Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
realidade da assistência à saúde Pacientes com maior expectativa de vida, com múltiplas comorbidades,
prestada no mundo e no Brasil. com maiores demandas de cuidado.
Nunca foi tão importante moldar uma cultura voltada para o cuidado seguro e de
qualidade. Só assim estaremos nos preparando para enfrentar as consequências de
longo prazo da pandemia, que ainda são o horizonte a ser desvendado, para as
prováveis novas epidemias e para essa nova forma de cuidar que vem se apresentando.
Ele deve ser nomeado formalmente pelo diretor técnico do hospital e seus
membros tem autoridade e responsabilidade de estruturar e cumprir o plano
de segurança do paciente.
Plano de Segurança
do Paciente
Ele deve ser estruturado em 04 partes:
Sejam realizadas reuniões periódica mensais com dia e horário fixo e duração previamente bem definida.
Seja preparada antecipadamente listagem de incidentes notificados no mês anterior com breve descrição.
SEMPRE REGISTRAR A REUNIÃO EM ATA COM AS AÇÕES DEFINIDAS COM SEUS RESPECTIVOS
RESPONSÁVEIS E DATAS EM DESTAQUE AO FINAL. UTILIZAR PADRÃO DE ATA OBJETIVA. REGISTRAR OS
PARTICIPANTES EM LISTA DE PRESENÇA.
Gerenciamento de riscos e de
eventos adversos.
Por ser um sistema complexo multimodal com a maioria das tarefas sendo
realizadas por pessoas para pessoas, a assistência à saúde é considerada
um sistema de alto risco, tal qual a aviação e a indústria nuclear. Por conta
deste perfil não conseguiremos controlar ou eliminar completamente os
riscos assistenciais nas organizações de saúde. Nos resta adotar estratégias
robustas de reconhecimento dos riscos principais, implementar barreiras
consistentes de segurança e reduzir ao máximo a chance de danos aos
pacientes e nos prepararmos para lidar com as consequências destas
ocorrências.
Ativa – quando buscamos os pontos críticos para a ocorrência de falhas antes que elas
acontecerem. Isto pode ser feito por meio de mapeamentos dos riscos nas áreas,
reuniões de brainstorm para levantamento de possíveis incidentes de segurança entre
outras estratégias.
Reativa – quando tomamos conhecimento das falhas após elas acontecerem por meio
das notificações de eventos adversos, auditorias de prontuário, análises de óbitos, busca
ativa de infecções.
Tolerar Classificar
Identificar
Eliminar Probabilidade Priorizar Atuar
o risco
Reduzir x impacto
Gerenciamento de riscos de forma reativa – a partir de eventos adversos
Objetivo principal é aprender com os erros
Análise de Identificação
Notificação do Prevenção
Investigação fatores de oportunidades Planos de
evento de eventos
do evento determinantes de melhorias Ação
adverso sistêmicas futuros
e contribuintes
Fonte: Patient Safety Incident Reporting and Learning Systems-Technical report and guidance. WHO 2020
Incidentes relativo à
Segurança do Paciente
Ref: Adaptado pela autora do Patient Safety Incident Reporting and Learning System: Technical report and
guidance. WHO, 2020
Como definir e implementar
metas e protocolos de segurança.
A segurança do paciente é algo tão relevante para a qualidade da assistência prestada que a
Organização Mundial da Saúde OMS – declarou a década de 2021 a 2030 com a década da
segurança do paciente.
Além disso ela vem incentivando desde 2004 a partir da Aliança Mundial para a Segurança do
Paciente a adoção de uma série de práticas de segurança a partir dos grupos de eventos
adversos mais frequentes no mundo.
Outro ponto de mudança foi o foco na higiene das mãos e não no risco de infecções
relacionadas a assistência – ação com maior impacto e efetividade para a redução de infecções
em pacientes internados, alinhado ao primeiro desafio global e segurança do paciente: Mãos
limpas, cuidado mais seguro.
As metas de segurança do paciente são conjuntos de ações cuja a
adoção geram impacto positivo comprovado cientificamente.
Conheça o perfil de pacientes: idade, sexo, principais motivos de internação, principais queixas no pronto socorro,
principais procedimentos cirúrgicos realizados, principais eventos adversos ocorridos.
