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Sinopse

Eu sou ardiloso, uma alma sombria, e filho de um homem morto -

ou não sou?

Eu penso muito à frente para conseguir os resultados que quero.

Ela.

As coisas podem ser complicadas, mas sempre fomos destinados um para o


outro.

Vou protegê-la de qualquer ameaça e defender os meus interesses, mesmo


que isso signifique ir contra os meus próprios irmãos.

Meu nome é Nixon Pearson.

Sou implacável e mortal, mas também dedicado.

As pessoas podem pensar que sou jovem e ingênuo, mas é só uma máscara
que uso para enganá-los.

***

Primeiro vieram os quatro pais. Agora é hora dos quatro filhos.

Nixon (Four Sons, #1) por Ker Dukey

Hayden (Four Sons, # 2) por J.D. Hollyfield

Brock (Four Sons, # 3) por Dani René

Camden (Four Sons, # 4) por K Webster

*Esta série deve ser lida em ordem para melhor entendimento.


Nota da autora

Este romance contém algumas cenas que podem ser perturbadoras. Por favor,
leia com cautela.
Dedicatória

Para todas as minhas cadelas darks. Normal é para os banais.


Four Fathers - Recapitulando

(Para aqueles que não leram a Série Four Fathers)

Rowan, uma mulher jovem e bonita, acaba de fazer dezoito anos e é amiga
dos quatro irmãos Pearson ao lado. Hayden dezenove, Brock dezessete,
Nixon dezesseis e Camden quinze.

Rowan namorou brevemente Brock, teve uma paixão adolescente por Hayden
e é a melhor amiga de Nixon. Mas quando Eric Pearson, pai deles, coloca
seus olhos nela, ela permite que ele a seduza.

Eric Pearson é um empresário rico e bem sucedido cuja esposa supostamente


fugiu muitos anos atrás. Ele gosta de brincar com coisas que não são dele e
quando começa um caso ilícito com a filha adolescente do pai solteiro ao
lado, não tem ideia de que está provocando um homem perigoso.

Jaxson Wheeler é um serial killer. A única coisa preciosa nesta terra para ele
é sua filha de dezoito anos, Rowan. Então, quando acredita que Rowan foi
corrompida por Eric, ele sabe que Eric precisa morrer. E por sua mão, assim
como fez com a esposa de Eric há muitos anos atrás, sem que ninguém
soubesse, a não ser Jaxson.

Jaxson abandona seu plano de matar sua última vitima, a namorada de um


dos parceiros de negócios de Eric Pearson e melhor amigo, Trevor
Blackstone e, em vez disso, busca vingança matando Eric e deixando-o no
mesmo túmulo que a esposa de Eric foi enterrada desde seu desaparecimento.

Irritado com a traição de sua filha, Jaxson foge só para voltar sete meses
depois para pegar o seu próprio troféu.
Capítulo Um

Nixon

Dezenove…

Eu sou um psicopata?

Tocando a lombada do livro, uma risada puxa meus lábios. Que título para
um psiquiatra ter em sua estante de livros. Eu sou um psicopata?

Eu me fiz esta pergunta muitas vezes, mas nunca pensei que comprar um
livro me daria a resposta.

Todos nós temos tendências psicopatas. Se você despir suas características e


mergulhar na essência do seu núcleo, as partes que compõem as bases de
quem você é, o que faz você, você - elas estão lá. Elas estão em todos nós em
alguma habilidade.

Eu sou um psicopata?

É uma pergunta que todos poderiam fazer se nós dividíssemos os fatos


básicos e nos despíssemos para revelar os comportamentos sussurrantes que
tentamos ignorar - fingimos que não existem.

A pergunta que devemos fazer, no entanto, é quantos desses traços existem


em nossas mentes? Quão consistentes e persistentes são essas qualidades? A
razão por trás delas e como se manifestam em situações forçadas sobre nós,
separando os psicopatas das pessoas “normais”.

— Esse título lhe interessa? — Pergunta a Dra. Winters, sentando-se e


colocando um copo de água na frente dela sobre a mesa - uma mesa que nos
separará assim que eu me sentar no sofá em frente a ela. Eu não tinha
percebido que ainda estava tocando o livro.
— Eu fiz esta pergunta a alguém uma vez, — eu digo, escovando meus dedos
sobre os outros títulos e, em seguida, fingindo espaná-

los. Depois de vir aqui por mais de dois anos e meio, eu sei que nunca há uma
coisa fora do lugar ou uma partícula de sujeira em seu escritório. Ela é uma
aberração da limpeza.

Eu franzo meu nariz em desgosto só para ver seus olhos se arregalarem e


correr para a estante. Parece que eu não sou o único nesta sala com
problemas. Ando em direção a ela e empurro o copo de água para o meu lado
da mesa antes de me sentar. Ela não me perguntou se eu gostaria de água - ela
se acostumou comigo declinando - mas é o nosso último dia, e quero mexer
um pouco com ela.

— A quem você perguntou? — Ela questiona.

— Isso é importante? — Eu pego o copo e tomo um longo gole, a água


gelada perseguindo a secura da minha garganta.

— Se isso é importante para você, é importante. — Ela sorri...

quase.

— Você quer saber o que me responderam? — Eu arqueio uma sobrancelha e


limpo meus lábios. Seus olhos seguem o movimento.

— Você quer que eu saiba? — Sua voz é calma, como se suas palavras
fossem ditas através de um pano de seda. É um truque para me fazer confiar
nela.

— Ele me fez uma pergunta em troca, — eu a informo, me inclinando para


trás com as mãos atrás da cabeça. Eu levanto meus pés e os cruzo em meus
tornozelos em sua mesa.

Seus olhos se estreitam quando um pedaço de lama da minha bota cai no


copo e flutua sobre a água. — Você quer me contar a pergunta que ele fez?
— Ela se endireita e chega sua bunda para trás.
— Se eu matasse alguém que você ama, você se importaria?

Ela fica tensa, mas é fugaz. — Isso é uma pergunta ou a resposta?

Eu sorrio. — Essa é a pergunta que ele me fez.

— E qual foi a sua resposta? — Ela inclina a cabeça, me estudando.

— Eu não tive uma a princípio. Ele disse que se eu estava procurando no mar
de pessoas que eu amo em minha mente, então provavelmente não sou um
psicopata.

— Então você tem a sua resposta, — ela conclui, cruzando uma perna sobre a
outra. Sua saia repousa logo acima dos joelhos, dando-me um breve
vislumbre de sua calcinha no movimento. Não tenho certeza se é deliberado,
mas também não me importo. Eu estreito meu olhar no dela.

— Mas e se eu não amar ninguém? — Eu pergunto, inclinando-me para a


frente. — A resposta é óbvia? — Eu sorrio.

Suas mãos apertam seu bloco de notas. — Isso não faz de você um psicopata.

Eu mantenho meus olhos treinados nos dela, segurando seu olhar.

— Não faz? — Eu franzo a testa, segurando o meu sorriso quando seu olho
se contrai. Ela nunca foi capaz de me compreender.

E eu não preciso que ela responda a essa pergunta. Eu já sei que a resposta é
sim.

Sim, eu me importaria.

Eu me importaria muito.

Porque eu amo.

Eu a amo.

E foi por isso que eu tive que matá- lo.


Capítulo Dois

Nixon

Desde o inicio…

#1 Traço de um psicopata
Destemido
Os sons dos meus três irmãos rindo juntos atravessam o corredor até o meu
quarto. A irritação explode dentro de mim quando pulo da cama para fechar a
porta.

Eu quero calar todos eles. Eu odeio como eles simplesmente aceitam que
nosso pai esteja namorando uma garota com quem crescemos. Uma garota de
apenas dezoito anos. Uma garota que não é para ele. Eu posso ter apenas
dezesseis anos, mas no nosso caso, a idade não importa. Pertencemos um ao
outro.

Eu uso uma máscara de indiferença, não deixando escapar que eu realmente


me importo. Rowan nos afeta a todos.

Sabíamos que haveria competição entre nós por seu afeto, mas, Cristo,
nenhum de nós poderia prever que nosso pai a exibisse como seu brinquedo.

Ela quebrou meu maldito coração no dia em que os vi juntos. Eu pensei que
ela fosse diferente das outras garotas. Ela não se importava com dinheiro,
poder ou aparência. Ela gostava de rir, brincar, comer pizza e pedir suas
próprias batatas fritas em vez de roubar as minhas.

Ela não pedia atenção ou precisava de elogios para saciar seu ego. Vaidade
não é algo que ela possuía, apesar de ser a garota mais bonita em qualquer
sala.
Eu desejei ser o único a beijar seus lábios. Segurá-la em meus braços e
protegê-la da dureza do mundo. Eu ansiava que ela tirasse um pouco da
escuridão fria dentro de mim e acendesse sua luz. Ela e Brock tiveram um
namorico por um tempo, mas não era real - não era o que nós
compartilhamos.

Ela estar com Eric é um pesadelo que me mantém acordado durante a noite.
Os pensamentos dele arruinando-a, intoxicando sua mente e transformando-a
na mulher perturbada que minha mãe se tornou, me faz querer cravar uma
faca em seu peito e arrancar seu coração.

Eu quero jogar alvejante nos meus olhos e lavar as imagens deles juntos.
Ouvi-la gemer e chamar por ele – por ele! – dói . É uma dor que tenho que
reprimir e mascarar. Eu não os deixo ver o dano que me causam. Sempre
houve uma desconexão entre Eric e eu. Meus irmãos o chamam de pai, mas
ele nunca foi pai para mim. Até mesmo dizer a palavra me faz lembrar dele
forçando Rowan a chamá-lo de papai. Me deixa doente. E conhecendo-o,
saber o quanto sinto por Rowan só faria ele esfregar mais na minha cara. Ele
adora deixar todos saberem que está fazendo coisas repugnantes com ela.

Não posso acreditar no show que ele deu na festa mais cedo na frente de
todos. Fazendo Rowan dizer ao pai que ela tinha um novo papai agora. Quase
me fez explodir em um ataque de raiva frenética, mas eu me controlei,
ganhando meu tempo, deslizando minha máscara de tudo bem para todos
verem, para que não soubessem o que está acontecendo dentro da minha
mente. Ninguém pode me entender e é assim que eu gosto.
Paciência me é mais útil. Este é o longo jogo. Seu próprio pai, Jaxson
Wheeler, não é do tipo para ser feito de bobo, e por que me expor quando sei
que ele vai lidar com o meu problema por mim?

Eric empurrou sua sorte para longe esta noite. Ele acha que é intocável e, para
a maioria das pessoas, talvez ele seja. Mas Jaxson Wheeler? Ele não é a
maioria das pessoas.

Eric forçar Rowan a dizer a seu pai que ela não pertencia mais a ele, assinou
sua própria sentença de morte.

A cena toda me fez querer vomitar. O pai de Rowan não é do tipo que
simplesmente recebe ordens. Ele faz suas próprias regras e eu admiro isso
nele. Eu o observei ao longo dos anos - observei-o vigiar todos os outros.
Como eu, ele usa uma máscara. Ele esconde seu verdadeiro rosto e isso me
intriga.

Ele tenta se encaixar, mas sob a superfície, ele vê a todos, menos Rowan,
como irrelevantes. Eu vasculhei em seus olhos e encontrei a entidade
implacável atrás deles.

Ele olhou para dentro de mim também, atravessando a escuridão com um


holofote para conseguir uma reação. Uma verdade. Ele quer saber se Eric e
Rowan estar juntos me incomoda. Ele quer que eu morda a isca e faça algo
sobre isso. Mas por que me expor quando sei que ele fará o trabalho sujo por
mim?

Porra, estou cansado de sentir essa merda - cansado de deixá-la me consumir.

Checando meu celular, suspiro com os seis textos de Jackie, uma garota da
minha escola que quer que eu saia com ela. Ela é carente pra caralho. Eu a
odeio.

Não me incomodo de responder. Ela vai entender a mensagem.


Meus olhos acabaram de fechar quando ouço gritos. Rowan. Eu reconheceria
a voz dela em qualquer lugar.

Eu sento e escuto. Talvez estivesse sonhando. Ainda posso ouvir um leve


zumbido dos meus irmãos na casa. Precisamente quando estou prestes a cair
de volta no travesseiro, o som baixo das vozes se filtram através da minha
janela. Levantando, espio pela janela. Se Eric está lá fora fazendo merda com
Rowan, vou me odiar por me levantar para testemunhar isso.

Procuro na escuridão, mas não vejo ninguém até que um clarão e o estalo de
um tiro ecoam pelo ar.

Thump.

Meu coração para, então começa a trovejar contra minhas costelas.

Porra.

Meus pés estão se movendo antes que minha mente tenha tempo de perceber.
Eu saio correndo pela casa, pulando as escadas em três saltos.

— Que diabos foi isso? — Meus irmãos chamam de algum lugar da casa,
mas foda-se eles. Eu preciso chegar até Rowan.

A chuva é espessa e pesada, me encharcando em segundos. Quando entro no


pátio de Wheeler, meus pés escorregam na lama molhada.

A chuva é insana, fazendo com que seja quase impossível ver claramente.

Olhando através da torrente, percebo Jax Wheeler com uma arma estendida
em suas mãos, apontada e pronta. Ele está rosnando para...

Rowan. Ela está em uma pilha na grama, suas roupas grudadas em sua pele,
seu cabelo preso ao rosto, características gravadas em dor agonizante. Ela se
inclina para a frente em direção a algo no chão.
— Eu nunca deveria ter cortado você de sua mãe, — ele cospe para ela.

Eu reajo a seus soluços, ela parece tão quebrada, e avanço para ver o que ela
está olhando. É um buraco de um bom tamanho cavado no chão. Eu sigo sua
visão e o ar sai dos meus pulmões. Eric está com os olhos arregalados,
olhando para cima com um buraco de bala no crânio.

Porra.

Ele fez isso. Ele o matou.

Eu sabia que ele o faria.

Avançando, bato em Jaxson, levando-o ao chão. Seu corpo cai com um ruído
na lama. Porque é o que qualquer filho faria.

Erguendo o braço para trás, soco sua mandíbula, mas ele me empurra de cima
dele, usando seu tamanho para ganhar o controle sobre mim, então aponta a
arma para mim com um sorriso doentio em seus lábios.

Thump.

Eu me inclino para a frente, apesar do perigo. Eu posso ser menor, mas sou
mais rápido, e há essa adrenalina estranha fazendo as escolhas por mim. Eu
não estou assustado; Estou excitado.

Batendo na mão dele para sair da sua mira, o estampido se estilhaça pela
noite, disparando um tiro. Filho da puta. Pulo em cima dele, tentando acertar
outro golpe, mas ele me bate no nariz com a coronha da arma, me atordoando
e me fazendo cair para trás. Ele se levanta com facilidade. Olhos selvagens
rastreiam meus movimentos.

Rios quentes de sangue se misturam com a chuva enquanto o meu nariz vaza.
Sorrio de volta para ele quando seus olhos piscam largamente e caem em
Rowan.
O que é isso? Medo? Arrependimento?

Uma comoção segue atrás de mim quando meus irmãos todos correm para o
quintal até Rowan.

Não quero tirar os olhos de Jaxson, mas os súbitos apelos ansiosos para ela
ficar com eles roubam minha atenção.

— Vai ficar tudo bem, Ro. Não morra, porra.

— Chame uma ambulância!

— Pare o sangramento!

A chuva está aumentando. Demoro alguns segundos antes de ver o sangue.

Minhas entranhas colidem e minhas mãos tremem. Ela está sangrando. Porra.
Porra. Não.

Um som estridente explode no ar, e não tenho certeza se é um trovão ou meu


peito se abrindo. Meus pés se movem para o lado dela enquanto tento impedir
o pânico dentro de mim de me rasgar e me engolir.

Eu preciso manter a calma. Ela precisa que eu fique calmo. — Mova-se. —


grito, empurrando Hayden para fora do caminho e passando minhas mãos por
seu estômago. Rasgando o material de sua camisa para expor sua pele, eu
inspeciono a ferida. De um pequeno buraco vermelho do tamanho de um
centavo escorre sua essência, encharcando minhas mãos. Cam tira a camisa e
me entrega para colocar sobre o buraco.

— Uma ambulância está a caminho. Ela está respirando? — Brock pergunta,


transmitindo a situação para alguém do outro lado do seu celular.

Cam está ao meu lado, apertando a mão de Ro. Eu examino a posição da


ferida no estômago dela. É baixo e à direita de seus órgãos. —
Verifique se há um ferimento de saída. — Cam me diz, levantando-a um
pouco para que eu pudesse checar suas costas. Assentindo de acordo, meus
dedos sentem em torno de sua pele na parte de trás de seu quadril, e encontro
- um ferimento de saída. Um suspiro passa por meus lábios enquanto eu
aceno para Cam. Ele me dá um sorriso tranquilizador em troca. — Isso é
bom, — ele encoraja. Já assisti filmes policiais o suficiente para saber que se
atravessou é um bom sinal. Ignorando o pânico na voz de Brock enquanto ele
diz ao operador que há muito sangue, eu procuro no quintal por Jax e o avisto
assim que ele sai do portão.

Pegando a mão de Cam e colocando-a sobre a camisa para que eu possa


liberar a minha, limpo minhas mãos no meu short encharcado. —

Cuide dela, Cam. — Peço ao meu irmão mais novo, e me levanto, começando
a perseguição.

Meus pés batem no asfalto, causando fisgadas em ambas as pernas, mas isso
não me atrapalha. O maldito velho está em forma pra caralho.

Depois de alguns minutos, ele diminui a velocidade e se vira para mim. Ele
nem está sem fôlego. Não há emoção em seu olhar vazio -

sem remorso ou medo. O breve vislumbre de emoção do momento após a


arma disparar contra Rowan foi substituído por indiferença. Eu imito suas
feições, e é como olhar em um espelho. Ele é meu reflexo, e esse é um
pensamento assustador.

Eu poderia matar alguém? Minha alma é negra?

— Eu não quero matar você, — ele me diz, e acredito nele. Há sinceridade


em seu tom.

— Você atirou em Rowan, — eu grito. — Ela é sua maldita filha. —

Ele precisa ser lembrado disso.


— Ela foi atingida por uma bala perdida. Eu só queria Eric. — Ele encolhe os
ombros. Simples assim.

— Ele é meu pai, — eu rosno. — Você acha que eu não vou vingá-

lo? — Inclino minha cabeça, estudando-o.

Um sorriso arrogante ergue seus lábios. — Você não dá a mínima para ele. E
nós dois sabemos que ele não é seu pai. Talvez você devesse perguntar ao tio
Trevor se ele sabe quem é o seu verdadeiro pai.

Desgraçado.

Minha testa franze em suas palavras, mas eu escolho ignorá-las por agora.

— Se ela morrer, eu irei atrás de você, — eu aviso em vez disso, e quero


dizer isso. Posso ter apenas dezesseis anos, mas isso não vai me impedir de
vingá-la.

— Você a ama? — Ele pergunta, divertido e curioso. Como se a questão o


pegasse de surpresa. Ele vê o reflexo, assim como eu.

O céu noturno nos envolve em seu escudo, e de todas as pessoas do mundo,


sinto que Jaxson pode ser o único que me entende.

— Eu sinto coisas por ela, mas nós dois sabemos que não amamos nada, —
eu digo, pedindo-lhe para confirmar.

— Cuide-se, Nixon. Não cometa os mesmos erros que cometi, — ele me


avisa.

E então, ele desaparece na chuva.


Capítulo Três

Rowan

#2 traço de um psicopata
Destreza
Agonia.

Essa é a única palavra em que posso pensar para descrever a dor. O

sofrimento é uma ferida muito mais profunda que qualquer dor física. É

um punho apertando seu coração e queimando sua alma repetidas vezes.


Estou à procura de paz, um lugar para correr e me esconder, para que não o
veja quando fecho meus olhos. Não veja a sua morte. Parece que minha pele
está sendo arrancada de meus ossos. Eu só quero escapar dessas memórias.
Destas quatro paredes. Desses quatro garotos.

Estou tão sozinha, apesar de o hospital estar cheio. Todos os quatro rapazes
Pearson estão sentados em várias cadeiras em volta da minha cama, e eu não
posso murmurar uma palavra, mesmo que esteja gritando por dentro, porque
eles perderam a mãe e o pai pelas mãos do meu. Como eles ainda podem
querer estar aqui cuidando de mim?

Minha alma está tão devastada. Eu acho que não vou me recuperar disso.
Minha cicatriz é um lembrete constante do que perdi - e o que não perdi. O
bebê que geramos vive dentro do meu ventre.

O zumbido de um celular sacode Nixon de seu sono. Ele não saiu do meu
lado a semana inteira em que estive aqui. Hayden está segurando o telefone e
sai da sala para atender a ligação.
— Ei. — Cam sorri, pegando minha mão na dele. — Como você está se
sentindo hoje? Pronta para ir para casa? — Eu endureci com essas palavras.

Casa.

Eu não tenho mais uma casa. Um lugar no mundo.

— Aqui, — diz Nixon, colocando um canudo nos meus lábios. Ele sempre
parece saber quando eu preciso de algo. — Se você não se importar, quero
que volte para a nossa...

— Nós, — Cam interrompe, acenando para seu irmão.

— Nós — Nix continua, — queremos que você volte para a nossa, é onde
você pertence, — ele franze as sobrancelhas, procurando em meus olhos por
confirmação.

A emoção forma um nó na minha garganta e eu assinto com a cabeça. Porque


aonde mais eu iria? De volta à vida falsa que vivi antes de tudo isso?

— Ótimo. Cam vai buscar sua receita com a enfermeira que está dando em
cima dele todo o tempo que estivemos aqui, — brinca Nix, piscando para
Cam que sorri.

— Não posso impedir que as mulheres me amem.

— Ela é muito mulher. Ela parece ter uns cinquenta. — Brock estremece,
fazendo Cam sorrir ainda mais.

— Eu gosto delas com quilômetros rodados, se você sabe o que quero dizer.
— Os olhos de Cam brilham com malícia, ganhando um sorriso raro de
Nixon.

Por um breve momento, suas brincadeiras normais me fazem esquecer que o


diabo que conheci como um anjo a vida inteira, roubou o pai deles há apenas
uma semana.
Lágrimas brotam dos meus olhos e eu ajo rapidamente para afastá-

las. A culpa me corrói pelo que custei a eles.

— Ro. — Brock franze a testa e vem sentar ao meu lado na cama.

Ele se afastou com um puxão de Nixon em seu braço antes mesmo de se fazer
confortável. — Ela não precisa de você batendo em sua lesão,

— Nixon adverte em um tom que não dá margem para discussão. — Vá


arrumar sua bolsa, — Nixon diz a ele com um movimento de cabeça,
dispensando-o.

Brock endurece, depois passa por ele para pegar meus pertences.

— Eu posso fazer isso, — eu tento dizer a ele, mas Nixon balança a cabeça e
pega a minha mão.

