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MÓDULO VIII

ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA


APLICADA A HIGIENE OCUPACIONAL

MATERIAL DO ALUNO
CURSO BÁSICO EM HIGIENE OCUPACIONAL: AGENTES
FÍSICO E QUÍMICO
MÓDULO VIII ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM E ESTATÍSTICA
APLICADA A HIGIENE OCUPACIONAL
MATERIAL DO ALUNO

Autor: Rosemberg Silva Lopes da Rocha

Coordenação Técnica: Ana Paula Matsumoto

Revisão educacional: Elisabete Mercadante

Salvador
2019
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA

Antonio Ricardo Alvarez Alban


Presidente

SESI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Armando Alberto da Costa Neto


Superintendente

Amélio Miranda Júnior


Gerente de Segurança e Saúde na Indústria

Cléssia Lobo de Morais


Gerente de Educação

Ana Paula Pereira Alves Matsumoto


Maria Fernanda Torres Lins Faiçal
Gerência de Segurança e Saúde do Trabalho

Elisabete Mercadante Alves da Cunha


Renata Araújo Costa
Gerência de Educação Continuada

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

APLICAÇÃO ...................................................................................................... 7

VISÃO GERAL DA ESTRATÉGIA DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO .......... 12

CARACTERIZAÇÃO BÁSICA ......................................................................... 15

ANÁLISE DAS EXPOSIÇÕES: DEFININDO OS GRUPOS DE EXPOSIÇÃO


SIMILAR........................................................................................................... 17

O CONCEITO DO EXPOSTO DE MAIOR RISCO (EMR)................................ 20

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO PARA HIGIENE OCUPACIONAL - (APR-


HO) ................................................................................................................... 33

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS PARA VERIFICAÇÃO


DOS GES ......................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45

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APRESENTAÇÃO

A Gerência de Saúde e Segurança da Indústria e a Gerência de Educação


do Serviço Social da Indústria, por meio de suas gerências técnicas, tem
promovido ações no sentido do desenvolvimento da indústria através da
qualificação de seus trabalhadores em competências e habilidades.
As ações de Educação Continuada (EC) do SESI tem como propósito
promover a aprendizagem ao longo da vida, sendo organizada em três escolas:
Escola SESI de Gestão em SST; Escola SESI de Educação Corporativa e Escola
SESI de Conexões Criativas.
A Escola SESI de Gestão em SST tem como missão desenvolver pessoas
em competências gerenciais, técnicas e comportamentais, contribuindo para a
formação de uma cultura de segurança e saúde do trabalho nos indivíduos e
organizações.
Dessa maneira, o Curso Básico em Higiene Ocupacional visa
desenvolver profissionais da área de Segurança para uma melhor prática em sua
atuação profissional, tendo como foco os agentes químicos e físicos.
Enfatiza-se que o mesmo não tem como pretensão a limitação ou
finalização da temática de higiene ocupacional, mas compromete-se em
atualizar e compartilhar os saberes, assumindo assim, responsabilidade e ética.
Bom curso!

Escola SESI de Gestão em SST - SESI DR-BA

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INTRODUÇÃO
Neste módulo, os alunos aprofundarão seus conhecimentos sobre
amostragem aplicada a higiene ocupacional.

Para uma melhor organização, a apostila está estruturada em blocos.

Inicia-se o conteúdo explicando o porquê da avaliação de uma exposição


ocupacional, seguindo pelo entendimento da exposição aos trabalhadores, visão
geral da estratégia de avaliação da exposição, caracterização básica, análise
das exposições, controle dos perigos a saúde, comunicação e documentação.

O módulo finaliza com orientações sobre as análises preliminares dos


riscos para higiene ocupacional e com a utilização de ferramentas estatísticas.

Boa Leitura!

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Aplicação

A ênfase deste trabalho está na avaliação quantitativa de ruído, sobretudo na


exposição ocupacional a condições que configurem exposição ocupacional e em
propostas de melhorias e controle do risco.

Por que a avaliação de uma exposição ocupacional é


importante?
A higiene ocupacional é definida como um conjunto de ciências e arte em
antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os riscos ambientais e os perigos
relacionados a saúde provenientes do ambiente de trabalho. De maneira bem
clara a identificação dos riscos, sua categorização e avaliação da exposição
estão inseridas dentro do conceito da higiene ocupacional, então, por qual motivo
deveria se fazer a pergunta: Por que a avaliação de uma exposição ocupacional
é importante?

A resposta está em realizar um exame minucioso do crescimento dos riscos reais


e riscos percebidos e a crescente mudança das demandas da sociedade, que
“forçam” os ambientes de trabalho e técnicas de prestação de serviços a
mudarem, de forma que fazem com que os programas de gestão em higiene
ocupacional necessitem acompanhaar a velocidade dessas mudanças e a
entender como se comportam os “perfis de exposição” frente a cenários distintos.
Os programas de gestão de riscos focados em saúde e segurança do trabalho,
mais precisamente com foco em higiene ocupacional, necessitam estar
preparados para gerenciar os mais amplos cenários de risco à saúde e
segurança existentes hoje que, por conta da variedades de processos e
prestações de serviços, são maiores que as existentes há décadas atrás. Um
ponto importante que demonstra isso é que os padrões nacionais e/ou
internacionais existentes hoje em dia combrem um número maior de situações
de riscos e trazem técnicas de amostragens mais assertivas e com maior grau
de precisão e rastreabilidade, o que torna os dados mais completos, uma

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sistemática mais minuciosa, um sistema de gestão mais bem documentado e por
consequência mais eficiente.

O ambiente de trabalho, a cada dia, tem se tornado mais complexo. A variedade


de riscos no ambiente de trabalho associados com exposições a agentes
quimicos, físicos e biológicos tem se tornado crescentes devido a variedade de
prestações de serviços e de processos produtivos que, nem sempre, possuem
uma sistemática clara e objetiva na prestação da saúde ocupacional e segurança
do trabalho.

Dentro desse contexto é importante lembrar que a primeira ação que o Higienista
Ocupacional necessita buscar é a proteção da saúde e integridade física dos
trabalhadores aos riscos relacionados ao trabalho, vale lembrar aqui que riscos
relacionados ao trabalho não são apenas aqueles que os trabalhadores(as)
apontam de acordo com sua percepção (mapa de riscos, por exemplo), mas
também aqueles que estejam associados com o que é apontado pela legislação
local ou por identificação de profissionais especializados. É importante estar
atento ao que acontece no campo de trabalho que está sendo estudado e no que
os stakeholders (partes interessadas) estão buscando com o que está
relacionado aos estudos de riscos propostos pela higiene ocupacional.

Os stakeholders (partes interessadas) incluem os empregadores, os


empregados, sindicatos, agências reguladoras do governo, imprensa e
comunidade local de onde a empresa atua. O profissional que atua com higiene
ocupacional é designado a atender aos interesses destes diversos stakeholders
(partes interessadas) e necessita buscar o equilíbrio entre as partes tendo
sempre em mente a aplicação das técnicas aprovadas e validadas, bem como
ter a isenção quanto a não “tomar partido” na hora de tomar uma decisão quanto
ao perfil de exposição de alguém ou de algum grupo.

