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DESCRIÇÃO

A evolução dos sistemas de gestão de segurança e saúde e a necessidade de implantação e


implementação dentro das organizações para a melhoria das condições de trabalho.

PROPÓSITO
Contribuir para a aprendizagem de um conjunto de ferramentas que permitem a busca pela
melhoria da gestão dos riscos da segurança e saúde no trabalho (SST) relacionados a todas as
atividades da organização.

PREPARAÇÃO
As normas regulamentadoras do governo federal auxiliam no entendimento de muitos assuntos
que são apresentados neste conteúdo. Essas normas podem ser acessadas no portal da
Secretaria de Trabalho, do Ministério da Economia. Para tanto, busque por “Normas
Regulamentadoras – NRs – Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia”.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os sistemas de gestão e o controle de riscos

MÓDULO 2

Descrever as normas OHSAS 18001 e ISO 45001 e suas relações com os sistemas de gestão
de segurança e saúde no trabalho

MÓDULO 3

Reconhecer a importância da auditoria em sistemas de gestão de segurança e saúde no


trabalho nas organizações

INTRODUÇÃO
CONTEXTO ATUAL DE EMPRESAS E OS SISTEMAS DE
GESTÃO DE SAÚDE E DE SEGURANÇA

MÓDULO 1

 Descrever os Sistemas de Gestão e o Controle de Riscos


A IMPORTÂNCIA DE SISTEMAS DE GESTÃO DE
SAÚDE E DE SEGURANÇA NAS ORGANIZAÇÕES

SISTEMAS DE GESTÃO
Com a crescente disputa entre as organizações de negócios espalhadas pelo mundo, fica
muito evidente a necessidade da busca incansável por técnicas, ferramentas e metodologias
que devem ser aplicadas aos sistemas de gestão.
Quando se busca uma explicação mais detalhada para esse cenário de procura, imediatamente
surge a justificativa de se pensar em tais sistemas considerando um conjunto de processos,
com todas as suas atividades e tarefas. Dessa maneira, o foco está na melhoria de processos
como algo a ser praticado constantemente pelos responsáveis ou gestores.

Imagem: Shutterstock.com

Não existe mais espaço em mercados altamente competitivos para uma empresa atuar com
pouca eficiência em decisões que envolvem a sua sobrevivência. Com frequência, isso envolve
vários aspectos, tais como:

Imagem: Danielle Ribeiro

Falta de comprometimento em relação aos cuidados com a saúde e a segurança de recursos


humanos.
Imagem: Danielle Ribeiro

Ausência de preocupação com aspectos ambientais que envolvem a sustentabilidade e a


geração de resíduos industriais.

Imagem: Danielle Ribeiro

Descrédito em relação às preocupações voltadas para a responsabilidade social.

Imagem: Danielle Ribeiro

Desconsideração de interesses de clientes e parceiros, estratégicos ou não.

Muitas organizações têm seus objetivos voltados para a maximização da qualidade de produtos
e serviços que são concebidos para prover a sociedade em geral. Evidentemente, essas
empresas jamais se desvinculam da busca incessante pela maximização da lucratividade.
Quando isso ocorre, pode-se dizer que vantagens competitivas são alcançadas, favorecendo a
permanência ou continuidade do negócio ao longo do tempo. Por outro lado, aspectos
relacionados à saúde e à segurança podem ter menos importância.

Com base na literatura, podemos entender que um sistema de gestão pode ser definido como
uma estrutura organizacional que tem responsabilidades, processos, procedimentos e recursos
que devem ser implementados a fim de apoiarem as gestões da qualidade, ambiental, da
segurança e saúde dentro do ambiente de trabalho.

SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E


SAÚDE
É fundamental destacar o quanto é importante para qualquer empresa um bom desempenho
em segurança e saúde no trabalho. De nada adianta alcançar o máximo de efetividade em
resultados operacionais se não existirem ambientes considerados seguros ou plenamente
capazes de fornecer o mínimo de proteção, conforto e saúde aos principais ativos que integram
os mais variados ambientes de trabalho, que são os próprios trabalhadores.

Foto: Shutterstock.com

É preciso pensar em sistemas de gestão que eliminem ou reduzam os riscos de incidentes e,


na melhor das hipóteses, os acidentes de trabalho. Aliás, trabalhador algum deve ser
submetido à realização de tarefas sem que seu posto de trabalho esteja corretamente
projetado e adequado para recebê-lo.

A SST ganha importância ainda mais acentuada quando se tem a consciência da sua relação
estreita com a prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais, bem como com a proteção
e promoção da saúde dos trabalhadores. Acrescenta-se a isso a finalidade de se proporcionar
melhorias tanto nas condições como no ambiente de trabalho. Sempre cabe salientar que a
saúde no trabalho compreende necessariamente a promoção e a manutenção de um grau de
saúde física e mental e de bem-estar psicossocial de trabalhadores que executem suas
funções rotineiramente.

 ATENÇÃO

Atentas a essas questões, as organizações têm procurado implantar e implementar os


sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho (SGSST) de maneira a garantir as boas
práticas de saúde e segurança nos ambientes laborais. Entre as boas práticas, tem-se, como
exemplo, o desenvolvimento de um mapa setorial de riscos, que tende a ser mais aceito pelos
colaboradores, uma vez que promove o conhecimento sobre a existência dos riscos em um
posto de trabalho.

Para aquelas empresas que já têm sistemas em operação, o grande desafio está na
identificação de dificuldades relacionadas à gestão da SST. Essencialmente, quando se
estabelece ações nesse sentido, na verdade se pretende analisar os riscos inerentes à
realização de atividades relacionadas a cada um dos processos principais de negócios
estabelecidos nas empresas. O intuito reside na eliminação ou minimização da exposição a
determinado tipo de risco por parte dos trabalhadores, respeitando as recomendações
ergonômicas previstas em normas.

Foto: Shutterstock.com
Os estudos mais recentes na área de SST visam equilibrar da melhor maneira possível a
produtividade, a qualidade, a saúde, a segurança e o conforto dentro de um ambiente de
trabalho.

EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO


DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Ao longo de décadas, as organizações de negócios têm apresentado estágios distintos de
desempenho em relação à gestão de saúde e segurança.

ESTÁGIO 1
O estágio inicial de gestão é o da inexistência, caracterizado, na maioria dos casos, pelo
trabalho informal em que existe a predominância de riscos elevados e não avaliados.

ESTÁGIO 2
O estágio seguinte chamamos de “segurança reativa”, no qual predominam ações mais simples
e restritas em que se busca o cumprimento de requisitos legais mínimos atribuídos às causas
que motivaram acidentes. Além disso, procura-se também identificar a responsabilidade de
empregados por atos inseguros, entre outras ações cometidas por eles.

ESTÁGIO 3
Outro estágio é a “fase das exortações”, na qual é possível notar que a segurança deve ser
necessariamente atribuída ao nível gerencial de uma organização. Entretanto, esse estágio é
uma consequência de resultados não efetivos em relação à segurança e que podem, inclusive,
afetar a imagem institucional. Além disso, sofre influências das exigências de órgãos
fiscalizadores com poderes punitivos.

Geralmente, na “fase das exortações”, os funcionários são vistos como determinantes para que
haja a sensação de insegurança no ambiente laboral, uma vez que são constantemente
pressionados para alcançarem metas ou melhores indicadores de desempenho operacionais.
Nesse contexto, planos ou programas de segurança e saúde não existem na prática, pois as
políticas não são muito difundidas pelas organizações, muito embora sejam incluídos os
poucos esforços no planejamento para que as chefias imediatas e as equipes de trabalho
tenham ciência dos princípios considerados em tais políticas. É comum, nesse estágio, que as
estatísticas de segurança considerem mais os casos de acidentes de maior gravidade do que
aqueles de menor gravidade. As doenças ocupacionais, mesmo sendo muito importantes,
praticamente não são consideradas.

As empresas, uma vez decididas a reverter a imagem de que não se importam com seus
recursos humanos, têm conseguido inserir melhorias em seus sistemas de gestão. Muitos
gestores têm assumido compromissos com questões de saúde e segurança. Assim, surgem os
princípios do plano de gestão de segurança no trabalho, que consideram a aplicação de
ferramentas gerenciais.

O plano de gestão de segurança no trabalho pode considerar os seguintes elementos:

Identificação de incorreções sobre determinada atividade realizada de maneira diferente


do que a habitual.

Identificação da gravidade do perigo em cada atividade; gravidade ou grau de severidade


de cada ação ou situação de risco.

Determinação do tempo em que o colaborador fica exposto às situações que trazem


ameaça; chance de danos.