— Você precisa ter calma e nos deixar cuidar de você. Foi muito perto, Ro.
Nós poderíamos ter perdido você.

Há dor nos olhos dele, e não tenho certeza se ele já lidou com a morte de seu
pai. Nenhum deles o mencionou para mim, ou falou sobre como o corpo
decomposto de sua mãe foi retirado de um túmulo no meu quintal.

Eles acharam que ela os tivesse abandonado. Oh meu Deus, meu pai era um
monstro e eu nunca soube. Eu me odeio por ainda amá-lo, mas não importa o
quanto deseje não o fazer, não consigo parar. Ele é meu pai e me sinto tão
mal agora. Todo o meu ser está fragmentado, apenas mantido unido por um
fio fino.

— Por favor, não chore, Ro. Eu não suporto assistir, — Brock grunhe do
outro lado da sala.

— Então, porra, saia para que você não precise, — Nixon rosna para ele.
Brock deixa cair a minha bolsa e cruza os braços sobre o peito. —

Qual a porra do seu problema?

Nixon se vira para ele e juro que vejo Brock se encolher. — Ela não precisa
que você diga que ela pode e não pode chorar porque isso deixa você
desconfortável.

— Não foi isso que eu quis dizer, e você sabe disso.

— Então o que você quis dizer?

Há uma pausa silenciosa, e o ar engrossa antes da porta se abrir e Hayden


voltar para a sala. Seus pés vacilam quando ele vê a tensão entre seus irmãos.
— O que está acontecendo? — Ele franze a testa.

— Nada, — Brock dispara, torcendo o rosto em uma carranca e passando por


Hayden.

Ele sai do quarto com um — Eu vou ficar na casa de Ethan, —

jogado por cima do ombro.

Hayden coloca as mãos nos quadris e olha para Nixon, que encolhe os
ombros. — Que se foda. Nós não precisamos dele aqui de qualquer maneira.
Deixe-o ficar com sua namorada.

— Não seja imaturo, — Cam censura Nixon. A dinâmica já está mudando


entre os irmãos.

Nixon esconde seu sorriso passando a mão debaixo do nariz, mas eu vi a


diversão alcançar seus olhos. Seu irmão mais novo é mais maduro que todos
nós.

— Brock deveria estar conosco agora, — resmunga Hayden.

— Ele precisa do apoio de seu melhor amigo. Todos nós temos nosso próprio
processo. — Cam diz a ele. Hayden vira sua atenção para mim.
— Ok, Rowan, com você agora com dezoito anos, você pode escolher para
onde vai a partir daqui, — ele começa, mas é interrompido quando Nixon
pega a bolsa que Brock deixou cair.

— Ela vem para casa com a gente. Onde ela pertence.

Hayden assente e olha entre Nixon e eu. — Sua amiga está lá fora, Ro. Você
quer que eu diga a ela para encontrá-la em nossa casa?

Não posso enfrentar Suzanne agora, mas ela veio aqui todos os dias
esperando me ver. Eu aceno um sim, e ele acena de volta antes de sair do
quarto.

***

As pontas dos dedos acompanham o tremor da minha mão e eu sorrio para


Camden, que me lança um sorriso tranquilizador. As casas, lado a lado, não
parecem diferentes do que sempre foram. Ainda assim, tudo mudou.

Meu coração troveja no meu peito quando Nix abre a porta do carro e oferece
sua mão para mim. Inalando algumas respirações, eu saio, emoção entalada
na minha garganta e queimando meus olhos.

Ser conduzida para dentro não me dá tempo para mudar de ideia e correr -
fugir de tudo e não parar até que meus pulmões cedam e meu coração pare de
bater.

— Nós pedimos à empregada para arrumar para você um dos quartos vagos,
mas você pode dormir onde quiser, — diz Camden, envergonhado, referindo-
se ao quarto de seu pai.

Deus, eu nunca parei para pensar sobre isso do ponto de vista deles. Tudo
com Eric aconteceu tão rápido - um turbilhão que arrancou o ar dos meus
pulmões e pensamento racional da minha mente. Eu era viciada nele, em ser
querida por ele. Ele era um fogo ardente, e ele
consumiu cada parte minha. O resto do mundo era apenas fumaça muito
densa para poder ver através dela. Eu estava perdida nele.

— O quarto de hóspedes está bem, — digo a ele, apertando o braço dele. —


Quem é a empregada?

— Hayden contratou uma senhora, — Nixon zomba. — Ele acha que


precisamos de alguém para manter a casa em ordem.

— Ela não sabe cozinhar, no entanto, — Camden resmunga. — E eu estou


morrendo de fome.

Eu sorrio, e parece tão estranho no meu rosto, que levo minha mão aos lábios.

— Vou ajudar Rowan a se instalar e, em seguida, fazer um pouco de comida,


— Nixon informa a Camden, que sorri de volta para seu irmão. Nixon sempre
foi um ótimo cozinheiro. Desde tenra idade, ele simplesmente sabia misturar
sabores para criar algo delicioso como resultado. Meu pai também era um
ótimo cozinheiro. Meu coração afunda e o buraco no meu estômago se
espalha.

— Ei, — Suzanne chama, entrando. Há pena marcando suas feições, e faz a


náusea queimar subindo até minha garganta. Corro pelo corredor até ao
banheiro e esvazio meu estômago.

Vozes abafadas zumbem em preocupação. Quero me trancar aqui, mas sei


que será inútil. Eles virão à minha procura.

Passando a mão pela boca, abro a porta e encontro Nixon esperando do lado
de fora. Pego a garrafa de água e a toalha que ele oferece.

— Vamos para o seu quarto e você pode descansar um pouco.

Memórias estão em cada centímetro deste lugar. Está transbordando, e é um


tipo especial de tortura quando subo as escadas e
fico cara a cara com a janela gigante que dá para o quintal deles e para o que
já foi meu. Colocando a mão em volta do meu estômago, eu forço minhas
pernas a continuarem de pé. Uma fita policial cerca o quintal, e há uma tenda
branca armada onde o túmulo foi escavado.

Parece que o sol se pôs e nunca mais se elevará. Virando-me no abraço de


Nixon, inalo seu cheiro e rezo para que meu coração não se parta.

— Vai ficar tudo bem, Ro. Eu prometo.

Promessas são vazias. Eric fez promessas também. Agora ele está morto.

Saio dos seus braços e desço as escadas em direção ao quarto de Eric.


Respirando fundo algumas vezes, abro a porta e meus pulmões se contraem
com força. É como se ele tivesse saído - como se fosse voltar para casa do
trabalho a qualquer momento. Seu cheiro de terra ainda se agarra ao ar, e
meus joelhos finalmente cedem.
Capítulo Quatro

Nixon

#3 traço de um psicopata

Implacável

Isto é ridículo. Eu não preciso de um idiota usando suéter para me ajudar a


superar a morte do meu pai – se é que ele era mesmo meu pai. Faz apenas
algumas semanas desde que conseguimos trazer Ro para casa, e eu deveria
estar lá com ela, não com um psiquiatra. Não sei porque Trevor me trouxe
aqui, como se fosse mudar alguma coisa.

Eu gostaria de poder ver meu pai uma última vez para perguntar se ele se
arrepende de ter cutucado o urso da porta ao lado. Ser baleado teria sido uma
pílula amarga para ele engolir, mas foi provavelmente melhor para ele não ter
saído daquela sepultura respirando.

Eu sinto por meus irmãos, no entanto. Bem... Por Camden. Ele é jovem e, por
mais que eu queira ser um homem que ele possa admirar, a água turva nas
minhas veias me preocupa. E se alguém me empurrar longe demais? Eu
cheguei perto uma vez...

Andando pela sala, Trevor suspira alto o suficiente para eu me virar e


levantar uma sobrancelha. — O quê? — Eu resmungo.

— Venha e sente-se, — diz ele. — Você não está nem tentando.

— Eu não preciso estar aqui. — Eu balancei a cabeça e joguei minha bunda


no assento ao lado dele. Este lugar não tem ar. Está quente pra caralho.

Gotas de suor descem pelas minhas costas. Eu odeio perder a compostura,


mas o ar pegajoso está me deixando agitado.
Quero estar em casa com Rowan. Ela não come a menos que eu cozinhe para
ela.

— Aconselhamento de luto e continuar frequentando a escola irá garantir aos


tribunais que Hayden é um guardião capaz. Hayden está assumindo muito
para um garoto da idade dele, e você não quis vir morar comigo e com Lucy,
então aqui estamos nós, — ele diz, pegando um pedaço de fiapo invisível de
suas calças.

Suas sandálias estúpidas parecem ridículas, mas ele não dá a mínima para o
que alguém pensa, então guardo esse pensamento para mim mesmo.

Ele ofereceu para Cam e eu ir morar com ele, e apesar de Cam poder se
beneficiar com um homem como Trevor o criando, é tarde demais para mim.
Eu não preciso de uma figura paterna agora. Eu cresci e posso cuidar de mim
mesmo.

Eu não deixaria Rowan também. Não posso. Ela precisa de mim. E

Cam não me deixaria. Eric nunca esteve por perto, então não é como se
estivéssemos de repente sozinhos. Mesmo quando ele estava presente, sua
mente estava ocupada. Nada mudou além de Hayden estar estressado e tentar
cumprir este novo papel ao qual foi forçado.

— Não é que eu não quisesse. Não é sobre você. Eu só não quero deixar
meus irmãos, — eu minto, e isso vem facilmente. Nossa espécie é uma
decepção para mim. Diga a eles o que querem ouvir, ofereça um elogio aqui e
ali, e eles serão fantoches.

Ele se endireita em seu assento e descansa a mão no meu ombro. Fantoche.

— Eu sei, mas isso é importante, então leve isso a sério. Por favor?
— Tudo bem. — Eu levanto minhas mãos em sinal de rendição, e ele sorri
com um aceno de cabeça. Fantoche.

A porta se abre e uma mulher entra. Ela é jovem. Não jovem como eu, mas
mais nova que Trevor. Um rabo de cavalo apertado estica a pele do rosto para
cima, fazendo seus olhos parecerem como de gatos. Ela é linda. Um pouco
magra, contornos firmes e uma bunda plana, mas Hayden a chamaria de
fodível. Eu sorrio e a olho como se ela estivesse nua diante de mim - só para
colocá-la no limite. Não é um idiota usando suéter, afinal.

Um crepitar de energia atravessa minhas veias quando uma coloração se


arrasta pelo seu pescoço.

Eu não sei por que, mas fico impressionado sabendo que as pessoas se
sentem desconfortáveis ao meu redor. Talvez seja apropriado que eu esteja
aqui para ver um psiquiatra.

— Desculpe deixá-lo esperando, Sr. Blackstone, — ela cumprimenta Trevor,


então senta atrás de sua mesa e olha para nós com superioridade.

Seus olhos vagueiam para os meus depois de levantar dos meus lábios, e os
dela se inclinam em um sorriso. — Você deve ser Nixon.

— Eu devo? — Eu sorrio. Trevor me cutuca com o braço e eu exalo.

Ele é chato, e eu quero cutucá-lo de volta com a ponta afiada do abridor de


cartas para qualquer um pegar de cima da mesa da médica. Ela é realmente
tão burra? Ou é um teste? Eu não estou aqui porque sou violento, mas com
certeza é arriscado que ela deixe um objeto prontamente disponível, se eu
fosse. Talvez seja só o meu cérebro que vê essas coisas. Talvez, para ela, seja
apenas para abrir cartas e não a arma de um assassinato em potencial.
— Nixon— Trevor rosna baixinho, mas estamos sentados a um metro da
médica, não dez. Ela oferece-lhe um sorriso fechado.

Bem.

— Sim, eu sou Nixon, — eu digo, acalmando-o.

— Eu ouvi muito sobre você do seu tio. Ele vai esperar do lado de fora
enquanto temos nossas sessões. Você está bem com isso?

Ela fala comigo como se eu fosse uma criança e isso me irrita. Ela
provavelmente teria um dia de campo dissecando por que isso acontece. Eu
posso ter só dezessete anos, mas eu tenho sido um homem há muito mais
tempo do que deveria. O mundo é feio pra caralho e temos que crescer muito
mais rápido hoje em dia.

— Tudo bem. — Eu dou de ombros. Trevor se levanta e acena para ela, em


seguida, aponta um dedo para mim com um olhar de advertência que eu acho
cômico.

Uma vez que a porta se fecha atrás dele, eu viro meu olhar de volta para ela
para encontrá-la olhando diretamente para mim. — Eu sou a Dra.

Winters. Você sabe por que está aqui? — Ela pergunta.

— Meu vizinho matou Eric, meu pai, porque ele estava fodendo a filha do
vizinho.

Ela não se esquiva das minhas palavras grosseiras. Em vez disso, ela se
levanta e gesticula com a mão para eu me juntar a ela no canto da sala, onde
uma cadeira azul fica em frente a um sofá verde. As paredes estão cheias de
certificados emoldurados e algumas fotos da Dra. Winters cercada por outros
profissionais, todos usando sorrisos falsos.

A sala está abafada pra caralho. Há uma fumaça no ar, e quero pedir a ela
para abrir uma janela, mas me recuso a mostrar que isso está me
incomodando. Puxando minha camiseta do meu corpo, eu sopro um
pouco de ar contra a minha pele, depois a sigo e sento no sofá. É mais suave
do que eu pensava que seria. Eu quase afundo, me fazendo sentir pequeno e
consumido. Sento-me em linha reta e inclino-me para frente, então estou à
beira do precipício e não me afogando no tecido.

— Você ainda tem muita raiva dentro de você, — Winters afirma, mas ela faz
uma pausa por uma reação.

— Isso é uma pergunta? — Eu questiono, descansando minhas mãos em


meus joelhos.

— Não.

— OK.

— Seu tio me disse que você também perdeu sua mãe...

A perdi, como se ela fosse uma carteira que deixei cair no shopping.

— Ele não é realmente meu tio, — eu a interrompo.

Seus olhos se arregalam ligeiramente. — Oh, bem, me desculpe. Você


prefere chamá-lo de Sr. Blackstone?

— Porquê? Você vai mencioná-lo muito? — Eu contra-argumento, e ela


franze a testa e abaixa a cabeça. Suas bochechas coram e minha boca se abre
um pouco antes de se curvar em um sorriso presunçoso. A Doc tem uma
coisa por Trevor. Não é de admirar que ele me trouxesse para ver esta
médica. É bom ser desejado. Ser querido é um vício. Não importa quantas
pessoas nos ofereçam seu amor, se não é aquela pessoa que queremos, nunca
é suficiente.

— Minha mãe nos deixou há muito tempo, — digo a ela, mudando de


assunto e aliviando-a de seu embaraço.

— Mas as circunstâncias não foram o que você achou. Como você se sente
desde que soube a verdade? — Ela pergunta.

Ah. Essa é uma pergunta difícil. Como eu me sinto? Entorpecido.


— Eu não estava falando sobre quando ela desapareceu. Ela se foi muito
antes disso.

Eu engulo e olho para a janela dominando metade da parede de trás. O verde


cobre a maior parte do lado de fora, mas há um raio de luz vindo de cima. Por
que diabos ela não abre isso? Ela deve gostar de fazer seus pacientes suarem.
Ou talvez ela goste da sensação pegajosa em sua pele. Entre as pernas dela.

— Você quer um pouco de água? — Ela pergunta. Ela está me testando? Eu


balanço minha cabeça não.

Foda-se, eu não vou quebrar.

— Você quer? — Eu pergunto, olhando para ela, baixando os olhos para sua
virilha e levantando uma sobrancelha.

Sua calma vacila brevemente e ela passa a mão pela saia e limpa a testa.

— O que você quis dizer com 'ela se foi muito antes disso', — ela pergunta,
ignorando a minha pergunta.

Eu me concentro no rosto dela e olho para baixo. Quando o silêncio paira


entre nós, ela olha para o relógio e diz: — Estamos seguindo seu tempo,
Nixon.

Um deslize de aborrecimento me invade e o desafio é minha primeira defesa,


mostrar a ela, abrir aquelas feridas é um jogo perigoso -

para o qual ela talvez não esteja pronta. Ela não tem ideia que eu estou feliz
que Eric esteja morto e fiquei aliviado ao saber que minha mãe não tinha
fugido depois de tudo. Que ela não estava lá fora em algum lugar tornando
alguém mais miserável. Eu nem sempre tive essa escuridão dentro de mim.
Minha alma ficou manchada, sombria pela escuridão de
outras pessoas, seus pecados chovendo sobre mim como ácido, saturando-me,
infectando meu núcleo.

Oito anos atrás... Oito anos de idade.

Estive doente nos últimos dois dias. Mamãe me manteve em casa

da escola, mas ela me diz que não posso sair do meu quarto porque não

quer ficar doente. Eu a ouço através das paredes. Está chorando de novo

e me sinto mal por ela. Quero dar-lhe um abraço, então eu gentilmente

abro a minha porta, querendo que ela não chore como de costume. O

tapete sob meus pés silencia os sons dos meus passos enquanto ando até

ao quarto dela. A porta está aberta e posso vê-la sentada em sua cama,

com as mãos cobrindo o rosto enquanto seu corpo treme. Ela parece tão

pequena. Eu chego ao seu queixo e tenho apenas oito anos. Ela sempre

me diz que não sabe de onde herdei minha altura, mas meu pai é alto,

então talvez seja dele. Eu me movo em sua direção, e ela funga e desliza

as mãos pelas bochechas para secar as lágrimas.

— Mãe? — Eu pergunto, e ela levanta, olhando pela janela. — O

que está errado?

— Você acha que a mamãe está bonita hoje? — Ela se vira para

mim e esfrega as palmas das mãos na saia para suavizar as rugas.

— Sim, — eu digo a ela. Ela me pergunta isso o tempo todo, e uma

vez quando eu lhe disse que não gostava do seu top, ela gritou comigo, o
rasgou e pisou nele. Ela me lembra de quando meu irmão mais novo,

Camden, não tem permissão para comer um biscoito antes do jantar.

— Bem, seu pai não achou, — ela diz. — Ele tem uma garota nova

trabalhando em sua empresa. Não admira que ele esteja sempre

chegando tarde em casa. Eu fui tão jovem uma vez, e alegre, então ele

queria filhos e olhe para mim! — Ela grita, beliscando sua barriga. Eu
franzo a testa, sem entender. Olhar para o quê? E quem se importa que

alguém esteja trabalhando com o papai? Mamãe não precisa trabalhar,

e ela odeia isso. As mães dos meus amigos gostam de não ter que
trabalhar.
— Estou me sentindo melhor, — eu minto, esperando que ela pare
de se beliscar.
Um barulho soa do lado de fora, e ela olha de volta para a janela

antes de me pegar pelos ombros e me levar de volta para o meu

quarto. — Fique em seu quarto até que eu diga que você pode sair. —

Quando eu não respondo, ela me sacode. — Você está me ouvindo? —

Minha cabeça dói e suas sacudidas fazem meu estômago doer mais.

— Sim.

Ela fecha a minha porta e eu ouço os passos desaparecerem. Corro

até à minha janela e olho para fora para ver Robbie cortando a

grama. Ele mora na rua e papai o paga para fazer coisas pela casa

porque ele está economizando para uma faculdade chique. Às vezes ele

joga bola conosco, mas ele e Hayden tiveram uma briga sobre Hayden

ter beijado a irmã mais nova de Robbie. Ela é mais velha que Hayden,

mas ele ainda não deveria fazer isso com ela. Eu os vi se beijando uma

vez. Mamãe diz que Hayden é como nosso pai, mas acho que ele se

parece mais com mamãe. Estou entediado dentro do meu quarto e quero

um pouco de ar fresco. Puxo a alça da janela e franzo a testa quando

minha mãe sai no gramado e Robbie sorri para ela. Ela esfrega a mão no

peito dele como a irmã de Robbie fez com Hayden e caminha até à casa
da piscina. Ele a segue e eles entram, mas ainda posso vê-los através das

janelas. Franzo a testa quando eles se beijam. Meu estômago fica ruim

de novo e acho que vou vomitar, então corro para o banheiro. A dor está
pior hoje. Eu queria que Cam não precisasse estar na escola. Ele é mais

novo que eu, mas ele me traria água e jogaria videogame comigo se

estivesse aqui. Quando volto para a janela, não sei se devo olhar ou não,

mas não entendo por que mamãe faria essas coisas com Robbie. Olho

para fora novamente, então rapidamente pulo para trás e fecho minhas
cortinas.
Tenho apenas oito anos, mas sei que o que estão fazendo é feio e

não devo contar ao papai.

— Nixon, você quer me dizer o que você quis dizer?

Eu arrasto minha atenção do passado e me concentro na Dra.

Winters. Nós estamos sentados aqui em silêncio.

— O tempo acabou, doutora. — Eu levanto e saio de seu consultório.


Capítulo Cinco

Rowan

#4 traço de um psicopata

Falta de consciência

Demora mais para liberar um corpo quando há uma investigação de


assassinato, especialmente quando se trata de alguém do valor de Eric, mas,
finalmente, somos capazes de colocá-lo para descansar. A igreja está cheia de
rostos que não reconheço e me sinto tão deslocada. Olhos de todos os lados
queimam um buraco em mim e eu quero fugir. Gostaria de poder fugir. A
polícia está aqui disfarçada, pensando por alguma razão insana que meu pai
possa aparecer.

O cheiro de todas as lindas flores expostas para Eric paira no ar, e acho que
nunca mais cheirarei uma rosa sem pensar nele depois disso.

A náusea é uma sensação com a qual estou aprendendo a viver. Eu a sinto


constantemente. Gostaria de ser mais forte pelos meninos que cuidam de
mim, apesar de sua própria dor.

Brock foi quem sentiu mais. Ele não vem para casa com muita frequência e
passa a maior parte do tempo com Ethan, seu melhor amigo. Eu olho para ele
e meus olhos se fecham. A dor é tão fresca em seu rosto jovem. Lágrimas
queimam os meus olhos quando percebo a mandíbula tensa fixada no rosto de
Hayden. Ele tem muita pressão sobre ele agora. Eu quero ser capaz de ajudá-
lo, mas não posso fazer nada.

Dói só de respirar. Cada dia é mais doloroso que o anterior, porque sinto falta
deles...
Eric despertou a mulher dentro de mim. Estava aprendendo sobre amor e eu
mesma, e então ele foi arrancado de mim pelo único outro homem que eu já
amei. Perdi os dois naquele dia.

Minha vida inteira foi uma mentira. O homem que me colocava para dormir à
noite tinha um monstro dentro dele. Eu procuro cada memória, tentando
encontrar um sinal de quem ele realmente era, mas não há nada.

Uma mão quente desliza na minha, e sei sem olhar que é Nixon. Ele é minha
força agora. Ele sempre esteve lá por mim. Nossa amizade é uma que estimo
e aprecio mais do que ele jamais poderia saber. Antes que as coisas
acontecessem com Eric, sempre achei que me casaria com um dos garotos
Pearson.

