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INSTRUMENTAÇÃO, BIOSSEGURANÇA E MEIOS DE

CONTRASTE

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3

2. GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS 7

BIOLÓGICOS 7

3. PRINCIPAIS AGENTES INFECCIOSOS, FORMA DE TRANSMISSÃO E


PREVENÇÃO 9

4. LIMPEZA 14

5. ESTERILIZAÇÃO 15

6. DESINFECÇÃO 16

7. TIPOS DE RESÍDUOS 22

8. MANEJO DOS RSS 23

9. GESTÃO DE RESÍDUOS 28

10. BIOSSEGURANÇA NO USOS DE RADIOISÓTOPOS 29

11. FUNDAMENTOS FÍSICOS 32

SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DEENSINO E PESQUISA E


SEUS RISCOS 38

12. EMISSÕES RADIOATIVAS 43

13. MEIOS DE CONTRASTE 56

14. MATERIAIS E MÉTODOS 59

CONCLUSÃO 61

REFERÊNCIAS 62

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

Trabalhar em um ambiente seguro e longe das variações acerca deacidentes,


deve ser idealizada não apenas pelos gestores de empresas, mascompete a aqueles
que atuam nestas instituições, potencializar a existência deadequada performance de
atuação, respeitando as orientações administrativase ambiente em que estes aplicam
suas atividades laborais. Dessa forma, aimportância da Segurança no Trabalho, faz-
se continuamente necessária comoum fator de prevenção de acidentes e
conscientização por parte de todos oscolaboradores pertencentes as empresas,
independente do seu segmento.
A importância da segurança no trabalho deve ser valorizada epotencializada
diariamente pelas empresas e levada em consideração por meiodo respeito por parte
de seus colaboradores, haja visto a sua relevância. Cadavez mais, as empresas vêm
adotando e implementando suas práticas (rotinasde trabalho), pautando-se no termo
segurança no trabalho e ambiente seguro,primando pela diminuição dos índices de
acidentes de trabalho (NAVARRO;CARDOSO, 2009).
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), na visão deMachado
e Gomez (1994) e Meleu e Massaro (2017), todo dia, em qualquer parte domundo,
cerca de 5 a 8 mil pessoas perdem suas vidas em decorrência de acidentesde trabalho
durante sua atividade laboral. Baseado neste alto índice e com focode garantir a
segurança e prevenir a existência de doenças e acidentes durante aatividade de
trabalho, as empresas devem contar com equipes de profissionaisque estejam a frente
quanto à interpretação do que permeia e orienta a legislaçãosobre segurança no
ambiente de trabalho, suas vantagens, relacionado a questõesde ordem social.
Investir na segurança dos trabalhadores ou equipe, é uma formaou estratégia que
deve ser encarada como um investimento no material humanodas empresas,
contribuindo para o não distanciamento ou afastamento de seuscolaboradores, não
impedindo a produtividade e servindo como motivador aosrespectivos profissionais,
pois estes, certamente se sentirão, além de protegidos,incentivados a desenvolver a
percepção de motivação (COSTA; COSTA, 2010).
Quando a prevenção ao acidente se torna prioridade dentro do ambientede
trabalho, o ambiente fica mais leve, harmonioso, produtivo, engajado e aspessoas se
sentem valorizadas, aumentando as estatísticas de participação dosucesso da
empresa a qual fazem parte. Isso proporciona, também, melhora narelação do elo

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entre os empregados, empregadores e seus afazeres. Quando umcolaborador
percebe que há melhorias no ambiente de trabalho que atua, este,passa a sentir mais
integrado a empresa, passa a confiar mais nos propósitos,objetivos e missão da
empresa e, ainda, a ter mais carinho e respeito com relaçãoaos seus líderes. Tais
fatores possivelmente contribuíram para a aquisição deresultados mais favoráveis,
distanciando a existência do insucesso.
Antes de abordarmos especificamente as questões acerca da
biossegurança,faz-se necessário enfatizarmos a existência de uma reflexão sobre a
relevância daatual inovação. A capacidade de se inovar diariamente, diante das
necessidadesde mercado, independente do segmento que venhamos a atuar, assume
o papelcentral na definição do sucesso ou insucesso das empresas e instituições.
Inovaré gerar, produzir, transmitir uma mensagem, propiciar a facilitação para algoe
explorar de modo sustentável e seguro, novas ideias e/ou ideologias e
novosconceitos. A inovação é demandada em todas as áreas do conhecimento
esegmentos e/ou ramos de atividade.
Para garantir um ou vários diferenciais estratégicos, todas as
empresas,independente do seu segmento, devem seguir as tendências de mercado
einvestir maciçamente em treinamentos, equipamentos e na segurança de
seuscolaboradores. A produção de novas tecnologias é mais rápida a cada dia e
aavaliação de sua utilidade e segurança se torna mais complexa, onerosa e extensano
tempo. Para decidir sobre a utilidade e a segurança de novas tecnologias,
asinformações não podem mais serem tratadas individualmente, sendo
necessárioconstruir redes de informações multidisciplinares, abrangentes,
redundantes, interligadas e, sobretudo, confiáveis do ponto de alta qualidade. Nascem
assim, as redes de laboratórios, que precisam ter procedimentos padronizados e
seguros, para que não haja riscos à saúde e ao ambiente.

Figura 1

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anos, bem como não há formação de recursos humanos sem o amparo
deinformações e atualizações, sendo estas fundamentais, atualmente, em quehá uma
profusão de saberes sobre praticamente tudo. As obras de referência,produzidas por
autores e editores experientes, devem ter, como missão, ir alémda informação. A
construção do conhecimento, envolve a seleção e o descarte deinformações. Por isso,
deve ser conduzido por pessoas e instituições qualificadase imparciais que tenham
por objetivo único, contribuir para o desenvolvimentoeconômico, social e sustentável,
perfeitamente aplicáveis na biossegurança.
Com o aumento de complexidade, quanto aos procedimentos diversosem
atividades técnicas, as quais exigem cuidados especiais e equipamentoscompatíveis
para a proteção dos colaboradores, a fim de evitar danos e aos queutilizam do serviço
circunstantes (pacientes/clientes), bem como ao próprioambiente em geral, a
Biossegurança torna-se uma disciplina cada vez maispresente e necessária. Embora
a palavra Biossegurança, seja usada pelo leigoquase como sendo um sinônimo de
atividades a organismos geneticamentemodificados, o termo é aplicável a todas as
atividades humanas, laboratoriais ouindustriais que envolvam riscos, mínimos ou
aqueles de grande significância, nasegurança alimentar, na manipulação de micro-
organismos, células em cultivo,substâncias químicas, substância tóxicas, explosivos,
investigações clínicas pormeio de laboratórios de imagens, dentre outros (BOSI,
2015).
O autor, supracitado, ainda descreve que o termo risco, é função
daprobabilidade de ocorrência de efeito adverso e da severidade do respectivo
efeito,este efeito pode ser compreendido como dano. Não há atividade alguma em
queo risco seja zero. Por isso, a adoção de medidas preventivas que minimizem

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aincerteza e a educação em serviço, se fazem necessária a fim de identificar,
medir,mitigar e minimizar os riscos e suas ocorrências.

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2. GERENCIAMENTO DE RISCO E DESCARTE DE PRODUTOS

BIOLÓGICOS

O gerenciamento de risco e o descarte de produtos contaminados commaterial


biológico, envolve diretamente a aplicação da biossegurança, ou seja,a condição de
segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas aprevenir, controlar,
minimizar e/ou eliminar os riscos inerentes às atividades quepossam vir a
comprometer a saúde humana, animal, vegetal e do meio ambiente.
A avaliação de risco, incorpora as ações que objetivam o reconhecimento e/oua
identificação dos agentes biológicos contaminados com micro-organismos,os quais
por suas características de maior virulência ou concentração, podemapresentar risco
de infecção a aqueles que a manipulam, no caso, a equipe detrabalhadores da área
da saúde.
Dessa forma, existe a necessidade de se fazer avaliação cuidadosa acercados
agentes infecciosos que possam estar presentes, para classificá-los e manuseá-los
de forma segura, utilizando e estando provido de Equipamentos de ProteçãoIndividual
(EPI) e/ou Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Para tanto, oslocais de trabalho
devem ser classificados de acordo com o nível de segurança,com os respectivos
instrumentos e ambientes de trabalho apropriados em termosde segurança biológica.
O descarte de material biológico, também deve ser de forma
adequada,evitando-se contaminação do local (ambiente de trabalho em saúde) e do
meioambiente. As normas de segurança devem ser rigorosamente seguidas
parapropiciar melhor saúde a todos os que estão envolvidos. Todo serviço de
saúdedeve contar e estar munido com instrumentos como a Norma
Regulamentadoran° 32, a qual traduz os riscos existentes através da orientação
correta. Poderáser obtida em manuais de biossegurança ou com a comissão de
biossegurançainterna (BRASIL, 2011).

RISCOS BIOLÓGICOS
Rambauske, Cardoso e Navarro (2014) e Machi Junior et al. (2014)descrevem
que os riscos biológicos são decorrentes da exposição aos agentesdo reino animal e
vegetal e, ainda, proveniente de micro-organismo ou de seussubprodutos. Entre os
agentes de risco biológico, é possível citar, como sendoos mais importantes:
bactérias, fungos, vírus, protozoários, metazoários, dentreoutros. Tais agentes e/ou

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micro-organismos podem estar presentes sob diversasformas, as quais oferecem
risco biológico às pessoas que entram em contatocom estes, tais como aerossóis,
poeira, alimentos, instrumentos de laboratório,água, cultura celulares, amostras
biológicas (sangue, urina, escarro, secreções),equipamentos médicos, dentre outros.
Os autores supracitados mencionam queos respectivos agentes ou micro-organismos
infecciosos podem ser divididos emgrupos de risco, tais como:
• Grupo de risco 1 (nenhum ou baixo risco individual e coletivo): microrganismo
com muito baixa probabilidade de causar doenças no homem ouem animais.
• Grupo de risco 2 (risco individual moderado ou risco coletivo baixo):
agentepatogênico que pode causar doença no homem ou em animais, mas que
éimprovável que constituam perigo grave às equipes que atuam nos ambientesde
investigação clínica (laboratorial e de imagens), aos animais ou ao ambiente.
A exposição aos agentes infecciosos nesses ambientes, podem causar ougerar
infecção grave, entretanto, existe tratamento eficaz para tal, além danecessidade de
aplicação de medidas de prevenção contínua, e o risco depropagação infecção tornar-
se-á limitado.
• Grupo de risco 3 (alto risco individual baixo risco coletivo): agente patogênicoque,
geralmente, causa doença grave no homem ou no animal, mas que não sepropaga
habitualmente de uma pessoa para a outra. Existe tratamento eficaz,podendo ser
aplicadas medidas de prevenção.
• Grupo de risco 4 (alto risco individual e coletivo): agente patogênico que,geralmente,
causa uma doença grave no homem ou no animal e que pode sertransmitido
facilmente de uma pessoa para outra, direta ou indiretamente.
Nem sempre está disponível tratamento eficaz ou medidas de prevenção.

TRANSMISSÃO DE AGENTES INFECCIOSOS ATRAVÉSDO AMBIENTE


Infecções associadas ao ambiente de investigação clínica, segundoo
entendimento de Oliveira e Maruyama (2008), podem ser ocasionadas etransmitidas
de forma direta ou indiretamente à equipe que lá atua, por meio defontes ambientais,
por exemplo, o ar, os materiais contaminados, os instrumentais(pinças),
equipamentos de uso compartilhado e os aerossóis formados durante
oprocessamento de amostras biológicas em laboratórios de análises clínicas.
Segundo os autores supracitados, felizmente, as infecções associadas
aoambiente de investigação podem ser consideradas raras, porque há uma série

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derequisitos necessários para impedir que essa transmissão ocorra. Esse evento
édenominado cadeia de infecção, em geral, determinado por: presença de
patógenode virulência suficiente, dose infectante elevada do patógeno. É um
mecanismode transmissão do patógeno a partir do ambiente para o hospedeiro, ou
seja, aexistência de uma porta de entrada correta para um hospedeiro suscetível.
Para que a transmissão de uma fonte ambiental seja bem-sucedida, Aranteset
al. (2015), apontam dizendo que todos os requisitos da cadeia de infecção devemestar
presentes. A ausência de qualquer elemento impede a transmissão. Alémdisso, os
agentes patogênicos, em questão, devem superar estresses ambientaispara manter
sua viabilidade, virulência e capacidade de iniciar infecção nohospedeiro.

3. PRINCIPAIS AGENTES INFECCIOSOS, FORMA DE TRANSMISSÃO E


PREVENÇÃO

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Os principais agentes que podem causar ou ocasionar infecção
aostrabalhadores de laboratório de ensino e pesquisa, assim como indústrias
quemanipulam organismos vivos para a produção de medicamentos ou insumos,são
apresentados a seguir, de forma sucinta. Os agentes patogênicos, muitasvezes, estão
em níveis elevados no ambiente de saúde, porém, o processo delimpeza
convencional, muitas vezes, já é suficiente para evitar que ocorra atransmissão
mediada pelo ambiente, bem como a aplicação de hábitos comoa higienização das
mãos que são benéficos. No entanto, é prática geral emserviços investigativos de
saúde usar métodos de esterilização para a remoçãoda transmissão em potencial de
agentes infecciosos dos seus utensílios, comoinstrumentais (ARANTES et al., 2015).

