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Segurança do trabalho

Estratégias de resolução de problemas

A rotina do técnico em segurança do trabalho (TST) basicamente consiste em


encontrar e resolver problemas ligados à área de segurança e saúde no trabalho
(SST). Para melhor compreendermos o que é considerado um problema, ele é algo
ou alguma situação que necessita ser solucionada.

Cabe ressaltar que, em muitas situações, o problema apresenta uma grande


complexidade em sua resolução. Porém, ele não é impossível, devendo ser
observadas as possíveis soluções e definidas as melhores estratégias para que o
objetivo de solucionar ou minimizar o problema em questão seja alcançado.

Na segurança e saúde no trabalho também há problemas a serem sanados ou


minimizados, sejam eles ligados à exposição ocupacional a fatores de risco, a
ocorrências de acidentes do trabalho ou a doenças ocupacionais, entre outros.
Quando os profissionais da saúde constatam a existência de problemas desse porte,
é necessária a compreensão da profundidade de cada um desses problemas para
diagnosticá-los e determinar onde estão as possíveis falhas, definindo com precisão
quais as melhores estratégias a serem aplicadas para resolvê-los.

Para nos auxiliar na condução da resolução, as principais estratégias utilizadas


para corrigir os problemas são os programas de saúde e segurança no trabalho,
que servem como base para que busquemos constantemente a melhoria e resolução
dos problemas de segurança e saúde, além de serem também uma exigência legal.

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São inúmeros os programas de saúde e segurança do trabalho que devem ser


desenvolvidos e implementados nas empresas. É claro que isso vai depender do
número de funcionários, dos tipos de atividades e das exigências legais em relação a
esses programas.

Alguns programas são comuns para todas as empresas, outros programas


estão diretamente associados às especificidades das atividades desenvolvidas nos
ambientes de trabalho.

Lembre-se sempre da importância das organizações atenderem às questões


que envolvem a segurança e saúde dos colaboradores: para se adequar às
legislações de proteção ao trabalhador, mas muito mais que isso investir no capital
humano da empresa de maneira que esses programas possibilitem a motivação e
qualidade de vida dos trabalhadores e instigar que seus funcionários busquem
hábitos saudáveis e, com isso, prolonguem seu bem-estar, trabalhando mais felizes.

No entanto, para que essas estratégias sejam desenvolvidas, é essencial que


seja identificado e diagnosticado os principais riscos e problemas da empresa que
você está inserido. Muito mais que identificar é primordial ter informações, que lhe
deem subsídios para fundamentar as ações necessárias para atender determinada
realidade e o contexto que a empresa está inserida.

Dentro desse raciocínio, devemos destacar que, antes mesmo de aplicar


conhecimentos técnicos, é necessário que o profissional da área de segurança do
trabalho conheça as peculiaridades da empresa onde ele trabalha e sua “cultura”
relacionada à segurança ocupacional.

A cultura de uma empresa influencia nas atitudes e nos comportamentos de


seus trabalhadores. Logo, isso também reflete nas questões ligadas à segurança e
saúde do trabalho.

A forma de agir e de compreender as coisas é consequência da percepção que


os trabalhadores têm da empresa, e tem relação direta com fatores como indivíduo,
comportamentos e atitudes que os trabalhadores executam na empresa, tendo

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assim relação direta com o trabalho.

Atitudes e percepções não são situações claramente observáveis, pois tratam-


se de algo subjetivo de um indivíduo. Entretanto, comportamentos e ações são
aspectos objetivos e que podem ser mais detectáveis. Dessa forma, assim como é
possível observar esses aspectos, também é possível mensurar de forma direta a
cultura de uma empresa em relação à saúde e segurança no trabalho. Na figura a
seguir, podemos visualizar os três parâmetros que compõem a cultura de segurança
de uma empresa.

Figura 1 – Interações dos aspectos ligados à cultura de segurança


Fonte: Filho, Andrade e Marinho (2011).

É importante, antes das definições de estratégias e soluções para os


problemas de saúde e segurança do trabalho, compreender o nível de maturidade da
cultura de segurança apresentado pela empresa na qual o profissional estiver
atuando. São considerados cinco estágios capazes de melhor identificar qual a
situação de uma organização em relação à cultura de segurança. São eles:

Emergindo

Gerenciando

Envolvendo

Cooperando

Melhoria contínua

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O estágio de maturidade de cultura de segurança pode ser determinado


embasando-se na forma com que a empresa lida com alguns fatores importantes
que colaboram para a formação dessa cultura, tais como:

1. Comprometimento e visibilidade dos gerentes

2. Produção x segurança

3. Aprendizagem organizacional

4. Recursos destinados à segurança do trabalho

5. Participação dos empregados

6. Percepção compartilhada dos empregados sobre segurança do


trabalho

7. Confiança

8. Treinamento

9. Relações industriais

10. Satisfação no trabalho

A figura a seguir ilustra um modelo contento os cinco estágios de maturidade


de uma cultura de segurança.

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Figura 2 – Modelo de estágios de maturidade de cultura de saúde e segurança


no trabalho
Fonte: Filho, Andrade e Marinho (2011).

Após observarmos os diferentes estágios de uma organização em relação à


maturidade da cultura de segurança, é possível perceber que, mesmo que os
problemas que encontrarmos em diferentes empresas sejam iguais, provavelmente
as mesmas soluções não poderão ser imediatamente implementadas de forma igual
ou similar. Primeiramente, é necessário entender o contexto em que essa empresa
se encontra nas questões ligadas à cultura de saúde e segurança no trabalho.