Conheça o perfil dos colaboradores: idade, sexo, tempo de casa, tempo de formado, formação técnica
Conheça o perfil dos médicos da instituição e outras informações que possam interferir a implementação das metas
de segurança do paciente.
Todas estas informações irão apontar para quais protocolos e metas os esforços deverão ser direcionados. Não temos
condições de implementar todas as metas de segurança do paciente de uma vez só. Devemos começar pela mais
relevante para a organização.
Cada protocolo ou meta de segurança precisa ser adaptada à realidade da organização. Ela deve ser desenhada de
acordo com os fluxos e processos existentes nos setores.
Devem ser estabelecidos os locais em que cada etapa deve ser cumprida e o profissional responsável por cada
tarefa.
Muitas vezes também haverá a necessidade de adequar processos para que as ações sejam cumpridas conforme a
recomendação.
É importante a atenção aos detalhes para evitar condições que possam dificultar o cumprimento das práticas de
segurança referentes àquela meta. Ex: dispenser de álcool gel longe do trajeto mais frequente feito pelos
profissionais de saúde, sistemas de informação com dificuldades de acesso, etc.
Todas as adequações necessárias devem ser registradas e as informações devem ser utilizadas para a elaboração do
protocolo.
3.Elaborar os protocolos de segurança
Toda meta de segurança do paciente após a identificação dos pontos de adaptação necessários deve ser traduzida em um protocolo.
Ele deve descrever o passo a passo das ações a serem realizadas com as especificidades da organização. Este documento deve ser
conciso, objetivo e estar disponível para consulta nas áreas em que for aplicável. Se possível o passo a passo deve ser apresentado
também em fluxograma.
Nele devem estar definidos as formas de monitoramento da adesão e dos resultados. Nem toda meta de segurança terá um indicador
direto. Podemos monitorar lançando mão de outras estratégias de verificação como auditorias internas, auditorias de prontuários,
observação direta, ferramenta de gatilho, etc.
Mas atenção! Fique atento para a quantidade de trabalho extra que cada protocolo pode gerar. Devemos buscar que ele aconteça
como parte do dia a dia da assistência.
4.Planejar a implantação
É bem frequente que as organizações, após a estruturação dos protocolos, simplesmente disponibilizem o documento e informem seus
colaboradores como devem ser executadas as tarefas a partir daquele momento, sem planejamento algum. No entanto, a
implementação é a operação assistida, ou seja a realização das tarefas com supervisão voltada para aquela prática. Então é
importante que haja um planejamento para garantir que os materiais estejam disponíveis, que as adequações necessárias estejam
implantadas, que os colaboradores sejam treinados apropriadamente e que haja envolvimento da força de trabalho nessa nova prática.
Considere na implantação momentos de sensibilização das equipe para deixar claro os motivos e benefícios do protocolo apresentado.
Mas atenção! O período de planejamento deve ser curto. O foco deve ser na implantação de fato.
5- Não subestimar o tempo de implantação.
A implantação de um novo protocolo é a gestão de mudança de processos e de comportamento das equipes. É um conjunto de ações
delicado que requer cuidado, planejamento e tempo. Muitas variáveis interferem nesse processo como envolvimento das lideranças,
tamanho da organização, maturidade organizacional para a gestão da qualidade.
O período não pode ser muito extenso porque pode-se perder o foco ao longo do tempo, nem muito curto porque pode comprometer o
engajamento dos colaboradores nas novas práticas propostas.
6- Realizar a implantação por equipes ou por plantões utilizando os ciclos de melhoria para ganhar efetividade.
Comece por um plantão ou uma equipe. Coloque em prática o planejado. Avalie o que funciona e o que não funciona. Corrija o que for
necessário e então implante em mais plantões. Faça novamente o mesmo processo.
Sua preocupação deve ser identificar e corrigir as falhas rapidamente e em menor escala. Tudo o que não queremos é identificar um
problema grave quando o protocolo já estiver sendo utilizado em toda organização.
O envolvimento dos
colaboradores nas práticas de
segurança e o impacto de uma
liderança participativa.
