Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NUTRIGENÔMICA E NEURODEGENERAÇÃO
27/10/2023
Belém-Pará
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO.....................................................................................................
2- ANTIOXIDANTES E NEUROPROTEÇÃO.....................................................
3- RADICAIS LIVRES E NEUROINFLAMAÇÃO...............................................
4- MODULAÇÃO EPIGENÉTICA E NEURODEGENERAÇÃO.......................
5- ANTIOXIDANTES E REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR/APOPTOSE..
6- REGULAÇÃO/MODULAÇÃO GÊNICA POSITIVA NO
ENVELHECIMENTO..........................................................................................
7- CONCLUSÃO........................................................................................................
8- BIBLIOGRAFIA...................................................................................................
INTRODUÇÃO
O problema com os radicais livres é que eles podem causar danos às células e às
estruturas celulares, incluindo proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (como o DNA).
Esse dano é conhecido como estresse oxidativo e está envolvido no envelhecimento, no
desenvolvimento de várias doenças, como câncer, doenças cardíacas e
neurodegenerativas, e em muitos outros problemas de saúde.
Aqui estão algumas razões pelas quais uma dieta equilibrada e um estilo de vida
saudável são essenciais para a neuroproteção:
Definição de Radicais Livres: Radicais livres são átomos ou moléculas que possuem
elétrons não emparelhados em sua camada mais externa. Esses elétrons desemparelhados
tornam os radicais livres altamente reativos, pois eles buscam emparelhar esses elétrons,
frequentemente reagindo com outras moléculas para alcançar essa estabilidade. Os
radicais livres podem ser formados por diversas fontes no organismo.
1) Dano ao DNA, proteínas e lipídios celulares, que pode causar mutações genéticas e
disfunção celular.
NEUROINFLAMAÇÃO
• Outro exemplo é a esclerose múltipla (EM), uma doença autoimune do sistema nervoso
central. Evidências indicam que o estresse oxidativo e a geração de ROS desempenham
um papel importante na patogênese da EM, contribuindo para a ativação das células da
glia e subsequente neuroinflamação.
Em resumo, o estresse oxidativo causado por radicais livres desempenha um papel crucial
na ativação de vias pró-inflamatórias no cérebro, levando à neuroinflamação. Há uma
crescente quantidade de evidências na literatura científica que destaca essa conexão em
várias condições neurológicas e neuropsiquiátricas.
• Uma dieta equilibrada, rica em antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, pode ajudar a
prevenir o estresse oxidativo e a neuroinflamação. Além disso, o exercício regular tem
demonstrado ter efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Manter um peso saudável,
evitar o tabagismo e limitar o consumo de álcool também são fatores importantes.
• A manutenção da saúde mental também é crucial, uma vez que distúrbios psiquiátricos,
como depressão e ansiedade, estão relacionados a um aumento da neuroinflamação.
Portanto, o tratamento de condições mentais e o apoio psicológico são parte integrante da
prevenção.
Ademais, há uma extensa associação negativa não genética entre peso ao nascer e
resistência à insulina e intolerância à glicose, isto é, a dieta restrita em proteínas ou uma
dieta rica em gordura durante a gravidez está associada à diminuição das células beta no
pâncreas, e consequentemente o desenvolvimento de obesos.
Fatores de risco associados ao Neurodesenvolvimento e Neurodegeneração: Os
fatores ambientais prejudiciais contribuem remodelação do genoma e estão associados
com déficits neurocomportamentais precoces ou tardios, entre eles estão o tabagismo,
álcool, stress e a exposição a pesticidas durante a gravidez. Em relação aos pesticidas,
preocupam-se com os produtos químicos isolados acima do permitido, como também a
mistura de pesticidas, os quais podem modular a expressão genética e levar ao estresse
oxidativo, dano mitocondrial, alteração na homeostase do cálcio, redução do volume
cerebral geral, comprimento encurtado dos telômeros fetais, desequilíbrio da microbiota
promovendo liberação de citocinas pró-inflamatórias e, finalmente, cérebro alterado.
Outra questão estudada sobre a obesidade materna é a relação com a metilação da prole,
em que ocasiona hipermetilação global da placenta associada com comprimento e
tamanho da cabeça do bebê, ou seja, a obesidade materna pode afetar potencialmente a
programação do desenvolvimento fetal, incluindo o neurodesenvolvimento.
Um importante debate que vale considerar nas dietas maternas são os efeitos da vitamina
D, a qual é um nutriente anti-inflamatório, em níveis baixos foi associada com inflamação
sistêmica de baixo grau, porém quando as mães foram alimentadas com uma dieta
enriquecida com vitamina D antes da gravidez e durante a lactação, esta situação foi
revertida apenas nos descendentes masculinos, observando benefícios para saúde
metabólica, intestinal e óssea.