EXEMPLO 1

A empresa A, do ramo de metalurgia, apresentava uma série de acidentes


ocorridos por não uso ou uso incorreto de equipamentos de proteção individual
(EPI). Essa empresa tem como característica ser uma empresa familiar, na qual os
gestores e donos fazem parte de uma mesma família (pai, filhos, sobrinhos etc.).

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O técnico de segurança do trabalho, preocupado com o elevado índice de


acidentes, buscava uma solução para o problema por meio das investigações de
acidentes e de inspeções nos postos de trabalho, conseguindo constatar como
motivo principal dos acidentes as questões de EPIs.

O técnico em segurança do trabalho começou uma campanha com os


funcionários visando aumentar o comprometimento de todos os trabalhadores de
chão de fábrica em relação à cooperação e ao cumprimento dos aspectos de
segurança do trabalho. Contudo, por mais que o profissional se esforçasse, os
índices de acidentes e de desvios encontrados não reduziam, o que de certa forma
desmotivou o profissional.

O que pode estar acontecendo com essa empresa? Por que a conscientização
e a motivação do técnico em segurança do trabalho não atinge esses funcionários?

Conforme dito, os gestores e diretores dessa empresa familiar não são muito
adeptos das questões de saúde e segurança do trabalho e entendem isso como um
gasto desnecessário, pois no começo da empresa, quando ela era menor, não se
gastava tanto com EPIs, treinamentos e adequações. Esse pensamento era
constantemente compartilhado em comentários com os funcionários, pois vários
deles estavam trabalhando na empresa desde o seu princípio e tinham certa
proximidade com os gestores.

Em inspeções regulares do técnico em segurança do trabalho da empresa, o


profissional constatou diretores e gerentes ignorando e pulando cordões de
isolamento, falando ao telefone enquanto transitavam pela fábrica e, apesar dos
inúmeros avisos de utilização obrigatória dos EPIs no local, os gestores não faziam a
utilização de um único EPI daqueles que eram solicitados.

Ao observarmos a figura 2, na qual são demonstrados os estágios de


maturidade da cultura de saúde e segurança no trabalho, é possível perceber que o
primeiro estágio seria atuar de forma ativa para melhorar o cooperação dos gestores
nos quesitos de segurança, pois, se eles mesmos não aderirem à ideia, dificilmente
as ações dos profissionais de segurança serão implementadas, reforçadas por esses

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gestores e absorvidas pelos trabalhadores. É comum ouvir de muitos trabalhadores


que se seu chefe não “faz”, eles não veem propósito em “fazer”, ou seja, se o chefe
não utiliza EPIs, por exemplo, nos locais em que são obrigatórios, esse trabalhador
não se sente no dever de utilizar também.

Em uma análise mais crítica, é possível concluir que as soluções apresentadas


pelo técnico em segurança do trabalho não podem ser consideradas tecnicamente
incorretas. Entretanto, é como se ele tivesse pulado etapas e começado a trabalhar
com soluções mais adequadas para empresas que estivessem em estágios mais
avançados de maturidade de cultura de saúde e segurança no trabalho.

As intervenções baseadas em diagnósticos situacionais são positivas porque


geram decisões fundamentadas em informação e valorizam a participação dos
trabalhadores (CHAVES et al., 2009). Diante da identificação e diagnostico de um
problema de impacto e magnitude dentro de uma empresa é fundamental estimular o
desenvolvimento e a implantação de um programa destinado à prevenção dos
acidentes a partir de estratégias e ações que promovem a saúde e qualidade de vida
dos trabalhadores (SOUZA; MINAYO; FRANCO, 2007).

Identificar as principais causas de adoecimento e acidentes nos ambientes de


trabalho requer um profissional comprometimento e responsável com o seu
processo. Que compreenda a importância e relevância que é implantar um programa
de saúde e segurança no trabalho, que integre a vigilância à saúde do trabalhador
com a segurança no trabalho, envolvendo a participação de técnicos, empregadores
e trabalhadores.

Assim, políticas e programas de saúde, profissionais, empregadores e


trabalhadores poderão agir coordenadamente, modificando o perfil de carência e a
insuficiência das ações de proteção à saúde dos trabalhadores, que continuam
sofrendo no exercício dos seus direitos (CHAVES et al., 2009).

Neste momento, apresentaremos informações, conteúdos e alguns casos reais


que justificam e fundamentam a elaboração dos programas de saúde e segurança
do trabalho. Corroborando, para suas estratégias de implantar programas previstos

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em inúmeras legislações e os elementos requeridos pela legislação aplicável à


instituição ou empresa. Uma vez que as organizações diferem entre si, as políticas
desenvolvidas para uma organização não necessariamente atenderão às
necessidades de outra organização.

Portanto, a partir deste momento você será instigado a elaborar e a negociar os


projetos e programas de maneira que este proponha ações de capacitação para os
profissionais e melhoria dos processos de trabalho.

AVANÇAR (#nr05)

Identificação

É comum que as organizações desenvolvam programas que apenas têm o


caráter de atender uma legislação, mas de fato não fazem uma reflexão sobre os
resultados e impactos que a adequada elaboração de um programa pode trazer de
melhorias e ganhos efetivos para sua empresa e para o clima organizacional.

O reconhecimento da implantação e cumprimento de um programa de saúde e


segurança do trabalho deve ser uma prática que identifique dentro da empresa,
quais são os setores que podem ser mais efetivos por meio de mudança de
comportamento de sua equipe.

A partir de momento que atuamos em uma determinada empresa e


conhecemos o processo de trabalho e os riscos oriundos daquela atividade, temos
como encontrar as lacunas de conhecimento e habilidades dentro das organizações,
para que os futuros treinamentos e capacitações dos programas elaborados sejam
relevantes e atinjam os problemas da organização.