Brock sempre disse que seria meu namorado até que eu encontrasse um
namorado de verdade. Ele disse que poderíamos ter todas as primeiras vezes
juntos para tirá-las do caminho. Seria melhor fazer essas coisas com alguém
que conhecemos e confiamos, ele me disse. Eu tinha meus olhos fixos em
Hayden Pearson, no entanto. Mas ele partiu meu coração me beijando e
fingindo que eu não existia no dia seguinte, então eu concordei em namorar
Brock, até que encontrasse um namorado de verdade.

Mas Nixon... Nixon sempre foi minha alma gêmea, meu melhor amigo. Nós
combinamos como hambúrgueres e batatas fritas. Ele nunca tornou isso
sexual; ele apenas sabe que minha alma está ligada a ele e nós precisamos um
do outro. Sua alma gêmea não é sempre aquela por quem você se apaixona.
Pode ser um irmão, uma irmã, um amigo, até um animal de estimação. A
minha é um garoto da porta ao lado.
Nós éramos o trovão e a chuva, uma tempestade impecável. Ele sempre
protegeu meu coração e me defendeu contra os idiotas na escola, mas ele não
pode me salvar dessa dor, não importa o quão desesperadamente ele tente. Eu
não o mereço. Roubei tudo dele.

— Agora, o filho mais novo de Eric, Camden, gostaria de dizer algumas


palavras, — anuncia o padre.

Eu vejo quando o menino que deveria estar andando de bicicleta e nadando


no lago, rindo com seus amigos, se levanta para falar no segundo funeral esta
semana.

Ele tira o cabelo rebelde da testa e olha para Nixon em busca de


encorajamento. Nix acena com a cabeça e sorri com firmeza. O pomo de
Adão de Cam balança quando ele engole algumas vezes e depois fala.

— Nosso pai era um homem orgulhoso. Ele se orgulhava de sua ética de


trabalho, e isso às vezes o levava para longe de casa, mas quando nossa mãe
foi embora, ele era tudo o que tínhamos, e nós éramos tudo o que ele tinha.
Ele não era perfeito, mas quem é? — Ele dá de ombros, e um coro de
fungadas soa quando todos suavemente sussurram de acordo. — Ele era
nosso pai e eu sinto muito, pai. Sinto muito por não termos chegado a você a
tempo, mas queremos que você saiba que vamos cuidar de Rowan. Você
cuide da mamãe.

Meu coração se despedaça quando uma lágrima escorre de seus olhos azuis
aço, tão parecidos com os de seu pai. Porque isso é tão difícil? Trevor o
recebe em um abraço quando ele desce, e choros suaves vibram através do ar,
como o zumbido de mil asas de abelha.

A mão de Nixon deixa a minha e ele coloca o braço em volta da minha


cintura enquanto se inclina para sussurrar no meu ouvido. — Está tudo bem,
Ro. Eu estou com você. Eu não vou deixar você quebrar.
É tarde demais. Eu quebrei quando a arma do meu pai perfurou meu mundo
inteiro e o rasgou.
Capítulo Seis

Nixon

Três meses depois…

#5 traço de um psicopata

Calma sob pressão

Ba boom. Ba boom. Ba boom. Ba boom. Ba boom.

Lá está ela, uma mancha na tela, mas ela é real, os batimentos cardíacos
fortes. Uma garota. Rowan vai ser mãe de uma garotinha. Sua mão aperta a
minha e ela funga, limpando as lágrimas dos olhos.

— Você tem certeza? — Rowan pergunta à mulher. A mulher se levanta e


move o monitor para mostrar o que está vendo.

Ela aponta para a tela e descreve cada parte do minúsculo humano crescendo
dentro de Rowan. — Parabéns. Eu vou te dar um minuto.

Ela começa a imprimir fotos e sai da sala. Eu uso um pedaço de tecido e


limpo o estômago de Rowan da gosma que eles puseram nela, então a ajudo a
sentar. Esta não é a primeira vez que ela faz uma ecografia para checar as
coisas, mas o bebê está maior agora e realmente parece um anão humano, não
apenas um amendoim.

Nós conversamos sobre um menino ou uma menina, mas isso torna muito
mais real. O pequeno arredondamento do estômago de Rowan me faz sorrir.
Ela deveria estar maior com quase cinco meses, mas de acordo com a
enfermeira, ela está carregando nas costas. Seja o que for que isso signifique.
Sua gravidez foi boa. A náusea diminuiu e ela luta com dores no quadril, mas
isso é por causa do ferimento que ela sofreu com a bala perdida.

— Então, uma pequena Rowan correndo por aí. Aposto que ela vai ser um
punhado. — Eu pisco e ela ri, depois chora. Essas mudanças de humor
sempre me pegam desprevenido. — Você vai ser ótima, — eu asseguro a ela.
— Você não está sozinha nisso.

Ela acena com a cabeça. — Eu sei, eu sei, é só muita coisa, sabe? Eu pensei
que estaria na faculdade agora, não grávida de cinco meses, vivendo com
quatro meninos. — Ela bufa, então seus olhos se arregalam de vergonha. As
coisas mudaram entre nós ultimamente. Antes de tudo isso, ela bufar rindo na
minha frente teria sido normal, mas agora ela está mais ciente de que eu sou...
Macho?

— A vida não termina aqui, Ro. Certo, seu caminho mudou de rumo, isso não
significa que você não pode fazer todas as coisas que você queria fazer. Na
verdade, insisto que ainda vá para a faculdade. Você é muito talentosa e
teimosa para ser mantida ou servida, — eu provoco, e ela morde o lábio, me
fazendo querer puxá-lo de seus dentes e morder com os meus.

— Eu tenho um compromisso agora, mas quando eu chegar em casa, eu


poderia levá-la para comprar algumas roupas de menina?

— Você é muito bom nisso, — ela respira.

— Bom em quê?

Ela cora e nervosamente brinca com uma mecha de seu cabelo castanho
escuro.
— Em ser você, ser o que eu preciso. Eu preciso de alguém em dias como
este, e você sempre está lá. Como tive a sorte de ter um amigo como você na
minha vida?

O comentário sobre amigo doeu um pouco. Nós deveríamos ser muito mais
que amigos. Ele tirou isso de mim – de nós.

Olha onde isso te levou, filho da puta.

Levantando-se, ela envolve os braços em volta da minha cintura e encosta a


cabeça no meu peito. — Obrigada, Nix. Obrigada por sempre cuidar de mim
— ela murmura em minha camisa, e é tudo tê-la em meus braços. Eu a seguro
contra mim e me permito este momento para respirá-

la.

***

O ar-condicionado sopra pela sala, deixando o ar gelado.

A Dra. Winters gosta de fazer joguinhos. Nos meses de verão, este escritório
era insuportável com o calor, mas ela não ligou aquela porra de ar.

— Você está com frio? — Ela pergunta, apontando para onde estou
esfregando os estúpidos arrepios se espalhando por toda a minha pele. Eu
pareço um frango defumado. Obrigado, Doc.

— Não, — eu minto.

Seus lábios se contraem, mas ela não cede à atração do sorriso.

— Eu notei que o Sr. Blackstone não acompanhou você desta vez. —

Ela olha para a porta, depois de volta para mim.

— Ele tem um negócio para administrar. Hayden está aprendendo as regras,


então... — Eu dou de ombros.

A vadia provavelmente está desejando que ele venha aqui quando eu sair e
dobre seu traseiro magro sobre a mesa.
Qual é a atração por aqueles velhos filhos da puta?

Quando ela desvia os olhos para a porta, eu exalo.

— Eu sou um menino grande, Doc. — Eu reviro os olhos e me sento no sofá


verde estúpido. Eu odeio essa porra de coisa. É muito mole.

— Da última vez que você esteve aqui, eu perguntei sobre a noite em que sua
mãe presumivelmente se foi.

Eu endureço, minhas articulações enrijecendo e o tórax relaxando. Ela me


perguntou sobre minha mãe sem parar por meses.

— O quê sobre isto?

— O que você lembra sobre aquela noite?

Nada. Tudo. Por que ela quer dissecar minhas memórias? O que ela consegue
com isso? Por que ela não pode simplesmente examinar alguns papéis e me
deixar usar essas sessões para recuperar o sono que estou perdendo tentando
acompanhar a escola e os compromissos de Rowan?

— Nixon, o que é que você não quer falar? — Ela olha para mim como se
pudesse ler minha mente, e eu quero empurrá-la para fora da minha cabeça.
Ela é a porra de uma carona em uma viagem que ela não vai aguentar.

Seis anos e meio atrás


Nixon
Por que eles insistem em dar essas festas? Por que não podemos

simplesmente fazer coisas de família pelo menos uma vez? É como se

meus pais não pudessem conviver, a menos que outras pessoas estejam
por perto. Eu os odeio.
Música toca nos alto-falantes que o papai instalou e eles fazem
muito barulho.
Eu não sei por que ele gosta de fazer as coisas sozinho. Ele está

sempre falando sobre quanto dinheiro temos, mas gosta de se mostrar.


Eu o odeio.
O riso preenche o espaço, e eu não consigo parar de assistir

Rowan, nossa vizinha, enquanto ela pula na piscina em seu traje de

banho. Seu corpo está mudando, e eu me preocupo que ela não queira

fazer coisas como construir casas na árvore e jogar pedras no lago em


breve.
As meninas mais velhas da escola só querem tirar fotos de si

mesmas e usar muita maquiagem. Eu odeio aquelas garotas.

Hayden me espirra no rosto, e a garota com quem ele está esta

semana levanta seu top e me mostra os seios antes de rir no ombro do

meu irmão.

Se meus olhos pudessem incendiá-la só de olhar, isso seria tão


legal.
Eu já vi peitos antes. Eu tenho uma revista que Brock me deu

debaixo da minha cama, mas os da revista são maiores que os dela.

Por que as meninas que Hayden traz aqui estão sempre se

exibindo?

— Pare de olhar para a vizinha, pervertido. — Hayden me espirra


novamente. Babaca.
— Eu não estou. — Eu franzo a testa para ele. Por que ele tem que

dizer isso tão alto? Eu o odeio.

— Sua salsicha está boiando no topo da piscina. — Ele sorri, e eu

rapidamente olho para baixo para verificar.

Ele e a garota com quem ele está riem de mim.


Eu os odeio.
Ele é tão embaraçoso. Irmãos mais velhos são uma merda às

vezes. Eu queria que fosse apenas Cam e eu. Então talvez mamãe não

estivesse tão estressada.

A voz de mamãe atravessa o quintal, como se pensar nela fizesse

com que aparecesse, e meu estômago se agita. Ela está gritando com

papai na frente de todos - de novo.

Eu saio da piscina e me seco antes de ir até onde ele a levou dentro


de casa.
Eles ainda estão gritando, e podemos vê-los pela janela.

— Nix, eles vão ficar bem, amigo, — diz tio Trevor, chegando e

esfregando meu ombro. — Pegue a bola. Vou jogar com você.

Eu não quero jogar bola. Eu sei que eles discutirão a noite toda

assim que todos saírem. Talvez eu possa ir para casa com o tio Trevor?

Isso não é justo para Camden. Ele odeia vê-los discutindo mais do
que eu.
Eu olho para trás para a piscina para ver se meu irmãozinho está

lá, mas ele não está.

Eu me afasto de Trevor e vou procurar meu irmão. Brock está

molhando Rowan e fazendo-a gritar de tanto rir.

— Hayden, onde está Cam? — Eu pergunto, assim que o pai de

Rowan vem e diz a ela que é hora de sair. Ela geme, mas faz o que ele
manda.
Seu pai tem uma cara assustadora quando acha que ninguém está

olhando. Eu faria o que ele mandasse também se ele fosse meu pai.

— Até mais, Rowan, — meus irmãos gritam, e ela acena um tchau

antes de se virar para mim. — Tchau, Nix. Cam entrou para fazer xixi. —
Ela sorri e meu estômago revira. Ela é minha melhor amiga. Eu não me

importo se meus irmãos zombam de mim.

Meu pai está de volta conversando com seus amigos quando

chego em casa e escorrego para dentro. Eu não ouço mamãe chorando, o

que é alguma coisa. Talvez ela tenha tomado uma de suas pílulas

mágicas novamente.

Um barulho que soa como a voz de um homem vem do banheiro

no final do corredor, me fazendo franzir a testa.

Papai abre a casa da piscina para os convidados usarem o

banheiro, então eu sei que deve ser mamãe ou Camden lá, mas não soa
como eles.
Não há razão para isso, mas meu estômago está doendo.

— Camden? — Eu chamo, empurrando a porta.

Eu sei que o que estou vendo é ruim - muito, muito ruim.

Tem um homem aqui. Ele sempre foi convidado para essas festas

porque a mamãe diz que ele é importante. Ela sempre diz que ele

poderia ser o prefeito um dia, mas eu não acredito nela.

Prefeitos não fazem o que ele está fazendo com crianças


pequenas.
Ele segura a maçaneta da porta. — Vá para o seu quarto, — ele

grita para mim, como se tivesse permissão para me dizer o que fazer.

Eu pego a porta antes que ele possa fechá-la e a bato contra seu

pulso com toda a força que meu corpo de quase 11 anos consegue reunir.

O homem solta um estranho uivo, e o relógio que ele está usando

abre e cai no chão. Sua salsicha salta ao redor enquanto ele luta para

puxar o calção de banho com a mão machucada.


Bom.
— Seu pequeno bastardo, — ele rosna. Eu o empurro e pego meu

irmãozinho, puxando-o comigo e correndo pelo corredor.

O homem nos segue, segurando seu pulso.

— Eu estava apenas o ajudando, — ele me diz, olhando para

Camden. — Ele é um bom menino. Certo, filho?

Meu irmão treme e solta um soluço aterrorizado.

Eu nunca senti nada assim antes. Meu corpo inteiro está

tremendo. Eu quero pegar o martelo do papai e bater nesse homem até

que ele pare de se mexer, pare de olhar para nós, pare de viver.

Eu o odeio. Eu nunca odiei ninguém mais do que ele agora.

Eu puxo um Camden chorando atrás de mim e ergo a mão para

sinalizar para o homem parar de andar em nossa direção.

Eu não sinto minha idade. Eu me sinto mais velho e farei qualquer

coisa para proteger meu irmão.

O homem para e lança seus olhos nojentos para meu irmão, que

está tentando se esconder atrás de mim.

— Não olhe para ele, — eu grito. — Eu vou contar a minha mãe e

ela vai chamar a polícia, — eu o aviso.

— Eu estava ajudando você, não estava? — Ele se move para

frente e eu pego um vaso da mesa de vidro que mamãe colocou


aqui. Não sei por que ela coloca móveis aqui. É estúpido, e ela coloca

esses vasos em todos os lugares sem motivo. Estou feliz agora, no


entanto.
Eu o jogo nele e ouço bater no seu corpo. Então ele se despedaça

no chão, mas eu saio correndo, puxando Cam comigo antes que ele

possa dizer ou fazer qualquer outra coisa.


Subindo as escadas e entrando no meu quarto, eu tranco a porta e
levo Cam para o banheiro.
— Está tudo bem, Camden. Mamãe vai fazê-lo pagar. Ninguém

está autorizado a fazer isso, ok?

Limpo seu rosto marejado e ajudo-o a colocar um dos meus


pijamas.
— Entre na minha cama, — eu digo a ele antes de puxar as

cobertas para trás e deixá-lo confortável. — Espere aqui por mim,

ok? Não abra essa porta.

Ele não discute, e eu quero voltar e encontrar aquele homem e

jogar todos os vasos desta casa nele. Fechando a porta atrás de mim, eu

vou em direção ao quarto da mamãe. Há uma luz acesa e sons

atravessam a porta. Eu abro, e meu coração dá um estranho salto

quando preocupação preenche minha barriga. — Mamãe?

Ela ofega e coloca a mão no peito. — Nixon, você me assustou.

— O que você está fazendo?

Ela está colocando suas roupas em um grande saco. — Sinto

muito, Nix, mas você vai ficar bem.

O que isso significa?

— E quanto a Camden? — Eu pergunto. Ele vai ficar bem também?

Ela brinca com o cabelo por um momento e depois balança a

cabeça.

— Ele tem vocês meninos. Ele vai ficar bem.

Ela está nos deixando.


— Aquele homem estava tocando nele, — eu grito.

Seus olhos se fixam em mim. — Que homem? — Ela para de

arrumar suas coisas e olha para mim.


— Sr. B.

Ela ri e balança a cabeça. — Pare de ser bobo, Nixon. Os futuros

prefeitos são bons homens.

— Ele tinha sua salsicha de fora e estava tocando-a enquanto

estava sozinho com Camden no banheiro, mãe.

— Pare com isso! — Ela grita, fazendo-me saltar. — Apenas

pare. Você não pode dizer isso sobre homens como ele, Nixon. Você deve
ter se enganado.
Como ela pode dizer isso?

— Mãe? — Eu sussurro.

— Vá para o seu quarto, filho. E nunca mais diga mentiras assim

de novo, você me ouviu?

Apenas olho para ela. Quero gritar para ela acreditar em mim, me

amar, ficar comigo, mas minha garganta seca tão rápido que não posso

falar. Frio. Eu sinto muito frio.

Ela dá a volta na cama e me agarra com tanta força no topo dos

meus braços que sei que terei hematomas quando acordar.

— Você me ouviu? Não diga mentiras assim para ninguém.

Eu me afasto e corro de volta para o meu quarto, escorregando

para a cama e segurando meu irmãozinho tremendo. Ela não se

importa. Ela não nos ama. Ela está nos deixando.

— Eu prometo que não vou deixar ninguém machucá-lo

novamente, — eu sussurro para o meu irmão. E eu quero dizer isso.


Presente
— Eu a vi fazer uma mala. Ela estava nos deixando, — eu digo à Dra.

Winters.

A boa e velha médica quase deixa cair o copo na minha confissão.


Esta é a primeira vez em todos esses meses que venho aqui que realmente
digo algo a ela.

— Ela disse que estava indo embora?

Eu dou de ombros.

— Como isso fez você se sentir?

Boa tentativa, doutora.

Como se eu quisesse que ela encontrasse um destino pior do que o que meu
irmão passou. Acho que isso se tornou realidade.

Meus pensamentos voltam para aquele idiota. Ele é importante agora. Mamãe
estava certa sobre isso. A política é sempre gerida pelos idiotas depravados
da nossa sociedade. Interessa a Camden e precisamos de mais pessoas como
ele nos escritórios do governo. Pessoas boas.

Se eu encontrar o filho da puta em pessoa novamente, não importa o quão


poderoso ele acredita ser. Eu vou matar aquele filho da puta.

Camden nunca mencionou isso depois daquela noite. Ele era jovem. Eu
esperava que ele fosse jovem o suficiente para esquecer, mas ele dormia na
minha cama de vez em quando até aos treze anos.

Nossos irmãos mais velhos nunca souberam. Vantagens de ter uma casa
grande e membros da família egocêntricos. — Nixon? Como aquilo fez você
se sentir?

Dra. Winters pergunta, sua voz mais firme. Foda-se vadia.

— Feliz, — eu digo quando me levanto. — Ela era inútil. — Eu aceno para o


relógio. — Acabou o tempo.
Capítulo Sete

Rowan

#6 traço de um psicopata
Duas caras
Um bocejo me escapa, e meu ouvido está vermelho de ficar ao telefone com
Suzanne pelos últimos quarenta minutos.

— Estou entediando você? — Ela choraminga.

— Eu apenas me canso facilmente agora e preciso de uma bebida,

— eu aplaco com um suspiro enquanto uso minha mão livre para esfregar
sobre o meu estômago crescente.

— Você deveria pedir a um desses garotos lindos para trazer-lhe uma bebida,
— ela geme sonhadoramente.

— Você é uma pervertida. — Eu reviro meus olhos, mas ela não pode me ver
de qualquer maneira. Ela está certa, no entanto. Todos os garotos Pearson têm
a bela aparência do pai.

— Qualquer uma seria pervertida para os irmãos Pearson.

— Suz, — eu gemo.

— Eu sei, eu sei. Eles estão fora dos limites, — ela zomba. — Já ouviu falar
que compartilhar é cuidar? — Ela ri.

— Tchau, Suzanne.

***

Hayden está fazendo um sanduíche quando desço para buscar um pouco de


água. As escadas ainda são um pouco complicadas para mim. Apesar da
minha lesão ser antiga, meu osso do quadril dói e às vezes acabo mancando.
Eu penso em me virar e voltar para o andar de cima, mas o esforço de descer
aqui foi demais para virar agora. As coisas estão tensas entre Hayden e eu. É
como se houvesse essa nuvem nos seguindo e nunca quebra - nunca chove,
limpando o ar.

Ele foi jogado nas profundezas do Four Father's Freight. Eu quero dizer que o
seu pai não esperaria que ele assumisse tanto tão cedo, mas temo a resposta
que vou receber dele.

Seus olhos encontram os meus, e sua mão para de passar a manteiga em seu
pão.

— Ei. — Ele franze a testa, olhando para o meu estômago crescente. Eu sinto
que vou explodir e ainda tenho alguns meses pela frente.

Sua testa está franzida tão apertada, que juro que haverá um vinco deixado lá
por dias.

— Ei. — Eu sorrio forçado. — Eu só desci para buscar um pouco de água.

Abrindo a geladeira, ele pega uma garrafa.

— Eu achei que Nixon tivesse colocado um frigobar no seu quarto?

Um sorriso de verdade surge em meus lábios dessa vez. — Ele colocou, mas
Camden rouba as bebidas quando está envolvido em seus jogos de vídeo e
não reabastece.

Hayden levanta a sobrancelha. — Nix vai chutar sua bunda, se souber.

Eu pego a garrafa que ele oferece e rio. — Foi por isso que não contei a ele.

— Atencioso da sua parte. Espero que isso não signifique que você está
finalmente passando para Cam. Um pouco jovem, você não acha?
Um suspiro deixa meus pulmões. Largo a garrafa e recuo quando ela bate no
chão de ladrilhos, errando meus pés por centímetros.

Sua cabeça não está no lugar no momento e há coisas que eu vou deixar
passar, mas isso? Insinuar sempre que estou trilhando meu caminho através
deles como se fossem sobremesas em um menu é cruel.

— Isso é um golpe baixo. — Eu atiro meus olhos para ele. Ele está me
olhando tão fixamente que não consigo respirar. Meus pulmões se contraem,
causando dor.

— Você brincou com todos nós, Rowan. Não se faça de inocente, —

ele zomba.

— Eu não brinquei com você, — eu suspiro. — Você não queria nada


comigo até achar que eu estava com seu irmão, e então simplesmente não
gostou que ele tivesse o que você achava que era seu. Você não me quis, —
eu rosno.

Ele sempre me disse que eu era muito jovem, e quando Brock me pediu para
ser sua namorada, Hayden deu em cima de mim. Era tudo que eu queria, mas
não era idiota. Eu vivi tempo suficiente para saber exatamente o que ele
estava pensando e como usava as garotas como se elas estivessem lá para sua
diversão. Meu coração não podia lidar com isso na época - e definitivamente
não agora.

