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FERRAMENTAS PARA AS AÇÕES DE INSPEÇÃO

Um sistema para avaliação de programas de segurança e saúde: o PEP

(adaptação livre de < Program Evaluation Profile (PEP) (osha.gov) >

Um exemplo de ferramenta para uso da Inspeção do Trabalho e de auditores em geral é o PEP (Program Evaluation
Profile), desenvolvido pela OSHA, nos Estados Unidos, para avaliação de programas de gestão de segurança e saúde
implantados nas empresas.

A ferramenta permite a pontuação de empresas quanto ao seu desempenho em SST, para posterior
acompanhamento e para comparação com outras empresas do mesmo ramo e porte. Sua utilização deve ser
precedida de consentimento prévio dos empregadores.

As informações para pontuação são obtidas durante as ações de inspeção, por meio da avaliação de
documentos, entrevistas e observação das atividades e locais de trabalho.

Os elementos pontuados são em número de seis, subdividido em fatores, por sua vez também pontuados,
a saber:
1. Liderança gerencial e participação dos empregados
 Liderança gerencial;
 Participação dos empregados;
 Ferramentas fornecidas pela gerência para implementação desses itens;
 Segurança das contratadas;
2. Análise dos locais de trabalho
 Avaliação dos fatores de risco;
 Inspeções;
 Comunicações de riscos;
 3. Análise de acidentes e estatísticas
 Investigação de acidentes e incidentes;
 Análise dos dados;
4. Prevenção de controle de perigos
 Controle de perigos;
 Manutenção;
 Programa médico;
5. Resposta de emergência
 Preparação para emergência;
 Primeiros socorros;
6. Treinamento em segurança e saúde.

Para cada elemento, é dada pelo inspetor uma nota de 1 a 5, observando-se que:
 A nota para “Liderança gerencial e participação dos empregados” tem peso maior, já que o elemento é
considerado o fundamento para um programa de saúde e segurança, devendo ser computada a menor nota
entre: a nota atribuída ao fator “Liderança gerencial”, a atribuída ao fator “Participação dos empregados” ou a
média entre as notas atribuídas a cada fator;
 Para o elemento “Treinamento”, apenas é atribuída uma nota global;
 Os quatro outros elementos recebem a nota que é a média entre as atribuídas a cada fator;
 Havendo recusa do empregador em fornecer informação sobre um ou mais fatores ou elementos, é atribuída
nota 1 ao(s) mesmo(s).

A pontuação global é obtida pela média das notas dadas a cada elemento e é considerada uma referência
sobre o nível do programa de segurança e saúde da empresa, utilizada para acompanhamento pela fiscalização:
 Nível 5 – programa de destaque;
 Nível 4 – programa superior;
 Nível 3 – programa básico;
 Nível 2 – programa em desenvolvimento;
 Nível 1 – programa inexistente ou ineficaz.

É ressaltado que o que é avaliado é o programa de segurança e saúde da empresa e não a conformidade
em relação ao cumprimento de itens isolados de normas e regulamentos. Além disso, a avaliação deve ser feita
quanto aos itens efetivamente em prática e não quanto ao que há escrito.

Outros aspectos destacados:

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 Um programa de segurança e saúde deve ser abrangente e deve incluir todas as fontes existentes de riscos,
conhecidas ou potenciais, cobertas ou não por dispositivos legais vigentes;
 Deve haver uma coerência entre a pontuação atribuída a cada elemento ou fator e o cumprimento da
legislação, ou seja, notas altas são incompatíveis com a existência de numerosas e/ou graves infrações a itens
de normas.

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ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS

1. Liderança gerencial e participação dos empregados

1.1. Liderança gerencial


1 Não há políticas, metas, objetivos ou interesse em questões de segurança e saúde.
2 Há políticas e metas de segurança e saúde estabelecidas, mas desarticuladas das ações reais.
3 A alta gerência segue todas as regras estabelecidas e dá apoio visível às ações de segurança e saúde.
4 A alta gerência participa em aspectos significativos do programa de segurança e saúde. Há programas de incentivo a
ações de promoção à segurança e saúde.
5 Aspectos de segurança e saúde são regularmente incluídos nas pautas de reuniões da alta gerência, que demonstra
claramente, por envolvimento, apoio e exemplo, a importância do tema. O desempenho em segurança e saúde é
consistente e vem se mantendo ou tornando-se melhor ao longo do tempo.

