a
de fornecer suprimento sanguíneo. Como veremos a seguir, qualquer alteração de sua
vascularização, poderá levar a uma tendinite patelar.

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Qual a função do tendão patelar?

O tendão patelar trabalha com o músculo da frente da coxa, denominado


quadríceps para estender (esticar) o joelho para que você possa chutar, correr e pular.
A isso chamamos de mecanismo de extensão do joelho. Além desta função, o tendão
patelar e o músculo quadríceps exercem uma outra função, considerada por muitos
ainda mais importante que é a de desaceleração. Quando você desce uma escada ou
quando freia em uma quadra de tênis, está desacelerando. Para que isso ocorra, o
músculo anterior da coxa exerce um tipo de contração chamada de excêntrica. A
função principal do tendão patelar é de, em conjunto ao quadríceps e tendão
quadricipital, modular nossos movimentos de aceleração e frenagem.

O que causa a tendinite patelar

Existem diversas hipóteses de porque a tendinite patelar ocorra. A mais aceita


é de que, em algum momento, o músculo anterior da coxa perde sua capacidade de
absorver o impacto por redução da qualidade de contração excêntrica, gerando
sobrecarga ao tendão patelar. Acredita-se, ao ter que exercer parte da função do
músculo quadríceps, o tendão acaba sofrendo alongamento e encurtamento acima de
seu limite fisiológico e, como consequência, ocorre inflamação intensa em um primeiro
momento, seguida de degeneração (destruição e morte do tecido tendíneo). Ao
degenerar, o tendão fica mais espesso, comprime a membrana que o envolve (peri-
tendão), reduzindo o seu fluxo sanguíneo, agravando ainda mais o problema.

Quem pode ter a tendinite patelar

A tendinite patelar tem alta incidência em praticantes do tênis

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A tendinite patelar acomete pessoas que saltam e aterrissam pesadamente,
como jogadores de basquete, tipicamente homens na faixa dos 20 e 30 anos, podendo
ter início em pessoas mais velhas. Pessoas que são mais altas e acima do peso, tem um
risco maior por possuírem maior braço de alavanca e energia cinética sobre o tendão
patelar, respectivamente. A tendinite patelar é certamente uma das doenças do joelho
mais comuns que afetam os atletas esqueleticamente maduros, ocorrendo em até 20%
dos atletas de salto.

Quanto ao lado acometido, homens e mulheres são igualmente afetados


quando ocorre bilateralmente. Quando a tendinopatia é unilateral, a relação
masculino-feminino é de 2:1.

Fatores de risco da tendinite patelar

Uma combinação de fatores pode contribuir para o desenvolvimento da


tendinite patelar, incluindo:

Atividade física: Correr e saltar são mais comumente associados à tendinite


patelar. Por este motivo, a lesão é chamada de “jumpers knee” (joelho do saltador) na
língua inglesa. Aumentos súbitos de volume e intensidade do treino, sem respeitar o
intervalo de descanso para a reconstrução tecidual estão entre os principais fatores
para seu início.

Aumentos súbitos de volume e intensidade do treino, sem respeitar o intervalo


de descanso para a reconstrução tecidual estão entre os principais fatores para seu
início.

Encurtamento ou falta de alongamento muscular: Apesar de controverso,


acredita-se que músculos da frente e de traz da coxa encurtados (quadríceps) e
isquiotibiais podem aumentar a tensão no tendão patelar.

Desequilíbrio muscular: De maneira didática, se alguns músculos da frente da


coxa são muito mais fortes do que os de traz, os músculos mais fortes podem puxar
com mais força o tendão patelar durante o movimento. Essa tração irregular pode
causar tendinite. Por este motivo, o teste isocinético é fundamental no diagnóstico e
tratamento da doença.

Doenças crônicas: Algumas doenças reduzem o fluxo sanguíneo para o joelho,


enfraquecendo o tendão patelar. Exemplos incluem insuficiência renal, doenças
autoimunes tais como lúpus ou artrite reumatoide e doenças metabólicas como
diabetes.

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Fatores anatômicos: Acredita-se que fatores como a patela alta (patela em
uma posição mais alta que o normal) e a chamada “patela bicuda”, ou seja, uma patela
cuja ponta final onde nasce o tendão patelar mais bicuda ou proeminente gerariam
uma força de cisalhamento anormal sobre o tendão, levando a sua inflamação.