Ele contorna a ilha, fechando o espaço entre nós.

— Isso não é verdade e você sabe disso. — Ele flexiona a mandíbula, e


aqueles olhos vidrados e intoxicados se estreitam.

— Hayden. — Eu empurro contra seu peito. — Estou grávida do bebê do seu


pai.

Ele fecha os olhos como se nem pudesse olhar para mim.

— Porque eu não quis você?


Uau, ele é tão cheio de si mesmo.

— Não, — eu recuo. — Isso não é justo.

Seus olhos se abrem e há um fogo neles que me faz querer chorar.

— Eu nunca deveria ter deixado ele ter você. Aconteceu tão rápido... Nós
falhamos, Ro. Nós falhamos por você estar com ele.

Não. Não. Não.

— Pare com isso, — eu imploro.

— Deveria ter sido eu. — Ele se inclina para frente, tomando minhas
bochechas em suas palmas e empurrando seus lábios nos meus. Meus olhos
se expandem para o tamanho de um pires e parece que meus pés afundaram
no chão. Eu não posso me mexer. O choque me mantém refém e leva alguns
segundos para perceber o que diabos está acontecendo.

Eu empurro seu peito e ele tropeça para trás. Apontando meu dedo para ele,
eu balanço minha cabeça. — Nunca mais faça isso de novo.

Álcool queima meus lábios de seu toque.

— O que está acontecendo? — Nixon pergunta da porta, com os ombros


rígidos e as feições tensas. Ele está sem camisa, o suor reveste sua pele e seu
cabelo úmido está despenteado, pendendo de sua testa. Seus calções de
ginástica pendem perigosamente baixos, e não posso deixar de admirar os
sulcos de seu abdômen definido.

Ninguém acreditaria que ele ainda é um adolescente. Sua estrutura alta e


larga é dominante, e a atmosfera é espessa enquanto ele mantém seu olhar em
Hayden.

— Eu derrubei minha garrafa. Hayden estava apenas pegando para mim. Eu


tenho medo de cair se me curvar, — eu ri para aliviar a tensão.

— Pegue-a então. — Nixon gesticula em direção à garrafa ainda caída aos


meus pés com a cabeça. A mandíbula de Hayden endurece, seus
olhos nunca me deixando. Relutantemente, ele a pega e enfia no meu peito.

— Beba, Ro. Você parece com sede.

Desgraçado.

***

— Você não comeu muito, — aponta Lucy. Dizem que o tempo cura todas as
feridas, mas não acredito que seja verdade. Já faz meses e ainda é difícil
respirar.

Eles não localizaram meu pai, o que deixou os garotos irritados e procurando
por ele. O pensamento deles encontrá-lo me apavora. Hayden está com tanta
raiva, que jurou matá-lo, mas todos os cenários levam a nenhum lugar bom.

Eu não sei o que quero. Justiça pelos meninos, por Eric, mas que justiça,
prisão? Morte? Meu estômago se agita enquanto os pensamentos giram em
torno de minha mente, me atormentando.

— Rowan, você precisa manter sua força. Você está comendo por dois, —
ela aponta o óbvio, como se o enorme caroço à minha frente não fosse um
lembrete constante desse fato.

Eu aprecio o tempo que ela me dá, e nos tornamos próximas desde que... Eric
foi assassinado.

Trevor tenta apoiar o máximo possível os meninos, então, por sua vez, Lucy
apoia a todos nós também. Ela é divertida de estar por perto. Ela não parece
mais velha do que eu, mas isso pode ser porque não me sinto com meus
dezoito anos. Eu me sinto cansada e desgastada pela vida.

— Hayden me beijou na noite passada. — Eu vomito as palavras, e ela


engasga com a bebida. Um rubor carmesim corre até suas bochechas
enquanto ela tosse e gagueja.
— Está bem, minha senhora? — Pergunta um garçom, verificando seus seios
enquanto eles se levantam para cima e para baixo com seu ataque de tosse.

Ela acena uma mão para ele. — Estou bem. Obrigada.

Ele sai e ela arregala os olhos para mim. — O quê?

Eu dou de ombros. — Sempre houve essa coisa mal resolvida entre nós, mas
as coisas são complicadas.

Ela acena com a cabeça muito rápido, parecendo uma daquelas bonecas
havaianas que ela colocou no painel do seu carro. — E quanto a Nixon? —
Ela respira, completamente estupefata.

Eu enrugo a testa. — O que você quer dizer?

Nixon tem sido incrível, ele é meu melhor amigo, mas ele não me vê de um
jeito romântico.

— Eu pensei que você e ele estavam... — ela se interrompe.

Eu e Nixon?

— Estávamos o quê? — Eu pergunto, tomando um gole da minha bebida


enquanto tentava ignorar as imagens dele pingando suor na noite passada.

— Você percebe que ele está apaixonado por você, certo?

Agora é a minha vez de quase engasgar. Ela é louca. Nixon não está
apaixonado por mim. Ele é meu melhor amigo. Ele é bom demais para uma
garota como eu.

— Você está errada. — Eu balancei minha cabeça. Ele é protetor, mas é só


porque ele sempre foi assim. É a natureza dele. Certo?

— Rowan, — ela quase sussurra.

Meu coração bate em meus ouvidos. Os pensamentos de Nixon e eu girando


com culpa em minha mente. — Não. Ele não me vê assim, — e eu
nunca permiti que essa possibilidade entrasse em meus pensamentos até
agora. Meu estômago se enche de borboletas, e não consigo parar. Não.

Não. Não.

— Ele não está, — eu asseguro a ela, afastando os pensamentos da minha


mente. Eu não posso considerar essas possibilidades. Porque se eu for
honesta comigo mesma, a ideia é muito atraente.

Por que ela teve que implantar essas ideias na minha cabeça?

— Apenas tenha cuidado. Esses garotos já passaram por muito. Eles não
precisam brigar por seu afeto.

Ácido verte em meus músculos, apertando-os. — Eu não estou os enganando,


— eu quase grito.

As palavras de Hayden ontem à noite ainda estão cruas. É isso que eles
pensam? É nisso que Nixon acredita? É nisso que todo mundo acredita?
Deus, estou causando atrito entre eles? Eu deveria ir embora. Oh Deus, eu
não posso deixá-los.

— Eu sei, — ela me acalma. — É apenas uma situação incomum e todo


mundo está vulnerável. Seria natural que os sentimentos se desenvolvessem e
ficassem confusos.

— Eu não estou confusa. — Eu cruzo meus braços sobre o peito e estreito


meus olhos nela. Eu odeio que as lágrimas estejam se formando. Meus
pensamentos turbulentos estão me deixando cansada.

— O que você fez quando Hayden beijou você? — Ela morde a unha, um
sorriso sorrateiro puxando seus lábios, como se fôssemos apenas duas amigas
compartilhando fofocas. Eu queria que a vida fosse assim tão fácil.
— Eu o empurrei, — eu respondo honestamente, limpando o suor do meu
copo com a ponta do dedo. Minha pele parece sensível e a carne lateja do
frio.

Lucy acena com a cabeça novamente e coloca um bocado de comida em sua


boca.

— Havia coisas deixadas inacabadas conosco, suponho, emoções não ditas


que nunca foram discutidas. Eu não acho que ele quisesse me beijar. Eu acho
que ele se sente culpado pelas coisas, — eu ofereço com um encolher de
ombros.

Ela faz um som — Hmmm, — mas não diz mais nada.

— Nada está acontecendo entre nós, — afirmo, ficando agitada.

Ela balança a cabeça novamente, e eu quero colocar minha mão em cima de


sua cabeça para impedi-la de fazer isso a cada dois segundos.

— Estou falando sério, Lucy. Eu não posso.

— Eu sei. — Ela estende a mão e esfrega a palma da mão sobre o meu braço.
Eu relaxo um pouco, mas meus pensamentos internos são uma enorme caixa
de caos.

Sempre houve essa coisa entre Hayden e eu, mas Nixon nunca me procurou
romanticamente - e ele é muito diferente dos garotos normais da nossa idade.
Eu nunca olhei para ele como alguém que poderia ser mais do que meu
melhor amigo. Eu não sou cega para sua aparência ou a paz que sinto quando
estou em sua companhia, mas ser algo mais...

Não.

Nós não podemos.

E Hayden é o destruidor de jovens corações. Ele deixou um rastro de sangue


deles por toda a escola, e agora ele assumiu as ações de Eric na
empresa, abrindo um campo totalmente novo para jogar. Eu não posso deixar
meu coração ser colocado em mãos tão cruéis.

— Vamos, Rowan. As aulas acabaram e nós duas sabemos que Nix ficará
preocupado se você não estiver lá quando ele chegar. — Ela pisca para mim,
em seguida, empurra seu prato para longe e vasculha sua bolsa por dinheiro.

— Ele não está apaixonado por mim, — eu rosno, mas mais para mim do que
para ela. Eu não mencionei que ele já me mandou uma mensagem e eu
respondi que estou com ela.

***

A música explode por toda a casa quando abro a porta da frente. Lucy me
deixou e se ofereceu para entrar, mas quando ela viu a caminhonete de Nixon
na garagem, um sorriso estúpido tomou conta de seu rosto. Eu disse a ela
para ir transar. A última coisa que eu precisava era que ela causasse uma
atmosfera desconfortável entre todos nós.

Não há ninguém no andar de baixo, então eu abaixo a música e congelo


quando grunhidos soam no corredor. Meu coração troveja no meu peito
enquanto ando em direção ao barulho.

Nixon trouxe uma garota para casa com ele? Ele tem uma namorada agora?
Ele não mencionou uma garota, e a última vez que ele teve uma namorada,
Hayden a seduziu, e Nixon apenas deu de ombros como se ela não quisesse
dizer nada para ele de qualquer maneira.

Eu engulo e ignoro a agitação ciumenta que toma conta da minha mente. Eu


odeio Lucy por enfiar essa porcaria na minha cabeça sobre ele.

Não preciso pensar em Nixon dessa maneira. Eu preciso muito dele para
arruinar nossa amizade com sentimentos inapropriados estúpidos.
Os grunhidos se transformam em gemidos e quase vomito. Eu sei que ele não
é um anjo, e eu nunca lhe pediria que fosse, mas se ele trouxe uma garota
aqui, vai doer - o que é insano. Eu não tenho direitos sobre ele, nem sei por
que isso machucaria. Oh Deus, o que diabos está acontecendo comigo?
Minha mão paira sobre a maçaneta da porta da sala de onde os ruídos estão
vindo, então me assusto e quase me mijo quando Nixon aparece no corredor
apenas em uma toalha. Meus olhos vão dele para a porta onde os gemidos
ganharam entusiasmo.

— Ro, — Nix adverte, balançando a cabeça. Meus olhos traçam a água


descendo por sua pele. Cada músculo em seu torso flexiona em resposta, e
um desejo que não sinto desde que Eric se foi acumula no meu intestino e
palpita entre as minhas pernas.

Não. Não. Não. Eu não posso olhar para ele assim.

— Hayden, — uma voz familiar cantarola, e minha boca se abre quando meu
estômago se agita. Nix começa a avançar, mas eu já abaixei a maçaneta e
deixei a porta se abrir.

O cabelo vermelho cobre o rosto da minha melhor amiga enquanto Hayden a


penetra por trás. Ele empurra em Suzanne, curvando-a sobre uma cadeira
velha - uma cadeira jogada aqui porque é lixo. Todo este quarto é usado
como um local de despejo, e aqui está minha melhor amiga sendo usada
como um também.

Hayden sempre zombou dela e nunca demonstrou qualquer interesse, e ela


sabe que ele foi minha primeira paixão. Ela sabe de tudo e está permitindo
que ele a use. Ele olha para mim com puro desprezo, dor e nojo, puxando
suas feições tensas. Eu não sei se é direcionado a mim, ou apenas o
sentimento em relação ao que está fazendo para tentar me atingir. Ele bate na
bunda dela, e ela engasga, então ele sai de dentro dela
e puxa seus shorts pelas pernas. Ele nem os tirou, e a parte de baixo de seu
biquíni foi puxada para o lado, como se ele não tivesse se incomodado em
despi-la primeiro.

Ela olha para ele por cima do ombro, completamente consumida pelo
momento e nem mesmo me nota de pé aqui.

— Você terminou? — Ela pergunta, confusão em seu tom.

— Saia, — ele atira.

Eu assisto com ansiedade enquanto seus ombros cedem. A vergonha e o


embaraço a cobrem em um rubor vermelho. Isso vai assombrá-la. Ela era uma
maldita virgem.

— Hay, — ela pede.

— Dê o fora daqui. Você não está me excitando — ele grita, dispensando-a


com um dedo apontado para a direita, onde estou de pé junto à porta.

Eu fecho meus olhos, minha alma encolhendo por ela - por mim. Eu sei que
isso é porque eu recusei seus avanços na noite passada. Essa é minha
punição. Um “eu vou te mostrar”.

Muito bem, Hayden, você realmente me mostrou. Nós não vemos esse lado
de Hayden há algum tempo. Nixon agarra meu pulso, chamando minha
atenção para ele. Seu cabelo está molhado e grudado ao lado de seu rosto.
Seus olhos verdes perfuram os meus, fazendo meu coração pular.

— Rowan, — Suzanne ofega, e eu olho para a minha melhor amiga com


tristeza.

— Eu... erm... Eu... — Ela tropeça em suas palavras, endireitando-se e


empurrando suas mechas atrás das orelhas. Suas sobrancelhas franzem
e lágrimas se acumulam em seus olhos. Sem dizer mais nada, ela sai correndo
do quarto, passando por Nixon e eu.

Eu quero chamá-la, tranquilizá-la, mas ela se foi antes que eu consiga


encontrar o que dizer.

— Você é um idiota, — cuspi para Hayden, que está me encarando como se


esperasse que eu explodisse. Eu não vou dar esse gosto a ele.

— Isso não é novidade, — afirma. — Dói? — Ele pergunta quando solto


meus olhos no chão.

Nixon endurece ao meu lado.

— Não, — eu digo a ele honestamente. Não dói; apenas reforça o que eu já


sabia: Hayden iria me quebrar se eu lhe desse a chance. O

inferno teria que congelar antes que eu deixasse isso acontecer.

— Por que você está negando que tem sentimentos por mim? — Ele rosna,
marchando em minha direção. Nixon não tirou a mão do meu pulso e aperta
um pouco toda vez que Hayden fala.

— Eu tive uma paixão anos atrás. Esqueça isso.

Risos, altos, vibram a tensão no ar. — Isso é besteira e você sabe disso.

Eu balanço a cabeça, minha própria risada borbulhando para a superfície. Ele


é tão cheio de si. — Você é tão arrogante.

Ele sorri. — Te lembra do meu pai?

Um chiado sai dos meus pulmões.

A mão de Nixon deixa meu pulso e ele inclina a cabeça, como se essas
palavras o machucassem tanto quanto a mim.

— Você terminou? — Eu pergunto a ele.


— Porquê? O seu cachorrinho vai atacar em um minuto? — Ele aponta o
olhar para a sombra da forma de Nixon parada fora de vista.
— Por que ela? — Eu pergunto, balançando a cabeça em decepção.

— Por que você se importa?

— Porque ela é minha melhor amiga e você a tratou como merda agora.

Ele se vira para mim e fica tão perto que posso sentir sua respiração enquanto
exala.

Ele está muito perto, tão perto, que preciso de algum espaço para respirar e
manter meu foco. Eu me afasto dele, mas ele avança até minhas costas
baterem na parede.

— Por que você realmente se importa? — Ele exige. Meus olhos se dirigem
para Nixon e meu coração martela minhas costelas. Há um brilho em seus
olhos que eu nunca vi antes. Eu não posso desviar o olhar dele. Fogo, paixão,
raiva?

— Eu não tenho sentimentos por você. — Eu endureci minhas feições e virei


meu olhar para o dele, ignorando os pensamentos caóticos sobre Nixon
correndo pela minha mente. — E você transar com ela apenas solidificou
isso.

Ele franze o rosto em uma careta. — Eu mal estive dentro dela. Nem conta.

Bastardo.

— Eu não quero você de qualquer maneira, — ele se irrita quando percebe


que não vou ceder ou admitir que possa haver algo entre nós.

Ele se inclina, seus lábios salpicando cuspe no meu rosto enquanto ele tenta
acabar comigo.

— Você é mercadoria danificada.

O álcool sai dele em ondas, e eu recuo por suas palavras cruéis, mas em
poucos segundos, ele é empurrado para longe de mim. Nixon ergue o
braço para trás e acerta-o com o punho fechado, um ruído doentio soando
quando se conecta com seu queixo e o manda para o chão, amontoado.
Choque lava o rosto de Hayden, acendendo seus olhos e ampliando-os. Ele
começa a se levantar, mas está vacilante, pego totalmente desprevenido por
seu irmão mais novo.

— Seu maldito bastardo! — Ele ruge, mas Nixon chuta o pé dele, dando
outro soco no queixo de Hayden, fazendo sua cabeça ir para trás e bater no
piso de cerâmica com um ruído, roubando sua consciência, nocauteando-o.

— Durma, — Nixon diz a ele, seu tom tão calmo, como se ele simplesmente
o tivesse deitado em um sofá com um cobertor e uma enfermeira noturna.

Ele se vira para mim, a toalha quase escorregando de seus estreitos quadris.
Eles estavam na piscina.

— Ele ficou muito tempo no sol e bebeu demais. Ignore o que ele disse.

Minha boca se abre, e minha língua se esforça para formar palavras. Não
sobrou saliva. Eu preciso de uma bebida.

— Ele vai ficar bem? — Eu respiro eventualmente, apontando para baixo,


para onde seu irmão desmaiado.

— Você se importa? — Ele zomba, indo em direção à cozinha.

Droga.

Assim que entramos na cozinha, a porta da frente se abre, e Cam entra


correndo como um tornado, seguido por um estressado Trevor.

— Cam! — Ele grita atrás dele, que joga sua mochila no chão e toma as
escadas de dois em dois, sem olhar para trás ou responder.
Balançando a cabeça e colocando as mãos nos quadris, Trevor exala uma
respiração derrotada.

— O que está acontecendo? — Nix exige. Trevor levanta a sobrancelha,


dando uma olhada no vestuário de Nix.

— Eu deveria te fazer a mesma pergunta?

— Trev? — Nix ignora suas suposições.

— A escola me ligou. Cam entrou em uma briga com alguns garotos.

O quê? De jeito nenhum. Cam é calmo e um garoto carinhoso. Ele odeia


violência.

— Cam? — Nix zomba em descrença.

Trevor passa a mão pelos cabelos e vem se sentar no balcão do café da


manhã. Eu pego uma garrafa de água para mim e um kit de primeiros
socorros. Não podemos deixar Hayden assim, não importa o quanto ele tenha
merecido um gancho de direita.

— Sim, isso foi o que pensei. Alguns atletas o encurralaram por causa de
uma garota, por incrível que pareça. Eu achei que Cam gostasse de garotos
até que isso acontecesse, — Trevor declara, quase me fazendo cuspir minha
água.

O punho de Nixon aperta e seus olhos estreitam quando a atmosfera se torna


mais espessa.

— Por que diabos você acharia isso? — O tom em sua voz é mortal, fazendo
minha pele esquentar.

Trevor levanta as mãos em defesa. — Acalme-se. Eu não sabia que você era
homofóbico. Merda.

— Eu não dou a mínima se as pessoas são gays, mas insinuar que Cam é só
porque ele não está mergulhando seu pau em todas as mulheres com um
pulso é um insulto a ele e aos gays.
— Como diabos você tem dezessete anos? — Trevor balança a cabeça em
descrença.

— Como diabos você tem cinquenta com esses calçados? — Nixon rebate.

Trevor levanta, seus olhos se estreitando. — Eu não tenho cinquenta, seu


merdinha.

— Como queira, vovô.

Balançando a cabeça, Trevor murmura: — Eu retiro o que disse, você


definitivamente tem dezessete anos.

Assim que ele termina sua frase, um Hayden parecendo sonolento se junta a
nós, apoiando uma das mãos na cabeça e a outra em volta do estômago como
se ele estivesse prestes a vomitar. Eu me afasto de todos, incerta do que está
prestes a acontecer.

— O que diabos aconteceu com você? — Trevor pergunta, estudando-o. Há


sangue em seus lábios e uma contusão já florescendo em sua bochecha.

— Nada. — Hayden olha para Nixon.

A batida do meu próprio coração soa em meus ouvidos enquanto meus


nervos ficam à flor da pele.

— Bem, você parece uma merda, e a escola não conseguiu entrar em contato
com você hoje, — Trevor o informa. — Você implorou para ter sua guarda.
Saltou através de todos os malditos obstáculos. E quando precisou, você não
estava lá. — Quando Hayden não responde, Trevor continua. — Você não
esteve no escritório hoje, porquê?

Ele está ignorando completamente o fato de que Hayden claramente levou


uma surra.

— Tinha outras coisas para fazer.


Trevor gesticula em direção à porta da frente. — Essa coisa tem alguma coisa
a ver com a ruiva que eu vi sair daqui como se sua bunda estivesse pegando
fogo?

Nixon bufa. — Não é a bunda dela que vai estar em chamas se ele continuar
fodendo tudo o que pisca sua racha para ele.

Racha? Agradável.

— Nojento, Nix, — eu repreendo.

— Sim, racha? Sério? — Hayden torce o lábio.

— Ok, eu vou indo, — Trevor anuncia, balançando a cabeça. —

Tentem não matar um ao outro, e certifiquem-se de que Rowan coma.

— Estou bem aqui, — eu revelo, mas ele me acena com um, — Sim, sim.

Depois que ele se vai, Hayden aponta um dedo para Nixon, que apenas lhe
oferece um sorriso em troca.

— Tente essa merda de novo, e eu não vou ser responsável pelo que faço, —
ele avisa.

— Não será responsável pelo quê? Ser nocauteado como uma cadela? —
Nixon atormenta.

— Você me pegou desprevenido, — Hayden rosna.

— Vamos lá outra vez então. — Nix ergue seus ombros.

— Gente, — eu resmungo, tendo o suficiente de testosterona por um dia.


Nem olham na minha direção; Eles estão ocupados demais encarando um ao
outro.

— Se vocês vão agir como idiotas ignorantes, podem fazer isso lá fora? —
Eu abro a geladeira e pego um pedaço de frango fresco.
— O que ela está fazendo? — Eu ouço Hayden perguntar.
— Eu não tenho ideia, mas espero que não seja cozinhar, porque ela é uma
merda, — responde Nixon.

— Eu estou bem aqui, pessoal. — Eu reviro meus olhos e empurro o frango


em cima do balcão.

A sobrancelha de Nix se ergue e eu dou meu mais doce sorriso. —

Mamãe quer frango.


Capítulo Oito

Nixon

#7 traço de um psicopata
Narcisismo
Cam não desceu para jantar. Esse menino ama comida. Eu bato na porta dele
e abro quando ele não responde.

