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CURSO
INSPEÇÃO
SANITÁRIA EM
SAÚDE DO
TRABALHADOR
PARA O
MAPEAMENTO
DE RISCOS
OCUPACIONAIS
BRASÍLIA - DF
2022
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CURSO
INSPEÇÃO
SANITÁRIA EM
SAÚDE DO
TRABALHADOR
PARA O
MAPEAMENTO
DE RISCOS
OCUPACIONAIS
BRASÍLIA - DF
2022
2022 Ministério da Saúde.
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde
Ambiental e Saúde do Trabalhador. Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador. Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde
do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
27. : il.
ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x
1. Vigilância em Saúde do Trabalhador; 2. Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho; 3.
Inspeções Sanitárias em Saúde do Trabalhador.
Apresentação 7
Unidade 01 - Introdução a Vigilância de Ambientes e Processos
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de Trabalho
1. O que é a Vigilância de Ambientes e Processos de
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Trabalho?
Unidade 02 - A Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador:
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conceitos, abordagens e seus desdobramentos
1. O que é a Inspeção Sanitária em Saúde do
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Trabalhador?
1.1. A Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador
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para o Mapeamento de Riscos Ocupacionais
Unidade 3 - Informações relevantes para o melhor
desenvolvimento das atividades da Inspeção 22
Sanitária em Saúde do Trabalhador
1. Como produzir o documento técnico? 22
2. Como priorizar medidas de prevenção e controle dos
fatores e situações de risco identificados nos ambientes 23
e processos de trabalho?
3. Como comunicar as ações desenvolvidas aos
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interessados?
4. Como acompanhar e monitorar as ações? 27
Síntese 29
Referências 30
Apresentação
Olá Cursista,
Neste curso você irá compreender como é realizado o desenvolvimento das ações de Ins-
peção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST) pelas equipes de Vigilância em Saúde,
com a finalidade de ampliar sua capacidade de intervir nas situações e fatores de riscos
aos quais os(as) trabalhadores(as) estão expostos(as), eliminando ou atenuando-os.
Te convidamos a ler atentamente todos os assuntos deste curso para que você esteja apto
a refletir sobre suas práticas e aprender a como operacionalizar as ISST.
Lembramos que estas ações podem ser disparadas a partir da análise da situação de saú-
de do trabalhador e da trabalhadora ou de outras situações que demandem intervenções
nos ambientes de trabalho, considerando as particularidades de cada atividade econômi-
ca, as legislações e normas vigentes e as características de cada tipo de trabalho.
Bons estudos!
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 1
Introdução à Vigilância de Ambientes e
Processos de Trabalho
A VAPT, pautada nos princípios do SUS, se propõe a atuar em quaisquer ramos de atividade
econômica, independentemente dos tipos de vínculos e relações de trabalho estabelecidas
(formais ou informais).
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Orientações, apoio e negociação com representantes de categorias de trabalha-
dores(as) de atividades informais, associações, cooperativas, para implantação de
medidas de prevenção e proteção da saúde em suas atividades;
A VAPT é uma atribuição do SUS, em seus diversos âmbitos administrativos. Para ser reali-
zada, a VAPT deve contar com equipes técnicas multi-profissionais, qualificadas, idealmente
com vínculo de trabalho estável e dimensionadas de modo a atender a diversidade de perfis
produtivos e epidemiológicos de cada estado, município, região de saúde e Distrito Federal.
Além disso, é dever do poder público prover as condições e as garantias para o exercício
do direito individual e coletivo à saúde. Os ambientes de trabalho são espaços de interesse
público, cabendo ao SUS a responsabilidade sanitária e constitucional de proteger a saúde
das pessoas em seu local de trabalho.
Para conferir maior respaldo e efetividade às ações das equipes de VAPT, é importante que
constem nos códigos de saúde (ou códigos sanitários) de estados, Distrito Federal e muni-
cípios as disposições sobre promoção e proteção da saúde, prevenção e controle de riscos
e agravos relacionados ao trabalho e ações de vigilância em saúde dos(as) trabalhado-
res(as), com as devidas obrigações e responsabilidades dos diversos entes.
Também é importante constar a atribuição da competência de autoridade sanitária e do
poder de polícia administrativa, bem como a definição de infrações e da aplicação de pe-
nalidades pelo descumprimento das normas de proteção à Saúde do Trabalhador.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Você já consultou o Código Sanitário do seu município ou estado?
Ele contempla as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador?
Caso não tenha essas informações no Código do seu local de atuação, você pode
articular essa alteração junto aos órgãos competentes.
