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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

CAMPUS BAIXADA SANTISTA


CUIDADO NUTRICIONAL DO ADULTO E IDOSO II

ESTUDO DE CASO DII


(DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL)

Alunas: Ana Beatriz Moura Rocha, Kauany Dandara de Carvalho, Larissa Araújo
Valdivino, Luana Tiharu Doi, Thaís Virgínia Marques de Abreu

HPMA

B.F.E, sexo feminino, 20 anos, sedentária, trabalha em um escritório de


advocacia e, é tabagista há 2 anos (20 cigarros/dia). Aos finais de semana sai
com os amigos e consome grande volume de bebida alcoólica (cerveja).
No início do ano de 2020 começou a apresentar diarreia (4 a 5 episódios/dia),
dor abdominal e emagrecimento (perdeu até o momento 7 Kg) sem fazer dieta
restritiva. Há poucos dias observou a presença de lesões perianais com
presença de sangramento e dor local.
Após consulta com o gastroenterologista e realização de exames, recebeu o
diagnóstico de doença inflamatória intestinal.

Antropometria:

Peso atual = 60 Kg
Estatura = 1,70 m

Avaliação Bioquímica (exames realizados em dezembro de 2020)

Variável Valor encontrado

Proteínas totais 6,5 mg/dL

Albumina 3,2 g/dL

Glicemia 83,0 mg/dL

Leucócitos 5850/mm3
Linfócitos 1590/mm3

Hemoglobina 9,9 g/dL

Hematócrito 32,1 %

Proteína C-reativa (PCR) 107 mg/dL

Alimentação Habitual

B.F.E realiza suas refeições, habitualmente em casa, preparadas por sua mãe.
Suas preferências alimentares são frituras, refrigerantes, pizza e chocolates;
Utiliza catchup como condimento na maioria dos alimentos que consome. Sua
ingestão de líquidos por dia é em torno de 750mL.

Medicação
Há 15 dias está fazendo uso de Mesalazina 800mg de 8/8 h e Omeprazol
(1x/dia).

Pergunta-se:

1) Qual (is) é (são) a (s) hipótese (s) diagnósticas clínica (s) nutricional
(is)? Justifique sua resposta.

- Doença de Crohn - A paciente tem lesões perianais


- Anemia
- Hipoproteinemia (hipoalbuminemia)

2) Qual é a hipótese diagnóstica do estado nutricional da paciente?


Justifique sua resposta.
Desnutrição

IMC= 67/1,70²= 23,18


IMC= 60/1,70²= 20,76 kg/m²

Tanto no peso anterior quanto no peso atual, ela apresentava IMC considerado
ideal, segundo o OMS, porém houve perda de peso não desejada de 7 kg,
portanto:

Porcentagem de perda de peso ponderal recente (PPR):


% PPR= 67 - 60 x 100 = 22,55%
67

Classificação: risco aumentado para desnutrição

Adequação de peso:
% Peso usual= 60 x 100= 89,55%
67

Classificação, segundo ASPEN (1993):


Entre 85 e 95%: Desnutrição leve

3) Quais são as necessidades nutricionais da paciente?

Energia:
GET = 25 a 30 Kcal/Kg(peso atual)/dia
Proteína:
2,0 g/Kg/dia em casos de desnutrição ou sepse

Carbo:
Fase aguda> isenta de lactose, controle de mono e dissacarídeos, rica em
fibras solúveis, pobre em fibras insolúveis, fracionada, hipercalórica,
hiperprotéica, hipolipídica

Lipídio:
20% calorias totais (hipolipídica)

4) Qual deve ser a prescrição dietética para essa paciente? Existe


interação droga-nutriente? Explique sua conduta dietética.

Interação droga- nutriente:


- Mesalazina: Compete com absorção de ácido fólico. Pode causar
desconforto gástrico, náuseas, vômitos e perda de apetite. Deve ser
ingerida com alimentos para minimizar as alterações gastrointestinais.
- Omeprazol: Sua ação pode potencializar a ação da mesalazina.

Vias de Administração:
A orientação dietética por via oral só é recomendada nos casos em que o
indivíduo se encontra na fase de remissão da doença, para a fase aguda, o
recomendado é seguir a nutrição enteral (NE) ou nutrição parenteral (NP).