Olhando em volta do seu quarto e não encontrando nada, eu franzo a testa.


Onde diabos ele está?

Vou para o meu quarto e coloco o prato de comida que levei para ele na
cômoda. É então que vejo o volume nas minhas cobertas e ouço seus roncos
suaves. Minhas costas se endireitam e o punho aperta. Ele só faz isso quando
está chateado. Eu deveria ter vindo e verificado quando Trevor saiu, mas eu
me distraí com Rowan.

Sentando na beira da minha cama, eu cutuco seu ombro. Quando ele se move
para me encarar, ele está grogue e há uma contusão roxa se formando sob
seus olhos. — Que porra aconteceu? — Eu exijo, querendo sua versão dos
acontecimentos, não a merda diluída que Trevor me deu.

Ele não olha para mim e eu odeio isso. Saí da escola cedo porque odeio
trigonometria e mal podia esperar para chegar em casa para Ro. Ela não
estava aqui e, em vez disso, tive que assistir a Hayden se fazer de tolo com
Suzanne.

Eu não concordo com Rowan culpando-o por ela estar disposta a transar com
ele. É preciso dois e todo aquele maldito lixo, mas ele só estava usando-a
para provar algo - uma merda que fez meu sangue ferver. Ele falhou, no
entanto. E pela primeira vez desde que Eric morreu,
vi a vida nos olhos de Rowan. Não por Hayden - não, ela estava olhando para
mim. Um zumbido vibra no meu peito toda vez que penso no desejo em seus
olhos. Era puro desejo do caralho.

Cam se virando sob a coberta chama minha atenção de volta para ele.

— Cam, fale comigo, mano.

Ele se arrasta e senta, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Isso é comida?


— Ele acena com a cabeça em direção à cômoda. Eu sorrio e pulo para pegá-
la para ele.

— Aqui. Agora fale.

— Masters e Grayson usaram seus punhos porque a namorada de Grayson o


dispensou e tem me seguido como um cachorrinho perdido o dia todo.

Ele levanta os ombros e passa a mão pela sua juba indomável. O

garoto é um ímã clássico de garotas. Não precisa se esforçar para isso ou


perseguir garotas. Cam simplesmente tem algo sobre ele que atrai a maioria
das mulheres. Não importa a sua idade, ocupação, inteligência -

todas elas viram geleia quando ele mostra seu sorriso na direção delas.
Garotos como Grayson deveriam ser mais espertos antes de foder com meu
irmão, mas parece que uma lição é necessária.

Meus músculos tensionam e a raiva incandescente penetra nos meus poros,


saturando minhas entranhas.

— Você bateu de volta? — Eu tento manter minha voz calma, mas estou com
raiva. Realmente zangado. Eu quero quebrar as coisas -

principalmente suas caras.


— Eu sou o cérebro da família, não o músculo. — Ele sorri para mim e eu
relaxo um pouco. Eu passo a mão pelo cabelo dele bagunçando, e ele me
empurra e coloca comida na boca.

Eu sempre dei a Cam um lado meu que ninguém mais vê. Com Rowan é o
mesmo. Ela consegue uma parte de mim só para ela, porque são as únicas
duas pessoas que não me imaginei matando antes. Eles precisam de mim e eu
preciso deles. É um pensamento preocupante admitir para mim mesmo que
me importo e preciso de pessoas.

— Não se preocupe com esses idiotas. Eu vou resolver isso. — Eu levanto e


vou em direção ao banheiro.

— Eu vou lidar com isso sozinho, Nix, — Cam diz atrás de mim. É

abafado pela comida que ele está jogando em sua boca. Eu paro para deixá-lo
terminar. — Eu posso não gostar de usar meus punhos, mas eu tenho minhas
maneiras. — Ele pisca e eu rio. O filho da puta está certo. Ele é o cérebro da
família.

***

— Você disse alguma coisa?

Eu olho para uma morena que está olhando para mim. Ela está falando
comigo?

— Você estava murmurando para si mesmo, — ela anuncia.

Ela me encara com olhos arregalados, como se estivesse tentando me


entender. Boa sorte com isso.

Fechando a porta do meu armário, eu passo por ela, mas ela agarra meu
braço.

Eu não recuo, mas me faz querer empurrá-la para o chão. Eu odeio pessoas
me tocando. Pessoas que não são meu povo. Pessoas que não são ela.
Porra. Eu odeio quão confusa as linhas estão se tornando com Rowan. Nós só
precisamos admitir o inevitável. Ela é minha e eu sou dela. Fim. É como
sempre deveria ter sido.

Cada instinto que tenho me diz que devemos ficar juntos, mas é uma porra
tão complicada, mais turva do que meus pensamentos já obscuros.

Meus irmãos podem não estar abertos à ideia, e se há uma coisa que eu sei
sobre Rowan, é que ela se importa com o que eles pensam. Até mesmo
Hayden. Ela se culpa pelo que seu pai fez e anda na ponta dos pés pela casa,
como se estivesse com medo de que todos nós acordássemos um dia e
chegássemos a essa conclusão. Ela não tem ideia do quanto é amada por
todos nós. Seus sentimentos podem não ser tão intensos e poderosos quanto
os meus, mas todos a amam. Nós crescemos juntos. E o que passamos juntos
forma um laço maior que qualquer outra coisa.

— Você me ouviu? — A garota pergunta. Merda, ela disse alguma coisa?

— Não, — eu rosno, arrancando meu braço de seu aperto.

Ela morde o lábio e timidamente olha em volta de mim. — Eu estava


pensando... O baile está chegando e...

— Eu não vou a bailes. — Porra, quantas dessas coisas eles têm no ano?

— Oh não, — diz ela com uma risada, balançando a cabeça como se eu


tivesse acabado de contar uma piada.

— Todo mundo sabe que você não vai a bailes ou qualquer coisa relacionada
à escola, incluindo garotas do ensino médio.

Ah, é esse o rumor que circula por esses corredores?


— Então, o que diabos você está perguntando? — Eu bocejo. Porra, estou
entediado com essa merda. Já é hora de ir para casa?

Eu esfrego a mão na parte de trás do meu pescoço, dando-lhe um aperto. Por


que diabos eu ainda estou aqui? Porque ela está atrapalhando minha fuga.

— Eu estava me perguntando se o seu irmão Camden já convidou alguém. —


Seus olhos arremessam à minha volta novamente, e a curiosidade me
incomoda. Eu me viro para ver meu irmão a poucos metros no corredor
conversando com algumas garotas, uma loira especialmente pendurada a cada
palavra dele. Cam recebeu o dobro da dosagem no departamento de
aparência. Esse garoto herdou todas as melhores características de ambos os
pais, e mulheres, jovens e velhas, tropeçam em seus queixos onde quer que o
filho da puta vá. Ele nunca demonstrou muito interesse por garotas - muita
coisa acontecendo em sua cabeça. O garoto é estupidamente inteligente
inteligente -

números, computadores, qualquer coisa. Ele está passando por uma fase em
que só assiste as notícias, e eu estou apenas esperando que ele anuncie que
vai ser presidente um dia. Eu não duvidaria dele.

— Eu pareço o guardião dele? — Eu rosno para a garota que me roubou


muito tempo. Eu fui seu guardião, até recentemente, quando Rowan
consumiu todos os meus pensamentos e cada gota de tempo livre. Eu deveria
fazer um esforço maior para ficar de olho nele.

— Bem... — Ela parece um pouco envergonhada e procura algo na sua bolsa.


Eu não posso acreditar que ainda estou parado aqui, entretendo essa merda.
Estou ficando mole.

— Aqui. — Ela me entrega um cartão - um maldito cartão com o seu número


e informações de mídia social.
Isso é a merda do ensino médio. Droga, eu odeio ter nascido no século XXI.

Passo por ela e jogo seu cartão na primeira lixeira que encontro.

Empurrando a porta do vestiário dos meninos, eu aceno com a cabeça para


alguns dos caras que jogam basquete comigo. Eles sorriem e vão até a porta
para ficar de olho.

Não sou do tipo que segue as regras, mas não passei anos neste buraco para
perder minha chance de me formar na hora final.

Grayson está sentado em um banco curvando-se para amarrar seus cadarços.


Posição perfeita, idiota.

Eu ergo meu pé para trás e arremesso para frente, colidindo com o queixo
dele. Seus dentes batem tão alto, que um garoto atrás dele se encolhe e salta
para trás quando a cabeça de Grayson se move para trás com tanta força que
ele cai do banco.

O sangue de sua boca pinta obras de arte no armário.

Masters recua e tenta fugir, mas ele é empurrado para a frente por alguns dos
caras que têm juízo para não deixá-lo passar por eles.

Ele tenta me acertar e eu sorrio. Malditas bolas de aço. Esquivando-me do


seu golpe, acerto um soco no queixo dele. Envolvendo seu braço sob o meu
sovaco para evitar que ele caia muito cedo, eu dou mais alguns golpes,
certificando-me de acertar seu olho para que ele tenha um belo hematoma
nele. Agarrando um punhado de seu cabelo, eu bato sua cabeça no armário
algumas vezes antes de deixá-lo cair no chão.

Ele está desmaiado. Eu aponto meu dedo para Grayson, que está
choramingando e cobrindo sua mandíbula fodida.

— Qual de vocês enegreceu o olho de Cam? — Eu rosno. O boceta aponta


para seu amigo inconsciente.
Inclinando-me, pego o pulso do peso morto e o arrasto até o armário na frente
de Grayson.

Abrindo a porta do armário, eu faço um gesto para que Grayson levante a


mão de Masters. Ele faz com membros trêmulos. — Segure aí, —

digo a ele, e então fecho a porta várias vezes, até que a mão dele se assemelha
a um pedaço de carne passada pelo moedor.

— Foda-se, — Grayson resmunga através de dentes lascados.

— Diga ao seu amigo boceta que se qualquer um de vocês olharem na


direção do meu irmão novamente, eu vou arrancar seus olhos de suas
cabeças.

Se eles forem corajosos o suficiente, eles me expulsarão, mas tudo o que será
preciso é uma doação para a escola para deixar minha lousa limpa. Limpando
os respingos de sangue dos meus dedos, eu sorrio. Vale cada centavo.

***

Hayden está tentando atingir Rowan do jeito errado. Ele está desfilando
mulheres pela casa como se fossem prostitutas pagas. E elas podem ser pelo
que sabemos.

Suas travessuras ecoam pela casa esta noite, onde eu planejei uma noite de
cinema com Ro. Ela está tão cansada ultimamente e não gosta de sair muito.
Ela está convencida de que as pessoas estão falando sobre ela, e elas
provavelmente estão, mas quem se importa? Eu limparia o mundo de todos os
seus habitantes se isso a satisfizesse, mas sua alma já está pesada demais. Ela
se culpa por não enxergar o que seu pai era. Se ela soubesse que eu vi dentro
dele, a dor que eu veria em seus olhos me mataria.
Um riso irrompe do lado de fora da sala, e toda vez que Rowan os ouve, ela
recua. Eu odeio que ela costumava ter uma queda por Hayden. Ele é como
Eric e não é digno de sua paixão.

Seu estômago se move, e ela engasga, esfregando a mão contra as costelas.


Não há muito mais espaço lá, e ela fica desconfortável a maior parte do
tempo. Ela ginga ao invés de andar, e eu a ouço levantar para mijar a noite
inteira. Ela é como uma fonte de água que não acaba. Uma cena sangrenta
acontece na tela, mas o filme é uma merda e não prende a nossa atenção.

— Ela está ativa esta noite. A comida mexicana estava muito apimentada? —
Pergunto. Eu temperei moderadamente porque as especiarias lhe dão azia,
apesar dela amá-las no momento.

— Não, estava incrível. Ela está apenas incômoda, eu acho. Eu sei como ela
se sente, — ela geme, levantando o top para esfregar o estômago nu. Ele
ondula como se um alienígena estivesse prestes a explodir através de sua
carne.

Eu me aproximo e coloco minha mão em cima da dela, e ela sorri, movendo a


mão para descansar a minha onde o bebê chuta minha palma. É incrível
pensar em um humano crescendo dentro dela. — Você quer falar sobre isso?
— Ela pergunta, escovando as pontas dos seus dedos sobre os meus
machucados.

— Só cuidando do que é meu. — Sua sobrancelha franze, mas ela balança a


cabeça e suspira. — Você já pensou em um nome para ela? —

Eu pergunto, mudando de assunto.

Ela geme. — Não.


Risos guincham mais perto do nosso espaço, e então uma cadela loira entra
correndo no quarto de calcinha e uma camisa aberta como se ela fosse dona
do lugar.

Seu sutiã está em exibição, e ela está coberta de pequenas contusões feitas
por alguém chupar sua pele. Ela desliza até parar quando nos vê e seus olhos
se arregalam.

— Nix, — a menina arrulha meu nome como uma carícia, como se fosse
íntima e conhecesse partes minhas que ela não conhece. É então que percebo
que é a garota da escola que estava em cima de Cam no corredor. Assim que
penso nele, ele aparece.

Sem camisa e com o cabelo desalinhado.

— Desculpe. — Ele sorri. — Ela escapou da masmorra.

Rowan solta um suspiro com o comentário dele. Cam tem usado o porão
como seu próprio espaço, e Hayden continua fazendo piadas sobre ele
prender as mulheres lá embaixo. É um pouco familiar demais para Rowan, e
Cam pode ser um pouco estranho, mas não é prejudicial.

Ele é apenas inteligente – inteligente pra caralho - e isso o faz parecer


diferente para pessoas como Hayden, que é o que você vê. Eric 2.0.

— Eu sou Amanda. — A loira balança os dedos para nós como se déssemos a


mínima para o nome dela.

— Eu sei quem você é. — Rowan revira os olhos.

— Oh, eu esqueci que você conhece Grayson. — A loira acena.

— Grayson? — Eu pergunto, indiferente, mas sentindo tudo menos isso.

— Sim, eu costumava ensiná-lo, — Rowan me informa. — Amanda é sua


namorada.
— Era. — Cam sorri e eu sorrio. Porra. Então, ele realmente tinha um plano
para se vingar do imbecil. Amanda ri e morde o lábio.

— Desculpe interromper o seu filme. — Cam pega o braço de Amanda e a


puxa em direção à porta.

— Esse é um novo lado de Cam. — Rowan me cutuca com o joelho.

— Eu não vou fofocar com você, mulher, — eu bufo.

— Chato. — Ela puxa a blusa para baixo sobre o estômago e coloca o pé no


meu colo. — Pelo menos esfregue os pés inchados da garota se você não vai
fofocar.
Capítulo Nove

Nixon

#8 traço de um psicopata
Sem culpa
Hayden está adequado e preparado quando eu desço para fazer o café da
manhã. Ele está lendo um jornal e bebendo uma caneca de café. É

assustador como o inferno.

— Ei. — Eu anuncio a minha chegada, e ele me olha por cima da caneca.

— Bom dia.

Eu verifico meu relógio - um relógio caro e exagerado que Camden comprou


para mim no Natal – e olho para ele enquanto pego uma frigideira para fritar
um pouco de bacon.

— Você tem tempo para o café da manhã?

Ele ergue a caneca e arqueia uma sobrancelha.

— Mau hábito para começar, irmão.

— Eu vou pegar algo no escritório.

No escritório. Porra, ele parece Eric. É uma loucura o quanto ele se adaptou
ao papel. Eu sempre achei que ele seria o imprevisível – iria embora para
longe de nós em uma Harley com um vai se foder jogado sobre seu ombro -
mas aqui está ele, pegando o touro pelos chifres. Tem dias em que ele desliza
de volta para o Hayden com o qual todos nós crescemos, o Hayden que fode
pequenas ruivas para machucar seus melhores amigos, mas ele tem direito a
escorregar.
É por causa dele que Cam e eu estamos aqui. Ele sabe quando está sendo um
idiota e aceita quando um de nós precisa colocá-lo em seu lugar.

— Você viu Brock? — Ele me pergunta, largando o jornal.

— Ele é como navios se cruzando desde que Eric... papai, morreu.

Devemos começar a pagar aluguel e comida para Ethan por ele. — Eu quebro
alguns ovos em uma tigela e bato-os.

Hayden esfrega a mão no pescoço e suspira. — Talvez devêssemos tentar um


jantar em família?

Eu paro de misturar e olho para ele. — O que é isso?

Apontando o dedo e andando para trás, ele diz: — Eu vou trazer a comida,
você coloca Brock e Cam na mesa. — Ele pega o casaco e se dirige para a
porta.

— E Rowan, — eu grito.

Ele dá alguns passos para trás, para poder me olhar do canto da parede
saliente que separa a cozinha da área de estar.

— Talvez apenas Pearsons hoje à noite.

Foda-se isso. Ela está carregando um Pearson.

— Não me entenda mal, Nix. Eu preciso falar com você três sobre o
testamento sem ela presente.

— Porquê?

— Porque ela não está nele.

— Então, ela não vai se importar.

— Esse não é o ponto, só não dificulte por uma vez. Por favor. —
Estreitando meus olhos, eu aceno uma vez.

***
Papel de parede marrom, móveis verdes e azuis... Espero que a Dra.

Winters não tenha pago uma decoradora por esse visual.

— Você parece agitado hoje.

Oh, pareço, doutora? Porra, eu ficarei feliz quando não tiver que vir aqui. Eu
não gosto de estar sob o controle de ninguém, e com Eric fora, eu tenho
regras que preciso seguir para ter certeza de que vou conseguir ficar firme.
Dezoito não pode vir rápido o bastante. A melhor parte desse número mágico
é receber minha herança. Trevor e Levi tentaram dar sua opinião sobre
quando todos nós receberíamos o dinheiro do nosso pai, mas não dependia
deles. O bom e velho Eric tinha um testamento. Nossos fundos fiduciários
não são nada comparados ao dinheiro da herança que cada um receberá
quando atingirmos a idade mágica. Hayden recebeu as ações de Eric na
empresa, com o desejo de Eric que Brock se tornasse mais tarde parte do
império, enquanto Cam e eu recebemos propriedades e apenas dinheiro -
mais dinheiro do que poderíamos precisar.

Eric sabia que eu não tinha interesse em me tornar parte do Four Fathers
Freight. E Cam ia governar a porra do mundo um dia. Ele nunca seria feliz
sentado atrás de uma mesa fazendo algo que não tem propósito. Cam quer
causar impacto.

Eu meio que esperava encontrar uma nota em seu testamento anunciando que
ele não era o meu verdadeiro pai e me deserdando. É

estranho sempre sentir que você não pertence a alguém enquanto vive com
sua rejeição.

Se Eric questionasse meu sangue, ele não me deixaria usar seu nome e não
me daria a mesma quantia de ativos que deu a cada um dos meus irmãos.
Eric não fez alterações no testamento no ano passado, então Rowan não
estava nele. Ela nunca terá que se preocupar com dinheiro, no entanto. Ela
tem seu próprio fundo fiduciário. E quando a casa ao lado for liberada, deve
pertencer a ela também.

Ela nenhuma vez se aventurou até lá, no entanto. É uma tumba.

Nunca mais vou deixá-la se preocupar com nada.

— Conte-me sobre Rowan, — diz Winters, como se ela pudesse ler minha
mente.

— O que tem ela?

— Conte-me qualquer coisa.

— Seus tornozelos incham ultimamente. — Eu dou de ombros. Pronto, já é


alguma coisa.

Um sorriso genuíno inclina seus lábios. — Isso é comum na gravidez.

— É? — Eu pergunto, mas eu sei disso. Eu sei tudo sobre gravidez porque eu


posso ter lido cada livro que existe.

— Você está ansioso para a nova chegada? — Eu relaxo contra o sofá


sufocante que eu odeio.

— Rowan será uma boa mãe.

— Tenho certeza que sim, — ela concorda. — E você e seus irmãos são
muito próximos. Será que será o mesmo com a recém-chegada?

— Isso é diferente.

Porra, eu gostaria de poder enfiar isso de volta na minha boca. Suas pupilas
dilatam e ela desloca sua caneta sobre o papel brevemente.

— Por que é diferente?


Ela é tão chata. Como se ela não soubesse por que é diferente.

— Diferença de idade.

Eu sorrio. E ela estreita os olhos.


— Como estão as dinâmicas na casa com Rowan lá?

Boa tentativa.

— Parece como sempre foi. De uma forma ou de outra, Rowan sempre esteve
lá.

— E quando você leva namoradas para a casa? Isso causa algum problema
para Rowan?

Que tipo de pergunta é essa?

— Talvez você devesse perguntar a ela?

— Diga-me como você vê Rowan - como uma irmã, uma amiga?

— Eu não quero mais falar sobre ela.

— Sobre o que você quer falar?

— Nada.

— Isso seria um desperdício de nossas sessões.

— Eu acho que Camden tem uma namorada.

Sua sobrancelha perfeitamente delineada se ergue com essa informação.


Camden também vem aqui. Talvez ele não tenha mencionado isso para ela.

Sike1, cadela.

— E você?

— Eu?

— Você tem namorada?

Namorada é uma tarefa, uma que não tenho tempo para fazer. A única garota
que já deixei me chamar de namorado me traiu e me fez quase perder a noção
da realidade.

1 Erro ortográfico de gíria "psych", que é a abreviação de "psyched out". Ele


pode ser usado no final de uma declaração destinada a fazer com que seu
receptor seja pego de surpresa, permitindo assim uma vantagem competitiva
da pessoa que usa a declaração. Pretende-se que seja usado, e então o seu
sucesso deve ser apontado publicamente, como mais uma fonte de criação de
uma vantagem competitiva embaraçosa.
Nixon nove meses atrás.

O mundo sempre foi um ponto de interrogação para mim. Eu

nunca entendi onde é o meu lugar. As únicas pessoas que me importam

são meu irmãozinho e ela, Rowan, minha melhor amiga e a garota que
acabei de ver beijando Eric.
Náusea foi minha primeira reação, seguida por ódio não diluído
por Eric.
Ele é velho e nojento. Rowan acabou de completar dezoito anos -

dezoito. Ela pode ser legal, mas ele é um maldito pervertido. Fim.

Plano… eu preciso de um plano. Isso não pode estar acontecendo.

— Nix, aqui estão as notas que você pediu. — Uma garota da

minha aula de inglês me entrega seu caderno e timidamente sorri para

mim. A saia que ela está usando mostra mais coxa do que o adequado

para o ensino médio, e seus seios são empurrados por um sutiã pequeno

demais, eles estão dando uma impressão de quatro peitos em sua

camisa. Quando não falo, ela fala de novo.

— Então, eu queria saber se você quer sair ou algo assim hoje à

noite?

Imagens de Rowan passam pela minha cabeça e acho que talvez

duas pessoas possam jogar esse jogo. Talvez, se eu tentar conseguir com

outra pessoa, eu possa esquecê-la e deixá-la ir - deixá-la ir. Foda-se

isso. Eu estou acostumado a ganhar o que eu quero, e isso... — Qual é o

seu nome?
— Roxy, — ela afirma, como se eu já devesse saber disso. Bem,

Roxy, você vai ser uma distração enquanto eu deixo essa paixão estúpida

que Rowan tem por Eric seguir seu curso.