É possível verificar a existência de auditorias em saúde e segurança ocupacional (SSO), que


podem identificar uma série de aspectos relevantes dentro dos postos de trabalho, tais como:

Imagem: Danielle Ribeiro

Falta de conhecimento da Política de Saúde e Segurança por parte dos empregados.


Imagem: Danielle Ribeiro

Baixo envolvimento das lideranças nos assuntos de segurança.

Imagem: Danielle Ribeiro

Indefinição da responsabilidade gerencial sobre segurança.

Imagem: Danielle Ribeiro

Falta de conhecimento no uso das ferramentas gerenciais de segurança.

Imagem: Danielle Ribeiro

Inobservância generalizada do uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).


Imagem: Danielle Ribeiro

Gestão de saúde e segurança centrada na área de segurança do trabalho.

Imagem: Danielle Ribeiro

Ações isoladas na melhoria do ambiente de trabalho.

Imagem: Danielle Ribeiro

Descumprimento da legislação trabalhista no que se refere à proteção do empregado.

Imagem: Danielle Ribeiro


Inexistência de um programa de gestão de saúde ocupacional, limitando-se aos exames
obrigatórios por lei, feitos em grande parte de maneira inconsistente.

A partir do estágio “fase das exortações”, algumas organizações continuam evoluindo no


processo para uma gestão de segurança proativa.

ESTÁGIO 4
Esse estágio é caracterizado por um maior grau de envolvimento de gerências e um sistema de
gestão de segurança e saúde mais bem estruturado.

Na evolução de uma situação reativa, é possível notar os seguintes aspectos:

Imagem: Shutterstock.com

O gerenciamento de segurança sendo reativo, concentrando-se em estatísticas.

Imagem: Shutterstock.com

As práticas e condições inseguras não sendo gerenciadas.


Imagem: Shutterstock.com

A segurança sendo vista isoladamente, e não como parte integrante da gestão dos processos.

Imagem: Shutterstock.com

As gerências atribuindo responsabilidades para outras áreas ou para comissões criadas dentro
das empresas (engenharia de segurança, CIPA etc.).

Essa evolução ocorre em direção a um cenário no qual se pode identificar estas características:

As não conformidades são observadas, identificadas e eliminadas.

O gerenciamento de segurança é visto como prevenção e é focado nas pessoas.

O gerenciamento de segurança é parte integrante do gerenciamento dos negócios e é


tratado estrategicamente.

A segurança passa a ser aceita como de responsabilidade gerencial e possibilita o


envolvimento de todos em sua gestão.
Cabe destacar que todos os estágios já citados podem coexistir dentro das organizações.
Aquelas organizações que conseguem obter a excelência podem conhecer o estágio de gestão
integrada de saúde, segurança, meio ambiente e relações comunitárias.

ESTÁGIO 5
Nesse estágio, considerado de excelência, percebe-se claramente um sistema de gestão
integrado, podendo ser certificado e reconhecido externamente por meio de um processo de
certificação de saúde e segurança pela norma Occupational Health Safety Assessment Series
(OHSAS 18001); para o caso ambiental, pela norma a International Organization for
Standardization (ISO 14001); e, por fim, para o caso social, pela norma Social Accountability
(AS 8000). Veja a imagem a seguir.

ESTÁGIOS EVOLUTIVOS DA GESTÃO DE SAÚDE


E SEGURANÇA

INEXISTÊNCIA

Trabalho informal/formal

Grande exposição e não percepção dos riscos

SEGURANÇA RELATIVAS

Segurança limitada ao atendimento dos aspectos legais mínimos

Busca dos culpados e não das causas

Segurança como atribuição da CIPA e área de Segurança


FASE DAS EXORTAÇÕES

Responsabilidade gerencial apenas no papel

Foco nas exortações para se trabalhar com mais segurança

Estabelecimento de metas sem os meios para atingi-las

Subnotificação de acidentes

PROCESSO DE MUDANÇA

Início do envolvimento gerencial

Planos de segurança

Adoção de algumas ferramentas de segurança

Programas pouco estruturados

Notificação dos acidentes reportáveis

SEGURANÇA PRÓ-ATIVA

Real envolvimento das Gerencias

Sistema estruturado de gestão de segurança

Não conformidades do ambiente de trabalho são identificadas e eliminadas

Gerenciamento preventivo e preocupado com as pessoas


Segurança é parte integrada do gerenciamento dos negócios

Incentivo ao envolvimento de todos em ações de prevenção

GESTÃO INTEGRADA – HSEC

Gestão Integrada de HSEC

Responsabilidade gerencial efetiva

Alto envolvimento de todos os empregados

Reconhecimento externo OHSAS 180001; ISSO 14000; SA 8000

Gerenciamento preventivo e preocupado com as pessoas

HSEC é parte da estratégia organizacional

Neste conteúdo, aprofundaremos nossas discussões restritamente nas normas OHSAS 18001
e ISO 45001, no Módulo 2. Contudo, sabe-se que é perfeitamente possível que os
colaboradores escolham onde trabalhar e se aperfeiçoar sem perder sua saúde ou se expor a
situações de risco em suas ocupações profissionais. Adicionalmente, sendo objetos de
interesse por parte da organização, a saúde e a segurança podem contribuir diretamente para
que os trabalhadores internalizem o senso de realização profissional, conciliem seus objetivos
pessoais com os da própria organização e compreendam que o trabalho pode trazer melhorias
para a qualidade de vida de todos.

REALIDADE BRASILEIRA

A realidade brasileira é bastante complexa no que se refere à SGSST e à sua implantação em


empresas. O Brasil tem leis que garantem o estabelecimento de boas condições de saúde e
segurança a todos aqueles que estejam executando suas atividades. Todavia, quando se
considera conjuntamente o governo, a empresa e seus respectivos recursos humanos, fica
evidente o quanto é difícil conceber a implantação e a implementação de um SGSST.

A aplicação de recursos financeiros e humanos em prevenção e bem-estar de trabalhadores é


vista como gasto, e não como investimento. Isso fortalece uma cultura mais corretiva do que
preventiva na maioria das vezes. Entretanto, é o momento de modificar esse cenário, uma vez
que a própria sociedade tem se manifestado cada vez mais sobre a necessidade de promover
melhores condições de trabalho para as pessoas que cumprem jornadas de trabalho
exaustivas e que sofrem impactos ou danos decorrentes das tarefas realizadas.

DEFINIÇÃO E OBJETIVO PRINCIPAL DE UM


SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E
SAÚDE NO TRABALHO
Antes de prosseguirmos, devemos entender a definição de um SGSST. Conforme a ABNT
(2010), podemos definir um sistema de gestão da seguinte maneira:

TRATA-SE DE UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL


COM DEFINIÇÕES DE RESPONSABILIDADES
TÉCNICAS E ADMINISTRATIVAS VOLTADA PARA O
DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE UMA
POLÍTICA DE SST E QUE BUSCA O GERENCIAMENTO
DE RISCOS POR MEIO DE TÉCNICAS E DAS
MELHORES PRÁTICAS DISPONÍVEIS DE SST.

Um SGSST tem como objetivo principal tornar um ambiente de trabalho mais seguro e
saudável por meio de uma estrutura que permita que uma organização localize, monitore e
controle os riscos que podem representar impactos, com menor ou maior severidade, à saúde
e à segurança dos recursos humanos durante atividade laboral.

CONTROLE DE RISCOS
O Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO) ajuda
empresas e outras organizações a avaliarem e aperfeiçoarem seus sistemas de controle
interno. Assim, o risco é a representação da possibilidade de que um evento ocorrerá e afetará
negativamente a realização dos objetivos.

PARA A SEGURANÇA DO TRABALHO, O RISCO


EXPRESSA UMA PROBABILIDADE DE POSSÍVEIS
DANOS DENTRO DE UM PERÍODO ESPECÍFICO DE
TEMPO OU NÚMERO DE CICLOS OPERACIONAIS, OU
SEJA, REPRESENTA O POTENCIAL DE OCORRÊNCIA
DE CONSEQUÊNCIAS INDESEJÁVEIS.

O risco pode ser compreendido por meio de três componentes principais: evento (aleatório,
futuro e independente da vontade humana), probabilidade e impacto. O risco é uma condição
ou evento o incerto. A probabilidade é a chance de o evento de risco acontecer. Finalmente, o
impacto está relacionado ao resultado para a empresa. Logo, o risco é a possibilidade de
ocorrência de um evento que pode causar impactos a uma empresa.

O processo fundamental de aprendizagem sobre a redução dos riscos está na origem dos
princípios mais sofisticados que regem a atual SST. Pode-se considerar que um SGSST pode
ser definido como parte integrante do sistema de gestão maior de uma organização, de modo
que seja utilizado para desenvolver e implantar sua política e gerenciar seus riscos de SST.

