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Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Por uma Cultura de Segurança
nas Organizações
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Apresentar o tema cultura de segurança visando à proteção e prevenção dos trabalhadores
e dos meios ambientes de trabalho;
• Apresentar a organização e as normativas para construção de Sistema de Gestão de Ergonomia;
• Apresentar a organização e as ações do Comitê de Ergonomia.
UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
A construção cultural dentro de uma organização tem uma variação muito grande,
uma vez que existem ao longo do tempo muitas mudanças (vendas, troca de gestores,
de diretores, de proprietários etc.). Por isso a cultura da organização é progressivamente
construída pelas interações dos indivíduos no curso da história, determinando as maneiras
de fazer e pensar do grupo como um todo (ROCHA; VILELA, 2021).
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Quadro 1 – Estágios de Maturidade
Gonçalves Filho et al. (2011) organiza uma proposta para que as equipes de saúde e se-
gurança das organizações possam criar a estratégia de implantar o modelo desenvolvido:
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Para refletir, a cultura de segurança somente pode ser observada em organizações que
têm compromissos prévios. Fleming (2001) descreve um alerta de que o seu modelo de cul-
tura de segurança somente é aplicável em organizações que atendam aos seguintes critérios:
Importante!
• Tenha um adequado Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho;
• A maioria dos acidentes de trabalho não é causada por falhas técnicas;
• Atenda às leis e normas sobre segurança do trabalho;
• A segurança do trabalho é dirigida para evitar acidentes.
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algumas ferramentas e métodos aplicados à ergonomia, dentre os vários existentes.
Todavia, neste contexto, compreender a forma de execução, seus estágios e a condução
da negociação são fundamentais para o sucesso das ações ergonômicas.
O Sistema de Gestão visa organizar uma empresa por meio da identificação dos pro-
cessos de uma organização, identificando-se entradas e saídas, deve-se estabelecer um
sistema de controle – verificação a fim de criar dados “vivos” sempre atualizados – que
permita aos líderes tomarem decisões objetivas e efetivas. Todo e qualquer conjunto de
normas e procedimentos que a organização seja sistêmica pode ser considerado um sis-
tema de gestão. O conjunto de normas e procedimentos mais conhecidos são as normas
da série ISO 9000.
Em 1994, houve uma revisão nas normas ISO 9000. Nessa época, a indústria auto-
mobilística mundial vivia um cenário em que cada região era precedida por um sistema:
• VDA: Sistema alemão;
• AVSQ: Sistema Italiano;
• EAQF 94: Sistema francês;
• GM, Chrisler, Ford: (big 3) – QS – Norma certificável.
A ISO TS 16.649 foi uma harmonização dos requisitos na norma e de outros sis-
temas vigentes no segmento (VDA, AVSQ, EAQF 94, QS) e surge conceitualmente
atualizada, pois se baseia na revisão 2000 da ISO com foco em gestão por processos.
A ISO TS 16.649 conta, além dos requisitos da norma, com a seção de “Requisitos
específicos do cliente” que são, basicamente, o atendimento às normas internas do cliente
como simbologia, nomenclatura, características críticas, especificações, regime de quali-
ficação de fornecedores etc.
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• Determinar o escopo geral da auditoria, a norma de sistema da qualidade, ou docu-
mento que deve ser seguido;
• Receber o relatório de auditoria;
• Determinar o acompanhamento a ser adotado.
ISO série 14.000 – Gestão Ambiental: A ISO 14.001 é uma norma de, relativamente,
simples aplicação, mas, em um dos seus requisitos, pede-se que siga as legislações am-
bientais vigentes no local da unidade a ser certificada. No caso do Brasil, são mais de
80.000 leis relacionadas ao meio ambiente. Deve-se considerar também a hierarquia
das leis: municipal, estadual e federal que, em muitos casos, são divergentes. Deve ser
aplicada a lei mais rígida independentemente da hierarquia das leis. A norma consiste
basicamente em três pontos:
• Levantamento dos aspectos e impactos ambientais;
• Classificação dos riscos relacionados aos impactos ambientais (pode ser FMEA);
• Estabelecimento de planos para que esses aspectos sejam identificados e controlados,
além da aplicação de toda legislação vigente.
A organização deve ter um plano de atendimento a emergências (fogo, explosão,
contaminação etc.), deve-se responder à questão: qual o dano que vai causar ao meio
ambiente se isso acontecer? O plano de atendimento à emergência deve contar, inclusive,
com simulações.
Você Sabia?
Hoje, o país que mais certifica a norma ISO 14.001 (gestão ambiental) e a ISO 50.000
(gestão de energia) é o Japão.