Risco de infecção por agentes bacterianos


O manuseio de agentes infecciosos nos setores de saúde sempre haveráalgum
fator de risco para os que lá atuam, principalmente os que trabalhamcom a assistência
direta. É importante observar as precauções referente a cadaagente e o risco, atrelado
a cada momento em que a assistência em saúde venhaser requisitada, para que esta
seja executada dentro das normas de segurançarequeridas. Segundo Arantes et al.
(2015), é possível classificar as fontes de
Infecção em dois tipos:
1. manuseio de um agente conhecido, para o qual se sabem as medidas deprecaução;
2. manuseio de agentes desconhecidos, particularmente, quando estes
sãomanipulados em laboratórios de pesquisa. Os chamados agentes
novosinesperados, cujas medidas de proteção adequada não estão bem
estabelecidaspelo pouco conhecimento acerca dele.
Mesmo sabendo da existência dessas fontes de infecção, se faz
necessárioestabelecer as precauções a serem tomadas, independente da
classificação de risco.
Em setores de assistência em saúde, segundo o pensamento de Boretti et al.
(2014),a equipe deve estar muito bem entrosada acerca das suas competências e do
seupapel, para evitar a propagação de germes no ambiente em que há a presença
depacientes que possam estar colonizados. O ser humano está susceptível à
aquisiçãode alguns germes, os quais podem potencializar alguns agravos à saúde
destes,colocando em risco a vida do homem, tais como: Staphylococcus spp.,
Streptococcusspp., Enterobacteriaceae e Vibrionaceae – membros dos gêneros

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Campylobacter(Bactérias entéricas que causam diarreia), Mycobacterium
tuberculosis.Staphylococcus spp.
Os estafilococos são bactérias piogênicas altamente adaptáveis quese
apresentam em várias espécies, principalmente o Staphylococcus
aureus,considerado como o mais patogênico, com via de entrada por meio da pele
lesadaou mucosa, sobretudo por profissionais que atuam em laboratórios e
profissionaisda área de assistência à saúde. Os estafilococos podem causar a
chamadasíndrome do choque tóxico, na qual envolve bacteremia, septicemia e
pneumoniaem um terço das vítimas. O estafilococo piogênico está presente na pele
normalàs margens de tecidos lesados. O S. saprophyticus, ao contrário, encontra-se
maisrelacionada a infecções do trato urinário. O S. aureus pode causar lesões
bastantegraves no homem como a osteomielite e a endocardite, em casos de
bacteremias.
Além disso, produz toxinas e enzimas, incluindo as coagulases associadas a
suapatogenia (BORETTI et al., 2014).
Segundo os autores supracitados, os estafilococos podem sobreviveràs
condições ambientais de forma resistente, podendo alojar-se em alimentos,o que se
justifica a utilização de proteção das mãos daqueles que trabalhamna manipulação de
alimentos. As bactérias podem ser carregadas por contatomanual, secreções de
pessoas contaminadas ou portadores nasais. A EnterotoxinaEstafilocócica (SE), é um
grupo de toxinas intimamente relacionada à proteínaextracelular, produzidas por
conjuntos distintos de genes encontrados em umaampla variedade de linhagens de
S. aureus. As toxinas SE ativas, podem estarpresentes em amostras clínicas, fluidos
de lesão, secreções respiratórias ou tecidosde animais de experimentação infectados.
A intoxicação por SE poderá ocorrer com resultado da auto exposiçãoacidental,
tanto das mucosas como pelo contato das mãos contaminadas norosto e nos olhos.
Dessa forma, as mãos devem ser lavadas com frequência ecom cuidado e, ainda, o
ambiente de trabalho deve passar por rigorosa limpeza(descontaminação) das
superfícies onde os pacientes entraram em contato.
Dependendo da avaliação de risco da operação, o uso de máscaras
descartáveispode ser uma medida interessante e necessária para evitar ingestão
acidental(BORETTI et al., 2014).

Streptococcus spp.

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Estreptococos segundo Rossi et al. (2012), são um grupo de bactérias
quepodem ser facilmente carregadas pelas mãos e pela boca e, ainda, transmitidas
poraerossóis e por alimentos contaminados. Os Streptococcus pneumoniase
produzeminfecções localizadas e/ou sistêmicas, principalmente em crianças,
caracterizadaspor resposta inflamatória aguda. Os pneumococos são responsáveis
por cerca de1,5 milhão de casos de pneumonia por ano nos Estados Unidos,
sobretudo entreos que estão acima dos 40 e abaixo de 5 anos de idade.
O ser humano é reservatório do S. pneumoniae. A colonização ocorrena
nasofaringe de indivíduos que o carregam como portadores sadios, nãoapresentando
sinais clássicos de infecção. Os micro-organismos se disseminamde pessoa para
pessoa, sendo os pacientes com anemia falciforme, tumoreslinfáticos, alcoolista,
esplenectomizados (removeram o baço) ou infectados pelovírus da imunodeficiência
humana (HIV), aqueles que ficam mais suscetíveis ainfecções mais graves (FIOLO et
al., 2012; ROSSI et al., 2012)

Bactérias entéricas que causam diarreia


Diarreia é uma das doenças mais comuns em crianças de
paísessubdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil. A presença da
diarreiano humano ocorre quando há existência de falha na absorção ou há excesso
desecreção dos fluidos gastrointestinais. Cerca de 5 milhões de crianças morrema
cada ano por infecção intestinal e desidratação associadas a má nutrição.
As bactérias entéricas, ou presentes em amostras de fezes, podem
contaminarfacilmente quando manipuladas de forma inadequada. As principais
bactérias quecausam diarreia são as da família Enterobacteriaceae e Vibrionaceae e
membros dosgêneros Campylobacter, bem como a Escherichia coli, Salmonella spp.,
Clostridiumperfringens tipo C; de origem viral como Rotavírus e Coronavírus, dentre
outros(PRAXEDES et al., 2013).
Praxedes et al. (2013) fortalecem dizendo que, independentemente doagente
causador da diarreia, a sintomatologia clínica é semelhante para a maioriados casos,
com alteração do aspecto das fezes, desidratação, apatia, anorexia,queda de peso,
desidratação e, muitas vezes, podendo levar ao óbito.

Mycobacterium tuberculosis

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Mycobacterium tuberculosis é transmitida de forma mais comum de pessoaa
pessoa por aerossóis ou, mais casualmente, por ingestão e via percutânea. Éuma
bactéria intracelular que se multiplica nos macrófagos. A tuberculose em sipode ser
primária ou secundária. A primária é mais limitada, sendo a secundária,recrudescente
de uma tuberculose primária. Profissionais que atuam nos maisvariados serviços da
área da saúde como ambulatórios, hospitais, clínicas,farmácias, consultórios e outros,
estão intimamente expostos a contaminação porM. tuberculosis, se não tomarem os
devidos cuidados e não se protegerem comtodos os EPIs recomendados e, desde
que estejam íntegros (ROGERIO et al., 2015).

Risco de infecção por vírus


As infecções por vírus mais frequentes estão relacionadas à contaminaçãocom
vírus transmitidos pela via respiratória (aérea). O trabalho em locais comalta
densidades de vírus, podem ser uma fonte importante de
contaminação(FERRONATO; GILIO; VIEIRA, 2013). Na área de saúde, é possível a
contaminaçãopor acidente com agulhas e material perfurocortante com os vírus da
hepatiteB (HBV) e C (HCV) e, ainda, em alguns casos, contaminação pelo Vírus
daImunodeficiência Humana (HIV), embora a contaminação por acidentes, namaioria
dos casos, seja pouco frequente, sobretudo, com o advento da utilizaçãode materiais
totalmente descartáveis e tubos de coletas e seringas de polipropilenoplástico de alta
resistência (SOARES; ARMINDO; ROCHA, 2014; NUNES et al.,2017).
Historicamente, a hepatite viral tem sido relatada como uma das infecçõesmais
comuns adquiridas entre profissionais que atuam na área da saúde. Entreas hepatites
virais, cinco são as mais comumente adquiridas, a saber: hepatite A,B, C, D e E.
As hepatites do tipo B, C e D são transmitidas, mais comumente,
porcontaminação via material biológico, principalmente aqueles que entraram
emcontato com sangue contaminado. Já, as hepatites do tipo A e E, são
aquelasadquiridas por via oral. A maior precaução deve ser tomada com relação
àshepatites B, C e E, pois, levam ao acometimento (doença) crônico, muitas vezesà
cirrose e até mesmo ao câncer de fígado. Os cuidados básicos ao trabalhar
comportadores dos respectivos vírus, com amostras de sangue ou com
procedimentosque envolvam material perfurocortante, fezes e urina de pacientes com
suspeitade hepatite e outras doenças altamente perigosas, os profissionais devem ter
emmente a importância da utilização de EPIs como avental com manga compridae

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elástico no punho, luvas resistentes e em duplicata, máscara, gorro, óculos
deproteção. Tomar cuidado ao manusear materiais perfurocortantes e descarta-los
em recipientes adequados e jamais reencapar agulhas, bisturis e outrosmateriais
perfurocortantes. Orientações e instruções como estas devem serreforçadas pela
comissão que compõem a equipe da Biossegurança do serviço(NUNES et al., 2017).

LIMPEZA, ESTERILIZAÇÃO, DESINFECÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO


Para a implementação de um programa de biossegurança, é
importantecompreender os princípios de descontaminação, limpeza, esterilização
edesinfecção. Um local de trabalho adequadamente limpo e organizado reduz
osriscos biológicos aos manipuladores. A utilização correta dos produtos de
limpezapara cada finalidade, também é um bom início para evitar os riscos biológicos.
Aseguir, são descritas as definições de limpeza, esterilização, desinfecção,
assepsia,desinfecção e higienização, para que possamos estar familiarizados com
osrespectivos termos.

4. LIMPEZA

O processo de limpeza é um passo crucial para tornar os instrumentosinócuos


e descontaminados. A limpeza manual enérgica com água correntee sabão líquido ou
detergente (neutro), auxilia na eliminação do materialbiológico tais como, sangue,
secreções orgânicas e resíduos teciduais. Osinstrumentos devem ser limpos o quanto
antes depois do uso para se evitara impregnação consistente (formação de crostas).
Quando se deixa materialbiológico, este pode atuar como um meio propício para

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proliferação demicro-organismos residuais, protegendo-os dos efeitos da desinfecção
e daesterilização total (FROTA et al., 2017).
A limpeza manual, quando aplicada de forma minuciosa junto aosinstrumentos,
com água e detergente (sabão neutro) para eliminar todo o materialorgânico, depois
de descontaminação na solução de cloro a 0,5% durante 10 minutosou deve ser
aplicado posteriormente solução alcóolica 70% por meio de flanelas oucompressas,
contribuindo na eliminação dos germes existentes nas superfícies e/ou bancadas,
bem como em equipamentos administrativos, como computadores,os quais são
altamente manipulados. Com relação aos instrumentais, estes devemreceber pré-
lavagem e, posteriormente, devem ser encaminhados a Central deMateriais
Esterilizados para receberem processamento autoclavado, visando aeliminação total
dos germes existentes nestes instrumentos. Deve-se usar umaescova para esfregar
os instrumentos e remover a matéria orgânica, devendoser limpos o quanto antes e
depois do uso, uma vez que estes criam um meiopropício para a proliferação de micro-
organismos. Para lavar os instrumentos,devem ser utilizados EPI adequados para
autoproteção, como luvas, óculos deproteção, avental e outros. Os instrumentos
devem ser enxutos para eliminaçãodos resíduos detergentes (SANTOS JUNIOR et
al., 2018).

5. ESTERILIZAÇÃO

O termo esterilização é definido como o processo de destruição de todos


osmicro-organismos existentes em um instrumento, mediante a exposição a
agentesfísicos ou químicos. O processo elimina todas as formas de vida
microbiana,inclusive os esporos bacterianos. Na prática, considera-se que a
esterilidadefoi obtida se a probabilidade de 1 em 1 milhão. O processo de esterilização

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éfundamental para reutilização e inócua dos instrumentos usados na atençãoclínica.
Quando não existe equipamento de esterilização disponível ou oinstrumento não pode
ser esterilizado, usa-se a esterilização química (desinfecçãode alto nível)
(OURIQUES; MACHADO, 2013).
Qualquer item, dispositivo ou solução é considerado estéril quandoestiver
completamente livre de todos os micro-organismos, incluindo os vírus.
A definição é categórica e absoluta, ou seja, um item é estéril ou não é.
Oprocedimento de esterilização é aquele que elimina todos os micro-
organismos,incluindo um elevado número de endósporos bacterianos (processo que
visagarantir a sobrevivência da bactéria por períodos de estresse ambiental “falha
noprocesso de limpeza e esterilização”) (OURIQUES; MACHADO, 2013).
A esterilização pode ser realizada por calor, gás óxido de etileno, gás,
águaoxigenada, plasma, ozônio e radiação (na indústria ou em produtos químicos).
Em contraste, o procedimento é definido como um processo que é aplicado
eminstrumentos os quais possuem a probabilidade da existência de algum
microorganismo, a fim de evitar que estes germes sobrevivam em algum artigo. Isso
éconhecido como nível de garantia de “esterilidade”. Outro meio de esterilizaçãoé a
esterilização química, a qual poderá ser feita pela imersão de dispositivos,que não
toleram altas temperaturas, em soluções contendo glutaraldeído a 2-4%,por 8 a 10
horas ou em formaldeído a 8%, por um período de 24 horas, podendoser uma opção,
a esterilização a vapor. Ela requer manuseio especial com luvase, assim, os
instrumentos esterilizados devem ser enxaguados com água estérilantes do uso, já
que esses produtos químicos deixam resíduos nos instrumentos(GIL; CAMELO;
LAUS, 2013).