Sintomas da tendinite patelar

A dor é o primeiro sintoma de tendinite patelar, tipicamente após o esporte e


de caráter noturno. Muito comum relatos de que a pessoa consegue correr ou jogar o
tênis sem nenhuma interrupção ou queda de rendimento, mas com dor à noite,
atrapalhando o sono e no dia seguinte, dificultando atividades como subir, descer
escadas, dirigir e manter o joelho dobrado por muito tempo. Com o tempo, a dor piora
e começa a interferir na prática do esporte.

Local típico da dor na tendinite patelar

Quando a inflamação acomete todo o tendão, geralmente, a dor ocorre em seu


trajeto, entre a rótula e a tíbia. A isso, chamamos de tendinite patelar difusa. Quando
acomete mais a ponta final da patela, a dor fica localizada nesta região e pode se
irradiar para traz. É a chamada tendinite do polo inferior da patela.

Comumente, a tendinite patelar vem acompanhada de outros sinais e sintomas


de sobrecarga do joelho, incluindo:

Hoffite: aumento do volume da almofadinha logo abaixo do joelho;

Sinovite: aumento do volume líquido do joelho. Chamamos de derrame


articular ou “água no joelho”;

Condromalacia: com crepitação (rangido) ao dobrar e esticar o joelho.

Fonte: LEONARDI, Adriano. O Que é Tendinite Patelar. Dr. Adriano Leonardi Medicina Esportiva. São Paulo
[2020?]. Disponível em: <https://adrianoleonardi.com.br/joelho/tendinites-joelho/tendinite-patelar/o-
que-e-tendinite-patelar/>. Acesso em 03 Set. 2021.

HOFFITE: O QUE É E COMO TRATAR

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Hoffite é o nome dado a uma inflamação em uma região do joelho denominada
Gordura de Hoffa. Ela também recebe outro nome, denominado Síndrome de Hoffa. A
inflamação dessa região recebe esse nome uma vez que foi descrita por Albert Hoffa
em 1904.

A Gordura de Hoffa é uma estrutura que se localiza na região anterior do


joelho, atrás do ligamento patelar. De fato, a Gordura de Hoffa serve para amortecer
os impactos que o ligamento patelar sofre com as estruturas próximas no joelho.

Dessa forma, se por acaso essa região sofre um impacto constante maior,
como, por exemplo, no caso de corredores ou atletas que praticam saltos, a tendência
é a dor na região, em virtude da inflamação.

Porém, a Hoffite não é exclusiva de atletas, podendo atingir pessoas que não
praticam esportes regularmente, mas que em seu trabalho necessita de
movimentação e impacto constante nessa região, associada a baixo fortalecimento
muscular.

Fatores de risco da Hoffite

Indivíduos que têm demanda excessiva da região do joelho podem sofrer de


Hoffite. Pessoas com sobrepeso e obesidade também são grupos que apresentam com
frequência esse tipo de lesão. Além deles, mulheres que usam sapato com salto
durante muitas horas, ou indivíduos que constantemente sobem e descem escadas
também estão mais propensos a desenvolverem lesões no joelho.

No caso de praticantes de corrida, a Hoffite pode estar frequente, em virtude


da hiperextensão do joelho de maneira excessiva, com movimentos de rotação
excessivos e contração inadequada do músculo anterior da coxa.

Indivíduos que são praticantes de corrida, mas não fazem fortalecimento


apropriado da região e tem aumento na carga e na intensidade do treino estão mais
propensos a terem problemas no joelho. Outros tipos de atletas amadores, como
ciclistas, por exemplo, também apresentam maior risco de apresentarem essa lesão.

Diagnóstico

O diagnóstico de Hoffite é eminentemente clínico, com facilidade de


diagnóstico. Ou seja, quando um paciente chega com queixa de dor na região anterior

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do joelho, por meio de um exame físico, o médico ortopedista conseguirá dar o
diagnóstico com facilidade.

Alguns exames de imagens, tais como ultrassom e ressonância magnética,


conseguem detectar a Hoffite com facilidade também. No exame físico, existe uma
avaliação simples, feita pelo médico ortopedista, denominada Teste de Hoffa.