Existem outras normas que não pertencem à família ISO, mas são igualmente certi-
ficáveis:
• Normas de segurança: OHSAS – abordada mais profundamente, ainda nesta
unidade. A partir de dezembro de 2017, a norma que conhecemos como OHSAS
18.001 integrará a família ISO com o nome de ISO 45.001;
• Responsabilidade social: SA 8.000 (norma criada a partir do “escândalo da Nike”,
quando veio a público a submissão do ser humano ao trabalho escravo – regime de
escravidão – sem condições dignas de trabalho);
• PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat): o
programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat foi uma forma do go-
verno federal brasileiro fazer com que a indústria da construção civil se preocupasse
com qualidade e produtividade. As construtoras (e não incorporadoras) que seguem
todos os elementos da norma do PBQP-H ganham o direito de usar o selo de quali-
dade, após passar por auditoria de organismo certificador devidamente qualificado.
O PBQP-H segue a norma ISO revisão 2000 (com ênfase em gestão de processos).
A empresa que possui a certificação PBQP-H consegue financiamento de todo seu
empreendimento com recursos do governo sem precisar dispor de recursos próprios
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que, muitas vezes, pode ser a fronteira entre o sucesso e o fracasso de construtoras de
qualquer porte.
Gestão da Ergonomia –
Comitê de Ergonomia
Trocando Ideias...
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a indicação de um modelo de aplicação de
gestão da ergonomia, é importante ressaltar que a gestão da ergonomia é necessária
quando a organização mobiliza recursos para promover a integração, mais harmônica
possível, entre homem, sistema e ambiente. Apesar de termos afirmado, anteriormente,
que a ergonomia deve propor um “modelo um mental” no sentido de ser uma forma de
pensar e agir no emprego e fora dele, nesse contexto, o modelo sugerido de gestão da
ergonomia dedica-se a uma organização, seja manufatureira, ou de serviços. O modelo
proposto oferece um “caminho” ao sistema de certificação internacional de saúde e se-
gurança do trabalho, que, a partir de dezembro de 2017 será “rebatizado” e passará a
integrar a família ISO com a identificação de ISO 45.001.
Sugere-se que “Gestão da ergonomia” seja um processo maior a ser implantado em fases:
• 1º Fase: Início do processo;
• 2º Fase: Ciclo de melhoria – atuação;
• 3º Fase: Desenvolvimento em longo prazo.
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Sugere-se, ainda, que a implantação da primeira fase, denominada “Início do Processo”,
seja feita a partir dos 5 pilares:
• 1º Pilar: Apoio da alta administração;
• 2º Pilar: Treinamentos;
• 3º Pilar: Participação dos funcionários;
• 4º Pilar: Estruturação do serviço médico;
• 5º Pilar: Estruturação administrativa.
Importante!
Deve ser solicitado apoio ao staff e promover a assinatura de Declaração de Princípios de
Atuação Ergonômica.
2º Pilar – Treinamentos
A organização deve promover treinamentos sobre conhecimentos gerais em ergono-
mia, tais como:
• Situações atuais da empresa;
• Processo de gestão;
• Participação efetiva.
Participação na identificação de problemas e identificação de soluções mais adequa-
das (8 horas para engenheiros e técnicos, 4 horas para encarregados e líderes e de 1 a
2 horas para funcionários).
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Constituição do Comitê de
Ergonomia – COERGO
• Ações do Comitê: identificar problemas ergonômicos, implantar soluções realizando
mudanças para reduzir ou eliminar riscos (causas de desconforto, fadiga e lesões)
aplicando princípios da ergonomia, validar dados e acompanhá-los periodicamente;
• Nº de Comitês de Ergonomia: depende da organização da empresa, da relação
matriz x filiais, dos riscos ergonômicos existentes e, caso haja, dos processos indus-
triais diferenciados;
• Nº de Integrantes do Comitê: em média, 8 membros (4 representantes da empresa
e 4 representantes dos funcionários). Para empresas de grande porte, são recomen-
dados de 10 a 12 integrantes, a fim de evitar dificuldades operacionais (encontros,
discussões etc.);
• Coordenador do Comitê: profissional da área operacional (engenheiro, técnico
operacional, supervisor, gerente etc.). O coordenador deve ter, dentre suas com-
petências, respeito para com os demais colegas, boa articulação ao lidar com os
representantes dos funcionários e alta gerência. Deve interessar-se por problemas
ergonômicos que eventualmente demandem aprovação orçamentária, negociação e
aprovação de investimentos. O coordenador deverá abrir e fechar a reunião, manter
o foco na discussão, garantir a participação de pessoas envolvidas, garantir a for-
mação do consenso e poderá, eventualmente, convocar pessoas para participar de
reuniões do comitê ou projetos;
• Líder de Ergonomia: encarregado de assumir problemas de natureza ergonômica
de cada setor, ele deve ter um perfil criativo e comunicativo;
• Representante dos Funcionários: deve ser indicado pela chefia, ter interesse nas condi-
ções de trabalho, ser capaz de identificar problemas ergonômicos e ser um porta-voz,
além de poder selecionar em cada projeto o auxílio de um funcionário do setor;
• Secretário Executivo do Comitê: ocupa uma função estratégica e deve ter um bom
senso de organização. Verificar, antes da reunião, se a sala está pronta e os ma-
teriais necessários disponíveis. Tomar nota das discussões utilizando uma folha de
evolução do processo de ergonomia;
• Ata da Reunião: determinar data, horário de início e término, local e itens a serem
discutidos. A pauta da próxima reunião deve ser elaborada e afixada em quadro de
avisos. As atas das reuniões devem ser distribuídas, e o registro com problemas de
acompanhamento deve ser mantido. Deve ser tomado como base o plano de ação
desenvolvido. Dever ser mantido o foco durante as reuniões;
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• Integrantes Complementares: escolher um representante ligado à área com maiores
problemas ergonômicos, identificando problemas junto aos integrantes da CIPA;
• Profissionais de Saúde e Segurança: devem, obrigatoriamente, participar das reuniões
do comitê, mesmo não sendo integrantes efetivos;
• Engenheiros de Diversas Áreas: experiência em projetos e “re-projetos” devem par-
ticipar das soluções;
• Consultor de Ergonomia: interno ou externo.