Todas as vitaminas e nutrientes necessários para saúde da mãe e bebê são metabolizados
e absorvidos no intestino, sinalizando a necessidade de uma microbiota saudável. Essa
modula as funções gastrointestinais porque atua ativamente na degradação dos produtos
derivados da ingestão alimentar, liberando metabólitos ativos capazes de exercer efeitos
locais e sistêmicos até mesmo no cérebro, através do eixo intestino-cérebro, logo, a
ingestão de alimentos desempenha um papel essencial na composição da microbiota
intestinal e na produção de metabolitos: as fibras podem promover ativamente a produção
de ácidos graxos de cadeia curta. O controle da microbiota representa um fator importante
na prevenção da neudegeneração, pois a inflamação intestinal promove neuroinflamação
nas doenças de Alzheimer e Parkison, além de inibir o crescimento da micróglia.
O que pode ser feito na idade adulta: A alimentação que regula a neurodegeneração
está na intervenção dietética materna durante a gestação, amamentação ou alimentação
por fórmula e na vida adulta com a nutrigenomica e suplementação para contrabalancear
a progressão da neurodegeneração. A dieta antiinflamatória previne os fatores de risco
para do desenvolvimento da neurodegeneração, promove o controle da inflamação e gera
equilíbrio.
Embora os antioxidantes possam ajudar a prevenir danos oxidativos nas células, eles não
são capazes de reverter os danos existentes. Além disso, alguns estudos sugerem que altas
doses de antioxidantes podem realmente aumentar o risco de certos tipos de câncer.
Portanto, é importante obter antioxidantes suficientes através da dieta e evitar
suplementos em excesso.
Os radicais livres podem danificar proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (como o DNA)
nas células. Isso pode levar a mutações genéticas, envelhecimento precoce e a uma série
de doenças, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
Como o estresse oxidativo afeta as células cancerosas?
1) Dano ao DNA: O estresse oxidativo pode causar danos ao DNA das células
cancerosas. Isso pode resultar em mutações genéticas adicionais, que, por sua vez,
podem impulsionar o crescimento descontrolado do câncer. O acúmulo de
mutações genéticas é um dos fatores-chave no desenvolvimento do câncer.
2) Promoção da Proliferação Celular: Em algumas situações, níveis elevados de
estresse oxidativo podem ativar vias de sinalização que estimulam a proliferação
celular. Isso pode levar a um crescimento mais rápido do tumor.
3) Indução de Resistência aos Tratamentos: Estudos mostraram que o estresse
oxidativo pode induzir a resistência a tratamentos como a quimioterapia e a
radioterapia. As células cancerosas podem ativar mecanismos de defesa
antioxidante, tornando-se menos suscetíveis à morte induzida por tratamentos.
4) Inibição da Metastatização: Por outro lado, o estresse oxidativo pode inibir a
capacidade das células cancerosas de se espalhar para outros órgãos
(metastatização). Isso ocorre porque níveis elevados de estresse oxidativo podem
induzir a apoptose, ou morte celular programada, inibindo a sobrevivência de
células cancerosas que tentam se deslocar para locais distantes.
5) Imunomodulação: O estresse oxidativo também desempenha um papel na
regulação da resposta imunológica contra o câncer. Ele pode afetar a
imunossupressão e a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e destruir
células cancerosas.
6) Promoção de Terapias Oxidativas: Em algumas terapias, o estresse oxidativo é
usado deliberadamente para induzir morte celular seletiva em células cancerosas.
Terapias como a terapia fotodinâmica usam agentes fotossensíveis que geram
radicais livres quando ativados pela luz, levando à destruição de células
cancerosas.
Aqui estão alguns pontos importantes sobre a importância da regulação do ciclo celular
na prevenção de danos e câncer:
1) Prevenção de Danos Genéticos: A regulação do ciclo celular atua para garantir
que a replicação do DNA seja precisa e completa. Ela verifica se o DNA foi
duplicado corretamente antes de a célula entrar na próxima fase do ciclo. Isso
ajuda a prevenir danos genéticos que podem ocorrer devido a erros na replicação
do DNA.
2) Supressão de Células Danificadas: Caso uma célula esteja danificada ou tenha
sofrido mutações genéticas significativas, o sistema de regulação do ciclo celular
pode induzir a parada do ciclo em pontos-chave, como a fase G1. Isso dá à célula
a oportunidade de reparar o dano ou, se o dano for irreparável, desencadear a
apoptose (morte celular programada) para eliminar a célula danificada antes que
ela se reproduza.
