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Suporte nutricional e doenças

gastrointestinais no idoso
Disciplina: Atenção Domiciliar do Adulto e
Idoso
Conteúdos:
Suporte Nutricional / Disfagia / Desidratação / Inapetência /
Constipação

Objetivos:
Aprender os cuidados ligados a disfagia, desidratação, inapetência
e constipação no idoso.
“Que o teu alimento seja o teu remédio, e que o teu remédio
seja o teu alimento”
- Hipócrates
Alimentação e saúde
A alimentação está inserida em nosso
cotidiano desde o nascimento, associada
a momentos de prazer e de socialização.
O ato de se alimentar é muito
importante para o bem-estar do idoso,
principalmente para os que estão em
situação de fragilidade.

A alimentação acompanha o ser humano


em todas as fases da vida.
Alimentação e saúde
Envelhecimento, alimentação e nutrição
Quando o corpo envelhece, a acuidade
sensorial (visão, audição, olfato, gustação
e tato) diminui, aumentando a dificuldade
na capacidade de mastigar, engolir e
digerir os alimentos, além da função
intestinal ficar mais lenta.

O sistema gastrointestinal sofre várias


alterações com o envelhecimento.
Envelhecimento, alimentação e
nutrição
A pessoa idosa apresenta risco de
subnutrição, diminuição da massa
magra e aumento da gordura.

A perda de peso é comum na velhice.


Orientações para alterações gustativas e olfativas
● Aumentar o uso de temperos
naturais, como alho, cebola, cheiro
verde, louro entre outros;
● Espremer algumas gotas de limão
na comida;
● Consumir frutas inteiras, de
preferência as maduras.

Escolha temperos naturais para realçar o


sabor dos alimentos.
Orientações para alterações na saliva
● Consumir pequenas quantidades de
suco de limão sem açúcar antes das
refeições, pois alimentos azedos
estimulam a produção de saliva;
● Chupar gelo, borrifar água dentro da
boca ao longo do dia;
● Consumir alimentos com bastante
caldo ou molho;
● Comer frutas mais secas (banana,
maçã, pêra).
Algumas estratégias podem ser utilizadas
para estimular a produção de saliva.
Orientações para alterações gástricas
Realizar de cinco a seis refeições por dia;
Reduzir o volume de comida nas principais
refeições;
Refeições ricas em fibras podem retardar
o esvaziamento gástrico;
Não beber líquidos durante as principais
refeições;
Comer devagar, em local tranquilo e
mastigar bem os alimentos.
É importante reduzir o volume de comida
e manter uma alimentação saudável.
Ovo: vilão ou mocinho?
O mito do ovo
Além de ser fonte de proteína, contém outros
nutrientes, como vitaminas e minerais;
Acreditava-se que ele deveria ser evitado para
prevenir doenças cardíacas, por conta da sua
elevada quantidade de colesterol;

Ovos são aliados da saúde.


O mito do ovo
Pesquisas apontam que o consumo de um ovo por dia
não aumenta os níveis de colesterol sanguíneo nem
gera risco cardiovascular.
Estado nutricional do idoso: como acompanhar?
Estado nutricional do idoso: como acompanhar?
Com o envelhecimento, a quantidade de
massa muscular e de água diminuem.
Os idosos podem desenvolver a
sarcopenia, um tipo de desnutrição que
causa alteração muscular,
comprometendo o desempenho físico,
mas nem sempre aparentam magreza ou
desnutrição.

Sarcopenia causa diminuição da massa muscular.


Sintomas da sarcopenia
Estado nutricional do idoso: como
acompanhar?
É importante acompanhar as seguintes medidas:
● peso;
● altura;
● circunferência da panturrilha e da cintura.

A saúde do idoso deve ser


acompanhada de perto.
Estado nutricional do idoso: como
acompanhar?
● É esperado que haja um aumento do Índice de Massa
Corporal (IMC) devido ao aumento progressivo de gordura
corporal, redução da atividade física e alterações endócrinas;
● Existe outra classificação de IMC para a pessoa idosa.
Índice de Massa Corporal (IMC)
IMC: como calcular?
Essa é a forma mais popular e simples de
calcular a adiposidade corporal:
● divida o peso do paciente (em
quilogramas) pela altura (em
metros) elevada ao quadrado.

Fórmula do IMC.
Alimentação do idoso
Deve ser composta de alimentos naturais
ou minimamente processados;
Possuir poucas quantidades de açúcar,
óleo e sal;
Os alimentos processados podem fazer
parte da alimentação em pequena
quantidade;
Os ultraprocessados não devem ser
consumidos;
As porções devem ser pequenas e com
alimentos saudáveis.
Alimentação do idoso
Hidratação: o idoso não sente sede
devido às alterações decorrentes do
envelhecimento. É muito importante
observar a ingestão diária de água que
deve ser de 30 ml por kg do peso atual.
Por exemplo: 60 kg = 1800 ml/dia;
Indicações: água mineral, água de coco,
sucos naturais, chás (de 8 a 10 copos/dia);

A hidratação é muito importante em


qualquer idade.
Alimentação do idoso
Fibras: aveia, frutas, legumes e verduras;

As fibras contribuem para o bom funcionamento


do organismo.
Alimentação do idoso
Massas, pães, cereais e arroz (integrais)
são fontes de carboidrato (energia);

Os carboidratos são excelentes fontes de energia.