6. DESINFECÇÃO

Com relação ao termo desinfecção, este é geralmente um processo menosletal


do que a esterilização. Este processo elimina quase todos os micro-
organismospatogênicos reconhecidos, mas não necessariamente todas as formas
microbianas,por exemplo: os esporos de bactérias ou fungos em objetos inanimados.

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Referenteao significado de objetos inanimados, estes são os que podem carregar
algumagente ou micro-organismo infeccioso que é capaz de possibilitar a colonização
einfecção aos pacientes. Essas fontes podem ser consideradas como um
potencialimportante de riscos microbiológicos para os profissionais da saúde. São
exemplosdesses meios: bancadas, aparelhos telefônicos, teclados de
computadores,glicosímetros, aparelho de eletrocardiograma, estetoscópios,
aparelhos depressão arterial, termômetros, prontuários físicos (pranchetas), dentre
outros. Adesinfecção não garante o exagero e, portanto, não tem a margem de
segurançaobtida por meio de processos de esterilização (FERREIRA et al., 2015).
Os autores supracitados reforçam dizendo que o processo de desinfecção,é
um procedimento que reduz o nível de contaminação microbiana, mas há amploleque
de atividades que se estendem desde a esterilidade em um extremo a umaredução
mínima do número de agentes contaminantes microbianos. Desinfetantesnão
esporicidas podem diferir em sua capacidade de realizar desinfecção
oudescontaminação.
Alguns germicidas podem matar rapidamente apenas as formas vegetativasde
uma bactéria comum, como estafilococos e estreptococos, algumas formas defungos
e lipídios que possam conter vírus, enquanto outros, são eficazes contraos micro-
organismos relativamente resistentes, como Mycobacterium tuberculosisvar. bovis,
vírus não lipídico e a maioria dos fungos. Quanto ao processo dedesinfecção, este
pode ser subdividido em: desinfecção de nível alto; desinfecçãode nível intermediário;
e desinfecção de nível baixo

Desinfecção de nível alto


Conforme descrevem Ferreira et al. (2015), este procedimento mata
microorganismos vegetativos e inativa vírus, mas não necessariamente um
elevadonúmero de esporos bacterianos. Tais desinfetantes são capazes de
esterilizar,quando o tempo de contato é relativamente longo, por exemplo, por um
períodode 6 a 10 horas. Como desinfetantes de alto nível, eles são usados por
períodosrelativamente curtos, entre 10 a 30 minutos. Trata-se de germicidas
químicosesporicidas potentes. São formulados para o uso (aplicados) em
dispositivosmédicos, mas não são superfícies ambientais como bancadas ou pisos
delaboratórios.

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Desinfecção de nível intermediário
Referente à desinfecção de nível intermediário, este procedimento visaeliminar
micro-organismos vegetativos, incluindo M. tuberculosis e fungos e,ainda, inativa a
maioria dos vírus. Germicidas químicos utilizados neste processo, muitas vezes, são
aprovados pela Environmental ProtectionAgency (EPA) para usocomo desinfetantes
hospitalares, que são também tuberculocidas. Comumente,são usados para
desinfecção de bancadas de laboratório e como parte dacomposição de germicidas e
detergentes utilizados para fins de limpeza.

Desinfecção de nível baixo


Perante a desinfecção de nível baixo, este refere-se a procedimentos osquais
visam eliminar, preferencialmente, os germes (bactérias) vegetativas, excetoM.
tuberculosis, inativando alguns fungos e vírus. A EPA, aprova germicidasquímicos,
utilizados nesse processo, nos Estados Unidos, como desinfetanteshospitalares e
higienizadores.
A falta de implementação efetiva, adequada estrutura física, falta derecursos
materiais, sem apoio dos supervisores engajados e de um programa desegurança no
ambiente de trabalho, pode propiciar um ambiente desconfortávele desfavorável para
a atuação profissional, desencadeando o surgimento deuma atmosfera propicia a
contaminação, deixar vulnerável a proteção daequipe, corroborando para a
potencialização de riscos à saúde de todos ostrabalhadores que lá atuam. A falta de
gestão em segurança de trabalho, deinstalações adequadas e treinamento do
pessoal, gera um ambiente de alto risco,colocando em perigo outros canais que não
têm relação direta com o trabalhodesenvolvido. A redução da exposição aos riscos,
depende do planejamento e daorganização das atividades aplicadas por lá,
conhecimento de agentes e situaçõesde riscos que podem ou não estar evidentes,
medidas de controle e proteção,práticas e procedimentos seguros, e capacitação
continuada de toda a equipe “doadministrativo ao operacional”. Esta deve ser uma
preocupação constante dosresponsáveis.

ENFERMAGEM NO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃODE MATERIAIS


O Centro de Materiais e Esterilização (CME) possui uma história quevem
acompanhando os procedimentos cirúrgicos, a fim de zelar por melhorescondições de
cirurgia e procedimentos invasivos nos cuidados pós-cirúrgicos.

18
Esse setor atua visando à prevenção de infecções, mesmo que
indiretamente,articulando ciência, segurança e qualidade, por meio da equipe de
enfermagem.
O paciente internado dificilmente não necessitará de um procedimentoinvasivo.
A maioria dos micro-organismos que penetra na ferida operatória étransmitida nos
setores críticos, como o Centro Cirúrgico (CC), provenientede um reservatório ou fonte
presente no campo operatório. Dessa forma,quase toda infecção é adquirida durante
o período do transoperatório onde,consequentemente, existe maior exposição do
paciente.
Percebe-se a importância do CME no controle das infecções hospitalares,tendo
em vista que a infecção de sítio cirúrgico é uma das principais complicaçõescausadas
em pacientes que necessitam de procedimentos cirúrgicos, representandoum desafio
para os hospitais no controle e na prevenção. Assim, o instrumentala ser utilizado no
paciente deve ser processado adequadamente, a fim de queesse material não se
torne uma fonte de contaminação e transmissão de microorganismos.
Para que se possam processar adequadamente os artigos – de forma agarantir
a segurança do paciente – é necessário implementar programas deeducação
permanente em saúde que alcancem todos os profissionais queatuam nessa área,
buscando mudanças no processo de trabalho por meio dasensibilização,
engajamento, compartilhamento e aplicação do conhecimentocientífico na prática
profissional, como fator fundamental para o reconhecimentoe a valorização dos
profissionais e no combate à infecção, pois a saúde tem sidoinfluenciada pelos
avanços tecnológicos e indicadores da qualidade dos processos,sendo que os
trabalhadores precisam acompanhar essas mudanças e se tornaremmais
capacitados, subsidiados por valores políticos, culturais e éticos.
A educação permanente em saúde é uma proposta essencial para mudançanos
processos de trabalho e suas relações no setor, oferecendo melhorias naassistência
de enfermagem, buscando o desenvolvimento e o aperfeiçoamentodos profissionais.
Este projeto amplia os espaços de aprendizagem para o própriosetor de trabalho. O
trabalho do enfermeiro do CME é bastante complexo, poisacumula características
técnico assistenciais, como a gestão de pessoas e da áreafísica, atividades privativas
ao setor, manuseio de novas tecnologias, além dacapacidade de visualizar as
necessidades de outras áreas que dependem do seutrabalho.

19
A comunicação e a colaboração da equipe são indispensáveis parao
desenvolvimento de práticas seguras de trabalho. Neste sentido, osprofissionais
devem assumir papéis complementares, compartilhando saberes eresponsabilidades
na resolução de problemas e tomada de decisão.
O desenvolvimento de ações de educação permanente em saúde visadiminuir
possíveis falhas ocorridas nos processos de trabalho, pois a capacitaçãotécnica em
uma área específica facilita a inserção dos trabalhadores e desenvolvea prática
profissional no ambiente de trabalho, contribuindo para a reflexão sobrea importância
de seu trabalho. Compreende-se que a educação permanente é umaestratégia para
que os indivíduos reflitam sobre suas ações e as possibilidades deexercer o cuidado
sem fragmentá-lo em tarefas. Através da educação permanenteem saúde é possível
maior capacitação construída dentro do mundo do trabalho,mediado por valores
políticos, culturais e éticos.
Através da educação permanente em saúde é possível maior
capacitaçãoconstruída dentro do mundo do trabalho, mediado por valores políticos,
culturaise éticos. A educação permanente torna-se parte do processo de cuidado
dosujeito-cuidador. Assim, é necessário existir adesão das instituições de saúde
paraessa proposta, bem como o envolvimento pessoal e profissional de cada sujeito.
Nesse sentido, refletirá na qualidade de vida desse profissional e despertaráos
potenciais de cada sujeito, resultando em produtividade com qualidade esatisfação do
trabalho desenvolvido.
O CME é um setor com diversas peculiaridades, sendo difícil manter aequipe
em sincronia, e uma forma de prevenir essa situação é o desenvolvimentode
programas contínuos de treinamento e aperfeiçoamento dos trabalhadores.
Diante disso, evidencia-se que as atividades envolvidas no trabalho em CME,
podem ser simples, contudo, é essencial para a prestação da assistência dequalidade,
e requer a união de vários conhecimentos, tais como: microbiologia, fisiologia e
química. Para que o material esteja adequadamente preparado precisa-se pensar
como aquele cuidado será́ realizado.
O trabalho da enfermagem em CME tem por objetivo o cuidado indireto,ao
processar, armazenar e distribuir artigos a quem presta o cuidado direto aospacientes.
Para que isso ocorra, precisa- se de instrumentos de trabalho, taiscomo:
equipamentos, materiais, técnicas, normas, capacidade de
comunicação,gerenciamento e conhecimentos científicos, visando disponibilizar

20
artigosseguros. O enfermeiro, como responsável pelo setor e pela sua equipe, deve
realizarações de educação permanente em saúde, a fim de minimizar possíveis falhas
noprocesso de limpeza, preparo, desinfecção, esterilização e acondicionamento
dosartigos, pois influenciam em riscos de infecção hospitalar aos pacientes.
A participação qualificada do enfermeiro no CME é fundamental parafomentar
a produção de conhecimento na área, a fim de promover a transformaçãoe
crescimento profissional, sendo necessário ter base teórica, pedagógica ede
relacionamento interpessoal. Entretanto, a produção científica em CMEnos últimos
anos é escassa, ao passo que os avanços tecnológicos e científicosaumentam a
qualidade e complexidade de informações a todo o momento. Diantedo exposto, é
importante refletir que para o enfermeiro alcançar a valorizaçãoprofissional,
transformar seu espaço de trabalho em um ambiente agradável, ondetoda a equipe
possa sentir-se segura, deve ter seu olhar voltado para valorizaçãodo cuidado,
humanização e estar fundamentado em pesquisas científicas e açõesefetivas de
educação permanente em saúde.
O CME tem papel fundamental no combate às infecções hospitalares.
Paratanto, é necessária a operacionalização adequada desse setor para que se
garantaa qualidade da assistência indireta prestada ao paciente. Assim, esse
estudopermitiu a análise do processo de trabalho dos profissionais de
enfermagematuantes no CC e CME, quanto à esterilização de material cirúrgico e à
valorizaçãoprofissional.
Considerando o processo de esterilização do material cirúrgico é
possívelperceber que alguns profissionais mostram ter algumas informações sobre
asetapas envolvidas no processo, pois não souberam detalhá-las. Nota-se
queemergem dúvidas e inseguranças durante o processo, assim como a certeza de
queo ambiente não é adequado para o desenvolvimento do trabalho,
comprometendoseriamente a eficácia da esterilização.
A importância do enfermeiro na qualificação do trabalho de esterilizaçãode
materiais e na identificação das necessidades de sua equipe, quanto as suasdúvidas
sobre o processo de trabalho no CME, garantem a eficácia dos processos,além de
contribuir para a prevenção de infecções hospitalares.

21
7. TIPOS DE RESÍDUOS

Segundo Brasil (2005), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),


através da Resolução n° 358 de 29 de abril de 2005, recomenda-se a autoclavação
ou incineração para tratamento de produtos infecciosos antes dodescarte, uma vez
que podem gerar e/ou ocasionar dano ao homem e ao meioambiente.

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DESAÚDE


Conforme a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária/ Anvisa – RDC n° 306, de 7 de dezembro de 2004, os resíduosdo

22
Grupo A, podem conter agentes biológicos que, por suas características
eespecificidades, possivelmente apresentam risco de infecção. O gerenciamento
deresíduos de serviços de saúde (RSS) constitui-se em um conjunto de
procedimentosde gestão, planejados e implantados com base em dados científicos e
técnicos, normativos e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos
eproporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de formaeficiente,
visando à proteção dos trabalhadores e à preservação da saúde pública,dos recursos
naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004b).
Sanches et al. (2018) descrevem que o gerenciamento de
resíduos,provenientes dos ambientes de saúde, devem abranger todas as etapas
deplanejamento dos recursos físicos e materiais, e da capacitação dos
recursoshumanos envolvidos no manejo dos RSS. Todo gerador deve elaborar um
planode gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS), baseado nas
suascaracterísticas e na classificação dos resíduos gerados, estabelecendo as
diretrizesde manejo dos RSS. O PGRSS a ser elaborado, deve ser compatível com
as normaslocais relativas à coleta, ao transporte e à disposição final dos RSS, de
acordo coma legislação vigente.