3) Prevenção de Proliferação Descontrolada: Quando a regulação do ciclo celular
falha, as células podem entrar em um estado de proliferação descontrolada,
dividindo-se rapidamente sem verificações adequadas. Isso é uma característica
central do câncer, onde as células se multiplicam sem restrições, levando à
formação de tumores.
4) Supressão Tumoral e Proteção contra Câncer: Muitas proteínas reguladoras do
ciclo celular, como as proteínas supressoras de tumor p53 e Rb (retinoblastoma),
desempenham um papel crítico na prevenção do câncer. Elas atuam como
"guardiãs do genoma" e desencadeiam respostas celulares, como a parada do ciclo
ou apoptose, quando identificam danos ou mutações genéticas.
5) Terapia do Câncer: Compreender a regulação do ciclo celular é essencial para o
desenvolvimento de terapias contra o câncer. Muitos tratamentos anticancerígenos
visam interromper o ciclo celular de células cancerosas, impedindo sua
proliferação descontrolada.
Em resumo, a regulação do ciclo celular é crucial para evitar danos genéticos, a formação
de células defeituosas e a prevenção do câncer. Entender como as células controlam seu
ciclo é fundamental para a pesquisa em oncologia e o desenvolvimento de estratégias de
prevenção e tratamento do câncer.
Conclusão: À vista disso, conclui-se que diante das informações expostas neste trabalho,
é de extrema importância que a população e os profissionais conscientizem-se que a
ingestão de alimentos não deve ser realizada somente para saciar a fome, mas para nutrir
o corpo, e desta forma fazer com que os alimentos tornem-se medidas terapêuticas e
profiláticas, minimizando os danos causados pela produção excessiva de radicais livres.
Introdução: Com algumas exceções, pode-se dizer que todas as células de um organismo
contêm os mesmos genes. No entanto, em um determinado tecido ou órgão, apenas um
grupo desses genes é expresso. Na espécie humana, por exemplo, muitos processos
celulares e os genes que os determinam são comuns a todas as células do nosso corpo,
como os genes das proteínas ribossômicas, cromossômicas (histonas) e do citoesqueleto,
constituindo os chamados genes de manutenção (ou housekeeping).
Genes regulatórios: são aqueles cujos produtos (RNA ou proteínas) interagem com
outras sequências de DNA e afetam a transcrição ou a tradução dessas sequências.
Antigamente, achava-se que nosso DNA era um material fixo e determinado para a vida
inteira. Isso é verdade, mas esses genes fixos se expressam de maneiras diferentes no
nosso metabolismo ao longo da vida. Esta expressão é muito sensível ao meio ambiente
em que vivemos (alimentação, atividade física, estresse, poluição, etc…). A alimentação
é o principal fator ambiental que modula essa expressão.
Os estudos realizados até a data sugerem que o envelhecimento está, em parte, ligado a
modulação celular disfuncional possivelmente resultante de três principais redes de
sinalização que terminam na desintoxicação de ROS\RNS, parada do ciclo celular e
indução de apoptose, e estas redes de sinalização podem ser acionadas por restrição
alimentar, sinalização hormonal e estresse oxidativo. O primeiro é modulado por
polifenóis (isto é resveratrol) em geral e agem através das proteínas da família das
sirtuínas AKT\SGK e é representado pelo fator de crescimento semelhante a insulina ou
fator de crescimento tumoral como receptores primários. Esta rede termina na modulação
da família de genes foxO que gerencia a desintoxicação de ROS\RNS e a regulação do
ciclo celular.
Por último, mas não menos importante, a sinalização da rede de estresse oxidativo é
iniciada por estressores oxidativos que modificam os peróxidos dos lipídeos do
plasmalema e estes são estímulos para o ínicio desta rede que atua através de MKKK via
JNK e juntos terminam na modulação dos genes foxO família. As sirtuínas são uma classe
de enzimas que processam a desacetilase das histonas.
Vários estudos descrevem os genes sir como `genes de longevidade`. A razão poderia ser
que a família dos genes sir permite a modulação positiva de uma família particular de
genes chamada progastricsina (pepsinogênio C) pgc na proteína PGC-alfa. Esta proteína
é fundamental para permitir a biogênese mitocondrial e ao mesmo tempo, a
desintoxicação de ROS.
Sirtuínas, restrição alimentar e como discutido acima, estão surgindo uma série de agentes
naturais que podem influenciar os genes da longevidade e podem modificar não apenas
os processos biológicos subjacentes ao envelhecimento, mas possivelmente também a
neurodegeneração.
CONCLUSÃO
ZHOU, Dan-Dan et al. Effects and Mechanisms of Resveratrol on Aging and Age-
Related Diseases. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v. 2021, p. 1-
15, 11 jul. 2021.