Quando um profissional de higiene ocupacional estiver realizando um programa


de gestão relacionado a saúde e segurança do trabalho, deve ter sempre em

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mente que suas decisões não são apenas para o presente mas sim para o futuro,
uma vez que esses programas de gestão ficarão como registro da empresa por
um longo período de tempo, então, porque não também dizer que esses
programa também ficarão no passado do profissional que o fez e da empresa
estudada? Dessa maneira, entende-se que o profisisonal de higiene ocupacional
atua no passado, presente e futuro dos perfis de riscos estudados em uma
empresa.

Quando estiver avaliando um processo de produção, prestação de serviço ou


uma empresa, o profissional de higiene ocupacional necessita entender que o
seu trabalho não ficará restrito ao hoje e nem sequer ao amanhã, por isso, não
pode pensar em apenas responder a pergunta: As exposições ocupacionais
estudadas estão abaixo do permitido pela legislação vigente?. Ao invés disso, o
profissional de higiene ocupacional precisa estar atento em garantir que as
exposições ocupacionais foram bem caracterizadas e controladas de maneira
satisfatória, de forma a manter os riscos presentes no ambiente de trabalho
dentro dos limites aceitáveis tanto para o que tange a saúde ocupacional, visto
aqui no PCMSO, bem como ao que diz a segurança do trabalho, visto aqui no
PPRA, por exemplo. Além destes programas citados, outros também merecem
destaque na busca da garantia de que as exposições estejam devidamente
controladas, sendo eles o PCA, PPR, PGR, PCMAT, PPEOB, entre outros.

Entre as várias outras questões que devem ser respondidas, devemos


considerar as seguintes:

 O quanto que determinada exposição afeta a saúde do colaborador ou


prestador de serviço?;

 O limite de tolerância, não observando apenas o critério legal mas sim o


preventivo, pode se dizer ser adequado para a gestão do risco?;

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 Quais os outros tipos de riscos, ergonomia por exemplo, podem estar
presentes em uma exposição ocupacional?

Programas de Gestão Eficientes x Programas de Gestão


Eficazes

O profissional de higiene ocupacional necessita observar que, a cada dia que


passa, será cada vez mais cobrado a estudar detalhadamente uma gama maior
de riscos associados com atividades laborais na indústria, comércio ou na
prestação de serviços e observar essa gama de riscos e a forma detalhada que
cada um necessita ser estudado levanta perguntas cruciais a serem
respondidas: O programa de gestão de riscos ocupacionais que está sendo
elaborado é eficiente ou eficaz ? ; Será que consegue atingir a eficiência e a
eficácia ao mesmo tempo? ; Será que não consegue ser nenhum e nem outro?

É fundamental ter essas perguntas em mente pois através delas outros pontos
importantes deverão ser observados, a começar pela relação custo x benefício
em estudar determinado agente de risco, pois se estivermos observando um
agente de risco que, por exemplo, não possua limite de tolerância estabelecido
na legislação vigente no país, qual o benefício trará a todos os stakeholders
(partes envolvidas) observar esse risco? Obviamente que existem outras
variáveis que deverão ser levadas em conta pelo profissional, o que demonstra
que o trabalho que nós fazemos necessita de continuidade e assertividade.

O mercado de trabalho está sempre buscando maneiras de alocar


adequadamente os recursos nos projetos desenvolvidos e com o menor
desperdicio financeiro e de tempo possível, ora, com os programas relacionados
com higiene ocupacional não é diferente.

Por isso, a habilidade em entender, caraterizar, avaliar e gerenciar os riscos


ocupacionais de maneira mais eficiente e eficaz requer a utilização de

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ferramentas e técnicas que tragam ao profissional de higiene ocupacional os
resultados mais proximos da realidade e com menor custo operacional.

A relação entre eficiência e eficácia tem como definição os conceitos definidos


por Peter Drucker ¹, considerado como o pai da Administração.

Os Programas de Gestão eficientes buscam o maior número de resultados


possíveis com o menor número de recursos empregados, levam em conta a
busca pelo resultado no tempo presente, buscando fazer o que é certo e de
forma consistente e buscam focar no processo de construção da gestão e em
suas ferramentas. Já os Programas de Gestão eficazes buscam medir se os
resultados encontrados são aqueles que se esperam obter, levam em conta uma
estratégia de gestão dos riscos no longo prazo com propostas de medidas de
controle propostas para gerenciar os riscos mensurados, buscam focar nos
resultados esperados.

Os programas de higiene ocupacional devem buscar o equilíbrio de serem


eficientes e ao mesmo tempo eficazes e a avaliação da gestão da exposição dos
riscos é, de certa forma, a espinha dorsal dos programas de higiene ocupacional.
Um programa ocupacional bem racionalizado depende de um completo
entendimento do que se conhece e do que não se conhece a respeito dos riscos.
Por exemplo, para entender onde melhor investir os preciosos e por vezes
escassos recursos em um programa de monitoramento quantitativo, o
profissional de higiene ocupacional necessita entender as exposições potenciais
que necessitam uma melhor caracterização ou uma rastreabilidade rotineira para
monitorar.

¹Peter Ferdinand Drucker (19 de novembro de 1909, em Viena, Áustria - 11 de novembro de 2005, em Claremont, Califórnia, EUA) foi um escritor,
professor e consultor administrativo de origem austríaca, considerado como o pai da administração moderna, sendo o mais reconhecido dos
pensadores do fenômeno dos efeitos da globalização na economia em geral e em particular nas organizações - subentendendo-se a administração
moderna como a ciência que trata sobre pessoas nas organizações, como dizia ele próprio. http://www.druckerinstitute.com/link/about-peter-drucker/

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Melhor entendimento das Exposições dos Trabalhadores

Um completo entendimento das exposições, combinada com o histórico dos


monitoramentos e do trabalho, permitem ter uma melhor caracterização das
exposições individuais dos trabalhadores e um melhor gerenciamento das
investigações médicas sobre as exposições ocupacionais dos trabalhadores. Um
histórico das exposições, junto com as informações sobre os efeitos à saúde,
pode indicar que uma pessoa ou grupo de pessoas estejam desenvolvendo
algum desconforto ou até mesmo doença relacionada com o ambiente de
trabalho e/ou atividade desenvolvida.

Visão geral da estratégia de avaliação da exposição

A estratégia é uma palavra com origem no termo grego strategia que


significa plano, método, manobras usadas para alcançar um objetivo ou
resultado específico. A estratégia é cíclica por natureza e é utilizada de maneira
iterativa e que se esforça para buscar a melhoria contínua. A estratégia de
amostragem consiste em realizar um planejamento criterioso e sistemático para
avaliar as exposições ocupacionais nos ambientes de trabalho e os resultados
das avaliações das exposições baseada nas informações irão ser utilizadas para
priorizar os acompanhamentos de controle e gerar um histórico para obtenção
de informações adicionais a um programa de gestão já estabelecido. Os recursos
a serem empregados em um plano de amostragem quantitativo deverão estar
focados nas maiores exposições ocupacionais verificadas na fase de
levantamento de dados (reconhecimento) dos grupos e para isso é necessário
realizar uma priorização de nível dos grupos a serem amostrados, tendo em
conta que aqueles que apresentam maior potencial de risco são os que devem
ser amostrados, gerenciados e controlados prioritariamente. De acordo com
Mulhausen e Damiano, que através da publicação, A strategy for assessing and
managing occupational exposures. 4th ed. AIHA (American Industrial Hygiene

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Association) definiram alguns passos a serem seguidos para a determinação de
uma estratégia de amostragem com certo grau de confiança a ser seguida,
sendo os principais passos os seguintes:

Início: Para começar, antes de tudo, é necessário estabelecer uma estratégia de


avaliação;

Caracterização Básica: Nesta etapa é necessário obter a maior quantidade


possível de informações sobre o ambiente de trabalho, força de trabalho e os
agentes ambientais provenientes do processo de produção e/ou prestação de
serviços;

Análise das Exposições: Analisar as exposições no ambiente de trabalho em vista


das informações disponíveis sobre o ambiente de trabalho, sobre a força de
trabalho e agentes ambientais presentes. Os resultados destas análises incluem
os seguintes pontos: a) agrupamento de colaboradores que experimentam
exposições similares; b) definição de um perfil de exposição para cada grupo de
colaboradores expostos de maneira similar; c) julgamento profissional sobre a
aceitabilidade de cada perfil de exposição.