8. MANEJO DOS RSS

Sanches et al. (2018) apontam que o manejo do RSS é entendido comoa ação
de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento,desde a
geração até a disposição final, devendo ser incluso as seguintes etapas:
Segregação, Acondicionamento e Identificação. Os respectivos termos
encontram-se descritos a seguir, para que possamos melhor compreendê-los.

23
• Segregação: consiste na separação dos resíduos no momento e no local desua
geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, seuestado
físico e os riscos envolvidos.
• Acondicionamento: consiste no ato de embalar os resíduos segregados em sacosou
recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura
(punção,perfurante. abertura cortante com profundidade, entretanto, com diâmetro
mínimo) e ruptura. A capacidade de acondicionamento dos recipientes deveser
compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo.
Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco, constituído
dematerial resistente à ruptura e vazamento, impermeável, baseado naNBR
9.919/2000 da ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco(embalagem),
sendo proibido seu esvaziamento e/ou seu reaproveitamento.
Os sacos (embalagens), devem estar contidos em recipientes de
materiallavável, resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida
desistema de abertura sem contato manual, com os cantos arredondados, e
serresistente ao tombamento.
Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e
nassalas de parto, não necessitam de tampa para vedação, conforme sinalizadona
legislação de 13/11/2009.
Os resíduos, quando líquidos, devem ser acondicionados em
recipientesconstituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes,
rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante;
• Identificação: consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimentodos
resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para ocorreto
manejo dos RSS.
A identificação deve estar visível nos sacos de acondicionamento,
nosrecipientes de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte internoe
externo e nos locais de armazenamento, em local de fácil visualização,de forma
indelével, utilizando-se símbolos, cores e frases, atendendo aosparâmetros
referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT, além de outrasexigências relacionadas
à identificação de conteúdo e ao risco específico decada grupo de resíduos.
A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de
transportepoderá ser feita por adesivos, desde que seja garantida sua resistência
aosprocessos normais de manuseio dos sacos (embalagens) e dos recipientes.

24
O grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante constantena
NBR 7.500 da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornospretos.

Figura 2: Símbolos

Embalagem Substância Infectante:

Figura 3

25
Quanto à segregação dos resíduos biológicos, potencialmente infecciosos,
devem ser considerados a partir dos seguintes critérios, a saber:
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com patógenoshumanos.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com agentespatogênicos de
origem animal.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com patógenos deplantas.
• Qualquer material que contenha ou esteja contaminado com DNA recombinanteou
organismos recombinantes.
Para tanto, resíduos laboratoriais e clínicos contendo produtos derivadosdo
sangue e de tecido, culturas de células e outro material potencialmenteinfeccioso
humano ou de primatas, incluindo todas as culturas contendo resíduosinfecciosos de
laboratório potencialmente infecciosos, deverão ser inativados. Ummétodo
recomendado é a esterilização a vapor via autoclave. Apesar da incineraçãoser usada
para peças anatômicas e animais infectados ou inativação químicacomo o tratamento
do lixo doméstico. O armazenamento de resíduo infectantenão inativados, deverá
estar restrito apenas a laboratórios geradores. Resíduosinfecciosos ou patogênicos,
devem ser apenas armazenados em recipientesfechados ou cobertos como
biorresíduos e não podem ser armazenados por umperíodo maior do que 24h.
Recipientes contendo resíduo biológico e caixas cheias,ou parcialmente cheias, não
devem ser mantidas por mais de 30 dias (MENDESet al., 2015).

26
27
9. GESTÃO DE RESÍDUOS

Com relação ao termo resíduo, este pode ser caracterizado por resíduossólidos
e resíduos biológicos. A gestão dos resíduos sólidos urbanos nas cidadesbrasileiras
elaboradas pelo homem, vem se tornando um desafio do ponto devista ambiental em
largas proporções, uma vez que é perceptível a presença deexaustão quanto à vida
útil dos aterros sanitários utilizados, geração de poluiçãoe contaminação do ar,
crescente presença de catadores autônomos em lixões, osquais ficam expostos e
vulneráveis a acidentes, a multiplicação de vetores comoratos, cães e gatos,
tornando-se proliferadores de doenças, a escassez quanto àdisponibilidade de áreas
para a utilização e/ou criação de aterros alternativos,bem como a falta de consciência
para o não desperdício, dentre outros. Osexemplos citados anteriormente, são alguns
dos indicativos palpáveis quesinalizam a necessidade de revisão quanto ao modo do
agir e da forma comodevemos direcionar os resíduos produzidos nos lares (domicílios)
ou mesmo,aqueles produzidos pelas indústrias (RIBEIRO et al., 2014).
Quanto ao atendimento de resíduos biológicos, autores como Ribeiroet al.
(2014) descrevem que tais produtos podem ser considerados como sendouma
importante fonte de contaminação, capazes de gerar e desencadear doenças,
comprometendo a integridade do meio ambiente e a saúde pública. Dessa forma,são
necessários a instituição de procedimentos especiais para o seu controle,tratamento
e eliminação. Geralmente, os resíduos biológicos são oriundosde hospitais, clínicas
de atendimento em saúde, laboratórios, dentre outros
estabelecimentos.
O gerenciamento dos resíduos biológicos requer um conjunto deprocedimentos
que devem ser cuidadosamente planejados e implementados.
Dessa forma, é possível prevenir a propagação de doenças, minimizar os
impactosambientais e permanecer em conformidade aos regulamentos e as leis
aplicáveis.

28
10. BIOSSEGURANÇA NO USOS DE RADIOISÓTOPOS

Usos, aplicações e efeitos das radiações, têm sido muito estudados desdefim
do Século XIX, com a descoberta da radioatividade. Assim, o Século XXpresenciou
desde os horrores da bomba atômica até a multiplicação da utilizaçãode
radioisótopos, tanto em diagnósticos in vitro como nos Ensaios de Ligação
Competitiva e/ou chamados de Imunoensaios (são baseados nos princípios
deque antígenos específicos estimularão reações imunológicas muito específicas ede
que proteínas serão produzidas pela reação e ação imunológica), in vitro emmedicina
nuclear e em tratamentos (especialmente na área de cancerologia).
Em consequência disso, os efeitos biológicos das radiações foramidentificados,
e medidas de proteção radiológica foram adotadas nas váriassituações no uso de
radioisótopos. Uma postura profissional que envolvao conhecimento das normas e as
razões pelas quais foram estabelecidas, éfundamental para que possamos usufruir
dos benefícios desse uso e reduzir, aomáximo, seu risco (SILVEIRA; GUILAM;
OLIVEIRA, 2013).
A medicina nuclear é uma especialidade médica que abrange e
empregamateriais radioativos, tendo como finalidade a realização de diagnósticos e
finsterapêuticos. A quantidade de materiais radioativos empregados (radiofármacos),
são consideradas mínimas e seu uso é bastante seguro desde que respeitadosalguns
preceitos que regulam tais serviços. No caso da medicina nucleardiagnóstica, os
radiofármacos são introduzidos no corpo do paciente/cliente poringestão (oral),
inalação (inspiração) ou injeção (administração parenteral). Estesradiofármacos
(emissores de raios gama ou pósitrons), produzem raios gama comenergias
suficientes para atravessar o corpo do paciente/cliente e chegara um conjunto de
detectores externos ao paciente, por exemplo, a câmara gamaou câmera de cintilação
(Figura 9). O radiofármaco é processado por algum órgãoou tecido específico e,
portanto, fornece informação sobre a função do órgão enão especificamente sobre
sua anatomia. Além disso, os radiofármacos possuemmeias-vidas física e biológica
curtas, de forma a serem rapidamente eliminadosdo corpo do paciente (SAPIENZA;
MARONE; CHIATTONE, 2001).

Cintilômetro:

29
Figura 4

Da mesma forma Pozzo et al. (2014, p. 142), ainda descrevem acerca


damedicina nuclear no Brasil, ofertada através do Sistema Único de Saúde (SUS):
Esta é uma especialidade médica que tem como característica principalo uso
de emissores de radiação ionizante, na forma não selada. Estesdevem ser ligados a
moléculas de interesse biológico, compondosubstâncias chamadas de radiofármacos,
que são administradas aospacientes para diagnóstico ou terapia. Se o radionuclídeo
usado foremissor de radiação eletromagnética (gama) ou de pósitrons, é
possívelmapear a distribuição do material dentro do corpo do paciente usandoum
detector externo chamado de câmara de cintilação (gama câmara)ou um tomógrafo
por emissão de pósitrons (PET). Se o radionuclídeousado for emissor de partículas,
como o 131I, que é emissor de partículasbeta, é possível realizar terapias específicas
para muitos tipos detumores. Em alguns casos também é possível detectar a radiação
defreamento dessas partículas para compor uma imagem adquiridacom câmara de
cintilação para seguimento da terapia, por exemplo.
Para que a especialidade seja aplicada é necessária uma equipe multie
interdisciplinar composta por médicos, tecnólogos ou biomédicos,físicos-médicos,

30
radiofarmacêuticos e equipe de enfermagem treinadapara o trabalho com fontes de
radiação não seladas.

31
11. FUNDAMENTOS FÍSICOS

Para desenvolver os aspectos de biossegurança relacionados ao uso


deradioisótopos, devemos considerar o átomo com dimensão de 10-8 cm,
construídode um núcleo positivo (de 10-13 cm) e uma camada eletrônica. O núcleo
do átomoé formado de prótons e nêutrons, sendo uma espécie nuclear identificada
peloseu número atômico (Z) ou, número de prótons pelo número de nêutrons N e
suamassa pela soma de nêutrons e prótons ou, o número de massa (A). A
princípio,existem cerca de 104 elementos químicos conhecidos, 300 isótopos estáveis
e,aproximadamente, mil isótopos radiativos. Assim, a maioria dos
elementosencontrados na natureza possuem mais de um isótopo. Os isótopos de
umelemento têm as mesmas propriedades químicas, pois possuem o mesmo
númerode elétrons na coroa eletrônica. Contudo, têm propriedades físicas e
nuclearesdiferentes (BRAND; FONTANA; SANTOS, 2011).
As forças que mantêm prótons e nêutrons ligados são de naturezadiferente das
gravitacionais e eletromagnéticas. Muito intensas e independentesda carga elétrica
(são capazes de unir partículas da mesma carga, comoos prótons), essas forças
atuam apenas dentro do núcleo. Nesse sentido, aradioatividade é considerada como
sendo um fenômeno nuclear, originadoda desintegração espontânea de núcleos
atômicos. A probabilidade porunidade de tempo de que um nuclídio (é uma espécie
atômica caracterizadapelo número de protões, neutrões e estado energético do
núcleo) se desintegre(emita partículas), depende somente do nuclídio e é
independente de tempo.
Esta probabilidade é representada pela constante de decaimento (λ)
(BRAND;FONTANA; SANTOS, 2011).
No organismo humano ou animal, a probabilidade total de decaimentode um
radioisótopo é a soma das probabilidades de decaimento biológico(pelo metabolismo)
e físico (por desintegração radioativa) (NEVES; COSTA;DREXLER, 2010).

EMISSÕES RADIOATIVAS
As emissões dos núcleos radioativos podem ser de três tipos: partícula
α,partícula β e radiação gama. A partícula α, constituída por 2 prótons e 2
nêutrons,tem carga 2+ e massa igual ao núcleo do átomo de hélio, é representada
como 42 αou 42 He. A partícula beta é um elétron criado no núcleo, no momento da

32
emissão.Pode ter carga negativa (0-1 β) ou positiva (0+1 β). Quando o pósitron é
emitido eencontra um elétron do meio, ocorre a reação de aniquilação. Há
transformaçãode massa em energia e o aparecimento de duas radiações gama de
mesma direçãoe sentidos opostos e de energia igual a 0,51 Mev, resultante da
transformação damassa do elétron em repouso, na equação E = mc2. Normalmente,
uma emissão deradiação gama. A radiação gama é de natureza eletromagnética e
comprimentode onda, geralmente menor do que os raios X. Sua emissão acompanha
as daspartículas alfa e beta (XAVIER et al., 2007).

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA


As radiações emitidas por um elemento radioativo em determinado
meio,interagem tanto com as camadas eletrônicas quanto aos núcleos dos átomos
quecompõem esse meio, em um processo probabilístico que depende do tipo
departícula, de sua energia e das características do meio. Dessa interação, resultaa
chamada absorção de radiação, ou seja, o resultado da transferência de energiada
radiação para o meio. Esse mecanismo serve de base de proteção
radiológica(XAVIER et al., 2007).
Os mesmos autores supracitados mencionam que a partícula alfa podeproduzir
ionizações (retirada de elétrons da camada eletrônica) e excitação (levaro elétron a
uma camada mais energética). Define-se como alcance da partículaalfa, o espaço
percorrido pela partícula até que pare, ou seja, que perca toda suaenergia.