***

Eu odeio trazer Roxy aqui, mas preciso da distração de Rowan

correndo ao redor em amassos com Eric. Imagens me provocam - do que

ele está tocando, beijando...

— Eu vou chupar você.

Eu pisco e olho para Roxy, que está sentada na minha cama. Estou

tentando ler um livro de química estúpido para um teste amanhã, mas

ela é carente como o inferno. Balançando sua bunda, ela geme da fricção

que está criando. Suas mãos se apoiam nos meus quadris e seus olhos se

arregalam. — Tem algo no seu bolso, ou você está feliz em me ver?

Na verdade, é o meu novo canivete que comprei na

internet. Chegou hoje e eu não tive tempo de brincar com ele. Eu disse a

mim mesmo que estava comprando para uma viagem de acampamento,

mas a verdade é que isso me fascinou.

— Vá buscar algumas bebidas. — Eu bato na sua bunda, e ela ri. É

falso pra caralho e me faz querer amordaçá-la para que não possa falar,

rir, respirar...
— Ok, — ela suspira, saindo de cima mim.

Observando-a sair, eu debato levantar e trancar a porta para que

ela não possa voltar, mas vou me contentar com uma bebida e mandá-la
para casa encerrando a noite.
Meninas são taradas. As pessoas sempre assumem que os meninos

são, e na verdade nós somos, mas porra, Roxy é como uma ninfomaníaca
às vezes. É um trabalho difícil fingir atração por alguém todo o tempo do
caralho.
Eu posso ouvi-la do lado de fora do meu quarto conversando com

Hayden, então suas vozes desaparecem e uma porta se fecha. Filho da


puta.
Eu particularmente não a quero, mas ela é minha distração -

não dele. Ninguém me faz de bobo. Erguendo-me, meu livro de química

bate no chão enquanto jogo minhas pernas para fora da cama e me


levanto.
Brock quase colide comigo enquanto sai do seu quarto ao mesmo
tempo.
— Qual é o seu problema? — Ele pergunta, mas eu não paro para

conversar. Eu abro a porta de Hayden para encontrá-lo brincando com

Roxy na cama dele. Hayden, o idiota, nem se levanta. Roxy grita e ri

como se não estivesse aqui trapaceando, e essas vadias se perguntam

por que eu não saio com garotas do ensino médio.

— Você é uma menina má, — eu a provoco, e ela agarra sua blusa

e passa por mim saindo do quarto e desce as escadas.

— Obrigado pelo empréstimo, mano. — Hayden sorri. Dou-lhe o

dedo do meio e vou atrás de Roxy.

Nós chegamos ao foyer, e ela joga sua camisa para mim,

balançando em seus pés.

Eu a jogo no chão e balanço a cabeça para ela.

— Você não pode ter todos nós.

— Eu só quero você, — ela murmura, me fazendo querer lhe


estapear.
Seus mamilos endurecem e se sobressaem através da renda do

sutiã. Ela desliza o short pelas pernas e chuta-os para mim.

— Corra, — eu aviso, e avanço.

Ela sai pela porta da frente e atravessa a passagem para a


propriedade de Rowan.
Uma gargalhada animada soa enquanto ela corre. É uma tentativa

patética da parte dela. Ela está desesperada para ser pega. Eu envolvo

um braço ao redor dela e levanto seus pés do chão, balançando-a e

cobrindo sua boca carnuda com a palma da minha mão.

Ela esfrega sua bunda em mim e eu a solto. Eu meio que espero

que ela corra novamente, mas ela não o faz. — Você quer chupar o pau

do meu irmão em vez do meu? — Eu zombo dela.

Balançando a cabeça, ela cantarola: — Não.

Empurrando seu ombro, eu a guio de joelhos. Suas pequenas mãos

vêm para abrir meu short, e minha mão vai para o canivete no meu
bolso.
Eu o abro e imagino segurá-lo contra o seu pescoço, deixando a

lâmina cortar o suficiente para impedi-la de falar - o suficiente para fazê-

la chorar e questionar se ela vai morrer.

— Nixon, — Jaxson Wheeler grita, pisando em sua varanda.

Bem na hora, velho. Roxy ofega e grita, pulando e correndo de

volta para minha casa. Eu sorrio para ele.

— O que você acha que está fazendo? — Pergunta ele, mas há um

entendimento em seus olhos. Como se ele soubesse meus pensamentos

naquele momento. Eu saio atrás de Roxy, ignorando sua pergunta.

Roxy está congelada no foyer quando entro na casa. Hayden está

de pé em frente a ela, vestindo apenas uma toalha.


— Eu estava apenas perguntando à sua amiga se ela gostaria de

dar um mergulho noturno. Continuar de onde paramos.

Hayden pisca, e ela vira um tom extra escuro de vermelho.

Ela olha para mim e cruza os braços sobre os seios como se agora
fosse uma puritana.
Eu aceno com a cabeça para o meu irmão. — Ela adora se

molhar. Vá com ele. — E assim, passo por eles na cozinha para pegar
uma bebida.
— Nix? — Roxy chama por mim, mas eu a ignoro. Eu terminei com

ela. Tentar usá-la como uma distração é inútil. Ela só me faz querer
matar algo. Principalmente ela.
Presente.

— Para onde você vai quando se distrai dessa maneira?

Eu encolho meus ombros. — Só pensando na pergunta.

— Eu acho que você está revivendo momentos em sua cabeça e eu gostaria


que você os compartilhasse comigo.

— Eu não gosto de namorar. Eu fingi que Rowan era minha namorada uma
vez.

Uma de suas sobrancelhas se afunda. — Porquê?

— Porque o pai dela suspeitava do tempo que ela passava em nossa casa.

— Então, você protegeu o relacionamento deles?

Eu me encolho pela maneira como ela diz isso.

Não foi para proteger Eric de ser um pervertido; foi para impedi-la de ter
problemas com o pai. Ele a teria impedido de sair de casa se
soubesse que ela estava vendo Eric. Ele poderia ter feito suas malas e a
afastado dele - de mim. Eu não podia permitir que ele tivesse tempo para
planejar. Nós precisávamos de mais tempo. Teve que ser no momento da
descoberta, então ele reagiu na hora, matando Eric, sem tirar minha Rowan
de mim.

— Eu sempre quis protegê-la.

Eu sabia que perder Eric a machucaria. Ela estava apaixonada, e é normal que
as garotas passem por isso, mas ela está superando agora, e estamos todos
melhor sem Eric por perto.
Capítulo Dez

Rowan

#9 traço de um psicopata
Impulsivo
Inspire e expire. Dentro e fora, repasso repetidamente em minha mente
sentada na banheira. Estico meu braço para tentar pegar meu celular
novamente no balcão, mas ele está fora de alcance. Murmuro através da dor
quando meu estômago se contrai novamente.

Droga, eu deveria ter esperado até que um dos garotos estivesse em casa
antes de entrar na banheira.

Minhas pernas oscilam quando tento ficar de pé. Elas parecem geleia. A dor
queima o meu quadril e tudo parece muito tenso.

— Porra, — eu gemo, então ouço a porta da frente bater. Ecoa por toda a
casa, e o alívio me inunda.

— Ei, quem está aí? — Eu chamo. — Alguém, olá! — Eu chamo de novo.

Passos soam nas escadas e eu caio para trás. — Ro?

Nixon, graças a Deus. — Sim, aqui, — eu chamo. Deixei a porta do quarto


aberta, felizmente, e todo esse lugar é feito de piso frio e de madeira, então o
som ecoa.

A maçaneta da porta mexe, mas eu tranquei a porta do banheiro. Porra.

— Rowan? — Ele murmura através da madeira nos separando.


— Estou em trabalho de parto, — eu grito. Os xingamentos soam por trás da
porta, e então um baque soa e lascas de madeira voam quando Nixon entra
pela porta, arrancando-a de suas dobradiças.

Um grito me escapa, e eu envolvo uma mão sobre meus seios para cobri-los.

— Por que diabos você toma banho quando ninguém está aqui? —

Ele parece chateado, mas eu não tenho tempo para me preocupar com sua
superproteção.

— Cale a boca e me ajude, — eu gemo. Agarrando uma toalha, ele pega meu
braço para me ajudar a ficar de pé. — Eu não posso ficar de pé. Minhas
pernas continuam doendo, — eu soluço.

— Tudo bem. Shhh, não se preocupe.

Mas estou preocupada, não estou pronta para ser mãe. Isso não deveria ser
assim. Tudo me atinge de uma vez. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e meu
coração se contrai.

— Vai ficar tudo bem, Rowan. Eu prometo. — Nixon tenta me acalmar


enquanto se inclina e me pega. Eu não luto contra ele. Mesmo que eu esteja
de bunda de fora e a água do meu banho agora morno encharque suas roupas.

Ele se move com facilidade comigo em seus braços, levando-me para o meu
quarto e me colocando na cama. Eu pego a toalha que ele colocou sobre o
ombro e cubro meu corpo enquanto ele vasculha minha cômoda por algumas
roupas.

— Você deixou pronta sua bolsa de maternidade para o hospital?

Ele está focado e me vestindo como se eu fosse uma criança. Meias, calça de
moletom, nenhuma calcinha, seguido por um suéter sobre minha cabeça e ele
passando cada um dos meus braços através das cavas.
— Obrigada, Nix. Por estar aqui — tropeço em um soluço.

***

Nada sobre o trabalho de parto parecia natural. É a coisa mais natural do


mundo, as enfermeiras ficavam me dizendo enquanto um humano tentava
rasgar seu caminho para o mundo.

Mas meu corpo apenas se recusou a fazer o seu trabalho, então minha
saudável Erica foi entregue em uma sala cirúrgica.

— Já uma rainha do drama — brincou Nixon, mas o medo em suas feições e


pupilas dilatadas o entregou.

Ele estava com medo por mim - por nós.

— Como você está se sentindo? — Uma enfermeira me pergunta enquanto


mexe no IV bombeando fluidos em mim. Essa é uma pergunta difícil. Eu lhe
ofereço um sorriso, e ela dá um tapinha no meu braço e nos deixa em paz
novamente.

Como estou me sentindo? Eu quero estar entorpecida. Eu queria poder ficar


dormente.

Dor, aguda e constante, irrita o meu quadril. Acabei de ter um bebê tirado do
meu ventre há menos de quatro horas, mas é o quadril idiota que está me
incomodando.

Este dia deveria ser tão diferente, mas aqui estou eu, uma mãe solteira sem
família de verdade.

Os filhos de Eric cuidam de mim, mas não elimina o estranho buraco oco que
sinto dentro de mim desde que perdi o pai deles e o meu. Eu quero odiar meu
pai pelo que ele fez, e eu odeio, mas isso não apaga o amor que ainda sinto
por ele. É uma coisa tão estranha de se sentir. Odiar e amar em igual medida.
Olho para o meu celular e franzo a testa. Ainda nada de Lucy. Ela prometeu
que estaria aqui para o nascimento da minha filhinha, mas ela não apareceu, e
não a visitou desde então. Envio mensagem para Trevor perguntando se ele
teve noticias dela, mas dez minutos se passaram e ele ainda não respondeu.

A porta do quarto se abre, me assustando, e Nixon preenche o espaço. Ele


tinha ido buscar um café. Ele parece selvagem, com os olhos arregalados e a
mandíbula tensa.

Eu me sento, nervos comendo meu estômago. — O que houve? —

Eu pergunto, sem fôlego.

— Lucy. Trevor a encontrou drogada e nua em sua casa.

A sala se expande e depois se fecha ao meu redor. — O quê?

— Ela está aqui no hospital. Eles estão tentando descobrir o que está em seu
sistema, mas ela ainda está viva.

Camden e Brock entram no quarto depois de Nixon. Eles parecem pálidos e


abalados.

— Ela vai ficar bem, — eu os conforto, mas, na verdade, é para me confortar.


Não podemos perder mais ninguém. Eu não posso. O que diabos aconteceu?

— Ro, isso não é tudo, — diz Nixon em um tom que nunca o ouvi usar antes.
É quase medo. Camden se move para a cama e pega minha mão, apertando-a.

— O quê? O que aconteceu? — Eu imploro, terror começando a subir pela


minha garganta.

— O bebê. Ela sumiu.

— O bebê. Ela sumiu.

— O bebê. Ela sumiu.


As palavras rolam na minha mente como um carrossel. Meu corpo se move
para ficar em pé, mas minhas pernas não estão funcionando. Eu me atrapalho
e caio no chão. Todos os três garotos me cercam, mas eu não consigo me
concentrar.

— Onde está meu bebê? — Eu grito.

Penso em seus olhos azuis aço idênticos aos do pai e minha garganta engasga
com um soluço.

— Rowan, nós vamos tê-la de volta, — Brock promete, olhando tão


intensamente para mim, que juro que é Eric encarnado.

— Achamos que seu pai a levou, — afirma Nixon.

O quê? Não, não.

Estou perdendo a noção da realidade. A escuridão se fecha ao meu redor, e eu


me afogo na dor, a dor de saber que ele a levou para me punir.

Recomeçar.

Para ter alguém que o ame.

Ela se foi.

Ela se foi.

Ela se foi...
Capítulo Onze

Nixon

#10 traço de um psicopata


Crueldade com animais
Da dum. Da dum. Da dum. Da dum.

Meus batimentos cardíacos ecoam na minha cabeça enquanto passo pela


cama onde eles tiveram que sedar Rowan. Acho que ela finalmente quebrou.
Isso a levou ao limite.

Coloco um beijo em sua testa e encontro meus irmãos no corredor.

— A polícia está verificando a filmagem de segurança agora, —

Hayden me informa. Seu cabelo está bagunçado dele passar as mãos por ele.

— Lucy está em péssimo estado. — Cam envolve os braços em torno de si


mesmo. Ele está balançando em uma cadeira, parecendo frágil como merda.

— Tudo vai ficar bem, — eu os tranquilizo.

— Como você sabe disso? — Pergunta Brock.

Eu não posso dizer a eles, então apenas balanço minha cabeça.

— Porque tem que ficar, — eu ofereço em vez disso, antes de fechar o espaço
entre Hayden e eu. — Eu preciso que você fique lá com ela, e não a deixe até
que eu esteja de volta.

— Onde você está indo? — Ele pergunta.

— Hay. — Eu coloco minha mão em seu peito e olho diretamente nos olhos
dele. — Por favor, apenas fique com ela e não saia desse quarto

- nem mesmo para mijar.


Seus olhos perfuraram os meus, estudando, procurando respostas para um
milhão de perguntas disparando em sua mente.

— Confie em mim, — eu lhe imploro.

— Eu vou com você. — Cam se levanta.

— Não. — Eu balanço a cabeça e vou até ele. — Eu preciso de você aqui


caso eles encontrem Erica. Ela vai precisar estar com a família e Rowan pode
ficar inconsciente por horas.

Ele acena com a cabeça em compreensão.

— Trevor está devastado sobre Lucy, — Brock sufoca. Ethan, seu melhor
amigo, agarra seu ombro para oferecer apoio e diz: — Vamos ficar por
Rowan, por Lucy, por todos eles.

Eu aceno de acordo.

— Volto em breve.

Eu os deixo cuidando da minha garota e checo meu celular novamente para


reler a mensagem que Jaxson me enviou.

Lar Doce Lar.

***

Há um carro da policia à paisana estacionado a dois metros de sua antiga


casa. Parando meu carro em nossa garagem, eu verifico o quintal, alerta. Isso
poderia ser uma armadilha. Talvez ele tenha mudado de ideia sobre não me
matar.

Merda, ele pode tentar.

Entro em casa, vou direto para o escritório de Eric e abro o cofre dele.

Tirando a Glock e verificando se está carregada, coloco na parte de trás do


meu jeans e saio pela porta dos fundos.
A lua ilumina o céu escuro, me dando uma visão clara do portão que construí
no muro para passar da nossa casa para a de Rowan. Está aberto.

Ele sabe que estou vindo, então tentar ser sorrateiro é inútil. Eu ando até lá. A
grama cresceu e o lugar parece abandonado depois de ficar vazio durante
meses.

Devemos arrumá-lo e colocá-lo no mercado, ou demolir, então Rowan não


precisa mais vê-lo. Cortinas voam através das portas abertas nos fundos da
casa, e tento escutar o choro de um bebê, mas o silêncio é assustador.

Não sei como, mas eu só sei que ele não a machucou.

Ela parece muito com sua mãe. E matar um bebê não é o estilo dele.

O lugar cheira como sempre fez quando eu entro. Achei que poderia estar
mofado, mas cheira a limpeza, como sândalo.

Olhando em volta do andar de baixo, não vejo nenhum movimento.

Assim que meu pé atinge o último degrau, um raio de luz vem da porta do
porão.

Um arrepio gelado corre pela minha espinha, mas a adrenalina atravessa


minha corrente sanguínea neutralizando isso. A polícia passou um pente fino
por este lugar depois de descobrir o corpo da minha mãe, mas nada foi
encontrado, tanto quanto eu sei.

Ainda assim, porões são assustadores quando você sabe que um assassino
está lá embaixo. Sempre achei que tinha esses traços dentro de mim - o
desejo - mas as coisas mudaram para mim desde que Eric se foi

- desde que descobri o que realmente aconteceu com a nossa mãe - desde que
recebemos Rowan de volta. Há essa raiva dentro de mim, mas é mais uma
defesa, para proteger as pessoas que me interessam. Isso me faz normal,
certo? Tem que ser.
Empurrando a porta, desço as escadas, e minha frequência cardíaca acelera
quando Jaxson aparece com Erica embalada em seus braços.

— Este é o lugar onde sua mãe tentou se prostituir, — ele anuncia antes de
meus pés baterem no último degrau.

— Não estou aqui para falar sobre a vagabunda que minha mãe era. Eu já sei.
— Eu sorrio, examinando o bebê sem demonstrar que estou fazendo
exatamente isso.

Ele sorri de volta para mim com os dentes à mostra. — Ela é a razão pela
qual você é o que é? — Pergunta ele, movendo-se em torno da mesa
posicionada no centro do espaço.

— Pode ser assim tão simples?

O bebê solta um murmúrio suave e Jaxson a agita em seus braços, com


cuidado e experiência.

— Eu me lembro de Rowan assim. Inocente. Intocada pelo mundo,

— ele relembra.

Meu celular toca, interrompendo o momento. Ele olha para o meu bolso e
levanta uma sobrancelha. — Você quer atender isso?

Seu rosto é tão estoico que quase me faz rir.

— É provavelmente Brock me atualizando sobre Lucy.

As íris marrons se expandem, quase desaparecendo, dando lugar aos negros


de suas pupilas.

Ele deve se lembrar de Lucy. — Onde ela está?

— Quem?

— Lucy. — Há uma urgência em seu tom que faz meu estômago doer.
— Foi você quem fez aquilo com ela? — Pergunto, incrédulo.
— Onde ela está? — Ele exige novamente, e seu tom é mortal. Normalmente,
eu o provocaria, mas seu comportamento não dá espaço para brincadeiras e
Erica ainda está em seu poder.

— Hospital. Ela está morrendo e eles não sabem o que ela tomou, ou recebeu.

Eu dou um passo em direção a ele, e ele não se move. Ele está muito
confortável e confiante de estar aqui, mesmo como um fugitivo procurado.

— A polícia está do lado de fora, — eu o informo, e ele revira os olhos.

— Eles são patéticos. Eu entrei pela sua casa. Sempre odiei esse portão que
você construiu, mas parece ter se mostrado útil neste caso.

— O que você sabe sobre Lucy? — Eu cutuco e ele suspira.

— Lucy, Lucy, Lucy. Vejo que a polícia esteve aqui embaixo. — Ele muda
de assunto.

— Eles encontraram corpos em seu quintal. — Eu dou de ombros como se


fosse justo eles terem revistado o local.

Ele zomba, fazendo Erika se mexer em seus braços.

— Eles não encontraram nada. Eu dei-lhes os corpos.

— Obrigado, — eu ironizei, e ele sorriu para mim.

— Sempre gostei de você, Nixon.

— Isso é um elogio? — Eu avanço mais alguns centímetros, levando o braço


para trás e pegando a arma na parte de trás do meu jeans.

Seus olhos caem na minha arma, mas ele a ignora, como se eu estivesse
segurando ar.

Levantando a mão livre, ele bate os nós dos dedos na parede.

Toc, toc.
Toc, toc.

Um vinco se forma em sua testa e, em seguida, o tijolo sai da parede.

Bem, merda.

Ele puxa um punhado de fotos e as joga na mesa.

— Lucy faz parte da minha coleção, — ele anuncia.

Que porra é essa?

Thu dum, thu dum, thu dum.

Meu queixo cai quando dou um passo à frente e passo minha mão pelas
fotografias, espalhando-as na mesa.

Loira, morena, bronzeada, mulata, centenas de fotos de mulheres diferentes.

Minha mão para em uma de Lucy, e eu olho para ele.

— Essas mulheres estão mortas?

— Eu estive em sua casa, vi onde Rowan dorme, o berçário que você montou
para o bebê.

— Ela pertence a nós, e eu acho que você sabe disso, — afirmo, balançando a
foto na minha mão. — Isto... Isto vai matar Rowan. — Eu balanço a cabeça,
olhando de volta para as dezenas de mulheres. —

Quando ela descobrir isto... — Eu franzo a testa, pensando na maneira como


ela se culpa por Eric e o quanto a tortura pensar em Jaxson como um
monstro. Isso vai matá-la, porra.

— Você acha que eu sou como você? — pergunto de repente. Todos os meus
pensamentos de nós sendo iguais se chocam contra mim. Eu me tornarei
como ele? Matar mulheres para… o quê? Adrenalina? Senso de poder?

— O que é que você está realmente perguntando?


— Você acha que eu sou um psicopata? — Eu pergunto sem rodeios.

Ele ri e move a mão para o pescoço do bebê.

— Se eu fosse matar alguém que você ama, você se importaria? —

Seus olhos perfuram os meus, esfolando-me até ao núcleo.

Eu me importaria? Foda-se, sim.

— Se você está procurando no mar de pessoas que você ama em sua mente
agora, então você provavelmente não é um psicopata. — Ele limita-se a olhar
para mim.

— Dê-me o bebê e eu vou deixar você sair daqui, — eu ofereço, e seus lábios
se torcem num sorriso.

— Ou você pode colocar a arma no chão e eu vou deixar você sair daqui, —
ele responde.

— Não vai acontecer. Por que diabos você me queria aqui?

— Quero devolver uma filha ao pai dela.

Thu dum. Thu dum. Thu dum.

— O que diabos isso significa? — Eu rosno, imaginando os olhos mortos de


Eric olhando para cima do buraco no quintal.

Como se estivesse lendo minha mente, Jaxson zomba.

— Não aquele boceta. Você, seu verdadeiro pai.