RISCO OCUPACIONAL
A chance de um trabalhador sofrer algum dano ou lesão enquanto exerce sua profissão é o que
chamamos de risco ocupacional, o qual está relacionado a acidentes ou doenças ocupacionais
que frequentemente podem acometer um colaborador.

Foto: Shutterstock.com

Com relação aos riscos ocupacionais, podemos afirmar que estão associados ao ambiente de
trabalho, tais como: desprendimento de gases e vapores, falta de iluminação adequada, níveis
de sonoridade acima do permitido, entre outros. O Ministério do Trabalho (MT) classifica os
riscos ocupacionais considerando sua natureza:

física;

química;

biológica;

ergonômica ou acidental.

Podem ainda estar em três grupos:

operacionais (riscos para acidente);

comportamentais;
ambientais (físicos, químicos, biológicos ou ergonômicos).

Os riscos ambientais são particularmente importantes. A Portaria nº 25, de 29 de dezembro de


1994, regulamenta a NR-9, relativa aos riscos ambientais e ao programa de prevenção a esses
riscos. Esse tema pode ser discutido quando tratamos da adoção de mecanismos de gestão
quando uma empresa tem um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Nesse
caso, na maioria das vezes, são considerados apenas os riscos físicos, químicos e biológicos
existentes no trabalho, não sendo contemplados os riscos de acidente e os riscos ergonômicos,
os quais não estão previstos na NR-9.

A CARACTERÍSTICA DO RISCO PODE VARIAR


CONFORME A ORGANIZAÇÃO E SEUS PROCESSOS, E
TAMBÉM VAI DEPENDER DO TEMPO DURANTE O
QUAL O TRABALHADOR FICARÁ EXPOSTO AO RISCO.

A respeito da hipótese de eventos de risco existirem em qualquer tipo de atividade produtiva


desenvolvida dentro de empresas, a prática tem confirmado a teoria. Ou seja, é preciso atuar
diretamente nos processos de antecipação, identificação, avaliação, monitoramento e controle
sobre os eventos de riscos dentro dos postos de trabalho. Até mesmo porque podem contrapor
os cuidados sobre a saúde e o bem-estar de todos. Acrescenta-se também a maior chance de
os eventos de riscos provocarem impactos sobre o ambiente externo, as próprias empresas e o
meio ambiente que as cerca.

Muitos especialistas em segurança do trabalho são unânimes em pontuar que decisões


tomadas sobre riscos de saúde, riscos ambientais, riscos ao bem-estar econômico e riscos
envolvidos na prestação de serviços, entre vários outros, nem sempre são fáceis de serem
analisados. Nesse momento, é grande a responsabilidade de um gestor. Por conseguinte, cabe
a esse profissional procurar empregar práticas e estratégias mais efetivas para serem
aplicadas na gestão de riscos. Entende-se que a gestão eficaz de riscos é fundamental em
situações que envolvem pessoas e recursos, estejam ou não em operação.

 VOCÊ SABIA
Para áreas de segurança no trabalho, existem algumas normas dedicadas aos riscos, como as
normas OHSAS 18001:2007 e a BS8800, que tratam de elementos do sistema de gestão SST.

PROCESSOS PARA A GESTÃO DE RISCO

Existem processos que dão suporte para que seja realizada uma gestão de risco pelas
empresas. A seguir, apresentamos alguns exemplos desses processos:

PLANEJAMENTO DA GESTÃO DO RISCO


IDENTIFICAÇÃO DO RISCO
ANÁLISE QUALITATIVA DO RISCO
ANÁLISE QUANTITATIVA DO RISCO
PLANEJAMENTO DA RESPOSTA AO RISCO
MONITORAMENTO E CONTROLE DO RISCO

PLANEJAMENTO DA GESTÃO DO RISCO

Abordar e planejar atividades de gerenciamento de risco.

IDENTIFICAÇÃO DO RISCO

Saber quais riscos estão presentes em um ambiente de trabalho.

ANÁLISE QUALITATIVA DO RISCO

Conhecer os efeitos do risco sobre os objetivos do trabalho.


ANÁLISE QUANTITATIVA DO RISCO

Calcular chances e impactos do risco sobre os objetivos do trabalho.

PLANEJAMENTO DA RESPOSTA AO RISCO

Elaborar procedimentos e técnicas para eliminar ou mitigar os impactos de ameaças


provocadas pelo risco.

MONITORAMENTO E CONTROLE DO RISCO

Acompanhamento de risco existente ou de novo risco e utilização de plano de minimização de


risco.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. SEGUINDO UMA TENDÊNCIA DE MERCADO, CADA VEZ MAIS TÊM


SIDO APLICADAS FERRAMENTAS EM SISTEMAS GERENCIAIS COM A
FINALIDADE DE ALCANÇAR INDICADORES OPERACIONAIS QUE SE
REFLETEM EM RESULTADOS OTIMIZADOS PARA AS EMPRESAS.
ANALISANDO ESSE CONTEXTO, ASSINALE O MOTIVO QUE JUSTIFICA
ESSA POSTURA DAS EMPRESAS.

A) Com o aumento nas disputas por clientes, as empresas amadureceram o pensamento de


rever processos e buscar ajustes em suas atividades.

B) Uma exigência dos fornecedores de matérias-primas, que têm limitado suas produções para
empresas que estão obsoletas em termos de gestão.
C) Pressão de autoridades regulatórias para fiscalizar sistemas de gestão que não atendem
corretamente a seus clientes.

D) Falta de uma política de gestão dentro da empresa que exija uma formação mais eficiente
de gestores operacionais.

E) No passado, as empresas não tinham recursos para investir em técnicas para a realização
de tarefas.

2. COM O OBJETIVO DE EQUILIBRAREM ALGUNS DOS INDICADORES


PRESENTES EM SEUS SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E
SAÚDE, AS ORGANIZAÇÕES TÊM PASSADO POR ALGUNS ESTÁGIOS
DISTINTOS DE DESEMPENHO. O ESTÁGIO DENOMINADO DE “FASE DAS
EXORTAÇÕES” É UM DELES. A RESPEITO DESSE ESTÁGIO, ESTÁ
CORRETO AFIRMAR QUE:

A) é o estágio inicial para se atingir o desempenho de indicadores.

B) pouco acrescenta em termos de segurança do trabalho.

C) apenas é considerado em empresas de pequeno porte.

D) a segurança é atribuída ao nível gerencial e pode sofrer fiscalizações de autoridades


competentes.

E) geralmente não é possível de ser alcançado, pois requer treinamentos complexos para
todos os recursos humanos presentes na empresa.

GABARITO

1. Seguindo uma tendência de mercado, cada vez mais têm sido aplicadas ferramentas
em sistemas gerenciais com a finalidade de alcançar indicadores operacionais que se
refletem em resultados otimizados para as empresas. Analisando esse contexto, assinale
o motivo que justifica essa postura das empresas.

A alternativa "A " está correta.


Com a crescente concorrência entre as organizações de negócios, é fundamental para as
empresas realizar um esforço de gestão em direção a sistemas para a revisão de seus
processos no intuito de identificar possíveis falhas em suas atividades que possam trazer
impactos sobre resultados esperados.

2. Com o objetivo de equilibrarem alguns dos indicadores presentes em seus sistemas


de gestão de segurança e saúde, as organizações têm passado por alguns estágios
distintos de desempenho. O estágio denominado de “fase das exortações” é um deles. A
respeito desse estágio, está correto afirmar que:

A alternativa "D " está correta.

No estágio conhecido como “fase das exortações”, considera-se que a segurança deve ser
necessariamente atribuída ao nível gerencial de uma organização e sofre influências por
exigências de órgãos fiscalizadores com poderes punitivos.

MÓDULO 2

 Descrever as normas OHSAS 18001 e ISO 45001 e suas relações com os sistemas de
gestão de segurança e saúde no trabalho
AS NORMAS OHSAS 18001 E ISO 45001 E SUAS
RELAÇÕES COM OS SISTEMAS DE GESTÃO DE
SAÚDE E DE SEGURANÇA NO TRABALHO

A NORMA OHSAS 18001 E OS SISTEMAS


DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO
Observando o consenso alcançado tanto no universo acadêmico como no mundo corporativo,
nota-se que muitas empresas defendem que a implantação e a implementação de um SGSST
têm sido feitas, sobretudo, na tentativa de reduzir os problemas de ordem social e econômica
resultantes de incidentes, acidentes e doenças relacionados às atividades profissionais. Tudo
isso é um importante fator para que ocorra uma disputa mais acirrada para a sobrevivência dos
negócios.