MOLÉCULAS MARCADAS E RADIOFÁRMACOS


Molécula marcada é aquela em que um ou mais átomos radioativos, demaneira
que podem ser distinguidas das demais, não marcadas. Radiofármaco é amolécula
marcada, utilizada in vivo, para diagnósticos e tratamentos em medicinanuclear,
sendo, portanto, sujeita aos controles necessários a um fármaco. Em geral,o símbolo
de isótopo é colocado entre chaves antes do nome químico e, quandonecessário, é
indicada sua posição na molécula. Exemplo: [2 – 14C] timidina. Aatividade radioativa
de um composto marcado ou de um radiofármaco é expressaem unidades de
atividade (Bq) por unidade de massa (g), denominada atividadeespecífica, ou por
unidade de volume (L), denominada concentração radioativa(OLIVEIRA et al., 2006).
O tipo de molécula e seu uso, definem o radionuclídeo utilizado parasua
marcação. É levada em conta a diferença de massa que ocorre na moléculaao se

33
introduzir um átomo radioativo nela. O tipo e a energia de emissão sãotambém
importantes. Quando se pensa na utilização de um radioisótopo parauso in vitro,
procura-se um com T1/2 longa e que não tenha energia muito altapara não levar a
exposições desnecessárias. Exemplos de isótopos com essascaracterísticas são o
14C (beta menos, T1/2 5700 a) e 3H (beta menos, T1/2 12 a).
Para o mapeamento de um órgão, procuram-se elementos T1/2 curta e
emissoresde radiação gama com energia suficiente para que sejam detectados fora
doorganismo (OLIVEIRA et al., 2006).

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E DOSIMETRIA


O termo proteção radiológico, refere-se à proteção contra radiações, ahigiene,
a segurança e o controle no manuseio de materiais radioativos. Visanão somente a
proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação comotambém à
população em geral que, de alguma forma, pode estar exposta. Suafinalidade é
proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar ousufruto de seus
benefícios.
Até a descoberta dos raios X e da radioatividade, a exposição do serhumano à
radiação ionizante limitou-se, quase que exclusivamente, às fontesnaturais e à
radiação cósmica, que constituem a chamada radiação natural defundo, em nível
considerado muito baixo 2.
Os primeiros profissionais que sepreocuparam com as normas de proteção
radiológica foram os radiologistas. Aprimeira unidade de dose de radiação foi
denominada Roentgen (R) e definidacomo a quantidade de raios X que pode provocar
certa ionização num volumebem definido de ar nas condições normais de temperatura
e pressão (CNTP).
Paralelamente, veio a recomendação de que a exposição de um profissional
semantivesse em um nível de 1R/d (MOURA; BACCHIM NETO, 2015).Moura e
Bacchim Neto (2015) apontam que a evolução dos estudos dosefeitos biológicos de
radiação (EBR), mostrou que os níveis máximos de 1 R/deram muito altos e que
existiam outros fatores que alteravam a relação dose xefeito: tipo de radiação, volume
irradiado e outros. A unidade Roentgen (R),sendo definida apenas para o ar, não
servia de parâmetro para inferir os efeitosbiológicos advindos de determinada dose
de exposição.

34
Em 1953, foi introduzida a unidade rad (radiationabsorbed dose) equivalenteà
absorção de 100 erg de energia por grama de material irradiado, medindo,portanto, a
dose absorvida pelo tecido e abrangendo todos os tipos de radiações.
As unidades Roentgen e rad consideram, respectivamente, a energia absorvida
noar e no tecido, mas não dão a dimensão dos danos biológicos produzidos.
Emborahoje já existam estudos que descrevem acerca de procedimentos realizados
pormecanismos robóticos em cirurgia endovascular, por exemplo, o que sinaliza
apresença de uma importante evolução. Entretanto, tal método ainda necessita
sermais bem explorado (desenvolvido), bem como carece de ajustes acerca do
seucusto, o que provavelmente será muito mais elevado, logo, no futuro. Sem
contarque levará anos para que seja implantado como rotina em todos os ambientes
quepromovem ações de cuidado assistencial. Da mesma forma, cabe destacar
quepoucos artigos em nosso meio científico, são publicados discutindo sobre os
riscosda radiação provocados pelos equipamentos radiológicos, tanto os de
angiografia
como os da angiotomografia (LEYTON et al., 2014; MOURA; BACCHIM
NETO,2015). Os mesmos autores, ainda indagam o seguinte questionamento: Até
queponto devemos nos preocupar com isso?
Foi necessária a introdução da unidade rem (Roentgen equivalent in man)que,
além de considerar a dose absorvida, leva em conta fatores como o tipo e aenergia
da radiação e sua distribuição em diferentes tecidos, para que os possíveisdanos
biológicos possam ser inferidos. O conceito de fator de qualidade “Q” foiintroduzido e,
assim, o rem é igual à dose em rad multiplicada pelo Q. Para aradiação
eletromagnética esse fator é igual a 1 e, para a partícula alfa, é igual a10. Se tivermos
a mesma dose em rad de um emissor alfa e de um emissor gama,teremos doses, em
rem, 10 vezes maiores no caso de exposição à partícula alfa(LIMA; AFONSO;
PIMENTEL, 2009).
Segundo Brasil (2019), há três parâmetros fundamentais quando se pensaem
proteção radiológica (CNEN NE- 3.01), a saber:
• distância da fonte radioativa ao operador;
• tempo de exposição do operador à radiação;
• blindagem interposta entre a fonte e o operador.
Da mesma forma, Brasil (2014c) descreve que a proteção radiológicaabrange
um campo muito vasto que inclui desde, por exemplo, o estudo dolocal adequado de

35
construir uma usina nuclear até a disposição final de resíduosradioativos, devendo
existir adequada distribuição dos espaços que prestamcuidados em saúde, por meio
da instituição de exames e intervenções radiológicas(CNEN NE 6.02).
Trabalhos que envolvam níveis altos de atividade radioativa (da ordemde 10 4
Bq), como a produção de radiofármacos para uso em Medicina Nuclear oua marcação
de moléculas para radioimunoensaios, devem ser desenvolvidos emcabines de
segurança especialmente destinadas para esse fim, com as seguintescaracterísticas
conforme orienta Brasil (2019):
• Blindagem – adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. Devemanter
a exposição do operador abaixo de 1 mSv/semana.
• Exaustão – a cabine deve ter compressão menor do que a do ambiente do
laboratório. O ar exaurido, deve passar por filtros adequados e ser monitoradoantes
de ser liberado no meio ambiente.
• Manuseio – com ferramentas adequadas que permitam o trabalho a distânciae não
prejudiquem a sua precisão.
• Resíduos – precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meioambiente.
e, dependendo do seu resultado, cuidados ou exames médicos posteriores.

AÇÕES DE BIOSSEGURANÇA NO CONTEXTO DE GESTÃO DE


QUALIDADE
Biossegurança é a ciência voltada para o controle e minimização de
riscosadvindos da prática de diferentes tecnologias, tanto em laboratório
quantoaplicadas ao meio ambiente. O fundamento básico da biossegurança é
asseguraro avanço dos processos tecnológicos e proteger a saúde humana, animal e
o meioambiente.
É possível e desejável, por estar explícita ou implicitamente incertas,considerar
ações de biossegurança no contexto da gestão de qualidade, cujafinalidade é garantir
que atividades, produtos e serviços gerados em umaorganização tenham a
adequação esperada. Com isso, o resultado, certamente,será o do desempenho da
biossegurança com maior competência e melhorqualidade. Há na literatura,
abordagens que envolvem a biossegurança emrelação à qualidade, dando motivação
para que o assunto seja mais objetiva eamplamente discutido.
Para que metas e objetivos da biossegurança possam estar
elencadosinternamente em uma empresa e seus objetivos serem apropriadamente

36
atingidos,considera-se ideal e necessário que exista um programa de qualidade
adequadoe que seja implantado, baseado em princípios e valores previamente
definidospela empresa. Em situações em que a implantação formal não esteja
cogitada,princípios que regem programas de qualidade devem, ao menos, ser
aproveitadoscomo base e benefício para o cumprimento de metas e objetivos da
biossegurançapelo menos, para que a equipe não fique ou esteja exposta. Vários
programas dequalidade existentes, possuem graus diferentes de complexidade
durante a suaimplantação e manutenção. A implantação desses programas, qualquer
que sejao ramo de atividade ou segmento de organização das empresas devem
possuircomo base algumas vertentes, tais como a educação, o treinamento, a
motivaçãoe o engajamento deliberado de todas as pessoas envolvidas (líderes e
liderados),em todos os níveis hierárquicos, a começar pelo mais alto mandatário
(PINTO;CARVALHO; HO, 2006).
Cabe destacar que a matéria-prima mais importante é a humana, dessaforma,
as lideranças devem sempre manter seus colaboradores participativos eativos nas
decisões da empresa ou pelo menos, devem ser ouvidos.
Figura 5

Existe, atualmente, por boa parte dos serviços de prestadores deassistência,


grande preocupação acerca de como ofertar serviços com qualidadee segurança. Tal
metodologia, prima pela garantia, monitorização e melhoria daqualidade dos serviços
prestados, os quais devem ser um dos grandes objetivos decada instituição de saúde
(radiológica) face às atuais diversidades. A maioria doscompradores de serviços,
sejam aqueles diretos (clientes pagantes) ou indiretos,ao buscarem por respostas

37
frente aos seus problemas de saúde e na radiologia,em particular, esperam receber o
que há de melhor, seja um resultado laboratorialeficaz, pontual e fidedigno, e ainda,
aguardam receber por parte destes serviços,o que há de melhor quanto ao
atendimento humano e níveis de qualidade emtodos os locais.

SERVIÇOS DE SAÚDE E IMAGEM COMO UNIDADES DEENSINO E


PESQUISA E SEUS RISCOS

As unidades de ensino de nível técnico, faculdades ou universidades,sempre


mantêm seus códigos de conduta e de ética como uma de suas basesprincipais. A
ética tem como base, entre vários princípios, o não prejuízo aopróximo. Considerando
o local de trabalho, isso se traduz em garantir a segurançae a saúde aos
trabalhadores. Segundo a Organização Internacional do Trabalho(OIT) e a
Organização Mundial da Saúde (OMS), são entendidas como lesõese doenças em
ambiente de trabalho, aquelas que são formalmente registradas.
Considerando o número de pessoas que trabalham de maneira informal,
devehaverbem mais ocorrências de que se tem conhecimento por meio das
estatísticasmundiais (MONTENEGRO et al., 2016).
Enquanto promovedores da assistência, seja da área preventiva e dacurativa,
devemos evidenciar e/ou instigar a existência de alguns objetivosconsolidados dentro
de todas as instituições, ou seja, primar a elaboração deplanos de ações globais, aos
quais devem estar norteadas em objetivos básicos,porém, essenciais, são eles:
1. elaborar e implementar instrumentos de políticas e normas para a saúde
dostrabalhadores;
2. proteger e promover a saúde no ambiente de trabalho;
3. promover o desempenho e o acesso aos serviços de saúde ocupacionais;
4. fornecer e divulgar evidências, objetivando a ação e a prática;
5. incorporar a saúde dos trabalhadores em outras políticas;
6. despertar o sentimento de proteção e motivação entre os membros da equipe;
7. potencializar a existência de um ambiente propício e/ou adequado parapromover
adequada assistência;
8. propiciar assistência segura e otimizadora;
9. aplicar assistência humanizada em todos os aspectos durante o assistir.

38
Para cumprir tais objetivos, Costa e Costa (2010) discorrem que asinstituições
devem contar com atividades, como as que se encontram descritas,contando com
ações intermediadas pela Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) e das Comissões de Biossegurança (CB). Essas duas
comissõespossuem como papel principal e fundamental, atuar na guarda da conduta
éticarelacionada à definição da política e de efetiva prática para a melhoria da saúdeno
ambiente de trabalho, viabilizando e potencializando a proteção de todos osseus
colaboradores.
Relacionado ao investimento em treinamentos, formações e emequipamentos,
por parte de muitas empresas que seguem os preceitos debiossegurança de forma
adequada, é perceptível que estas têm alcançadoresultados bem-sucedidos,
apresentando maiores taxas de manutenção dosfuncionários e menores
distanciamentos das suas jornadas laborais, o que permitea produtividade. Há que se
considerar que os custos investidos maciçamentena prevenção, são menores quando
comparados aos custos em decorrência deacidentes. Visto que, relacionado a
acidentes, estes não se tornam negativosapenas pelo distanciamento do colaborador,
mas nos efeitos psicológicos queestes também podem acarretar a estes sujeitos.
Ribeiro, Pires e Scherer (2016)descrevem que essas consequências, relacionadas à
presença de acidentes noambiente de trabalho, tornam-se onerosas por gerarem as
chamadas violaçõeslegais, refletindo na falta de investimentos na saúde do
trabalhador.
Com o advento da nova era da comunicação, possibilitando que
noscomuniquemos de Norte a Sul em tempo real, a biossegurança deve ser
adaptadaàs necessidades de prevenção perante os novos riscos em termos práticos,
ou seja,o meio digital pode ser usado como uma ferramenta integradora e
multiplicadorade saberes diante das novidades relacionadas a proteção dos
integrantes deuma empresa. Em consequência, a exposição a riscos ergométricos e
o impactode fatores psicológicos têm aumentado, como a angústia pelo trabalho não
terminado, pela menor demanda de tempo para finalizar determinada atividadee o uso
de horário de trabalho irregular para o cumprimento de tarefas, o quetorna o controle
complexo, propicia a elevação de índices de acidentes, gerando adesmotivação de
colaboradores, desertando a presença do estresse e o surgimentode doenças mentais
como a depressão, dificultando o gerenciamento.

