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4º MÓDULO – ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E COMO PREPARAR OS

ALIMENTOS

As mudanças que o corpo sofre durante a terceira idade exigem uma


alimentação diferente das outras fases da vida.

A dieta alimentar na terceira idade é, em geral, bastante diferente das demais


etapas da vida. O processo de envelhecimento vem acompanhado de uma série de
mudanças na função hormonal, no metabolismo energético e na atividade diária, o
que afeta a necessidade de nutrientes.

Nessa fase, olfato e paladar ficam progressivamente comprometidos. É comum


o idoso se desinteressar por doces e salgados. A produção de saliva também é
reduzida e aparecem as dificuldades no processo de mastigação e deglutição, que
causam impacto significativo na quantidade e qualidade da ingestão do alimento.

Além disso, a presença de doenças crônicas pode levar a restrições dietéticas,


que associadas ao uso de diversos medicamentos (polifarmácia), reduzem o apetite ou
interferem na absorção de vitaminas e minerais. Tudo isso se soma às alterações
naturais nos mecanismos de defesa que tornam a pessoa idosa mais suscetível a
infecções alimentares.

Outro fator de atenção é a redução da mobilidade que dificulta a compra e o


preparo de alimentos e, às vezes, até o ato de se alimentar. Todas essas alterações
requerem cuidados especiais com a alimentação na terceira idade. Os cuidados devem
começar na aquisição dos alimentos, observando o prazo de validade, o
armazenamento e a conservação adequados. Ainda no preparo das refeições, o
processo de higiene pessoal e do ambiente, incluindo os utensílios a serem utilizados,
reduzem o risco de contaminações.

O planejamento de ambientes, móveis e utensílios seguros, de fácil higiene,


que exijam mínimo esforço físico e previnam quedas são parte integrante da boa
alimentação. A identificação dos alimentos com etiquetas de fácil leitura, com letras de
tamanhos apropriados e codificações por cores também podem contribuir para um
ambiente alimentar seguro para o idoso.

Para o consumo dos alimentos, um ambiente agradável, iluminado, arejado,


limpo, com facilidade para higiene das mãos e móveis com cantos arredondados, que
estimule a companhia de outras pessoas e não ofereça muitas distrações (TV, por
exemplo) tem um grande efeito no desfrute da refeição e na manutenção de bom
estado nutricional.

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Buscando superar as eventuais dificuldades e estimular um envelhecimento
saudável, o Ministério da Saúde publicou, em 2010, um Manual de Alimentação
Saudável para a Pessoa Idosa que sugere medidas simples para tornar o dia a dia do
idoso mais prazeroso, favorecendo a autonomia, o entrosamento social e a segurança
alimentar e nutricional.

Para facilitar, descrevo essa receita de bons hábitos em dez passos:

1º – Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois
lanches saudáveis por dia. Não pular as refeições e comer devagar, mastigando bem os
alimentos, é fundamental. Em caso de dificuldade para mastigar alimentos sólidos
como carnes, frutas, verduras e legumes, pode-se picar, ralar, amassar, desfiar, moer
ou bate-los no liquidificador.

2º – Ingira diariamente seis porções do grupo dos cereais (arroz, milho, trigo,
pães e massas), tubérculos como a batata e raízes como o aipim. Dê preferência aos
grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.

3º – Coma pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das
refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches.

4º – Garanta o feijão com arroz no prato de cada dia ou, pelo menos, cinco
vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e dá
energia.

5º – Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de


carnes, aves, peixes ou ovos. Retire a gordura aparente das carnes e a pele das aves
antes da preparação.

6º – Limite óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina a no máximo uma


porção por dia.

7º – Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e


recheados, sobremesas doces e outras guloseimas. Limite esses alimentos a no
máximo duas vezes por semana.

8º – Diminua a quantidade de sal na comida. Para temperar e valorizar o sabor


natural dos alimentos utilize temperos como cheiro-verde, alho, cebola e ervas frescas
e secas ou suco natural de frutas, como limão.

