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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

NUTRIGENÔMICA E NEURODEGENERAÇÃO

DOCENTE: DRA. DÉLIA AGUIAR

DISCENTES: ELIS AIKO SARMENTO, GEOVANNA CALÁBRIA, LÍVIA BEGOT,


LUÍSA SILVA, MARIA LUIZA GUEDES.

27/10/2023

Belém-Pará
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO.....................................................................................................
2- ANTIOXIDANTES E NEUROPROTEÇÃO.....................................................
3- RADICAIS LIVRES E NEUROINFLAMAÇÃO...............................................
4- MODULAÇÃO EPIGENÉTICA E NEURODEGENERAÇÃO.......................
5- ANTIOXIDANTES E REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR/APOPTOSE..
6- REGULAÇÃO/MODULAÇÃO GÊNICA POSITIVA NO
ENVELHECIMENTO..........................................................................................
7- CONCLUSÃO........................................................................................................
8- BIBLIOGRAFIA...................................................................................................
INTRODUÇÃO

A nutrigenômica é uma área da genômica que estuda como a dieta e os nutrientes


interagem com os genes e afetam a expressão gênica. Ela investiga como a alimentação
pode influenciar a regulação dos genes e, consequentemente, afetar a saúde e o
desenvolvimento de doenças. Quando aplicada à neurodegeneração, a nutrigenômica
explora como a dieta pode influenciar a predisposição e a progressão de doenças
neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e o Parkinson. Isso ocorre examinando
como determinados nutrientes e compostos alimentares podem afetar os genes e vias
metabólicas envolvidas na neuroproteção, inflamação cerebral e reparação de células
nervosas. Portanto, a nutrigenômica na neurodegeneração busca entender como escolhas
dietéticas específicas podem ajudar a prevenir ou retardar o desenvolvimento de doenças
neurodegenerativas, bem como melhorar a saúde do sistema nervoso.
ANTIOXIDANTES E NEUROPROTEÇÃO

Introdução: A neuroproteção é um conceito essencial na área da neurociência e da


medicina, que se refere a estratégias e abordagens destinadas a proteger o sistema
nervoso, particularmente o cérebro, contra danos, lesões e condições adversas. Essa área
de estudo e prática é fundamental para prevenir, minimizar ou mitigar os efeitos
prejudiciais de diversas condições, tais como acidentes vasculares cerebrais (AVCs),
traumatismos cranianos, doenças neurodegenerativas (como o Alzheimer e o
Parkinson), distúrbios neurológicos agudos e outras situações que ameaçam a função
cerebral.

A neuroproteção envolve uma série de estratégias e terapias que têm o objetivo de


preservar a integridade das células nervosas (neurônios) e reduzir a inflamação e o
estresse oxidativo, que são processos prejudiciais para o sistema nervoso.

Algumas das abordagens comuns para a neuroproteção incluem:

1) Tratamentos farmacológicos: O uso de medicamentos específicos que podem


reduzir a inflamação, melhorar o fluxo sanguíneo cerebral, bloquear toxinas ou
estabilizar a membrana celular dos neurônios. Exemplos incluem agentes
neuroprotetores, como a memantina para a doença de Alzheimer.
2) Hipotermia terapêutica: Reduzir a temperatura corporal após uma lesão cerebral
aguda, como um AVC, pode diminuir o metabolismo das células cerebrais,
reduzir a inflamação e proteger o tecido cerebral.
3) Intervenções cirúrgicas: Em casos de lesões cerebrais graves, como hemorragias
intracranianas, a cirurgia pode ser necessária para aliviar a pressão intracraniana
e preservar o tecido cerebral.
4) Estilo de vida saudável: Manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta
equilibrada, exercícios regulares e a gestão do estresse, pode reduzir o risco de
doenças neurodegenerativas e promover a saúde cerebral a longo prazo.
5) Terapias de reabilitação: Após uma lesão cerebral, a reabilitação física,
ocupacional e da fala pode ser uma parte crucial da neuroproteção, ajudando a
maximizar a recuperação e minimizar o dano residual.
6) Redução de fatores de risco: Identificar e reduzir os fatores de risco para
doenças neurológicas, como hipertensão, diabetes e tabagismo, é uma
abordagem preventiva importante na neuroproteção.
Estresse oxidativo: O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre a
produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a capacidade do organismo de
neutralizá-las com antioxidantes. As ROS incluem moléculas como o peróxido de
hidrogênio, radicais livres e o ânion superóxido. Em níveis normais, o corpo é capaz de
controlar e eliminar essas moléculas prejudiciais. No entanto, em situações de estresse
oxidativo, a produção de ROS excede a capacidade de defesa antioxidante.

Relação entre estresse oxidativo e danos no sistema nervoso: O estresse oxidativo


desempenha um papel significativo nos danos ao sistema nervoso, especialmente no
cérebro, devido à sua alta demanda energética, rica em ácidos graxos e alta
concentração de oxigênio.

Para entender a relação entre estresse oxidativo e danos no sistema nervoso, é


fundamental compreender os principais conceitos envolvidos:

1) Danos no Sistema Nervoso: O sistema nervoso é altamente sensível ao estresse


oxidativo devido a várias razõe.
2) Alta demanda de oxigênio: O cérebro consome uma quantidade significativa de
oxigênio para realizar suas funções, tornando-se mais suscetível à produção de
ROS durante o metabolismo.
3) Presença de lipídios insaturados: As membranas celulares das células nervosas
contêm lipídios insaturados, que são suscetíveis à peroxidação lipídica causada
pelo estresse oxidativo, prejudicando a integridade das membranas.
4) Baixa capacidade de regeneração: Os neurônios possuem uma capacidade
limitada de regeneração em comparação com outros tipos de células, tornando-
os mais vulneráveis a danos acumulativos.

O estresse oxidativo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de várias


doenças, como: renais, oculares, pulmonares, hepáticas, cardiovasculares, incluindo a
aterosclerose, que está associada a doenças cardiovasculares, doenças
neurodegenerativas como: Alzheimer, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA), e
a diabetes tipo 2, além de câncer, pois o estresse oxidativo pode danificar o DNA e
contribuir para mutações celulares que podem levar ao desenvolvimento de câncer.

O papel dos antioxidantes: Os antioxidantes são substâncias químicas que


desempenham um papel importante na proteção das células do corpo contra danos
causados pelos radicais livres. Os radicais livres são moléculas instáveis e reativas que
contêm átomos de oxigênio não emparelhados. Eles são produzidos como subprodutos
normais do metabolismo do corpo, mas também podem ser gerados em resposta a
fatores externos, como poluição, radiação UV, tabagismo e certas toxinas.

O problema com os radicais livres é que eles podem causar danos às células e às
estruturas celulares, incluindo proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (como o DNA).
Esse dano é conhecido como estresse oxidativo e está envolvido no envelhecimento, no
desenvolvimento de várias doenças, como câncer, doenças cardíacas e
neurodegenerativas, e em muitos outros problemas de saúde.

Os antioxidantes atuam protegendo as células do estresse oxidativo, neutralizando os


radIcais livres. Eles fazem isso doando elétrons para os radicais livres, tornando-os
menos reativos e, assim, menos prejudiciais. Alguns exemplos de antioxidantes incluem
a vitamina C, a vitamina E, o betacaroteno (um precursor da vitamina A), o selênio, o
zinco e muitos compostos encontrados em alimentos, como flavonoides e polifenóis. Os
antioxidantes podem ser obtidos a partir da dieta, consumindo alimentos ricos em
vitaminas e minerais antioxidantes, como frutas, legumes, nozes e sementes. Além
disso, o corpo também produz seus próprios antioxidantes, como o glutationa, para
combater os radicais livres.

É importante manter um equilíbrio saudável entre os radicais livres e os antioxidantes


no organismo, pois o excesso de radicais livres ou uma deficiência de antioxidantes
pode levar ao estresse oxidativo e aumentar o risco de doenças. Portanto, uma dieta rica
em antioxidantes e hábitos de vida saudáveis, como não fumar e evitar a exposição
excessiva ao sol, podem desempenhar um papel fundamental na promoção da saúde e na
prevenção de doenças relacionadas ao estresse oxidativo.