A implantação de um SGSST pode gerar diversos benefícios para a empresa e para seus
trabalhadores. Isso se nota nos seguintes casos:
Imagem: Shutterstock.com

Convergência de demandas provenientes de colaboradores com a política e as diretrizes de


segurança.

Imagem: Shutterstock.com

Aumento da motivação e da sensação de segurança no exercício de tarefas.

Imagem: Shutterstock.com

Menor número de pedidos de afastamentos e redução do número de indenizações e multas.

Vamos conhecer as normas que tratam de assuntos da SGSST.


1998

No ano de 1998, a norma OHSAS 18001 foi criada por um grupo de organismos certificadores
e de entidades nacionais de normalização.

1999

A publicação da primeira versão oficial da OHSAS 18001 foi em 1999, pela British Standards
Institution (BSI). OHSAS é a sigla para Occupational Health and Safety Assessments Series,
cuja tradução é Serviços de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional. Essa norma é
considerada a primeira voltada para a certificação dos SGSST.

2007

A atualização da OHSAS 18001, publicada em 2007, especifica que o SGSST é uma parte do
sistema de gestão geral da organização, tendo como objetivo o gerenciamento de riscos de
saúde e segurança do trabalho. Assim, tal norma tem como finalidade a proteção e a
segurança dos colaboradores de uma organização, contribuindo para os aspectos ergonômicos
do trabalho.

Durante muito tempo, a norma OHSAS 18001:2007 serviu de referência para compor os
sistemas de gestão das empresas, pois não havia uma norma ISO com esse escopo. Contudo,
diversas organizações no Brasil ainda têm uma visão restrita no que diz respeito à saúde
ocupacional, segurança e medicina do trabalho, restringindo suas atividades simplesmente à
coleta de dados estatísticos, às ações reativas a acidentes de trabalho e a sinistros e às
respostas em virtude de causas trabalhistas.

NORMA OHSAS 18001:2007 E SGSST –


REQUISITOS
A norma OHSAS 18001:2007 tem correspondência com outras normas relativas a sistemas de
gestão, como a ISO 9001, que propõe requisitos que aperfeiçoam um sistema de gestão de
qualidade (SGQ), aprimorando os processos de forma geral de uma organização. Também tem
correspondência com a norma ISO 14001, que especifica os requisitos de um sistema de
gestão ambiental (SGA) e permite que uma organização desenvolva uma estrutura compatível
para a proteção do meio ambiente e o atendimento mais rápido de eventos relacionados às
mudanças das condições ambientais. Com isso, tendo a norma OHSAS 18001:2007 como
base, abre-se a possibilidade de as empresas realizarem a implementação de um sistema de
gestão integrado (SGI).
Imagem: Danielle Ribeiro
 Ciclo PDCA.

A norma OHSAS 18001:2007 é baseada no Ciclo de Deming, também conhecido na


metodologia como Ciclo de PDCA (Planejar, Fazer, Verificar e Agir Novamente). É importante
esclarecer que a norma OHSAS 18001:2007 possibilita à organização escolher pela
“autodeclaração”, ou seja, não precisa da certificação para demonstrar que segue os requisitos
da norma. A norma OHSAS 18001:2007 é aplicável a qualquer tipo de empresa,
independentemente de sua cultura, sua geografia, seu porte, entre outras características.

A norma OHSAS 18001:2007 viabiliza tanto o desenvolvimento como a implementação de uma


política e de objetivos de gestão que levem em consideração requisitos legais e eventos de
riscos que possam provocar danos à saúde e à segurança dos trabalhadores. Todos os
requisitos da especificação da OHSAS 18001:2007, apesar de não serem absolutos, foram
definidos para serem considerados na implantação e implementação de qualquer SGSST.

IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE
SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E
SAÚDE NO TRABALHO
Ainda com relação ao SGSST, podemos identificar o quanto o sistema é essencial para
qualquer organização, independentemente de seu tamanho. Esse sistema pode proporcionar
um ambiente favorável para um conjunto de ferramentas que podem ser aplicadas com o
propósito de melhorar indicadores que serão definidos por um departamento ou área
específica. Exemplificando um desses indicadores, tem-se a eficiência da gestão dos riscos da
SST, que está diretamente relacionada com todas as atividades que integram os muitos tipos
de processos existentes dentro das empresas.

O SGSST DEVE SER IMPLANTADO E IMPLEMENTADO


COMO PARTE CONSTITUINTE DE UM SISTEMA DE
GESTÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO.

Pelo lado financeiro, tanto a implantação como a implementação de SGSST podem minimizar
os vários tipos de custos dentro das organizações, como os custos diretos causados pelos
acidentes. Além disso, possibilita também a redução na alíquota dos riscos de acidentes do
trabalho (RAT), proporcionando anualmente uma economia da ordem de milhões, conforme o
porte da empresa.

O SST permite trabalhar uma imagem mais positiva da empresa perante seus clientes internos
e externos, fornecedores e quaisquer outros parceiros, proporcionando a continuidade ou
sobrevivência dos negócios.

 ATENÇÃO

Uma vez decidida a implantação de um SGSST, cabe mencionar que um grande trabalho
coletivo será necessário para se alcançar o objetivo do sistema. Mesmo após sua
implementação e durante a manutenção adequada do SGSST, é importante que se tenha o
comprometimento de todos, independentemente dos cargos ou funções.

É comum que sejam envolvidos em uma mesma equipe de trabalho tanto profissionais da área
de recursos humanos (RH) como os gestores da organização. A equipe de trabalho formada vai
atuar para que seja feita a implantação das técnicas de segurança do trabalho. Além disso, vai
se dedicar ao planejamento e à execução de estratégias elaboradas.
A área de RH, por ter a vantagem de conhecer todos os profissionais que ingressam na
empresa, dará mais atenção aos riscos que podem estar associados à realização das
respectivas atividades. De acordo com a Norma Regulamentadora no 4 (NR-4), está definido
quem são os profissionais responsáveis e quais são as obrigações dos serviços especializados
em engenharia de segurança e em medicina do trabalho. São cinco as especialidades:

Imagem: Danielle Ribeiro

Auxiliar em enfermagem do trabalho.

Imagem: Danielle Ribeiro

Enfermeiro do trabalho.

Imagem: Danielle Ribeiro

Engenheiro de segurança do trabalho.


Imagem: Danielle Ribeiro

Médico do trabalho.

Imagem: Danielle Ribeiro

Técnico de segurança do trabalho.

Cabe salientar a atenção que deve ser dada aos recursos humanos antes, durante e depois de
cada tarefa realizada. Como resultado, pretende-se alcançar o bem-estar, a proteção e a
qualidade de vida dos colaboradores.

Foto: Shutterstock.com
 Segurança e saúde no trabalho e a proteção do trabalhador.
A implementação de um SGSST, com base em requisitos da OHSAS 18001:2007, permite que
a empresa tenha seu sistema reconhecido por uma entidade exterior, à semelhança do que
acontece com outros sistemas de gestão. Isso também é positivo para a imagem da empresa
perante os clientes. Além disso, pode resultar em vantagens competitivas quando se tratar de
uma diferenciação no que se refere à concorrência, uma vez que se estabelece uma relação de
comprometimento com a legislação.

O SGSST se espelha na política de SST, que é geralmente definida por uma área responsável
pelo planejamento estratégico. Portanto, um pensamento coerente seria conhecer como deve
ser implementado um sistema com essa finalidade. Todavia, antes de se conhecer alguns dos
passos para a implementação de um SGSST, é importante saber que este deve ter como base
uma política da SST estabelecida pela organização e que todos a conheçam. Sobre essa
política, é totalmente razoável que os seguintes aspectos sejam contemplados:

definição de uma estrutura operacional para o negócio;

planejamento de processos, atividades e tarefas que vão estar presentes nas áreas;

definição sobre o conjunto de atribuições de cada área;

definição sobre a alocação de recursos;

mapeamento de riscos e identificação de perigos.

SGSST COM BASE NA NORMA OHSAS


18001:2007
A seguir, tendo como referência a norma OHSAS 18001:2007, serão apresentados alguns
estágios que constituem um ciclo de aperfeiçoamento contínuo no gerenciamento quando se
pretende implementar um SGSST.

LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO INICIAL


É imprescindível conhecer em que situação a empresa está realizando suas atividades. É
recomendável uma consulta aos registros de acidentes e afastamentos de trabalhadores, assim
como a obtenção de informações sobre atividades insalubres ou perigosas, entre outros
aspectos.