9º – Determine a ingestão de pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água
por dia. O baixo consumo de água pelo idoso, associado a uma série de alterações nos
mecanismos de controle de água no organismo, leva muito facilmente à desidratação.
A redução da água corporal total do idoso é em torno de 20%. Quem convive com

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idosos frequentemente escuta “não sinto sede”, “não gosto de água”. Incentivar o
consumo de água é fundamental na alimentação saudável de qualquer pessoa e
especialmente do idoso.

10º – Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite
as bebidas alcoólicas e o fumo.

Iniciativas como esta levam os jovens a refletir sobre os cuidados com a


alimentação dos idosos com quem eles convivem e a cultivar seu próprio capital vital,
ampliando suas chances de ter uma vida saudável e prazerosa por mais tempo.

MEDIDAS ASSOCIADAS AO PREPARO DAS REFEIÇÕES DIÁRIAS

Alterações naturais nos mecanismos de defesa do organismo ou dificuldades no


processo de mastigação e deglutição podem tornar a pessoa idosa mais suscetível a
complicações decorrentes do consumo de alimentos, o que reforça a necessidade de
cuidados diários para preparar refeições seguras.

Planejar as refeições e utilizar medidas corretas durante o preparo dos


alimentos pode contribuir para a satisfação com a alimentação, evitando riscos de
acidentes e danos à saúde, principalmente para quem já se encontra em idade mais
avançada, e, ao mesmo tempo, permite atender aos princípios de uma alimentação
saudável.

Assegurar a participação da pessoa idosa no planejamento da alimentação


diária e no preparo das refeições possibilita o maior envolvimento com a alimentação.
Assim, cria-se uma condição propícia para discutir a necessidade de eventuais
mudanças nos procedimentos associados à compra, ao armazenamento, à higiene
pessoal e ao preparo dos alimentos a fim de facilitar o seu dia-a-dia e favorecer uma
alimentação segura.

CUIDADOS NA COMPRA DOS ALIMENTOS

Os cuidados com a aquisição dos alimentos iniciam-se com a elaboração da


Lista de Compras. No momento da compra, ao observar os produtos, deve-se escolher
aqueles:

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De procedência segura;

Que apresentem características próprias nos aspectos de aparência, cor, cheiro


e textura;

Que estejam dentro do prazo de validade;

Com embalagens não danificadas;

Sem sinais de degelo, como cristais de gelo ou água dentro da embalagem


(para produtos congelados);

Que estejam armazenados em temperaturas adequadas: entre 0°C e 5°C para


alimentos refrigerados e inferior a -18°C para os congelados.

Estar atento às outras informações do rótulo do alimento é também um


procedimento indicado para: Identificar produtos específicos para este grupo
populacional; Conhecer melhor a composição nutricional dos produtos; Identificar os
seus ingredientes; Obter informação quanto à forma de conservação; Preparar o
alimento adequadamente; Aprender novas receitas; Utilizar os serviços de
atendimento ao consumidor – SAC; Comparar produtos similares, de diferentes
marcas; Fazer a melhor escolha de acordo com orçamento disponível.

A consulta aos rótulos de alimentos deve ser feita como rotina pelas pessoas
para selecionar alimentos mais saudáveis. Uma leitura atenta permite verificar se há,
entre os ingredientes, sal (sódio), açúcar, gorduras, glúten, fenilalanina, bem como a
quantidade de calorias e nutrientes presentes em cada porção, a composição
nutricional de produtos die e light, entre outras informações.

A partir de 2006, tornou-se obrigatório no Brasil que todas as indústrias de


alimentos declarem em seus produtos a quantidade de energia e os teores de
carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra
alimentar e sódio.

Outras oportunidades para esclarecimentos podem surgir, por exemplo, em um


diálogo com outras pessoas no local de compra; ao entrar em contato com o
fabricante por meio do serviço de atendimento ao consumidor – SAC; pela busca de
um veículo confiável de informação, como o Disque Saúde (0800 61 1997, serviço de
teleatendimento gratuito do Ministério da Saúde) ou em uma consulta com o
nutricionista.

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CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO DOS ALIMENTOS

Guardar cada alimento em local que ajude a manter a integridade dos


produtos, a temperatura adequada para a sua conservação, a limpeza e a organização,
para facilitar o armazenamento dos produtos adquiridos e a retirada daqueles que
serão utilizados no preparo das refeições e para consumo.