39
No campo da exposição há produtos e materiais biológicos, também
éperceptível a mudança no perfil de agentes infecciosos, os quais, cada vez mais,
tornam-se resistentes ao tratamento medicamentoso que, até então, não
eracomplexo, exigindo de tratamentos coadjuvantes para eliminar determinadogerme
e viabilizar a recuperação daqueles que se encontravam enfermos oucolonizados,
exigindo, assim, a necessidade de reclassificação de risco, instigando,nos dias atuais,
que estes sejam realizados de forma dinâmica e proporcional àevolução das diversas
espécies com relação a presença de risco.
Portanto, o ensino e a pesquisa possuem, como responsabilidade, estarà
frentedessas demandas e, sem dúvida, colaborar com o estabelecimento denovas
diretrizes da biossegurança. Por essa razão, os profissionais dessas áreasou aqueles
que atuam junto a arte do cuidar, são sempre as equipes que exercemfunções
fronteiriças, seja como professor, seja como cientista ou técnico, dentreoutros
profissionais e agentes de apoio, os quais necessitam ter criatividade,flexibilidade,
mente aberta e alto poder de improvisação, visão para aplicar ocuidado e a
sensibilidade. Na prática, estes atores criam, estabelecem metas,gerenciam,
executam, concluem e, finalmente, modificam através das suasexperiências as
condutas para melhores condições de saúde da equipe quelevam adiante, também, a
evolução na qualificação profissional. Têm, em suasatividades, a verdadeira arte de
induzir novos raciocínios e propor despertares,estabelecer mudanças em paradigmas
e abrir a mente para algo novo e melhorpara a saúde da humanidade.
Considerando um profissional que cuida, independente do seu segmento,é
bem mais fácil deduzir que a organização deve ser muito bem estabelecida,planejada
e descrita de forma clara, com detalhes. Os materiais a serem utilizadospor estes,
devem ser muito bem identificados e ter organização cronológica bemestabelecida.
Assim, o termo biossegurança deve ser adotado como a ciênciavoltada para o controle
e a minimização de riscos advindos da prática de diferentestecnologias, seja em
laboratórios de análises clínicas, unidades de saúde, sejaem biotérios, no meio
ambiente, ou ainda, em laboratórios de investigação porimagens (MONTENEGRO et
al., 2016).
O fundamento básico da biossegurança é assegurar o avanço dos
processostecnológicos e proteger a saúde humana, animal e o meio ambiente
(Ministério doMeio Ambiente). Em função desta atividade dinâmica, alguns fatores
importantesocasionam certa preocupação, tais como: pouco investimento em

40
pesquisadoresna educação e formação continuada, poucas pesquisas e publicações
embiossegurança, assim como a ausência de discussões acerca do referido tema
emfóruns nas universidades, como a contaminação ambiental e o estresse do
trabalhona sociedade contemporânea. Cabe aos gestores das empresas, a execução
deadequado planejamento, por meio da concepção de projetos preventivos até
oestabelecimento de todas as etapas (prevenção, notificação, avaliação e
suporte),propondo a educação continuada e preocupando-se com a saúde como um
únicouniverso.
Acredita-se que a integração do setor administrativo com as áreasespecíficas,
possam trazer benefícios a todos os envolvidos, pois o alvo de todoo trabalho
preventivo está dirigido tanto para a segurança de núcleos menoresquanto maiores,
como laboratórios, departamentos, unidades, universidades,municípios, estados e
federações. Com relação a infraestrutura física, quandobem planejada e
construída,condiciona trabalho mais organizado e de formaadequada, prevenindo a
existência de exposição indevida a agentes consideradosde risco à saúde, certamente
reduzindo intercorrências e a acidentes ocupacionais.
Esses procedimentos, no campo da pesquisa experimental, são denominados
Boas Práticas (BP) (BRASIL, 2004; NEIVA, 2018; KUNSCH, 2011).
As práticas de biossegurança baseiam-se na necessidade de proteçãodo
operador, de seus auxiliares e da comunidade local, contando com o localde trabalho
seguro, dos instrumentos e equipamentos e do meio ambiente,contra riscos que
possam prejudicar a saúde. O manuseio com biossegurançade produtos químicos que
prejudicam a saúde e dos organismos consideradoscontaminantes, é regido por leis
federais, estaduais e municipais. Como exemplo,
cita-se a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que regula o
manuseiode radioisótopos, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)
e aAgência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que normatiza o manuseiode
agentes infecciosos de alta periculosidade, tais como: os vírus da Hepatite B(HBV),
Hepatite C (HCV), da Imunodeficiência Humana (HIV) e Ebola, assimcomo as
bactérias resistentes e/ou multirresistentes ao tratamento por falta de usoracional de
antibióticos, dentre outros (MOLENTO, 2017).
Os órgãos internacionais também se preocupam com o risco de exposiçõesa
tais agentes, por isso se empenham em estabelecer normativas e diretrizes sobreo
manuseio de agentes de risco e instituem os mecanismos de proteção à

41
saúdehumana, animal e ambiental, além de oferecer treinamentos de forma contínua.
Aidentificação correta é uma forma importante de prevenir o manuseio inadequadode
agentes infecciosos e substâncias químicas perigosas. Existem normas
bemestabelecidas de rótulo, transporte e armazenamento para todas as
substânciasquímicas, medicamentos, agentes infecciosos e materiais biológicos,
assim comopara as fontes potenciais de contaminação (MOLENTO, 2017).
A necessidade e o hábito de ler o rótulo de todo material de trabalho,assim
como a constante utilização de equipamento de proteção individuale coletiva
adequados para cada procedimento, são as principais formas deprevenir acidentes e
se proteger e, sem dúvida, o treinamento sistemático éprimordial e muito importante.
Por exemplo, segundo Molento (2017), o corretoarmazenamento de solventes,
reagentes e vidrarias, utilizando locais previamentedefinidos e adequadamente
identificados com simbologia preconizada, minimizaos riscos inerentes aos acidentes
de trabalho. Sem dúvida, o controle de descarte deprodutos considerados agressores
ao meio ambiente, devem ser cuidadosamentemonitorados para preservar o meio
ambiente em que se vive, evitando o descarteinadequado de materiais passíveis de
reciclagem, adotando a coleta seletivaconsciente, possibilitando economia e proteção
ambiental para o bem-estar dapopulação e humanidade.

CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE


Através da NBR n° 12.808 de 1993, a Associação Brasileira de
NormasTécnicas (ABNT, 2015), dispõe instrução sobre como deve ser realizada
aclassificação e dispensação dos resíduos utilizados nos ambientes de saúde osquais
são popularmente conhecidos como resíduos hospitalares. Após o seuuso, estes
devem ser descartados em recipientes que estejam devidamenteidentificados
conforme sua origem (Exemplo: resíduo químico, resíduo comum,
perfurocortantes, dentre outros), pois, para cada produto a um tipo específico
desímbolo para facilitar a destinação correta, conforme representado pela Figura 2,
tais como:
• Tipo A – resíduo biológico.
• Tipo B – resíduo químico.
• Tipo C – resíduo radioativo.
• Tipo D – lixo comum.
• Tipo E – Perfurocortantes.

42
Figura 6

Tais especificações, se aplicadas de forma correta, sinalizam positivamenteum


dos principais processos acerca da reciclagem e destinação correta destesmateriais
e do gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).
Acaracterização e classificação dos RSS são o ponto de partida para a
realizaçãode uma coleta, transporte, tratamento e disposição final mais seguros para
ohomem e o meio ambiente. Os estabelecimentos geradores devem averiguarse o
gerenciamento dos RSS está́ ou não está atendendo a essas legislações,
principalmente quanto à segregação correta na fonte de geração e destinaçãofinal,
conforme sua classificação (ABNT, 2004a).

12. EMISSÕES RADIOATIVAS

As emissões dos núcleos radioativos podem ser de três tipos: partícula


α,partícula β e radiação gama. A partícula α, constituída por 2 prótons e 2
nêutrons,tem carga 2+e massa igual ao núcleo do átomo de hélio, é representada
como 42 αou 42 He. A partícula beta é um elétron criado no núcleo, no momento da
emissão.
Pode ter carga negativa (0-1 β) ou positiva (0+1 β). Quando o pósitron é emitido
eencontra um elétron do meio, ocorre a reação de aniquilação. Há transformaçãode

43
massa em energia e o aparecimento de duas radiações gama de mesma direçãoe
sentidos opostos e de energia igual a 0,51 Mev, resultante da transformação
damassado elétron em repouso, na equação E = mc2. Normalmente, uma emissão
deradiação gama. A radiação gama é de natureza eletromagnética e comprimentode
onda,geralmente menor do que os raios X. Sua emissão acompanha as daspartículas
alfa e beta (XAVIER et al., 2007).

INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO COM A MATÉRIA


As radiações emitidas por um elemento radioativo em determinado
meio,interagem tanto com as camadas eletrônicas quanto aos núcleos dos átomos
quecompõem esse meio, em um processo probabilístico que depende do tipo
departícula, de sua energia e das características do meio. Dessa interação, resultaa
chamada absorção de radiação, ou seja, o resultado da transferência de energiada
radiação para o meio. Esse mecanismo serve de base de proteção
radiológica(XAVIER et al., 2007).
Os mesmos autores supracitados mencionam que a partícula alfa podeproduzir
ionizações (retirada de elétrons da camada eletrônica) e excitação (levaro elétron a
uma camada mais energética). Define-se como alcance da partículaalfa, o espaço
percorrido pela partícula até que pare, ou seja, que perca toda suaenergia.

MOLÉCULAS MARCADAS E RADIOFÁRMACOS


Molécula marcada é aquela em que um ou mais átomos radioativos, demaneira
que podem ser distinguidas das demais, não marcadas. Radiofármaco é amolécula
marcada, utilizada in vivo, para diagnósticos e tratamentos em medicinanuclear,
sendo, portanto, sujeita aos controles necessários a um fármaco.
Em geral,o símbolo de isótopo é colocado entre chaves antes do nome químico
e, quandonecessário, é indicada sua posição na molécula. Exemplo: [2 – 14C]
timidina. Aatividade radioativa de um composto marcado ou de um radiofármaco é
expressaem unidades de atividade (Bq) por unidade de massa (g), denominada
atividadeespecífica, ou por unidade de volume (L), denominada concentração
radioativa(OLIVEIRA et al., 2006).
O tipo de molécula e seu uso, definem o radionuclídeo utilizado parasua
marcação. É levada em conta a diferença de massa que ocorre na moléculaao se

44
introduzir um átomo radioativo nela. O tipo e a energia de emissão sãotambém
importantes. Quando se pensa na utilização de um radioisótopo parauso in vitro,
procura-se um com T1/2 longa e que não tenha energia muito altapara não levar a
exposições desnecessárias. Exemplos de isótopos com essascaracterísticas são o
14C (beta menos, T1/2 5700 a) e 3H (beta menos, T1/2 12 a).
Para o mapeamento de um órgão, procuram-se elementos T1/2 curta e
emissoresde radiação gama com energia suficiente para que sejam detectados fora
doorganismo (OLIVEIRA et al., 2006).

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E DOSIMETRIA


Figura 7

O termo proteção radiológico, refere-se à proteção contra radiações, ahigiene,


a segurança e o controle no manuseio de materiais radioativos. Visanão somente a
proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação comotambém à
população em geral que, de alguma forma, pode estar exposta. Suafinalidade é
proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar ousufruto de seus
benefícios.
Até a descoberta dos raios X e da radioatividade, a exposição do serhumano à
radiação ionizante limitou-se, quase que exclusivamente, às fontesnaturais e à
radiação cósmica, que constituem a chamada radiação natural defundo, em nível
considerado muito baixo. Os primeiros profissionais que sepreocuparam com as
normas de proteção radiológica foram os radiologistas. Aprimeira unidade de dose de
radiação foi denominada Roentgen (R) e definidacomo a quantidade de raios X que

45
pode provocar certa ionização num volumebem definido de ar nas condições normais
de temperatura e pressão (CNTP).
Paralelamente, veio a recomendação de que a exposição de um profissional
semantivesse em um nível de 1R/d (MOURA; BACCHIM NETO, 2015).Moura e
Bacchim Neto (2015) apontam que a evolução dos estudos dosefeitos biológicos de
radiação (EBR), mostrou que os níveis máximos de 1 R/deram muito altos e que
existiam outros fatores que alteravam a relação dose xefeito: tipo de radiação, volume
irradiado e outros. A unidade Roentgen (R),sendo definida apenas para o ar, não
servia de parâmetro para inferir os efeitosbiológicos advindos de determinada dose
de exposição.
Em 1953, foi introduzida a unidade rad (radiationabsorbed dose) equivalente à
absorção de 100 erg de energia por grama de material irradiado, medindo,portanto, a
dose absorvida pelo tecido e abrangendo todos os tipos de radiações.
As unidades Roentgen e rad consideram, respectivamente, a energia absorvida
noar e no tecido, mas não dão a dimensão dos danos biológicos produzidos.
Emborahoje já existem estudos que descrevem acerca de procedimentos realizados
por mecanismos robóticos em cirurgia endovascular, por exemplo, o que sinaliza
apresença de uma importante evolução. Entretanto, tal método ainda necessita ser
mais bem explorado (desenvolvido), bem como carece de ajustes acerca do seucusto,
o que provavelmente será muito mais elevado, logo, no futuro. Sem contarque levará
anos para que seja implantado como rotina em todos os ambientes quepromovem
ações de cuidado assistencial. Da mesma forma, cabe destacar quepoucos artigos
em nosso meio científico, são publicados discutindo sobre os riscosda radiação
provocados pelos equipamentos radiológicos, tanto os de angiografiacomo os da
angiotomografia (LEYTON et al., 2014; MOURA; BACCHIM NETO,2015). Os mesmos
autores, ainda indagam o seguinte questionamento: Até queponto devemos nos
preocupar com isso?
Foi necessária a introdução da unidade rem (Roentgen equivalent in man)que,
além de considerar a dose absorvida, leva em conta fatores como o tipo e aenergia
da radiação e sua distribuição em diferentes tecidos, para que os possíveisdanos
biológicos possam ser inferidos. O conceito de fator de qualidade “Q” foiintroduzido e,
assim, o rem é igual à dose em rad multiplicada pelo Q. Para aradiação
eletromagnética esse fator é igual a 1 e, para a partícula alfa, é igual a10. Se tivermos
a mesma dose em rad de um emissor alfa e de um emissor gama,teremos doses, em