Obtenção de maiores informações: Quando algum perfil de grupo de exposição


demonstra certo grau de incerteza é necessário obter maiores informações sobre
as características da exposição do grupo ou de seus membros, bem como sobre
os locais onde atuam os métodos de trabalho, o tempo de exposição, a
freqüência com que se expõe a toxicidade da substância, o nível de pressão
sonora de cada área visitada, entre outros fatores que podem vir a ser relevante
de acordo com o julgamento do profissional de higiene ocupacional a frente dos
levantamentos e análises.

Controle dos perigos a saúde: Implementar uma estratégia de priorização de


controle para os riscos considerados como inaceitáveis. Por exemplo, uma
exposição ocupacional a sulfeto de hidrogênio (H2S) é algo comum na indústria
do refino do petróleo, por esse motivo, o controle sob as exposições deste agente

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necessitam de máxima atenção sempre que for avaliar o cenário de forma a
saber recomendar a camada de proteção mais adequada para a concentração
que se apresenta, porém, em casos de emergência onde a concentração
ultrapassa o IPVS, não se pode permitir que se façam trabalhos de rotina e a
área necessita ser imediatamente evacuada e as condições de emergência
debeladas.

Reavalição dos Grupos de Exposição: Periodicamente é necessário realizar um


estudo completo e detalhado sobre cada grupo e, se necessário for, reavaliá-los.
Obviamente que isso dependerá das condições que cada grupo apresenta, bem
como as condições dos ambientes de trabalho, se os valores encontrados
ficarem superiores ao nível de ação ou limite de tolerância ou se houve alguma
mudança no ambiente de trabalho/processo de produção e prestação do serviço
ou se alguma substância presente no perfil de exposição possui toxicidade
elevada, faz-se sempre necessário manter a devida atenção.

Comunicação e Documentação: Sempre que um “projeto” de higiene ocupacional


estiver sendo elaborado, seja que fase for, é de suma importância dar ciência a
todas as partes interessadas (stakeholders), seja para atendimento de algum
critério legal (avisar a CIPA), seja por boa prática de transparência de gestão de
riscos ocupacionais.

Daqui por diante iremos explicar cada um destas sete etapas que compõe um
plano de estratégia de amostragem:

 Início: Estabelecer uma Estratégia de Amostragem para as Exposições;


 Para estabelecer uma estratégia de amostragem para uma empresa
alguns desafios precisam ser definidos e respondidos, tais como:
 Função do profissional de higiene ocupacional dentro desse contexto;
 Metas bem definidas do que se busca com as avaliações qualitativas e
quantitativas que serão realizadas;
 Escrever o planejamento de monitoramento e definir diretrizes.

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Caracterização Básica

Iniciar um processo de avaliação da exposição de alguém ou de um grupo


começa pela coleta e organização das informações necessárias para
caracterizar o ambiente de trabalho, o perfil da força de trabalho que atua neste
ambiente e os agentes ambientais e outros fatores estressores que possam estar
presentes. Obter informações mais detalhadas que irão ajudar a entender as
tarefas que são executadas, os materiais e ferramentas que são utilizadas e os
controles de riscos existentes no ambiente são alguns dos pontos que podem
ser observados no início de um “projeto” de higiene ocupacional e podem
demonstrar para o profissional a frente deste projeto sobre o quadro que poderá
estar a sua frente ao final da execução do trabalho.

De uma maneira mais abrangente, entende-se como caracterização básica o


processo de Reconhecimento de riscos associados ao trabalho executado,
sendo que é necessário observar três importantes pilares para estruturar a sua
caracterização básica. O primeiro pilar é o de conhecer o ambiente e isso
significa conhecer os processos de trabalho, observando sempre a divisão desse
processo entre primário, secundário e complementar, como o de montagem de
um veículo em uma linha de produção, com detalhe suficiente sob os riscos
ocupacionais envolvidos em cada fase de montagem. Além disso, é necessário
conhecer todos os materiais envolvidos para a produção de um bem ou serviço,
seja como matéria prima, subprodutos, produtos acabados e/ou rejeitos
produzidos em determinado seguimento industrial que poderá ser considerado
como matéria prima em outro. O segundo pilar é o de conhecer o perfil de
exposição da população de trabalho a qual está se estudando o risco. Isso
significa observar as funções desempenhadas, as atividades e tarefas
desenvolvidas, relacionando-as com o ambiente e com os materiais envolvidos,

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obtendo com isso um perfil de riscos ocupacionais que esta função ou grupo de
funções poderá estar exposto, e isso pode ser visto facilmente em uma
elaboração de Permissão para Trabalho (PT) que demonstra claramente a
atividade que será executada (ambiente de trabalho), bem como os materiais e
ferramentas que poderão ser necessários utilizar (materiais envolvidos) e a
função ou funções habilitadas para executar o serviço descrito naquela PT (perfil
de exposição da população de trabalho). Um detalhe importante nessa relação
é que quem está desenvolvendo o levantamento de reconhecimento de riscos
ocupacionais (caracterização básica), necessita também ter conhecimento da
população exposta em termos de suas características, pois estas informações
poderão ser relevantes a nível de exposição ocupacional. Um exemplo, pessoas
com tom de pele branca tem maior predominância a doenças de pele causadas
por exposição excessiva e sem controle aos raios solares, quando comparadas
com pessoas com tom de pele mais escura, o que não significa que a exposição
a raios solares também não seja relevante as pessoas de pele escura, mas sim
que merecem uma observação maior na camada de proteção das pessoas com
tom de pele branca. Outro exemplo é que pessoas que apresentam um quadro
de hipertensão arterial não devem ser recomendadas para trabalhar em
atividades que possam gerar muito esforço físico, como alpinismo industrial, pois
isso pode potencializar o risco de infarto.

O terceiro e último pilar é o de conhecer os agentes ambientais envolvidos de


forma a visualizar como estes se encontram correlacionados com as tarefas
desenvolvidas, os processos de produção de um bem ou prestação de serviço e
as pessoas que se expõe, observando os possíveis efeitos causados, os limites
de exposição aplicáveis, as características físico-químicas apresentadas, as
barreiras de proteção adotadas visualizando a sua eficiência e eficácia, tudo isso
para demonstrar se há a possibilidade de haver riscos ambientais desenvolvidos
observando se as salvaguardas presentes são suficientes para contenção do
perigo, diminuindo com isso o risco ambiental.