1.2. Participação dos empregados


1 A participação dos trabalhadores não é encorajada e seus representantes não são envolvidos no programa de segurança
e saúde.
2 Trabalhadores e seus representantes podem participar livremente das atividades de segurança e saúde. Há
procedimentos de comunicação entre empregados e empregador. O direito dos trabalhadores de interromper suas
atividades em caso de risco iminente é compreendido por todos e destacado pelos gerentes.
3 Trabalhadores e seus representantes são envolvidos no programa de segurança e saúde, nas inspeções e monitoramento
dos locais de trabalho e recebem os resultados. O direito ao acesso às informações é compreendido por todos e
reconhecido pela gerência. Os trabalhadores são estimulados a apresentar denúncias e recebem respostas.
4 Trabalhadores e seus representantes participam da avaliação dos locais de trabalho, inspeções, investigações e
desenvolvimento de estratégias de controle, sendo adequadamente treinados a participar dessas atividades. Há acesso a
toda a informação referente a segurança e saúde, incluindo relatórios de segurança e auditorias. Os trabalhadores são
informados do seu direito de recusar tarefas que tragam riscos graves.
5 Trabalhadores e seus representantes participam amplamente do programa de segurança e saúde e condução do
treinamento. Participam de auditorias e de revisões do programa, sendo treinados para tanto. O empregador autoriza e
encoraja os empregados a interromper atividades que apresentais riscos potenciais graves a sua segurança e saúde.

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1.3. Implementação
Observação: Significa o fornecimento pela empresa de ferramentas para a implementação efetiva do programa de segurança e
saúde, como: recursos, informação, pessoal, definição de responsabilidades e autoridade, assim como procedimentos para
prestação de contas e para revisão do programa
1 As ferramentas para implementação de um programa de segurança e saúde são inexistentes ou inadequadas
2 Algumas ferramentas são adequadas e eficazes, outras não. Há responsáveis pela segurança e saúde, com autoridade
para diretamente controlar riscos, desde que não haja necessidade de grande investimento.
3 As ferramentas para implementação de um programa de segurança e saúde são adequadas, mas não são utilizadas
efetivamente. Os responsáveis pelo programa são capacitados para o reconhecimento de riscos e conhecem a legislação,
tendo autoridade para comprar ou ordenar a compra de equipamentos de segurança.
4 As ferramentas para implementação de um programa de segurança e saúde são adequadas e utilizadas. Há atualização
constante dos procedimentos e políticas. Há um orçamento específico para segurança e saúde. O controle de riscos é um
elemento considerado na avaliação de desempenho dos gerentes.
5 As ferramentas para implementação de um programa de segurança e saúde são adequadas e utilizadas. Os responsáveis
pelo programa têm a capacitação necessária e podem solicitar consultoria especializada quando necessário. O orçamento
específico para segurança e saúde é revisado e atualizado periodicamente.

1. 4. Segurança de contratadas
1 A gerência não prevê a inclusão de contratantes no âmbito do seu programa de segurança e saúde.
2 Existe uma política que prevê que as contratadas cumpram as normas de segurança e saúde e outros dispositivos legais.
3 Há um responsável pelo monitoramento das pra´ticas de segurança e saúde das contratadas, com autoridade para
interromper as atividades que exponham trabalhadores a riscos. A empresa informa suas contratadas dos fatores e
situações de risco presentes.
4 A empresa utiliza informações referentes a segurança e saúde como critério de contratação.
5 O programa de segurança e saúde da empresa garante a proteção de todos os trabalhadores no estabelecimento,
independetemente do vínculo empregatício.

2. Análise dos locais de trabalho

2.1. Avaliação dos fatores de risco


1 Não há sistemas para antecipação de riscos quando do planejamento, mudança ou introdução de novas operações. Não
há evidência de avaliações abrangentes de riscos potenciais à segurança e saúde nem são realizadas análises de riscos
rotineiras das atividades.
2 São conduzidas verificações nos locais de trabalho de descumprimento de itens da legislação, em resposta a acidentes ou
denúncias. O empregador conhece a legislação de segurança e saúde.
3 Há pessoas responsáveis pela avaliação de perigos nos processos, tarefas e ambientes de trabalho, que é conduzida e
atualizada sempre que necessário, de acordo com a legislação. Há análises de risco escritas para processos e atividades
perigosas, assim como para tarefas, atividades e postos de trabalho onde ocorreram acidentes ou doenças.
4 Avaliações de risco metódicas são conduzidas periodicamente, por profissional qualificado, e levam à implantação de
medidas corretivas. Análises de risco de todas as atividades são realizadas, documentadas e divulgadas a todos. Há
procedimentos de antecipação de riscos quando do planejamento, mudança ou introdução de instalações, processos,
materiais ou equipamentos.
5 Há avaliações de risco abrangentes e documentadas, realizadas por profissional especializado. Os inventários de fatores
de risco são atualizados e as medidas corretivas tomadas são registradas. A análise de risco é integrada no projeto,
desenvolvimento, implementação e mudanças de processos e práticas de trabalho.

