Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NOSSA EXPERIENCIA
Resumo: Essa publicação tem como objetivo compartilhar a experiência do Hospital Monte Sinai na
realização de rondas de segurança nas unidades assistenciais, contribuindo para o desenvolvimento
da cultura de segurança do paciente, buscando encorajar a comunicação aberta entre as equipes
multiprofissionais e o envolvimento da alta direção nas ações de segurança do paciente, estreitando a
distância dos profissionais com a Alta direção do Hospital.
Abstract: This publication aims to share Monte Sinai Hospital's experience in conducting safety
rounds in the care units, contributing to the development of the patient safety culture, seeking to
encourage open communication between multidisciplinary teams and the involvement of senior
management in actions of patient safety, narrowing the distance of professionals with the Senior
Management of the Hospital.
_______________________________________________________________
Rondas pela Segurança do Paciente, também conhecidas como Walk Rounds ou Executive
Round são iniciativas propostas pelas organizações de saúde que buscam desenvolver a cultura de
segurança do paciente. Trata-se de uma intervenção que envolve a Alta Direção diretamente com os
(1)
profissionais assistenciais da linha de frente. Executivos ou líderes seniores visitam áreas de
atendimento de pacientes com o objetivo de observar e discutir incidentes ou potenciais riscos à
(2,3)
segurança do paciente, além de apoiar a equipe na abordagem de tais situações.
A segurança do paciente, como dimensão da qualidade do cuidado em saúde, é tema de
destaque em todo o mundo. Danos causados durante o processo assistencial têm implicações
significativas na morbimortalidade e qualidade de vida dos pacientes em todos os contextos de
assistência à saúde, além de afetar negativamente a imagem das instituições e dos profissionais de
(4)
saúde, constituindo-se assim um grave problema de saúde pública .
Na busca por estratégias que de fato garantam uma assistência segura aos pacientes,
partilhar de uma cultura de segurança positiva emerge como um requisito essencial a ser
desenvolvido e aprimorado nas instituições de saúde. Organizações consideradas de alta
confiabilidade, como a aviação e indústria petrolífera têm enfatizado a cultura de segurança como um
(5)
fator chave para a manutenção dos seus excelentes desempenhos .
(6)
Cultura de Segurança foi conceituada pela Health and Safety Comission , como o produto
de valores, atitudes, percepções, competências e padrões de comportamentos individuais e de grupo,
os quais determinam o compromisso, o estilo e a proficiência da administração de uma organização
com a gestão da segurança. Organizações com uma cultura de segurança positiva são
caracterizadas por boa comunicação entre os profissionais, confiança mútua e percepções comuns
sobre a importância da segurança e da efetividade das ações de prevenção.
Uma instituição com uma cultura de segurança fortalecida é reconhecida, quando todos os
trabalhadores, incluindo profissionais envolvidos no cuidado e gestores, assumem responsabilidade
pela sua própria segurança, pela segurança de seus colegas, pacientes e familiares, quando a
segurança é priorizada acima de metas financeiras e operacionais, quando os profissionais são
encorajados e recompensados a identificar, notificar e resolver problemas de segurança, quando
promove o aprendizado organizacional a partir da ocorrência de um incidente e quando proporciona
(7)
recursos, estrutura e responsabilização para a manutenção efetiva da segurança .
(8)
A cultura punitiva ainda é muito presente nas instituições de saúde . A ideia de que o
profissional de saúde não pode errar, está disseminada na sociedade e entre os profissionais. O
movimento pela segurança do paciente aponta para as deficiências do sistema, em sua concepção,
organização e funcionamento como as principais responsáveis diante da ocorrência de um incidente,
ao contrário de culpar o profissional isoladamente, afinal, não se pode mudar a condição humana,
mas é possível modificar as condições de trabalho, criando defesas no sistema (9).
As Rondas pela Segurança do Paciente têm como objetivo desenvolver a cultura, criando um
ambiente acolhedor que proporcione segurança psicológica e busque encorajar a comunicação
aberta e transparente entre os profissionais de linha de frente com envolvimento da Alta Direção. A
alta direção possui o poder de decisão primordial para promover a melhoria da qualidade e o sucesso
(10)
da implementação das metas de segurança do paciente . Desse modo, faz-se necessário, que os
integrantes desta administração apoiem o desenvolvimento de ações e processos e se envolvam de
(11)
forma direta nas questões relacionadas ao cuidado seguro . O apoio da alta direção perpassa pelo
processo de reconhecimento e entendimento da importância da atuação do Núcleo de Segurança do
Paciente (NSP) nas instituições hospitalares, pois ela é a responsável pela nomeação e composição
do NSP, conferindo aos seus membros, autoridade, responsabilidade e poder para executar as ações
(12)
do Plano de Segurança do Paciente (PSP) .
Esta iniciativa ainda é incipiente no Brasil e estudos de relato, impacto e desafios de sua
implantação são restritos na literatura científica. Diante disto, este artigo tem como objetivo relatar a
experiência da implantação de Rondas pela Segurança do Paciente. Sua relevância está em
compartilhar este desafio, auxiliando os serviços de saúde no planejamento e execução desta
atividade.