Usar primeiro alimentos que estejam com as datas de validade mais próximas
do vencimento.

No local de armazenamento é recomendado manter um espaço entre os


alimentos guardados, o que permite uma melhor circulação do ar, contribuindo para
conservar melhor os produtos.

Os alimentos não devem ser armazenados diretamente no piso, para garantir a


segurança sanitária dos produtos. Esse cuidado favorece a conservação dos alimentos,
evitando umidade e facilitando a limpeza do piso.

A colocação dos produtos em prateleiras afastadas da parede e do piso, a


preservação das embalagens sem danificação ou a manutenção dos alimentos em
recipientes bem tampados e, ainda, o uso de telas nas janelas da despensa são outros
cuidados que contribuem para a segurança sanitária, pois dificultam o contato de
animais (insetos, roedores, animais domésticos) e outras sujidades com os alimentos.

As embalagens e os recipientes que envolvem os alimentos funcionam como


barreiras, afastando-os também do contato com outras sujidades (poeira, fragmentos
de vidros, de pedra e outros). Antes de abrir qualquer embalagem, é importante limpá-
la bem para evitar que o alimento seja contaminado.

Os alimentos devem ser guardados e organizados em locais de fácil acesso, que


não exijam esforço físico exagerado da pessoa idosa ou apresentem risco de quedas
(abaixar-se ou usar escadas para alcançá-los, por exemplo). Recomenda-se que as
embalagens e os recipientes sejam etiquetados para facilitar a identificação dos
alimentos pelos idosos. Na identificação, devem-se usar etiquetas com letras em cor e
tamanho que facilitem a leitura pela pessoa idosa.

Os locais onde há alimentos armazenados não são apropriados para guardar


materiais de limpeza, para evitar o risco de contaminação dos alimentos. Reserve um
outro local para guardar produtos de limpeza, os quais deverão estar em recipientes
devidamente rotulados.

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CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DURANTE O MANUSEIO DE ALIMENTOS

O responsável pelo preparo da refeição deve adotar cuidados rigorosos tanto


na higiene pessoal quanto no manuseio dos alimentos para prevenir contaminação e
preservar as características próprias dos alimentos. Isso ajuda a evitar muitas doenças
transmitidas por alimentos (DTA).

PROCEDIMENTOS DE ROTINA

Utilizar proteção para os cabelos, como boné ou touca, além de avental e de


sapatos fechados e não escorregadios, pode ajudar a prevenir acidentes e
contaminação dos alimentos durante seu preparo.

O ato de lavar as mãos frequentemente é essencial para proteger os alimentos


que serão consumidos. A higienização frequente de utensílios e equipamentos usados
durante o preparo dos diversos alimentos que compõem as refeições também é
fundamental para prevenir a contaminação.

Para maior segurança, higienizar bem os alimentos, especialmente os que serão


ingeridos crus ou refogados. O cozimento adequado dos alimentos também pode
evitar o risco para a saúde e a perda de nutrientes.

CUIDADOS NO PREPARO DAS REFEIÇÕES

O ambiente onde as refeições são preparadas precisa estar limpo, incluindo a


superfície de trabalho, os utensílios que serão utilizados e os equipamentos. A área de
preparo deve estar livre de objetos desnecessários, como os decorativos.

A organização, nesse momento, pode garantir espaço adequado para o


manuseio dos alimentos, diminuir esforço físico e mental e evitar acidentes.

Outro cuidado é quanto à qualidade da água usada tanto para beber quanto
para higienizar e preparar os alimentos, que deve ser tratada, fervida ou filtrada.

Ao preparar as refeições, algumas medidas especiais são necessárias para


atender aos princípios de uma alimentação saudável:

Dar preferência a alimentos menos gordurosos, optar por leite e derivados com
menor teor de gordura, remover as gorduras visíveis das carnes e usar óleos vegetais
para cozinhar os alimentos;

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Não abusar da adição de açúcar, sal e pimenta, nem do uso de enlatados,
embutidos e doces;

Variar os alimentos que compõem o cardápio, incluindo alimentos regionais e


de safra, e a forma de prepará-los (cozinhar, assar e grelhar, usar diferentes cortes
para frutas, legumes, verduras e carnes). É importante também não acrescentar muita
água ao cozimento e evitar que os alimentos permaneçam cozinhando por muito
tempo, o que poderia levar à perda de nutrientes.

