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Módulo de
Nutrição e Dietética

2021
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COMPONENTE CURRICULAR:
NUTRIÇÃO E DIETÉTICA

 Conceitos básicos da nutrição;


- Pirâmide Alimentar

 Problemas nutricionais de importância em saúde pública;

 Fatores determinantes dos Estados Nutricionais;


- Desnutrição e Obesidade

 Distribuição dos Nutrientes:


- Carboidratos
- Proteínas
- Lipídios
- Vitaminas
- Sais Minerais
- Fibras Alimentares
- Água

 Higiene alimentar;

 Nutrição e Patologias:
- Diabetes Mellitus
- Hipertensão Arterial Sistêmica
- Doenças Renais

 Dietoterapia dos pacientes;

 Nutrição Enteral e Parenteral;

 Nutrição nos ciclos de vida: Gestação e Infância

 Nutrição nos ciclos de vida: Adolescência

 Nutrição nos ciclos de vida: Adulto

 Nutrição nos ciclos de vida: Idoso


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CONCEITOS BÁSICOS DA NUTRIÇÃO

Nutrição é a ciência que estuda os alimentos, seus nutrientes, bem como sua ação, interação e balanço em
relação à saúde e à doença, além dos processos pelos quais o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e
excreta os nutrientes (alimentos e outros materiais nutritivos). A nutrição como uma área clínica está
preocupada basicamente com as propriedades dos alimentos que constroem corpos saudáveis e promovem
a saúde.
Como a boa nutrição é essencial para a boa saúde e para a prevenção de doença, todos os indivíduos
envolvidos na área de saúde precisam ter um conhecimento completo da nutrição e das necessidades
nutricionais do corpo ao longo da vida. E mais, o estudo da nutrição precisa dar ênfase à promoção da saúde.
Alimentação é um ato cultura e social que possuem significados culturais, comportamentais e afetivos.
Está relacionado como fonte de prazer, ritual, uma linguagem simbólico-religiosa na qual os indivíduos
estabelecem as suas preferências e sentidos, essas relações humanas são mediadas pela comida.
Alimentação saudável é uma prática alimentar apropriada aos aspectos biológicos e socioculturais dos
indivíduos, bem como ao uso sustentável do meio ambiente.

ATRIBUTOS BÁSICOS DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL:


• Acessibilidade física e financeira;
• Sabor, variedade, cor;
• Harmonia, quantidade e qualidade;
• Segurança Sanitária;
• Práticas produtivas adequadas e sustentáveis.

LEIS DA ALIMENTAÇÃO:
De acordo com o nutrólogo argentino, Pedro Escudero em 1938, foram estabelecidas quatro leis da alimentação,
são elas: QUANTIDADE, QUALIDADE, HARMONIA e ADEQUAÇÃO.

• 1ª LEI: QUANTIDADE: Cada indivíduo tem a sua quantidade de energia (calorias) que deve consumir
diariamente, essa quantidade não deve ser ultrapassada. Os excessos devem ser evitados, priorizando
sempre consumir a quantidade de calorias recomendada para você.
Características: Cobrir exigências energéticas, manter em equilíbrio o seu balanço de nutrientes;

• 2ª LEI: QUALIDADE: A dieta deve ser composta por alimentos que forneçam todos os nutrientes necessários
ao indivíduo. O princípio dessa lei é alimentar-se com qualidade, suprindo as necessidades de proteínas,
carboidratos, lipídios, vitaminas e minerais diárias.
Características: Plano alimentar com todos os nutrientes e Alimentação saudável “prato colorido”.

• 3ª LEI: HARMONIA: Distribuir de forma harmônica os nutrientes, ingerindo todos os grupos de alimentos.
Comer somente frutas e verduras, por exemplo, não é sinônimo de uma boa alimentação. É preciso somar
todos os alimentos de maneira que possa existir um equilíbrio entre eles para suprir as necessidades
nutricionais.
Características: Proporção dos nutrientes entre si e Biodisponibilidade dos nutrientes.

• 4ª LEI: ADEQUAÇÃO: A dieta deve ser individual. Ela vai se adequar às necessidades de cada indivíduo,
portanto, muito cuidado com as dietas prontas. Sua alimentação deve estar adequada a sua condição
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fisiológica e a sua fase de vida. Por exemplo, a necessidade nutricional de uma gestante é diferente de um
idoso.
Características: Adequação as condições fisiológicas ou patológicas, hábitos alimentares, condições
socioeconômicas, idade, sexo, atividade física.

Nutrientes

Os nutrientes são substâncias ingeridas nos alimentos e possuem funções variadas no organismo.
A nutrição adequada exige que os indivíduos recebam determinados nutrientes essenciais —
carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, minerais e água. Esses nutrientes são necessários para o
crescimento e função adequados; entretanto, o corpo não consegue conduzi-los em quantidade adequada, de
modo que precisam ser obtidos dos alimentos. Além disso, o sistema digestivo precisa funcionar
adequadamente para fazer uso desses nutrientes.
A digestão é o processo pelo qual os alimentos após ingeridos sofre transformações químicas, para
absorção até sua utilização pela célula.
Cada nutriente tem várias funções metabólicas especificas, mas nenhum atua isoladamente. Existem
relações metabólicas estreitas entre todos os nutrientes básicos, assim como com seus produtos metabólicos.

DIETA, DIETÉTICA e DIETOTERÁPIA (conceitos)

• Dieta: do grego (dìaita), “regime da vida”


• Dietética: aplicação prática da ciência da nutrição a indivíduos sadios ou enfermos.
• Dietoterapia: aplicação de dietas especiais com finalidade terapêutica.

NUTRIENTES X FUNÇÃO

REGULADORES – são alimentos cujo sua função é de fornecer elementos que auxiliam as várias funções normais do
metabolismo orgânico como as vitaminas, minerais e fibras alimentares. Estes elementos estimulam e controlam as
trocas e processos nutritivos do organismo.
Ex: frutas, hortaliças, vísceras e cereais integrais. Quando vitaminas lipossolúveis e minerais são consumidas em
excesso podem ocasionar problemas, no entanto, as vitaminas hidrossolúveis são eliminadas através da urina).

CONSTRUTORES – sua função está destinada a formação, ao crescimento e à reparação do órgão desgastado pelo
trabalho (possui função de sustentação). Os alimentos proteicos têm elementos essências a formação de novos
tecidos, reparo e renovação de tecidos desgastados.
Ex: carnes, leite e derivados (quando alimentos ricos em proteínas são consumidos em excesso são depositados no
tecido adiposo sob a forma de ácidos graxos e glicose).

ENERGÉTICOS – quando queimados no tecido por processo metabólico, transformam-se em agua e gás carbônico
liberando energia química que é transformada em energia mecânica e calor. Para manter a temperatura corporal e
o funcionamento dos órgãos o organismo consome energia, mesmo que esteja em jejum ou repouso.
Ex: cereais, açucares, feculentos, mel, cana de açúcar, hortaliças, gorduras e frutas (se consumidos em excesso são
armazenados no fígado e no musculo sob a forma de glicogênio)

10 PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Nº 1: Faça pelo menos cinco refeições (café da manhã, almoço, jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não
pule as refeições.
Nº 2: Aumente e varie o consumo de frutas, legumes e verduras.
Nº 3: Coma feijão com arroz, 4 a 5 vezes por semana.
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Nº 4: Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, embutidos (salsicha,
presunto etc.), frituras e salgadinhos.
Nº 5: Reduza o consumo de sal. Tire o saleiro da mesa.
Nº 6: Reduza o consumo de doces, bolos, biscoitos e outros alimentos ricos em açúcar.
Nº 7: Reduza o consumo de álcool e refrigerante. Evite o consumo diário.
Nº 8: Aprecie a sua refeição. Coma devagar.
Nº 9: Mantenha o seu peso dentro dos limites saudáveis. Veja se seu IMC está entre 18,5 e 24,9 Kg/m².
Nº 10: Seja ativo. Pratique 30 minutos de atividade física todos os dias. Caminhe pelo seu bairro. Suba
escadas. Não passe muitas horas assistindo TV.

PIRÂMIDE ALIMENTAR

É um guia alimentar geral que demonstra como deve ser a alimentação diária para uma população saudável, acima
de 2 anos de idade.
O objetivo deste instrumento é orientar as pessoas para uma dieta mais saudável, visando à promoção da saúde, dos
bons hábitos alimentares e à melhoria do estado nutricional da população.
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PROBLEMAS NUTRICIONAIS DE IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA

Os distúrbios nutricionais são doenças decorrentes da carência de um ou mais nutrientes. As patologias aqui
apresentadas estão relacionadas entre as prioridades da atual Política de Alimentação e Nutrição do Governo Federal.

❖ ANEMIA
É uma condição hematológica, caracterizada por uma concentração anormalmente baixa de hemoglobina
sanguínea.
SINTOMAS:
- Fraqueza;
- Diminuição da capacidade respiratória;
- Tontura;
OBS: especialmente em crianças no período perinatal.

CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA
A classificação baseia-se no:
tamanho das células
• Macrocítica (grande)
• Normocítica (normal)
• Microcítica ( pequena)
Conteúdo de hemoglobina
• Hipocrômica (cor pálida)
• Normocrômica ( cor normal)

Anemia ferropriva:
Caracteriza-se:
• Pela produção de eritrócitos pequenos (microcíticos)
• Pela menor concentração de hemoglobina circulante.
SINTOMAS: Palidez cutaneomucosa, fraqueza, fadiga e tonturas, quadros graves de taquicardia, falta de ar ao
pequenos esforços e má oxigenação tecidual.

Anemia por deficiência de B12 (anemia perniciosa)


Caracteriza-se:
- Macrocítica e megaloblástica;
SINTOMAS: Problemas neurológicos, problemas de pele, diarreia e perda de apetite.

Anemia por deficiência de ácido fólico


Caracteriza-se:
• Espru tropical (inflamação no intestino);
• Afetando mulheres grávidas ocorrendo em bebês cujas mãe apresentam essa deficiência;
• Pode causar defeitos no tubo neural.
SINTOMAS: Diminuição do crescimento e distúrbios gastrintestinais.

Anemia da desnutrição proteico calórica


• Redução das hemácias;
• Redução da demanda de oxigênio na DPC.
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HAVENDO A NECESSIDADE DE MENOS HEMÁCIAS PARA QUE HAJA A OXIGENAÇÃO DESSES TECIDOS

ANEMIA FALCIFORME
• Hemolítica crônica;
• Conhecida também por doença da hemoglobina S;
Caracteriza-se:
• Defeito da síntese de hemoglobina;
• Surgimentos de hemácias em forma de foice;
• Má transporte de oxigênio.

❖ HIPOVITAMINOSES
Hipovitaminose A – é a falta de vitamina A
Caracteriza- se:
• Acometer pessoas com nível social baixo;
• Não tem acesso a alimentação saudável;
• Ingerem quantidade insuficiente de nutrientes;
• Em crianças desencadeia retardo no crescimento;
• Aumento de risco de infecções.
PRINCIPAIS SINTOMAS: Cegueira noturna - Xerose - Xeroftalmia

Hipovitaminose B1– também chamada de tiamina, atua no metabolismo energético de carboidratos.


Provoca uma doença conhecida como beribéri
PRINCIPAIS SINTOMAS: Insônia – Perda de apetite – dificuldade respiratória – edema nos MMII
Sensações cutâneas (formigamentos) - Insuficiência Cardíaca

Hipovitaminose B3 – também chamada de niacina. Provoca uma doença conhecida como pelagra
Acomete principalmente pessoas com dieta pobre em nutrientes.
PELAGRA – conhecida como doença dos três “D”, por causar dermatite, diarreia e demência.

Hipovitaminose C –provoca uma doença conhecida como escorbuto.


SINTOMAS: Palidez, febre, anorexia, hemorragias gengivais, dores MMII e anemias.

Hipovitaminose D – relacionada a manutenção de cálcio e fósforo no organismo.


Provocando deficiência nos ossos e dentes.
RAQUITISMO - é a forma clínica da hipovitaminose D e caracteriza-se pela mineralização inadequada dos ossos.
Quando adulto causa o enfraquecimento dos ossos (osteomalácia).

Hipovitaminose E – em razão do seu alto poder antioxidante, está relacionada com o combate ao estresse
oxidativo. Sua deficiência provoca anemia hemolítica e outros problemas, como deficiência neurológica, diminuição
da imunidade e irritabilidade.