Como os antioxidantes neutralizam os radicais livres e reduzem o estresse


oxidativo:

1) Doação de elétrons: Os radicais livres são moléculas instáveis porque têm


elétrons não emparelhados em sua estrutura. Para estabilizar-se, eles "roubam"
elétrons de outras moléculas próximas, como proteínas, lipídios ou DNA,
criando um efeito em cadeia de danos. Os antioxidantes são moléculas que
podem doar elétrons para os radicais livres sem se tornarem instáveis. Ao doar
um elétron, os antioxidantes neutralizam os radicais livres, impedindo-os de
causar mais danos.
2) Interceptação de reações em cadeia: Os antioxidantes podem interromper
reações em cadeia de oxidação desencadeadas pelos radicais livres. Eles atuam
como "amortecedores" ao neutralizar os radicais livres antes que essas reações
causem danos extensos.
3) Redução do estresse oxidativo: O estresse oxidativo ocorre quando a produção
de radicais livres supera a capacidade do organismo de neutralizá-los. Os
antioxidantes desempenham um papel fundamental em equilibrar essa equação,
mantendo o estresse oxidativo sob controle. Eles ajudam a manter o equilíbrio
entre a produção e a neutralização de radicais livres.
4) Reparo de danos celulares: Além de neutralizar radicais livres, alguns
antioxidantes podem facilitar o reparo de células danificadas. Por exemplo, a
vitamina E pode ajudar a proteger os lipídios das membranas celulares contra a
oxidação, enquanto a vitamina C está envolvida na regeneração da vitamina E e
também ajuda na reparação do colágeno.

Alimentos ricos em antioxidantes e seu impacto na neuroproteção:

Alimentos ricos em antioxidantes podem desempenhar um papel importante na


neuroproteção, ajudando a prevenir danos celulares e a proteger o sistema nervoso.

Aqui estão alguns exemplos de alimentos ricos em antioxidantes e seu impacto na


neuroproteção:

1) Frutas cítricas (como laranjas e morangos): Ricas em vitamina C, as frutas


cítricas são antioxidantes poderosos que podem ajudar a combater o estresse
oxidativo no cérebro. A vitamina C está envolvida na regeneração de outros
antioxidantes, como a vitamina E.
2) Nozes e sementes (como amêndoas, nozes e sementes de linhaça): Esses
alimentos contêm vitamina E e selênio, que desempenham um papel
fundamental na proteção das células cerebrais contra o estresse oxidativo.
3) Vegetais de folhas verdes (como espinafre e couve): Ricos em vitaminas C e E,
além de outros antioxidantes, esses vegetais ajudam a reduzir o risco de danos
celulares no cérebro.
4) Frutas vermelhas (como mirtilos e framboesas): Essas frutas são ricas em
flavonoides, que têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem
ajudar a proteger as células cerebrais.
5) Abacate: Rico em vitamina E e gorduras saudáveis, o abacate pode contribuir
para a proteção das células cerebrais.
6) Peixes gordos (como salmão e sardinha): Contêm ácidos graxos ômega-3, que
têm propriedades anti-inflamatórias e podem proteger o cérebro contra danos.
7) Chá verde: O chá verde é rico em catequinas, um tipo de flavonoide que pode
ajudar a melhorar a saúde cerebral e proteger contra o estresse oxidativo.
8) Cacau e chocolate escuro: O cacau contém flavonoides que podem beneficiar a
função cognitiva e a circulação cerebral. O chocolate escuro com alto teor de
cacau é uma opção saudável.
9) Cúrcuma: A curcumina, o principal composto ativo da cúrcuma, tem
propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem ser benéficas para a
saúde cerebral.
10) Vinho tinto (com moderação): O vinho tinto contém resveratrol, um antioxidante
que tem sido associado a benefícios para a saúde cerebral. No entanto, o
consumo de álcool deve ser moderado.

Esses alimentos ricos em antioxidantes podem ajudar a proteger as células cerebrais


contra danos causados pelo estresse oxidativo e a apoiar a neuroproteção. Uma dieta
equilibrada que inclua uma variedade desses alimentos pode ser benéfica para manter a
saúde do sistema nervoso e reduzir o risco de doenças neurológicas.

A importância de uma dieta equilibrada e estilo de vida saudável para a


neuroproteção: Uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável desempenham um
papel fundamental na neuroproteção, ou seja, na proteção das células cerebrais e na
promoção da saúde do sistema nervoso.

Aqui estão algumas razões pelas quais uma dieta equilibrada e um estilo de vida
saudável são essenciais para a neuroproteção:

1) Redução do estresse oxidativo: Uma dieta rica em antioxidantes, como


vitaminas C e E, ajuda a neutralizar os radicais livres e a reduzir o estresse
oxidativo no cérebro. Isso protege as células cerebrais contra danos e está
associado à prevenção de doenças neurológicas, como Alzheimer e Parkinson.
2) Melhoria da circulação sanguínea: Uma alimentação saudável, com baixo teor
de gorduras saturadas e rica em ácidos graxos ômega-3, ajuda a melhorar a
circulação sanguínea. Isso é essencial para fornecer oxigênio e nutrientes às
células cerebrais, promovendo a função cerebral saudável.
3) Influência sobre a inflamação: Dietas ricas em frutas, vegetais e peixes gordos, e
baixas em alimentos processados e gorduras trans, têm propriedades anti-
inflamatórias. A inflamação crônica está associada a doenças neurológicas, e a
redução da inflamação é benéfica para a proteção do sistema nervoso.
4) Manutenção de um peso saudável: A obesidade está relacionada a um maior
risco de doenças como diabetes tipo 2 e doença cardiovascular, que, por sua vez,
aumentam o risco de problemas neurológicos. Manter um peso saudável através
da alimentação equilibrada é importante para a neuroproteção.
5) Equilíbrio dos níveis de glicose: Dietas ricas em fibras e com carboidratos
complexos ajudam a regular os níveis de glicose no sangue. Isso é crucial para
evitar flutuações de açúcar no sangue que podem afetar a função cerebral e a
saúde do sistema nervoso.
6) Promoção de hábitos saudáveis: Um estilo de vida saudável que inclui exercícios
físicos regulares, sono adequado, gerenciamento do estresse e evitar o tabagismo
e o consumo excessivo de álcool é benéfico para a saúde do cérebro. Esses
hábitos estão associados à redução do risco de doenças neurológicas.
7) Estimulação cerebral: Uma dieta rica em nutrientes, juntamente com a prática de
atividades intelectualmente desafiadoras, como leitura e quebra-cabeças,
estimula o cérebro, promovendo a neuroproteção e a função cognitiva saudável.
8) Sono de qualidade: O sono adequado é essencial para a regeneração cerebral.
Uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável contribuem para um sono de
qualidade, promovendo a saúde do sistema nervoso.

Em resumo, uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável têm um impacto


significativo na proteção e manutenção da saúde do sistema nervoso. Essas práticas
podem ajudar a reduzir o risco de doenças neurológicas, melhorar a função cerebral e
promover uma melhor qualidade de vida ao longo do tempo.

RADICAIS LIVRES E NEUROINFLAMAÇÃO

Definição de Radicais Livres: Radicais livres são átomos ou moléculas que possuem
elétrons não emparelhados em sua camada mais externa. Esses elétrons desemparelhados
tornam os radicais livres altamente reativos, pois eles buscam emparelhar esses elétrons,
frequentemente reagindo com outras moléculas para alcançar essa estabilidade. Os
radicais livres podem ser formados por diversas fontes no organismo.

Radicais Livres podem ser gerados a partir de diversas fontes, incluindo:

1) Processos metabólicos normais no corpo, como a produção de energia nas


mitocôndrias.

2) Exposição a fatores externos, como radiação ultravioleta, poluição, tabagismo, álcool


e produtos químicos tóxicos.