Thu dum. Thu dum. Thu dum.

— Meninas precisam de seus pais, e ela vai precisar de um pai. Você vai
cuidar de ambas. Eu sei que você vai.

Eu aceno com a cabeça confirmando. Sim, vou, até meu último suspiro.
— Por que você a levou então? — Eu pergunto.
— Para passar algum tempo com ela. Eu não podia arriscar ficar no hospital.
Eu sou um homem procurado. — Ele sorri, como se estivesse feliz com esse
fato.

Ele gesticula com a cabeça acenando para a arma que estou segurando e a
mesa. — Coloque a arma na mesa e empurre-a para mim.

Silêncio. Porra, eu não quero dar-lhe a arma.

— Você não pode segurar isso e o bebê, Nixon. Faça uma escolha.

— Os sorrisos sumiram, a agitação substituiu a satisfação, sem um pingo da


vibe de segundos antes.

Colocando a arma na mesa, eu a empurro para o outro lado.

Ele pega e anda até mim, entregando Erica. O alívio em sentir seu peso nos
meus braços faz meus olhos se fecharem brevemente.

Tomando-a em meus braços, trago seu pequeno corpo macio contra meu
peito.

Uma calma toma conta de mim e sinto que posso respirar pela primeira vez
desde que encontrei Rowan em trabalho de parto.

Ele acena a arma para mim chamando minha atenção, e instintivamente,


minhas mãos apertam o bebê quando eu viro de costas para ele.

— Não deixe Rowan encontrar isto. — Ele fala sobre as fotos, mas eu já
planejei queimá-las na churrasqueira.

— Relaxe, — ele me diz, inclinando seu corpo sobre o meu e colocando a


mão no meu bolso, pegando meu celular.

— O que você está fazendo? Chamando um táxi? — Eu brinco.

— Salvando minha doce Lucy, — ele cantarola, colocando o telefone no


ouvido.
Ele caminha em direção às escadas e começa a recitar jargões médicos no
telefone enquanto sobe dois degraus de cada vez.

Não me movo por uns bons dez segundos, apenas me agarrando a Erica como
um salva vidas.

— Eu tenho você, menina. Nunca vou deixá-la ir. Prometo.

***

Hayden caminha pelo corredor, queimando um buraco no chão.

— Eu não podia simplesmente atirar nele, Hay. Ele estava segurando a porra
do bebê.

Ele passa a mão pelo cabelo e senta, depois se levanta. — Você não deveria
ter deixado ele fugir.

Sim, porque ele teria feito essa merda de maneira diferente. Se Hayden
tivesse aparecido lá, ele não teria fugido. Ele estaria no deserto que aquele
quintal se tornou.

— Dê-lhe um tempo, — Cam grita, chocando a todos nós. — Nossa irmã está
sendo alimentada por sua mãe graças a Nixon. Não eu, nem você nem Brock
- Nixon a trouxe para casa. — Ele joga os braços em volta dos meus ombros
e me abraça. — Obrigado por trazê-la para casa.

Tossindo para anunciar sua presença, Trevor parece ter sido atingido por um
caminhão de dez toneladas e arrastado por oito quarteirões. Há uma garota no
corredor com ele, os olhos inchados de lágrimas.

— Como ela está? — Eu pergunto.

— Respondendo bem aos novos antibióticos. Eu preciso de algumas


respostas suas. — Ele acena com a cabeça enquanto as rugas cortam seus
olhos. Eu preciso de respostas dele. É algo que nunca procurei, porque, se
for honesto comigo mesmo, tenho pavor da resposta. Se compartilhamos o
DNA, por que ele não pediu para fazermos um teste?

Como ele pode assistir seu melhor amigo criando uma criança que é dele?
Não é como se eu fosse a porra de uma criança feliz. Eu odiava meus pais
voláteis.

— Por que Jaxson Wheeler me ligou do seu celular?

Hayden passa por mim e vai ficar ao lado da garota que eu não reconheço,
mas ele claramente reconhece.

— Eu tenho uma pergunta para você, — eu digo, cansado de dançar em torno


da pergunta que todos devem estar querendo fazer.

Sua linha de expressão franze e seus ombros ficam tensos. — OK?

Porra, eu não queria fazer isso na frente dos meus irmãos, mas foda-se eles.
Foda-se ele.

— Você é meu pai verdadeiro?

Um coro de — Que porra é essa? — Vem dos meus irmãos, mas não de
Trevor. Ele parece aflito com a pergunta.

Ele se move em minha direção, colocando as mãos nos meus ombros.

— Não, por que você acha isso?

Eu zombo. Nós nos parecemos, porra. Ele deve ver isso. Meus irmãos devem
ver isso. Eric tinha que ter visto isso.

— Eu pareço com você, e sempre soube no fundo que Eric não era meu pai.

Hayden empurra Trevor para fora do caminho e agarra meu rosto nas palmas
das mãos. — Mamãe não trairia. Ela estava sempre acusando papai de
traição. Você se parece com o irmão da mamãe e papai nos testou mesmo
assim. — Hayden descansa a cabeça na minha.
— Mamãe não tem um irmão, — interrompe Brock.

Hayden me solta com uma expiração. — Sim, ela tem. Ele é apenas um
pedaço de merda que não mantinha contato desde que ela era uma criança, de
qualquer forma, não é esse o ponto do caralho. Nix tenho a prova de que você
é filho de Eric.

— Como diabos você sabe essa merda? — Brock faz a pergunta para qual
quero a resposta.

— Eu encontrei testes de paternidade de todos nós na apólice de seguro do


papai. — Ele revira os olhos.

Filho da puta.

— Eu não posso acreditar que você pensou que eu fosse seu pai, Nix, gostaria
que você tivesse me perguntado isso mais cedo, então eu poderia ter te
tranquilizado. Eu amava minha esposa e seu pai. Eu nunca os teria traído
dessa maneira. Ou você.

Minhas pernas cedem, e eu caio no banco atrás de mim, deixando cair minha
cabeça em minhas mãos. Eu honestamente não esperava esse resultado. Todo
esse tempo achei que Eric não era meu pai.

— Você está bem? — Cam pergunta, vindo se sentar ao meu lado. Eu estou?

— Estou exausto.

***

Sete meses depois...

Quando eles vão nos deixar em paz?

— Não, oficial, ele não fez contato, — Rowan informa pela centésima vez.
— Ele matou pessoas que me importam e roubou minha filha. Você acha que
eu o estou protegendo? — Ela rosna.
Eu queimei a evidência da verdadeira identidade de Jaxson Wheeler.

Assassino em série.

O pensamento de Rowan descobrir a extensão da sede do monstro negro


dentro de seu pai é insuportável. Ela quebraria, e eu nunca seria capaz de
juntar as peças novamente.

Ela se preocupa constantemente que seu pai venha roubar Erica. Qualquer
som, batida na porta a assusta e ela corre para pegar o bebê.

Ela esteve em casa por um dia antes de levar o bebê para o seu quarto, depois
as duas para o meu. Nós nos tornamos uma unidade. Uma máquina de bebê.
Uma família.

Eu sei que vou ter que livrar o mundo de Jaxson Wheeler, no entanto. Ele não
vai se manter longe. Como eu, ele ama algo muito precioso para ficar longe.

Mas ela não é dele. Ela é minha. E farei qualquer coisa para mantê-

la segura - e isso significa matá-lo.

***

Entrando no consultório da Dra. Winters, ela sorri para mim e me entrega um


envelope.

— O que é isso?

— Um cartão de aniversário.

— Isso não está cruzando algum tipo de linha ética? — Eu pego o cartão dela
e coloco na mesa.

— Não é todo dia que você faz dezoito anos.

— Isso significa que eu posso parar de vir aqui agora? — Eu me sento e


levanto o tornozelo para descansar no meu joelho.
— Infelizmente, visto sua ânsia em se livrar de mim, você concordou com
trinta meses.

Eu sei que não tenho que continuar com o planejado. Eu tenho dezoito anos
agora. Eu poderia dizer a ela para comer merda e sair daqui para nunca mais
voltar, mas é o que ela espera que eu faça, e se eu for sincero, vir aqui me
ajuda. Isso me faz sentir normal. Quão fodido é isso?

— Como estão as coisas em casa? — Ela pergunta, tirando o fiapo da perna


da calça. É a primeira vez que vejo suas pernas cobertas.

— Ótimo.

— Como estão as dinâmicas agora?

Ela quer saber se eu persisti nas coisas com Rowan. Eu planejei engarrafar
essas emoções e desejos e enterrá-los profundamente para que eu pudesse ser
o que ela precisava agora, mas foi Rowan quem se tornou carente por mais.

Pequenos olhares de desejo que ela me dá. A necessidade de ser abraçada e


sempre procurar minha aprovação. Somos uma equipe com Erica, como
qualquer outro jovem casal com um bebê que você vê, só que não fodemos.

— Eu acho que meu irmão é gay.

Winters não pode mascarar seu choque com este anúncio. Ela deixa cair a
caneta que está segurando, depois se atrapalha para pegá-la de volta.

— Camden? — Ela finalmente chia para fora.

— Não, Brock.

— Por que você acha isso? Ele confidenciou a você?

Eu o vi e Ethan tendo uma discussão acalorada, e não eram apenas amigos


tendo uma briga. Havia paixão e dor em seu tom, postura, olhos.
— Você perguntou a ele?

Eu dou de ombros. — Não é da minha conta.

— Então, por que mencionar isso?

Para tirar você do assunto Rowan.


Capítulo Doze

Rowan

2 meses depois…

#11 traço de um psicopata


Necessidade de poder
Nove meses de idade e mais adorável a cada dia que passa.

— Hora de dormir, — eu digo a ela, acariciando sua cabeça e a deitando em


seu cercadinho. Ainda não suporto movê-la para seu próprio quarto, então ela
ainda está no quarto comigo e Nixon.

Quando ele mudou minha cama para cá, ele teve que arranjar uma cama de
solteiro porque as duas queens ocupavam muito espaço. Sorrio ao pensar em
tudo o que Nixon faz para nos deixar confortáveis e seguras.

As vozes baixas no andar de baixo viajam até nós, então fecho a porta,
acendo a luz noturna de Erica e canto sua canção de ninar.

— Brilha, brilha estrelinha,

Enquanto eu me pergunto onde você está,

Acima do mundo tão alto,

Como um diamante no céu,

Brilha, brilha estrelinha,

Olhe para nós de onde você está.

Pegando seu monitor, desço quando Nixon está chegando em casa. O lugar
está zumbindo com corpos para uma festa de Hayden.

Olho para o meu jeans e blusa e me encolho. Há um pouco de cuspe no meu


ombro. Estou mal vestida em comparação aos vestidos e trajes glamourosos
que os convidados estão usando.
Suas festas mudaram dramaticamente no último ano.

Os olhos de Nixon encontram os meus através da multidão e eu sorrio quando


o vejo de jeans e camiseta. A multidão se abre para ele como se tivesse um
campo de força ao seu redor, empurrando-os para se moverem.

Ele domina qualquer sala em que esteja, mesmo usando roupas casuais.

Lambendo os lábios, seu olhar se move dos meus olhos para a minha boca, e
eu tento ignorar as batidas do meu coração e a dor surda se formando no meu
intestino.

As coisas mudaram muito entre nós. É como se estivéssemos dançando em


torno dessa tensão entre nós.

Estou com muito medo de fazer um movimento, caso esteja tudo na minha
cabeça e ele esteja apenas sendo Nixon, meu melhor amigo. Cada instinto me
diz que é muito mais, mas se eu arruinar isso com um erro tão grande, eu não
sobreviveria.

Ele se tornou meu oxigênio. Eu preciso dele.

— Ela está dormindo? — Ele pergunta, esfregando o polegar sobre o leite


cuspido no meu ombro. Eu lhe entrego o monitor e vejo o deslumbramento
tomar conta de suas feições.

Nunca conheci ninguém para deixar Nixon Pearson de joelhos, como Erica.
Ela o envolveu em volta de seu pequeno dedinho e sinto pena de qualquer um
que a fizer infeliz. Seu amor por essa garota é feroz, e ele tem três irmãos
todos na fila para protegê-la, coração e alma.

— Eu deveria ir dar-lhe um beijo de boa noite? — Ele coloca isso como uma
pergunta, mas nós dois sabemos que não importa o que eu diga. Ele vai dar
ao nosso bebê um beijo de boa noite.
— Você está linda por sinal. Cortou o cabelo? — ele pergunta, se esticando
para pegar um baguete de um buffet de comida disposto.

Só mais uma coisa que eu amo nesse garoto. Ele percebe pequenas coisas e
sempre sabe quando eu preciso de um elogio. — Só tomei banho.

— Eu mordo minha bochecha e escondo meu constrangimento, olhando para


longe dele.

Seus dedos seguram meu queixo, inclinando minha cabeça para eu olhar para
ele. — Quer pedir comida e assistir a um filme?

Eu o amo.

— Há toneladas de comida. Nós podemos pegar um pouco disso.

Levantando uma sobrancelha, ele olha para o bufê e balança a cabeça.

— Rowan, estou comendo uma baguete agora. Uma maldita baguete. Porque
toda aquela porcaria de peixe em conchas parece com vômito de bebê.

Uma risada ressoa no meu peito. — São ostras. Elas deveriam ser um
afrodisíaco...

Silêncio.

Nós dois apenas olhamos um para o outro, minhas bochechas ficando rosadas
e o estômago em nós.

— Não seria a primeira vez que provo vômito de bebê. — Ele pisca, pegando
um prato e carregando-o, antes de pegar minha mão e me levar para cima.

A sala de cinema se tornou um santuário para nós. Nós gostamos de passar


um tempo aqui, e com um bebê, eu não gosto de deixá-la, então não podemos
ir ao cinema de verdade.
Antes de ter Erica, era algo que Lucy e eu costumávamos fazer juntas, mas
desde que meu pai a machucou, nem os garotos e nem Trevor gostam quando
fazemos coisas sozinhas, porque meu pai ainda está lá fora.

Pensamentos sobre ele permanecem no fundo da minha mente como um


bicho-papão debaixo da cama.

Minhas emoções sempre foram conflitantes sobre ele, mas depois do que ele
fez com Lucy, e sem razão aparente, só me deixou odiando o DNA correndo
em minhas veias.

— Vou tomar um banho rápido. Vá escolher alguma coisa para assistir, —


diz Nix, largando nossos pratos.

— OK.

Meu corpo inteiro está hiperconsciente dele, até mesmo um escovar sutil de
sua pele na minha quando ele passa por mim quase me faz gemer.

Porra, eu preciso de um tempo sozinha para me controlar.

Examino alguns dos novos filmes que ele adicionou e escolho algo leve e
engraçado para tentar tirar minha mente da sarjeta e esfriar minha pele.

O cheiro do vômito no meu ombro me faz estremecer. Solto o controle


remoto na cadeira, corro para o quarto, tiro a blusa e reviro a cômoda
procurando uma das camisetas largas de Nixon para colocar. O

chuveiro desliga e eu entro em pânico. Puxo rapidamente a camiseta e acabo


com a cabeça no buraco do braço. Quando a porta se abre, o resto da camisa
está em volta do meu pescoço, deixando meus seios cobertos pelo sutiã à
mostra, mas não é isso que faz minhas bochechas queimar descendo pelo meu
pescoço.
Nixon está completamente nu.

Carne... tudo isso... só... bem ali. — Eu... er... ah... erm, — eu gaguejo.

— Não havia toalhas. — Ele não cobre seu pau com as mãos. Em vez disso,
ele olha para dentro de mim, não para mim.

Meus dentes afundam no meu lábio e eu puxo a camisa da minha cabeça, mas
não faço um movimento para colocá-la. Nós nos encaramos enquanto seu pau
engrossa. Esse é todo o convite que preciso.

Porque eu preciso dele há muito tempo.

Quando eu solto a camisa no chão, ele respira fundo.

Sim. Está acontecendo. Eu não posso continuar negando cada momento que
penso em fazer isso com ele. Empurro minhas calças para baixo em um ato
descarado, mostrando uma confiança que não sinto.

Minha mão se move para cobrir as estrias na parte inferior do meu estômago,
mas ele levanta a mão e sussurra: — Não.

Congelo, meus ossos se solidificam, meu peito se move rapidamente para


cima e para baixo com a minha respiração. — Nunca se cubra de mim. Você
é a coisa mais linda que eu já vi.

Isso é Nixon e eu. Nós sempre tivemos essa química entre nós, mas agora ela
evoluiu para muito mais. Acho que quando ele realmente me tocar, posso
entrar em combustão.

— Tire tudo isso, Rowan. Deixe-me ver você.

É um pedido, não uma ordem, e minhas pernas quase se dobram com o


desespero em seu tom.

Eu levo as mãos para trás e solto meu sutiã, deixando cair pelos meus braços
no chão.
Seus olhos varrem a pele recém-exposta, e ele passa a língua sobre o lábio
inferior, fazendo minhas coxas apertarem.

— Nós vamos estragar nossa amizade, — eu advirto, colocando meus dedos


em minha calcinha e arrastando-a pelas minhas pernas.

— Estamos apenas melhorando, fortalecendo e completando.

Ele se move então, seus passos comendo o pequeno espaço entre nós, até que
há apenas uma lacuna minúscula impedindo nossos corpos de serem
consumidos pelo outro. Ele agarra a parte de trás do meu pescoço, me
puxando para ele, e seus lábios batem contra os meus enquanto minha pelve
se inclina para cima, precisando de contato com a dele. Meus seios roçam em
seu peito, a necessidade dolorida endurece meus mamilos, nosso contato
inflama o que se torna inegável. Fomos feitos para ficar juntos. Nada antes
disso é importante. Nós somos o agora

- o para sempre.

É tudo. TUDO.

Nossos movimentos estão em sincronia, como se estivéssemos fazendo isso


toda a nossa vida. Sua língua se move contra a minha, saboreando cada parte
da minha.

Nós duelamos e dançamos, suas mãos se movendo para meus quadris e me


levantando para que eu possa envolver minhas pernas ao redor da sua cintura.

Um suspiro soa dos meus lábios quando seu pau entra em contato com a
minha fenda.

Pele na pele.

Carne na carne.

Alma na alma.
Suas mãos assumem o comando, acariciando minha pele com possessividade.

Seus dentes beliscam e mordem enquanto sua língua varre a minha pele,
arrastando beijos pelo meu pescoço.

Seu aperto no meu corpo é contundente, e eu não consigo o bastante. Moendo


meus quadris contra ele, eu gemo e imploro para ele nos levar até ao fim.

Aproximando-me mais, como se ele não pudesse chegar perto o suficiente,


como se seu corpo estivesse tentando absorver o meu, ele nos leva para a
cama e se senta comigo em seu colo.

Ele cheira a floresta depois de uma chuva, e eu estou intoxicada por ele.

Lambo e acaricio seu pescoço com meus lábios, provando-o. Eu nunca quero
parar.

As palmas das mãos fortes descem até a minha bunda e ele hesita, apoiando a
testa na minha.

— Tem certeza de que está pronta para isso, Ro? Porque uma vez que você
for minha, baby, você será minha para sempre.

— Eu sempre fui sua, — eu respiro, levantando meus quadris e afundando no


seu pau.

Nós dois soltamos um suspiro áspero, e então gememos na boca um do outro.

Nós nos encaixamos como se fossemos feitos um para o outro, sua


circunferência me alongando no limite do ponto de dor. Eu flexiono meus
quadris e engulo seu gemido. Ele encontra meu movimento com golpes
profundos. Todo o resto desaparece, e tudo o que resta é ele e eu, criando
música com a nossa respiração ofegante. Arrasto meu corpo sobre o dele,
mais e mais, lento e profundo, uma dança de duas almas.

— Por que esperamos tanto tempo? — Eu gemo, torcendo meus quadris. Ele
controla meus movimentos enquanto sua boca devora meus mamilos.

— Porque você não sabia.

— Não sabia o quê? — Eu murmuro, meus músculos apertados quando o


prazer profundo rola através de mim em ondas de euforia.

— Que você pertence a mim e eu a você.


Capítulo Treze

Nixon

#12 traço de um psicopata


Falta de empatia
Planejar a festa de aniversário de um ano deixou Rowan estressada.

— Ela nem vai se lembrar disso, — diz Camden quando um dos balões com
o número “um” estourou.

— Estará no filme para sempre, Cam. Para sempre significa que tem que ser
perfeito.

Erguendo as mãos em sinal de rendição, seus olhos se expandem enquanto


ele se afasta da mãe urso.

— Droga, — Hayden diz friamente. — Você pode imaginar quando Erica


começar a escola, aprender a dirigir, tentar arranjar um namorado?

Eu o acerto no braço com um soco forte. — Ai, que porra é essa?

— Ela nunca vai namorar. — Eu o encaro.

Ele bufa e ri. — Eu disse tentar arranjar um namorado. — Ele bate a mão no
meu ombro e vai ajudar Brock a pendurar o banner.

— Oh não! — Grita Rowan.

— O que foi, querida? — afasto o cabelo dela de seus ombros e esfrego-os


com firmeza, sorrindo quando ela suspira no meu toque.

— Deixei um dos presentes de Erica na Lucy.

Lucy já chegou. Meus olhos procuram pela sala por uma muito grávida Lucy
enquanto beijo a bochecha de Ro. — Eu vou buscá-lo.

Ela se vira e joga os braços em volta do meu pescoço. — Eu te amo. Já te


disse isso hoje?
Enfiando meu nariz em seu cabelo, eu sussurro em seu ouvido, —

Duas vezes esta manhã com seus orgasmos. — Sua pequena ingestão de ar
faz meu pau endurecer, e eu debato se poderíamos nos esgueirar para outra
rodada, mas há muitas pessoas aqui, e eu tenho um presente para pegar.

Bato na bunda de Ro com um tapinha de amor e caminho até Lucy, que está
sentada no colo de Trevor, o braço dele enrolado em torno de sua barriga
saliente, protegendo seu bebê crescendo lá.

— Lucy, Rowan deixou um presente em sua casa. Posso correr até lá e


pegar?

Seu rosto desmorona e ela levanta a mão. — Merda, eu anotei isso e ainda me
esqueci de trazê-lo. — Tem tinta rabiscada na palma da sua mão, e eu
escondo um sorriso quando Trevor revira os olhos. Eu me lembro do estágio
de exaustão da gravidez.

Ela vasculha a bolsa e me entrega um conjunto de chaves com cerca de vinte


chaveiros, incluindo minipompons.

Trevor balança a cabeça e empurra a mão dela para baixo, entregando-me as


suas chaves em seu lugar.

— Estacione na garagem e use essa entrada para ter acesso à casa principal.
Os portões se abrirão automaticamente se você pegar o carro dela, o que está
bloqueando a entrada de qualquer maneira.

Trevor sorri diabolicamente. Eu abro as cortinas para espiar e gemo.

— Você acha que um carro rosa me incomoda? — Eu levanto uma


sobrancelha desafiadora.