Hipovitaminose K – atua, principalmente, na coagulação do sangue; portanto, sua deficiência está relacionada
com o aumento do tempo de sangramentos sem que haja coagulação, ocasionando, assim, hemorragias.

❖ BÓCIO ENDêMICO:

O bócio é caracterizado pela hipertrofia da glândula tireoide, causada pela ausência de iodo na alimentação.
A principal fonte de iodo é o sal marinho, sendo que ele também é encontrado em alimentos cultivados em
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solo próximo ao mar.


O bócio é considerado endêmico ao atingir 10% dá população em idade escolar de um local. No Brasil, as
regiões endêmicas situavam-se na região Central (Centro-Oeste) e nas áreas rurais muito pobres, pelo fato de se
distanciarem muito da região litorânea. Como forma de controle do bócio, o governo brasileiro estabeleceu
a iodatação obrigatória do sal de cozinha. Populações ainda suscetíveis são aquelas que utilizam o sal grosso
como meio de salga da alimentação, usualmente pessoas de baixo poder aquisitivo que residem em meio rural e
utilizam produtos destinados ao gado para o preparo de sua própria alimentação.
As principais consequências do bócio são: aumento da glândula tireoide, retardo mental, que atinge
desde o feto até o adulto e pode resultar em cretinismo e nanismo, e queda da fertilidade feminina.

FATORES DETERMINANTES DOS ESTADOS NUTRICIONAIS

1. PODER DE COMPRA DA FAMÍLIA:


É o fator mais importante na determinação do estado nutricional. Para isso é necessário aumentar o poder de
compra de alimentos de uma família através de:
- Aumento de sua renda;
- Redução dos preços dos alimentos;
- Redução do preço de outros itens do orçamento do consumidor (que não alimentos), tais como habitação,
escola, saúde, vestuário.

2. EXTESÃO DO SISTEMA DE ATENDIMENTO DE SAÚDE


Mesmo que o indivíduo tenha ingerido a quantidade suficiente de alimentos, o impacto destes sobre o estado
nutricional pode ser reduzido por problemas de saúde;
A exemplo, uma pessoa com infecção intestinal pode ter seu estado nutricional prejudicado pelas consequências
de tal infecção (falta de apetite, perda sanguínea ou redução na absorção de nutrientes).
3. FATORES SOCIAIS E AMBIENTAIS:
Dentre estes fatores pode-se destacar os relativos às condições sociais da família: nível de educação dos pais,
origem destes (é de especial importância no caso de crianças, a origem da mãe) as condições de moradia da
família (o suprimento de serviços básicos de saneamento, como água e esgoto);
4. CRENÇAS MATERNAS SOBRE NUTRIÇÃO E SAÚDE:
Muitas práticas adotadas pela mãe com relação à nutrição de seus filhos são incorretas e podem comprometer
o estado nutricional dessas crianças;
Aspecto importante relativo às práticas maternas de alimentação refere-se à adoção de alimentos sólidos em
substituição ao leite materno;
Em muitos casos, o aleitamento prolonga-se além dos seis meses, sem adequada suplementação;
5. CONTEÚDO NUTRITIVO DOS ALIMENTOS:
Em geral, o alimento em si implica certo valor nutricional, embora diferenças entre grupos de produtos ou
mesmo entre variedades de um mesmo grupo possam ser significantes.
6. DOENÇAS INFECCIOSAS:
Mesmo que a pessoa receba a alimentação adequada, sua eficácia em termos nutricionais pode ser
comprometida devido à presença de infecção gastrointestinal;
A infecção pode prejudicar o estado nutricional, ou mesmo precipitar a desnutrição, de várias formas:
• pode reduzir a ingestão de alimentos através da perda de apetite;
7. PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR:
A alimentação recebida fora de casa, frequentemente via programas governamentais, pode ter influência
(espera-se que positivas) sobre o estado nutricional da população.
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Indivíduos instruindo-se sobre a manutenção da saúde e a prevenção das doenças. Entretanto, a maioria das
pessoas ainda não pratica a quantidade recomendada de atividade física, o que as coloca em maior risco de
desenvolver distúrbios como cardiopatia, diabete e hipertensão. Você faz parte de uma equipe de saúde
responsável pela manutenção da saúde nutricional ótima do paciente, embora ele possa estar lutando contra
uma doença ou se recuperando de uma cirurgia. Também faz parte do seu trabalho enfatizara importância da
boa nutrição na manutenção da saúde e na recuperação da doença, de modo que o paciente possa continuar a
ter bons hábitos nutricionais quando não estiver mais sob seus cuidados.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A avaliação do estado nutricional de um indivíduo pode ser definida como um conjunto de ações e
procedimentos que tem por objetivo diagnosticar a magnitude, a gravidade e a natureza dos problemas
nutricionais.

*Necessidades nutricionais – são as quantidades de energia e de nutrientes biodisponíveis necessários para a


manutenção dos processos vitais.
*Recomendações nutricionais – são estimativas da quantidade de energia e nutrientes dos alimentos
consumidos que satisfazem as necessidades nutricionais da maioria dos indivíduos de uma população sadia.

ESTADO NUTRICIONAL

O estado nutricional de um indivíduo é o equilíbrio entre a ingestão e necessidade de nutrientes influenciados por
diversos fatores, dentre eles:

• Condições econômicas;
• Comportamento alimentar;
• Influências culturais;
• Alteração do apetite;
• Capacidade de consumir e absorver nutrientes adequadamente;
• Estresse fisiológico;
• Processos crônicos ou agudos de doenças;
• Crescimento, gravidez e estresse psicológico.

O consumo adequado e suficiente de nutrientes promove:

• O crescimento e desenvolvimento;

• Atende as necessidades diárias do organismo;

• Previne possíveis agravos à saúde.

Dessa forma, a avaliação do estado nutricional visa:


• Identificar os pacientes em risco nutricional;
• Promover suporte nutricional adequado;
• Monitorar sua evolução.

Uma boa nutrição


A boa nutrição, ou nutrição ótima, é essencial para promover a saúde, evitar a doença e restaurar a saúde
após uma lesão ou doença. Para conseguir uma boa nutrição, é necessário o consumo de uma dieta variada em
carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais, água e fibras em quantidade suficiente. Embora o excesso
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de determinados nutrientes possa ser prejudicial para a saúde do paciente, o consumo dos nutrientes essenciais deve
ser maior que as necessidades mínimas para permitir variações na saúde e na doença e para fornecer depósitos para
serem utilizados mais tarde.

Nutrição insatisfatória
A nutrição insatisfatória, ou desnutrição, é um estado de consumo nutricional inadequado ou excessivo. É
mais comum entre as pessoas que vivem na pobreza — sobretudo aqueles com necessidades nutricionais
maiores, como idosos, gestantes, crianças e lactentes. Essa condição ocorre também nos hospitais e nas
instituições de tratamento a longo prazo, porque, nessas situações, o paciente tem doenças que sobrecarregam
ainda mais a necessidade nutricional do corpo.

Não exagere
Em contrapartida, ocorre nutrição excessiva quando um paciente consome uma quantidade excessiva de
nutrientes. Por exemplo, a nutrição excessiva pode ocorrer nos pacientes que se auto prescrevem mega doses de
suplementos de vitaminas e minerais e naqueles que comem excessivamente. Essas práticas podem resultar em lesão
do tecido corporal ou em obesidade.

CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM ADULTOS:


De modo geral, o IMC (Índice de Massa Corporal) pode classificar um indivíduo em:
- Desnutrido (baixo peso);
- Estrófico (peso adequado);
- Sobrepeso (peso acima do adequado)
- Obeso
Essa classificação tem diferentes pontos que variam de acordo com a idade e sexo, de acordo com a idade gestacional
(em mulheres gravidas) e entre idosos.
Adultos compreende todos os indivíduos com idade entre 20 e 60 anos incompletos. Para a avaliação do estado
nutricional de adultos, são necessárias as seguintes informações:
- PESO
- ESTATURA

Para realizar o cálculo do IMC, temos a seguinte fórmula:


IMC = P  A²

Para a classificação do estado nutricional, são adotados os seguintes conceitos, segundo o valor do Índice de Massa
Corporal do adulto.

IMC (KG/M²) CLASSIFICAÇÃO


<16 Desnutrição grau III
16 – 16,99 Desnutrição grau II
17 – 18,49 Desnutrição grau I
18,5 – 24,9 EUTRÓFICO
≥25 Excesso de peso
25,1 – 29,9 Pré obeso
30 – 34,9 Obeso grau I
35 – 39,9 Obeso grau II
≤40 Obeso grau III
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❖ DESNUTRIÇÃO
É causada por um aporte de nutrientes inferior ao suprimento adequado, relacionado, em sua maior parte,
ao aporte de energia.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a desnutrição pode ser classificada de acordo com o
índice de massa corporal (IMC), como na tabela abaixo.
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IMC (KG/M²) CLASSIFICAÇÃO
17 – 18,49 Desnutrição grau I
16 – 16,99 Desnutrição grau II
<16 Desnutrição grau III

TIPOS DE DESNUTRIÇÃO:

Desnutrição Aguda ou Desnutrição Crônica ou Desnutrição mista ou


Kwashiorkor Marasmo Kwashiorkor – marasmático
- Desnutrição - Carência dietética de calorias - Carência dietética de calorias
predominantemente proteica e proteínas; e proteínas;
- Predomínio em crianças - Deficiência acentuada do - Deficiência acentuada do
acima de 2 anos de idade crescimento; crescimento;
- Presença de edema - Perda marcante de tecido - Perda marcante de tecido
- Lesões típicas de pele muscular; muscular;
- Sem apetite - Ausência de edema; - Cabelo escasso, quebradiço e
- Cabelo descolorido (“sinal de - Cabelo escasso, quebradiço e as vezes descolorido;
bandeira) as vezes descolorido; - Criança normalmente irritada
- Apatia, anorexia - Criança normalmente irritada e apática;
- Estetatose hepática e e apática; - Bom apetite;
hepatomegalia - Bom apetite; - Frequente descamação
- Hipoalbuminemia - Frequente descamação de de pele.
- Retardo no crescimento pele. - Presença de edema.

SINAIS CLINICOS ↑ SINAIS CLINICOS ↑ SINAIS CLINICOS ↑

❖ OBESIDADE
É uma enfermidade crônica, que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gorduras e que representa um
comprometimento da saúde.

IMC (Kg/m²) CLASSIFICAÇÃO RISCO COMORBIDADES


≥25 Excesso de peso Médio
25,1 – 29,9 Pré obeso Aumentado
30 – 34,9 Obeso grau I Moderado
35 – 39,9 Obeso grau II Severo
≤40 Obeso grau III Muito Severo
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DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL

GINÓIDE, inferior, periférica ou glúteo- femoral “pera”


ANDRÓIDE, abdominal, superior ou central “maçã”

DISTRIBUIÇÃO DOS NUTRIENTES

MACRONUTRIENTES:
- São nutrientes necessários ao organismo diariamente e em grandes quantidades.
- Constituem a maior parte na dieta, fornecem energia e componentes fundamentais para o crescimento e
manutenção do corpo.
- Fazem parte deste grupo carboidratos, proteínas e gorduras.

MICRONUTRIENTES:
- São nutrientes necessários para a manutenção do organismo, embora sejam requeridos em pequenas
quantidades, de miligramas a microgramas.
- Fazem parte deste grupo as vitaminas, os sais minerais e as fibras alimentares.

CARBOIDRATOS

Os carboidratos são moléculas orgânicas mais abundantes na natureza e são produzidas pelos vegetais.
Importante fonte de energia na dieta, compreendendo cerca de 50 a 70% das calorias da dieta.

CLASSIFICAÇÃO DOS CARBOIDRATOS: Os carboidratos são classificados de acordo com o número de


unidades de açúcar ou sacarídeos, que formam sua estrutura:
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CLASSES CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS FONTES


ALIMENTARES
São moléculas simples,
compostas por apenas um GLICOSE: é
monômero, também encontrada
chamadas açúcares. São principalmente na
classificados de acordo com forma do
o número de átomos de PENTOSES: ribose e polissacarídeo amido
carbono presentes em suas desoxirribose (milho, trigo, arroz)
moléculas. Os de maior
MONOSSACARÍDEOS importância para o HESOSES: glicose,
organismo humano podem frutose e galactose
ter 05 (pentoses) ou 06
(hexoses) átomos de FRUTOSE: frutas, mel.
carbono.
GALACTOSE: leite e
derivados.