Alimentação do idoso
Leite e derivados são fontes de proteína,
que servem para a construção e
manutenção de células e tecidos. Além
disso, são importantes fontes de cálcio,
que ajuda a prevenir a osteoporose;

Fontes de proteína são importantes na


alimentação do idoso.
Alimentação do idoso
Hortaliças, frutas e legumes são fontes de
vitaminas, minerais e fibras, que auxiliam
no funcionamento do intestino;

A ingestão de frutas oferece benefícios para o


nosso organismo.
Alimentação do idoso
Carnes, ovos e grãos são fontes de proteína.

Os alimentos fontes de proteína não podem faltar


na alimentação da pessoa idosa.
Alimentação do idoso: cuidados especiais
Devem ser oferecidas cinco refeições diárias;
As refeições devem ser feitas junto à família
ou com amigos;
Incentivar o consumo de proteínas;
Sempre que possível, expor ao sol para
absorver vitamina D. Caso não seja possível,
o uso de suplementação deve ser avaliado.

A exposição ao sol é de extrema importância.


Alimentação do idoso: o papel do
técnico de enfermagem
É atribuição do técnico executar atividades de assistência de
enfermagem aos idosos, como alimentá-los ou auxiliá-los
nessa tarefa.
Dentre esses cuidados, a equipe de enfermagem deve:
● ofertar pelo menos três refeições (café da manhã,
almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia;
Alimentação do idoso: o papel do técnico de enfermagem
● monitorar o estado nutricional do
idoso, avaliando seu ganho e perda
de peso e seu estado de hidratação;
● identificar precocemente os
distúrbios alimentares, levando o
idoso para uma avaliação médica e
nutricional;
● incentivar a participação familiar
durante esses cuidados e refeições
do idoso;
Alimentação do idoso: o papel do
técnico de enfermagem
● administrar, conforme a orientação médica, os remédios
e suplementos prescritos;
● reconhecer os alimentos prediletos e os mais rejeitados
pelo idoso, organizando as suas refeições sem deixar de
garantir uma diversidade nutricional;
Alimentação do idoso: o papel do técnico de enfermagem
● ofertar uma hidratação adequada,
com cerca de 1,5 a 2 litros de água
por dia;
● acompanhar os sinais e sintomas
apresentados pelos idosos.
Lembre-se que a equipe de enfermagem
atua em diversos ambientes de cuidados e
precisa saber ofertar os nutrientes aos
pacientes por via oral, enteral e
parenteral.
Possíveis distúrbios no sistema gastrointestinal
Disfagia ou engasgo
É quando um alimento sólido, pastoso ou
líquido entra nas vias respiratórias,
podendo ocasionar aspiração e
sufocamento.

Engasgos podem se tornar um problema sério.


Disfagia ou engasgo

Sinal de alerta para o risco de aspiração

Não é normal da idade


Disfagia ou engasgo: o que fazer?
Cuidados na disfagia ou engasgo
● Posicionar o idoso assentado à 90 graus;
● Ofereça comida em pequenas quantidades,
somente se o idoso estiver acordado ou alerta.
Observe se há alimentos na boca antes de
oferecer mais;
● Respeitar o tempo do idoso;
● Evitar alimentos secos;
● Fazer higiene oral a cada refeição.
Cuidados na disfagia ou engasgo
É fundamental termos um acompanhamento de uma
equipe multiprofissional nesses quadros, que incluem:
a enfermagem, a equipe médica, nutricionistas e
fonoaudiólogos.
O tipo e o modo de ofertar os alimentos podem
contribuir para a disfagia e engasgos, portanto
devemos nos aconselhar sobre esses cuidados.
Inapetência: cuidados com a perda de apetite
Inapetência: cuidados com a perda de apetite
Pode ocorrer devido ao uso contínuo de
medicamentos, que também causam
desconforto gástrico;
Alimentos que fornecem grande
quantidade de nutrientes devem ser
incluídos na dieta e oferecidos em
pequenas porções;

O profissional de enfermagem deve saber quais


são as estratégias para evitar a recusa alimentar.
Inapetência: cuidados com a perda de
apetite
Suplementação nutricional pode ser necessária;
Ao observar sinais de desnutrição como perda de
apetite, de peso e fraqueza, o médico e o nutricionista
precisam ser consultados.
Inapetência: cuidados com a perda de
apetite
Não se esqueçam que como Técnicos de Enfermagem
devemos seguir as orientações e prescrições do
Enfermeiro e da equipe multiprofissional.
É ideal que o paciente nesse quadro siga acompanhado
por um nutricionista, que irá ajustar a dieta de acordo
com a necessidade do paciente.
Desidratação
Desidratação
A desidratação é caracterizada pela baixa
concentração de água e sais minerais no
corpo, e a maioria dos sintomas são os
mesmos para jovens e idosos.
Em casos leves e moderados, o idoso
costuma se queixar de cefaleia, vertigem,
cansaço, fraqueza, sonolência, boca seca,
oligúria, taquicardia, câimbras e turgor
diminuído.