46
rem, 10 vezes maiores no caso de exposição à partícula alfa(LIMA; AFONSO;
PIMENTEL, 2009).
Segundo Brasil (2019), há três parâmetros fundamentais quando se pensaem
proteção radiológica (CNEN NE- 3.01), a saber:
• distância da fonte radioativa ao operador;
• tempo de exposição do operador à radiação;
• blindagem interposta entre a fonte e o operador.
Da mesma forma, Brasil (2014c) descreve que a proteção radiológicaabrange
um campo muito vasto que inclui desde, por exemplo, o estudo dolocal adequado de
construir uma usina nuclear até a disposição final de resíduosradioativos, devendo
existir adequada distribuição dos espaços que prestamcuidados em saúde, por meio
da instituição de exames e intervenções radiológicas(CNEN NE 6.02).
Trabalhos que envolvam níveis altos de atividade radioativa (da ordemde 10 4
Bq), como a produção de radiofármacos para uso em Medicina Nuclear oua marcação
de moléculas para radioimunoensaios, devem ser desenvolvidos emcabines de
segurança especialmente destinadas para esse fim, com as seguintescaracterísticas
conforme orienta Brasil (2019):
• Blindagem – adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. Devemanter
a exposição do operador abaixo de 1 mSv/semana.
• Exaustão – a cabine deve ter compressão menor do que a do ambiente dolaboratório.
O ar exaurido, deve passar por filtros adequados e ser monitoradoantes de ser
liberado no meio ambiente.
• Manuseio – com ferramentas adequadas que permitam o trabalho a distânciae não
prejudiquem a sua precisão.
• Resíduos – precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meioambiente.

DOSIMETRIA
A facilidade em medir a radioatividade com precisão e a sensibilidadeque
permite a avaliação de sua distribuição nos vários compartimentos orgânicos,fazem
dos traçadores radioativos, um potente instrumento de investigaçãocientífica. Os
radioisótopos são amplamente utilizados em medicina nuclear, emestudos de
bioquímica, nutrição, fisiologia e de biologia em geral. Entretanto, ouso dos
radioisótopos exige algumas precauções, que têm de ser consideradasquanto a sua
manipulação e a seu armazenamento. As partículase radiações dissipam sua energia

47
ao interagirem com moléculas da estruturacelular e provocam danos que podem
comprometer a saúde de quem se expõea elas, porém o conhecimento desses riscos
permite o seu uso seguro (LEYTONet al., 2014). Moura e Bacchim Neto (2015, p. 167),
ainda fortalecem dizendo que:
A limitação da dose é uma prática bem definida na proteção radiológicados
indivíduosocupacionalmente expostos (IOEs). Cada IOE deve sermonitorado
mensalmente para assegurar que não irá receber dosesocupacionais acima dos
limites. A monitoração frequente das dosesrecebidas pelos profissionais pode indicar
práticas relacionadas a altasexposições ocupacionais e, assim, determinar estratégias
de proteçãoradiológica mais eficientes e objetivas. Para aumentar a acurácia
dadosimetria pessoal, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica(ICRP)
recomenda que sejam usados dois dosímetros na altura dotórax, sendo um sobre as
proteções e outro por baixo destas. Destamaneira, será proporcionada uma estimativa
mais segura das dosesrecebidas por esses profissionais. Dosímetros adicionais
podem serutilizados para medir as doses recebidas pelos cristalinos e
pelasextremidades dos profissionais.
Dados provenientes da radioterapia, dos acidentes nucleares ou
dacontaminação, devido à ocupação profissional, mostram que as
radiaçõesproduzem alterações gênicas e cromossômicas que aumentam a taxa de
mutaçõesde células dos indivíduos das gerações subsequentes. Por outro lado, as
mutaçõesinduzidas pelasradiações ionizantes podem, também, ocorrer em células
somáticae essas não são transmitidas à descendência dos indivíduos irradiados
(LEYTONet al., 2014).
Figura 8

48
A radiação ionizante pode provocar malformações congênitas,esterilidade,
reduzir a fertilidade, provocar câncer, leucemia, catarata; aceleraro envelhecimento e
causar a morte. No entanto, como qualquer outro agentea que o ser humano está
exposto, os riscos da exposição à radiação devem serdimensionados. Riscos
genéticos e somáticos associados às radiações ionizantes,mostram que os efeitos
produzidos dependem de fatores que serão discutidos aseguir (VALVERDE et al.,
2000).

QUALIDADE DA RADIAÇÃO
A intensidade dos efeitos biológicos das radiações ionizantes dependedo tipo
de radiação (se particulada ou eletromagnética), de sua energia, desua massa ou de
sua carga e, principalmente, do rendimento de transferêncialinear da energia por
milímetro de percurso (LET) no tecido orgânico. Radiaçõeseletromagnéticas, como os
raios X e os raios gama, são pouco eficientes paratransferir sua energia para o tecido,
sendo, por isso, menos mutagênicas quea partícula alfa. Esta, mostra alta eficiência
na transferência de energia para oscompostos orgânicos (VALVERDE et al., 2000;
LEYTON et al., 2014).

49
INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO NOS TECIDOS E A PRODUÇÃO DE RADICAIS
LIVRES
A ação deletéria da radiação sobre as células ocorre, predominantemente,por
processos indiretos, ou seja, não é o impacto direto da radiação que danifica acélula,
mas os produtos tóxicos gerados secundariamente no seu interior. Sendoa água o
principal constituinte do corpo humano e da célula, correspondendoa cerca de ¾ da
massa corpórea, é nesse compartimento que ocorre a maiorquantidade das
interações primárias da radiação. Quando a radiação interage commoléculas da água,
desencadeia-se uma série de fenômenos físico-químicos quegeram os radicais livres
ionizados e, energeticamente excitados (spins elevadosa níveis singletos e tripletos),
os quais produzem os danos celulares irreparáveis
(TEIXEIRA; GUARIENTO, 2010).A radiação, interage, inicialmente, por
processos físicos com os átomos dostecidos orgânicos e, na sequência, ocorre a
transferência da energia da radiaçãopara os constituintes do corpo.

RELAÇÃO RISCO/BENEFÍCIO NO USO DE MATERIAS RADIOATIVOS


Os organismos internacionais como a ICRP, padronizam o limite
máximopermitido de radiação ionizante para trabalhadores por um ano em 50
mSv,para ingestão ou inalação do material radioativo. Essa estimativa de dose baseia-
se no homem – padrão, com características fisiológicas e anatômicas definidasna
publicação da ICRP n° 2324 que leva em conta a possibilidade de a radiaçãoproduzir
câncer e doenças hereditárias. Doses superiores a 4 Sv, conhecidas comodoses letais
50% (DL50), são fatais para 50% de uma população exposta. Dosesacima de 7 Sv
são praticamente fatais (NAVARRO et al., 2008; NAVARRO, 2009).
Para a regularização de seu funcionamento, o laboratório ou unidade
demedicina nuclear deve cumprir certas regras básicas em função da sua
classificação.
A norma CNEN n° 3.01 (CNEN NE – 3.01), que descreve as Diretrizes Básicas
de
Proteção Radiológica, define:
Acidente – é o desvio inesperado e significativo das condiçõesnormais de
operação de uma instalação que possa resultar em danosà propriedade e ao meio
ambiente ou em exposições de trabalhadorese de indivíduos do público, acima dos
limites primários de doseequivalente estabelecidos pela CNEN (BRASIL, 2014c).

50
Áreas restritas têm de ser claramente identificadas, monitoradas,
conformenorma específica da CNEN. Devem ser sinalizadas com o símbolo
internacionalde radiação, bem como todas as blindagens ou embalagens das
fontesradioativas, e providas, para orientação em caso de acidente, de
instrumentaçãoe procedimentos apropriados sempre afixados em paredes, quadros e
outroslugares bem visíveis (BRASIL, 2014c).
Figura 9

CONTROLE RADIOLÓGICO DE TRABALHADORES


A empresa, isto é, os responsáveis pela instalação onde se utiliza
materialradioativo, devem manter registro de cada colaborador/trabalhador.
Nesseregistro deve ser anotada toda e qualquer ocorrência que acarrete ao
profissionalexposição à dose de 1/10 (um décimo) do limite anual (que é de 50
mSv/ano, porexemplo, para o corpo inteiro). Os trabalhadores envolvidos com
atividades emáreas controladas devem ser, individualmente, monitorados de acordo
com asnormas específicas CNEN (BRASIL, 2014c).
Relacionado à atividade laboral dos profissionais que atuam na
radiologia,Brand, Fontana e Santos (2011), descrevem que os referidos trabalhadores
devemser submetidos a controle periódico do ponto de vista médico, a incluir
osseguintes exames, acerca da manutenção da sua segurança:
1. Exame pré-ocupacional: a fim de verificar se está em condições normais desaúde
para iniciar a sua ocupação, incluindo uma análise do seu históricomédico e
radiológico sobre exposições anteriores.

51
2. Exame periódico: de acordo com a natureza da função e com a dose recebidapelo
trabalhador.
3. Exame especial: para trabalhadores que tenham recebido doses superiores
aoslimites primários estabelecidos na norma CNEN n° 3.01, ou quando o médicojulgar
necessário
4. Exame pós – ocupacional: logo após o término da ocupação e, dependendo doseu
resultado, cuidados ou exames médicos posteriores.

QUALIDADE TOTAL
Para tanto, recomenda-se que as unidades de radiologia evoluam deprogramas
de controle da qualidade para programas de gestão da qualidadetotal. A qualidade no
setor saúde é entendida como a sistematização de todos osprocessos, em todas as
áreas e esferas da gestão, na busca da perfeição ao nívelético e técnico. A qualidade
deixa de ser um aspecto de um produto ou serviço,tornando-se a base para um
sistema de gestão abrangente e dinâmico, o qualconta com alguns setores, tornando-
se os pilares para o sucesso de uma empresa.
São estes: sistema de gestão da qualidade e inserção da biossegurança.

EVOLUÇÃO DA QUALIDADE
O controle da qualidade era exercido, antigamente, somente comrelação ao
produto acabado. Havia apenas inspeção ou fiscalização final que,na concepção
atual, é de resultado insatisfatório. Após, houve a evolução para o
Controle Estatístico de Processo – cuja ênfase era a segurança e o “zero
defeito”,em seguida, para a Garantia da Qualidade ou Controle de Qualidade –
baseada emnormas e procedimentos formais – e, finalmente, para a Qualidade Total
– a qualcontempla a satisfação dos clientes e a competitividade (PINTO;
CARVALHO;HO, 2006; MACEDO; RODRIGUES, 2009). Qualidade Total é o conceito
expressoem princípios pelos quais uma organização pode sobreviver e desenvolver-
se emum ambiente competitivo.

GESTÃO PELA QUALIDADE TOTAL


A Qualidade Total tem complexidade de implantação muito maior que ade
outros programas da qualidade, como o 5S, mas isso não impede que possa

52
serimplantada em qualquer situação, independentemente do tamanho da
organização– micro, pequena, média ou grande (Figura 14). Para atender ao
consumidor demaneira adequada e eficaz, as empresas vêm buscando desenvolver
programase estratégias que primam pela qualidade. Esses programas passaram a ser
umadas estratégias capazes de gerar competitividade por meio da diferenciação
eagregação de valor aos produtos e serviços, fornecendo vantagem competitiva
aquem tem sucesso em sua implementação (PERTENCE; MELLEIRO, 2010).
Os 5S são derivados de palavras japonesas, iniciadas pela letra “S” eque
expressam princípios fundamentais de uma determinada organização quea utiliza.
Inicialmente, integravam o método 9 “esses”: SEIRI, SEITON, SEISO,SEIKETSU e
SHITSUKE, SETSUYAKO, SEKININ, SHITSUKOKU e SHUKAN.
Entretanto, Lapa (1998), descreve que os cinco primeiros “S” já expressam
osprincípios de um determinado segmento, os quais são definidos a seguir:
1. SEIRI – Senso de utilização, arrumação, organização, seleção.
2. SEITON – Senso de ordenação, sistematização, classificação.
3. SEISO – Senso de limpeza, zelo.
4. SEIKETSU – Senso de asseio, higiene, saúde, integridade.
5. SHITSUKE – Senso de autodisciplina, educação, compromisso.
O sucesso na implementação dos programas de qualidade depende de
se fazer adequada Gestão Eficiente de Qualidade. Para tanto, deve-se
preparara organização para a implantação de um Sistema de Gestão da
Qualidade,tendo o Programa 5S como uma boa opção e um forte aliado para
preparaçãodas organizações que pretendem iniciar tal processo. A Qualidade Total é
umsistema gerencial para atender, principalmente, à sobrevivência e à
prosperidadeda organização, mediante a satisfação das necessidades das pessoas.
Comopessoas, devem ser estendidos os clientes, os acionistas, o governo e a
sociedade como um todo.