SACAROSE: glicose + SACAROSE: cana de


São carboidratos compostos frutose açúcar, beterraba,
por dois monossacarídeos mel.
ligados, na qual uma reação MALTOSE: glicose +
DISSACARÍDEOS de condensação ocorre e glicose MALTOSE: grãos em
então uma molécula de água germinação.
é liberada.
LACTOSE: glicose +
galactose LACTOSE: leite e
derivados
São polímeros de baixo peso
molecular que contêm de 2 a
20 monossacarídeos ligados.
Como são pequenos, são RAFINOSE E GRÃOS E
OLIGOSSACARÍDEOS prontamente hidrossolúveis LEGUMINOSAS
e geralmente doces. As
ESTAQUIOSE
moléculas maiores não são
digeríveis e são classificadas
como fibra dietética.
São também chamados de AMIDO: forma de
carboidratos complexos. São armazenamento em
formados por uma grande plantas. Cereais em grãos
POLISSACARÍDEOS quantidade de Legumes
monossacarídeos, podendo GLICOGÊNIO: forma Batatas e alguns
chegar a mais de 3 mil de armazenamento vegetais
unidades. em animais
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FUNÇÕES DO CARBOIDRATO:
• Principal fonte de energia do corpo;
• Regulam o metabolismo proteico, poupando proteínas, para que não sejam utilizadas para a produção de
energia, mantendo –se em sua função de construção de tecidos.
• Determinam como as gorduras serão utilizadas para suprir uma fonte de energia imediata.
• Necessários para o funcionamento normal do sistema nervoso central.
• A celulose e outros carboidratos indigeríveis auxiliam na eliminação do bolo fecal.

CARÊNCIA E EXCESSO DE CARBOIDRATOS


Sintomas pela falta de hidratos de carbono no organismo podem causa: fraqueza, tremores, mãos frias, nervosismo,
tonturas e desmaios.
Os excessos de hidratos de carbono transformam-se em gordura provocando a obesidade.

• INTOLERÂNCIA A LACTOSE
A intolerância à lactose é um distúrbio digestivo causado pela incapacidade de digerir a lactose, o carboidrato
principal dos produtos lácteos.
Ela pode causar vários sintomas, incluindo inchaço, diarreia e cólicas abdominais.
Como a lactase é produzida na ponta das microvilosidades intestinais, frequentemente é a primeira enzima perdida
nas doenças intestinais;

PROTEÍNAS

É uma molécula complexa composta de aminoácidos, unidos entre si por ligações peptídicas.
As proteínas não são como os carboidratos que podem ser armazenados nas células, elas fazem parte da
estrutura biológica. De modo que, a construção e a manutenção do organismo humano dependem do fornecimento
dessas proteínas.
As proteínas são encontradas principalmente nas carnes, ovos, laticínios e leguminosas. Como cada alimento
possui particulares tipos de aminoácidos, é fundamental que o indivíduo tenha uma alimentação balanceada para
que ocorra a ingestão de diferentes tipos de proteínas.
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Funções das proteínas


As proteínas realizam muitas funções no corpo:
• A função primária das proteínas é o crescimento, o reparo e a manutenção dos tecidos e estruturas corporais.
As células do corpo estão sempre produzindo proteínas para substituir aquelas que foram degradas pelo
desgaste normal.
• As proteínas estão envolvidas na fabricação dos hormônios, como insulina.
• As proteínas podem atuar como enzimas que ajudam a induzir certas reações químicas, como digestão ou
síntese de proteínas.
• As proteínas ajudam a transportar outras substâncias no sangue. Por exemplo, a hemoglobina transporta
oxigênio, e as lipoproteínas transportam lipídeos.
• As proteínas atuam no sistema imune auxiliando na geração de linfócitos e de anticorpos que protegem o
corpo contra infecções e doenças.
• A proteína é um componente dos numerosos compostos existentes no corpo, incluindo trombina, que ajuda
na coagulação do sangue.
• As proteínas podem ser utilizadas como uma fonte de energia (fornecendo 4cal/g) quando o consumo de
carboidratos e de gorduras é inadequado.

RECOMENDAÇÕES:
RDA: 0,8g/Kg de peso/dia (adulyos e idosos
DRIS (2002) : 10 a 35% do VET saudáveis)

FONTES DE PROTEÍNAS:
As proteínas podem ser encontradas em fontes vegetais (baixo valor biológico) e animais (alto teor
biológico). Com base na Pirâmide do Guia Alimentar, as fontes vegetais de proteína são:

• Pão, cereal, arroz grupo de massas (farinha de aveia, bolachas, pão integral);
• Grupo de vegetais (vegetais verde-escuros e amarelo-escuros);
• Grupo de leite, iogurte e queijos;
• Grupo, de carnes, aves, peixe, ovos.

A dieta pobre em proteínas é incapaz de promover o crescimento e manter uma vida.


Sintomas da falta de proteínas na alimentação:
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• Cansaço fácil;
• Palidez e desânimo;
• Falta de resistência contra doenças;
• Difícil cicatrização;
• Síndrome de Kwashiorkor.

LIPÍDIOS

As gorduras (lipídios) são compostos orgânicos que se dissolvem no álcool e em outros solventes orgânicos, mas
não na água. São vulgarmente conhecidos como gorduras.

FUNÇÕES DOS LIPÍDIOS:


A maioria das pessoas sabe que os lipídios contribuem para o odor, saciedade e sabor dos alimentos na dieta.
Também fornecem textura ao alimento, intensificam seu sabor e realçam seu odor. Além disso, esses nutrientes
têm muitas funções no corpo. Lipídios específicos têm funções específicas. Por exemplo, os fosfolipídios atuam
como emulsificadores para manter os lipídios em suspensão no sangue e nos líquidos corporais. Eles ainda são
parte integrante das membranas celulares e ajudam no transporte de nutrientes, metabólitos e substâncias
lipossolúveis através das membranas celulares.

• São armazenados nas células de gordura, os adipócitos, que possuem distribuições características em
homens e mulheres.
• Atua como isolante térmico.
• Formam hormônios e vitaminas.
• São apolares.
• Insolúveis em agua.
• Solúveis em solventes orgânicos (éter, álcool e clorofórmio).

FUNÇÕES DOS LIPÍDEOS:


- Fornecem energia para o corpo;
- Facilitam o transporte das vitaminas lipossolúveis;
- Dão suporte e proteção aos órgãos internos;
- Auxiliam na regulação da temperatura;
- Lubrificam os tecidos corporais.

RECOMENDAÇÃO: O consumo de lipídeos não deve ser grande, mas devem estar presentes na alimentação.
_ 25 a 30% das calorias diárias
_ A ingestão de gordura trans não ultrapasse 2,2g por dia. O ideal é consumir o mínimo possível, dando preferência
a alimentos mais naturais e preparações caseiras para a obtenção de uma vida mais saudável.
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FONTES DE GORDURA
As principais fontes alimentares de lipídeos são as margarinas, milho, aveia, soja, gergelim, cevada, trigo
integral, centeio, óleo de canola, óleo de soja, óleo de peixes etc.
Prevenção de doença
A carência de gorduras, nas crianças pode provocar o aparecimento de lesões na pele e em adultos, altera a
quantidade de ácidos graxos essenciais no plasma sanguíneo.
O excesso de gordura causa:
• Aumento do colesterol
• Diarreia
• Aumento do peso corpóreo
• Fermentações que irritam as mucosas do aparelho digestivo, causando colites ou outras patologias. Existem
evidências avassaladoras de que as dietas ricas em gordura aumentam o risco à doença cardiovascular, obesidade e
determinados cânceres.
• Doença cardiovascular
Coronariopatia causada por aterosclerose é a principal causa de morte nos EUA. Nessa condição,
placas fibrosas gordurosas estreitam progressivamente da artéria coronária, reduzindo o volume do fluxo
de sangue. As placas são resultado de uma série de eventos complexos que parecem ser iniciados pelo
aumento da quantidade de LDL. O consumo de uma dieta, rica em gorduras saturadas eleva os níveis de
LDL mais do que qualquer outro componente da dieta.

VITAMINAS E MINERAIS

Vitaminas são nutrientes importantes para o nosso organismo. São de extrema importância para o bom
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funcionamento do nosso organismo, principalmente, porque ajuda a evitar muitas doenças.


Elas não são produzidas pelo organismo e, portanto, devem ser adquiridas através da ingestão de alimentos
(frutas, verduras, legumes, carnes, etc.).
A falta de vitaminas pode acarretar em diversas doenças (hipovitaminoses). Elas podem ser de dois tipos:
HIDROSSOLÚVEIS (solúveis em agua e absorvidas pelo intestino) e LIPOSSOLÚVEIS (solúveis em gorduras e absorvidas
pelo intestino com a ajuda dos sais biliares produzidos pelo fígado).

• Suplementos vitamínicos
Os suplementos vitamínicos conseguem evitar doenças provocadas por deficiência, como escorbuto e
beribéri, que podem ocorrer quando o consumo nutricional é inadequado. Entretanto, ainda necessária a
realização de pesquisas para determinar se os suplementos vitamínicos podem ajudar e evitar a doença crônica.
Autoridades da saúde e da nutrição concordam que a melhor forma de obter os nutrientes é através dos
alimentos e não de suplementos. Os suplementos vitamínicos são limitados no que oferecemos e dificilmente se
comparam gama de vitaminas, minerais e fibras encontrados nos alimentos. As vitaminas também não possuem
as substancias químicas necessárias produzidas pelos vegetais contra as bactérias, vírus e fungos.
Atualmente, ainda não existe um comprimento que possa substituir suficientemente uma dieta saudável,
mas o uso de um suplemento multivitamínico balanceado que forneça não mais que 100% das necessidades diárias
de cada vitamina não é perigoso. Algumas populações e indivíduos especiais cujos alimentos não se enquadram
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na dieta ideal são beneficiados com o uso de multivitamínicos.

SAIS MINERAIS

Os sais minerais são substancias essenciais ao bom funcionamento do metabolismo, participando da


estruturação do organismo (constituindo os ossos) e até mesmo integrando reações direta ou indiretamente vitais,
por exemplo, a fotossíntese e a respiração.
Eles são substancias inorgânicas, ou seja, não podem ser produzidos por seres vivos.
Entre os mais conhecidos estão o cálcio, o fósforo, o potássio, o enxofre, o sódio, o magnésio, o ferro, o
cobre, o zinco, o selênio, o cromo e dentre outros.
Como o corpo não é capaz de produzir minerais, eles devem ser ingeridos através de uma alimentação que
forneça quantidades adequadas destas substâncias. Caso haja excesso, este será eliminado através das fezes e da
urina.

COMO EVITAR AS PERDAS DE VITAMINAS E MINERAIS E GARANTIR MAIOR APROVEITAMENTO:


- Cozinhe os alimentos no vapor, evitando altas temperaturas;
- Utilize sobras da agua em que os alimentos ficaram de molho e a agua do cozimento para preparar outros pratos;
- Cozinhe os legumes inteiros ou em pedações grandes, quando possível com a casca;
- Cozinhe os alimentos em agua já fervida;
- Evite adicionar o bicarbonato;
- Mantenha os alimentos tampados e refrigerados;
- Sempre que possível consuma o alimento cru e frutas com a casca;
- Evitar tomar café e chá durante ou ao logo após as refeições;
- Associar o consumo de alimentos ricos em vitamina C com os ricos em ferros, exemplo: feijão com laranja.

ANTI – OXIDANTES
VITAMINA E: frutas oleaginosas (amêndoas, avela, amendoim, castanha-do-pará), abacate, margarina, óleos e
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cremes vegetais, cereais integrais, vegetais com folhas verdes;

VITAMINA C: frutas cítricas (laranja, limão, morango, acerola), tomate, vegetais de cor verde (pimentão, couve,
brócolis);

BETA- CAROTENO: vegetais verdes (agrião, brócolis, couve) e alaranjados (abóbora, cenoura, damasco, mamão);

ZINCO: ostra, carnes, frutas, oleaginosas (nozes, castanha-do-pará), grãos integrais;

SELÊNIO: alimentos marinhos, carnes, leite, queijo;

COBRE: carnes, crustáceos, legumes e grãos;

MANGANÊS: cereais, nozes.

FIBRAS ALIMENTARES

As fibras são substancias que estão em alimentos de origem vegetal e que não são digeridas pelo organismo,
mas são fermentadas por algumas bactérias do intestino e por isso são boas para regular o intestino, ajudar a
emagrecer, a diminuir o colesterol e a controlar a diabetes.