2.2. Inspeção
1 Não são conduzidas inspeções rotineiras dos locais de trabalho.
2 Os supervisores dedicam tempo à observação de práticas de trabalho e condições de segurança e saúde nas áreas sob
sua responsabilidade.
3 Há pessoas competentes responsáveis pela realização de inspeções aos locais de trabalho, com envolvimento de
empregados. Há documentação das irregularidades encontradas quanto ao cumprimento de itens legais. São definidos
prazos para a correção dessas situações.
4 Inspeções são realizadas por empregados especificamente treinados e todas as situações irregulares são corrigidas rapida
e adequadamente. Há um planejamento das inspeções, com “check-lists” e registros adequados. Há inspeções de
acompanhamento. Os resultados são disponibilizados para os trabalhadores.
5 Inspeções são planejadas e supervisionadas por um profissional de segurança e saúde. São realizadas ainda auditorias
para verificação do cumprimento de todos os elementos do programa de segurança e saúde. Os resultados são

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analisados para avaliação do progresso.

2.3. Comunicações de riscos


Observação: Trata-se da implantação de um sistema confiável para notificação pelos empregados à gerência de condições
potencialmente perigosas, com recebimento de resposta pronta e adequada.
1 Não há um sistema de comunicação de riscos ou o mesmo não é utilizado pelos empregados.
2 Os empregados são instruídos a comunicar à gerência situações de risco. Os supervisores são cientes dos procedimentos
para avaliação e resposta a esses comunicados. Os empregados utilizam o sistema sem medo de represálias.
3 Há um sistema formal para comunicação de riscos. A ação corretiva é programada em cronograma e os registros são
mantidos pela empresa.
4 Os empregados são periodicamente instruídos nos procedimentos de identificação e comunicação de riscos potenciais. A
gerência supervisiona o processo, garantindo que o sistema funcione. Os resultados são documentados.
5 A gerência responde prontamente às comunicações de riscos. Os trabalhadores identificam e sabem corrigir situações de
risco, sendo apoiados pela gerência.

3. Análise de acidentes e estatísticas

3.1. Investigação de acidentes


1 Não há investigação de acidentes e incidentes.
2 São realizadas algumas investigações de incidentes, mas as causas básicas não são identificadas. Os supervisores
preparam relatórios de acidentes com perda de tempo.
3 Há investigação de todos os incidentes com perdas, com identificação das causas e proposição de medidas corretivas.
4 Há investigação de todos os incidentes com perdas e prevenção eficaz é implementada. Os registros e recomendações
são disponibilizados para os empregados. A qualidade das investigações é sistematicamente verificada por pessoal
treinado em segurança.
5 Todos os incidentes e acidentes são investigados para identificação das causas básicas por equipes que incluem
especialistas em segurança e empregados.

3.2. Análise dos dados


1 Não são conduzidas análises sistemáticas dos dados sobre acidentes.
2 Os dados sobre acidentes são coletados e analisados, mas não utilizados para prevenção.
3 Dados sobre acidentes e exposição de trabalhadores são mantidos, auditados e completos. Indicadores são calculados
para identificar áreas e atividade de alto risco. Registros referentes a afastamentos são analisados, sendo os resultados
utilizados no programa para ações de prevenção.
4 O empregador identifica áreas problemáticas, áreas e atividades de alto risco e postos de trabalho com exposição de
trabalhadores a perigos. Os dados são suficientes, completamente analisados e comunicados aos empregados. As
estatísticas são auditadas.
5 Todos os gerentes e empregados estão cientes das estatísticas de acidentes e das atividades de prevenção em resposta às
análises. Há auditoria externa de todos os dados sobre acidentes. São incluídos no programa de segurança e saúde da
empresa todos os aspectos referentes à saúde do trabalhador, ainda que não-ocupacionais.

4. Prevenção e controle de perigos

4.1. Controle de perigos


1 Controle de perigos praticamente inexistente.
2 Existem controles dos perigos existentes, mas sua eficácia é variável. Podem existir riscos graves. Em geral, a legislação é
cumprida.
3 Controles adequados de perigos foram implantados em geral. O empregador cumpre as recomendações de segurança de
fornecedores e fabricantes e outras normas. Pode haver não-conformidades focais.
4 Os controles foram totalmente implantados, são conhecidos e apoiados pelos empregados. Praticamente inexistem
perigos. O empregador exige o cumprimento estrito da legislação, assim como padrões e recomendações para o tipo de
indústria. Todas as não-conformidades são identificadas e suas causas são analisadas.
5 Os controles de perigos são continuamente melhorados, considerando a experiência dos trabalhadores e os avanços
técnicos. Profissionais especializados fazem revisões periódicas dos controles e necessidades de melhorias.