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Após este amplo estudo nesta fase, o profissional de higiene ocupacional deverá
ser capaz de definir e separar os Grupos de Exposição Similar (GES). O conceito
de GES será mais amplamente discutido a seguir, lembrando aqui que este
termo é o mais utilizado hoje, sendo este implementado pela AIHA, levando em
conta uma “modernização” do conceito original de Grupo Homogêneo de
Exposição (GHE) do NIOSH.

Análise das Exposições: Definindo os Grupos de


Exposição Similar

Os grupos de exposição similar (GES) são grupos de trabalhadores que


possuem, em geral, perfis de exposição para determinado agente ou grupo de
agentes ambientais, com uma similaridade de exposição a ser considerada, bem
como outros fatores, dentre eles: a freqüência de exposição, os materiais e
ferramentas utilizados, as práticas de trabalho desenvolvidas e os processos
com os quais interagem. Dados sobre a função, os processos, tarefas, EPI e
EPC e materiais utilizados, que foram obtidos nas fases de caracterização básica
servem para ajudar a definir e dividir os grupos de exposições similares.

É importante colocar em pauta de discussão que o perfil de exposição de um


grupo é uma estimativa da intensidade da exposição e de como esta varia ao
longo do tempo para um GES. Informações utilizadas para a definição do perfil
de exposição podem incluir dados qualitativos, quantitativos ou ambos. No início
do processo de análise, provavelmente, poucos dados quantitativos poderão
estar disponíveis, portanto, para caracterizar um perfil de exposição, muitas
vezes, recorre-se a dados qualitativos. Como o processo de obtenção das
informações, bem como o progresso da construção dos GES é algo cíclico, não
é surpresa alguma o fato de um determinado GES modificar suas características
e necessitar ser reclassificado quanto às prioridades dentro do processo de
gestão de monitoramento e controle de higiene ocupacional ao longo de uma
campanha de monitoramento de médio e longo prazo.

A exposição dos componentes de um grupo não será idêntica, pois quem é


similar é o caráter estatístico do grupo e dentro do grupo haverão variáveis a
serem consideradas.

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Os GES têm em sua formulação uma expectativa do profissional de higiene
ocupacional, baseada em sua experiência, conhecimento sobre o assunto e,
principalmente, sobre o processo estudado, buscar formar “blocos” de
exposições que se assemelhem de forma que sob o ponto de vista do julgamento
profissional e aplicação de ferramentas estatísticas adequadas, sejam possíveis
as validações destas exposições dentro daquilo que se busca para cada perfil
de GES estudado.

O julgamento é realizado sobre a exposição, utilizando o perfil de exposição e


informações coletadas sobre toxicidade do agente, reatividade, intensidade do
agente, via de penetração no organismo, efeitos a saúde e sua severidade,
incerteza associada com o perfil de exposição. Neste sistema observa-se:

 Exposições consideradas como inaceitáveis devem ser colocadas como


primeiras da lista para controle;

 Exposições nas quais não se tem certeza o suficiente sobre como ser o
perfil, devem ser colocadas na lista de prioridades de obtenção de
maiores informações;

 Exposições nas quais são consideradas como aceitáveis deverão ser


colocadas em uma lista de avaliação/reavaliação periódica para verificar
se o perfil do grupo estudado continua dentro dos índices aceitáveis.

Exposições Inaceitáveis – Implementando Controle de riscos à saúde: Os perfis


de exposições similares que são considerados como inaceitáveis devem ser
colocados em prioridade de controle. Esta priorização, por exemplo, pode ser
considerada em situações de uma maior exposição ao risco a determinada
agente altamente tóxico, para este cenário o controle deve ser imediato, não
permitindo ser feito sem que se tenha uma camada de proteção adequada ao
risco.

Exposições com certo grau de incerteza – Coletar informações adicionais: Os


perfis de exposição que geram alguma dúvida ou que não tenham dados
suficientes para um julgamento técnico adequado necessitam obter maiores
informações a respeito da exposição dos indivíduos que compõe este grupo. O
tipo e detalhamento da informação coletada vão variar de GES para GES uma
vez que cada um poderá ter mais ou menos riscos associados e para cada risco
poderá haver um número maior de variáveis que deverão ser consideradas. Por
isso, para diminuir o grau de dúvidas em relação ao perfil de um grupo de
exposição similar (GES) é necessário que se obtenha o maior número possível

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de informações dentro do ambiente de trabalho que está se estudando e com os
principais “atores” envolvidos.

Exposições aceitáveis – Sem ação imediata ou Estabelecimento de Rotina de


Monitoramento:

As exposições que são julgadas como aceitáveis podem não precisar de maiores
detalhamentos quanto ao seu perfil, podem não sofrer alterações nos
documentos de gestão quanto ao perfil de risco até que se decida fazer um novo
processo de monitoramento, mas para isso é necessário ter em mãos os dados
dos monitoramentos de campo, bem como os dados toxicológicos de exames
laboratoriais para que se possa realizar um julgamento a cerca da
“aceitabilidade” do grupo como exposições aceitáveis e/ou para garantir que a
sistemática operacional não está fora de controle a ponto de haver uma hipótese
de colocar os colaboradores em exposições inaceitáveis.

A figura 1 demonstra o fluxograma de avaliação da exposição proposto pela


AIHA, adaptado pela USP, 2015:

Figura 1 - Fluxograma de avaliação da exposição

Fonte: USP, 2015

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O conceito do Exposto De Maior Risco (EMR)

O conceito de Exposto de Maior Risco (EMR) é um conceito que foi elaborado


pelo NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) em sua
publicação denominada Occupational Sampling Strategy Manual de 1977 e tem
como premissa nos informar que um EMR é um indivíduo de um GHE, nesse
caso hoje um GES, se julga possuir a maior exposição relativa em seu grupo. O
entendimento de “mais exposto” do grupo é dado no sentido qualitativo, ou seja,
através de análise minuciosa de suas atividades de campo e aplicações de
ferramentas adequadas para ter esse entendimento.

A partir do momento em que se aplica as ferramentas adequadas de forma a


serem capaz de determinar o EMR, o profissional de higiene ocupacional poderá
otimizar suas ações de Estratégia de Amostragem e com isso buscar uma
economia de tempo e de investimento financeiro em termos de amostragem, e
estes investimentos poderão ser melhor alocados em outras ações de controle
de SMS dentro do processo que está sendo estudado.

É fundamental que se tenha critério ao utilizar o conceito de EMR, pois o seu uso
equivocado poderá a levar o profissional de higiene ocupacional tenha uma visão
distorcida sobre a exposição ocupacional de um grupo de pessoas expostas
dentro de um processo estudado. Por isso, procure sempre a observação
detalhada das exposições dos indivíduos que compõe um GES. O sentido de
Exposto de Maior Risco (EMR) deve ser entendido como a daquele indivíduo
como a de “maior exposição”, não necessariamente estando esta ligada a um
indivíduo, mas sim a uma situação. Dessa maneira

Se as características do agente ou das atividades não permitirem essa


identificação com razoável segurança dentro de um julgamento técnico de
maneira robusta e confiável, então podemos lançar mão de uma ferramenta
estatística especialmente desenvolvida para essa identificação ou simplesmente
passar a avaliar todo o grupo, e não apenas o mais exposto. Esse é um dos
motivos que fazem com que o julgamento profissional seja um pilar
importantíssimo na formação dos GES ou de um EMR.