Para esse exame, o paciente senta-se e enquanto eleva a perna, dobrando o


joelho, o médico pressiona com os dois polegares ambos os lados do tendão patelar.
Caso o paciente apresente dor durante esse teste, é um sinal positivo para Hoffite.

Sintomas

O principal sintoma da Hoffite é a queixa de dor na região anterior do joelho,


mas outros sintomas também podem estar presentes. A dor é brusca, intensa e
latejante. Inchaço na região, aumento da temperatura local e vermelhidão também
podem aparecer, em virtude do grau de inflamação da região.

De fato, muitas vezes, o diagnóstico pode ser confundido com tendinite patelar,
já que os sintomas são bem semelhantes. A limitação de movimento, sobretudo na
hora de estender o joelho, é presente e a tentativa de movimentar o joelho pode
trazer bastante dor.

Tratamento

Para tratar a Hoffite, inicialmente, é necessário primeiramente retirar o


paciente do quadro agudo de dor, caso esteja presente. Para isso, o médico
ortopedista poderá prescrever analgésicos ou anti-inflamatórios, para que o paciente
melhore da crise aguda.

Além disso, crioterapia (uso de gelo) também ajuda a diminuir o processo


inflamatório. O fortalecimento muscular da região é de suma importância, bem como a
redução da intensidade e frequência dos exercícios para que a região tenha um
“descanso”, enquanto se recupera.

A infiltração de corticosteroide intra-articular também costuma apresentar


resultado bastante positivo, sobretudo em casos de dores agudas, que respondem
pouco à medicação.

O trabalho da musculatura em casos de Hoffite é de extrema importância, uma


vez que encurtamentos musculares ou de tendões podem levar ao problema. Dessa

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forma, a fisioterapia tem um papel importante no tratamento da lesão e na prevenção
de futuros problemas.

Fisioterapia na Hoffite

A fisioterapia, conforme já mencionamos, é um forte aliado no tratamento e


prevenção de problemas como a Hoffite. Inicialmente, é necessário entender a causa
da Hoffite, ou seja, afinal, o que está levando a essa região do organismo inflamar?

Caso o paciente não seja praticante de atividade física e esteja com sobrepeso,
a perda de peso, cerca de 5% a 10% de seu peso total, já representará enorme ganho
de saúde. Com a perda de peso, o paciente forçará menos suas articulações e a
tendência é que as dores na região diminuam sensivelmente.

Mas, caso estejamos lidando com um praticante regular de atividade física,


como a corrida, a Hoffite pode ser considerada um dos grandes inimigos dos
praticantes de corrida. Portanto, seu diagnóstico e tratamento adequados não devem
ser negligenciados.

Assim, após a retirada do paciente da fase aguda, com apoio medicamentoso e


também com medidas analgésicas, tais como crioterapia ou também com aplicação de
laser local, que diminui a inflamação, um programa de exercícios de fisioterapia pode
ser estabelecido.

O programa de exercícios de fisioterapia é importante justamente para


melhorar a força muscular e induzir ao restabelecimento do paciente, bem como tem a
função de prevenir futuros problemas na região.

Fonte: CURE – Clínica Unificada de Reabilitação. Hoffite: O Que é e Como Tratar. São Paulo [2020?].
Disponível em: <https://curefisioterapia.com.br/hoffite-tratamento-fisioterapia/>. Acesso em 03 Set.
2021.

ARTROSE DE JOELHO

Também conhecida como osteoartrose ou osteoartrite, é uma doença que


acomete a articulação do joelho como um todo. De forma bem simplificada, a artrose

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pode ser definida como um desgaste do joelho. Sabe quando a idade vai avançando e
as rugas e os cabelos brancos vão aparecendo? Com o joelho não é diferente!
Conforme o tempo vai passando, vamos “gastando” a cartilagem e os meniscos do
joelho. A longo prazo, esse desgaste crônico leva ao desenvolvimento da famosa
artrose de joelho.

A artrose pode ser definida como um desgaste do joelho.

A artrose é a doença do sistema musculoesquelético mais comum do mundo!


Estima-se que até metade das pessoas com mais de 65 anos de idade possam ter
algum impacto devido à artrose. Estudos mostram uma probabilidade de aumentar 7
vezes os casos de artrose no mundo até 2030! Ou seja, a artrose é uma doença muito
comum e que merece total atenção.