Incentivar preparações com cereais integrais ou o uso de produtos feitos com


farinha integral (pães, bolos, etc.). Outros alimentos ricos em fibras (frutas, legumes e
verduras) devem ser utilizados no cardápio.

Utilizar receitas que favoreçam o consumo de frutas, legumes e verduras,


combinando esses itens, por exemplo, nas saladas.

Planejar as refeições do dia de modo a favorecer o fornecimento adequado de


nutrientes ao corpo, manter o peso saudável, por meio de uma alimentação acessível e
segura. O nutricionista pode auxiliar neste planejamento.

Quando a pessoa idosa apresentar limitações para mastigar e engolir, a forma


de preparo, a consistência, a textura, o tamanho dos alimentos e a quantidade que é
levada à boca devem ser adaptados ao grau de limitação apresentado.

Nesses casos, moer, ralar, picar em pedaços menores podem ser alternativas
viáveis para facilitar o planejamento das refeições e o consumo, evitando a recusa da
refeição e complicações como engasgo, aspiração ou asfixia durante a ingestão dos
alimentos.

A atenção a essas medidas visa deixar a pessoa idosa mais disposta para
alimentar-se com prazer.

A maioria dessas medidas não requer investimento financeiro, depende mais


da disposição das pessoas em realizar algumas mudanças que podem fazer a diferença
para toda a família ou para os moradores de uma instituição de longa permanência.
Por exemplo: otimizar os recursos existentes como móveis, utensílios de mesa e de
cozinha, elementos de decoração, dentro de um planejamento adequado da
alimentação para a pessoa idosa.

Quando algum investimento é necessário, deve-se avaliar os benefícios para as


pessoas idosas, estabelecendo prioridades e considerando também o tempo e a
disponibilidade financeira. É importante envolver a pessoa idosa nessas decisões.

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FAZER AS REFEIÇÕES EM LOCAL AGRADÁVEL

O ambiente onde a refeição é consumida deve:

Estar limpo.

Ser arejado.

Apresentar boa luminosidade.

Ter mobiliário resistente e adequado: mesa com cantos arredondados, de


preferência, cadeira com dois braços, sendo a altura da mesa compatível com a altura
das cadeiras e da pessoa idosa.

Ter espaço livre para a circulação das pessoas.

Usar tonalidades de cores que favoreçam boa reflexão de luz para o local de
refeições, visto que o declínio visual é comum nas pessoas idosas. Para tornar esse
ambiente ainda mais atrativo, usar elementos de decoração é uma opção viável, mas
deve haver moderação para não desviar a atenção da pessoa idosa da alimentação.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Uma alimentação saudável, isso é, adequada nutricionalmente e sem


contaminação, tem influência no bem-estar físico e mental, no equilíbrio emocional,
na prevenção e tratamento de doenças.

É importante que a alimentação seja saborosa, colorida e equilibrada, que


respeite as preferências individuais e valorize os alimentos da região, da época e que
sejam acessíveis do ponto de vista econômico.

Para se ter uma alimentação equilibrada, com todos os nutrientes necessários


para a manutenção da saúde, é preciso variar os tipos de alimentos, consumindo-os
com moderação.

Os nutrientes são as substâncias químicas que o organismo absorve dos


alimentos, esses nutriente são indispensáveis para o bom funcionamento do
organismo.

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Os nutrientes dos alimentos fornecem calorias, que são a quantidade de
energia utilizada pelo corpo para a manutenção de suas funções e atividades. Uma
alimentação que fornece mais calorias do que o organismo gasta em suas atividades
diárias pode provocar o excesso de peso e obesidade. Uma alimentação que fornece
menos calorias que o necessário pode levar à perda de peso e desnutrição.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A ALIMENTAÇÃO

Nem sempre é fácil alimentar outra pessoa, por isso o cuidador precisa ter
muita calma e paciência, estabelecer horários regulares, criar um ambiente tranqüilo.
São orientações importantes:

• Para receber a alimentação, a pessoa deve estar sentada confortavelmente.