3) Espécies Reativas de Oxigênio (ROS) e Espécies Reativas de Nitrogênio (RNS): As


espécies reativas de oxigênio (ROS) incluem radicais livres que contêm oxigênio, como
superóxido e peróxido de hidrogênio. As espécies reativas de nitrogênio (RNS) são
análogos, mas contêm nitrogênio, como o óxido nítrico. Tanto ROS quanto RNS são tipos
de radicais livres que podem causar danos às células.

Mecanismos de Formação de Radicais Livres:

1) Reações metabólicas, onde o oxigênio é parcialmente reduzido, formando ROS.

2) Exposição a agentes ambientais, como radiação ou poluentes, que podem induzir a


produção de ROS e RNS.

3) Estresse oxidativo, que ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de


ROS/RNS e a capacidade do organismo de neutralizá-los com antioxidantes.

Consequências do Desequilíbrio Redox: Quando há um desequilíbrio entre a produção


de radicais livres e os mecanismos antioxidantes de defesa no organismo, ocorre o
estresse oxidativo. Isso pode levar a várias consequências, tais como:

1) Dano ao DNA, proteínas e lipídios celulares, que pode causar mutações genéticas e
disfunção celular.

2) Inflamação crônica, que pode desempenhar um papel em diversas doenças, incluindo


doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e câncer.

3) Contribuição para o envelhecimento e o desenvolvimento de condições crônicas de


saúde. Em resumo, os radicais livres são moléculas instáveis com elétrons
desemparelhados que podem ser formados por várias fontes no organismo, incluindo
processos metabólicos, exposição a agentes ambientais e estresse oxidativo. O
desequilíbrio entre a produção de radicais livres e antioxidantes pode levar a danos
celulares e contribuir para uma série de condições de saúde adversas.

Susceptibilidade do Sistema Nervoso aos Danos provocados pelos Radicais Livres:


O sistema nervoso é particularmente vulnerável aos danos causados pelos radicais livres
devido a várias razões. Em primeiro lugar, o cérebro e o sistema nervoso central possuem
alto teor de lipídios, que são suscetíveis a danos oxidativos. Além disso, o cérebro
consome uma quantidade significativa de oxigênio, tornando-o propenso à produção de
espécies reativas de oxigênio (ROS) como subprodutos do metabolismo normal. A
presença de metais, como ferro e cobre, pode catalisar a formação de ROS. A barreira
hematoencefálica, que protege o cérebro de substâncias tóxicas, também pode restringir
a entrada de antioxidantes, aumentando a vulnerabilidade do sistema nervoso.

Papel dos Radicais Livres na Neurodegeneração: Os radicais livres desempenham um


papel significativo na neurodegeneração, como visto em doenças como Alzheimer e
Parkinson. O estresse oxidativo induzido por ROS e RNS pode causar danos às proteínas,
lipídios e DNA das células nervosas, levando à morte celular e disfunção. Além disso, a
formação de agregados proteicos anormais, como as placas beta-amiloide na doença de
Alzheimer, está relacionada ao estresse oxidativo.

Relação entre Estresse Oxidativo e Envelhecimento Cerebral: O envelhecimento é o


principal fator de risco para doenças neurodegenerativas. À medida que envelhecemos, a
capacidade do organismo de lidar com o estresse oxidativo diminui. Isso pode levar a um
acúmulo de danos celulares causados por radicais livres ao longo do tempo. O
envelhecimento cerebral está associado ao aumento do estresse oxidativo, que pode
contribuir para a deterioração cognitiva e o risco de doenças neurodegenerativas.

NEUROINFLAMAÇÃO

Definição de Neuroinflamação: A neuroinflamação é a resposta inflamatória do sistema


nervoso em reação a lesões, infecções ou estresse oxidativo. Ela envolve a ativação de
células imunológicas residentes no cérebro, como microglias. Embora a inflamação seja
uma parte essencial da resposta do corpo a ameaças, a neuroinflamação crônica, muitas
vezes induzida pelo estresse oxidativo, pode ser prejudicial. Pode desencadear a liberação
de citocinas próinflamatórias e contribuir para danos aos neurônios, exacerbando doenças
neurodegenerativas.
Em resumo, o sistema nervoso é vulnerável aos danos causados pelos radicais livres
devido à sua composição, demanda de oxigênio e barreira protetora. Os radicais livres
desempenham um papel central na neurodegeneração, relacionando-se com o estresse
oxidativo e envelhecimento cerebral, enquanto a neuroinflamação pode agravar ainda
mais os danos e as doenças neurodegenerativas.

Papel das Células da Glia na Resposta Inflamatória no Cérebro: As células da glia,


em particular as microglias e astrócitos, desempenham um papel fundamental na resposta
inflamatória no cérebro. As microglias são células imunológicas residentes no sistema
nervoso central e atuam como sentinelas, detectando ameaças. Quando ativadas, elas
liberam citocinas inflamatórias. Os astrócitos, por sua vez, estão envolvidos na regulação
da barreira hematoencefálica, fornecendo suporte para os neurônios e auxiliando na
resposta inflamatória.

Doenças Neurodegenerativas Associadas à Neuroinflamação: Muitas doenças


neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson e a esclerose
lateral amiotrófica (ELA), estão associadas à neuroinflamação. A inflamação crônica no
cérebro pode contribuir para a progressão dessas doenças. Por exemplo, na doença de
Alzheimer, as placas beta-amiloide ativam a resposta inflamatória, piorando o quadro
clínico.

Consequências da Neuroinflamação no funcionamento cerebral:

A neuroinflamação pode ter várias consequências prejudiciais no funcionamento cerebral,


incluindo:

1) Dano a neurônios: Citocinas inflamatórias e radicais livres liberados durante a


neuroinflamação podem causar danos diretos a neurônios, levando à disfunção e morte
celular.

2) Disfunção da barreira hematoencefálica: Aumento da permeabilidade da barreira


hematoencefálica pode permitir a entrada de substâncias tóxicas no cérebro.

3) Ativação de respostas pró-inflamatórias crônicas: A neuroinflamação crônica pode


levar à ativação contínua do sistema imunológico no cérebro, contribuindo para danos
progressivos e piora dos sintomas em doenças neurodegenerativas.

Em resumo, a neuroinflamação é uma resposta inflamatória no sistema nervoso que


envolve a ativação de células da glia, liberação de citocinas inflamatórias e pode
contribuir para o agravamento de doenças neurodegenerativas, causando danos aos
neurônios e perturbações na função cerebral.

Relação entre Radicais Livres e Neuroinflamação: O estresse oxidativo desempenha


um papel central na ligação entre radicais livres e neuroinflamação. Quando há um
desequilíbrio entre a produção de radicais livres, como as espécies reativas de oxigênio
(ROS), e os mecanismos antioxidantes de defesa, ocorre o estresse oxidativo. Esse
desequilíbrio pode levar ao dano celular, incluindo a oxidação de lipídios, proteínas e
ácidos nucleicos, resultando na liberação de moléculas inflamatórias e citocinas.

Ativação de Vias Pró-Inflamatórias por Radicais Livres: Os radicais livres,


especialmente ROS, podem ativar vias pró-inflamatórias no cérebro. Isso ocorre por meio
de mecanismos como a ativação de fatores de transcrição, incluindo o fator nuclear kappa
B (NF-kB), que regula a expressão de genes envolvidos na inflamação. Além disso, os
radicais livres podem estimular a ativação de células da glia, como microglias e astrócitos,
que liberam citocinas pró-inflamatórias.

Estudos de Caso e Evidências Científicas:

• Existem numerosos estudos que destacam a conexão entre radicais livres e


neuroinflamação em condições patológicas. Por exemplo, em doenças
neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, foi observado um aumento na presença
de ROS e uma resposta inflamatória crônica. Além disso, estudos em modelos animais
demonstraram que a administração de antioxidantes pode atenuar a neuroinflamação.