O procedimento básico a ser utilizado se o EMR não puder ser identificado por
observação deverá seguir os seguintes passos:

Selecione, a partir do número de trabalhadores do GES, o número de


trabalhadores a ser amostrado*. Utilize a Tabela 1;

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Prepare uma amostragem aleatória para a quantidade de trabalhadores a ser
amostrada. Esta quantidade é dada pela Tabela 1;

Realize as amostragens em dias típicos de trabalho (não realizar


necessariamente todas as amostras no mesmo dia);

Obtenha o resultado das análises;

O EMR será considerado como o indivíduo que possui a máxima exposição


quantitativa obtida.

Tabela 1 - Tamanho da amostra parcial para os 10% mais expostos com


confiança de 90%.

N(GES) n (amostra)

Até 8 7

9 8

10 9

11 à 12 10

13 à 14 11

15 à 17 12

18 à 20 13

21 à 24 14

25 à 29 15

30 à 37 16

38 à 49 17

50 18

Acima de 50 22
OBS: Para N < 8, n=N

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As amostras, principalmente as de agentes químicos pelo método de leitura
indireta, deverão ser coletadas de acordo com o dispositivo de coleta,
observando informações importantes colocadas por cada método de
amostragem, tais como: tipo de coletor, vazão, volume mínimo e máximo
especificado, entre outras.

Sob o ponto de vista de medição de uma exposição, é válido dizer que esta
consiste de uma ou mais amostras à serem coletadas na altura da zona
respiratória do indivíduo que está exposto dentro de um ambiente de trabalho e
estas medições poderão variar, de acordo com o NIOSH e a NHO 08, da
seguinte maneira:

 Amostra única de período completo: Uma única amostra de ar é coletada


continuamente, cobrindo um período de coleta correspondente à jornada
diária de trabalho;
 Amostras consecutivas de período completo: Várias amostras de ar são
coletadas, sendo que o período de coleta deverá corresponder à jornada
diária de trabalho;
 Amostras de período parcial: Uma única amostra de ar é coletada
continuamente ou várias amostras são coletadas com iguais ou diferentes
tempos de coleta. O período total de coleta deverá corresponder a, pelo
menos, 70% da jornada diária de trabalho.

A figura 2 demonstra o gráfico dado pela NHO 08 que exemplifica cada modelo
de amostras para cada tipo de período, este gráfico foi adaptado do Occupational
Sampling Strategy Manual do NIOSH de 1977.

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Figura 2 – Modelos de Amostras para cobrir tempo de exposição

Fonte: NHO 08, FUNDACENTRO, 2014

Quando o exposto de maior risco não pode ser identificado com razoável certeza,
faz-se necessária a realização da amostragem aleatória, que consiste em
amostrar randomicamente o grupo cujos membros estão expostos a
determinado risco, de forma semelhante.

O objetivo do processo da amostragem aleatória é selecionar um subgrupo de


tamanho apropriado de forma que haja grande probabilidade de a amostra
aleatória conter ao menos um trabalhador com alta exposição. Amostragem
aleatória é aquela na qual qualquer dos itens tem a mesma chance de ser
contemplado, ou seja, é obtido através de um sorteio. Qualquer método de
sorteio, no qual qualquer item tem a mesma chance de ser contemplado, pode
ser utilizado e deve ser descrito em procedimento descrito pelo profissional de
higiene ocupacional designado para o estudo. Um método comum é a utilização

23
23
de tabelas de números ao acaso, como apresentado na figura 3 - Números
aleatórios para amostragem.

Figura 3 - Tabela para escolha de números aleatórios, reproduzida de Natrella (3.1), com
permissão da Rand Corporation, “A Million Random

Digits,” The Free Press, 1955.

O procedimento de sorteio tem como fundamento a aplicação do sorteio de


colaboradores, de jornadas (dias de trabalho) ou de momentos de jornada a
serem obtidos de um total de até 100 itens (01 a 99, sendo 00 = 100), descrito
no passo a passo abaixo:

24
24
1. Determine o número de amostras necessárias, para isso, visualize
colaboradores de um GES, jornadas ou momentos de uma jornada);
2. Enumere os itens da população de 01 até o último item possível;
3. Comece de qualquer lugar da Tabela descrita na figura 3, de uma forma
aleatória (por exemplo, use o mês corrente para a coluna e o dia corrente
para a linha ou coloque o dedo sobre a tabela sem mirar, use as horas do
dia para a coluna e os minutos para a linha. Assim, se ao usar a tabela for
07:25h, comece na coluna 7, linha 25 - que fornece o número 7);
4. Se o número inicial atende ao sorteio (está dentro do número de itens
disponíveis), acolha-o. Prossiga em ordem descendente pela coluna,
coletando os demais itens que atendem ao sorteio. Se necessário, passe
para a coluna seguinte. Se for até o final da última coluna, prossiga no
topo da primeira, e assim por diante. Considerando um exemplo, em que
tivéssemos que sortear 8 empregados de um total de 25, vimos que o
número 7 atende ao sorteio. Prosseguindo como orientado, acolheríamos
os demais: 20, 24, 14, 27, 18, 25 e 22.

Uma maneira mais simplificada de gerar números aleatórios é através de sites


como, por exemplo: https://www.4devs.com.br/gerador_de_numeros_aleatorios
e definir uma programação que seja adequada ao número de amostras que o
seu GES poderá comportar.

Obtenção de maiores informações para composição dos GES

A obtenção de informações adicionais sobre as condições do ambiente de


trabalho devem seguir uma escala de prioridades. Exposições consideradas
elevadas devem ser vistas primeiro, pois ao estudar este tipo de perfil obtêm-se
informações sobre a criticidade do risco. Por exemplo, um funcionário que foi
chamado para pintar a parede do setor onde você trabalha vai ter exposição a
vapores orgânicos da tinta a ponto de necessitar utilizar de um respirador semi-
facial com filtro para vapores orgânicos, essa suposta concentração ao qual
ficará exposto presume-se que com este tipo de respirador, em principio, o
colaborador não terá danos a sua saúde e integridade física. Diferente do caso
em que, no mesmo dia e próximo de seu setor, outro colaborador foi convocado
a limpar a cisterna de água da empresa que estava fechada por vários anos,

25
25
nesse tipo de ambiente dada as condições de espaço confinado, presume-se ter
riscos potenciais a saúde e integridade física, de forma que a busca por maiores
detalhes sobre o ambiente, os possíveis contaminantes presentes e as
condições ambientais são fundamentais para começar a definir que tipo de
proteção coletiva e/ou individual deverá ser empregada para atuar nesse
cenário.

A priorização dos GES para obtenção de maiores informações é importante para


dar maior confiança ao profissional de higiene ocupacional de que esforços de
seu trabalho estão sendo empregados, inicialmente, naqueles GES que
possuam a maiores características de riscos presentes à saúde.

Os critérios para priorização das avaliações dos riscos têm como finalidade a
priorização de ações e a redução ao máximo possível das exposições,
considerando sempre as viabilidades técnicas e econômicas. O risco é estimado
em função da probabilidade de ocorrência e gravidade de ocorrência de danos,
combinando-se as estimativas da probabilidade com estimativas de gravidade
do dano potencial e as categorias de riscos são pautadas em cinco categorias:

Risco Trivial; Risco Tolerável; Risco Moderado; Risco Elevado; Risco Muito Elevado.