A NPT só é indicada em casos de:

I. Crises graves quando não se consegue controlar com a medicação


habitual e necessidade de repouso intestinal;
II. Pacientes gravemente desnutridos que não conseguem a recuperação do
estado nutricional com outras modalidades de suporte nutricional;
III. Pré e pós-operatórios;
IV. Presença de fístulas intestinais;
V. Retardo acentuado do crescimento, sem resposta a outros métodos

Portanto, será seguido com a NE, visto que suas indicações são corrigir ou evitar
desnutrição e promover crescimento; terapia primária para dç Crohn em
atividade; suporte nutricional a longo prazo na SIC. Sendo o caso da paciente em
questão, e suas vantagens são de:
I. diminuição da carga antigênica da dieta;
II. presença de nutrientes moduladores da resposta inflamatória e melhora
da defesa imunológica;
III. evita a atrofia da mucosa intestinal;
IV. custo inferior à NP; pode ser realizada em domicílio;
V. paciente pode desenvolver suas atividades diárias

Deve-se evitar alimentos fermentativos, como:

Brócolis, couve, couve-flor, repolho, nabo, cebola crua, pimentão verde,


rabanete, pepino, batata doce, grão de leguminosas (feijão, ervilha, grão de bico,
lentilha), melão, abacate e melancia, ovo cozido ou frito, sementes oleaginosas
(nozes, castanhas, amendoim, castanha de caju), bebidas gasosas, doces
concentrados, etc.

Terapia nutricional Imunomoduladora:

Para uma melhora clínica e nutricional, deve-se apostar em uma dieta que
contenha nutrientes imunomoduladores, esses nutrientes atuam modulando a
resposta inflamatória, diminuindo-a e mantendo a integridade da mucosa
intestinal. Dentre os nutrientes utilizados nessas dietas e capazes de modular o
sistema imunológico temos a arginina, os ácidos graxos de cadeia curta (acetato,
propionato e butirato) ômega-3, glutamina, prebióticos e antioxidantes (vitamina
E e C). Estudos (MARCOS et al., 2015; ZHANG et al., 2017) citam que a esses
nutrientes, como os ácidos graxos ômega-3, um dos principais nas fórmulas de
imunonutrição, modulam a inflamação e as reações imunológicas nos tecidos,
juntamente da arginina, que não apenas regula positivamente a função
imunológica, mas melhora o equilíbrio do nitrogênio em pacientes em condições
metabólicas, assim como a glutamina, um aminoácido livre abundante no corpo e
desempenha um papel vital na integração da função de barreira intestinal, juntos,
esses nutrientes podem reduzir complicações infecciosas, encurtar a internação
hospitalar e melhorar o prognóstico em certos pacientes, incluindo aqueles
submetidos a cirurgia gastrointestinal.

5) Proponha um esquema alimentar de 24h para essa


paciente.

Refeições Preparação Medida Caseira

Café da Manhã Suco de laranja coado 1 copo de requeijão - 200ml


Pão Francês 1 unidade
Geléia 1 colher de sobremesa

Lanche Manhã Pêra sem casca 1 unidade

Almoço Feijão cozido sem caldo 1 concha


Arroz branco cozido 2 escumadeiras
Cenoura sem casca bem cozido 3 colheres de sopa
Chuchu sem casca bem cozido 3 colheres de sopa
Carne de boi magra grelhada 1 bife

Lanche da Salada de frutas:


Tarde Banana 1 unidade
Maçã sem casca 1 unidade
Goiaba sem casca e sem caroço 1 unidade

Jantar Sopa de inhame (bem cozido) 2 conchas

Ceia Iogurte de soja light 1 unidade comercial


Aveia 1 colher de sobremesa

Referências
MARCOS, Ascensión et al. Inmunonutrición: metodología y aplicaciones.
Nutricion Hospitalaria, [s.l.], n. 3, p.145-154, 26 fev. 2015. GRUPO AULA
MEDICA. http://dx.doi.org/10.3305/nh.2015.31.sup3.8762.

ZHANG, Chengshuo et al. The benefit of immunonutrition in patients undergoing


hepatectomy: a systematic review and meta-analysis. Oncotarget, [s.l.], p.86843-
86852, 16 out. 2017. Impact Journals, LLC.
http://dx.doi.org/10.18632/oncotarget.20045.

CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto e Idoso. 2 ed., Manole. São Paulo, 2014.

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