Jamais ofereça água ou alimentos à pessoa na posição deitada, pois ela pode se
engasgar.

• Se a pessoa cuidada consegue se alimentar sozinha, o cuidador deve


estimular e ajudá-la no que for preciso: preparar o ambiente, cortar os alimentos, etc.
Lembrar que a pessoa precisa de uma tempo maior para se alimentar, por isso não se
deve apressá-la.

• É importante manter limpos os utensílios e os locais de preparo e consumo


das refeições. A pessoa que prepara os alimentos deve cuidar de sua higiene pessoal,
com a finalidade de evitar a contaminação dos alimentos.

• Quando a pessoa cuidada estiver sem apetite, o cuidador deve oferecer


alimentos saudáveis e de sua preferência, incentivando-a a comer. A pessoa com
dificuldades para se alimentar aceita melhor alimentos líquidos e pastosos, como:
legumes amassados, purês, mingau de aveia ou amido de milho, vitamina de frutas
com cereais integrais.

• Para estimular as sensações de gosto e cheiro, que com o avançar da idade ou


com a doença podem estar diminuídos, é importante que as refeições sejam
saborosas, de fácil digestão, bonitas e cheirosas.

• Uma boa maneira de estimular o apetite é variar os temperos e o modo de


preparo dos alimentos. Os temperos naturais como: alho, cebola, cheiro-verde,
açafrão, cominho, manjericão, louro, alecrim, sálvia, orégano, gergelim, hortelã, noz-
moscada, manjerona, erva-doce, coentro, alecrim, dão sabor e aroma aos alimentos e
podem ser usados à vontade.

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• Se a pessoa consegue mastigar e engolir alimentos em pedaços não há razão
para modificar a consistência dos alimentos. No caso da ausência parcial ou total dos
dentes, e uso de prótese, o cuidador deve oferecer carnes, legumes, verduras e frutas
bem picadas, desfiadas, raladas, moídas ou batidas no liquidificador.

• Para manter o funcionamento do intestino é importante que o cuidador


ofereça à pessoa alimentos ricos em fibras como as frutas e hortaliças cruas,
leguminosas, cereais integrais como arroz integral, farelos, trigo para quibe,
canjiquinha, aveia, gérmen de trigo, etc. Substituir o pão branco por pão integral e
escolher massas com farinha integral. Substituir metade da farinha branca por integral
em preparações assadas. Acrescentar legumes e verduras no recheio de sanduíches e
tortas e nas sopas.

• Sempre que for possível, o cuidador deve estimular e auxiliar a pessoa


cuidada a fazer caminhadas leves, alongamentos e passeios ao ar livre.

• Ofereça à pessoa cuidada, de preferência nos intervalos das refeições, 6 a 8


copos de líquidos por dia: água, chá, leite ou suco de frutas.

• É importante que a pessoa doente ou em recuperação coma diariamente


carnes e leguminosas, pois esses alimentos são ricos em ferro. O ferro dos vegetais é
mais bem absorvido quando se come junto alimentos ricos em vitamina C, como
laranja, limão, caju, goiaba, abacaxi e outros, em sua forma natural ou em sucos.

• O consumo moderado de açúcar, doces e gorduras ajudam a manter o peso


adequado e a prevenir doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes.

• O cuidador e a família da pessoa cuidada deve observar a data de validade


dos produtos, evitando comprar grandes quantidades de alimentos e aqueles com
prazo de validade próximo do vencimento.

• Alimentos “diet” são aqueles que tiveram um ou mais ingredientes retirados


de sua fórmula original, como por exemplo: açúcar, gordura, sódio ou proteínas.

• Produtos “light” são aqueles que sofreram redução de algum tipo de


ingrediente na sua composição, por exemplo: o creme de leite light apresenta menor
quantidade de gordura, o sal light tem menor quantidade de sódio, refrigerante light
tem menor quantidade de calorias. Os alimentos light em que foram retirados o açúcar
podem ser consumidos por diabéticos.