Os riscos presentes à saúde podem ser demonstrados através do gráfico da


figura 2, tendo como variáveis a taxa de efeitos à saúde VS a taxa de exposição
ao risco. Na taxa de efeito à saúde, tem como variável atrelada a “severidade”
do agente de risco e na taxa de exposição ao risco tem como variável atrelada a
“probabilidade” de dano.

Figura 2 – Gráfico para demonstrar os riscos presentes à saúde.

Fonte: AIHA, 2015 adaptado pelo autor.

26
26
Como resultado do cruzamento destes dados o profissional de higiene
ocupacional terá como possibilidade viável a classificação dos GES por
prioridade de ação, observando que GES com riscos muito baixos são
considerados com riscos triviais presentes à saúde, enquanto que GES com alta
incidência de exposição a agentes muito danosos ao ser humano são
considerados como riscos muito altos presentes à saúde. Dessa maneira, os
GES que forem classificados como triviais terão baixa prioridade comparado
aqueles que forem classificados como baixo, moderado, alto e muito alto, sendo
o último o de maior relevância quanto a priorização de ações sob o GES assim
classificado.

O esquema de priorização apresentado na figura 2 nada mais é do que uma


ferramenta de auxílio na classificação de priorização dos GES quanto a obtenção
de maiores informações para um futuro monitoramento e implementação de
medidas de controle, podendo estas ser imediatas ou de longo prazo,
obviamente que dependendo da classificação realizada e das características do
GES (perfil de exposição ao risco, toxicidade da substância, intensidade do
agente, interação do trabalhador com o risco, etc..). A partir do desenvolvimento
dos estudos mais elaborados dos GES, a obtenção de maiores informações vai
acontecendo e isso auxilia diretamente na diminuição das incertezas (dúvidas)
que podem aparecer ao longo do processo de estudo dos riscos de cada GES.

Para uma verificação ampla e com maior grau de confiança possível, o


profissional de higiene ocupacional poderá lançar mão de todas as informações
disponíveis, tanto de âmbito qualitativo quanto quantitativo de forma a fazer o
seu julgamento profissional quanto a caracterização do perfil de um GES e
atribuir a isto a categorização do risco fazendo o cruzamento dos dados de
acordo com a figura 2. É necessário ter o entendimento de que a avaliação da
exposição deverá ser vista como um componente de risco para a determinação
da taxa de exposição ao risco, bem como que avaliar os efeitos à saúde no
organismo humano como um componente de risco para determinar a taxa de
efeitos à saúde.

Cada GES poderá ter atribuído a sua taxa de efeitos à saúde a toxicidade do
agente estudado, isso para agentes químicos, e no caso de agentes físicos a
intensidade do agente.

As metodologias utilizadas para priorização das avaliações quantitativas devem


priorizar os GES em razão da combinação da probabilidade de exposição e do
potencial de dano à saúde. Fazer a gradação da probabilidade de exposição
atribuindo um índice de significância (S) que varia de 1 a 4. O índice (S) é definido

27
27
a partir do perfil de exposição qualitativo, quando não forem possíveis ou
disponíveis no momento o perfil de exposição quantitativo. Quanto maior for a
exposição (relação entre a intensidade ou concentração versus a duração e
freqüência), maior será a probabilidade de ocorrência do dano e maior será o
valor de (S). A tabela 2 demonstra os critérios para a valoração da significância
da exposição (S).

Tabela 2 – Valoração da significância da exposição (S)

(S) Índice de Critérios para a valoração da significância da exposição (S)


Significância
da Exposição CRITÉRIO UTILIZADO

(Perfil de Exposição Utilizado)

1 Exposição baixa e contato não freqüente com o agente ou contato


freqüente, mas com baixíssimas concentrações ou intensidades,
geralmente abaixo do nível de ação.

2 Exposição moderada, contato freqüente com o agente em baixas


concentrações ou intensidades ou contato não freqüente a altas
concentrações ou intensidades, geralmente próxima do nível ação.

3 Exposição Significativa, contato freqüente com o agente em altas


concentrações ou intensidades, geralmente acima do nível de ação e
abaixo do limite de tolerância.

Exposição Elevada, contato freqüente com o agente em concentrações


ou intensidades elevadas, geralmente acima do limite de tolerância.
4
Fonte: AIHA (American Industrial Hygiene Association) Adaptada pelo autor, 2019.

Realizar esta gradação é fundamental para responder a seguinte pergunta:

“Qual a chance (probabilidade) que o trabalhador exposto tem


de sofrer uma lesão ou desenvolver uma doença, se as condições
das tarefas permanecerem iguais as presentes no momento?”.

A gradação do potencial do agente causar danos (G) é realizada utilizando


critérios relacionados a seguir:

28
28
 O potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico de agentes
ambientais;
 O potencial de danos agudos e crônicos dos agentes ambientais;
 O potencial de agentes químicos de causar danos locais quando em
contato com olhos e pele;
 O valor dos LT ou TLV para contaminantes atmosféricos, pois quanto
menor for o valor dos TLV maior será o potencial do agente de causar
danos;
 Para gases e vapores, utilizar os valores em ppm e para particulados
utilizar os valores em mg/m³.
A tabela 3 demonstra os critérios para graduação da gravidade em função do
potencial do agente de causar danos.

Tabela 3 – Gravidade em função do potencial do agente de causar danos (G)

Critérios para graduação da gravidade em função do potencial do agente de causar danos

Potencial carcinogênico, mutagênico Potencial de Potencial de TLV (ACGIH)


ou teratogênico (Agentes físicos e danos agudos e danos locais
G químicos) crônicos (agentes por contato Contaminantes
físicos) com olhos e atmosféricos:
pele (agentes Gás/Vapor ou
químicos) Particulados

1 Agentes sob suspeita de ser Lesão ou doença Agente  500  10


carcinogênico, mutagênico ou leve com efeitos classificado ppm mg/m³
teratogênico, mas sem dados severos e como irritante
suficientes par classificar (Grupo A4 prejudiciais, mas leve para pele
da ACGIH) reversíveis e olhos

29
29
Critérios para graduação da gravidade em função do potencial do agente de causar danos

Potencial carcinogênico, mutagênico Potencial de Potencial de TLV (ACGIH)


ou teratogênico (Agentes físicos e danos agudos e danos locais
G químicos) crônicos (agentes por contato Contaminantes
físicos) com olhos e atmosféricos:
pele (agentes Gás/Vapor ou
químicos) Particulados

2 Agentes sob suspeita de ser Lesão ou doença Agente 101 a 500 >1
carcinogênico, mutagênico ou séria com efeitos classificado ppm mg/m³
teratogênico confirmados para reversíveis como irritante e < 10
animais (Grupo A3 da ACGIH) levemente para as mg/m³
prejudiciais ou mucosas,
sem efeitos olhos, pele e
adversos trato
conhecidos respiratório
superior

Agente
altamente
3 Agentes sob suspeita de ser Lesão ou doença irritante ou 11 a 100 > 0,1
carcinogênico, mutagênico ou séria com efeitos corrosivo para ppm mg/m³
teratogênico suspeito para seres irreversíveis mucosas, pele, e<1
humanos (Grupo A2 da ACGIH) severos sistema mg/m³
prejudiciais que respiratório e
podem limitar digestivo
efeitos adversos resultando em
conhecidos lesões
irreversíveis
limitantes
funcionais

4 Agentes sob suspeita de ser Lesão ou doença Agente com < 10 ppm < 0,1
carcinogênico, mutagênico ou incapacitante ou efeito mg/m³
teratogênico confirmado para seres fatal corrosivo
humanos (Grupo A1 da ACGIH) severo sobre a
pele, mucosa e
olhos com
risco de perda
de visão,
podendo
resultar em

30
30
mortes ou
lesões
incapacitantes
Fonte: AIHA (American Industrial Hygiene Association) Adaptada pelo autor, 2019.