Ter conhecimento dos relatórios e da incidência de acidentes também é um


fator importante na identificação e necessidade de um programa de saúde efetivo. A
organização internacional do trabalho, o Ministério do Trabalho e Previdência e a

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Fundacentro realizam constantes atualizações nas legislações e manuais para uma


prática profissional segura. Estar atualizado sobre os índices e a prevalência de
acidentes e incidentes são fatores que contribuem para a identificação da
necessidade dos programas.

Essa importante etapa da elaboração de um programa de saúde e segurança


visa executar as atividades de forma integrada, bem planejada, antecipando e
controlando os riscos de maneira que os trabalhadores sejam responsáveis e
entendam o seu papel e, possivelmente, atuem como um agente multiplicador,
fomentando cada vez mais a cultura em segurança.

VOLTAR (#nr04)
AVANÇAR (#nr06)

Diagnóstico

Para termos um adequado diagnóstico para a elaboração de programas de


saúde e segurança efetivos necessariamente vamos explorar os documentos e
registros que estão sendo estudados nessa unidade curricular.

Como estamos tratando sobre o diagnostico, precisamos ter subsídios para


embasar e fundamentar a elaboração dos programas de saúde e segurança do
trabalho, programas estes que podem ser de caráter obrigatório ou não.

São inúmeros os documentos que precisam ficar armazenados, arquivados,


registrados e disponíveis no ambiente de trabalho, como é o caso do atestado de
saúde ocupacional, a comunicação de acidente de trabalho, os laudos de
monitoramento, os laudos de calibração e aferição de equipamentos e os formulários
de investigação de acidentes.

É importante frisar que, a partir do ano de 2019, é permitido ser feito


digitalmente o arquivamento de documentos de saúde e segurança do trabalho pelas
empresas, segundo a Portaria n.º 211/2019, que “dispõe sobre a assinatura e a
guarda eletrônicas dos documentos relacionados à segurança e saúde no trabalho”.

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A partir dos registros e informações das atas, laudos e formulários, como o de


investigação de acidentes, tem como mensurar a prevalência de acidentes dentro do
ambiente de trabalho e até mesmo fazer a identificação de adequações no processo
de trabalho.

Ao constatar quais são as principais causas dos acidentes de trabalho a partir


dos registros realizados na empresa, é o primeiro passo para preveni-los e, assim,
promover mais segurança, saúde e qualidade de vida aos trabalhadores e,
principalmente, para elaborar programas que tenham metas e resultados efetivos
para a empresa.

Quando nos depararmos com informações que expressam os números e a


informações como estas, que constam no seguinte quadro, temos condições de
direcionar as ações de elaboração dos programas de saúde e segurança.

Clique ou toque para ampliar a imagem.

(objetos/img1-01.jpg)

Causas de acidentes

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Não utilizar o EPI adequado

Negligência na instrução ao trabalhador

Falta de conhecimento técnico

Atitudes imprudentes

Ausência ou negligência na fiscalização

Não cumprimento de leis trabalhistas

Negligência aos direitos dos trabalhadores

Não manutenção ou não reposição de maquinários


VOLTAR (#nr05)
AVANÇAR (#nr07)

Negociação

Já identificamos e realizamos o diagnóstico para a elaboração dos programas


de saúde e segurança dos trabalhadores, agora vamos à etapa de negociação tanto
com as lideranças quanto com os colaboradores.

O técnico em segurança do trabalho tem um papel importante nesse caso, já


que, é este profissional que negocia com seus superiores para elaborar e implantar
esses programas, que na maioria das vezes gera um custo e requer
comprometimento e pessoas envolvidas. Mas, também é esse profissional
responsável por negociar com os trabalhadores para que todos adotem as boas
práticas implantadas nos programas.

A negociação é uma importante etapa quando nos referimos à elaboração de


programas de saúde e segurança. Para melhor compreensão sobre o tema e suas
particularidades, a seguir será descrito um case prático.

Exemplo 2

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Em uma empresa B, do ramo calçadista, em virtude dos pavilhões antigos da


fábrica e da falta de manutenção na edificação, havia no parque fabril telhas
quebradas e inúmeras goteiras. Os prejuízos disso eram preocupantes, pois, quando
o tempo estava chuvoso, a água atingia as máquinas e os trabalhadores, e havia até
mesmo a perda de produto acabado e a consequente redução da produtividade
nessas situações.

A principal preocupação da empresa era protelar o máximo possível o conserto


dos telhados, por entender que a adequação de uma empresa em todos os
requisitos de saúde e segurança no trabalho para realização de serviços em altura
custaria muito caro. Em um determinado momento, porém, a empresa convenceu-se
de que não havia mais como adiar e resolveu buscar um prestador de serviços.

Os diretores então solicitaram ao técnico em segurança do trabalho quais


características a empresa contratada deveria atender nos aspectos de segurança do
trabalho. Visando garantir o registro de suas recomendações, o técnico em
segurança do trabalho realizou uma lista com os pontos que deveriam ser atendidos
pela prestadora de serviços e encaminhou por e-mail, juntamente com as
adequações necessárias a serem realizadas na própria contratante antes mesmo da
execução do serviço.

Ao se deparem com os orçamentos apresentados pelas empresas que


atendiam a todos os requisitos, a empresa decidiu ignorar as orientações do técnico
em segurança do trabalho e realizou a contratação de uma empresa que não se
enquadrava no perfil, em virtude de o preço ser muito mais acessível. No ato da
contratação, o técnico em segurança do trabalho informou quais os requisitos a
empresa não atendia e por que não havia como realizar permissões de trabalho para
a execução daquele serviço, registrando novamente seu parecer por meio de um e-
mail aos diretores da empresa.