Antes de avançarmos para compreender como as ações de ISST devem ser desen-
volvidas, te convidamos a ler o documento elaborado pelo estado da Bahia, por
meio da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador, sobre Orien-
tações técnicas para ações de vigilância de ambientes e processos de trabalho
(2012). Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/
OrientacoesTecnicasAcoesVigilanciaAmbientesProcessosTrabalho_final_MAR-
CAS2019_WEB.pdf
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 2
A Inspeção Sanitária em Saúde do
Trabalhador: conceitos, abordagens e seus
desdobramentos
A ISST é a principal estratégia da VAPT. É através dela que se busca eliminar, reduzir e/ou
controlar os riscos advindos dos processos de produção e das relações nela estabelecidas,
com vistas à promoção e proteção da saúde dos(as) trabalhadores(as).
conhecê-los;
relacionar o conjunto dos riscos identificados aos possíveis agravos à saúde dos(as)
trabalhadores(as);
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
As ISST, podem variar de acordo com seus objetivos e podem ser classificadas como:
para mapeamento ou identificação dos riscos e avaliação da situação dos am-
bientes e processos de trabalho (programadas ou por denúncias);
para avaliação do cumprimento de recomendações, notificações e/ou autos de
infração sanitária;
para investigação de surtos, doenças e acidentes de trabalho;
para investigação, em setores ou tarefas específicas, de exposição a riscos para
subsidiar a avaliação clínica diagnóstica e o estabelecimento da relação da doen-
ça com o trabalho;
para investigação epidemiológica do óbito por doenças, agravos ou acidentes de
trabalho.
As ISST podem ainda ser classificadas por tipo ou natureza/finalidade de sua intervenção,
conforme elencadas no quadro a seguir:
Inspeções motivadas
por notificação Realizadas a partir do monitoramento dos sistemas de infor-
epidemiológica mação (Sinan, SIM, SIH etc.) ou de rumores de mídia ou ad-
de agravos nos vindas do Centros de Informação Estratégica e Respostas em
sistemas de Vigilância em Saúde - Cievs.
informação
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
1.1 Inspeção Sanitária para o Mapeamento de Riscos
Ocupacionais
As Inspeções Sanitárias para o Mapeamento de Riscos Ocupacionais para o mapeamento
de riscos ocupacionais referem-se a identificação dos fatores ou situações de riscos ocu-
pacionais e produção do diagnóstico da situação dos ambientes e processos de trabalho
através:
do conhecimento do processo produtivo, da organização do trabalho e as relações
de produção no estabelecimento, identificando o trabalho real para além do pres-
crito, a exemplo da operação de maquinário, equipamentos, utilização de substân-
cias ou produtos (matérias-primas, produtos finais e intermediários) em cada setor;
da identificação dos fatores e situações de risco nos ambientes e processos de tra-
balho por setor ou fase do processo produtivo do estabelecimento;
da avaliação das medidas coletivas e individuais adotadas para proteção da saú-
de do trabalhador;
da análise, de forma preliminar, dos fatores e situações de risco existentes para
definição de prioridades de intervenção.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A seguir, vamos falar um pouco da preparação para a ação de ISST para Mapeamento
de Riscos Ocupacionais.
A ISST deve ser precedida de planejamento, isso é fundamental para o sucesso da ativi-
dade, o planejamento estratégico da ação com a finalidade de conhecer as situações e os
fatores de risco ocupacionais se dá a partir do estabelecimento de critérios de prioridade
(demanda dos trabalhadores, indicadores epidemiológicos e sociais ou demandas insti-
tucionais) e estratégias de intervenção (por território, por ramo de atividade econômica
ou por cadeia produtiva) a fim de compatibilizar as demandas existentes com os recursos
disponíveis (BRASIL, 2014).
Para que a ISST para Mapeamento de Riscos Ocupacionais obtenha êxito, é primordial
compreender o trabalho real, identificar as condições dos ambientes e processos de traba-
lho e avaliar seus impactos na saúde dos(as) trabalhadores(as).
Para realizar a ISST, a equipe de VAPT deve seguir a lógica da produção, seguindo o mes-
mo fluxo da matéria-prima no processo produtivo, seja ele um produto ou serviço. A ISST,
a depender do seu objetivo, pode ser realizada em todo estabelecimento, local de trabalho
ou atividade produtiva; em uma unidade/setor, ou ainda num posto de trabalho.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A ISST pode acontecer sem aviso prévio ao estabelecimento, empregador ou res-
ponsável pelo local de trabalho ou atividade. Esse efeito surpresa é importante
para garantir que sejam observadas as condições reais de trabalho, sem possíveis
ajustes ou “maquiagens”. Pode ser necessário informar previamente, em situações
específicas, quando pretende-se garantir a presença de algum trabalhador(a) ou
preposto, a exemplo de um especialista ou profissionais da saúde e segurança, ou
ainda quando houver circunstâncias especiais em que a equipe avalie ser rele-
vante acompanhar, como paradas de manutenção, chegada de insumos ou ma-
téria-prima entre outros.
Figura 1. Equipe durante uma ação de ISST para mapeamento de riscos ocupacionais.
Fonte: CGSAT/DSAST/SVS/MS, 2021.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A equipe deverá observar, ouvir, registrar e utilizar-se de recursos áudio visuais para cap-
tar as situações relevantes para realização da ação (Figura 2).