Com base nos dados obtidos nas tabelas 2 e 3 é possível definir a categoria do
risco para cada tipo de exposição ou contato/dano potencial a partir dos valores
dos índices de significância (S) e gravidade (G), utilizando a matriz apresentada
na tabela 4 que define a categoria de risco correspondente.

Tabela 4 – Categorização dos Riscos Ambientais

Risco Risco Risco Risco Muito


Moderado Elevado (D) Elevado (D) Elevado (E)
4 (C)

Risco Baixo Risco Risco Risco Elevado


(B) Moderado Elevado(D) (D)
SIGNIFICÂNCIA (S)

3 (C)

Risco Baixo Risco Risco Risco Elevado


(B) Baixo(B) Moderado (D)
2 (C)

Risco Trivial Risco Risco Risco


Baixo(B) Baixo(B) Moderado (C)
1 (A)

1 2 3 4

GRAVIDADE (G)
Fonte: AIHA (American Industrial Hygiene Association) Adaptada pelo autor, 2019.

31
31
De acordo com o método da AIHA (American Industrial Hygiene Association),
após a realização da categorização dos riscos, é possível obter as prioridades
de avaliação de acordo com a seguinte classificação:

 Categoria E: Adotar medidas de controle de forma imediata;


 Categoria D: Realizar avaliações em até 12 meses;
 Categoria C: Realizar avaliações em até 24 meses;
 Categoria B: Realizar avaliações em até 36 meses;
 Categoria A: Não realizar avaliações.

O método tem como referência os critérios da American Industrial Hygiene


Association (AIHA) que através da publicação A Strategy for Assessing and
Managing Occupational Exposures determina os critérios para a priorização e
escolha adequada dos trabalhadores expostos através de análise qualitativa dos
riscos.

Todos os dados coletados por esta metodologia são registrados em planilha


estruturada de análise de riscos, denominada de APRHO (Análise Preliminar de
Riscos de Higiene Ocupacional), conforme demonstrado na tabela 5 e contendo:

 Informações de cargos;

 Fonte geradora do agente e sua localização;

 Meios de propagação;

 Controles existentes;

32
32
 Número de expostos aos riscos ambientais das tarefas;

 Dados obtidos nos critérios de priorização das avaliações dos riscos;

 Ações que deverão ser realizadas sobre o agente.

Os registros destas informações são atualizados no mínimo uma vez por ano, e
sempre que houver alterações que impliquem na necessidade de revisão do
PPRA, como exemplo de programa de gestão de riscos de higiene ocupacional.

Esta técnica é utilizada na fase de reconhecimento dos riscos e ocorre de


maneira qualitativa, configurando ou não a necessidade de avaliações
quantitativas para uma melhor tomada de decisões.

Análise Preliminar de Risco para Higiene Ocupacional -


(APR-HO)

É uma ferramenta utilizada na fase de identificação da exposição a agentes


ambientais, seja por antecipação (novos projetos, reformas de equipamentos,
mudanças de processos) ou reconhecimento (processos em operação). A APR-
HO visa estabelecer a caracterização das exposições através da pesquisa
sistemática das tarefas desenvolvidas por um determinado GES, subsidiando a
tomada de ações para estabelecer prioridades das avaliações, bem como
possibilidade de controles que mantenham as citadas exposições dentro de
faixas tidas como toleráveis.

A APR-HO deve ser utilizada como ferramenta para a caracterização das


exposições aos riscos, devendo integrar os programas de gestão em higiene
ocupacional. A Tabela 05 demonstra um modelo de APRHO deve ser utilizada
como subsídio na elaboração e preenchimento das Análises Preliminares de
Riscos para Higiene Ocupacional.

Com o modelo de APR-HO em mãos, o profissional de Higiene Ocupacional deve


elaborar a APR-HO, conforme os itens a seguir:

 Entrevistar, de forma representativa, empregados integrantes do GES em


estudo, sempre que possível, na própria área de trabalho destes;

33
33
 Iniciar o preenchimento do formulário pelos campos de rastreabilidade do
documento e descrever, seqüencialmente, as tarefas diárias e eventuais
que os empregados executam;

 Para cada tarefa devem ser identificados os agentes físicos, químicos e


biológicos presentes, realizando a análise da exposição potencial,
identificação de fontes geradoras e meios de propagação, seus efeitos à
saúde e medidas de controle existentes;
 A APR-HO com as informações finais deve ser submetida à ciência do
superior hierárquico responsável pelo GES estudado (gerente,
coordenador, supervisor);

 Coletar as assinaturas para evidenciar a participação dos empregados e


superior hierárquico responsável pelo GES no processo de elaboração da
APR-HO.

34
34
Tabela 05 – Reconhecimento dos Riscos Ambientais

PLANILHA DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS PARA HIGIENE OCUPACIONAL

FUNÇÃO: N° de funcionários: 20

Oficial de Manutenção Complementar (Limpeza de Tanques)

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE:

Realizar a entrada no tanque para a retirada de resíduos derivados de petróleo, tendo contato direto com os hidrocarbonetos. Utilizam ferramentas manuais e bomba de sucção para remoção do
petróleo residual contido no interior do tanque.

ANTECIPAÇÃO DOS RISCOS MEDIDAS DE CONTROLE TIPOS DE AVALIAÇÃO DOS


RISCOS
EXISTENTES EXPOSIÇÃO

Identificação do Caracterização Fontes Geradoras Meios de Possíveis danos à Medidas Medidas Habitual ou Tempo de S G Categoria
Risco Propagação saúde Individuais Coletivas Permanente, Exposição /
Ocasional ou Freqüência
Intermitente

Físico / Ruído Exposição a Área Industrial Aéreo PAIRO Protetor N.A Habitual e 480 minutos 4 3 Elevado – (D)
ruído Auricular Permanente por dia / 5
intermitente com NRRsf vezes semanais
adequado

35
35
Físico / Calor e Exposição a Interior do Aéreo Falta de Vestimenta Revezamento Habitual e 480 minutos 2 3 Moderado –
Umidade situações de Tanque Evaporação do correta, entre as Permanente por dia / 5 (C)
estresse térmico suor, reposição de atividades vezes semanais
Desidratação, sais minerais dentro e fora
Perda de sais e água. do tanque.
minerais,
Fonte: Modelo de APRHO, Autor (2019)

Tabela 05 – Reconhecimento dos Riscos Ambientais (Continuação)

ANTECIPAÇÃO DOS RISCOS MEDIDAS DE CONTROLE TIPOS DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS

EXISTENTES EXPOSIÇÃO

Identificação do Caracterização Fontes Meios de Possíveis danos Medidas Medidas Habitual ou Tempo de S G Categoria
Risco Geradoras Propagação à saúde Individuais Coletivas Permanente, Exposição /
Ocasional ou Freqüência
Intermitente

Químico/ Exposição a Interior do Aéreo e Irritação do Protetor Sistema Habitual e 480 minutos 4 4 Muito Elevado – (E)
benzeno, tolueno, Vapores Tanque Dérmico TRS, TRI, Facial de peça Inteligente Permanente por dia / 5
xileno, Orgânicos Alteração no inteira com ar de

36
36
etilbenzeno, fenol, Voláteis e SNC, Tontura, mandado e Suprimento vezes
mercaptanas, Vapores Náusea, Anemia válvula de de Ar semanais
sulfeto de Inorgânicos Aplástica demanda
hidrogênio e Roupa de
amônia Tyvek, Luva
Nitrílica e
Bota de PVC.
Fonte: Modelo de APRHO, Autor (2019)

37
37
Utilização de Ferramentas Estatísticas para verificação
dos GES

A compreensão dos dados coletados bem como o julgamento da aceitabilidade do perfil de


exposição de cada GES será realizada com o auxilio de ferramentas estatísticas amplamente
discutidas e difundidas em várias publicações de Higiene Ocupacional no âmbito internacional
e nacional, e aqui daremos ênfase a publicação da FUNDACENTRO denominada Estatística
Aplicada a Saúde Ocupacional de 1997.