O serviço foi marcado para um final de semana, sem a presença do técnico em


segurança do trabalho e sem a sua liberação. No final do expediente, um dos
funcionários da empresa contratada percebeu que havia esquecido uma ferramenta

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no telhado e retornou para buscá-la, sem EPIs ou procedimentos de segurança.


Neste momento uma telha quebra e o trabalhador cai de uma altura de
aproximadamente 7 metros, vindo a óbito.

Na investigação do acidente e nas conclusões dos órgãos competentes, o


técnico de segurança do trabalho foi isentado de qualquer responsabilidade em
virtude dos registros e das trocas de e-mails em relação ao assunto. Outro ponto
analisado foi que as documentações de segurança e de medicina do trabalho da
contratante e geridas pelo técnico em segurança do trabalho estavam adequadas.

Essa situação prática nos traz a reflexão da importância da realização e


manutenção de todos os registros, relatórios e programas pelo setor de segurança
do trabalho, para que, em casos como o apresentado, o técnico em segurança do
trabalho comprove a seriedade e o comprometimento de seu trabalho.

Nesse momento você já tem informações adequadas para a negociação e,


principalmente, já sabe os benefícios que o desenvolvimento do programa poderá
proporcionar para o ambiente de trabalho, assim, como para a qualidade de vida dos
trabalhadores. Independente de sua força na negociação, você não colocará em
risco nenhum relacionamento que tiver com seus superiores, desde que se comporte
com integridade (PEELING, 2009).

Ainda segundo Pelling (2009), a negociação tem quatro fases distintas, e estas
não são exatamente sequenciais porque a segunda e a terceira tendem a
coincidirem. Contudo, a tendência é que as quatro fases estejam presentes em todas
as negociações, seja na compra de uma máquina, na mudança de um processo ou
na negociação de um acordo para apaziguar uma situação de conflito no ambiente
de trabalho. Essas quatro fases podem durar minutos, horas, dias, semanas ou até
mesmo alguns anos, mas raramente deixarão de existir completamente.

1ª. Preparação: você precisa estabelecer o que chamamos de estrutura para a


negociação, é o contexto no qual o negócio acontece. Em especial, você precisa
descobrir todos os pontos que os envolvidos querem alcançar com a negociação.

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Nessa etapa você deve ter conhecimento de que:

Os acidentes de trabalho são uma das principais causas de


afastamento do campo produtivo, gerando altos custos para a
sociedade. É possível identificar no quadro a seguir a incidência de
acidentes envolvendo mão, punho e dedos. Embora tais números
sejam elevados, muitos casos não são documentados, seja pela
omissão das empresas ou pela informalidade no trabalho.

Traumas de mão frequentemente levam ao afastamento do trabalho,


pois, qualquer lesão na mão, por mais leve que seja, ocasiona grande
incapacidade funcional que pode limitar, de maneira temporária ou
permanente, o indivíduo nas atividades básicas do dia a dia, como
alimentar-se ou cuidar da higiene pessoal, prejudicando de forma
importante sua qualidade de vida.

Esse tipo de lesão em sua grande maioria está relacionado ao seu


processo de trabalho, assim como a fadiga, inexperiência de utilização
das máquinas e uso inapropriado dos dispositivos de segurança entre
outros fatores de risco para acidentes de trabalho.

Diante deste fato e com as informações apropriadas, você tem a possibilidade


de desenvolver um programa voltado aos acidentes de mão, punho e dedos
elaborando estratégias adequadas a realidade da empresa e de seus trabalhadores.

Veja abaixo o anuário estatístico da previdência social – AEPS, com dados de


acidentes de trabalho:

Quadro AEPS sobre acidentes de trabalho (objetos/planilha.pdf)

Fonte: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/aeps-2013-anuario-
estatistico-da-previdencia-social-2013/aeps-2013-secao-iv-acidentes-do-
trabalho/aeps-2013-secao-iv-acidentes-do-trabalho-tabelas/>. Acesso em: 29 ago.
2017.

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2ª. Troca de Informação: segunda etapa, agora você está à frente do seu
superior ou do responsável pela tomada de decisão e é importante trocar
informações e desenvolver um relacionamento no quais ambas as partes se
respeitem.

3ª. Negociação: chegou a hora das propostas e contrapropostas.

4ª. Fechamento e compromisso: nesse momento efetivamos o compromisso


estabelecido perante direto e deveres de ambas as partes.

Para contextualizar melhor a importância da elaboração dos programas de


saúde e segurança no ambiente de trabalho, observe alguns casos de sucesso que
efetivamente trazem bons resultados ao ambiente ocupacional:

Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre segurança


de máquinas e equipamentos

Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre trabalho em


altura

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Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre segurança


de máquinas e equipamentos

Empresa: Aços Favorit

Em 2012, a Aços Favorit Distribuidora, com sede em Cachoeirinha/RS,


iniciou a adequação de máquinas à NR-12. Quatro anos mais tarde, ainda
durante esse processo, a empresa recebeu a visita de auditores fiscais do
trabalho, que interditaram 46 das suas 73 serras-fitas em operação. Esse fato
acelerou o trabalho nesses equipamentos, resultando no case ganhador da
distinção Prata em Segurança de Máquinas e Equipamentos.