POLÍTICA
Após o levantamento da situação inicial, é importante trabalhar na elaboração de uma política
de SST, considerando, entre outros pontos, a necessidade de monitorar e controlar as
condições de trabalho. De nada adianta uma política bem-concebida se não houver a aceitação
e o comprometimento dos recursos humanos.

PLANEJAMENTO
Depois que a política for concebida e posta em prática, cabe realizar um planejamento que
contemple os seguintes pontos:

Avaliação de riscos – identificação e adoção de medidas para eliminar, ou mitigar, os


eventos de riscos existentes nos locais de trabalho.

Requisitos legais – restrições impostas ou capacidades necessárias para se atingir um


objetivo estabelecido em lei ou normas técnicas.

Objetivos – saber quais são os objetivos da organização e como podem ser alcançados
por meio da adoção de um SGSST de maneira possam ser conciliados com a política
definida.

Plano de ação – é fundamental que seja elaborado um plano de ação que defina o que
será feito, por que, onde, por quem, quando, como e por qual custo. A ferramenta
gerencial 5W2H pode contribuir para isso. A 5W2H realiza um checklist (verificação)
administrativo de atividades, prazos e responsabilidades que devem ser desenvolvidos
com clareza e eficiência pelos stakeholders (partes interessadas que devem estar de
acordo com as práticas de gestão).

Após a elaboração do plano de ação, cabe definir as estratégias táticas e operacionais que vão
servir de suporte para a política. Nesse momento, serão identificados aqueles colaboradores
que apresentam um conjunto de habilidades para resolver tarefas específicas. Serão alocados
recursos para as ações previstas no plano de ação e para a organização dos fluxos de dados e
informações que serão gerados em cada ação prevista no plano de ação.
IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO
Nesta etapa, tudo precisa ser posto em prática. Esse é o momento de executar as ações que
permitirão alcançar os níveis de melhoria desejados em cada ambiente de trabalho
selecionado. Os esforços são direcionados para identificar pontos críticos que possam oferecer
algum tipo de perigo ao trabalhador, bem como controlar possíveis eventos de riscos que
possam ser manifestados. Deve-se pensar também em planos de contingência que preparem a
empresa para o enfrentamento de situações de crises potenciais que possam provocar algum
tipo de impacto. Tudo isso pensando na proteção dos trabalhadores e preservando recursos
considerados vitais para o negócio.

VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA


Uma vez que as ações são executadas, a organização deve definir procedimentos para
monitorá-las a fim de saber se foram realizadas de acordo com o planejamento feito e medir o
desempenho do SGSST. Nesse momento, é muito provável que sejam necessários ajustes.

ANÁLISE CRÍTICA PELA ADMINISTRAÇÃO


A alta administração deve analisar criticamente o SGSST de maneira a garantir sua
conveniência, adequação e eficácia contínuas. As informações coletadas vão possibilitar que
as avaliações sejam realizadas. O passo seguinte é a documentação dessas avaliações.

MELHORIA CONTÍNUA
Tomando por base a filosofia de melhoria contínua conhecida como Kaizen, que foi uma
combinação da teoria administrativa de Jules Henri Fayol (1841–1925) (Teoria Clássica da
Administração) e das contribuições de melhoria em processos de William Edwards Deming
(1900-1993) (melhoria contínua – ciclo PDCA), pode-se aplicar diversas práticas que incidem
sobre a melhoria contínua dos processos nas áreas de gestão e saúde.

A fim de se alcançar o melhor desempenho possível em um SGSST, é comum empregar ações


de naturezas preventivas e corretivas. É compreensível que, quando necessário, o tratamento
de não conformidades seja feito por meio de correções. Logo, sobre os processos de gestão do
SGSST, a conhecida ferramenta Ciclo de PDCA é perfeitamente aplicável. Todavia, demanda a
integração de atividades que atendam aos requisitos e às exigências de normas
regulamentadoras e técnicas, bem como outras exigências sobre a segurança e saúde do
trabalho.
Imagem: Shutterstock.com

A melhoria contínua é requisito essencial em um sistema de gestão. Está associada aos


processos de acompanhamento e à medição de desempenho, que consideram indicadores
voltados para resultados de desempenho.

A imagem a seguir sintetiza cada um dos estágios, ou propostas, para se implementar um


SGSST com base na OHSAS 18001:2007.

Imagem: Fonseca e Fermam, 2013, p. 13.

 Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho baseado na OHSAS 18001:2007.


MIGRAÇÃO DA OHSAS 18001 PARA A ISO
45001
A norma que direcionava as empresas quanto aos requisitos para implementação de um
SGSST voltado para questões de saúde e segurança do trabalho era a OHSAS 18001:2007.
Porém, no ano de 2018, a International Organization for Standardization (ISO) publicou a
norma ISO 45001, com o tema “SGSST – Requisitos com orientação para uso”. Essa norma
internacional visa fornecer a organizações de qualquer tamanho uma estrutura para
estabelecer, implementar, manter e melhorar um sistema de saúde e segurança ocupacional
(SSO), eliminando perigos e minimizando riscos de incidentes e acidentes no exercício e na
realização de tarefas pelos trabalhadores.

UMA ORGANIZAÇÃO TEM A RESPONSABILIDADE


PELA SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA DO
CONJUNTO DE COLABORADORES, BEM COMO POR
OUTROS FATORES QUE PODEM AFETAR SUAS
ATIVIDADES. ESSA RESPONSABILIDADE INCLUI
PROMOVER E PROTEGER A SAÚDE FÍSICA E MENTAL
DE TODOS.

A partir de 2018, muitas empresas que aplicavam a OHSAS 18001:2007 começaram


gradativamente a iniciar a transição para a ISO 45001:2018. A explicação era simples: existia a
necessidade de as organizações se manterem atualizadas com os requisitos que abrangessem
a segurança, higiene e saúde no trabalho de uma forma mais abrangente.

Ao longo do processo de migração para a ISO 45001:2018, os gestores responsáveis pelo


sistema SSO devem conhecer detalhadamente cada característica e coletar dados e
informações com base no negócio e na estrutura da empresa. Um dos alvos da ISO
45001:2018 é a melhoria contínua de processos organizacionais.

A norma ISO 45001:2018 está substituindo a norma OHSAS 18000:2007, padrão anteriormente
usado. Todavia, o ritmo dessa mudança tem sido muito lento até os dias atuais.
DIFERENÇAS ENTRE AS NORMAS OHSAS
18001:2007 E ISO 45001:2018

Imagem: Danielle Ribeiro

Quando se trata de uma análise entre as normas OSHAS 18001 (BSI, 2007) e a ISO 45001
(ISO, 2018), é comum evidenciar algumas diferenças, tais como: maior participação dos
trabalhadores, sobretudo quando se trata de assuntos relacionados a saúde e absenteísmo e
atualização a respeito de documentação gerada dentro das áreas da empresa. Acrescenta-se
ainda que a ISO 45001:2018 foca a interação entre a empresa e todo o seu ambiente de
negócio, enquanto a OHSAS 18001:2007 busca gerenciar os perigos ocupacionais que podem
atingir a saúde e a segurança dos colaboradores.

A norma ISO 45001:2018 tem uma visão mais orientada para os processos e suas melhorias,
atentando-se mais aos eventos de riscos e oportunidades em SSO, como também sobre outros
riscos e oportunidades associados ao sistema de gerenciamento SSO. A OHSAS 18001:2007
dá mais ênfase aos procedimentos e atua exclusivamente com riscos SSO. A ISO 45001:2018
contempla requisitos das partes interessadas, mas o mesmo não ocorre na OHSAS
18001:2007.

Uma das formas de comprovação do atendimento aos requisitos da norma ISO 45001:2018 é
por meio de um processo de certificação acreditado, que pode ser executado por empresas
independentes, imparciais e competentes para realizarem essa atividade.

O fato é que a norma ISO 45001:2018 destaca, entre seus requisitos, que é preciso que a alta
administração realize um trabalho de planejamento estratégico que esclareça o verdadeiro
contexto da organização. Isso inclui não somente a compreensão de necessidades e
expectativas de todos os colaboradores, mas também daqueles que interagem de alguma
maneira com o SGSST.

A norma ISO 45001:2018 aborda a relevância de levantamentos sobre riscos e oportunidades


de negócio da organização, procurando enfatizar a importância de eliminar perigos e reduzir
riscos de SSO nos controles operacionais. Outro ponto a ser comentado trata da gestão de
mudança, cuja finalidade é indicar o quanto é preciso estar pronto para desenvolver o controle
de mudanças temporárias e permanentes planejadas e que trazem impactos sobre o
desempenho de SSO. A melhoria contínua é tratada como fundamental, uma vez que sempre é
possível pensar em realizar atividades visando à otimização de recursos presentes nos
ambientes de trabalho.