Número de Amostras

O número amostral (𝑛) é obtido através da observação das amostras e representa o número
total de avaliações realizadas.

Valores Máximos e Mínimos

São obtidos através da observação das amostras e correspondem respectivamente


ao maior e ao menor valor amostrado.

Média Aritmética

É calculada somando todas as exposições medidas e dividindo pelo número total de


amostras.

Desvio Padrão

É uma medida de dispersão dos dados em torno da média amostral.

Média Geométrica

Indica a tendência central ou o valor típico de um conjunto usando o produto dos seus
valores.

Desvio Padrão Geométrico

É uma medida de dispersão dos dados em torno da média geométrica.

38
Teste W

O Teste Shapiro e Wilk (conhecido geralmente como o teste w) é um método


para testar hipóteses sobre a forma da distribuição dos dados de monitoramento.
Portanto, antes de calcular as estatísticas paramétricas, os dados de monitoramento
devem ser avaliados verificando se acompanham o comportamento de uma
distribuição normal ou de uma distribuição lognormal. Quando os dados não
acompanham o comportamento de uma distribuição lognormal ou normal, então as
técnicas não paramétricas devem ser usadas. As equações abaixo representam o
cálculo do W cal pela distribuição normal e lognormal, respectivamente.

W cal – Distribuição Normal W cal – Distribuição Lognormal

Por outro lado, o Wtab é determinado conforme a tabela de coeficientes de


Shapiro e Wilk.

39
Figura 6 - Tabela de Coeficientes de Shapiro e Wilk.
Fonte: AIHA, 2015
Percentil 95%

Os Percentis são medidas que dividem a amostra ordenada (por ordem


crescente dos dados) em 100 partes, cada uma com uma percentagem de dados
aproximadamente igual. O percentil 95% indica o nível de exposição que representa
95% das exposições na distribuição.

40
MVUE

Estimador de Mínima Variância Imparcial, ou Minimum Variance Unbiased


Estimators em inglês, é a estimativa pontual preferencial da média aritmética de
uma distribuição lognormal.

O MVUE é calculado iterativamente e quando obtido com cinco termos, os


resultados terão significância de três algarismos para tamanhos de amostra de 5 a
500 e desvios padrão de 2 a 5.

Coeficiente de Variação Total

A precisão da amostragem será então uma função de todas as etapas que


levam a coleta da amostra e a analise laboratorial. Dessa forma, o coeficiente de
variação total da avaliação (CVT) será definido pela raiz quadrada da soma dos
quadrados do coeficiente de variação de amostragem (CVS) e do coeficiente de
variação analítica (CVA).

Coeficiente de variação de amostragem (CVS)

Segundo as orientações do Guia de Amostragem de Contaminantes do Ar


no Local de Trabalho (Sampling Guide for Air Contaminants in the Workplace)
publicado pelo Instituto de Pesquisa em Saúde e Segurança do Trabalho Robert-
Sauvé (Institut de Recherche Robert-Sauvé en santé et en sécurité du travail
IRSST) em 2013, a precisão de amostragem referente apenas às bombas é
geralmente estimada em 0,05 (5%) como sendo o erro máximo permitido para esse
equipamento (DROLET & BEAUCHAMP, 2013).

Cada amostra realizada possui um registro referente a variação da vazão da


bomba de amostragem observada durante a coleta. O número de amostras
coletadas varianado, por exemplo, entre oito e 10 amostras, de acordo com o grupo

41
avaliado. Dessa forma, o coeficiente de variação de amostragem (CVS) é dado pela
média aritmética da de todas as “n” variações de vazão (ΔQ) registradas durante o
processo de coleta.

Coeficiente de variação analítica (CVA)

Para métodos analíticos, os coeficientes de variação são determinados pelo


laboratório que utilizam séries de amostras geradas, comparando-as com os
respectivos padrões. Os coeficientes de variação analítica (CVA) devem ser
disponibilizados pelos laboratórios responsáveis pelas analises químicas para que
o profissional de higiene ocupacional possa realizar as inferências estatísticas
necessárias ao seu trabalho e estudo. Na tabela 6 é possível ver alguns exemplos
de CVA de acordo com o agente químico estudado e seu método de aplicação.

Limite de Confiança Inferior e Superior

Intervalos de confiança são usados para indicar a confiabilidade de uma


estimativa. Juntos, os limites de confiança superior e inferior formam um intervalo
de confiança de 95%.

Limite de Confiança Inferior e Superior

42
O teste t (de Student) foi desenvolvido por Willian Sealy Gosset em 1908 que
usou o pseudônimo “Student” em função da confidencialidade requerida por seu
empregador (cervejaria Guiness) que considerava o uso de estatística na
manutenção da qualidade como uma vantagem competitiva. O teste t de Student
tem diversas variações de aplicação, mas sempre há a limitação do mesmo ser
usado na comparação de duas (e somente duas) médias e as variações dizem
respeito às hipóteses que são testadas.

A tabela 7 demonstra a distribuição t de student realizando o teste unicaudal


ou bicaudal.

Na tabela cada coluna corresponde a um nível de significância que vai desde


50% (α:0,50) até 0,5% (α:0,005).

Para saber a linha que nos interessa, precisamos saber o número de graus
de liberdade do teste que é o número de dados usados no teste (10) menos 1,
sendo assim, nos interessa o valor de t associado a 9 graus de liberdade (ɣ),
conforme equação que segue: ɣ=n-1, onde “n” é o número de amostras realizadas
para serem utilizadas no teste.

43
44
Bibliografia

Occupational Sampling Strategy Manual, NIOSH, 1977;

Estatística Aplicada a Saúde Ocupacional , FUNDACENTRO, 1997;

A Strategy for Assessing and Managing Occupational Exposures, AIHA, 2015;

Guia Técnico de Higiene Ocupacional, PETROLEO BRASILEIRO S.A.,


Petrobras, 2018;

NHO 08 - Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no ar de Ambientes


de Trabalho, FUNDACENTRO, 2014;

Módulo 08 – Estratégia de Amostragem, Curso de Especialização em Higiene


Ocupacional, Escola Politécnica da USP, Universidade de São Paulo, 2015.

Higiene Ocupacional ao Alcance de Todos, Rocha, Rosemberg e Bastos,


Marcos (2017), Editora Autografia.

45

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