No passar da vida, os joelhos são uma das articulações que mais recebem
impacto. Além do impacto das atividades diárias, algumas pessoas podem ter “gastado
um pouco mais” os joelhos, como ex-atletas ou após alguma lesão do joelho (lembra
daquela lesão de menisco ou ligamento há mais de 10 anos?). Tudo isso pode
predispor à degeneração da cartilagem articular, levando ao desenvolvimento da
artrose de joelho.

Apesar da degeneração crônica da articulação e possível progressão do quadro,


a artrose dos joelhos (gonartrose) pode ter uma excelente evolução quando tratada de
forma adequada, permitindo um retorno sem dor às suas atividades.

Função da cartilagem e como ocorre a artrose dos joelhos

Tente imaginar o joelho como sendo um carro. Para um bom funcionamento, o


carro precisa estar com os pneus (cartilagem), amortecedores (menisco) e o

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lubrificante (líquido sinovial) em bom estado. O joelho funciona da mesma forma. A
artrose de joelho nada mais é do que “um carro que foi gastando com o tempo,
mesmo que não tenha tido nenhuma batida”.

O joelho é uma articulação formada pelos ossos do fêmur e da tíbia (além da


patela que fica na frente do joelho), funcionando como uma dobradiça. Assim, para
que ocorra uma movimentação suave e sem atritos, é preciso que as estruturas
internas do joelho (como a cartilagem e os meniscos) estejam funcionando bem.
Preste bastante atenção nessa imagem, ela vai lhe ajudar bastante a entender como
funciona o joelho. Esse é o primeiro passo para uma compreensão completa da artrose
(osteoartrite) dos joelhos.

Modificado de Knee Osteoarthritis

A cartilagem tem um papel fundamental para o joelho, protegendo o osso que


fica abaixo dela (osso subcondral). Além disso, ela participa da produção de
substâncias como o líquido sinovial, um verdadeiro “lubrificante do joelho” (dá para
ver na imagem o líquido sinovial preenchendo todo o joelho?).

Conforme a cartilagem vai ficando mais fina, o osso subcondral (aquele que fica
embaixo da cartilagem) começa a reagir (já que ele passa a receber mais impacto, pois
está perdendo a proteção da cartilagem). Com a progressão da perda da cartilagem
(evolução da artrose de joelho), passa a existir o contato “osso com osso” (redução do
espaço articular). Isso faz com que o osso abaixo da cartilagem fique inflamado e mais
duro (esclerose do osso subcondral), além de aumentar a formação dos osteófitos (os
famosos “bicos de papagaio”), que são tão comuns na artrose de joelho.

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Causas e os fatores de risco para artrose dos joelhos

De forma bem simplificada, podemos dividir a artrose em dois tipos (e isso vai
ajudar bastante a entender as causas): a artrose primária e a artrose secundária.

Na artrose primária, não existe uma causa direta. Ela está mais relacionada ao
processo de envelhecimento natural e ao desgaste do joelho. Geralmente, esses
quadros são progressivos e crônicos. Podem estar associadas com sobrepeso, histórico
familiar (existem algumas teorias que mostram uma predisposição genética) e perda
de massa muscular. De forma geral, mulheres costumam ser mais acometidas pela
artrose do que os homens. Além disso, pessoas com atividades de alto impacto
(esportivas ou mesmo no trabalho), também estão em maior risco de desenvolver
artrose dos joelhos. Você reconhece essa história que vou contar?

“Eu não sei dizer quando essa dor começou, mas já faz um tempo. Não teve
nenhuma “pancada” ou torção do joelho. Piorou também quando ganhei um pouco de
peso. Fico pensando se tem relação com quando eu era mais jovem, acabei forçando
muito o joelho. E tem outra coisa, essa história de artrose do joelho é muito comum na
minha família”. Isso é um quadro bem típico de artrose primária.

Já a artrose secundária é um pouco diferente. Nesses casos, existe alguma


doença ou condição que leva ao desenvolvimento da artrose do joelho, que costuma
ser até mais intensa e acometer pessoas mais jovens.