Com o título “Vencendo o Desafio de Adaptação em NR-12 para as


Maiores Serras Fitas do Brasil”, o trabalho partiu de uma mobilização completa
da companhia, desde as equipes do SESMT (serviço especializado em
engenharia de segurança e em medicina do trabalho) e da CIPA (comissão
interna de prevenção de acidentes) até operadores e a liderança. O objetivo era
promover as mudanças necessárias para que os maquinários pudessem operar
de forma segura, sem perder a produtividade.

“Antes, as máquinas apresentavam alguns riscos aos operadores. Hoje,


após as melhorias realizadas, quem nos visita vê que estamos muito mais
organizados e padronizados. Porque temos um checklist diário que a equipe faz,
para verificar os itens de segurança”, comparou Jose Clandio Vieira de Souza,
supervisor industrial da Aços Favorit.

A empresa priorizou nesse trabalho duas serras-fitas específicas, com


maior capacidade de corte e que representavam boa parte dos riscos. Uma das
principais dificuldades para o desenvolvimento do case foi a falta de referências
(equipamentos semelhantes) para adaptação à NR-12. Embora a equipe de
saúde e segurança do trabalho tivesse contato com os fabricantes, apenas o

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conhecimento deles não bastava: era necessário unir informações de


fabricantes, exigências e sugestões da legislação e, em especial, a experiência
dos operadores destes equipamentos. Por isso, foram realizadas reuniões com
colaboradores da companhia, seleção de fornecedores, análise preliminar dos
riscos das serras-fitas, estudo de projetos e adaptações necessárias.

“Para a implementação do projeto, nos dividimos em várias equipes, cada


uma cuidando de uma etapa. Contratamos fornecedores para fazer a análise de
risco, documentação, e depois fizemos os projetos, analisamos, liberamos no
Ministério do Trabalho e começamos a colocar em prática cada etapa”,
descreveu Souza.

RISCOS

Durante a análise de risco, foram identificados perigos elétricos por contato


direto de pessoas com partes energizadas das máquinas, solucionados com
procedimentos para bloqueio de energia; e perigos mecânicos, com exposição
de colaboradores a partes das serras que poderiam causar amputações, cortes
e mutilações, além do risco de queda de pessoas da plataforma de operação
dos maquinários e escadas. Várias ações precisaram ser realizadas para mitigar
os riscos mecânicos, como a instalação de sistema de segurança,
monitoramento e parada segura da máquina em caso de falha e bloqueios.

Áreas de risco, restritas a profissionais treinados, foram enclausuradas


com proteções físicas feitas de aço, que só podem ser destravadas com chaves
de segurança específicas. Os maquinários também receberam dispositivos de
emergência, como botões para parada dos equipamentos e interface para
detecção de falhas.

INVESTIMENTO

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Um dos diferenciais foi o investimento. O valor inicial para as duas


primeiras serras-fitas foi de R$ 50 mil e levou um mês para a adequação dos
equipamentos. Entretanto, o projeto de adequação de todas as máquinas à NR-
12 levou quase dois anos, perfazendo um investimento total de R$ 2 milhões.
Com isso, em 2016 já ocorreu um significativo retorno, uma vez que não houve
nenhum registro de acidente neste período. “Com esse trabalho, acreditamos
que os objetivos foram alcançados: a eliminação de riscos para nossos
operadores e a consolidação da imagem da Aços Favorit como uma empresa
comprometida com a segurança dos seus colaboradores”, celebrou Souza.

Após as adequações, auditores fiscais do trabalho aprovaram as


mudanças, liberando as serras-fitas para operação. O trabalho ganhou
visibilidade no Rio Grande do Sul, tornando-se modelo para universidades e
outras organizações. Atualmente, a Aços Favorit recebe, em média, 200 visitas
por ano de profissionais que desejam conhecer o parque fabril e as medidas de
proteção dos maquinários.

Disponível em: <https://protecao.com.br/imp-materia/imp-materia-premio-


protecao-brasil/premio-protecao-brasil-2018-cases-seguranca-de-maquinas-e-
equipamentos/>. Acesso em: 26 ago. 2020.

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Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre trabalho


em altura

Empresa: Hyundai

A grande quantidade de acidentes e mortes causadas por quedas levou o


Ministério do Trabalho a criar uma norma regulamentadora específica para o
trabalho em altura: a NR-35. Com um conceito inovador, a legislação tem
inspirado progressos e redução de acidentes, salientando que as atividades
acima de dois metros do nível inferior só devem ser realizadas quando não
houver uma alternativa mais segura.

O case premiado com a distinção Ouro em 2018, “Altura sem Fronteiras”,


da Hyundai Motor Brasil, de Piracicaba/SP, focou esta recomendação,
eliminando a necessidade de trabalho em altura em diversas situações e
compartilhando conhecimento com entidades parceiras. Quando as atividades
em altura não puderam ser evitadas, houve investimento em medidas de
proteção coletiva e individual, reforço na manutenção e treinamento dos
colaboradores, resultando em zero quedas após a adoção das boas práticas.

A realização de um levantamento e inventário sobre as principais situações


de risco dentro da empresa levou a planta da Hyundai Motor Brasil, de
Piracicaba/SP, a eleger o trabalho em altura como tema para a realização de
melhorias em 2017 e 2018. Este é o segundo ano em que a companhia participa
do Prêmio Proteção Brasil na categoria, e o empenho da equipe de segurança
do trabalho levou a empresa a ser contemplada nas duas últimas edições da
premiação.

Enquanto o foco em 2017 foi o desenvolvimento de EPIs (equipamentos de


proteção individual) que conferissem maior conforto e menor risco aos
trabalhadores, como cinto de segurança e mecanismos de proteção coletiva

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para atividades internas da fábrica, este ano as ações se expandiram, chegando


a áreas externas e até a outras organizações.