No mundo de hoje as pessoas, principalmente as novas gerações de profissionais, não cumprem
tarefas porque foi dada uma ordem. É preciso que a mudança faça sentido para elas, que haja
uma justificativa plausível e que ela compreenda os motivos pelos quais estão sendo adotadas
novas formas de trabalho. Nós não somos capazes de convencer ninguém que não queira ser
convencido, portanto mostre as vantagens do novo protocolo não só para os pacientes mas
também para os colaboradores – O óbvio precisa ser dito! Não basta só apresentar o que fazer,
mas como e por que fazer.
É preciso que haja estratégias de sensibilização dos colaboradores, pois cada profissional tem
um motivo para aderir à nova prática. Devemos considerar estas abordagens sob três
perspectivas distintas: racional, emocional e operacional.
Perspectiva racional:
Mostre o impacto da não adoção daquele protocolo. Mostre os números reais e quando possível
mostre os números da própria organização.
Não implemente vários protocolos ao mesmo tempo e cuidado com o número de mudanças
simultâneas. O ser humano é resistente a mudanças por natureza.
Cultive o senso de equipe entre os profissionais e ofereça espaços e momentos onde eles podem
conversar sobre as questões de segurança do paciente sem julgamento.
Perspectiva operacional
Prepare o ambiente para que seja mais fácil fazer o certo. Quando a situação muda o
comportamento muda.
Forme hábitos. Seja consistente nas reuniões de discussão, na verificação das ações, nas
orientações dadas e no feedback dado às equipes em relação a adesão e os resultados dos
protocolos.
Elogie abertamente os comportamentos desejados. Fale sobre ele sempre. Faça com que outras
pessoas queiram aderir aquela nova prática, gerando efeito de manada.
Um engajamento efetivos das equipes nas práticas de segurança do paciente depende
diretamente do perfil da liderança.
O líder precisa abandonar a postura de dar ordens e distribuir tarefas e adotar uma postura
participativa, buscando transformar a realidade e o ambiente da organização.
Esse perfil sabe mediar conflitos e implementar as melhores estratégias para a solução de
problemas O respeito e valorização dos profissionais deve ser uma prioridade. Ele busca eliminar
os entraves para que sua equipe execute um bom trabalho e se apresenta nos momentos de
crise, sempre liderando pelo exemplo a partir de atitudes e comportamentos, não
necessariamente com a execução das atividades.
O líder não precisa ser o melhor na operação. Ele precisa saber ouvir, ponderar e conduzir sua
equipe no melhor caminho. Deve promover a autonomia e conquistar respeito de seus liderados.
Outra habilidade importante é trabalhar o senso de pertencimento dos profissionais. Promover
uma melhor comunicação e interação entre eles e ir a fundo no trabalho em equipe. Esta
abordagem comprovadamente traz mais segurança nos processos de trabalho. O entendimento
de que profissionais capacitados, comprometidos e dedicados também falham deve partir da
liderança.
Estratégias e ferramentas para
promover as melhorias no cuidado.
Para que a melhoria do cuidado seja efetiva é importante termos foco e sermos bastante objetivos
nas ações que serão realizadas. Para isso existem estratégias e ferramentas já validadas que
facilitam e muito nosso trabalho. É claro que as ações poderiam ser realizadas sem esse suporte,
mas o tempo gasto e a chance de se perder no caminho seriam bem maiores.
Como utilizar:
Como utilizar:
Reunir uma equipe comcerta autonomia de decisão operacional (não muito grande);
Cada uma das ações deve ser incluída numa linha - na coluna O QUE;
A partir daí se responde cada pergunta de cada coluna de forma objetiva e clara;
Como utilizar:
Profissionais que não se sentem seguros dificilmente conseguem oferecer um cuidado seguro.
Portanto o respeito, a transparência e o fortalecimento da comunicação e dos feedbacks são
fatores imprescindíveis para o envolvimento da força de trabalho na segurança e qualidade do
cuidado.
Abordagens como a realização de reuniões diárias rápidas para apresentação dos desafios do
dia em relação a segurança do paciente (chamados huddles), a comunicação estruturada de
informações críticas (como o SBAR) e reuniões frequentes para discussão de problemas e
alinhamento de processos de trabalho tem sua eficiência e efetividade comprovadas.
Em se tratando de Segurança do Paciente ainda temos muito a evoluir, mas o passo mais
importante já foi dado: você decidiu aprender a respeito!
Boa sorte no seu trabalho de formiguinha e conte com o Portal Qualificação nessa caminhada.
Abraços
Maria Carolina Moreno