• Outro exemplo é a esclerose múltipla (EM), uma doença autoimune do sistema nervoso
central. Evidências indicam que o estresse oxidativo e a geração de ROS desempenham
um papel importante na patogênese da EM, contribuindo para a ativação das células da
glia e subsequente neuroinflamação.

• Pesquisas também sugerem que a neuroinflamação e o estresse oxidativo estão


interconectados em doenças neuropsiquiátricas, como a depressão e o transtorno bipolar,
onde o aumento na produção de ROS e a inflamação cerebral estão associados aos
sintomas dessas condições.

Em resumo, o estresse oxidativo causado por radicais livres desempenha um papel crucial
na ativação de vias pró-inflamatórias no cérebro, levando à neuroinflamação. Há uma
crescente quantidade de evidências na literatura científica que destaca essa conexão em
várias condições neurológicas e neuropsiquiátricas.

Abordagem de Estratégias Antioxidantes para Combater o Estresse Oxidativo: O


uso de estratégias antioxidantes é fundamental para combater o estresse oxidativo. Isso
envolve a administração de antioxidantes, como as vitaminas C e E, selênio e compostos
fitoquímicos, que podem neutralizar os radicais livres e reduzir os danos oxidativos. Além
disso, a manutenção de uma dieta rica em antioxidantes, como frutas, vegetais e nozes, é
uma abordagem preventiva importante.

Discussão de Terapias Potenciais para Modular a Neuroinflamação: Terapias para


modular a neuroinflamação incluem:

1) Inibidores de citocinas: Alguns medicamentos podem bloquear a ação de citocinas pró-


inflamatórias, reduzindo a resposta inflamatória.

2) Moduladores de células gliais: Agentes que regulam a ativação de microglias e


astrócitos podem ser utilizados para diminuir a neuroinflamação.

3) Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Esses medicamentos podem reduzir a


inflamação no cérebro.

4) Estimulação do nervo vago: Terapias como a estimulação do nervo vago mostraram


potencial na redução da neuroinflamação em condições como a depressão.

Importância da Dieta, Exercício e Estilo de Vida Saudável na Prevenção:

• Uma dieta equilibrada, rica em antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, pode ajudar a
prevenir o estresse oxidativo e a neuroinflamação. Além disso, o exercício regular tem
demonstrado ter efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes. Manter um peso saudável,
evitar o tabagismo e limitar o consumo de álcool também são fatores importantes.

• A gestão do estresse e a qualidade do sono desempenham um papel crucial na redução


da neuroinflamação, uma vez que o estresse crônico pode aumentar a resposta
inflamatória. Técnicas de relaxamento e sono adequado são, portanto, importantes na
prevenção.

• A manutenção da saúde mental também é crucial, uma vez que distúrbios psiquiátricos,
como depressão e ansiedade, estão relacionados a um aumento da neuroinflamação.
Portanto, o tratamento de condições mentais e o apoio psicológico são parte integrante da
prevenção.

Em resumo, as estratégias de mitigação e tratamento envolvem a utilização de


antioxidantes, terapias para modular a neuroinflamação e a promoção de um estilo de vida
saudável, que inclui dieta balanceada, exercício, gerenciamento do estresse e sono
adequado. A combinação dessas abordagens pode ajudar a reduzir o estresse oxidativo e
a inflamação no sistema nervoso, contribuindo para a saúde cerebral e prevenção de
doenças neurológicas.

MODULAÇÃO EPIGENÉTICA E NEURODEGENERAÇÃO

Introdução: Os estudos são referentes ao tema proposto avalia os efeitos ambientais e


questões da pré concepção, durante os primeiros 9 meses de gravidez mais os dois anos
de vida. Os principais pontos discutidos são referente a doenças metabólicas,
cardiovasculares e neurológicas como heranças genéticas e epigenéticas, associadas a
nutrição materna, estresse, tabagismo, álcool e entre outros. A principal conclusão durante
os 1000 dias de vida estudados diz a respeito de que a nutrição nos primeiros anos de vida
pode afetar o neurodesenvolvimento e causar neurodegeneração a longo prazo, ou seja, a
saúde do cérebro está associada com aquilo que comemos e com o que nossas mães
comeram durante a concepção.

Metabolismo C1 e Metilação do DNA: A remodelação genética é o fator importante


para desligar genes que não precisam ser expressos e manter aqueles necessários, a
metilação do DNA tem a função de diferenciar células de forma adequada e controlar a
expressão gênica. O processo de metilação está associado a uma dieta rica em folato,
ácido fólico durante a gravidez e a disponibilidade de vitamina B6 e B12. O mecanismo
de metilação do DNA funciona com a metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR)
estimula a transferência do grupo metil para o folato, levando ao 5- metil tetrahidrofolato
e, finalmente, à homocisteína, que é então convertida em metionina pela 5-
metiltetrahidrofolatohomocisteína metiltransferase (MTR), para essa etapa é essencial a
presença a vitamina B12, por fim, a metionina adenosiltransferase (MAT) catalisa a
síntese deS-adenosilmetionina (SAM), que é o fator chave para a metilação, porque os
DNMTs empregam seus grupos metil para metilar o DNA, o álcool tem a capacidade de
interferir na síntese SAM. Além da metilação do DNA, há as modificações das histonas
(pós-traducionais), a qual utiliza a metilação, acetilação, fosforilação, ubiquitinização,
sumoilação e glicoilação das histona com funcionamento em efeitos opostos, levando à
remodelação da cromatina associada à ativação ou inibição da expressão gênica, a
nutrição fornece precursores para histonas metiltransferases (HMTs), que precisam do
SAM doador do grupo metil para metilar as histonas. Além disso, há dependência do
FAD/FADH2 proporção que está sempre relacionada à quantidade e à qualidade da
ingestão de nutrientes, pois a acetilação da carga positiva da lisina nas histonas é um
evento que promove remodelação do DNA-histona necessária para apoiar a transcrição
genética; para tanto, grupos acetil derivados da via oxidativa da glicose ou betaoxidação
de ácidos graxos são utilizados pelas histonas acetiltransferases (HATs) que necessitam
da coenzima A como cofator. Esse processo é revertido quando o quando a cromatina é
estabilizada pela desacetilação catalisada por histonas desacetilases (HDACs) que
requerem NAD+ como cofator. Sem ser dessa maneira, há a possibilidade da fosforilação
depender principalmente da atividade das histonas quinases, que transferem um grupo
fosfato para o grupo hidroxila da treonina e serina na histona H3.

Efeitos da Metilação Incorreta: Exemplifica-se com casos da fome holandesa, em que


a baixa ingestão de nutrientes durante a gravidez esteve associado com a diminuição na
metilação do promotor do fator de crescimento da insulina 2, consequentemente resultou
em desenvolvimento de excesso de peso em homens aos 20 anos e intolerância à glicose
aos 50 anos, e para um aumento no IMC em mulheres na mesma idade. Há um quadro
heterogêneo de aspectos que pode modificar a remodelação gênica, entre eles estão os
genes envolvidos no crescimento, desenvolvimento e metabolismo apenas quando a
exposição à fome ocorreu durante as primeiras 10 semanas de gestação de suas mães,
indivíduos afetados por sintomas depressivos na idade adulta que nasceram de mães
expostas à fome antes da concepção, pais desnutridos no pré-natal, mas não de mães,
eram mais pesados e mais obesos do que filhos de pais que receberam uma dieta
normocalórica antes da concepção, correlação entre baixo peso ao nascer e taxas de
mortalidade por doença coronária, como também ao comprometimento do
desenvolvimento neurocognitivo mais tarde na vida e ao tabagismo materno durante a
gravidez.