Os membros do comitê devem ser devidamente treinados e qualificados na prática
da análise ergonômica e na dedução de soluções adequadas. O período de treinamento
deve ser de 40 horas teórico e prático. O conteúdo programático deve conter: conceito
de ergonomia, estrutura da coluna vertebral, patologias da coluna vertebral, LER/DORT,
princípios da ergonomia, acessórios ergonômicos, antropometria, ferramentas de análise,
posturas corretas domiciliares e no trabalho e, atividades e ações do Coergo.
O comitê deve ser oficializado junto à alta administração, deve ter legitimidade e ser
de conhecimento de todos. Deve haver uma minuta oficializando o Comitê.
As reuniões devem ser regulares, em intervalos fixos, sempre na mesma hora e local.
Em média, 1 hora a cada 15 dias. O secretário deve informar previamente sobre a pro-
gramação da reunião.
Os membros do comitê devem sempre ser capazes de relacionar todos os principais pro-
blemas analisados, os problemas atuais, grau de prioridade e encaminhamento do momento.
O comitê deve estar alerta e aberto aos problemas novos por meio de uma adminis-
tração dinâmica e eficiente. As inspeções e questionamentos periódicos são importantes.
Deve ser elaborado um formulário de acompanhamento de problemas.
• 1º fase: Início do processo;
• 2º fase: Ciclo de melhoria – Atuação;
• 3º fase: Desenvolvimento em longo prazo.
O ciclo de melhoria dos processos de atuação, propriamente dito, pode ser feito em
6 passos:
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Figura 1
V. Documentar as soluções:
Riscos, recomendações, planos de ação, evolução das medidas adotadas e validação
dos funcionários sobre a solução adotada.
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II. Aperfeiçoamento da Documentação Evidenciada:
Deve ser criado um arquivo comparativo em vídeo. Os formulários devem ser arqui-
vados. Deve, também, ser documentado o problema identificado e a solução aplicada.
Deve haver uma organização de pastas por setor.
V. Auditoria Periódica:
Aspectos levantados: registro de entrada de processos, análise ergonômica, perio-
dicidade de reuniões do comitê, presença dos membros às reuniões, oficialização das
mudanças dos membros do comitê, análise dos problemas em categorias, verificação e
acompanhamento.
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Em Síntese
Para uma boa atuação da equipe do Sistema de Gestão Integrado, deve-se sempre buscar
a antecipação do previsível e enfrentar o imprevisto, para isso as equipes precisam estar
formadas para atuar com a resiliência que é um sistema que busca “a capacidade de ante-
cipar, de detectar precocemente e de responder adequadamente a variações do funciona-
mento do sistema no que diz respeito às condições de referência, visando minimizar seus
efeitos sobre a estabilidade dinâmica” (DANIELLOU et al., 2010). Os trabalhos relacionados
à segurança sistêmica mostram que essa resistência depende de dois componentes:
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Como produzir indicadores de segurança confiáveis?
https://https://youtu.be/mwiA1QY9SNI
Como medir a Segurança no Trabalho?
https://youtu.be/0kTxU03q4x0
“Safety Differently”, o Filme. Apresentado por Sidney Dekker
https://youtu.be/iy1g1hqwBhU
Leitura
Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança Industrial
https://bityl.co/7s8z
O Essencial da Cultura de Segurança
https://bityl.co/7s8w
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Referências
DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Fatores Humanos e Organizacionais
da Segurança Industrial: um estado da arte. Traduzido do original Facteurs Humains
et Organisationnels de la Sécurité Industrielle por ROCHA, R.; LIMA, F.; DUARTE, F.
Número 2013-07. Cadernos da Segurança Industrial, ICSI, Toulouse, França, 2010.
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