FUNÇÕES:
As suas principais funções são regularizar o transito intestinal e auxiliar no controle da glicemia e da
obesidade, reduzir o colesterol, aumentar o bolo fecal, baixar o pH das fezes e prevenir o câncer de intestino e
outras doenças.

CLASSIFICAÇÃO
As fibras podem ser classificadas como:
FIBRAS SOLUVEIS – que são solúveis em agua, aumentam o volume das fezes, promovem maior saciedade
através do retardo do esvaziamento gástrico, dificultam a absorção de glicose, diminuem os níveis de
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colesterol sanguíneo e protegem contra o câncer de mama.

FIBRAS INSOLÚVEIS – que não se dissolvem em água, aumentam o bolo fecal, favorecem o peristaltismo
e previnem a constipação intestinal. Diminuem também o tempo de transito intestinal.

Onde encontrar:

FIBRAS SOLÚVEIS: estão presentes em frutas, aveias, cevada e leguminosas (feijão, lentilha, soja, grão-de-bico etc.).

FIBRAS INSOLÚVEIS: são encontradas em verduras, farelo de trigo e cereais integrais.

DICAS PARA AUMENTAR O CONSUMO DE FIBRAS:


- Em vez de beber o suco, coma a fruta;
- Coma cinco porções de frutas e vegetais ao dia;
- Coma alimentos com grãos integrais em vez de refinados, como pães de trigo integral, arroz integral e bolinhos de
trigo;
- Leia o teor de fibras nas caixas de cereais e escolha aquele que tem, pelo menos, 5g de fibra por porção.

ÁGUA

Mais de 70% do nosso organismo é composto de agua.


Quem não bebe agua de forma adequada fica com o metabolismo lento, compromete o sistema imunológico e
promove o envelhecimento precoce.

A AGUA EM NOSSO ORGANISMO:


- Regula a temperatura corpórea, através da eliminação do suor;
- Elimina resíduos metabólicos, através da urina;
- Faz uma melhor distribuição de nutrientes pelo corpo;
- Auxilia na prática de esportes pois ajuda a reduzir a sensação de dor e fadiga dos músculos;
- Hidrata o organismo.

O ideal é consumir mais de 02 litros de agua por dia. Essa quantidade aumenta em condições especiais como:
atividade física, trabalho em condições especiais, no sol, febre, entre outros.
A ingestão de agua deve ser independente da sede de forma constante.
E não adianta deixar para tomar de 02 a 03 litros de uma só vez. Isso porque o estomago não suporta e um indivíduo
não conseguirá tomar mais de um litro de uma só vez pois pode “passar mal’.

O QUE ACONTECE QUANDO NÃO INGERIRMOS A QUANTIDADE DE ÁGUA ADEQUADA:


• Falta de vitalidade nos cabelos;
• Descamação do couro cabeludo;
• Dificuldade de concentração;
• Perda da disposição para realização das atividades diárias;
• Dificuldade na respiração, sobretudo nos exercícios físicos;
• Obstipação intestinal;
• Impotência ou disfunções eréteis ou, no caso das mulheres sangramentos vaginais;
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• Baixa produção de saliva;


• Cãibras, dormências, perdas de força muscular e problemas ósseos e dentais, que se dá pela má absorção
dos sais minerais.

PORQUE SENTIMOS SEDE?


Quando o corpo perde liquido, o sangue fica concentrado. Ao perceber esse aumento, o cérebro coordena a
produção de hormônios que provocam a sede. Se não beber água, o ser humano entra em processo de
desidratação.

CUIDADO COM A QUALIDADE DA ÁGUA:


É muito importante atentarmos para a qualidade da agua que consumimos.
Evite beber agua direto da torneira.
A agua para consumo humano deve ser tratada e filtrada.
Se estes cuidados não forem tomados pode-se contrair várias doenças pela presença de microrganismos, como:
Hepatite, cólera, esquistossomose, diarreias, etc.

DICAS:
- Comece o dia tomando água;
- Beba água mesmo que não esteja com sede;
- Crie o hábito de tomar água no trabalho e levar para seu companheiro (a) mais próximo;
- Em dias quentes e no verão aumente o consumo de água;
- Cuidado com a qualidade da água que você bebe;
- Fiscalize a lavagem do reservatório de água de sua casa ou prédio.
- NÃO DESPERDICE ÁGUA.

HIGIENE ALIMENTAR

HIGIENE: segundo o dicionário, é um sistema de princípios ou regras que evita doenças e conserva a saúde. São
cuidados de asseio corporal e do ambiente de um modo de viver, de se vestir e de habitar.

HIGIENE ALIMENTAR
São todas as condições e medidas necessárias para garantir a segurança e a adequação dos alimentos em todas as
fases da cadeia alimentar.

➢ As condições inadequadas de Higiene e Segurança Alimentar podem originar vários problemas de saúde para
os consumidores.
➢ Em casos extremos, podem até mesmo, por em riscos a sua própria vida.

QUALIDADE, HIGIENE E SEGURANÇA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS - A alimentação saudável é preciso ter higiene.

CUIDADOS NA HORA DE PREPARAR OS ALIMENTOS:


- Higiene dos alimentos;
- Higiene pessoal;
- Higiene do ambiente e dos utensílios;
- Cuidados com o lixo.
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HIGIENE DOS ALIMENTOS

As contaminações dos alimentos podem resultar em Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA), elas podem
ser por intoxicações alimentares (causadas pela ingestão de alimentos contendo toxinas microbianas pré-formadas)
e infecções alimentares (causadas pela ingestão de alimentos contendo células viáveis de microrganismos
patogênicos.
Já quando os alimentos estão estragados podem ocorrer o desperdício.

TIPOS DE CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS:


Biológicos - Químicos - Físicos

HIGIENE DOS ALIMENTOS:


➢ A agua é um importante meio de contaminação dos alimentos;
➢ A agua a ser utilizada no preparo dos alimentos deve ser de boa qualidade;
➢ Usar agua potável, fervida ou filtrada;
➢ Higienizar a caixa d´agua de 6 em 6 meses.

Produtos de Higiene:
- Sanitizante (Hipoclorito de sódio) – cuja sua finalidade é sanitização de vegetais e frutas e ambientes.
- Sabão em pó – limpeza de ambiente (pisos, paredes)
- Detergente – limpeza de bandejas, pratos (utensílios), etc.

Preparo da solução clorada – alimentos:


- Identificar uma agua sanitária própria para uso em alimentos (composição: apenas hipoclorito de sódio e água) na
concentração de 2% de cloro ativo;
- Preparar a solução clorada.
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Frutas e vegetais:
1. Lavar as verduras, folha por folha, e os legumes e frutas, um a um, em agua corrente e potável.
2. Retirar as partes estragadas.
3. Mergulhá-los inteiros e com casca em solução clorada.
4. Enxaguar em agua corrente e potável.
5. Descascar e picar os alimentos de acordo com a preparação planejada, utilizando previamente utensílios
higienizados e desinfetados.

Cereais e leguminosas:
1. Escolher à seco.
2. Lavar em agua corrente.
3. Levar ao fogo.

Carnes
1. Retirar pequenas porções do refrigerador.
2. Eviatar manipular demasiadamente o alimento.
3. Deixar sob refrigeração até o momento do preparo.
4. Carnes congeladas – descongelas sob refrigeração.

Ovos
1. Lavar em agua corrente e potável, um a um, somente no momento em que serão usados.
2. Quebrar um a um separadamente e depois adiciona-lo a preparação.
3. Não servir alimentos onde os ovos permanecem crus. Utilizar maionese industrializada.
4. Não preparar ovos com gemas moles.
5. Ovo cozido – deixar que fique cozinhando po 7 mim, após levantar fervura.

Alimentos embalados:
1. Lavar as latas e caixinhas dos alimentos (leite) com bucha e sabão e enxague bem.

Depois de pronto, o alimento deve permanecer coberto com tampas ou filme plástico enquanto espera para ser
servido. NUNCA com panos de pratos.
ATENÇÃO COM AS TEMPERATURAS!!!!

CAPACITAÇÃO EM HIGIENE ALIMENTAR


Boas práticas
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Regras básicas:
- Descartar as luvas sempre que:
For ao banheiro;
Pegar em dinheiro;
Recolher o lixo;
Manipular um alimento cru e depois manipular o alimento cozido;
Atender ao telefone;
Abrir a geladeira;
Tossir, espirrar ou assoar o nariz;
Se pentear.

- Nas empresas é obrigatório que todo o cabeço esteja coberto por uma rede ou touca para se evitar a queda dos
mesmos nos alimentos. Não adianta deixar a franja ou um topete para fora da rede ou touca.
- As máscaras não devem ser usadas fora da área de atendimento, nem ficar penduradas no pescoço e/ou queixo.
• Devem ser descartadas nos locais apropriados, após o uso em cada turno devem ser removidas enquanto o
profissional estiver com luvas.
• Nunca coma as mãos nuas.
• Para sua remoção, devem o mínimo possível ser manuseadas e somente pelas bordas ou cordéis, tendo em
vista a contaminação.
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• As máscaras são utilizadas principalmente nas empresas que produzem ou preparam alimentos.
• São trocadas com maior ou menor frequência dependendo da qualidade das mesmas.
• A máscara torna-se úmida depois de 20 a 30 minutos de uso, agregando as fibras e permitindo a passagem
de grande quantidade de microrganismos, além de se tornar desconfortável e provocar prurido, ocasionando
maior contaminação das mãos decorrente do ato de coçar.

O uso de luvas descartáveis para manipulação é para proteger os alimentos e não o manipulador.
Não adianta ir ao banheiro, coçar a cabeça, mexer no lixo com as luvas e depois manipular os alimentos. As
luvas descartáveis, se estiverem sujas também carregam contaminantes para os alimentos.

NUTRIÇÃO E PATOLOGIAS

O que são patologias?


É o estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas células, tecidos e órgãos, que visa explicar os
mecanismos pelos quais surgem os sinais e os sintomas das doenças.

DIABETES MELLITUS
Diabetes mellitus (DM) corresponde a um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia resultante
dos defeitos na secreção de insulina, na ação da insulina ou em ambas.
CLASSIFICAÇÃO
Antes da instalação do diabetes, o indivíduo passa por um estágio de pré diabetes, em que os resultados do teste de
glicose em jejum ou de tolerância a glicose estão acima do normal, mas não são diagnóstico de diabetes.
Atualmente, a classificação de diabetes inclui quatro tipos: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2, diabetes gestacional e
outros tipos específicos (síndromes genéticas especificas, cirurgia, fármacos, desnutrição, infecções ou outras
enfermidades).
Diabetes tipo 1 (DM1):
Forma presente em 5% a 10% dos casos, é o resultado da destruição de células beta pancreáticas com consequente
deficiência de insulina. Na maioria dos casos, essa destruição de células beta é mediada por autoimunidade, porém
existem casos em que não há evidências de processo autoimune, sendo, portanto, referidos como forma idiopática
de DM1.
Diabetes tipo 2 (DM2):
Forma presente em 30% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção de insulina. Em geral,
27

ambos os defeitos estão presentes quando a hiperglicemia se manifesta, porém, pode haver predomínio de um deles.
O DM2 pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos e a maioria dos pacientes
com essa forma de DM apresenta sobrepeso ou obesidade. Os pacientes não dependem de insulina exógena para
sobreviver, porem podem necessitar de tratamento com insulina para obter controle metabólico adequado.
Diabetes gestacional:
Diabetes mellitus gestacional (DMG) é a intolerância aos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a
gestação e que pode ou não persistir após parto. É o problema metabólico mais comum na gestação e tem
prevalência entre 3% e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnostico
utilizado. Muitas vezes representa o aparecimento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) durante a gravidez.
Outros tipos específicos:
Síndromes genéticas especificais, cirurgia, fármacos, desnutrição, infecções ou outras enfermidades.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Os critérios aceitos para diagnostico de diabetes são:
- Sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal de peso, acrescidos de glicemia casual acima de 200 mg/dL.
- Glicemia de jejum ≥126 mg/dL. Em caso de pequenas elevações da glicemia, o diagnostico deve ser confirmado pela
repetição do teste em outro dia.
- Glicemia de 2 horas, pós-sobrecarga de 75g de glicose, acima de 200 mg/dL.
Em 2009 foi proposta a utilização de hemoglobina glicada (HbA1c) como critério de diagnostico para o DM. A alegação
é que a medida da HbA1c avalia o grau de exposição à glicemia durante o tempo e os valores se mantêm estáveis
após a coleta.
Os valores de referência são os seguintes: Diabetes: HbA1c> 6,5%;
Indivíduos com alto risco para o desenvolvimento de diabetes: HbA1c entre 5,7 e 6,4%
TRATAMENTO NUTRICIONAL
Os objetivos da terapia nutricional para diabetes enfatizam o papel do estilo de vida na melhoria do controle
glicêmico, perfil lipídico e lipoproteico, e da pressão arterial. A melhoria da saúde por escolhas alimentares e prática
de atividade física é a base para todas as recomendações nutricionais para o tratamento do diabetes.
No entanto, a terapia nutricional pode apresentar particularidades em situações especiais na vida de indivíduos com
diabetes.
• Para jovens com diabetes tipo 1, prover aporte de energia adequado para assegurar o crescimento e
desenvolvimento normais, e integrar regimes de insulinoterapia aos hábitos alimentares e de atividade
física.
• Para indivíduos com diabetes tipo 2, facilitar as mudanças nos hábitos alimentares e de atividade física,
para que reduzam a resistência à insulina e melhorem o estado metabólico.
• Para mulheres grávidas e lactantes, prover aporte de energia e nutrientes adequados para resultados
satisfatórios.
• Para indivíduos tratados com insulina ou secretagogos de insulina, prover educação de autocuidado para
tratamento (e prevenção) de hipoglicemia, doenças agudas e problemas de glicose sanguínea relacionados
ao exercício físico.
• Para indivíduos em risco de diabetes, diminuir o risco por meio do encorajamento à prática de atividades
físicas e simulação de escolhas alimentares que facilitem perda de peso moderada ou pelo menos impeça
o ganho de peso.