4.2. Manutenção
1 Não há programa de manutenção preventiva.
2 Há um cronograma para manutenção preventiva, mas não é abrangente nem bem documentado. As sistemas de

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proteção de máquinas e equipamentos são geralmente verificados antes de cada pico de produção.
3 Um programa de manutenção preventiva é implantado nas áreas onde é mais necessário e é, em geral, cumprido.
4 O empregador efetivamente implantou um programa de manutenção preventiva aplicável a todos os equipamentos. A
experiência dos trabalhadores é utilizada para a melhoria do programa.
5 Há um programa amplo de manutenção preventiva que maximiza a confiabilidade dos equipamentos.

4.3. Programa médico


1 A vigilância da saúde é ausente ou inadequada.
2 A vigilância da saúde é realizada, de acordo com a legislação, mas os resultados podem ser incompletos ou inadequados.
3 A vigilância da saúde é realizada. São registrados e tratados sinais ou sintomas precoces de lesões ou doenças
relacionadas ao trabalho.
4 Os profissionais de saúde são envolvidos na identificação e controle de perigos. O acompanhamento médico é
documentado e engloba aspectos não previstos na legislação. Há um “feed back” aos trabalhadores.
5 Os profissionais de saúde são envolvidos na identificação e controle de perigos, assim como no treinamento de
trabalhadores e periodicamente inspecionam os locais e atividades de trabalho.

5. Resposta de emergência

5.1. Preparação para emergências


1 Nenhum preparo para emergências.
2 Planos para resposta a emergências e treinamento são existentes, em atendimento à legislação.
3 O planejamento de resposta a emergências é preparado por pessoas com treinamento específico e inclui situações como
incidentes na produção de rotina e vazamentos. Há sistemas de alarme adequados, fornecimento do equipamento
necessário e os empregados são treinados em procedimentos de emergência.
4 São conduzidas simulações de evacuação pelo menos anualmente. Os planos são periodicamente revistos por profisional
especializado em segurança e saúde.
5 Há uma equipe de emergência adequadamente treinada. São identificadas todas as situações potenciais de emergência.
O planejamento é revisto pela equipe de bombeiros local e é reavaliado anualmente e após cada incidente significativo.
Procedimentos de controle de cada situação de emergência são claramente definidos.

5.2. Primeiros socorros


1 Não há serviço de primeiros socorros no estabelecimento ou próximo a ele.
2 Há serviço de primeiros socorros disponível no estabelecimento ou na vizinhança.
3 Pessoas com habilitação adequada em primeiros socorros para situações previsíveis estão disponíveis, conforme exigido
na legislação. A gerência documenta e avalia a resposta.
4 Pessoas certificadas em primeiros socorros estão sempre presentes no estabelecimento, com treinamento específico
para os perigos existentes no local. A adequação da resposta é avaliada após incidentes significativos.
5 Há pessoal treinado em cuidados médicos de emergência disponível no estabelecimento. Em estabelecimentos maiores,
há um profissional de saúde disponível em cada turno.

6. Treinamento em segurança e saúde


1 O treinamento é pontual e a empresa confia na experiência. Supervisores e gerentes demonstram pouco envolvimento
com as responsabilidades de treinamento.
2 Há alguma orientação à admissão. Há material de treinamento disponível ou utilizado em reuniões de segurança, mas o
treinamento não é avaliado nem documentado. Os gerentes estão cientes de suas responsabilidades, mas são pouco
envolvidos no programa de treinamento.
3 O treinamento inclui o o direito à informação previsto em lei. Todos os empregados são treinados e em geral têm o
conhecimento e habilidades necessárias à realização de suas atividades com segurança. Há avaliação e registro dos
treinamentos realizados.
4 Há pessoas responsáveis pelo treinamento, que é planejado e documentado e inclui os temas necessários. Os
empregados são treinados na identificação de perigos, na legislação de segurança e saúde e nas práticas de trabalho,
sendo estimulados a comunicar todas as situações de não-conformidade. Todos os empregados mostram-se preparados
para participar no programa de segurança e saúde da empresa.
5 O programa de treinamento inclui os temas necessários, assim como situações possíveis de risco. São treinadas todas as
pessoas que trabalham no estabelecimento. Os empregados participam na criação de métodos e materiais educativos e
são estimulados a reconhecer respostas inadequadas a não-conformidades. A documentação adequada permite a
recuperação da memória de cada atividade realizada e a introdução de modificações como resultado das avaliações.

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