Ademais, há uma extensa associação negativa não genética entre peso ao nascer e
resistência à insulina e intolerância à glicose, isto é, a dieta restrita em proteínas ou uma
dieta rica em gordura durante a gravidez está associada à diminuição das células beta no
pâncreas, e consequentemente o desenvolvimento de obesos.
Fatores de risco associados ao Neurodesenvolvimento e Neurodegeneração: Os
fatores ambientais prejudiciais contribuem remodelação do genoma e estão associados
com déficits neurocomportamentais precoces ou tardios, entre eles estão o tabagismo,
álcool, stress e a exposição a pesticidas durante a gravidez. Em relação aos pesticidas,
preocupam-se com os produtos químicos isolados acima do permitido, como também a
mistura de pesticidas, os quais podem modular a expressão genética e levar ao estresse
oxidativo, dano mitocondrial, alteração na homeostase do cálcio, redução do volume
cerebral geral, comprimento encurtado dos telômeros fetais, desequilíbrio da microbiota
promovendo liberação de citocinas pró-inflamatórias e, finalmente, cérebro alterado.

As doenças comumente estudadas é o Alzheimer (DA), e a doença de Parkison (DP), a


primeira relação é com a exposição precoce ao pesticida permetrina, pois durante o
desenvolvimento do cérebro promove uma neurodegeneração progressiva caracterizada
pelas características típicas da DP com déficit comportamental e de dopamina, isso ocorre
pois a substância é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) e permanecer
por muito tempo após a exposição, além disso a ligação da permetrina aos canais de sódio
induzem a despolarização do neurônio. Ou seja, a permetrina é capaz de diminuir a
metilação global do DNA em mães expostas ao pesticida alimentar durante o início da
vida.

Outra substância que ocasiona a neudegeneração são os organofosforados, os quais foram


estudados em mães trabalhadoras rurais com desenvolvimento mental anormal dos filhos,
esse agentes tóxicos atuam como desreguladores endócrinos. Os dialquil fosfatos (DAPs)
e o ácido 3- fenoxibenzóico (3-PBA), os metabólitos urinários dos organofosforados e
dos piretróides, respectivamente, resultam aumentados na urina de crianças afetadas pelo
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), ainda há a associação de que
os níveis de 3- PBA na urina a um declínio nas funções verbais e de memória em crianças
de seis anos de idade.

Metais pesados tem total influência no neurodesenvolvimento, com ênfase no cádimo e


alúminio, associado a metilação do DNA global e a promoção da remodelação da
cromatina associada ao estresse oxidativo, inflamação, disfunção mitocondrial
comprometimento do transporte de glutamato e finalmente morte neuronal,
respectivamente. A deficiência de ferro durante o período neonatal ocasiona disfunção do
neurodesenvolvimento que está atrelado à metilação alterada do DNA do hipocampo e a
alterações na expressão de genes envolvidos na regulação da permeabilidade da BHE,
hipóxia e angiogênese, alterações na histona desacetilase 3, que modifica a expressão da
hepcidina envolvida na regulação da homeostase sistêmica do ferro, consequentemente o
déficit de ferro no início da vida ocasiona problemas permanentes na memória de
reconhecimento e memória processual. Já a deficiência de cobre e zinco diminui a
neurogênese fetal e compromete a metilação do DNA.

Sobre o álcool, o consumo durante a gravidez e amamentação está atrelado com a


homeostase do folato devido à diminuição da absorção de folato no intestino delgado, à
captação anormal e ao baixo armazenamento de folato no fígado e com a redução da
metilação do DNA, a qual ocorre com a interferência na transferência do doador de metila
para o metilenotetrahidrofolato e a coadministração do doador de metila betaína foi eficaz
no contraste da hipometilação do DNA devido à ingestão de etanol. Consequências disso
são anormalidades físicas e cognitivas, além do transtorno do espectro alcoólico.
Ademais, observa-se que a incidência de neurodegeneração aumenta principalmente
quando ocorre uma exposição secundária a substâncias tóxicas na idade adulta.

Estratégias de prevenção- Dietas materna durante a gravidez: O principal debate está


relacionado a obesidade materna e o neurodesenvolvimento da prole, déficits cognitivos
e diminuição do crescimento do cérebro dos filhos com o aumento do IMC das mães. A
inflamação sistêmica é uma consequência comum da obesidade e do consumo de dieta
rica em gordura (DH), esta deriva de lipopolissacarídeos (LPS), o qual é uma endotoxina
em que o sistema imunitário responde normalmente ao estímulo agudo, e ao ser
neutralizada retorna ao estado normal e a inflamação regressa aos níveis basais, contudo,
o consumo frequente de refeições ricas em gordura eleva cronicamente o LPS na
circulação, contribuindo para o estado inflamatório de baixo grau observado no fenótipo
obeso. Isto é, a inflamação pré-natal além de ser associada com fenótipo obeso, há o
prejuízo da neurogênese adulta.

A inflamação sistêmica demonstrou induzir neuroinflamação de longa duração via TNF


e citocinas inflamatórias que atravessam a BBB, O TNF e as citocinas inflamatórias
podem atravessar a placenta, como foram medidos no útero, na circulação fetal e no
cérebro fetal, isto é, a inflamação induzida pela dieta materna pode influenciar
diretamente o SNC e o cérebro do feto em desenvolvimento, logo a obesidade induz a
expressão de citocinas e do fator de transcrição próinflamatório NFkB no hipotálamo.
Além disso, os ácidos graxos da dieta materna induzem inflamação e em dietas
normolipídicas com quantidades desequilibradas de diferentes ácidos graxos levam à
respostas inflamatórias no hipotálamo da prole. Consequentemente, a exposição à
inflamação intrauterina durante a gravidez resulta em lesão cerebral pósnatal, com
inflamação crônica, presença de macrófagos no córtex adulto, ativação da microglia e
longa duração. Ademais, outros motivos de inflamação estão a sub/desnutrição materna
e a restrição proteica pré-natal associados a um estado pró-inflamatório na prole.

Outra questão estudada sobre a obesidade materna é a relação com a metilação da prole,
em que ocasiona hipermetilação global da placenta associada com comprimento e
tamanho da cabeça do bebê, ou seja, a obesidade materna pode afetar potencialmente a
programação do desenvolvimento fetal, incluindo o neurodesenvolvimento.

Um importante debate que vale considerar nas dietas maternas são os efeitos da vitamina
D, a qual é um nutriente anti-inflamatório, em níveis baixos foi associada com inflamação
sistêmica de baixo grau, porém quando as mães foram alimentadas com uma dieta
enriquecida com vitamina D antes da gravidez e durante a lactação, esta situação foi
revertida apenas nos descendentes masculinos, observando benefícios para saúde
metabólica, intestinal e óssea.

Portanto, a inflamação induzida pela dieta materna parece afetar diretamente o


desenvolvimento do feto e da descendência, o que inclui o neurodesenvolvimento, e isto
pode ter um impacto a longo prazo no aparecimento de doenças neurodegenerativas mais
tarde na vida.

Estratégias de prevenção- Ingestão de folato e microbiota durante a gravidez: Há


uma série de micronutrientes que atuam como doadores de metila (ácido fólico, vitamina
B12, colina, betaína), responsáveis por mediar os processos epigenéticos, deficiências
pré-natais de ferro, zinco, folato e colina afetam as modificações das histonas e a
metilação do DNA, uma dieta materna pobre em doadores de metil folato, colina e
metionina apresentaram aumento do comportamento de ansiedade e alteração da
metilação da neurontina, um gene essencial no desenvolvimento do cérebro neonatal,
como também deficiência grave de folato materno resulta em defeitos do tubo neural
(DTN), onde o cérebro e a medula espinhal não se desenvolvem normalmente. As
mulheres são aconselhas em aumentar a ingestão de folato durante a gravidez em níveis
superiores a aproximadamente 900 nmol/L é considerado suficiente para reduzir o risco
de DTN. Há uma observação sobre a suplementação de ácido fólico para os pais, pois a
deficiência está associada a defeitos congênitos com a metilação da histona dos espermas.
O ácido fólico é recomendados nos primeiros três meses de gravidez, porém para garantir
a ingestão suficiente do nutriente as mães estão tomando para além do recomendado,
mesmo que estudos recentes tenham apontado uma contraindicação com o ácido fólico
no fim da gravidez e desenvolvimento de doenças alérgicas.