Por exemplo, podemos ter caso de artrose ou osteoartrite de joelho em


pessoas com artrite reumatoide. A artrite reumatoide é uma doença que leva a
inflamação da articulação, podendo acometer os joelhos. Quando não tratada de
forma adequada, essa inflamação acelera muito o desgaste do joelho, podendo levar
ao desenvolvimento de artrose, mesmo em paciente bem jovens. Outro exemplo de
artrose secundária é após uma fratura do joelho. Nesses casos, pode haver uma lesão
grave da cartilagem ou ficar uma deformidade no joelho, podendo levar ao
desenvolvimento de uma artrose precoce.

Sinais e sintomas da artrose do joelho

Geralmente, as queixas por dor e os sinais de artrose do joelho aparecem


gradualmente. Muitas vezes, você não consegue dizer o exato momento que tudo
começou. Isso acontece porque o desgaste da cartilagem e das outras estruturas do
joelho no processo de artrose ocorre de maneira crônica e progressiva.

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A principal queixa relacionada com a artrose de joelho é DOR. Ela costuma ser o
primeiro sintoma a aparecer e trazer transtornos para você. A dor costuma piorar após
movimentação excessiva ou atividades de impacto, como longas caminhadas ou
subir/descer escadas. Um ponto interessante é que, mesmo em pessoas que não
possuem uma perda muito grande da cartilagem, a dor pode ser muito intensa e
limitante, devido ao processo inflamatório provocado pela osteoartrite.

Agora que você já entendeu que a dor é o principal sintoma da artrose de


joelho, é preciso saber que ela não costuma vir sozinha! Diversas outras queixas
costumam estar associadas.

⦁ Rigidez articular: dificuldade para dobrar ou esticar o joelho todo,


principalmente após passar um tempo parado. É muito comum ouvirmos isso: “De uns
tempos pra cá estou tendo dificuldade para dobrar o joelho” ou “Quando eu passo um
tempo sentado e vou levantar parece que o joelho não quer esticar ou dobrar todo”.

⦁ Edema/derrame articular: é o famoso joelho inchado. Você já teve aquela


sensação de “criar água no joelho”? Isso ocorre pelo processo inflamatório da artrose
do joelho e costuma agravar após algum esforço físico mais intenso.

⦁ Bloqueios e crepitações: sabe aqueles barulhos que o joelho costuma fazer? É


o que chamamos de crepitação. Algumas vezes, pedaços da cartilagem ou do menisco
podem ficar soltos e levar ao bloqueio do joelho, algo bem doloroso. Imagina esse
pedaço de cartilagem como sendo uma “pedra no sapato” dentro do joelho. Isso pode
incomodar bastante!

⦁ Deformidade dos membros inferiores: conforme a cartilagem e os meniscos


vão sendo desgastados na artrose de joelho, pode haver o surgimento de alguma
deformidade (o famoso joelho varo ou valgo). É como se perdesse um “calço” que
dava apoio ao joelho. Você já teve aquela sensação de que o seu joelho está
“entortando”?

⦁ Falseio e instabilidade: sabe quando parece que o joelho não te passa mais
aquela confiança de antigamente? É como você achasse que ele fosse falhar e
desequilibrar. Isso pode ser causado pelo processo inflamatório que pode enfraquecer
os ligamentos, pelas deformidades e, principalmente, pela fraqueza muscular
associada à artrose de joelho.

Fonte: MELO, Lucas. Guia Completo da Artrose de Joelho. Dr. Lucas Melo Ortopedia e Traumatologia.
[S.I.] [2020?]. Disponível em: https://www.drlucasmelo.com.br/artrose-de-joelho/

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ENTORSE DE TORNOZELO

O entorse de tornozelo nos esportes é uma lesão bastante frequente.


Modalidades que exigem salto, aterrissagem, mudança brusca de direção são os
considerados de alto risco, destacando-se o tênis como o esporte de sua maior
incidência.

Infelizmente, o entorse de tornozelo seguido ou não de uma lesão ligamentar


são ocorrências comuns e, muitas vezes, negligenciados, causando determinadas
sequelas que veremos mais pra frente.

O que são os ligamentos do tornozelo?

Por definição, os ligamentos do nosso corpo são tecidos de conexão fortes e


resistentes, compostos por fibra colágeno do tipo I e sua função está em conectar os
ossos e permitir o movimento fisiológico de cada articulação.