- Recomenda-se que seja fracionado em seis refeições, sendo as três principais e três lanches. Quanto à forma do
preparo dos alimentos, deve-se dar preferência aos grelhados, assados, cozidos no vapor ou até mesmo crus. Os
alimentos diet, light ou zero podem ser indicados no contexto do plano alimentar e não utilizados de forma exclusiva.
Devem-se respeitar as preferências individuais e o poder aquisitivo do paciente e da família.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
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A insulinoterapia no diabetes tipo 1 objetiva mimetizar a secreção fisiológica de insulina e alguns antidiabéticos orais
de uso em diabetes tipo 2 procuram corrigir ou otimizar estas duas fases, quando se encontram alteradas. Assim,
diversos esquemas terapêuticos podem ser propostos de forma individual, porém, sempre associados à terapia
nutricional, e, quando possível, à atividade física.
Insulinas humanizadas: Regular humana, NPH humana, ultralenta humana.
Análogos de Insulina: Lispro, Asparte, Glulisina, Glargina, Detemir.

TERAPIA DE CONTAGEM DE CARBOIDRATOS


O método de contagem de carboidratos enfatiza a quantidade total de carboidratos consumidos, em vez da fonte ou
do tipo de carboidrato ingerido. Uma porção de carboidrato equivale a 15g de carboidratos que pode ser fornecido
na forma de amido, frutas, leite ou doces/ sobremesas.

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clinica multifatorial em que a pressão sistólica está ≥ 140mmHg
e a diastólica ≥90mmHg e estes níveis se sustentam.
Está associada com:
• Aumento de eventos cardiovasculares.
• Os fatores de risco incluem idade acima de 65 anos.
• Indivíduos negros
• Excessos de peso
• Obesidade
• Ingestão de sal
• Ingestão de álcool
• Sedentarismo
• Genética

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS:
Há uma relação quase linear entre o aumento de peso e hipertensão. Já a redução do peso e da circunferência
abdominal esta correlacionada com redução da pressão arterial (PA).
• Redução do consumo de sal: recomenda-se 5g de cloreto de sódio ou sal de cozinha (que corresponde a 2g
de sódio); apesar das diferenças individuais de sensibilidade, até reduções modestas na quantidade de sal
são, em geral, eficientes em reduzir a PA.
• Fibras: Consumir de 20 a 30g/dia, 5 a 10g devendo ser solúveis.
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• Ácidos graxos insaturados: óleo de oliva pode reduzir a PA, devido ao teor de ácido oleico, observa-se
também discreta redução da PA com a suplementação de ômega 3 em altas doses diárias e
predominantemente nos idoso.
• Álcool: não ultrapassar 30g de etanol ao dia, para homens, de preferência não habitualmente e 15g é
tolerada para as mulheres.

O estilo alimentar DASH tem importante impacto da redução da PA. A adoção de um estilo DASH inclui:
- Escolher alimentos que possuam pouca gordura saturada, colesterol e gordura total. Por exemplo, carne magra,
aves e peixes, utilizando-os em pequena quantidade.
- Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de oito a dez porções por dia (uma porção é igual a uma concha
média).
- Incluir duas ou três porções de laticínios desnatados ou semidesnatados por dia.
- Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas integrais ou de trigo integral.
- Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de quatro a cinco porções por semana (uma porção é igual a 1/3
de xicara ou 40g de castanhas, duas colheres de sopa ou 14 g de sementes, ou ½ xicara de feijões ou ervilhas cozidas
e secas).
- Reduzir a adição de gorduras. Utilizar manteiga light e óleos vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola).
- Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar também molhos e caldos prontos, além de produtos industrializados.
- Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar.

DOENÇAS RENAIS
As manifestações da doença renal são consequências diretas das porções mais afetadas do trato urinário. Estas
manifestações incluem:
1. Doenças glomerulares
2. Defeitos tubulares
3. Insuficiência renal aguda
4. Cálculos renais
5. Insuficiência renal crônica

1. DOENÇAS GLOMERULARES:

A síndrome nefrítica caracteriza-se por:


- Início súbito de hematúria
- Proteinuria
- Oliguria
- Hipertensão arterial sistêmica
- Déficit de função renal
Edema pode estar presente em grau variável. Trata-se de síndrome de expansão do volume extracelular, incluindo o
compartimento intravascular.
O tratamento nutricional consiste em dieta hipossódica e repouso enquanto houver a expansão do volume hídrico
corporal.
2. SÍNDROME NEFRÓTICA

A síndrome nefrótica é uma condição caracterizada pela perda de grandes quantidades de proteína (> 3g/dia) na
urina. As manifestações clássicas da síndrome nefrótica incluem:
- Proteinuria (> 3g/dia)
- Hiperlipidemia
- Hipoalbunemia
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- Edema
A dieta do paciente com essa síndrome que mantem função renal normal deve ser hipossódica e normoproteica. A
ingestão de líquidos deve ser controlada.
3. INSUFICIENCIA RENAL AGUDA

A IRA é uma síndrome caracterizada por uma rápida perda da função renal, com acumulo de produtos finais do
metabolismo normalmente excretados pelos rins. Os níveis plasmáticos elevados de ureia, creatinina, íons de
hidrogênio, potássio e ácido úrico representam algumas das consequências metabólicas da IRA.
As intervenções nutricionais na IRA incluem:
• Se o paciente estiver em dialise ou se a função renal aumentar, a ingestão proteica diária deve ficar entre
1,2 a 1,3g/Kg. Se não estiver em dialise, as proteínas devem ser limitadas de 0,6 a 0,8g/Kg.
• A ingestão calórica pode começar com 35Kcal/kg e ser ajustada com base na monitoração dos parâmetros
da avaliação.
• A ingestão diária de sódio geralmente é limitada de 2 a 3g para evitar a retenção de líquidos e controlar a
hipertensão. Também pode ser necessário limitar a ingestão de potássio e fosforo. Os pacientes em dialise
geralmente não precisam fazer restrições dos eletrólitos.
• A restrição de líquidos geralmente é necessária aos pacientes que não estão em dialise e com ingestão
diária igual ao volume do debito urinário acrescido de 500ml. Com a dialise, a ingestão diária de líquidos
de 1,5 a 2,0L geralmente é adequada.

4. NEFROLITÍASE (cálculos renais):

A formação de cálculos é um distúrbio complexo que consiste em saturação, supersaturação, nucleação, crescimento
de cristal ou agregação, retenção de cristal, e formação de cálculo na presença de promotores, inibidores e
complexos na urina.
Existem vários tipos de cálculos renais que diferem em composição e patogênese.
A dieta exerce papel relevante sobre a excreção de urinária tanto de promotores quanto de inibidores da formação
de cálculos. Entre os vários nutrientes implicados, destacam-se: cálcio, oxalato, sódio, potássio, vitamina C, proteína,
purinas, além da ingestão de líquidos.
As recomendações dietéticas gerais para nefrolitiase consistem em:
• Dieta individualizada de acordo com o distúrbio metabólico e habito alimentar
• Evitar a restrição de cálcio
• Ingestão de cálcio e oxalato devem estar em equilíbrio
• Adequar a ingestão de proteína animal
• Evitar alimentos ricos em purinas
• Evitar a ingestão de potássio
• Utilizar com cautela suplementos de vitamina C
• Ingerir líquidos para produzir ao menos 2L/dia de diurese

5. DOENÇA RENAL CRÔNICA

A DRC consiste na perda gradativa e progressiva da função renal, que é irreversível. As causas mais comuns da DRC
são diabetes e hipertensão. Outras causas incluem infecções, exposição a substancias nefrotóxicas e doenças imunes.
A DRC é dividia em 5 estágios a depender da taxa de filtração glomerular (TFG) para avaliar a função e a disfunção
renais. Conforme tabela abaixo:
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ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO TFG (ML/MIN/1,73 M²)


0 Sem dano renal – grupos de risco para DRC ≥ 90
1 Dano renal com TFG normal ou aumentada ≥ 90
2 Dano renal com redução leve da TFG 89 a 60
3 Dano renal com redução moderada da TFG 59 a 30
4 Dano renal com redução grave da TFG 29 a 15
5 Insuficiência renal terminal ou fase dialítica < 15
O tratamento da DRC compreende duas fases distintas: a fase não-dialitica do tratamento, também conhecida como
tratamento conservador; e a fase de terapia renal substitutiva, na qual a hemodiálise, a dialise peritoneal ou o
transplante renal devem ser iniciados.
No tratamento conservador, a dieta típica para DRC, na qual todas as restrições são necessárias, inclui a restrição de
0,6 g/kg de peso corporal; de 2g de sódio; de 2 a 3g de potássio; e de 1,2 de cálcio.
Abaixo se encontram-se as necessidades diárias de nutrientes para pacientes dialisados:

HEMODIÁLISE DIÁLISE PERITONEAL


Proteínas (g/Kg) 1,2 a 1,3 1,1 a 1,3
Calorias (Kcal/ kg) Idade <60 anos: 35 Idade <60 anos: 35
Idade >60 anos: 30 a 35 Idade >60 anos: 30 a 35
Potássio (g) 2a3 3a4
Sódio (g) 2a3 2a4
Fósforo 800 a 1.000g 800 a 1.000mg
10 a 12 mg/g de proteína 10 a 12 mg/g de proteína
Ilimitados, a menos que seja necessário
manter o balanço de líquidos
Líquidos Perdas + 1.000 ml -

DIETOTERAPIA DO PACIENTE

A Dietoterapia é a terapia em saúde que consiste em utilizar os alimentos da maneira mais adequada à cura
e recuperação do paciente. Ela pode ser a terapia de base ou a terapia complementar, dependendo da patologia e
do estado nutricional do paciente. A classificação das dietas leva em consideração a patologia, seu valor calórico e
nutricional e sua consistência.
TIPOS DE DIETAS
De acordo com a consistência, as dietas podem ser classificadas em:
a) Dieta normal – aquela que não apresenta restrições quanto à consistência dos alimentos. Podem ser
oferecidos alimentos sólidos ou líquidos, de acordo com a preferência do paciente;
b) Dieta branda – dieta na qual o teor de celulose é diminuído. Sua consistência geral é abrandada
pela cocção. Não são permitidas frituras, e os alimentos são servidos preferencialmente cozidos. Os vegetais
devem ser sempre cozidos sem casca, e as frutas, sem casca ou em forma de suco. Não devem ser oferecidos
alimentos que contenham cereais integrais. É indicada quando for preciso facilitar o trabalho mecânico de digestão
dos alimentos;
c) Dieta pastosa – dieta que segue os mesmos princípios da dieta branda, mas os alimentos devem
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ser todos em forma de purês ou líquidos. Não apresenta boa aceitação;


d) Dieta líquida - dieta composta por alimentos na forma líquida ou que se transformam em
líquidos no início do processo digestivo (gelatinas e pudins). Essa dieta é composta basicamente por sopas,
sucos, vitaminas, mingaus e infusões, podendo apresentar dificuldade em atingir o valor calórico requerido pelo
paciente. Deve então ser suplementada;
e) Dieta líquida restrita – dieta normalmente utilizada em pré e pós-operatórios, que prevê uma
quantidade mínima de resíduos. Leite e derivados, assim como produtos à base deleite, não devem ser oferecidos.
É composta basicamente por caldos de legumes coados, por bebidas carbonatadas, por sucos de frutas coados, por
chás e gelatinas. Deve ser utilizada em curtos períodos de tempo.