Com a ISO 45001:2018, as organizações serão capazes de:

Fonte: Autor/Shutterstock

Garantir que a gestão de saúde e de segurança esteja alinhada com o planejamento


estratégico de uma empresa.

Fonte: Autor/Shutterstock

Permitir uma maior integração entre as normas de sistemas de gestão.


Fonte: Autor/Shutterstock

Envolver gestores ou líderes de áreas nos processos internos de SSO.

Fonte: Autor/Shutterstock

Aumentar o desempenho de indicadores saúde e segurança ocupacional.

Fonte: Autor/Shutterstock

Considerar riscos e oportunidades de melhorias dentro das empresas.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. AO LONGO DO CONTEÚDO, TEMOS SUSTENTADO ARGUMENTAÇÕES


QUE INDICAM QUE A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO DE
SAÚDE E DE SEGURANÇA DO TRABALHO PODE PROPORCIONAR
DIVERSOS BENEFÍCIOS PARA A EMPRESA E PARA O CONJUNTO DE
SEUS TRABALHADORES. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE
EXPRESSA ESSE PENSAMENTO.

A) Na realidade, não existem sistemas de gestão de saúde e de segurança do trabalho


perfeitos em empresas e, por isso mesmo, qualquer exigência nesse sentido não deveria ser
considerada.

B) Somente os recursos humanos são capazes de trazer retornos financeiros para as


empresas.

C) A implantação de um sistema de gestão da segurança e da saúde do trabalho deixou de ser


fundamental para as empresas, pois atender ao ambiente externo, ou seja, aos consumidores,
com produtos de qualidade, é a principal estratégia de qualquer negócio atualmente.

D) A implantação de sistemas de gestão de saúde e de segurança do trabalho garante a


redução de indenizações e multas sofridas pelas empresas.

E) Trabalhadores experimentam um aumento da sensação de segurança durante a realização


de tarefas quando existe um sistema de gestão de saúde e de segurança do trabalho
corretamente implantado.

2. A MIGRAÇÃO PARA A NORMA OHSAS:2007 JÁ VEM SENDO


REALIZADA PELAS EMPRESAS. MUITO EMBORA CONSIDERE UM
ESCOPO PARECIDO EM RELAÇÃO À OHSAS 18001, A ISO 45001:2018
TEM CARACTERÍSTICAS DISTINTAS. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA
QUE CONTÉM UMA AFIRMAÇÃO CORRETA REFERENTE ÀS NORMAS.

A) A ISO 45001:2018 não aprimora necessariamente o sistema de gestão em SST, deixando-o


menos eficiente e aplicável.

B) A norma OHSAS 18001 tem como finalidade somente proteger os colaboradores de uma
organização para que tenham um ambiente de trabalho seguro, porém aspectos de saúde não
são contemplados pela norma.

C) A ISO 45001:2018 é uma norma internacional que foca a melhoria de processos e o


desempenho das empresas no que se refere a saúde e segurança do trabalho (SST).

D) A norma OHSAS 18001 não trata de acidentes de trabalho.


E) A ISO 45001:2018 tem o objetivo de auxiliar as empresas a repensarem seus processos,
mas considera apenas a redução de doenças ocupacionais, e não os acidentes no trabalho.

GABARITO

1. Ao longo do conteúdo, temos sustentado argumentações que indicam que a


implantação de um sistema de gestão de saúde e de segurança do trabalho pode
proporcionar diversos benefícios para a empresa e para o conjunto de seus
trabalhadores. Assinale a única alternativa que expressa esse pensamento.

A alternativa "E " está correta.

A implantação de um sistema de gestão de saúde e de segurança do trabalho, quando


corretamente realizada, pode proporcionar diversos resultados positivos para as empresas. Um
desses resultados que pode ser destacado é o aumento da sensação de segurança e proteção
no momento de se executar as tarefas.

2. A migração para a norma OHSAS:2007 já vem sendo realizada pelas empresas. Muito
embora considere um escopo parecido em relação à OHSAS 18001, a ISO 45001:2018
tem características distintas. Assinale a única alternativa que contém uma afirmação
correta referente às normas.

A alternativa "C " está correta.

Houve a necessidade da transição da OHSAS 18001:2007 para a ISO 45001:2018, por parte
das empresas, para que pudessem se manter atualizadas aos requisitos de segurança, higiene
e saúde no trabalho.

MÓDULO 3

 Reconhecer a importância da auditoria em sistemas de gestão de segurança e saúde


no trabalho nas organizações
A NECESSIDADE DE AUDITORIA EM SISTEMAS DE
GESTÃO DE SAÚDE E DE SEGURANÇA DO
TRABALHO NAS EMPRESAS E O PAPEL DO AUDITOR

CONCEITO DE AUDITORIA
O termo “auditoria” tem origem latina (audire). Inicialmente, foi empregado na Inglaterra para
rotular a tecnologia contábil da revisão (auditing), que hoje tem um sentido mais abrangente.
Pode-se definir a auditoria interna como uma série de elementos, entre os quais estão os
exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente
estruturados para a avaliação da integridade e da adequação, entre outros indicadores de
processos. Uma auditoria considera também os sistemas de informação e controle interno
integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos que assistem a administração da
organização auditada no alcance de seus objetivos.

NORMA DE AUDITORIA E SGSST


A ISO 19011 – Diretrizes para auditoria de sistemas de gestão foi publicada em julho de 2018.
No Brasil, em dezembro do mesmo ano, foi publicada a norma ABNT NBR ISO 19011, que
forneceu orientação sobre a auditoria de sistema de gestão, incluindo os princípios de auditoria,
o gerenciamento de um programa de auditoria, atividades de auditoria (orientações sobre a
condução de auditoria de sistemas de gestão) e orientação sobre a avaliação de competência
de pessoas envolvidas no processo de auditoria. Todas essas atividades podem ser realizadas
por profissionais que façam o gerenciamento do programa de auditoria, por auditores e pela
equipe de auditoria.

A ABNT NBR ISO 19011:2018 apresenta diretrizes que podem ser flexíveis e devem ser
atendidas por colaboradores que atuam em diferentes níveis hierárquicos dentro de uma
mesma organização, seja qual for o seu tamanho ou porte. A norma NBR ISO 19011:2018 pode
ser utilizada na estruturação e manutenção de qualquer sistema de gestão (saúde e segurança,
qualidade, ambiental, entre outros).
Foto: Shutterstock.com

Outra informação valiosa a respeito dessa norma está relacionada à inclusão, em seu escopo,
do conceito de risco, introduzido como base para as auditorias de sistemas de gestão.
Adicionalmente, a norma considera requisitos para a auditoria o gerenciamento de programa de
auditoria (responsabilidade, objetivos, coordenação e disponibilização de recursos), as
atividades de auditoria e um conjunto de habilidades que um auditor e a equipe auditora de
devem ter.

A nova versão da ISO 19011:2018 não se aplica a auditorias de certificação (denominadas


também de terceira parte) e considera ciclos da certificação, procedimentos de tratamento de
reclamação, além de requisitos do sistema de gestão da certificadora que são auditados pela
acreditadora (instituição que está realizando a avaliação). No caso de se proceder a uma
auditoria, será necessário que o auditor tenha participado de um treinamento específico relativo
à ISO 19011:2018 e que conheça muito bem o SGSST que será objeto de auditoria.
Foto: Shutterstock.com

Por outro lado, tendo como referência a norma ISO 45001:2018, um SGSST deve ser pensado
necessariamente pela alta direção (liderança) de uma empresa, que, além de estabelecer as
medidas a serem seguidas por todos, exige firmemente o comprometimento em relação ao
atendimento das normas.

IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA
Muitas empresas querem medir seu desempenho em relação ao atendimento aos requisitos
das normas monitoradas aplicadas em seus sistemas de gestão. A realização de auditorias é
uma maneira de realizar essas medidas.

A auditoria faz uma avaliação criteriosa, cujo objetivo é a verificação e análise de atividades
para saber se estão em conformidade com seu planejamento e se foram implementadas de
maneira efetiva, tendo como referência as normas a que estão submetidas. Uma auditoria de
gestão tem como fundamento principal dar autenticidade à eficiência dos trabalhos realizados
por uma empresa. A auditoria atua para encontrar situações que representem problemas no
presente ou no futuro.

A ISO 19011:2018 fornece diretrizes para usuários em todos os níveis de organizações, sejam
pequenas, médias ou grandes, que venham a realizar auditorias de primeira, segunda ou
terceira parte para sistemas de gestão. Além das diretrizes para auditoria, essa norma
estabelece requisitos para a competência e a avaliação de um auditor e de uma equipe de
auditora.