No tornozelo são conhecidos dois complexos:

Complexo medial ou interno: também denominado de ligamento Deltoide


(devido ao seu formato de leque). Composto para dois folhetos e confere estabilidade
na região interna do tornozelo e permitir o movimento de eversão (quando o
tornozelo roda para dentro).

Complexo lateral ou externo: composto por três ligamentos que une a ponta
do osso fíbula aos ossos do pé:

– Talofibular anterior (TFA) – De longe o ligamento mais lesado no tornozelo.

– Calcaneo fibular (CF) – Une a fíbula ao calcâneo.

– Talofibular posterior – Une a fíbula ao osso Talo posteriormente.

Sindesmose tibio-fibular: trata-se de um complexo ligamentar que une o osso


fíbula à Tíbia e permite movimentos complexos entre esses ossos.

Causas do entorse

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O entorse tornozelo ocorre basicamente quando o movimento súbito é
realizado e, de certa forma, nosso corpo não está preparado para isso. Isso pode
ocorrer quando:

- Caminhamos em uma superfície irregular como areia de praia;

- Quando caímos;

- Quando não estamos preparados e praticamos esportes como corrida de


montanha, basquete, tênis, futebol de salão e danças;

- Quando se realizar movimentos complexos usando salto alto.

Sintomas

Quase sempre o entorse de tornozelo parece ser banal, principalmente nos


primeiros minutos e horas. Muitas vezes, as pessoas acham que não foi nada e dão
continuidade às suas atividades. O tempo vai passando os sinais e sintomas da lesão
dos ligamentos vão surgindo:

- Inchaço que se agrava com o passar do tempo;

- Hematoma;

- Dor à palpação;

- Acúmulo de líquido nos dedos;

- Sensação de formigamento no pé;

- Perda da flexo-extensão;

- Incapacidade para se locomover.

Quando um entorse ocorre de maneira grave é muito comum que se escute


estalo (pop). Nesses casos, os sinais e sintomas são mais graves e surgem
imediatamente.

O que fazer após um entorse do tornozelo?

Logo após o entorse, recomendamos as seguintes medidas descritas na sigla


PRICE da língua inglesa: Proteção, Repouso, Gelo, Compressão e Elevação. E que
procure serviço médico imediatamente!

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O que pode ter acontecido ao meu tornozelo?

Pode ter havido uma lesão dos ligamentos do tornozelo e/ ou fratura de seus
óssos.

Avaliação médica inicial

Durante o primeiro contato com paciente com história de entorse de tornozelo


e independente dos achados do exame físico, a realização de uma radiografia é
imprescindível. Nela, será avaliada a possibilidade de fraturas e haverão sinais
indiretos de lesão dos ligamentos se estiverem lesados.

Muito importante que o médico avalie o estado vascular e neurológico, pois os


entorses, os graves, podem causar uma compressão chamada síndrome
compartimental aguda, com risco de sofrimento vascular nos tecidos do pé.

Em se suspeitando de lesão ligamentar do tornozelo, caso haja o recurso uma


ressonância nuclear magnética deverá ser solicitada. Através suas imagens, poderemos
determinar:

– Se houve ou não lesão dos ligamentos;

– Quantificar o grau da lesão;

– Verificar o dano à capsula articular (membrana que circunda a articulação);

– Verificar se houve ou não lesão da cartilagem do tornozelo, especialmente na


região que chamamos de Domus do Talo ou Domus Talar.

Graus da lesão ligamentar do tornozelo

De maneira didática após avaliação física e verificação das imagens da


ressonância classificamos os entorses nos graus:

Grau I (leve)

Existe estiramento microscópico das fibras;

Inchaço e hematoma mínimos;

Resolução dentro de duas semanas, em média.

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Grau II

Existe lesão parcial dos ligamentos;

O sangramento deles faz com que o hematoma e o inchaço sejam maiores;

É solução dentro de seis a oito semanas.

Grau III

Ruptura completa do ligamento;

Inchaço hematoma exuberantes;

Sinais de instabilidade no exame físico;

Resolução de dois a três meses.

Tratamento inicial

Independente do grau da lesão avaliação inicial, uma lesão dos ligamentos do


tornozelo, se negligenciada, poderá levar as sequelas graves. Portanto, todo entorse
deve ser imobilizado e o paciente estimulado a utilizar um par de muletas.