As dietas que têm o padrão dietético normal alterado são classificadas como dietas especiais. Elas: podem
ser:
• Aumentadas em macro ou em micronutrientes: hipercalóricas (desnutrição ou estados
hipercatabólicos), hiperprotéicas (estados hipercatabólicos ou de excreção aumentada), hiperférricas (de anemia
ferropriva), hipercalêmicas (patologias renais) etc.;
• Reduzidas em macro ou em micronutrientes: hipoglicídicas (diabetes), hipolipídicas (aterosclerose
e alterações na circulação sanguínea de gorduras), hipossódicas (hipertensão) etc.

NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL

A nutrição enteral é aquela que não utiliza a via oral normal para a entrada dos alimentos. Esta se faz por
meio de sondas introduzidas diretamente no estômago ou no intestino do paciente. Os pacientes que recebem
dieta por sonda ficam temporária ou permanentemente impedidos de receber alimentação por via oral, mas seu
trato gastrointestinal deve estar em condições de realizar o mecanismo de digestão. É importante lembrar que
as sondas para alimentação são diferentes das sondas para excreção.

INDICAÇÕES DA DIETA POR SONDA:


Lesões no SNC, estado de coma, debilidade, traumatismos faciais, obstruções no tubo digestivo, fístulas,
síndromes disabsortivas, septicemia, anorexia, depressão profunda, desnutrição severa, queimaduras extensas, pós-
operatórios, estados de insuficiência respiratória, renal, cardíaca ou hepática.
A NE é a técnica preferida quando o intestino funciona normalmente, tendo em vista que causa menos
complicações, tem custo baixo e possibilita desfechos favoráveis.
INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
Disfagia grave recorrente de obstrução ou disfunção da Disfunção do TGI ou condições que requerem repouso
orofaringe ou do esôfago; intestinal
Estado de coma ou delírio; Obstrução mecânica intestinal
Anorexia persistente; Refluxo gastroesofágico intenso
Fistulas do intestino delgado distal ou do cólon; Íleo paralitico
Má absorção grave decorrente da diminuição da Hemorragia gastrintestinal severa
capacidade de absorção do TGI;
Aspiração recorrente Vômitos e diarreia severa
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Traumatismo ou queimaduras graves Fistula de alto debito


Expectativa de utilizar a TNE em período superior a 5 a 7 Isquemia gastrintestinal
dias para pacientes desnutridos ou 7 a 9 dias para
pacientes bem nutridos.
- Inflamação gastrintestinal
- Expectativa de utilizar a TNE em período inferior a 5 a
7 dias para pacientes desnutridos ou 7 a 9 dias para
pacientes bem nutridos.

VIAS DE ACESSO:

ORAL – com suplementos nutricionais.


SONDA ENTERAL – colocadas em região nasal ou oral, com posicionamento gástrico (nasogástrico ou orgástica) ou
pós- pilórico (nasoduenal, nasojejunal, etc.). Indicada para períodos curtos (de 2 a 6 semanas), devido ao risco de
complicações associadas a seu uso prolongado, como estenose esofágica, paralisia de cordas vocais, irritação e
erosão nasais.
OSTOMIAS – gastrostomias ou jejunostomias. Funcionam bem por longos períodos, sendo indicadas quando TNE
superior a 3 a 6 semanas. A maioria das complicações associadas às ostomias está relacionada as técnicas de inserção
e raramente com o seu uso por períodos prolongados.
FARINGOSTOMIAS ou ESOFAGOSTOMIAS CERVICAIS – utilizadas com menos frequência em terapia nutricional,
podem permitir a colocação de gastrostomias endoscópica percutânea em pacientes com lesões obstrutivas
associadas a fistulas ou ostomias cervicais que não possibilitam a abordagem tradicional pela via oral.

A escolha da via de acesso da TNE depende de diversos fatores:

- Duração prevista da TNE → Grau de risco de aspiração e deslocamento de sonda → Estado clinico do paciente →
Trato intestinal funcionante ou parcialmente funcionante → Contraindicações anatômicas → Intervenção cirúrgica
prevista.

POSIÇÃO GASTTICA X PILORICA: a sonda nasogástrica é modo mais comum de acessar o trato intestinal, mais fácil,
de menor custo e bem tolerada pela maioria dos pacientes, além de utilizar os processos digestivos, hormonais e
bactericidas normais do estomago. Apesar de um dos principais fatores sobre a decisão entre posicionamento
gástrico ou pós- pilórico da sonda seja o risco de aspiração pulmonar, não há dados conclusivos que confirmem a
relação entre nutrição gástrica e aspiração pulmonar, sendo a posição pós- pilórica reservada somente para aqueles
pacientes com maior risco de aspiração.

MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO EM NE:


INTERMITENTE: administrada em períodos fracionados e, pode ser subdividida em intermitente gravitacional ou
em bolos. É em geral mais utilizada a nível domiciliar, em pacientes mais estáveis e/ou com necessidade de
deambulação.
CONTÍNUA: administrada continuamente por 12 a 24 horas, necessitando do uso de bomba de infusão. É mais
comum a nível hospitalar e em pacientes cujo funcionamento gastrointestinal está comprometido em decorrência
de cirurgia, doença, terapia antineoplásica e outros.
SISTEMA ENTERAL FECHADO: quando se utiliza formula estéril, industrializada pronta para o uso, acondicionada
em recipiente hermeticamente fechado e apropriado para conexão do equipo de administração, de modo a evitar
manipulação da fórmula.
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SISTEMA ENTERAL ABERTO: sempre que há necessidade de manipulação da dieta antes de sua administração.

TIPOS DE DIETAS:
As dietas devem ser sempre completas, ou seja, capazes de fornecer ao paciente todos os nutrientes
necessários à sua sobrevivência e recuperação.
Elas podem ser:
• Naturais ou caseiras - quando são utilizados alimentos in natura para a sua preparação.
Normalmente se utilizam sucos de frutas coados e sopas liquidificadas. E importante, nesse tipo de
procedimento que se verifique se o valor nutricional da dieta está correto e se as técnicas higiênicas estão
sendo obedecidas;
• Industriais – preparadas industrialmente e podem ser apresentadas na forma liquida
pronta para uso ou em pó, em sistema aberto ou fechado. As dietas industriais têm a vantagem de
exigirem menor manipulação, apresentando menor risco de contaminação, especialmente se sua
apresentação for líquida e pronta para o consumo.
• Mista – preparada com alimentos, porem adicionada de módulos nutricionais ou
formulações industrializadas, ou ainda quando se faz alternância entre a administração de formulas
caseiras e industrializadas ao longo do dia.

ADMINISTRAÇÃO DA DIETA:

A dieta deve ser administrada de forma higiênica devendo ser feita assepsia tanto do local quanto dos
utensílios e frascos. Os frascos não devem ser reaproveitados, e a dieta deve ser preparada em horário próximo ao
consumo, caso isso não seja possível, ela deve permanecer sob refrigeração até o momento próximo do consumo.
O gotejamento dá dieta deve ser lento, de acordo com a capacidade gástrica e digestiva do paciente,
para evitar o refluxo e gases e a diarreia.
A administração da dieta por sonda é de responsabilidade de quem cuida do paciente, ou seja, da equipe
de enfermagem ou do acompanhante. No caso de ser o acompanhante o responsável, ele deve ser orientado
quanto ao gotejamento e à prática asséptica.
Após a administração da dieta, deve ser oferecida água filtrada ao paciente.

CUIDADOS: observar sempre se a dieta atende ao que foi prescrito, se está no volume correto e no horário correto
e se aparentemente não possui nenhuma irregularidade quanto à consistência e coloração.

COMPLICAÇÕES:
Podem ocorrer complicações mecânicas – lesão da mucosa nasal e irritação nasofaríngea, esofagite,
obstrução e aspiração pulmonar; gastrintestinais – cólicas, náuseas, vômitos e diarreia; metabólicas – encefalopatia
metabólica, hiperglicemia, glicosúria.

ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DA ENFERMAGEM:

• Orientar o paciente, a família ou o responsável legal quanto à utilização e ao controle da nutrição enteral;
• Preparar o paciente, o material e o local para o acesso enteral;
• Prescrever os cuidados de enfermagem na terapia de nutrição enteral, em nível hospitalar, ambulatorial
e domiciliar;
• Realizar ou assegurar a colocação da sonda oro/nasogástrica;
• Assegurar a manutenção da via de administração;
• Receber a dieta e assegurar sua conservação até a completa administração;
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• Proceder à inspeção visual da dieta antes de sua administração;


• Avaliar e assegurara administração da dieta, observando as informações contidas no rótulo e
confrontando-as com a prescrição médica;
• Avaliar e assegurar a administração da dieta, observando os princípios de assepsia;
• Detectar e registrar as intercorrências de qualquer ordem técnica e/ou administrativa e comunicá-las à
equipe e/ou ao médico responsável pelo paciente;
• Garantir o registro claro e preciso das informações relacionadas à administração da dieta e à evolução do
paciente quanto a peso, sinais vitais, tolerância digestiva e outros;
• Garantir a troca do curativo e/ou a fixação da sonda enteral com base em procedimentos
preestabelecidos;
NUTRIÇÃO PARENTERAIS:

A nutrição parenteral é a alimentação que fornece todos os nutrientes necessários ao paciente por via
venosa. Ela deve ser utilizada quando o trato gastrointestinal não está apto a receber alimentos, ou seja, no
agravamento do quadro do paciente que recebe nutrição enteral ou em casos de obstruções severas do tubo
gastrointestinal, pancreatites, fístulas, traumatismos, intervenções cirúrgicas, pós-operatórios, doenças
inflamatórias intestinais, síndromes disabsortivas, septicemias, queimaduras graves e extensas, ventilação mecânica
prolongada.
A dieta parenteral deve ser calculada e preparada por farmacêutico e administrada pela equipe de
enfermagem.

VIAS DE ACESSO EM NP:


NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL OU CENTRAL (NPT ou NPC): administrada por meio de uma veia de grande
diâmetro.
NUTRIÇÃO PARENTERAL PERIFÉRICA (NPP): realizada através de uma veia menor. Além do acesso central ou
periférico.
NUTRIÇÃO PARENTERAL INTRADIALÍTICA (NPI): administração de NP durante a sessão de hemodiálise.
Recomendada para pacientes renais crônicos que não toleram NE e apresentam sinais clínicos de desnutrição.

Escolha de acesso em NP: depende da necessidade nutricional do paciente, acesso venoso disponível, o volume,
a composição e a concentração da solução utilizada, além do tempo previsto para a terapia.

TECNICAS DE INFUSAO DA NP:


CONTINUA: realizada, preferencialmente por bomba de infusão, durante 24 horas. É A TECNICA MAIS EMPREGADA
A NIVEL HOSPITALAR. Permite infusão segura de grande volume.
CÍCLICA ou INTERMITENTE: consiste na infusão parenteral de nutrientes por 6 a 12 horas, geralmente à noite. Esse
tipo de infusão permite a desconexão durante o dia e mais autonomia e qualidade de vida ao paciente, sendo
comumente utilizada em práticas domiciliares. Permite um período “pós-prandial” e, aproxima-se mais do estado
fisiológico, porém não deve ser adotada se o paciente tiver intolerância à glicose ou a liquido.
SUBSTRATOS EM NP: Glicose, aminoácidos, emulsão lipídica, eletrólitos, vitaminas e oligoelementos.