Todas as vitaminas e nutrientes necessários para saúde da mãe e bebê são metabolizados
e absorvidos no intestino, sinalizando a necessidade de uma microbiota saudável. Essa
modula as funções gastrointestinais porque atua ativamente na degradação dos produtos
derivados da ingestão alimentar, liberando metabólitos ativos capazes de exercer efeitos
locais e sistêmicos até mesmo no cérebro, através do eixo intestino-cérebro, logo, a
ingestão de alimentos desempenha um papel essencial na composição da microbiota
intestinal e na produção de metabolitos: as fibras podem promover ativamente a produção
de ácidos graxos de cadeia curta. O controle da microbiota representa um fator importante
na prevenção da neudegeneração, pois a inflamação intestinal promove neuroinflamação
nas doenças de Alzheimer e Parkison, além de inibir o crescimento da micróglia.

As alterações no microbioma intestinal materno e na permeabilidade intestinal


consequentes à inflamação podem alterar os níveis de folato, a microbiota exerce um
papel significativo com fatores epigenético que influenciam na metilação do DNA e
outras assinaturas epigenéticas, assim como atuam em mecanismos imunológicos,
endócrinos e neurais diretos. Ou seja, os distúrbios neurodegenerativos podem derivar da
desregulação desse eixo, como a doença de Parkison que se relaciona com o sistema
intestino-cérebro-microbiota, considera-se, portanto, o intestino como a porta de entrada
para doenças neurodegenerativas.

A microbiota materna e obesidade influenciam na formação da microbiota infantil, pois


a mãe desempenha um papel direto na colonização inicial da microbiota infantil, as mães
obesas tem níveis significativamente mais elevados de Estafilococos, Enterobactériase,
E.Colie, Bifidobactéria, Bacteroidese Akkermanisa muciniphila, Estas diferenças podem
influenciar a colonização microbiana do bebé com importantes consequências
metabólicas na idade adulta, como a predisposição de doenças neurodegenerativas.

Estratégias de prevenção- Nutrição pós natal sobre a diferença entre amamentados


e alimentados com fórmula: São as práticas de alimentação com o leite materno que
desempenham um papel essencial para formação da microbiota do recém-nascido,
moldam as bactérias pioneiras, ajustam a função intestinal e desenvolvem o sistema
imunitário, assim como podem influencias na suscetibilidade de distúrbios inflamatórios.
O leite materno em mulheres saudáveis contém uma maior variedade de bactérias viáveis
e mais benéficas,incluindo Estafilococos, Estreptococo, Lactobacilose Bifidobactéria, os
dois últimos são conhecidos por estimular o sistema imunológico em desenvolvimento e
melhorar a função da barreira intestinal, o leite humano também contém IgA secretora,
peptídeos antimicrobianos, citocinas e células imunológicas e mais de 200
oligossacarídeos não digeríveis (HMOs) que fornecem nutrientes aos micróbios que
colonizam o intestino infantil que produzem SCFAs específicos, esses componentes estão
envolvidos prevenção da colonização de patógenos Proteobactérias durante a flora inicial,
os quais contribuem para inflamação associados a distúrbios metabólicos em idade adulta,
assim como os SCFAs desempenham papel imunológico e anti-inflamatório importantes
para a proteção contra a obesidade e síndrome metabólica.

Os bebês alimentados com fórmula tem o intestino inicial preenchido por


Enterobacteriaceae, Streptococcus, Bacteroides, Clostrídio e Bifidobactéria, o intestino
dessas crianças contém níveis mais elevados de Bacteroides, que tem sido associada ao
possível risco de doença celíaca.

Portanto a amamentação trás menos riscos a saúde do bebê, redução da probabilidade de


obesidade pediátrica, uma vez que esta está associada a inflamação, neuroinflamção e o
risco de desenvolver doenças neurodegenerativas mais tarde na vida. Vale ressaltar que
leite materno de mães obesas abriga uma comunidade bacteriana diferente, menos diversa
e benéfica do que a de indivíduos com peso normal, e os bebês estão expostos a níveis
mais elevados das hormonas leptina e insulina, mesmo que ainda não exista comprovação
na alteração da microbiota, pode-se ter intervenção na saúde, nesses casos.

O que pode ser feito na idade adulta: A alimentação que regula a neurodegeneração
está na intervenção dietética materna durante a gestação, amamentação ou alimentação
por fórmula e na vida adulta com a nutrigenomica e suplementação para contrabalancear
a progressão da neurodegeneração. A dieta antiinflamatória previne os fatores de risco
para do desenvolvimento da neurodegeneração, promove o controle da inflamação e gera
equilíbrio.

Diversos alimentos contém substâncias pró-inflamatória como a fosfatidicolina, a qual é


convertida em óxido de trimetilamina (TMA-N-óxido) após o metabolismo hepático, e
que pode se acumular dentro da parede vascular levando à aterosclerose e promovendo
respostas pró-inflamatórias dos macrófagos, as dietas ricas em gordura, em que
modificam as respostas inflamatórias via estimulação de NFk e citocinas pró-
inflamatórias que podem alterar a permeabilidade intestinal. Em contrapartida, outros
alimentos contém substâncias que inibem a inflamação do organismo, como o brócolis, a
couve e o rabanete na presença de sulforafano, o qual exerce um efeito protetor com ação
anti-inflamatória e anti-oxidante, auxilia comprometimentos cognitivos e
comportamentais, atenuando a carga de Aβ cerebral em um modelo animal da doença de
Alzheimer, protege a mitocôndria da oxidação de lipídios e proteínas, e protege contra a
perda de ATP, (contra os sinais e sintomas do alzheimer), no chá verde há a presença do
flavonóide galato de epigalocatequina (EGCG), tem a função anti-oxidante e anti-
inflamatório, capaz de reduzir danos pela exposição ao sevuflurano (induz a
neurodegeneração), assim como há melhoras no aprendizado e memória, a quercetina é
outra substância que também pode reduzir os riscos de distúrbios neurodegenerativos.

A atuação da suplementação na vida adulta também contribui para previnir a


neurodegeneração, como o resveratol e curcumina que tem capacidades antiinflamatório
devido a capacidade de diminuir a expressão de genes inflamatórios, atenuando o papel
contra a neurodegeneração, com ênfase no neuroprotetor curcumina que é capaz de
atravessar a BBB (Barreira Hematoencefalica) e exercer funções anti-inflamatórias, anti-
oxidante e antiagregadoras de proteína, a melatonina também exerce efeito sobre a
neuroproteção contra neurotoxinas bifenilos policlorados, as quais demostrou melhoras
na coordenação motora e em comportamentos semelhantes a ansiedade, a luteína
encontrada em folhas verdes, atua na proteção de danos cerebrais. Portanto, é necessário
o balanceamento de ácidos gordos na dieta durante a vida inteira, assim como o consumo
de alimentos que exerçam bioativos que provam a saúde do cérebro.

Conclusão: dessa forma, é necessário ações para prevenir e contrabalancear a


neurodegeneração, com o cuidado do estilo de vida da futura mãe, alimentação adequada
enquanto a amamentação, preferível parto vaginal, principalmente em mães magras,
amamentação por maior tempo, ingestão diversificada de frutas e vegetais durante a vida
adulta, atividades físicas moderadas e ingestão de compostos bioativos que reduzem a
oxidação e inflamação.

ANTIOXIDANTES E REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR/APOPTOSE


Os antioxidantes são moléculas que ajudam a prevenir danos oxidativos em células,
protegendo-as contra o estresse oxidativo. O estresse oxidativo ocorre quando há um
desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a capacidade da
célula de neutralizá-las. O estresse oxidativo pode levar a danos no DNA, proteínas e
lipídios, o que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como o câncer,
envelhecimento precoce, mal de Parkinson, entre outras doenças.