Quando estiver sentado ou deitado, sempre manter o membro elevado. O gelo


deve ser posto de três a cinco vezes ao dia, por no máximo 20 minutos, sob risco de
queimaduras térmicas da pele.

Fonte: LEONARDI, Adriano. Entorse de Tornozelo. Dr. Adriano Leonardi Medicina Esportiva. São Paulo
[2020?]. Disponível em: <https://adrianoleonardi.com.br/artigos/entorse-de-tornozelo/>. Acesso em 08
Set. 2021.

CANELITE

Muitas pessoas começam a se exercitar com caminhadas e corridas. No


entanto, durante esse período em que o corpo está se adaptando ao estilo de vida
mais ativo, surge com frequência a canelite. Esse termo é usado genericamente para

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designar as dores na região da canela após o início ou a intensificação de atividades
físicas.

A canelite é o termo popular usado para se referir à síndrome do estresse


medial da tíbia ou periostite. Trata-se de uma inflamação próxima aos tendões,
músculos ou ossos da canela (tíbia).

Quais os sintomas da canelite?

O principal sintoma da canelite são dores na canela, principalmente na face


interna da perna. Em alguns casos, porém, a canelite pode provocar inchaço e
sensibilidade ao toque, até mesmo na hora de se vestir, conta o dr. Arnaldo
Hernandez, coordenador geral do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do
Hospital Sírio-Libanês.

Quais as causas da canelite?

A canelite é causada por estresse na estrutura da canela, geralmente


decorrente de exercícios físicos de repetição envolvendo as pernas. "A parte interna da
perna, onde está a tíbia, é uma região de grande sobrecarga devido ao apoio e aos
impactos nas corridas e nos saltos", explica o dr. Hernandez.

Apenas pessoas sedentárias têm canelite?

Não. A canelite está relacionada ao período de adaptação das estruturas da


canela à atividade física. Mesmo um atleta pode ter canelite caso intensifique muito
seu treino. Pessoas com as pernas mais arqueadas (tíbia vara) ou que correm em pisos
duros, como as ruas, também têm mais risco.

Outros fatores que podem levar à canelite são a falta de firmeza muscular,
muitas vezes associada ao envelhecimento; uso de calçados inadequados; e pronação
exacerbada dos pés, ou seja, quando o pé vira para dentro ao correr ou andar.

Como prevenir a canelite?

Realizar atividade física com orientação de um profissional é o meio mais eficaz


para prevenir a canelite, pois o volume e a intensidade do exercício precisam ser bem

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controlados. Segundo explica o dr. Hernandez, diferentemente do sistema
cardiorrespiratório e muscular, que se adaptam à atividade física em pousas semanas,
a estrutura da canela pode demorar alguns meses para aguentar o impacto dos
exercícios. De qualquer forma, alongar e aquecer antes das atividades físicas também
é importante na prevenção da canelite.

Quais os quadros mais graves de canelite?

Os quadros mais graves de canelite são quando ela evolui para uma fratura por
estresse, provocando dores localizadas e intensas que persistem mesmo com a
interrupção da atividade física. Nesses casos, não devemos retomar a atividade física
enquanto não recebermos orientação médica.

Como tratar a canelite?

O tratamento da canelite requer "adequação do volume de treinamento e


paciência" para esperar o organismo se adaptar ao exercício físico, avalia o dr.
Hernandez. Após o problema se tornar crônico, o tratamento se torna mais difícil. Por
isso é importante procurar ajuda de um médico ortopedista ou médico do esporte se
as dores na canela persistirem com a prática da atividade física. O tratamento da
canelite pode envolver medicamentos anti-inflamatórios e fisioterapia.

Fonte da matéria: Dr. Arnaldo Hernandez, coordenador geral do Núcleo de Medicina do Exercício e do
Esporte do Hospital Sírio-Libanês.Publicado em 22/03/2017

Fonte: Sírio-Libanês. Canelite - Principais dúvidas e respostas. São Paulo : 2017. Disponível em:
<https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/sua-saude/Paginas/canelite-principais-duvidas-
respostas.aspx>. Acesso em 08 Set. 2021.

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