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Alimentação do idoso

Módulo 11: Prática de Enfermagem IV -


Enfermagem em Saúde Mental e
Enfermagem Geriátrica

Curso de Enfermagem Geral


Alimentação do idoso

 Factores que afectam os hábitos alimentares


nesta faixa etária;
 Défices e hábitos nutricionais errôneos cometidos
ao longo da vida;
 Qualidade da alimentação oferecida ao utente
idoso;
 Hidratação do utente idoso.

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Objectivos de aprendizagem
 Ao final desta sessão os estudantes
deverão ser capazes de:
 Citar fatores que afetam os hábitos
alimentares de idosos;
 Identificar hábitos nutricionais
errôneos ao longo da vida para o
idoso;
 Descrever os passos da qualidade da
alimentação para o idoso;
 Compreender as particularidades da
hidratação no idoso.

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Introdução
 A alimentação do idoso deve atender aos mesmos
objectivos que na vida adulta; No entanto, esta
adquire especial importância nesta etapa de vida,
porque o envelhecimento, apesar de ser um
processo normal e fisiológico, acarreta alterações
no organismo que podem modificar as
necessidades nutricionais e o estado nutricional
(JACOB, 1998).
 Destacam-se neste grupo, duas questões
relevantes: de um lado a presença de magreza e,
de outro, o excesso de peso, ambos podendo estar
associados às carências nutricionais.

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Factores que afectam os hábitos
alimentares do idoso
 A mastigação e a deglutição
podem estar comprometidas
devido a alterações na
cavidade bucal, ausência
parcial ou total dos dentes,
uso de próteses e
diminuição da das papilas
gustativas e da secreção
salivar. Saúde oral precária

Tais alterações podem diminuir o consumo de certos tipos de


alimentos, como carnes, frutas, legumes e verduras crus, o
que poderia gerar uma ingestão inadequada de fibras,
vitaminas e minerais.
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Factores que afectam os hábitos
alimentares do idoso
 As alterações na visão, paladar, olfato, audição e
tato podem estar presentes levando à perda de
apetite e contribuindo para uma ingestão menor
de alimentos.
 A digestão também pode ser prejudicada pela
diminuição dos movimentos peristálticos, da
secreção de ácido clorídrico, de enzimas
digestivas, do fator intrínseco e de sais biliares,
principalmente de gorduras, dificultando a
absorção de nutrientes.

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Factores que afectam os hábitos
alimentares do idoso
 Quanto aos aspectos sociais e psicológicos,
destacam-se a viuvez, a solidão, a pobreza ou
dificuldade financeira, que, somadas às
dificuldades de movimento ou de locomoção,
podem interferir na compra e no preparo de
alimentos e, conseqüentemente, no seu consumo.

Esse aspecto é relevante


em Moçambique.

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Factores que afectam os hábitos
alimentares do idoso
 A perda de papéis sociais, associada à perda do
poder aquisitivo, em que parte dos recursos é
utilizada para a compra de medicamentos, devido
à presença simultânea de diversas doenças, pode
levar à aquisição de alimentos mais baratos e de
mais fácil preparo, geralmente ricos em
carboidratos e gorduras.

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Factores que afectam os
hábitos alimentares do idoso
 Alteração da composição corporal associada à
diminuição da atividade física leva à diminuição
das necessidades energéticas.
 A massa magra declina com o envelhecimento,
principalmente depois de 65 anos para homens e
75 para mulheres, havendo proporcional aumento
da massa gorda (TAVARES, 1997).

A actividade física é
indispensável à saúde do
idoso

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Défices e hábitos nutricionais
errôneos ao longo da vida;
 Os principais erros alimentares incluem:
 Alimentação rica em carboidratos e gorduras
(são mais saboras e de menor custo);
 Alimentação hipersódica;
 Horários irregulares das refeições;
 Deficiência no número de refeições/dia;
 Consumo exagerado de alimentos na mesma
refeição;
 Baixa ingesta de alimentos ricos em fibras;
 Substituição de alimentos naturais pelos
alimentos industrializados.
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Cuidado alimentar do idoso
 A quantidade de alimentos por refeição deve ser
menor para facilitar a digestão, já que os
processos digestivos estão mais lentos.
 Deve-se evitar jejuns prolongados e excesso de
alimentos em uma única refeição.
 A regularidade de horário das refeições faz-se
necessária, sendo indispensáveis o desjejum, o
almoço, o lanche e o jantar.