“Determinamos algumas prioridades, e a maior foi o trabalho em altura.


Fizemos um inventário e pontuamos todas as situações de risco existentes
dentro da empresa. Lógico que, humanamente, é impossível resolver tudo.
Então, priorizamos as piores situações, e posso dizer que, este ano, 90% do
nosso processo de trabalho foi referente à altura. Foi fruto de todo o
envolvimento e conhecimento que adquirimos nos últimos anos”, contou
Francisco Antônio Mergulhão, especialista em segurança do trabalho na
Hyundai Motor Brasil.

Junto aos colegas do Departamento de EHS (meio ambiente, saúde e


segurança) da fábrica – gerente, engenheiro de segurança, técnicos de
segurança, estagiários, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, técnicos
de enfermagem, ergonomista, fonoaudióloga, analista e engenheiros ambientais
–, Mergulhão desenvolveu alternativas simples e inteligentes para reduzir a
necessidade de trabalhos em altura. Um exemplo foi a confecção de um cesto
metálico para içamento de peças durante atividade de manutenção para troca
de chaminés no telhado. Anteriormente, o trabalho era realizado por um
funcionário, que precisava subir e descer da chaminé levando as peças.

CRIATIVIDADE

Para as atividades esporádicas, como troca de lâmpadas e manutenção


dentro de escritórios, a companhia encontrou outra solução criativa. Como
nesses locais não existem pontos de ancoragem, foi desenvolvida uma escada
elétrica, que garante mais estabilidade aos serviços de manutenção. Os
andaimes, usados apenas em situações que não comportam sustentação de
piso para plataformas elevatórias, também foram alvo de manutenção
preventiva.

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“Hoje, para um funcionário realizar uma atividade em altura, precisa de


muitas ações preventivas, pois existe risco de morte e acidentes graves.
Também há barreiras no comportamento dos colaboradores, como baixa
escolaridade e falta de maturidade quanto à gestão de riscos. Desenvolvemos
soluções adaptadas para a empresa, pois não existe receita de bolo”, comentou
o especialista em segurança do trabalho.

TREINAMENTO

Além do trabalho preventivo realizado em andaimes, plataformas de


trabalho, transporte de carga, escadas, carregamento de caçambas, subida e
descida de caminhão, a equipe da Hyundai reforçou a capacitação dos
trabalhadores envolvidos, difundindo conhecimento técnico e mudanças no
comportamento. Os conteúdos e as práticas ministrados tomaram como base
legislações a exemplo da NR-35, normas da ABNT e recomendações de
agências internacionais como OSHA (que é a Agência Europeia para a
Segurança e Saúde no Trabalho) e ANSI (traduzido literalmente como Instituto
Nacional Americano de Padrões).

O resultado desta aposta no conhecimento foi zero acidentes com trabalho


em altura no último ano. De acordo com Mergulhão, essa marca é uma
conquista de todos, mas não seria possível sem o envolvimento das lideranças
da companhia no Brasil. “Nosso diferencial é que estamos de olho na legislação,
informações e reportagens referentes a acidentes, portarias e normas novas. O
tema gestão do trabalho em altura é recente, de 2012. Existiam outras normas
que abordavam o trabalho em altura antes, como a NR-18 e a NR-34, mas a
NR-35 melhorou muito essa situação de acidentes, promovendo mudanças em
relação ao trabalho em altura”, citou o profissional, lembrando que a fábrica da
Hyundai em Piracicaba foi inaugurada em 2012 e, portanto, as atividades
desempenhadas no local sempre contaram com o respaldo da normatização do
MTE sobre trabalho em altura.

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Inspirado pelas boas práticas e pelo reconhecimento alcançados em 2017,


o time da empresa resolveu compartilhar suas ideias. “O interessante em nosso
trabalho foi a ação que deu nome ao case: altura sem fronteiras. Não ficamos só
dentro da Hyundai, fomos para outras empresas do segmento, parceiras
nossas. Fomos até o Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas, Fundições e Similares
de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras) e levamos a experiência bem-
sucedida que implantamos na Hyundai. Acho isso muito positivo porque, às
vezes, a ideia que achamos que era fácil para nós, pode não ser para os outros.
Foi uma troca de ideias. Não que essas instituições não fizessem prevenção,
mas ficaram com uma visão mais ampla do que pode ser feito com os
funcionários e dentro da empresa, evitando quedas”, concluiu Mergulhão.

Disponível em: <https://protecao.com.br/imp-materia/imp-materia-premio-


protecao-brasil/premio-protecao-brasil-2018-cases-trabalho-em-altura/>. Acesso
em: 26 ago. 2020.

Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre


segurança de máquinas e equipamentos
Empresa: Aços Favorit

Em 2012, a Aços Favorit Distribuidora, com sede em Cachoeirinha/RS, iniciou a


adequação de máquinas à NR-12. Quatro anos mais tarde, ainda durante esse
processo, a empresa recebeu a visita de auditores fiscais do trabalho, que
interditaram 46 das suas 73 serras-fitas em operação. Esse fato acelerou o trabalho
nesses equipamentos, resultando no case ganhador da distinção Prata em
Segurança de Máquinas e Equipamentos.

Com o título “Vencendo o Desafio de Adaptação em NR-12 para as Maiores


Serras Fitas do Brasil”, o trabalho partiu de uma mobilização completa da
companhia, desde as equipes do SESMT (serviço especializado em engenharia de

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segurança e em medicina do trabalho) e da CIPA (comissão interna de prevenção de


acidentes) até operadores e a liderança. O objetivo era promover as mudanças
necessárias para que os maquinários pudessem operar de forma segura, sem perder
a produtividade.