• Quando há necessidade de ubstituir o açúcar por adoçantes artificiais,


recomenda- se variar os tipos. Os adoçantes à base de ciclamato de sódio e sacarina
podem contribuir para o aumento da pressão arterial. Os adoçantes à base de sorbitol,

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manitol e xilitol podem causar desconforto no estômago e diarréia. É importante
receber orientação da equipe de saúde, quando for necessário usar adoçantes
artificiais.

ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA ALIVIAR SINTOMAS

Náuseas e vômitos

• Oferecer à pessoa com vômitos ou diarréia, 2 a 3 litros de líquidos por dia em


pequenas quantidades, de preferência nos intervalos das refeições.

• Oferecer refeições menores 5 a 6 vezes ao dia.

• Os alimentos muito quentes podem liberar cheiros e isso pode agravar a


náusea. Os alimentos secos e em temperaturas mais frias são mais bem aceitos.

• É importante que a pessoa mastigue muito bem e devagar os alimentos.

• Logo após as refeições, o cuidador deve manter a pessoa sentada para evitar
as náuseas e vômitos.

• Enquanto durar as náuseas e vômitos, deve-se evitar os alimentos muito


temperados, com cheiros fortes, salgados, picantes, ácidos, doces e gorduras.

Dificuldade para engolir (disfagia)

• Oferecer as refeições em quantidades menores de 5 a 6 vezes por dia.

• Oferecer líquidos nos intervalos das refeições, em pequenas quantidades e


através de canudos.

• Manter a pessoa sentada ou em posição reclinada com ajuda de travesseiros


nas costas, para evitar que a pessoa engasgue.

• A pessoa com dificuldade para engolir aceita melhor os alimentos mais leves
e macios, os líquidos engrossados com leite em pó, cereais, amido de milho, os
alimentos pastosos como as gelatinas, pudins, vitaminas de frutas espessas, sopas tipo
creme batidas no liqüidificador, mingaus, purê de frutas, polenta mole com caldo de
feijão.

• As sopas podem ser engrossadas com macarrão, mandioquinha, cará, inhame


e aveia.

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• Evitar alimentos de consistência dura, farinhentos e secos como a farofa e
bolachas. O pão francês e as torradas devem ser oferecidos sem casca, molhados no
leite.

Intestino preso (constipação intestinal)

• O intestino funciona melhor quando a pessoa mantém horários para se


alimentar e evacuar.

• Os alimentos ricos em fibras como o arroz e pão integrais, aveia, verduras e


legumes, frutas como mamão, laranja, abacaxi, mangaba, tamarindo, ameixa, grãos em
geral etc, ajudam o intestino a funcionar.

• Quando a pessoa está com intestino “preso” evite oferecer banana prata,
caju, goiaba, maçã, chá preto/mate, pois esses alimentos são ricos em tanino e
prendem o intestino.

• Cuidador, ofereça à pessoa uma vitamina laxativa feita com 1 copo de suco de
laranja, 1 ameixa seca, 1 pedaço de mamão, 1 colher de sopa de creme de leite, 1
colher de sopa de farelo de aveia, milho, trigo, soja. O farelo de arroz deve ser evitado,
pois resseca o intestino.

Gases (flatulência)

• A formação de gases causa muito desconforto às pessoas acamadas. Para


evitar a formação de gases é importante oferecer à pessoa mais líquidos e uma
alimentação saudável, evitando alguns alimentos, como: agrião, couve, repolho,
brócolis, pepino, grãos de feijão, couve-flor, cebola e alho crus, pimentão, nabo,
rabanete, bebidas gasosas, doces concentrados e queijos amarelos.

• Os exercícios auxiliam na eliminação dos gases.

ALIMENTAÇÃO POR SONDA (DIETA ENTERAL)

A dieta enteral é fornecida na forma líquida por meio de uma sonda, que
colocada no nariz ou na boca vai até o estômago ou intestino. Assim, é possível
fornecer os nutrientes que a pessoa necessita independente da sua cooperação, fome
ou vontade de comer.

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A alimentação por sonda é usada nas seguintes situações:

• Para ajudar na cicatrização de feridas.

• Para controlar a diarréia, prisão de ventre e vômitos.