A regulação do ciclo celular é um processo complexo que envolve muitos reguladores


diferentes, incluindo ciclinas, quinases dependentes de ciclinas (Cdks) e o complexo
enzimático APC/C. Esses reguladores trabalham juntos para garantir que as células se
dividam corretamente e que os eventos do ciclo celular ocorram na ordem correta. As
ciclinas são proteínas que ajudam a controlar o ciclo celular, enquanto as Cdks são
enzimas que ativam ou desativam muitas proteínas alvo dentro da célula. O complexo
enzimático APC/C ajuda a controlar a progressão do ciclo celular, marcando proteínas
específicas para degradação.

A apoptose é um processo de morte celular programada que ocorre naturalmente em


muitos tipos de células. A apoptose é importante para manter a homeostase celular e para
remover células danificadas ou desnecessárias do corpo. A apoptose é regulada por muitos
fatores diferentes, incluindo proteínas Bcl-2, caspases e fatores de transcrição.

Embora os antioxidantes possam ajudar a prevenir danos oxidativos nas células, eles não
são capazes de reverter os danos existentes. Além disso, alguns estudos sugerem que altas
doses de antioxidantes podem realmente aumentar o risco de certos tipos de câncer.
Portanto, é importante obter antioxidantes suficientes através da dieta e evitar
suplementos em excesso.

Estresse Oxidativo: O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre a produção de


espécies reativas de oxigênio (ROS) ou radicais livres e a capacidade do organismo de
eliminar ou reparar os danos resultantes; quando os radicais livres são produzidos em
excesso ou quando o sistema de defesa antioxidante do corpo é inadequado para
neutralizá-los, ocorre o estresse oxidativo.

Os radicais livres podem danificar proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (como o DNA)
nas células. Isso pode levar a mutações genéticas, envelhecimento precoce e a uma série
de doenças, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
Como o estresse oxidativo afeta as células cancerosas?

1) Dano ao DNA: O estresse oxidativo pode causar danos ao DNA das células
cancerosas. Isso pode resultar em mutações genéticas adicionais, que, por sua vez,
podem impulsionar o crescimento descontrolado do câncer. O acúmulo de
mutações genéticas é um dos fatores-chave no desenvolvimento do câncer.
2) Promoção da Proliferação Celular: Em algumas situações, níveis elevados de
estresse oxidativo podem ativar vias de sinalização que estimulam a proliferação
celular. Isso pode levar a um crescimento mais rápido do tumor.
3) Indução de Resistência aos Tratamentos: Estudos mostraram que o estresse
oxidativo pode induzir a resistência a tratamentos como a quimioterapia e a
radioterapia. As células cancerosas podem ativar mecanismos de defesa
antioxidante, tornando-se menos suscetíveis à morte induzida por tratamentos.
4) Inibição da Metastatização: Por outro lado, o estresse oxidativo pode inibir a
capacidade das células cancerosas de se espalhar para outros órgãos
(metastatização). Isso ocorre porque níveis elevados de estresse oxidativo podem
induzir a apoptose, ou morte celular programada, inibindo a sobrevivência de
células cancerosas que tentam se deslocar para locais distantes.
5) Imunomodulação: O estresse oxidativo também desempenha um papel na
regulação da resposta imunológica contra o câncer. Ele pode afetar a
imunossupressão e a capacidade do sistema imunológico de reconhecer e destruir
células cancerosas.
6) Promoção de Terapias Oxidativas: Em algumas terapias, o estresse oxidativo é
usado deliberadamente para induzir morte celular seletiva em células cancerosas.
Terapias como a terapia fotodinâmica usam agentes fotossensíveis que geram
radicais livres quando ativados pela luz, levando à destruição de células
cancerosas.

Como os antioxidantes ajudam a prevenir o câncer? A regulação do ciclo celular


desempenha um papel fundamental na prevenção de danos celulares e no
desenvolvimento de câncer. É um mecanismo altamente sofisticado que assegura que as
células se dividam de maneira controlada, assegurando a integridade do material genético
e evitando erros na replicação do DNA.

Aqui estão alguns pontos importantes sobre a importância da regulação do ciclo celular
na prevenção de danos e câncer:
1) Prevenção de Danos Genéticos: A regulação do ciclo celular atua para garantir
que a replicação do DNA seja precisa e completa. Ela verifica se o DNA foi
duplicado corretamente antes de a célula entrar na próxima fase do ciclo. Isso
ajuda a prevenir danos genéticos que podem ocorrer devido a erros na replicação
do DNA.
2) Supressão de Células Danificadas: Caso uma célula esteja danificada ou tenha
sofrido mutações genéticas significativas, o sistema de regulação do ciclo celular
pode induzir a parada do ciclo em pontos-chave, como a fase G1. Isso dá à célula
a oportunidade de reparar o dano ou, se o dano for irreparável, desencadear a
apoptose (morte celular programada) para eliminar a célula danificada antes que
ela se reproduza.
3) Prevenção de Proliferação Descontrolada: Quando a regulação do ciclo celular
falha, as células podem entrar em um estado de proliferação descontrolada,
dividindo-se rapidamente sem verificações adequadas. Isso é uma característica
central do câncer, onde as células se multiplicam sem restrições, levando à
formação de tumores.
4) Supressão Tumoral e Proteção contra Câncer: Muitas proteínas reguladoras do
ciclo celular, como as proteínas supressoras de tumor p53 e Rb (retinoblastoma),
desempenham um papel crítico na prevenção do câncer. Elas atuam como
"guardiãs do genoma" e desencadeiam respostas celulares, como a parada do ciclo
ou apoptose, quando identificam danos ou mutações genéticas.
5) Terapia do Câncer: Compreender a regulação do ciclo celular é essencial para o
desenvolvimento de terapias contra o câncer. Muitos tratamentos anticancerígenos
visam interromper o ciclo celular de células cancerosas, impedindo sua
proliferação descontrolada.

Importância na Saúde Geral: Além de prevenir o câncer, a regulação adequada do ciclo


celular contribui para a saúde geral do organismo, mantendo a homeostase e a integridade
genética.

Em resumo, a regulação do ciclo celular é crucial para evitar danos genéticos, a formação
de células defeituosas e a prevenção do câncer. Entender como as células controlam seu
ciclo é fundamental para a pesquisa em oncologia e o desenvolvimento de estratégias de
prevenção e tratamento do câncer.
Conclusão: À vista disso, conclui-se que diante das informações expostas neste trabalho,
é de extrema importância que a população e os profissionais conscientizem-se que a
ingestão de alimentos não deve ser realizada somente para saciar a fome, mas para nutrir
o corpo, e desta forma fazer com que os alimentos tornem-se medidas terapêuticas e
profiláticas, minimizando os danos causados pela produção excessiva de radicais livres.

Assim, torna-se indispensável a presença, e o acompanhamento de um nutricionista


capacitado para a orientar a população sobre uma alimentação adequada, bem como para
a prescrição de alimentos e nutrientes ricos em propriedades benéficas e como atual no
organismo humano como antioxidantes.

MODULAÇÃO GÊNICA POSITIVA NO ENVELHECIMENTO

Introdução: Com algumas exceções, pode-se dizer que todas as células de um organismo
contêm os mesmos genes. No entanto, em um determinado tecido ou órgão, apenas um
grupo desses genes é expresso. Na espécie humana, por exemplo, muitos processos
celulares e os genes que os determinam são comuns a todas as células do nosso corpo,
como os genes das proteínas ribossômicas, cromossômicas (histonas) e do citoesqueleto,
constituindo os chamados genes de manutenção (ou housekeeping).

Entretanto, embora teoricamente todas as células tenham os mesmos genes, algumas se


diferenciam em células do sangue, outras em células musculares, etc, devido a um
controle coordenado e diferencial da expressão de genes estruturais, o qual pode ocorrer
em diferentes estágios e em diferentes células. Esse controle, em geral, é exercido por um
gene denominado gene regulador, que produz uma proteína diferente das que são
codificadas pelos genes estruturais e cuja única função é controlar a expressão desses
últimos genes por meio de sua ligação a sítios particulares do DNA, agindo sobretudo na
transcrição.

Genes regulatórios: são aqueles cujos produtos (RNA ou proteínas) interagem com
outras sequências de DNA e afetam a transcrição ou a tradução dessas sequências.