Turgor diminuído.
Desidratação
Nos quadros graves, a desidratação provoca sede intensa, aurina,
taquipneia, alteração do nível de consciência, convulsões,
hipotensão e pele fria e úmida.
Caso não seja tratada, a desidratação pode levar à morte.
Desidratação
Nos idosos, particularmente, a
desidratação pode gerar um maior risco
de quedas, infecções no trato urinário,
doenças pulmonares, pedras nos rins,
constipação e alteração de
comportamento, como irritação, agitação,
apatia e confusão mental.
Desidratação: cuidados com os idosos
A ingestão de água deve ser a mesma para jovens e
idosos, entretanto, os mais velhos tendem a ingerir
menos do que o necessário por motivos de:
● menor capacidade de detectar sede;
● deficiência da memória;
● diminuição da mobilidade;
● doenças e uso de medicamentos que resultam em
menor ingestão e maior perda de líquidos.
Desidratação: cuidados com os idosos
Para que os idosos se mantenham hidratados, é
muito importante:
● lembrar e incentivar a ingestão de água e
outros líquidos;
● oferecer líquidos de sua preferência em
copos agradáveis e seguros;
● oferecer alimentos ricos em água, como
sopas, picolés, gelatinas e outros;
Desidratação: cuidados com os idosos
● disponibilizar o uso de sanitários a qualquer momento;
● usar técnicas que facilitam o consumo de água, como
canudos, seringas ou copos com bicos, caso o idoso
apresente dificuldades de ingestão;
● aumentar um pouco a ingestão de líquidos nas épocas mais
quentes, como durante o verão;
Desidratação: cuidados com os idosos
● evitar atividades físicas nos horários
mais quentes do dia;
● recomendar o uso de roupas leves, o
que vai diminuir a perda de líquido
pelo suor.
Em caso de aumento da perda de líquido,
como na diarreia, a ingestão de água,
sucos naturais e água de coco é
fundamental. Além disso, o soro caseiro
também pode ser uma alternativa.
Constipação
Características
● Diminuição da frequência de
evacuações;
● Esforço para evacuar;
● Diminuição do volume fecal;
● Endurecimento anormal das fezes;
● Sensação de plenitude abdominal.

A constipação pode causar dor.


Sintomas
● Menos de três evacuações por semana;
● Distensão abdominal;
● Dor ao evacuar.
Complicações
Passar muito tempo sem evacuar pode originar
fecaloma, uma massa de fezes endurecida e seca
acumulada no reto ou na porção final do intestino;
Procedimentos cirúrgicos podem ser necessários para
retirar o fecaloma.
Constipação: cuidados de enfermagem
● Incentivar a escolha de um horário
para evacuar;
● Estimular à prática de atividades
físicas;
● Aumentar a ingestão de líquidos;
● Evitar a ingestão de alimentos
constipantes, como massas com
farinhas refinadas, batata, goiaba,
caju etc;

Bons hábitos refletem na saúde intestinal.


Constipação: cuidados de enfermagem
● Aumentar o consumo de alimentos
laxativos, como mamão e ameixa;
● Evitar uso de medicamentos
laxativos.

Bons hábitos refletem na saúde intestinal.


Alimentação e saúde
A alimentação trata-se de um cuidado contínuo, que
está diretamente ao bom estado de saúde dos idosos.
Antes de apresentar déficits nutricionais, devemos
realizar o acompanhamento periódico do paciente, com
consultas de rotina e um aconselhamento nutricional.
Alimentação e saúde
A equipe de enfermagem é responsável,
também, por essas avaliações e
monitoramento.
Dessa forma contribuímos com toda a
equipe de enfermeiros, médicos e
nutricionista, que cuidam dos desses
pacientes.
Você se sente preparado para prestar
assistência à pessoa idosa?
Materiais Complementares
CELANO R. M. G.; LOSS S. H., NEGRÃO R. J. N. Terapia Nutricional
para Pacientes na Senescência (Geriatria). Associação Médica
Brasileira, São Paulo, 2011. Disponível em:
https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/terapia_nutricional_pa
ra_pacientes_na_senescencia_geriatria.pdf. Acesso em: 24 maio
2022.
Referências Bibliográficas
MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE;
DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Guia alimentar para a
população brasileira. Ministério da Saúde, Brasília, 2. ed., 2014.
FEIJÓ, A. V.; RIEDER, C. R. M. Distúrbios da deglutição em idosos.
Revinter, Rio de Janeiro, 2004.

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