“Antes, as máquinas apresentavam alguns riscos aos operadores. Hoje, após


as melhorias realizadas, quem nos visita vê que estamos muito mais organizados e
padronizados. Porque temos um checklist diário que a equipe faz, para verificar os
itens de segurança”, comparou Jose Clandio Vieira de Souza, supervisor industrial
da Aços Favorit.

A empresa priorizou nesse trabalho duas serras-fitas específicas, com maior


capacidade de corte e que representavam boa parte dos riscos. Uma das principais
dificuldades para o desenvolvimento do case foi a falta de referências (equipamentos
semelhantes) para adaptação à NR-12. Embora a equipe de saúde e segurança do
trabalho tivesse contato com os fabricantes, apenas o conhecimento deles não
bastava: era necessário unir informações de fabricantes, exigências e sugestões da
legislação e, em especial, a experiência dos operadores destes equipamentos. Por
isso, foram realizadas reuniões com colaboradores da companhia, seleção de
fornecedores, análise preliminar dos riscos das serras-fitas, estudo de projetos e
adaptações necessárias.

“Para a implementação do projeto, nos dividimos em várias equipes, cada uma


cuidando de uma etapa. Contratamos fornecedores para fazer a análise de risco,
documentação, e depois fizemos os projetos, analisamos, liberamos no Ministério do
Trabalho e começamos a colocar em prática cada etapa”, descreveu Souza.

RISCOS

Durante a análise de risco, foram identificados perigos elétricos por contato


direto de pessoas com partes energizadas das máquinas, solucionados com
procedimentos para bloqueio de energia; e perigos mecânicos, com exposição de

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colaboradores a partes das serras que poderiam causar amputações, cortes e


mutilações, além do risco de queda de pessoas da plataforma de operação dos
maquinários e escadas. Várias ações precisaram ser realizadas para mitigar os
riscos mecânicos, como a instalação de sistema de segurança, monitoramento e
parada segura da máquina em caso de falha e bloqueios.

Áreas de risco, restritas a profissionais treinados, foram enclausuradas com


proteções físicas feitas de aço, que só podem ser destravadas com chaves de
segurança específicas. Os maquinários também receberam dispositivos de
emergência, como botões para parada dos equipamentos e interface para detecção
de falhas.

INVESTIMENTO

Um dos diferenciais foi o investimento. O valor inicial para as duas primeiras


serras-fitas foi de R$ 50 mil e levou um mês para a adequação dos equipamentos.
Entretanto, o projeto de adequação de todas as máquinas à NR-12 levou quase dois
anos, perfazendo um investimento total de R$ 2 milhões. Com isso, em 2016 já
ocorreu um significativo retorno, uma vez que não houve nenhum registro de
acidente neste período. “Com esse trabalho, acreditamos que os objetivos foram
alcançados: a eliminação de riscos para nossos operadores e a consolidação da
imagem da Aços Favorit como uma empresa comprometida com a segurança dos
seus colaboradores”, celebrou Souza.

Após as adequações, auditores fiscais do trabalho aprovaram as mudanças,


liberando as serras-fitas para operação. O trabalho ganhou visibilidade no Rio
Grande do Sul, tornando-se modelo para universidades e outras organizações.
Atualmente, a Aços Favorit recebe, em média, 200 visitas por ano de profissionais
que desejam conhecer o parque fabril e as medidas de proteção dos maquinários.

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Disponível em: <https://protecao.com.br/imp-materia/imp-materia-premio-


protecao-brasil/premio-protecao-brasil-2018-cases-seguranca-de-maquinas-e-
equipamentos/>. Acesso em: 26 ago. 2020.

Prêmio Proteção Brasil 2018 – Case sobre


trabalho em altura
Empresa: Hyundai

A grande quantidade de acidentes e mortes causadas por quedas levou o


Ministério do Trabalho a criar uma norma regulamentadora específica para o trabalho
em altura: a NR-35. Com um conceito inovador, a legislação tem inspirado
progressos e redução de acidentes, salientando que as atividades acima de dois
metros do nível inferior só devem ser realizadas quando não houver uma alternativa
mais segura.

O case premiado com a distinção Ouro em 2018, “Altura sem Fronteiras”, da


Hyundai Motor Brasil, de Piracicaba/SP, focou esta recomendação, eliminando a
necessidade de trabalho em altura em diversas situações e compartilhando
conhecimento com entidades parceiras. Quando as atividades em altura não
puderam ser evitadas, houve investimento em medidas de proteção coletiva e
individual, reforço na manutenção e treinamento dos colaboradores, resultando em
zero quedas após a adoção das boas práticas.

A realização de um levantamento e inventário sobre as principais situações de


risco dentro da empresa levou a planta da Hyundai Motor Brasil, de Piracicaba/SP, a
eleger o trabalho em altura como tema para a realização de melhorias em 2017 e
2018. Este é o segundo ano em que a companhia participa do Prêmio Proteção
Brasil na categoria, e o empenho da equipe de segurança do trabalho levou a
empresa a ser contemplada nas duas últimas edições da premiação.

Enquanto o foco em 2017 foi o desenvolvimento de EPIs (equipamentos de


proteção individual) que conferissem maior conforto e menor risco aos trabalhadores,
como cinto de segurança e mecanismos de proteção coletiva para atividades

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internas da fábrica, este ano as ações se expandiram, chegando a áreas externas e


até a outras organizações.

“Determinamos algumas prioridades, e a maior foi o trabalho em altura.