— Aposto mil dólares que você move o carro dela e leva o seu próprio.
— Ohhh, — Lucy gargalha.

Eu roubo as chaves e grito para Ro: — Tio Trevor está adicionando um extra
nas economias de Erica.

***

O carro dela pode ser rosa, mas tem vidros escurecidos, e é de cinco marchas,
o que é simplesmente foda.

Leva vinte minutos para atravessar a cidade até sua nova casa. Trevor surtou
quando Jaxson entrou na última vez e insistiu em uma casa com máxima
segurança. O portão está entreaberto quando eu chego, abrindo totalmente
quando me viro para ele. Os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficam
em pé quando olho em volta e vejo um caminhão preto estacionado na rua
algumas casas acima.

Ninguém estaciona na rua nessa área. As garagens têm metros de


comprimento, não há necessidade disso.

A porta da garagem se ergue enquanto eu dirijo em direção a ela, o sistema de


computador lendo a placa. Eu paro e sento por alguns segundos. Eu chamo
Trevor? A polícia? Jax viria aqui depois de um ano longe?

Eu puxo meu celular e ligo para Hayden.

Depois de dois toques, a voz dele ressoa pela linha, como se ele estivesse
tentando falar sobre o barulho. — E aí, mano?

— Ei, Trevor vai sair da cidade hoje à noite?

Silêncio, e então, — Porra pergunta estranha, mas por acaso, sim. Temos
alguns negócios na costa oeste e ele é o único que pode lidar com esse
cliente. Porquê?

— Não há razão. — Eu desligo e coloco minhas mãos ao redor do volante,


apertando. Meu coração bate pesado no meu peito e um jato de
adrenalina corre nas minhas veias. Filho da puta. Ele está de volta por Lucy e
depois quem é a próxima? Érica? Rowan?

Não. Nem fodendo.

Eu abro a porta do carro e olho em volta da garagem por qualquer coisa que
eu possa usar como uma arma.

Trevor é muito organizado. Este lugar tem tudo trancado em armários. Porra.
Vou ter que usar a força do meu próprio corpo para dominá-lo se ele estiver
aqui. Eu cresci muito desde o nosso último embate. Tenho muito mais a
perder do que ele, o que me dá razão para dominá-lo. Acabar com ele de uma
vez por todas.

Usando as chaves, destranco a porta e entro, meus sentidos em alerta


máximo. Eu vou me sentir muito estúpido quando entrar aqui e não houver
nada além da minha própria paranoia por companhia. Rastejando para a
frente, eu chego até à cozinha deles.

Thu dum, thu dum, thu dum.

Meu coração bate forte.

— Você não é quem eu estava esperando. — Como se meus pensamentos


invocassem o próprio diabo, uma sombra aparece atrás de mim e suas
palavras causam um arrepio na minha espinha. Não tenho tempo para reagir
antes que ele me empurre para frente.

Ele ainda é forte, o filho da puta. Virando-me para encará-lo, meus olhos se
estreitam na agulha em sua mão.

— Aposto que não. Tem algo planejado apenas para vocês dois? —

Eu aceno para a mão dele. — Ela está grávida, você sabe, — eu atiro.

Seu rosto vacila. Ele não sabia, porra. Eu uso sua distração e avanço para ele.
Ele foi pego de surpresa. Eu o acerto com um punho fechado em
sua mandíbula e pego a agulha com a outra mão em movimentos rápidos e
precisos.

Eu arranco-a dele e o golpeio no pescoço antes que ele tenha a chance de se


recuperar ou me impedir.

— Porquê? — Ele sufoca, a mão indo para a entrada da ferida.

Ele tropeça para frente, mas essa merda é boa e funciona rápido. Ele cai,
batendo no chão com uma repugnante paulada.

Seus olhos se arregalam e sua mão se contrai, se erguendo até mim antes de
cair de volta, como se fosse muito pesada para segurar.

— Porque eu não posso correr o risco de você vir atrás do que é meu, — eu
digo a ele honestamente. Essa é a última coisa que quero fazer, mas ele nunca
ficaria longe.

Eu o deixo lá para pensar enquanto preparo o lugar para um fim a partir do


qual Rowan será capaz de seguir em frente.
Capítulo Quatorze

Jaxson Wheeler

Olhando para o teto branco, tento levantar meus braços, mas eles não se
movem. Sei que eles não vão, eu projetei essa droga desta forma por uma
razão, mas o instinto para sobreviver é forte dentro de mim, então eu cerro a
mandíbula e me esforço mais.

Sons de Nixon se movendo, abrindo e fechando armários, me alertam para o


fato de que ele ainda está aqui e ainda não ligou para a polícia.

Eu vim aqui pela minha doce Lucy. Consegui ficar longe por algum tempo,
mas voltar aqui para deixar um presente de aniversário para minha neta me
fez lembrar sobre o que eu tive que desistir da última vez que estive aqui.

Um telefonema rápido para Four Fathers Freight, e a secretária me ajudou


muito informando que Trevor estaria fora da cidade esta noite e eu poderia
enviar a entrega que menti ter para fazer direto para o endereço dele. Ela
repetiu até mesmo soletrando o nome da rua como se eu tivesse um QI baixo.

Foi muito fácil. Destino eu pensei.

E talvez estivesse destinado, mas não pela razão que eu queria.

Talvez esse fosse o destino de Nixon, seu papel em minha vida - não ser
como eu, mas me impedir.

Agora, meu próprio veneno está correndo em minhas veias, e os olhos verdes
de um menino que eu poderia ter matado duas vezes, estão debruçados sobre
mim, meu futuro em suas mãos.
— Você deveria ter ficado longe, — ele diz.

Eu quero dizer que ele sabe que isso nunca aconteceria. Sou puxado para cá
pelo sangue que corre nas veias de uma garota que ele ama. Minha filha.
Minha Rowan.

Ela finalmente está com o homem certo. Um homem digno dela. Olhe para
ele. Ele me derrubou, de todas as pessoas. Eu sou um Deus entre os mortais.
Levei anos para aprimorar minha calma, mas Nixon já está anos à minha
frente.

— Tenho certeza do que você tinha em mente hoje à noite, Jax, mas eu não
posso deixar você seguir com isso. Lucy está muito próxima de Rowan - de
nós, — ele me diz, sem tensão ou conflito em seu tom.

Deslizando as mãos sob minhas axilas, ele começa a me arrastar para trás
através de algumas portas duplas e me coloca ao lado de uma mesa e
cadeiras.

Ele sai de vista, mas continua a falar.

— Rowan está feliz. Ela finalmente está feliz, e eu não posso deixar você
mudar isso.

Felicidade é algo que eu deveria querer para ela, mas tudo dentro de mim diz
que quero vingança, retribuição pelo que foi tirado de mim -

incluindo Rowan. Ela permitiu que Eric a seduzisse e ela o escolheu sobre
mim. O assassino dentro de mim quer que ela pague com sangue, mas minha
força de vontade é mais forte que os impulsos.

Rowan é minha filha, então eu luto contra a necessidade de matá-

la. Eu a criei, dei tudo a ela, seria uma pena aquilo tudo ir com sua pulsação
em um impulso de raiva.
— É estranho, porque eu sei o que você é, e eu costumava pensar que éramos
iguais. — Nixon grunhe de algum lugar à minha direita. Ele parece tenso,
como se estivesse fazendo trabalho pesado.

— Mas nós não somos nada parecidos. Você mata pessoas por satisfação.
Uma coisa sexual — ele diz, voltando à vista. — Eu mato por necessidade -
para manter as pessoas que eu amo seguras.

De que diabos ele está falando? Matar? Quem ele matou?

Ele mais uma vez agarra minhas axilas e gira meu corpo adormecido até que
vejo um laço surgir, pendurado em uma luminária no teto. Você vai me
matar? Me foder? Eu quero rugir.

Mas meus lábios não se movem.

— Eu sei o que você está pensando.

Duvido.

— Mas isso vai aguentar seu peso. Você vê, foram colocadas vigas de

madeira

especialmente

porque

Lucy

queria

alguns candelabros artísticos, que pesam o mesmo que um pequeno


rinoceronte. — Ele estende a mão, agarrando o laço, e puxa para baixo,
empurrando-o sobre a minha cabeça.

Não faça isso! Eu grito repetidamente em minha cabeça enquanto ele começa
a puxar a corda que se estende e meu corpo começa a se mover para cima.
Seus músculos incham quando ele rosna, usando toda a sua força para subir
meu corpo. A corda cava minha pele, e eu posso senti-la cortando, graças à
minha droga projetada. Ela adormece a função motora e muscular, mas não
impede a sensação do toque. Foi como idealizei isso, assim minhas garotas
poderiam me sentir nelas – dentro delas.
A porra da minha cabeça vai ser arrancada dos ombros antes que ele me
suspenda completamente.

Pare. Pare. Pare.

Meus pés batem em uma cadeira e meu corpo se inclina para frente e para
trás. Eu não tenho controle para subir nela.

Um chiado soa, e Nixon começa a amarrar a corda onde ele me puxou ao


redor das maçanetas das portas duplas.

— Espere um minuto, — ele brinca, sorrindo e tirando o celular do bolso. —


Baby, estou preso no trânsito.

— Nix, — Rowan respira pelo alto-falante. Ela parece em pânico.

— O que aconteceu? — Seus olhos colidem com os meus, estreitando-se


acusadoramente.

— Alguém deixou uma casa de bonecas na varanda dos fundos, —

ela soluça.

— Está tudo bem, querida.

— Não, não está. É o meu pai. Tem que ser. Oh Deus, ele vai levá-la, não é?

— Sobre o meu cadáver, baby.

— Ou o seu, — ele só mexe a boca apontando um dedo para mim.

— Só venha para casa, por favor.

— Eu estarei aí em breve, prometo. E Ro… eu te amo, baby.

— Eu também te amo.

Ele termina a ligação e balança a cabeça.


— Não é assim que eu queria que as coisas acabassem. Você simplesmente
não sabe quando seu tempo acabou. Você matou Eric, você se vingou, mas
não consegue se controlar. Indo até à nossa casa? — Ele range.
— Você assinou sua sentença de morte. Você sabia do que eu era capaz, você
viu dentro de mim e ainda assim você me empurrou para isso.

Uma calma me domina quando a realização desponta, eu não vou sair desta
casa respirando. Eu fui derrotado por um garoto – um fodido menino. Estou
feliz que tenha sido ele. Ninguém mais é digno dessa honra, e a prisão não é
algo para o qual eu seja feito.

Deveria ser você. Eu quero dizer a ele. Dizer-lhe que está tudo bem, eu
entendo. Porque eu realmente entendo. Rowan deveria estar com um homem
que mataria por ela. É apropriado. Ela nasceu em uma poça de sangue de sua
mãe, a morte é seu presente e maldição.

— Eu vou cuidar delas. — Ele franze a testa, balançando a cabeça. — Eu


prometo a você isso. — E então, ele chuta a cadeira debaixo de mim.

Minha visão borra e a água se forma em meus olhos. Não consigo respirar.
Meus instintos tentam ofegar, sugar ar em meus pulmões em chamas,
alcançar a corda, mas não posso fazer nada além de sentir minha vida
enfraquecer. Meus pulmões se fecham e a escuridão obscurece minha visão.
Estou morrendo.

Ele me matou.

Ele fez isso.

Nixon Pearson.

Filho.

Pai.

Protetor.
Capítulo Quinze

Brock

Quando Nixon convenceu Lucy a ficar mais um pouco, meus pés coçaram
para sair, para que pudéssemos voltar para cá e ter o lugar para nós mesmos.
Ethan convidou uma antiga namorada para se juntar a nós, mas ela não estará
aqui até mais tarde.

Trevor me deu uma chave para que eu pudesse ir e vir se e quando eu


quisesse - um lugar para escapar da loucura de nossa casa e ficar sozinho com
quem eu quisesse.

Ethan nem sequer deixa o carro parar antes de sair pela porta e subir dois
degraus de cada vez até à porta da frente.

— Eu digo para ficarmos nus e aproveitarmos a Jacuzzi, — ele grita,


destrancando a porta e quase tropeçando na soleira da porta.

— Você quer começar sem ela? — Eu sorrio, puxando minha camiseta sobre
a minha cabeça e chutando minhas botas.

— Nenhum mal em fazer um aquecimento. — Ele lambe os lábios, empurra a


calça jeans para baixo de suas pernas e, em seguida, congela.

— Porra. Porra.

Eu sigo sua linha de visão, meu coração trovejando nas minhas costelas.

— Filho da puta. Para trás, Ethan. Chame a polícia.

Jax Wheeler está pendurado em uma corda no meio da sala de jantar. Uma
cadeira caída embaixo dele, os olhos esbugalhados, a pele azulada.

Depois de tudo, ele se matou.


— Devemos descê-lo? — Ethan entra em pânico, andando pelo foyer
enquanto está ao telefone.

— Foda-se, não. Não chegue perto dele.

Ele merecia mais do que isso - mais do que isso -, mas vê-lo ali pendurado,
sua língua saindo pela boca, me dá uma sensação de paz. Acabou.
Epílogo

Rowan

#Traço de um NÃO psicopata


Amor
Esperar Erica passar por aquelas portas é o mais tenso que já estive.

Deixá-la para seu primeiro dia inteiro de creche foi o momento mais difícil da
minha vida.

— Ela deve ter se divertido, — Nix me tranquiliza, pegando minha mão na


sua e apertando, seus dedos enrolando em torno dos meus com segurança. A
cada dia me sinto mais amada, mais segura, mais viva com ele.

Saltamos um para o outro completamente e nunca mais olhamos para trás.

Nós passamos por muito, os assassinatos do seu pai e da sua mãe, o suicídio
do meu pai pela culpa de matá-los e tentar prejudicar Lucy, mas ele nunca
falhou comigo - nem uma vez.

Ele é meu para sempre. Meu e de Erica.

Um sinal sonoro estridente, e meu coração dispara quando as portas são


destrancadas.

É a creche mais segura do mundo. Monitoramento de vídeo por toda a parte,


proporcionando uma transmissão ao vivo de nossos filhos para assistirmos, se
precisarmos. Não vou dizer a Nixon que assisti por duas horas hoje.

As portas se abrem e eu começo a bater o meu pé.


— Baby, — Nixon ri. — Ela vai ficar super animada em te ver, e você vai se
perguntar por que passou o dia inteiro se preocupando.

Eu aceno com a cabeça com entusiasmo. — Eu sei, eu sei. Ah, esqueci o


balão dela! Está no carro — eu entro em pânico, olhando para o
estacionamento. Eu insisti em pegar um balão para felicitá-la pelo seu
primeiro dia. Ela sempre teve uma queda por balões desde o aniversário dela,
e a mulher da loja deu uma risadinha, pensando que eu estava brincando
quando lhe contei o motivo. Mas lá estava o meu homem, intervindo e
criticando-a por ser pouco profissional, depois fazendo um discurso completo
sobre uma mãe amando sua filha, e que quando ela tiver um filho, poderá
fazer comentários.

Ela poderia ter cinco filhos por tudo o que ele sabia, mas ele tem um sentido
para essas coisas, e quando Nix volta sua atenção para você, boa ou ruim,
você fica sem palavras.

Inclinando-se, ele passa os lábios por minha testa e solta a minha mão. — Eu
vou pegar o balão. Ela vai amar, quase tanto quanto eu te amo.

— Uau, tanto assim? — Eu sorrio, gritando atrás dele, ignorando os olhares


dos outros pais. Não passa despercebido pelos homens daqui que as mulheres
não seguem tão sutilmente meu homem com os olhos quando ele passa por
elas.

A maturidade tem sido boa para ele. Ele ganhou mais alguns centímetros de
altura e largura dos ombros. Porra, ele é construído como um viking, e eu não
consigo o suficiente dele. Eu não estou nem brava com elas o checando,
porque ele é meu, e não posso culpá-las por serem atraídas para ele como
uma mariposa para a chama.
Um coro de conversas soa assim que as educadoras começam a sair com as
crianças.

Procurando entre todas as garotas de cabelos castanhos, meu estômago dá um


nó na expectativa de ver meu bebê. Eu sei que minha reação a ter que deixá-
la é extrema, mas perdi muito em minha vida, gosto de ver, sentir e cheirar o
que é meu ao meu lado o tempo todo -

segurar e nunca os deixar ir. Mas eu nunca deixei que isso impedisse Erica de
ficar perto de outras crianças e vivenciasse a vida. Esses problemas são meus,
não dela.

Olhos azuis encontram os meus através da multidão de pais reunidos para


recolher seus próprios filhos, e meu coração se acalma e volta ao ritmo
normal.

Agitando minha mão, espero que ela venha correndo para mim com
entusiasmo, mas, em vez disso, ela está fazendo beicinho procurando na
multidão de pais.

— Querida? — Eu chamo correndo em direção a ela, seus olhos se voltam


para algo à sua direita, e o sorriso brilhante de Erica se espalha em suas
bochechas, e ela sai correndo instável em seus pés.

— Papai! Papai! — Ela grita. Nixon a envolve em seus braços e a ataca com
beijos, o balão balançando por cima de suas cabeças.

Colocando minhas mãos nos quadris, eu balancei a cabeça em descrença.

— E o olá da mamãe, — eu faço beicinho.

Erica é a garota do papai, sem dúvida, e Nix sempre deu a ela um pai e muito
mais. Quando ela o chamou de papai, caí de joelhos e chorei. Nós sempre o
chamamos de Nixy, mas depois de passar algumas
horas por dia em uma creche preparando-se para seus dias integrais, ela só
saiu e o chamou de papai de uma tarde aleatória de quinta-feira.

Vendo todas as outras crianças usando esse termo para os homens assumindo
o papel de pai em suas vidas, ela apenas decidiu o que era Nix para ela e
nunca mais parou desde então.

Os outros meninos Pearson ficaram radiantes de orgulho quando ouviram


Erica chamá-lo de papai na presença deles. Ele ganhou esse título e nunca
esqueceremos Eric, mas não podemos viver no passado. Aqueles fantasmas
não assombram mais esta família. Estamos contentes, mas mais do que isso,
estamos felizes e estupidamente apaixonados.

***

Nixon

Olhando para Ro, e então no espelho para Erica, que está batendo no balão,
respiro fácil e viro o carro para a nossa antiga rua. Saímos da casa dos
Pearson há mais de um ano e compramos nossa própria casa, apenas nós três,
apesar de eu tentar convencer Cam a morar com a gente. Ele recusou,
dizendo que Hayden precisava de cuidados. Eles também se mudaram para
um lugar mais adequado para dois jovens.

Ro chama minha atenção quando ela olha para o relógio pela quarta vez
desde que pegamos Erica na creche.

— Onde estamos indo? — Ela arregala os olhos enquanto observa o cenário.

— Um desvio. — Eu sorrio perversamente, sabendo que ela vai enlouquecer


por faltar sua última aula.

Mal sabe ela, que já combinei com Suzanne para pegar qualquer trabalho
escolar que ela possa precisar para o fim de semana.
Ro é uma mãe incrível, mas ela é muito mais do que isso, e não conseguir ir
para a faculdade, mexeu com sua cabeça. Ela não quis nenhum de seus
fundos ou herança, e nunca se contentou em não ganhar seu próprio dinheiro
e ter uma carreira.

Então, eu a matriculei na faculdade e paguei as mensalidades como presente


de aniversário. Ela não tinha certeza no início, mas quanto mais falamos
sobre isso, mais animada ela se tornou. Ela está estudando design de
interiores e quer abrir seu próprio negócio quando se formar, com um
empréstimo de um benfeitor muito bonito que por acaso a adora. Isso não
será um problema.

Há uma série de excelentes oportunidades de negócios que não têm o capital


para sequer decolar. Então, eu fiz um negócio com empresas iniciantes. Eu
faço investimentos sólidos e dou aos peixinhos a chance de nadar na grande
piscina.

— O que...? — Ro respira quando eu paro ao lado do terreno que costumava


ser sua casa e minha.

Ro não poderia enfrentar voltar para a casa que Jax a criou. O

quintal tinha muitas lembranças assombrosas, e meus irmãos e eu


concordamos que nossa casa era apenas uma lembrança daquele tempo. Tudo
precisava ir - derrubar o velho para avançar para o futuro livre de fardos.

Abrindo a porta do carro, eu o contorno para tirar Erica primeiro, depois abro
a porta de Ro. Sua boca está aberta, e uma lágrima cai em sua bochecha.

Usando a ponta do meu polegar, eu a seco e pego a mão dela na minha,


ajudando-a a sair.
Seus olhos examinam o espaço. Eu contratei um construtor para transformá-
lo em um jardim de rosas. Ro sempre diz que não pode sentir o cheiro de
rosas sem pensar em Eric, então onde sua memória repousa é agora uma
enorme variedade de cores. Núcleos de cada tipo de rosa jorram em cada
centímetro do espaço que costumava ser seu jardim. Eric era um pedaço de
merda, mas não podemos fingir que ele não existiu. Ele está em todos nós de
alguma forma. E Erica deveria ter um lugar para vir.

Uma área com assentos e uma árvore foi plantada na terra que costumava ser
a nossa casa, em respeito à nossa mãe. Ela pode ter tido seus problemas, mas
você só tem uma em sua vida e ela passou a ser nossa.

— Eu não posso acreditar que você fez isso, — Ro respira.

— Isso sempre estará aqui se você precisar vir ou decidir trazer Erica quando
ela estiver crescida.

Ela funga e se afasta para que Erica não possa ver as lágrimas.

— Baby. — Eu pego as duas mãos nas minhas e a viro para me encarar.

— Este é o nosso passado, e isso não vai mudar, mas você e Erica...

Você é meu futuro - meu para sempre. Sempre foi você para mim, Ro. —

Eu caio de joelhos, e seus olhos se expandem tão largamente que fazem suas
outras características parecerem pequenas.

— Papai? — Erica ri.

— Vem cá, baby, — digo a Erica.

Eu deslizo minhas mãos de Ro e puxo uma caixa de anel do bolso da minha


jaqueta, tirando o anel de noivado para Ro e anel de promessa para Erica.
— Ro, eu prometo sempre colocar você e Erica acima de qualquer outra
coisa. Eu prometo que nunca vou te machucar, nunca parar de te amar, e
nunca parar de te querer. Agora e sempre.

Soluços suaves sacodem o corpo pequeno de Ro enquanto ela olha para os


anéis.

— Erica, eu prometo ser o melhor papai que você poderia querer ou precisar.
Eu prometo manter você em segurança e nunca deixar você namorar. Você é
minha para sempre e sempre, sempre.

Deslizo o anel no dedo de Erica e ela sorri para mim, segurando o anel feito
de minúsculos pequenos diamantes decorando a faixa.

— Ro, case comigo, baby, — eu peço.

— Nix, — ela respira. — Você sabe que vamos estragar nossa amizade? —
Ela funga e ri ao mesmo tempo.

Eu deslizo o anel no dedo dela.

— Estamos apenas melhorando, fortalecendo e completando.


Fim.

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