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 72 apontamentos gerados no Walk Round foi gerado um plano de ação para ser discutido
na reunião do Núcleo de Segurança do Paciente – NSP, nesse plano foram propostas 68 ações de
melhoria, 82% dessas ações foram concluídas e 18% estão em andamento.
Os resultados analisados mostram também que a maioria das ações propostas visando a
segurança do paciente foram implementadas, revelando o comprometimento da instituição com a
segurança do paciente. O envolvimento da Alta Direção, o comprometimento das lideranças e dos
membros do Núcleo de Segurança do Paciente foram fundamentais para a conclusão das ações
propostas e para disseminar a cultura de segurança do paciente no ambiente hospitalar.
Identificado que a implementação do round, apresenta implicações positivas para a
comunicação efetiva, reduzindo riscos e falhas nos processos de cuidado, podendo ser considerada
boa prática no que tange à segurança do paciente. Evidenciamos após análise e discussão dos
resultados, com base em planilhas gerenciais, referente ao ano de 2017 e 2018, redução no número
de notificações de incidentes, sendo essa em 18,2% e redução na incidência de eventos adversos
correspondendo a 27,7%. Tal evidência demonstra que os Rounds vêm contribuindo para o alcance
de um ambiente mais seguro.
Ações futuras para nossos Rounds, incluem feedback às áreas após tratativa dos
apontamentos, como forma de estimular a participação dos profissionais nas discussões durante os
rounds, realização do Round em plantão noturno, em áreas administrativas e apoio, como o
laboratório de análises clínicas, nutrição, lavanderia, para consolidar a cultura de segurança do
paciente.
O estudo tem como limitação ser um relato da área hospitalar, porém o mesmo poderá servir
de inspiração para atenção básica e clínicas diagnósticas trilharem o caminho da segurança do
paciente.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. WEAVER S. J.; LUBOMKSI L. H.; WILSON R. F. et al. Promoting a Culture of Safety as a Patient
Safety Strategy: A Systematic Review. Ann Intern Med. 2013;158:369–374. Disponível em:
https://doi.org/10.7326/0003-4819-158-5-201303051-00002. Acesso em 16 nov. 2019.
2. FRANKEL A, GRILLO S.P.; PITTMAN M.; THOMAS E.J.; HOROWITZ L.; PAGE M. et al Revealing
and resolving patient safety defects: the impact of leadership WalkRounds on frontline caregiver
assessments of patient safety. Health Serv Res2008432050-66.
3. THOMAS E.J.; SEXTON J. B.; NEILANDS T. B.; FRANKEL A.; HELMREICH R.L. The effect of
executive walk rounds on nurse safety climate attitudes: a randomized trial of clinical units. BMC
Health Serv Res. 2005 Apr 11;5(1):28. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15823204. Acesso em 16 nov. 2019.
4. National Patient Safety Foundation (US). Free from Harm: Accelerating Patient Safety Improvement
Fifteen Years after To Err is Human. Boston; 2015.
5. HUDSON P. Applying the lessons of high risk industries to health care. Qual Saf Health Care. 2003
Dec;12 Suppl 1:i7-12.
6. Health and safety commission (UK). ACSNI Human Factors Study Group. Third report. Organising
for safety. London: HMSO; 1993. p. 23.
7. Ministério da Saúde (BR), Fundação Oswaldo Cruz, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (BR).
Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente [Internet]. Brasília,
2014. [citado em 2018 ago 30]. Disponível em:
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/documento-de-
referencia-para-o-programa-nacional-de-seguranca-do-paciente. Acesso em 16 nov. 2019
8. REIS C.T.; PAIVA S.G.; SOUSA P. The patient safety culture: a systematic review by
characteristics of Hospital Survey on Patient Safety Culture dimensions. Int J Qual Health Care. 2018
May 8. doi: 10.1093/intqhc/mzy080. [Epub ahead of print] PubMed PMID: 29788273.
9. REASON J. Human error: models and management. BMJ. 2000 Mar 18; 320(7237): 768-770. doi:
10.1136/bmj.320.7237.768
10. MACEDO T.R.; ROCHA P.K.; TOMAZONI A.; SOUZA S.; ANDERS J.C.; DAVIS K. The culture of
patient safety from the perspective of the pediatric emergency nursing team. Rev Esc Enferm USP.
2016;50(5):756-62. Disponível em doi: https://doi.org/10.1590/s0080- 623420160000600007. Acesso
em 8 nov. 2019
11. SILVA A.C.M.R.; LOURES P.V.; PAULA K.X.; SANTOS N.A.R.; PERÍGOLO R.A.; Importância do
núcleo de segurança do paciente: um guia para implantação em hospitais. Rev Educ Meio Amb
Saúde. 2017 [citado 2018 jul 25];7(1):87-109. Disponível em:
http://www.faculdadedofuturo.edu.br/revista1/index.php/remas/article/ view/134/205. Acesso 8 nov.
2019.
12. Ministério da Saúde (BR). Portaria n° 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de
Segurança do Paciente. Brasília (DF); 2013.