• Para preparar o organismo para algumas cirurgias e tratamentos de


quimioterapia, radioterapia e diálise.

• Quando a pessoa não pode se alimentar pela boca.

• Quando a quantidade de alimentos que a pessoa come não está sendo


suficiente.

• Quando há necessidade de aumentar a quantidade de calorias sem aumentar


a quantidade de comida.

Em algumas situações a pessoa recebe alimentação mista, isso é, se alimenta


pela boca e recebe um complemento alimentar pela sonda.

A nutrição enteral pode ser preparada em casa ou industrializada. As dietas


caseiras são preparadas com alimentos naturais cozidos e passados no liqüidificador e
coados, devem ter consistência líquida e sua validade é de 12 horas após o preparo. A
dieta industrializada já vem pronta para o consumo, tem custo mais alto e pode ser
utilizada por 24 horas depois de aberta.

A alimentação enteral deve ser prescrita pelo médico ou nutricionista e a sonda


deve ser colocada pela equipe de enfermagem. A fixação externa da sonda pode ser
trocada pelo cuidador, desde que tenha cuidado para não deslocar a sonda. Para fixar
a sonda é melhor utilizar esparadrapo antialérgico, mudando constantemente o local
de fixação, assim se evita ferir a pele ou as lergias.

O cuidador deve seguir os seguintes cuidados quando a pessoa estiver


recebendo a dieta enteral:

• Antes de dar a dieta coloque a pessoa sentada na cadeira ou na cama, com as


costas bem apoiadas, e a deixe nessa posição por 30 minutos após o término da
alimentação. Esse cuidado é necessário para evitar que em caso de vômitos ou
regurgitação, restos alimentares entrem nos pulmões.

• Pendure o frasco de alimentação enteral num gancho, prego ou suporte de


vaso em posição bem mais alta que a pessoa, para facilitar a descida da dieta.

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• Injete a dieta na sonda lentamente gota a gota. Esse cuidado é importante
para evitar diarréia, formação de gases, estufamento do abdome, vômitos e também
para que o organismo aproveite melhor o alimento e absorva seus nutrientes.

• A quantidade de alimentação administrada de cada vez deve ser de no


máximo 350ml, várias vezes ao dia; ou de acordo com a orientação da equipe de
saúde.

• Ao terminar a alimentação enteral injete na sonda 20ml de água fria, filtrada


ou fervida, para evitar que os resíduos de alimentos entupam a sonda.

• Para as pessoas que não podem tomar água pela boca ofereça água filtrada
ou fervida entre as refeições, em temperatura ambiente, por meio de seringa ou
colocada no frasco descartável. A quantidade de água deve ser definida pela equipe de
saúde.

• A sonda deve permanecer fechada sempre que não estiver em uso.

• A dieta enteral de preparo caseiro deve ser guardada na geladeira e retirada


30 minutos antes do uso, somente a porção a ser dada.

• A dieta deve ser dada em temperatura ambiente, não há necessidade de


aquecer a dieta em banho-maria ou em microondas.

Fique Atento: Se a sonda se deslocar ou tiver sido retirada acidentalmente, não


tente recolocá-la, chame a equipe de saúde.

Para o preparo e administração de dieta enteral alguns cuidados de higiene são


muito importantes:

• Lave o local de preparo da alimentação com água e sabão.

• Lave bem as mãos com água e sabão antes de preparar a dieta.

• Pese e meça todos os ingredientes da dieta, seguindo as instruções da equipe


de saúde.

• Utilize sempre água filtrada ou fervida.

• Lave todos os utensílios com água corrente e sabão.

• Lave com água e sabão o equipo, a seringa e o frasco e enxágue com água
fervendo.

Uma maneira simples de verificar se a nutrição enteral está ajudando na


recuperação da pessoa é observar frequentemente se ela está mais disposta, se o

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aperto de mão é mais firme e se consegue caminhar um pouco mais a cada dia. Caso a
pessoa esteja inconsciente, o cuidador pode verificar se a pele está mais rosada, e
menos flácida, se os músculos estão ficando mais fortes. Sempre que for possível é
bom pesar a pessoa.

Fonte: Guia prático do cuidador / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008.

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