COMPLICAÇÕES EM NP:
• Pneumotórax
• Embolismo gasoso, embolização do cateter
MECÂNICAS ou relacionadas • Trombose venosa, oclusão do cateter
ao cateter • Localização irregular da ponta do cateter.
• Flebites, hemotórax, hidrotórax
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• Desidratação resultante de diurese osmótica


• Desajustes hormonais
• Deficiência de ácidos graxos essenciais
• Coma hiperosmular, hipergicêmico e não cetótico
• Síndrome de realimentação ou do roubo celular
METABOLICAS • Hipercalemia/ hipocalcemia
• Hiponatremia/ hipernatremia
• Acidose metabólica, uremia
• Hiuperfosfatemia/ hipofosfatemia
• Hiperglicemia/ hipoglicemia
• Hipomagnesemia, hiperlipidemia
• Semeadura do cateter por infecção transmitida pelo
sangue ou distante
• Contaminação da solução
INFECCIOSAS • Infecção de óstio
• Infecção de túnel ou bolsa subcutânea
• Infecção primaria de corrente sanguínea
• Colestase
GASTROINTESTINAIS • Atrofia das vilosidades intestinais
• Alterações hepáticas

NUTRIÇÃO NOS CICLOS: GESTAÇÃO E INFÂNCIA

GESTAÇÃO

A gestação é um período especial, que dura aproximadamente 40 semanas, em que a atenção e os


cuidados nutricionais devem ser redobrados, pois a alimentação da mãe irá determinar o desenvolvimento geral
do feto. Essa influência não ocorre só nas partes físicas, mas também na parte cerebral/intelectual. Altos índices
de mortalidade fetal e materna estão relacionados a estados nutricionais inadequados.
No primeiro trimestre da gestação, o desenvolvimento fetal é influenciado principalmente pelo estado
nutricional pé-gestacional, relacionado tanto a macro quanto a micronutrientes. Por isso o planejamento
familiar é importante, visto que a formação adequada da criança se inicia antes mesmo de a mãe ter certeza de
que está grávida.
A partir do segundo trimestre e passando pelo terceiro, os fatores externos passarão a ter maior
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importância: condições ambientais e alimentação da mãe: ingestão de nutrientes, ganho de peso e fator
emocional.

GANHO DE PESO FETAL

Ao final das 12 primeiras semanas (1º trimestre), o feto pesará aproximadamente 300g. sendo que essa é
uma fase de intensa hiperplasia celular. Entre a 13ª e 27ª semanas ocorre um equilíbrio entre a hiperplasia e a
hipertrofia celulares, chegando, o feto a pesa a cerca de 1000g no final do período. A partir da 28ª semana, o
processo de hipertrofia passa a ser predominante, sendo que no final do período gestacional o feto pesará em torno
de 3000g.

GANHO DE PESO GESTACIONAL

O ganho de peso no período gestacional deve ser determinado de acordo como estado nutricional pré-
gestacional. Em gestantes eutróficas, indicado é um aumento de 9 a 13 kg Gestantes com baixo peso pré-gestacional
podem ter um ganho de peso de até 18 kg, enquanto o ganho de peso ideal para gestantes obesas varia de 6 a 9 kg.
É importante lembrar que o ganho de peso da gestante compreende, além do peso do feto, que pode ser de até 4
kg, o peso dos estoques, placenta e aumento das mamas.
A subnutrição e a desnutrição gestacional estão relacionadas a bebês com baixo peso ao nascer (BPN). A
obesidade gestacional, também está relacionada ao baixo peso ao nascer, além de levar a um menor aproveitamento
e absorção do ácido fólico o (folato).
ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS

Durante o período gestacional, o organismo da mulher passa por várias adaptações fisiológicas, entre
as quais podemos citar:

• Ajuste no metabolismo dos macronutrientes, passando a utilizar mais os carboidratos como fonte de
energia, mobilizando menos os seus estoques de gordura;
• Aumento da sensibilidade e vascularização dos centros respiratórios, o que causa uma hiperventilação,
decorrente da ação da progesterona e do estrogênio;
• Substituição da respiração abdominal pela torácica, causando uma respiração ofegante;
• Mudanças no olfato e no paladar, alterando as preferências pelos alimentos.

SITUAÇÕES COMUNS NA GESTAÇÃO

- Náuseas e vômitos;
- Alterações no apetite;
- Constipação (devido ao relaxamento da musculatura intestinal decorrente do aumento da ação da
progesterona) e hemorróidas;
- Pirose (devido ao aumento da pressão do útero sobre o estômago e ao relaxamento do esfíncter esofágico
inferior);
- Pica (vontade de se alimentar de substâncias não-nutritivas, como terra, cimento, cal, sabão);
- Edema no final do dia e câimbras;
- Infecções urinárias (devido à deficiência na filtração renal).

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
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• Calorias: aumentar o consumo calórico a partir do 2º trimestre, evitando-se o consumo exagerado de alimentos
altamente calóricos.
• Proteínas: aumentar o consumo em 10g/dia.
• Cálcio: fazer suplementação a fim de prevenir a DHEG, distúrbio hipertensivo específico da gestação; não
suplementar, caso exista nefrolitíase.
• Ácido fólico: suplementar e combinar com a ingestão de vitamina B 12' a fim de prevenir distúrbios do tubo neural
(espinha bífida, anencefalia, hidrocefalia) e anemia megaloblástica.
• Ferro: suplementar até o final da gestação, pois será o responsável pela formação da massa eritrocitária fetal.
• Vitamina A: não deve ser suplementada, pois o excesso pode causar alterações na formação do feto.
• Vitamina C: ingerir no máximo 2g/dia.
• Zinco: a deficiência pode causar má-formação fetal, mas a alta ingestão concorre com a absorção do ferro.
• Cafeína: restringir o consumo de café e chá preto/mate a 3 xícaras por dia.
• Edulcorantes: evitar o uso, especialmente de sacarina, que é permeável à p l a c e n t a .

CRENÇAS, DESEJOS E AVERSÕES

A gestação é um período cercado de crenças, a maioria delas sem fundamentação científica. O fato de a
gestante apresentar "desejos" é um fator psicológico e não justificativa científica. As aversões alimentares podem
aparecer e devém ser, respeitadas, desde que não afetem o estado nutricional da gestante nem o do feto.

LACTAÇÃO

É o período que a criança se amamenta, podendo ser aleitamento materno ou artificial. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) aconselha o aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade e o aleitamento
complementar até os 2 anos de idade. A produção do leite pela mãe depende do estímulo de sucção pelo bebê e
da ocorrência dos hormônios prolactina e ocitocina.

VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

O leite materno apresenta altas quantidades de imunoglobulinas, responsáveis pela proteção


imunológica do bebê. O leite materno é de fácil digestão e de alta absorção e ainda é higienicamente seguro.
Existe ainda o fator econômico, do custo do leite e dos apetrechos (mamadeira etc.), e o fator afetivo, pois o
aleitamento ajuda a formar laços afetivos entre a mãe e o filho.
A correta orientação à mãe quanto à posição do corpo para a amamentação e aos cuidados com os
mamilos serão determinantes para facilitar o aleitamento, evitar intercorrências como rachaduras e estimular a
prosseguir a amamentação pelo maior tempo possível.

COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO

O leite secretado nos 3 primeiros dias após o parto é chamado colostro, rico em vitaminas e
imunoglobulinas, e é essencial para a adaptação da criança ao mundo externo. A partir do 15º dia, a mulher já
produz o leite chamado maduro, que é de fácil digestão e contém ferro de alta disponibilidade.
O leite materno também apresenta mudanças de composição durante a mamada – o leite do começo
(anterior) é mais aquoso, enquanto o leite do final (posterior) é mais rico em calorias e gordura.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA LACTAÇÃO


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Durante a lactação, a mulher deve aumentar sua ingestão calórica em aproximadamente 500 kcal/dia,
aumentar a ingestão de proteínas para 15 g/dia nos 6 primeiros meses e para 12 g/dia nos outros meses. A ingestão
correta dos outros nutrientes deve ser observada.
A restrição alimentar da mãe deve ser evitada, pois isto pode alterar seu estado nutricional e afetar
a correta produção de leite. Alimentos como chocolate, ovos e frutas cítricas não têm interferência
comprovada na produção do leite nem de cólicas no bebê. O consumo de café deve ser restrito a 3 vezes ao
dia. A ingestão de álcool deve ser evitada.
O consumo de água deve ser estimulado, pois é fundamental para a produção do leite. Também o consumo
da carne de peixe e aves deve ser estimulado, na frequência de 3 vezes, por semana.

O PAPEL DO TÉC. DE ENFERMAGEM

Nessa fase, o profissional deve continuar um trabalho de incentivo ao aleitamento materno, observando
os princípios e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Incentivar a boa alimentação da
mãe para garantir o suprimento adequado de leite faz parte das atribuições tanto do nutricionista quanto do
enfermeiro ou técnico que acompanham a lactante.

LACTÂNCIA

Lactente é o termo que designa a criança que se amamenta, enquanto a mãe é denominada lactante. A criança
de até seis meses de idade que mama exclusivamente no seio, não precisa de nenhum tipo de alimentação
complementar, o que exclui da dieta chás e água.
Em situações, em que, a mãe não pode amamentar, o leite formulado (industrializado) deve ser oferecido,
sendo o leite de vaca a última opção, devido ao fato de ser de difícil digestão e por possuir micronutrientes de
baixa biodisponibilidade.

CÓLICA DO LACTENTE

A cólica do lactente é multifatorial e depende da condição emocional da mãe e do ambiente que cerca a
criança, da sua resposta adaptativa à vida extra-uterina e ao processo de amadurecimento e o trato
gastrintestinal. Por esses fatores, ela é autolimitada.
Em casos em que as cólicas são intensas ou frequentes, o profissional que acompanha a mãe deve observar se
a pega do bebê no seio está correta, se a criança, não está engolindo ar, se o esvaziamento da mama está
adequado, se o intervalo entre as mamadas não está muito curto e se a criança arrota após a amamentação.

ASPECTOS FISIOLÓGOCOS DO LACTENTE

A criança ao nascer ainda é um ser imaturo fisiologicamente. Alguns aspectos que evidenciam essa
imaturidade são: a baixa produção de lactase, que em alguns se estende até 12 meses de vida, e a baixa produção
de amilase, que normalmente dura até os 6 meses de vida. Além disso, a capacidade gástrica do bebê é pequena,
limitando o volume das refeições (mamadas). A criança só será considerada organicamente madura aos 12
meses de idade, quando poderá ter refeições iguais às da família.

ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

A alimentação complementar ao leite materno deve ser introduzida a partir dos 6 meses de idade. Essa
alimentação já foi erroneamente chamada de alimentação de desmame, termo em desuso, uma vez que a criança
40

continuará mamando. O termo que pode corretamente denominar esse período é alimentação de transição.
A introdução dos alimentos deve ser gradual, iniciando-se com frutas amassadas, em seguida com legumes
em forma de sopa. A carne deve ser introduzida juntamente com os legumes, inclusive a carne de peixe, desde que
não haja casos de alergias alimentares na família. É recomendado que a gema de ovo cozida seja introduzida a partir
do 7° mês de vida, enquanto a clara só deve ser oferecida aos 12 meses. É importante oferecer água à criança logo
que forem introduzidos os alimentos complementares.
Os alimentos devem ser sempre amassados, de acordo com a capacidade de mastigação e deglutição da criança.
Deve-se evitar liquidificar os alimentos, pois dificultam o processo de desenvolvimento buco- maxilo-facial.
A extensão do aleitamento exclusivo por mais tempo que o recomendado, pode trazer prejuízos à criança
em seu desenvolvimento, sendo responsável por casos importantes de desnutrição.
Recomendações Nutricionais: Oferecer alimentos que contenham macro e micronutrientes em
quantidades adequadas; evitar a ingestão de doces de qualquer espécie e o consumo excessivo de sal.

DEZ PASSOS PARA A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA MENORES DE 2


ANOS (MS, 2002)
1- Dar somente leite materno até os 6 meses de idade, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
2- A partir dos 6 meses oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite materno até
os 2 anos de idade ou mais.
3- A partir dos 6 meses dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, frutas e legumes) 3 vezes
ao dia se a criança receber leite materno e 5 vezes ao dia se estiver desmamando.
4- A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando - se sempre a
vontade da criança.
5- A alimentação complementar deve ser espessa desde o início, e ser oferecida de colher, começar com
consistência pastosa (papas/ purês) e gradativamente aumentar sua consistência até chegar a da
alimentação da família.
6- Oferecer a criança diferentes alimentos no decorrer do dia. A alimentação variada é colorida.
7- Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8- Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros
anos de vida. Usar sal com moderação.
9- Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, garantir o armazenamento e conservação
adequados.
10- Estimular a criança doente ou convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus
alimentos preferidos, respeitando sua aceitação.