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Cuidado alimentar do idoso
 A alimentação
diária deve ser
bem variada
(colorida),
contemplando os
diferentes grupos
de alimentos,
agradável a
todos os órgãos
dos sentidos, a
fim de despertar
o apetite e o
prazer de comer.

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Cuidado alimentar do idoso
 Devem ser respeitados os hábitos e preferências
do idoso, desde que não prejudiquem à saúde.
 O consumo de sal, açúcar, doces, gorduras,
alimentos e temperos industrializados deve ser
moderado, para prevenir doenças ou complicações
das mesmas quando existentes.

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Cuidado alimentar do idoso
 O consumo de alimentos ricos em
fibras (Frutas, Legumes e Verduras
- FLV) e cereais integrais deve ser
enfatizado, pois são nutritivos e
evitam a constipação intestinal.
 Caso a função mastigatória esteja
comprometida, a consistência das
preparações deve ser em forma de
papas, purês ou de alimentos bem
cozidos.

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Cuidado alimentar do idoso
 Os alimentos ricos em cálcio, como leite e
derivados, de preferência com pouca gordura,
também devem ter seu consumo incentivado,
assim como a atividade física e a exposição ao sol
em horários apropriados e com proteção da pele.
 Deve-se evitar a ingestão de bebidas adoçadas e
refrigerantes.

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Cuidado alimentar do idoso
 Alguns idosos com
tremores, por exemplo,
não conseguem levar o
alimento até a boca.
 Primeiro devem ser
realizadas
improvisações para que
o mesmo supere essa
limitação.
 Em último caso,
alimentá-lo com
paciência, estimulando a
boa mastigação.
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Qualidade da alimentação do
idoso
 Em relação à alimentação saudável do idoso, sem
doenças que requeiram cuidados alimentares
específicos, uma orientação adequada pode ser
trabalhada por meio dos "Dez Passos para uma
Alimentação Saudável“, adaptada.
 1º passo: faça pelo menos 3 refeições (café da
manhã, almoço e jantar) e 2 lanches saudáveis
por dia. Não pule as refeições!

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Qualidade da alimentação do
idoso
 2º passo: inclua diariamente 6 porções do grupo
dos cereais (arroz, milho e trigo pães e massas),
tubérculos como a batata, raízes como mandioca/
macaxeira, nas refeições. Dê preferência aos grãos
integrais e aos alimentos naturais.
 3º passo: coma diariamente pelo menos 3 porções
de legumes e verduras como parte das refeições e
3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e
lanches;
 4º passo: coma feijão com arroz todos os dias ou,
pelo menos, 5 vezes por semana. Esse prato
brasileiro é uma combinação completa de
proteínas e bom para a saúde.
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Qualidade da alimentação do
idoso
 5º passo: consuma diariamente 3 porções de leite
e derivados e 1 porção de carnes, aves, peixes ou
ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a
pele das aves antes da preparação torna esses
alimentos mais saudáveis!
 6º passo: consuma, no máximo, 1 porção por dia
de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina
 7º passo: evite refrigerantes e sucos
industrializados, bolos, biscoitos doces e
recheados, sobremesas doces e outras guloseimas
como regra da alimentação. Coma-os, no máximo,
2 vezes por semana.

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Qualidade da alimentação do
idoso
 8º passo: diminua a quantidade de sal na comida
e retire o saleiro da mesa.
 9º passo: beba pelo menos 2 litros (6 a 8 copos)
de água por dia. Dê preferência ao consumo de
água nos intervalos das refeições.
 10º passo: torne sua vida mais saudável. Pratique
pelo menos 30 minutos de atividade física todos os
dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.