Fizemos um inventário e pontuamos todas as situações de risco existentes dentro da
empresa. Lógico que, humanamente, é impossível resolver tudo. Então, priorizamos
as piores situações, e posso dizer que, este ano, 90% do nosso processo de
trabalho foi referente à altura. Foi fruto de todo o envolvimento e conhecimento que
adquirimos nos últimos anos”, contou Francisco Antônio Mergulhão, especialista em
segurança do trabalho na Hyundai Motor Brasil.

Junto aos colegas do Departamento de EHS (meio ambiente, saúde e


segurança) da fábrica – gerente, engenheiro de segurança, técnicos de segurança,
estagiários, médicos do trabalho, enfermeiros do trabalho, técnicos de enfermagem,
ergonomista, fonoaudióloga, analista e engenheiros ambientais –, Mergulhão
desenvolveu alternativas simples e inteligentes para reduzir a necessidade de
trabalhos em altura. Um exemplo foi a confecção de um cesto metálico para
içamento de peças durante atividade de manutenção para troca de chaminés no
telhado. Anteriormente, o trabalho era realizado por um funcionário, que precisava
subir e descer da chaminé levando as peças.

CRIATIVIDADE

Para as atividades esporádicas, como troca de lâmpadas e manutenção dentro


de escritórios, a companhia encontrou outra solução criativa. Como nesses locais
não existem pontos de ancoragem, foi desenvolvida uma escada elétrica, que
garante mais estabilidade aos serviços de manutenção. Os andaimes, usados
apenas em situações que não comportam sustentação de piso para plataformas
elevatórias, também foram alvo de manutenção preventiva.

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“Hoje, para um funcionário realizar uma atividade em altura, precisa de muitas


ações preventivas, pois existe risco de morte e acidentes graves. Também há
barreiras no comportamento dos colaboradores, como baixa escolaridade e falta de
maturidade quanto à gestão de riscos. Desenvolvemos soluções adaptadas para a
empresa, pois não existe receita de bolo”, comentou o especialista em segurança do
trabalho.

TREINAMENTO

Além do trabalho preventivo realizado em andaimes, plataformas de trabalho,


transporte de carga, escadas, carregamento de caçambas, subida e descida de
caminhão, a equipe da Hyundai reforçou a capacitação dos trabalhadores
envolvidos, difundindo conhecimento técnico e mudanças no comportamento. Os
conteúdos e as práticas ministrados tomaram como base legislações a exemplo da
NR-35, normas da ABNT e recomendações de agências internacionais como OSHA
(que é a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho) e ANSI
(traduzido literalmente como Instituto Nacional Americano de Padrões).

O resultado desta aposta no conhecimento foi zero acidentes com trabalho em


altura no último ano. De acordo com Mergulhão, essa marca é uma conquista de
todos, mas não seria possível sem o envolvimento das lideranças da companhia no
Brasil. “Nosso diferencial é que estamos de olho na legislação, informações e
reportagens referentes a acidentes, portarias e normas novas. O tema gestão do
trabalho em altura é recente, de 2012. Existiam outras normas que abordavam o
trabalho em altura antes, como a NR-18 e a NR-34, mas a NR-35 melhorou muito
essa situação de acidentes, promovendo mudanças em relação ao trabalho em
altura”, citou o profissional, lembrando que a fábrica da Hyundai em Piracicaba foi
inaugurada em 2012 e, portanto, as atividades desempenhadas no local sempre
contaram com o respaldo da normatização do MTE sobre trabalho em altura.

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Inspirado pelas boas práticas e pelo reconhecimento alcançados em 2017, o


time da empresa resolveu compartilhar suas ideias. “O interessante em nosso
trabalho foi a ação que deu nome ao case: altura sem fronteiras. Não ficamos só
dentro da Hyundai, fomos para outras empresas do segmento, parceiras nossas.
Fomos até o Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material
Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas, Fundições e Similares de Piracicaba, Saltinho e
Rio das Pedras) e levamos a experiência bem-sucedida que implantamos na
Hyundai. Acho isso muito positivo porque, às vezes, a ideia que achamos que era
fácil para nós, pode não ser para os outros. Foi uma troca de ideias. Não que essas
instituições não fizessem prevenção, mas ficaram com uma visão mais ampla do que
pode ser feito com os funcionários e dentro da empresa, evitando quedas”, concluiu
Mergulhão.

Disponível em: <https://protecao.com.br/imp-materia/imp-materia-premio-


protecao-brasil/premio-protecao-brasil-2018-cases-trabalho-em-altura/>. Acesso em:
26 ago. 2020.
VOLTAR (#nr06)
AVANÇAR (#nr09)

Considerações finais

Como podemos identificar muitas empresas elaboram programas de segurança


e saúde voltados para o atendimento aos requisitos legais, atuando de forma reativa
e não apresentando resultados significativos.

Esse fato pode ser decorrente de não se adotar uma visão sistêmica na
abordagem da gestão de segurança e saúde no trabalho, e não ponderar os efetivos
resultados que a elaboração de um programa pode trazer para empresa e qualidade
de vida do trabalhador.

A identificação, diagnóstico e negociação da elaboração de programa de saúde


e segurança deve ser interesse das empresas, governo, trabalhadores e da
sociedade, tanto pelos elevadíssimos custos que os acidentes de trabalho geram,
quanto pelos aspectos sociais e humanos que envolvem.

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Portanto, as empresas e empregados devem considerar o desempenho em


segurança e saúde no trabalho como um dos componentes fundamentais para a
mudança cultural e melhorias na qualidade de vida dos trabalhadores.

VOLTAR (#nr07)

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