Figura 10

53
Essa gestão da qualidade se faz em todos os processos, por meio deações
científicas sistemáticas desenvolvidas por toda a organização. A tendênciaatual é que
as organizações – micros, pequenas, médias ou grandes – adotema Qualidade Total
como filosofia de trabalho, para garantir a qualidade dosprodutos e /ou serviços que
produzem. As que vierem a ficar à margem dessemovimento, correm o risco de deixar
o mercado por falta de competitividade. AGestão pela Qualidade Total implica que
todos os processos estejam monitoradose sob controle. Essa é a base para que tudo
o que é produzido, não apresentedefeito (ARENA et al., 2011).
A implantação da Qualidade Total é iniciada pela vontade explícita demudanças
daadministração da organização, visando melhorias. Os fundamentosdo programa
devem ser introduzidos de forma orientada, tendo as pessoas –administradores e
funcionários – como alvo, vindo depois da fase de treinamento(REGO; PORTO, 2005).
Arena et al. (2011) descrevem que é possível avaliar oestágio em que determinada
organização se encontra com relação à qualidade e,com isso, indicar o caminho da
obtenção da Qualidade Total. Desse modo, faz-senecessárias mudanças e busca de
melhoria na qualidade do produto ou serviçoquando:
• os clientes não são ouvidos, por não serem considerados importantes;
• não há estímulo ao trabalho em equipe, a solução de problemas e a tomada
dedecisões são de competência exclusiva de chefias;

54
• os recursos humanos não são valorizados e as necessidades das pessoas,
emtermos de manifestação de suas opiniões, não são satisfeitas;
• faltam objetivos claros e isso resulta em esforços dispersos e ações descontínuas;
• em virtude de estar dando certo, não há aperfeiçoamento contínuo;
• cada setor atua isolado dos demais, não fazendo parte do processo que compõeo
todo;
• a decisão é centralizada e falta autonomia para as pessoas;
• os objetivos da organização não são informados e disseminados internamente
e, por isso, cada pessoa conhece só aquilo com que trabalha;
• não há padronização e documentação dos processos;
• os erros gerados nos processos e transferidos para os produtos e /ou serviçossão
apontados, principalmente, pelo consumidor final.

PROTEÇÃO RADIOLÓGICA DO PROFISSIONAL


Esta proteção se refere a todos os indivíduos ocupacionalmente expostosa
radiação ionizante, trabalhando com exames de imagens para diagnóstico.
Osprincipais riscos são as possibilidades de ocorrerem doses altas e o acúmulo
deexposições durante a vida do trabalhador que podem ser grandes. Portanto,
éimportante manter as doses mais baixas possíveis e também manter o histórico
dedoses recebidas, através dos laudos emitidos mensalmente pelo laboratório
quefornece o serviço de dosimetria. Para Okuno (2013), reduzir a possível
exposiçãodos profissionais é possível, para tanto, são necessários alguns parâmetros,
osquais devem ser considerados e respeitados:

55
13. MEIOS DE CONTRASTE

Os meios de contraste radiológicos são compostos introduzidos no organismo


por diferentes vias, que permitem aumentar a definição das imagens radiográficas,
graças ao aumento de contraste provocado por eles, possibilitando, desse modo, a
obtenção de imagens de alta definição e, com isso, maior precisão em exames de
diagnóstico por imagem. A utilização de compostos com a finalidade de melhorar a
qualidade das imagens radiológicas é bastante antiga, cerca de mais de meio século.
Desde então, reações adversas resultantes da introdução de uma substância estranha
ao corpo humano, administrada via oral ou intravenosa, têm sido relatadas, uma vez
que nem sempre estas substâncias são inofensivas e algumas vezes podem alterar a
circulação sanguínea causando reações inesperadas. Partindo deste princípio,
diversas precauções devem ser tomadas tanto com os pacientes, como no preparo e
armazenamento dos meios de contraste.

Todos os meios de contraste iodados usados atualmente são derivados do


ácido-triiodobenzoico. São classificados com base nas suas características físico-
químicas, incluindo sua estrutura química, asmodalidades, viscosidade, quantidade
de átomos de iodo na estrutura, propriedades biológicas, capacidade de ionização em
solução, hidrossolubilidade, lipofilia e toxicidade. Os meios de contraste iônicos são
aqueles capazes de se dissociar em soluções aquosas formando íons cátions e
ânions, enquanto os não iônicos não se dissociam (Figura 1), porém interagem com
moléculas de água por meio de interações intermoleculares. Alguns cuidados no
armazenamento e assepsia dos meios de contraste são imprescindíveis, incluindo
armazená-los ao abrigo de luz, uma vez que são fotossensíveis, e distantes da
incidência de raios X, pela possibilidade da radiação ionizante causar a degradação
das moléculas, alterando assim a estrutura do meio de contraste e, com isso, suas
propriedades de contraste nas imagens radiológicas. Além disso, é importante mantê-
los na temperatura de 15 a 25ºC, uma vez que em baixas temperaturas pode ocorrer
a formação de cristais, verificar prazos de validade e não utilizar os frascos e ampolas
abertos por mais de 24 horas, devido ao risco de contaminação por microorganismos.

Figura 10: Estrutura molecular dos meios de contraste iodados avaliados

56
No presente trabalho foi investigada a influência da radiação ionizante de raios
X e gama sobre a estabilidade da estrutura molecular de diversos meios de contraste
comerciais amplamente usados na radiologia em exames de diagnóstico por imagem
de raios X e tomografia computadorizada, por meio da espectroscopia de ressonância
magnética nuclear (RMN) de 1H e 13C. Buscou-se avaliar possíveis alterações nas
estruturas moleculares dos meios de contraste, pela incidência da radiação, o que

57
poderia causar mudanças nas suas propriedades físico-químicas e biológicas, bem
como na toxicidade, comprovando assim os resultados presentes da literatura.

58
14. MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras
Oito diferentes meios de contraste iodados, sendo três iônicos e cinco não
iônicos, foram cedidos por quatro fabricantes que os disponibilizam no Brasil. Os
contrastes, e respectivos fabricantes, são: Iopamiron 300 e Pielograf 76% (Bayer
Schering Pharma; Berlim, Alemanha), Ominipaque e Visipaque (Farmasa; São Paulo,
Brasil), Henetix e Telebrix (Guerbet; Paris, França), Optiray 320 e Optiray 350
(Mallinckrodt; Saint Louis, EUA). De cada meio de contraste, oito alíquotas foram
tomadas, das quais quatro foram submetidas à radiação por raios X, duas à radiação
por raios gama e duas foram mantidas para controle, não sendo expostas a nenhuma
radiação. Para proceder a irradiação dos meios de contraste, estes foram dispostos
em tubos de microcentrífuga contendo 1,7 ml de cada meio, identificados por letras,
para evitar que o operador dos instrumentos soubesse a origem deles. O preparo das
amostras foi realizado no Laboratório de Química da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), seguindo normas de assepsia para cada frasco aberto e
aspirado.

Irradiação por raios X

A irradiação das amostras por raios X foi realizada no Setor de Radioterapia do


Hospital, utilizando-se um monitor de radiação Radcal 9010 (RadcalCorp.; Monrovia,
EUA) e uma câmara de ionização Radcal 10X5-6 (RadcalCorp.; Monrovia, EUA), com
volume sensível de 6 cm3 calibrados para faixa de energia de radiodiagnóstico,
determinando-se a radiação exata que as amostras estavam recebendo. Como fonte
de radiação foi utilizado tubo de raios X de um simulador de tratamentos de
radioterapia RMX 625 R (Raytheon Medical Systems; Melrose Park, EUA), de filtração
inerente equivalente a 0,5 mm de alumínio. As amostras foram expostas a diferentes
doses de radiação por raios X, variando-se de 9,85 a 10.200 mR, a uma distância de
50 cm da fonte e tensão de 90 kV.

Irradiação por raios gama

59
A irradiação das amostras por raios gama foi realizada utilizando-se a energia
média de 1,25 MeV, proveniente de uma fonte de cobalto-60 instalada em uma
máquina de teleterapiaTheratron 780 C (MDS Nordion; Ontário, Canadá),
empregando bolus de 0,5 cm de espessura de gel sobre as amostras. A distância
fonte–superfície adotada foi de 50 cm e o rendimento a esta distância foi de 5 Gy/min.
As amostras foram expostas a duas doses de radiação: 0,1 e 10 Gy. Em ambos os
equipamentos as amostras foram irradiadas em um campo de 8 × 8 cm2.

Análises de RMN
Os espectros de RMN de 1H e 13C{1H} foram adquiridos em um espectrômetro
Bruker Avance 400 (Bruker; Karlsruhe, Alemanha) de campo magnético de 9,4 tesla,
instalado no Laboratório de RMN da Universidade Federal do Paraná, observando-se
os núcleos de 1H e 13C a 400,13 e 100,62 MHz, respectivamente, em D2O (água
deuterada) à temperatura ambiente de aproximadamente 22ºC em uma sonda
multinuclear de observação direta de 5 mm. Para isso, alíquotas de 0,2 ml de cada
meio de contraste foram filtradas em algodão diretamente para tubos de RMN de 5
mm, com auxílio de pipetas Pasteur, os quais foram completados com 0,4 ml de D2O
contendo 2,2,3,3-tetradeutério-3-trimetilsililpropionato (TMSP-d4 – referência
interna)(11). Os espectros de RMN de 1H foram adquiridos com a sequência de pulsos
zg, acumulando-se quatro varreduras, 64 K pontos (1 K = 1.024) e janela espectral de
~13 ppm. Em algumas amostras foi necessária a pré--saturação do sinal da água,
utilizando-se a sequência de pulsos zgpr. Por sua vez, os espectros de RMN de
13C{1H} foram adquiridos com a sequência de pulsos zgpg30, acumulando-se 1.024
varreduras, 32 K pontos e janela espectral de ~255 ppm. Ambos os espectros de RMN
de 1H e 13C{1H} foram processados com auxílio do programa TopSpin (Bruker;
Karlsruhe, Alemanha), aplicando-se multiplicações exponenciais dos
freeinductiondecays (FIDs) por fatores de 0,3 e 3,0 Hz para a construção dos
espectros de RMN de 1H e 13C com 64 K e 32 K pontos, respectivamente. Os
deslocamentos químicos em ambos os espectros de RMN de 1H e 13C{1H} foram
calibrados em relação ao sinal do TMSP-d4 em 0,0 ppm.

60
CONCLUSÃO

A evolução da imagem do sistema analógico (aquisição baseado em filme) para


o formato digital tem sido impulsionado pelas necessidades de redução de custos,
com rendimento eficiente e fluxo de trabalho na gestão e visualização de uma
proliferação crescente no número de imagens produzidas. Assim como as imagens
em formato digital tornam passíveis de metodologias de processamento de imagem
para o realce, análise de exibição, o armazenamento e interpretação mesmo
aumentada. Por causa da onipresença de imagens em biomedicina, a disponibilidade
crescente de imagens em formato digital, a ascensão do hardware de alta potência
computador e redes e, a comunhão de soluções de processamento de imagem,
imagens digitais tornaram-se um tipo de dados central que deve ser considerada em
muitas aplicações informática biomédica.A criação de um padrão internacional para
imagens médicas e informações relacionadas, o DICOM (Digital Imagingand
Communications in Medicine) que define os formatos das imagens médicas
padronizaram a forma de armazenamento de informações de uso clínico.
Na medicina moderna, imagiologia médica tem sofrido grandes avanços. Hoje,
essa capacidade de obter informações sobre o corpo humano tem muitas aplicações
clínicas úteis. Ao longo dos anos, diferentes tipos de imagens médicas foram
desenvolvidos, com suas próprias vantagens e desvantagens. Há métodos baseados
em raios-X convencionais, tomografia computadorizada (TC) e mamografia. Para
melhorar a imagem de raios X, os agentes de contraste podem ser utilizados, por
exemplo, para exames de angiografia. A imagiologia molecular é utilizada na medicina
nuclear e utiliza uma variedade de métodos para visualizar os processos biológicos
que ocorrem nas células dos organismos. Pequenas quantidades de marcadores
radioativos, chamados produtos radiofarmacêuticos, são utilizados para imagiologia
molecular. Outros tipos de imagens médicas são a ressonância magnética (MRI) e
imagens por ultrassom. Ao contrário dos raios-X convencionais, CT e Molecular
Imaging, a ressonância magnética e o ultrassom operam sem radiação ionizante. A
RM utiliza campos magnéticos fortes, que não produzem efeitos biológicos
irreversíveis conhecidos nos seres humanos

61
REFERÊNCIAS

Comissão Nacional de Energia Nuclear, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica,


Norma NN-3.01, Rio de Janeiro, 2011.

Comissão Nacional de Energia Nuclear, Requisitos de Segurança e Proteção


Radiológica de Serviços de Radioterapia - Resolução 130/2012, Rio de Janeiro,
D.O.U. 04 de junho de 2012.

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