INFÂNCIA

A infância é a fase que compreende o período entre 1 e 10 anos de idade. Nessa fase, além de ter seu
crescimento e desenvolvimento físico e mental, a criança estará formando seus hábitos alimentares e adquirindo
autonomia alimentar; por isso, oferecer alimentos em quantidade suficiente e de boa qualidade é essencial.

A FORMAÇÃO DOS HÁBITOS ALIMENTARES

A determinação dos hábitos alimentares depende de diversos fatores, entre eles:


- Oferta diversificada de alimentos (fatores econômicos e sociais);
- Ambiente familiar (fatores sociais e culturais);
- Religião;
. Meios de comunicação;
. Influência do meio ambiente – família e colegas;
41

- Enfermidades.

No início da infância ocorre uma diminuição na velocidade de crescimento, o que pode causar uma
diminuição no apetite. O apetite também se toma inconstante, podendo ocorrer até mesmo a falta dele
(inapetência). Deve-se observar se essa inapetência é orgânica, causada pela carência de nutrientes, ou
comportamental, quando a criança usa a alimentação como forma de chamar a atenção dos pais, professores e
cuidadores.
A alimentação irá depender ainda do amadurecimento orgânico e da capacidade gástrica e motora da
criança. A partir dos 12 meses de idade a criança já pode receber alimentação igual à da família.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS: Por ser uma idade de intensa atividade orgânica, algumas necessidades devem
ser atendidas:

• Proteínas: a ingestão de proteínas deve acompanhar o crescimento, sendo que irá gradativamente diminuir em
relação a gramas por quilo de peso, aumentando, entretanto, seu valor absoluto.

• Cálcio: responsável pela formação de ossos e dentes, será responsável pelo aumento da densidade óssea. Sua
absorção é facilitada pela ingestão de vitamina D e lactose. Deve-se continuar oferecendo leite para a
criança, após a retirada do leite materno, e incentivar o uso de copos e colheres, em vez de mamadeiras.

• Ferro: devido à intensa formação de células eritrocitárias, a ingestão adequada permite uma circulação
sanguínea adequada, o que será essencial ao crescimento e desenvolvimento normais.

O PAPEL DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM OU ENFERMEIRO


Nessa fase, o enfermeiro deve colaborar para a formação dos hábitos alimentares, incentivando e orientando
o consumo adequado de nutrientes tanto para crianças como para seus familiares.

NUTRIÇÃO NOS CICLOS: ADOLESCÊNCIA

Período compreendido entre os 12 e 21 anos de idade, onde ocorre uma transformação fisiológica, psicológica e
cognitiva, durante a qual a criança se torna adulto. É considerada, a etapa, final da manutenção orgânica e psíquica
do indivíduo.
A puberdade é um período de crescimento e desenvolvimento acelerado durante o qual a criança se transforma
fisicamente em adultos e se torna capaz de reprodução sexual, onde se observa uma maior produção de hormônios
reprodutivos.
A adolescência é a fase em que haverá a confirmação ou a contestação dos hábitos adquiridos na infância. Nela,
adquire-se a autonomia alimentar, pois o adolescente passa a ser “responsável” pela sua alimentação. A
influência dos pais aparece em terceiro plano, após a dos colegas e a da mídia

NUTRIENTE PORCENTAGEM (%)


Carboidratos 45 a 65
Lipídeos 25 a 35
Proteínas 10 a 35
42

Durante a adolescência, as necessidades de proteínas variam com o grau de maturação física. A ingestão
inadequada pode levar a alterações no crescimento e desenvolvimento do adolescente, podendo levar a um retardo
ou diminuição da estatura ou peso.

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

• Cálcio: A ingestão deve atender ao que é recomendado, pois é na adolescência que ocorre o pico da
mineralização óssea, ou seja, é a etapa em que os ossos irão armazenar a máxima quantidade de cálcio possível
para ser utilizado na vida adulta. A deficiência de cálcio nessa idade pode ser o principal determinante da
osteoporose no adulto.

• Ferro: É importante devido ao aumento da massa muscular e do volume sanguíneo. Deve-se observar o
aumento das necessidades na mulher a partir da menarca.

• Frutas e verduras: Para atender às necessidades de vitaminas e minerais desta fase, deve-se incentivar o
consumo de frutas e verduras, assim como de alimentos variados e que não contenham excesso de gordura, de
açúcar e de corantes.

NUTRIÇÃO NOS CICLOS: ADULTO

A vida adulta constitui um tempo ideal para tomar decisões e fazer um planejamento positivo para a saúde
e prevenção de doenças. Na transição, desde a adolescência até a fase adulta, a saúde e o bem-estar podem
alcançar uma nova importância.
É aquela em que vivemos o ciclo "normal" da nossa fisiologia. Não estamos mais em fase de crescimento e
ainda não chegamos a velhice. É o período em que temos a estabilidade do número de células adiposas, mas
também é quando elas aumentam os seus estoques de gordura, causando assim um ganho de peso em regiões
específicas (abdômen, quadril).
Os cuidados com a alimentação devem levar em consideração que estamos na fase em que
determinaremos nossa longevidade e nossa qualidade de vida. A alimentação deve seguir as 4 Leis: Qualidade,
Quantidade, Harmonia e Adequação.
Embora não seja uma fase de alterações orgânicas, o indivíduo passa por diversas alterações psicológicas,
decorrentes de mudanças, casamento, filhos, estudos, e essas mudanças trazem uma carga de estresse muito
elevada, que pode afetar a estrutura alimentar do adulto.
Observar a carga de estresse e estar atento a restrições e compulsões alimentares nesse período é muito
importante.

ADULTO JOVEM: necessidade de maior ingestão de alguns nutrientes para alcançar o potencial genético de
formação da massa óssea adequada (Cálcio e vitamina D)
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ADULTO DE MEIA IDADE: diminuição do gasto energético, tendência ao aumento de peso e DCNT’s.

ALTERAÇÕES FISIOLOGICAS NO ADULTO:


1. Maturidade física: crescimento constante (duplicação celular);
2. Envelhecimento orgânico gradativo: em especial redução da massa óssea a partir dos 25 anos;
3. Redução da taxa de metabolismo basal: 25 aos 75 anos.

ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS NO ADULTO:


• Fatores Interferentes: Hábitos alimentares inadequados;
• Fatores externos (estresse);
• Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT);
• Hábitos de vida (fumo, álcool, drogas, sedentarismo).

DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS PRESENTES NO ADULTO: obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitos e doenças
cardiovasculares.

NUTRIÇÃO NOS CICLOS: IDOSO

A população idosa, que compreende indivíduos a partir dos 60 anos de idade, está aumentando. Esse
aumento é decorrente de avanços no campo da Medicina, os quais elevam a expectativa de vida, e de leis
que protegem o indivíduo e permitem que ele se ausente do trabalho e mantenha sua qualidade de vida.
O envelhecimento é um processo caracterizado por alterações morfológica, fisiológicas, bioquímicas e
psicológicas que levam a uma diminuição da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, que
termina por leva-lo a morte.
É influenciado pelos fatores genéticos e ambientais, bem como pelo reflexo do estilo de vida adotado nas
fases anteriores da vida.
O envelhecimento consiste na perda paulatina da capacidade de adaptação do organismo devido à
interação de fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais). Principais alterações fisiológicas no
envelhecimento.

FATORES QUE PODEM AFETAR A INGESTAO DIETÉTICA NOS IDOSOS E O ESTADO NUTRICIONAL
• Perda de rendimento (pobreza);
• Isolamento social;
• Doenças que reduzem o apetite, diminuindo a absorção ou utilização dos alimentos, ou a necessidade de
nutrientes;
• Drogas que afetam a ingestão, absorção e utilização dos alimentos, ou a excreção de nutrientes;
• Ignorância sobre uma boa nutrição ou preparação alimentar;
• Hábitos e tabus inadequados;
• Alterações no paladar;
• Hipocloridria;
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• Problemas dentários;
• Depressão ou problemas mentais;
• Habilidade física  para comprar alimentos e prepara-los;
• Alcoolismo

No idoso, a taxa de alteração catabólica do organismo supera a anabólica, gerando um índice de


desnutrição e de gasto celular maior que o índice de construção e economia de energia. Com isso, passa a ocorrer
uma perda progressiva de massa magra, diminuindo a força muscular e aumentando os depósitos de gordura.
Perdas sensoriais também são observadas, principalmente a perda do paladar e do olfato.

LOCAL/
CONDIÇÃO ALTERAÇÕES
Massa magra e na massa mineral →  do número de fibras musculares, de tecido
MÚSCULOS muscular e o tamanho dos músculos → atrofia muscular, reduzindo a atividade muscular;
 Massa mineral;
↑ na proporção da gordura corporal e tecido conjuntivo.
A diminuição da massa magra pode ser devido a um efeito secundário produzido por
mudanças hormonais, mudanças no metabolismo de proteínas, e mudanças na ingestão
energética ou na atividade física.
Os ossos tornam-se porosos;
OSSOS Há perda de cálcio;
Predisposição a osteoporose e maior frequência de fraturas;
SENSORIAL:
1.  Paladar;
2. Ocorre atrofia das papilas gustativas:
-  sensibilidade ao gosto de doce e salgado;
- Agrava-se com os medicamentos.
CAVIDADE ORAL 3.  Do fluxo salivar (tanto quantitativa e qualitativamente – ocorre redução da
secreção de mucina e ptialina);
Fatores agravantes:
• Respirar pela boca;
• Próteses dentarias mal adaptadas;
• Uso de algumas drogas que podem levar a secura da boca (anti-hipertensivos
causam xerostomia).
Disfagia; hérnia hiatal, divertículos e esofagite por regurgitação no Idoso.
ESÔFAGO
1.  da secreção acida e de pepsina;
2.  Motilidade e o esvaziamento gástrico.
ESTÔMAGO Estudos demonstram que 2 fatores interferem no esvaziamento gástrico: o pH
intragástrico e a capacidade da musculatura antraL.
A hipocloridria:
•  Absorção do ferro não-heme e cálcio;
• Crescimento bacteriano excessivo (devido a  da secreção acida) → menor ação
dos sais biliares, mal absorção de gordura e diarreia;
INTESTINO •  Fator intrínseco pode levar a menor absorção de vit. B12 → pode ocorrer
DELGADO anemia megaloblástica;
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• Diminuição das dissacaridades intestinais, diminuição da atividade da enzima


que consequentemente, reduz a absorção intestinal do cálcio.
Peristalse mais lenta:
INTESTINO •  Tônus muscular;
GROSSO •  Atividade física e aos maus hábitos alimentares (aceleram o quadro de
obstipação).
ORGÃOS ANEXOS AO Pâncreas:
TRATO • A baixa produção de insulina contribui para o aumento do número de diabéticos.
GASTRINTESTINAL • A baixa produção de lipase, quimiotripsina e tripsinogênio podem causar
esteatorréia leve e aumento da excreção fecal.
Fígado:
•  Do número de hepatócitos;
•  no peso absoluto do fígado.
1.  Na tolerância à glicose;
2.  Da síntese de insulina;
METABOLISMO 3. Resistencia periférica a insulina;
4. ↑ glicose sanguínea.
• Pode ocorrer  do debito cardíaco;
• Acumulando gordura no pericárdio e no interior dos vasos sanguíneos;
•  Da ação de enzimas no coração
CARDIOVASCULAR •  da força e a velocidade de contração do musculo cardíaco;
• Há o aumento da pressão arterial.
• Pode ocorrer diminuição da função renal em 50% (30 a 70 anos);
•  O fluxo plasmático renal, em 10% por cada década;
•  Progressivamente a taxa de filtração glomerular a partir dos 50 anos;
• Ocorre  do número de glomérulos com ↑ do tecido fibroso que os substitui;
RINS • A capacidade de diluição e concentração de agua é afetada, o que ocasiona a
desidratação.
• Ocorrem alterações devido ao uso de substancias precursoras dos
NEUROLÓGICO neurotransmissores cerebrais.
• Desenvolvimento de doenças como Parkinson e Alzheimer.
• Há diminuição do tecido subcutâneo e o tecido conjuntivo torna-se rígido;
PELE, • A pele torna-se seca e frágil, reduz a tolerância ao sol, ao calor, ao frio, aumenta
MUCOSAS E a susceptibilidade às infecções, a pele se rompe e se fere com facilidade;
UNHAS • As unhas apresentam-se secas e opacas.
• Isolamento social;
• Depressão (perda de entes queridos);
PSICOSSOCIAL •  Produtividade;
•  Mobilidade;
•  Rendimento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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