Em uma auditoria, é possível consultar arquivos com dados e informações disponíveis em


acervos mantidos pela organização e identificar as não conformidades presentes em cada uma
das atividades que integram cada um dos processos realizados rotineiramente dentro das
áreas. O intuito é saber se o planejamento foi efetivo no que se refere ao atendimento de
normas empregadas em cada ambiente de trabalho. Com isso, é possível realizar ações que
visem à melhoria contínua de alguns processos considerados críticos ou que precisem ser
otimizados a fim de alcançarem performances superiores às apresentadas.

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Particularmente, as áreas de SST dentro das empresas recebem a auditoria com base na
norma ISO 45001:2018 ou na OHSAS 18001:2007, sendo realizadas checagens muito
minuciosas em relação às adequações conforme a norma utilizada como referência.
Normalmente, a realização de uma auditoria dentro de determinada empresa pode servir de
motivo para que seja iniciada uma auditoria de certificação. Quando essa empresa não tem
certificação, podem ser empregados os procedimentos da norma que foi usada para manter o
ciclo de melhoria contínua.

A auditoria em segurança do trabalho é fundamental para toda empresa que deseja atuar de
acordo com a legislação. Essencialmente, a empresa quer saber se as exigências inerentes
aos processos gerenciais e operacionais estão sendo cumpridas. Isso é realizado por meio de
preceitos definidos por normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pelas
Normas Regulamentadoras (NR), por normas de segurança e saúde no trabalho (SST), entre
outras referências.

A auditoria permite identificar os fatores não conformes presentes em operações que podem
aumentar as chances de ocorrência de doenças ocupacionais, de incidentes ou acidentes de
trabalho. Dessa maneira, é feito um relatório de não conformidade com informações que serão
entregues ao auditado (empresa).

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A


PRÁTICA PROFISSIONAL DE AUDITORIA
Alguns princípios de auditoria devem ser seguidos pelos profissionais que tenham como
missão a realização de uma auditoria (ABNT, 2018):

INTEGRIDADE
APRESENTAÇÃO JUSTA
DEVIDO ATENDIMENTO PROFISSIONAL
CONFIDENCIALIDADE
INDEPENDÊNCIA
ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS
MENTALIDADE DE RISCO

INTEGRIDADE

É considerada a base do profissionalismo. Seus fundamentos são a confiança, a


confidencialidade, a ética e a discrição, os quais são essenciais para auditar. Um auditor deve
ser imparcial e atuar de forma honesta e responsável.
APRESENTAÇÃO JUSTA

Um auditor tem a obrigação de relatar com veracidade e precisão o que observa na realidade,
e suas conclusões devem ser com base na verdade. Sua comunicação deve ser clara e justa,
relatando os fatos e apontamentos da auditoria com precisão e transparência.

DEVIDO ATENDIMENTO PROFISSIONAL

Um auditor deve ser cauteloso nas tarefas que realiza, além de ser competente naquilo que
observa, de maneira que os clientes e partes interessadas não percam a confiança nele.

CONFIDENCIALIDADE

Um auditor deve ser prudente no uso e na proteção das informações que levantadas quando
está trabalhando em sistemas de gestão. Cabe destacar que os dados e processos
examinados na auditoria são confidenciais.

INDEPENDÊNCIA

É muito importante que a imparcialidade seja uma constante durante a auditoria, bem como a
objetividade diante das conclusões de auditoria. Um auditor jamais deve ser tendencioso,
devendo evitar conflito de interesse.

ABORDAGEM BASEADA EM EVIDÊNCIAS

As constatações e conclusões de auditoria devem ser feitas somente nas evidências de


auditoria. As evidências contribuem para a veracidade das conclusões de auditoria.
MENTALIDADE DE RISCO

Uma auditoria deve considerar riscos e oportunidades, que derivam do contexto da


organização, para planejar e para verificar o gerenciamento da organização.

ATIVIDADES DESEMPENHADAS POR UM


AUDITOR
Normalmente, existe uma série de atividades desempenhadas dentro de áreas que integram
uma empresa. Essas atividades serão objetos de análises de uma auditoria. Geralmente, os
auditores procuram por irregularidades, constatam divergências e identificam e apuram desvios
em relação aos requisitos previstos em normas. Entretanto, cabe ao auditor compreender o
escopo, ou seja, saber onde exatamente o sistema de gestão se aplica, contribuindo para a sua
melhoria.

O auditor deve, portanto, preocupar-se com quaisquer atividades da empresa que possam ser
úteis à gestão. Assim, seu trabalho deve ser feito com a finalidade de atingir seus objetivos e,
por conseguinte, deve desempenhar as seguintes atividades:

Imagem: Danielle Ribeiro

Revisar e avaliar a eficácia, suficiência e aplicação dos controles operacionais.


Imagem: Danielle Ribeiro

Determinar a extensão do cumprimento das normas, dos planos e procedimentos vigentes.

Imagem: Danielle Ribeiro

Determinar a extensão dos controles sobre a existência dos ativos da empresa.

Imagem: Danielle Ribeiro

Determinar o grau de confiança de informações e dados da empresa.

Imagem: Danielle Ribeiro


Avaliar a qualidade alcançada na execução de tarefas determinadas para o cumprimento das
respectivas responsabilidades.

Imagem: Danielle Ribeiro

Avaliar os riscos estratégicos e de negócio da organização.

PROCESSO DE AUDITORIA
O processo de auditoria é composto por cinco etapas, nas quais são examinadas a
regularidade e a eficiência da gestão administrativa. O foco está sobre a melhoria dos
processos e controles internos da empresa. Um correto planejamento feito pelo auditor pode
ser fundamental para alcançar êxito. A seguir, são apresentadas as cinco etapas do processo
de auditoria:

PLANEJAMENTO E LEVANTAMENTO DE PROCESSO


É a etapa fundamental para um ótimo resultado no trabalho de auditoria, na qual a equipe de
auditoria deve documentar seu planejamento e preparar o programa de trabalho por escrito.
Ainda na fase de planejamento da auditoria, deve ser feita a análise dos riscos, entre outros
pontos.

PROGRAMA DE AUDITORIA
É o objetivo final do planejamento, que busca a definição dos meios mais econômicos e
eficientes para se atingir os objetivos da auditoria. A programação dos trabalhos deverá ser
consolidada em documento que contenha os seguintes itens: objeto, objetivos, escopo,
avaliação dos riscos envolvidos, procedimentos de auditoria a serem executados, recursos a
serem utilizados, símbolos padronizados para auxiliar na verificação das etapas e metas e,
finalmente, o cronograma detalhado.
EXECUÇÃO
É a etapa de aplicação do programa de auditoria.

RELATÓRIO E CONCLUSÃO
É o documento que contém a conclusão do trabalho de auditoria, descrevendo os erros, entre
outros pontos que foram verificados no decorrer da revisão dos procedimentos.

MONITORAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES


É um acompanhamento dos processos com relação às orientações recebidas a fim de
assegurar que estão sendo executados corretamente para prevenção de irregularidades.

Benefícios a serem alcançados por meio das práticas de auditoria:

aumento da credibilidade na gestão e em relação aos clientes e às partes interessadas;

melhora da comunicação entre as áreas da organização;

prevenção de incidentes e acidentes de trabalho;

melhorias em indicadores de processos;

análise e avaliação sistemática dos sistemas de controles internos das organizações.

AUDITORIAS EM SEGURANÇA E SAÚDE


Um dos objetivos de um SGSST é a capacidade de mensurar a efetividade de sua melhoria à
medida que o tempo avança. É possível afirmar que a qualidade dessas medidas depende
bastante da qualidade do mecanismo de auditoria usado, seja interno seja externo. Além disso,
deve ser considerado também o preparo dos auditores responsáveis.

A VERDADE É QUE A MAIORIA DOS SISTEMAS DE


GESTÃO TENDE A FICAR OBSOLETA COM O TEMPO,
SENDO NECESSÁRIA A IMPLEMENTAÇÃO DE UM
PROCESSO DE AUDITORIA PARA A MANUTENÇÃO DO
FUNCIONAMENTO E A MELHORIA DO DESEMPENHO
DO SST.

A auditoria interna do SST é vista como uma ferramenta importante às organizações porque
fornece um exame de fatos consumados e pode contribuir para a otimização de procedimentos
atuais e futuros. Logo, a auditoria é considerada fundamental para um sistema, que completa o
ciclo de controle e constitui a necessária retroalimentação do sistema, de modo a permitir que a
organização mantenha e desenvolva suas capacidades para a prevenção de riscos.