Biogênese mitocondrial é o processo de produção de novas mitocôndrias dentro das


células.

Nutrigenômica: nutrigenômica é o estudo e ramo da pesquisa genética de como os


alimentos afetam nossos genes e como, em troca, as variações genéticas afetam a maneira
como reagimos aos nutrientes nos alimentos.
A nutrigenômica nos ajuda a entender como nossos genes e o que comemos interagem e
o que isso significa para a nossa saúde.

A pesquisa nutrigenômica investiga questões como a forma como os alimentos


influenciam a expressão gênica e como os genes influenciam a maneira como os
indivíduos absorvem e metabolizam diferentes tipos de nutrientes.

Nutrigenômica (também conhecida como genômica nutricional) é amplamente definida


como a relação entre nutrientes, dieta e expressão gênica.

As três subcategorias de genômica nutricional são: nutrigenética, nutrigenômica e


epigenômica nutricional.

1) A nutrigenética preocupa-se com o efeito que as mutações genéticas, que podem


ser provocadas pela nutrição, têm sobre a saúde.
2) A Nutrigenômica estuda o efeito que a nutrição, juntamente com toxinas e
estresse, tem na expressão gênica.
3) A epigenômica nutricional também se preocupa com nutrição, expressão gênica e
herança.

Antigamente, achava-se que nosso DNA era um material fixo e determinado para a vida
inteira. Isso é verdade, mas esses genes fixos se expressam de maneiras diferentes no
nosso metabolismo ao longo da vida. Esta expressão é muito sensível ao meio ambiente
em que vivemos (alimentação, atividade física, estresse, poluição, etc…). A alimentação
é o principal fator ambiental que modula essa expressão.

A importância da nutrição para a prevenção de doenças tem sido reconhecida desde os


dias de Hipócrates 460-377 AC, que disse “Deixe a comida ser o seu remédio e o remédio
ser o seu alimento”. As consequências a longo prazo da nutrição para a saúde foram
resumidas por Ludwig Andreas Feuerbach, que escreveu em 1864 “Der Mensch ist was
er isst” ou “Man Is What He Eats”. De fato A nutrição é um dos fatores do estilo de vida
que pode contribuir para o desenvolvimento e progressão de doenças crônicas, como
diabetes, câncer, aterosclerose, doenças cardiovasculares e doenças neurodegenerativas
[1–3]..

Envelhecimento: Durante o envelhecimento ocorrem várias mudanças nas células. O


nível de replicação e regeneração celular diminui com o tempo, o que pode afetar a
capacidade de reparo do tecido. Além disso, há danos acumulativos no DNA e nas
proteínas celulares ao longo da vida, o que pode levar a uma diminuição da função celular.
No entanto, a taxa de envelhecimento celular pode variar de pessoa pra pessoa, e os
cuidados com a saúde podem influenciar esse processo.

Durante o envelhecimento, as células mais antigas e danificadas podem permanecer no


organismo. Essas células envelhecidas e disfuncionais podem causar impactos negativos
na saúde. Elas podem secretar ;substâncias inflamatórias e contribuir para a inflamação
crônica de baixo grau, um fenômeno associado a várias doenças relacionadas à idade,
como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e artrite. Células senescentes: são células que
perderam a capacidade de se dividir e funcionar normalmente.

No envelhecimento, a diminuição progressiva da capacidade fisiológica e a redução da


capacidade de responder a estresses ambientais levam ao aumento da suscetibilidade e
vulnerabilidade a doenças.

Os estudos realizados até a data sugerem que o envelhecimento está, em parte, ligado a
modulação celular disfuncional possivelmente resultante de três principais redes de
sinalização que terminam na desintoxicação de ROS\RNS, parada do ciclo celular e
indução de apoptose, e estas redes de sinalização podem ser acionadas por restrição
alimentar, sinalização hormonal e estresse oxidativo. O primeiro é modulado por
polifenóis (isto é resveratrol) em geral e agem através das proteínas da família das
sirtuínas AKT\SGK e é representado pelo fator de crescimento semelhante a insulina ou
fator de crescimento tumoral como receptores primários. Esta rede termina na modulação
da família de genes foxO que gerencia a desintoxicação de ROS\RNS e a regulação do
ciclo celular.

Por último, mas não menos importante, a sinalização da rede de estresse oxidativo é
iniciada por estressores oxidativos que modificam os peróxidos dos lipídeos do
plasmalema e estes são estímulos para o ínicio desta rede que atua através de MKKK via
JNK e juntos terminam na modulação dos genes foxO família. As sirtuínas são uma classe
de enzimas que processam a desacetilase das histonas.

A diminuição do conteúdo mitocondrial são marcas do envelhecimento e desempenham


um papel importante na promoção do envelhecimento [92, 93]. Cada vez mais literatura
relata que o resveratrol regulou a função mitocondrial, retardando assim o processo de
envelhecimento
Manutenção do genoma: é um conjunto de processos celulares que garantem a
estabilidade e a integridade do material genético de um organismo. Isso envolve a
prevenção, detecção e reparos de danos no DNA, bem como a replicação precisa do DNA
durante a divisão celular. Esses processos são essenciais para evitar mutações genéticas,
que podem levar a doenças ou problemas de saúde. Erros na manutenção do genoma
podem resultar em instabilidade genética, câncer e outras doenças genéticas.

Modulação Positiva dos Genes no Envelhecimento… Sim, Senhor! (artigo):


Provavelmente, a evidência mais relevante da influência da dieta na modulação genética
é a descoberta de que o antioxidante resveratrol e a restrição alimentar são moduladores
de uma importante família de genes, a família do regulador silencioso de informação (sir)
[27] . Os genes sir codificam histonas desacetilases dependentes de NAD+, chamadas
sirtuínas. Essas enzimas são responsáveis pela desacetilação do DNA [68, 69].

Vários estudos descrevem os genes sir como `genes de longevidade`. A razão poderia ser
que a família dos genes sir permite a modulação positiva de uma família particular de
genes chamada progastricsina (pepsinogênio C) pgc na proteína PGC-alfa. Esta proteína
é fundamental para permitir a biogênese mitocondrial e ao mesmo tempo, a
desintoxicação de ROS.

Sirtuínas, restrição alimentar e como discutido acima, estão surgindo uma série de agentes
naturais que podem influenciar os genes da longevidade e podem modificar não apenas
os processos biológicos subjacentes ao envelhecimento, mas possivelmente também a
neurodegeneração.

Regulação positiva: Na regulação positiva, os genes estruturais só são transcritos se os


genes reguladores os ativarem. Na ausência do regulador, os genes não se expressam,
então, a função do regulador nesse caso é ativar a expressão dos genes estruturais, ou seja,
se ocorrer a inativação do regulador por mutação, os genes estruturais não se expressam.

Regulação gênica positiva no envelhecimento refere-se a mecanismos celulares e


moleculares que promovem a expressão de genes que desempenham um papel benéfico
ou protetor no processo de envelhecimento. Isso pode envolver a ativação de genes que
estão envolvidos na reparação do DNA, na defesa antioxidante, na manutenção da
integridade celular e em outros processos que ajudam a retardar o envelhecimento ou
minimizar seus efeitos negativos. Essa regulação positiva pode ocorrer através de uma
variedade de vias e mecanismos, como fatores de transcrição, sinalização celular,
modificações epigenéticas.

CONCLUSÃO

A compreensão desses fatores é vital para a prevenção e tratamento de doenças


neurológicas, destacando o papel crucial do estresse oxidativo na neuroinflamação e na
regulação do ciclo celular. Além disso, a modulação epigenética e a regulação genética
positiva oferecem promissoras abordagens terapêuticas. No conjunto, essa pesquisa
ressalta a necessidade de contínuos estudos para desvendar as intrincadas interações
moleculares e genéticas que ocorrem durante o envelhecimento e a progressão de doenças
neurodegenerativas, com o potencial de melhorar a qualidade de vida à medida que
envelhecemos e reduzir o impacto dessas doenças debilitantes no sistema nervoso.
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