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Orientações que favorecem a
hidratação do idoso
 Oferecendo e estimulando a ingestão de pelo menos
6 copos de 200 ml de água, ou, 12 copos de 100 ml
ao dia;
 Na recusa à água, substituir por chá de frutas (chá de
ervas pode interagir com medicamentos);
 Oferecer suco natural, fruta amassada, picada,
liquidificada ou cozida (a fruta é rica em líquidos);
 Oferecer leite (o idoso costuma aceitar bem);
 Se o idoso apresentar disfagia (dificuldade de
deglutição) e necessitar de líquidos espessados,
acrescente banana , mamão ou abacate aos suco de
frutas natural ou leite (vitamina). Ofereça na
consistência de creme
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Hidratação do idoso
 A água é fundamental à saúde e à vida; 90% do corpo
do RN é constituído de água; 70% do corpo do
adolescente; 60% do corpo do adulto; e 50% do corpo
do idoso (60 anos). Isso faz parte do processo natural
de envelhecimento.
 O sangue, que é responsável pelo transporte de
nutrientes até as células,ou seja, vital para o
funcionamento do corpo, é líquido, consequentemente,
riquíssimo em água.
 Quanto ao consumo de líquidos, é importante o idoso
beber em média de 6 a 8 copos de água ou outros
líquidos por dia, para manter uma boa hidratação e
evitar quadros de desidratação e de constipação
intestinal.

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Hidratação do idoso
 Só há uma via de “entrada” de água no corpo: a
boca.
 Ao ser ingerida, a água é absorvida pelo intestino
e enviada para todas as partes do corpo;
entretanto, há várias formas de saída:
 Após a filtração dos rins, pela urina;
 No bolo fecal;
 Pelo suor, a respiração.
 Todas essa vias de “saída” são constantes, daí a
necessidade de beber 1,5 a 2 litros de água por
dia, ou, para ser mais específico em idosos, 30 ml
de líquidos por quilo de peso.

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Hidratação do idoso
 O Prof. Arnaldo Lichtenstein afirma:
 “Sempre que dou aula de Clínica Médica a
estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a
pergunta:
“Quais as causas que mais fazem o idoso ter
confusão mental?”
Alguns arriscam: “Tumor na cabeça”.
Eu digo: “Não”.
Outros apostam: “Mal de Alzheimer”.
Respondo, novamente: “Não”. A cada negativa a
turma espanta-se. E fica ainda mais boquiaberta
quando enumero as três causas mais comuns:
diabetes descontrolado; infecção urinária;
desidratação”.

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Hidratação do idoso
 Segue o Prof. Arnaldo Lichtenstein
 “A família passou um dia inteiro fora, enquanto
os idosos ficaram em casa. Parece brincadeira,
mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem
sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando
falta gente em casa para lembrá-los,
desidratam-se com rapidez. A desidratação
tende a ser grave e afeta todo o organismo”.
 “Pode causar confusão mental abrupta, queda
de pressão arterial, aumento dos batimentos
cardíacos (“batedeira”), angina (dor no peito),
coma e até morte. Insisto: não é brincadeira”.

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Hidratação do idoso
 No idoso, a desidratação se faz presente mais
frequentemente, pois o mecanismo da sede está,
muitas vezes, deficiente.
 O fato de não sentir sede, mesmo desidratados,
faz com que idosos não procurem beber água.
 Essa deficiência na sensação de sede pode dar
impressão de que o idoso não precisa de tanta
água como quando era jovem, isso não é verdade,
não há uma diminuição da necessidade da água
com o avançar da idade.

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Hidratação do idoso
 Há sensores de água em várias partes do corpo.
Estes verificam a adequação do nível.
 Quando o nível de água cai, aciona-se
automaticamente um “alarme”, pois pouca água
significa menor quantidade de sangue, de oxigênio
e de sais minerais em nossas artérias e veias. Por
isso, o corpo “pede” água. A informação é passada
ao cérebro, a pessoa sente sede e busca tomar
líquidos. Nos idosos, porém, esses mecanismos
são menos eficientes.

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Hidratação do idoso

 Portanto, idosos desidratam-se facilmente não


apenas porque possuem reserva hídrica menor,
mas também porque percebem menos a falta de
água em seu corpo.
 Além disso, para a desidratação ser grave, eles
não precisam de grandes perdas de água, como
diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol.
Basta o dia estar quente ou a humidade do ar
baixar muito. Nessas situações, o idoso perde
mais água pela respiração e pelo suor, merecendo
cuidados.

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