Foto: Shutterstock.com

O foco de uma auditoria sobre um SGSST está direcionado à promoção da saúde e à


preservação da integridade física de todos que interagem com determinado ambiente de
trabalho. A auditoria pode proporcionar elementos para que o processo de tomada de decisão
na administração das organizações seja melhor orientado nos aspectos da segurança e saúde
no trabalho.

Na área de SST, as auditorias são baseadas na ISO 45001:2018 ou na OHSAS 18001:2007, e


são feitas verificações que analisam criteriosamente as adequações de uma empresa à referida
norma. No entanto, uma auditoria interna pode levar em consideração apenas a norma à qual
determinada empresa precisa atender, não sendo necessariamente uma norma ISO, mas, sim,
uma norma interna que permeia suas próprias atividades e possibilita sua adequação às
atividades desenvolvidas.

Quando se realiza uma auditoria do SGSST, existe um interesse em se medir alguns


indicadores de desempenho (eficácia, eficiência e efetividade) e as melhorias alcançadas com
as práticas de gestão. A forma como essas medidas se apresentam depende bastante da
qualidade do mecanismo de auditoria (entrevistas, questionários e acessos a sistemas
integrados de informação) que for empregado, bem como de quem vai realizá-la.

O foco da auditoria será sobre procedimentos, processos e recursos que serão auditados para
saber se estão adequados e se garantem a proteção da segurança e da saúde dos
trabalhadores, como também a prevenção de incidentes e acidentes de trabalho. As
conclusões da auditoria devem determinar se o SGSST implementado está efetivo e ajustado à
política de SST da organização e à promoção da ampla participação dos trabalhadores. É
preciso analisar se a organização está cumprindo as regulamentações e leis nacionais. No
relatório de auditoria, deve constar tudo o que foi apontado quanto a ocorrências verificadas
para que sejam providenciados os ajustes necessários.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. EM 2018, SURGE A NORMA ISO 19011:2018, QUE, ENTRE OUTROS


PROPÓSITOS, PODE SER CONSIDERADA UMA DAS FERRAMENTAS
MAIS IMPORTANTES PARA QUE A LIDERANÇA DE UMA EMPRESA
ACOMPANHE E MELHORE O DESEMPENHO DE SEU SISTEMA DE
GESTÃO. A RESPEITO DESSA NORMA, É CORRETO AFIRMAR QUE:

A) é aplicada somente a sistemas de gestão de saúde e de segurança.

B) estabelece uma série de diretrizes para a realização de auditoria em sistemas de gestão e


pode ser aplicada em todas as empresas e em diferentes poderes dentro da administração.

C) é muito conhecida pelo seu poder de fiscalização, e não como de auditoria.

D) não é preciso competência para trabalhar com a norma.

E) é criticada pelos especialistas pela não inclusão do conceito de risco.


2. MUITOS DIZEM QUE, TALVEZ, UM DOS PROBLEMAS MAIS GRAVES
DAS EMPRESAS ATUALMENTE SEJA A FALTA DE TRANSPARÊNCIA, QUE
PODE TRAZER INÚMERAS CONSEQUÊNCIAS PARA AS TRANSAÇÕES
EMPRESARIAIS E INVIABILIZAR NOVOS NEGÓCIOS E A
COMPETITIVIDADE FRENTE AO MERCADO. ENTRETANTO, PARA
GARANTIR ESSA TRANSPARÊNCIA NOS NEGÓCIOS E AUMENTAR A
CREDIBILIDADE PERANTE TERCEIROS, É FUNDAMENTAL QUE UMA
EMPRESA REALIZE AUDITORIAS. APONTE A ALTERNATIVA QUE TORNA
EVIDENTE A IMPORTÂNCIA DE SE FAZER UMA AUDITORIA.

A) Normalmente, investiga as atividades com profundidade para saber se a empresa cumpre


as especificações definidas pela área de planejamento e se são corretamente aplicadas.

B) Proporciona aumento de produtividade para todos os trabalhadores sempre quando corrige


algum erro ou falha dentro de uma área.

C) Pode ser realizada por colaboradores sem experiência e treinamento no tema auditado.

D) Garante a conquista de clientes em mercados altamente competitivos.

E) É totalmente independente e não segue orientação de uma norma.

GABARITO

1. Em 2018, surge a norma ISO 19011:2018, que, entre outros propósitos, pode ser
considerada uma das ferramentas mais importantes para que a liderança de uma
empresa acompanhe e melhore o desempenho de seu sistema de gestão. A respeito
dessa norma, é correto afirmar que:

A alternativa "B " está correta.

A ABNT NBR ISSO 19011:2018 apresenta diretrizes que são flexíveis, podendo ser utilizadas
por colaboradores em diferentes níveis hierárquicos dentro da empresa.

2. Muitos dizem que, talvez, um dos problemas mais graves das empresas atualmente
seja a falta de transparência, que pode trazer inúmeras consequências para as
transações empresariais e inviabilizar novos negócios e a competitividade frente ao
mercado. Entretanto, para garantir essa transparência nos negócios e aumentar a
credibilidade perante terceiros, é fundamental que uma empresa realize auditorias.
Aponte a alternativa que torna evidente a importância de se fazer uma auditoria.

A alternativa "A " está correta.

O papel de um auditor é realizar a auditoria, durante a qual é feita uma análise criteriosa de
tudo o que envolve a atividade produtiva. Essas atividades devem estar em conformidade com
as normas e a legislação vigente.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como estudamos ao longo de cada módulo, toda empresa, independentemente de seu porte,
de sua cultura ou de seus objetivos estratégicos, deveria considerar a concepção de um
sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. Todos os tipos de recursos existentes,
principalmente relacionados a capitais humanos, devem ser colocados como prioridade dentro
de qualquer negócio. Aliás, é bastante inteligente pensar nesse sentido, pois a situação ideal é
aquela em que todos, após o cumprimento de sua jornada de trabalho, possam retornar para
casa assim como chegaram a seus postos de trabalho.

Rotineiramente, auditorias baseadas em normas deveriam ser empregadas para verificar se


existe algum tipo de não conformidade em locais de trabalho, os quais reúnem uma quantidade
de processos que precisam ser desempenhados para o atendimento dos propósitos comerciais
de uma empresa.
AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
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baseado na OHSAS 18001, para empresas construtoras de edificações verticais. Tese
(Doutorado em Engenharia de Produção) — Departamento de Engenharia de Produção,
Universidade Federal do Pernambuco, João Pessoa, 2002.

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de segurança e saúde do trabalho: requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR ISO 19011: diretrizes para
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FERMAM, R. K. S.; SILVA, D. L.; DE QUEIROZ, A. B. M. M. Desenvolvimento do programa


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FONSECA, I. F. Proposta de um programa de avaliação da conformidade para sistema de


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FONSECA, I. F.; FERMAM, R. K. S. Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho:


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auditoria e as motivações para a implementação dos sistemas de gestão da qualidade
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no trabalho em empresas produtoras de baterias automotivas: um estudo para identificar
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PASQUINI, N. C. Implantação de sistema de gestão de segurança e saúde ocupacional


em duas empresas têxteis. Revista Gestão, Inovação e Negócios, Anápolis, n. 9, 2014, ISSN
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saúde no trabalho em auxílio à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, Revista
de Gestão em Sistemas de Saúde, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 157-172, 2012.

EXPLORE+
Para aprimorar os seus conhecimentos no assunto estudado:

Leia o guia Guidelines um ocupacional safety and health management systems, ILO-
OSH 2001, Geneva, International Labour Office, 2001, e entenda como foram moldados
os princípios de segurança e saúde ocupacional internacionalmente acordados e como
fornecem um instrumento único e poderoso para o desenvolvimento de uma cultura de
segurança sustentável dentro e fora das empresas, beneficiando trabalhadores,
organizações, sistemas de segurança e saúde e meio ambiente.

Busque a dissertação de mestrado intitulada Sistema de gestão da segurança e saúde


no trabalho para empresas construtoras, de Anderson Glauco Benite, USP, 2004, e
veja como os resultados encontrados demonstraram que a implantação de um SGSST
pode trazer melhorias significativas nas condições de trabalho, principalmente quando se
está diante de uma nova cultura que considera a saúde e a segurança no trabalho.

Leia o artigo Cultura e gestão da segurança no trabalho: uma proposta de modelo,


de Anastácio Pinto Gonçalves Filho et al., publicado na revista Gestão da Produção, São
Carlos, v. 18, n. 1, p. 205-220, 2011, e entenda como um modelo pode ser utilizado pelas
organizações para identificar o estágio de maturidade de sua cultura de segurança.

CONTEUDISTA
Fernando Medina

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