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Agora vamos conhecer o passo a passo para realização da ISST para a identificação das
situações e fatores de riscos ocupacionais no estabelecimento ou local de trabalho e enten-
der melhor cada um deles (Figura 3).
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
2º passo – Conhecer o ambiente, os processos produtivos e os fatores de risco:
No segundo passo a equipe deve começar a ISST pelo início do processo produtivo, regis-
trando tudo sobre as condições de trabalho, a forma de realizarem suas tarefas, as medi-
das de prevenção e controle de riscos coletivas e individuais já existentes ou inexistentes, e
as relações estabelecidas naquele processo de trabalho.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
documentos de exigências legais a exemplo de programas de saúde e segurança
que contemplem a identificação de riscos e suas medidas de proteção da saúde,
incluindo também o monitoramento biológico (de exposição e efeito) e ambiental;
atas de reuniões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e outros
documentos de interesse para a saúde do trabalhador. Esses documentos podem
ser analisados durante a inspeção ou solicitada cópia para posterior análise.
Essa entrevista pode acontecer durante o percurso no processo de produção e irá subsidiar
a equipe técnica na identificação e avaliação dos fatores e situações de risco e cargas de
trabalho. É importante garantir o diálogo com os(as) trabalhadores(as), cuidando para que
não fiquem expostos na relação com seu empregador/supervisor/chefe.
Você já sabe que essa escuta qualificada é imprescindível para o sucesso da ISST com a
finalidade de identificar as situações e os fatores de risco relacionados ao trabalho, não é?
Algumas perguntas são importantes e podem ser realizadas para os(as) trabalhadores(as)
durante a entrevista, são elas:
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
5ª passo – Finalização da Inspeção:
Para a finalização da inspeção, a equipe deve realizar uma reunião com o(a) preposto/res-
ponsável pelo estabelecimento/atividade para apresentar, ainda que de forma preliminar,
as primeiras impressões sobre os problemas identificados ali, apontando possíveis solu-
ções. A descrição completa dos registros e proposição de medidas de prevenção e controle,
deverão ser apresentadas em documento escrito posteriormente.
Nesta etapa, é importante que todas as informações coletadas sejam analisadas, desde as
anotações em relação aos diálogos realizados com os(as) trabalhadores(as), os registros
fotográficos, o que você observou durante o acompanhamento das atividades e os docu-
mentos solicitados.
Cada processo de trabalho, cada atividade, deverá ter seus riscos identificados e os possí-
veis efeitos à saúde dos(as) dos trabalhadores(as).
Agora, analise cada parte e resgate as legislações que você utilizou na primeira etapa
desta ação. Leia atentamente, identifique os riscos e seus efeitos à saúde, e em seguida,
elabore um relatório da ação.
Além disso, será necessária a emissão de termo de notificação (ou documento similar) es-
tabelecido pela legislação de cada estado, município ou Distrito Federal (código de saúde,
portaria, resolução ou decreto) que informa ao estabelecimento/responsável pela ativida-
de a requisição de documentos adicionais e ou a execução de medidas de controle, com
prazos para correção de inconformidades, que poderá ser disponibilizado no ato do encer-
ramento da inspeção ou enviado posteriormente.
Quando forem identificadas situações de risco grave iminente, a equipe de VAPT deve
imediatamente determinar a paralisação da atividade, máquina, equipamento até que as
medidas de proteção sejam adotadas. Caso a legislação sanitária do município, estado
ou Distrito Federal não assegure a autonomia à equipe de VAPT para realizar essa ação,
poderão ser acionados Vigilância Sanitária, Superintendência Regional do Trabalho ou Mi-
nistério Público do Trabalho para realizar as medidas cabíveis.
Baixe o arquivo elaborado pela equipe durante a inspeção que foi realizada e
conheça o relatório da ação disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Se lembra que o desenvolvimento das ações de ISST para o mapeamento de ris-
cos ocupacionais são divididas em etapas? Vamos retornar para continuarmos
conhecendo-as.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 3
Informações relevantes para o melhor
desenvolvimento das atividades da ISST
Deve apresentar a sequência lógica dos fatos e ocorrências, informações, registros, obser-
vações, constatações e análises. É estruturado apresentando elementos informativos, de-
monstrativos, explicativos e deve seguir um modelo adequado a cada situação específica,
ressaltando as circunstâncias encontradas no ambiente e no processo de trabalho que se
constituem em risco potencial à saúde dos trabalhadores. O texto precisa ser claro, conciso
e de fácil compreensão.
A conclusão deve ser objetiva e coerente com as situações identificadas e relatadas, con-
templando as irregularidades ou não conformidades identificadas, e apontar recomenda-
ções e condicionantes com medidas de prevenção e proteção à saúde dos(as) trabalhado-
res(as), respaldadas pelas legislações vigentes e nas boas práticas reconhecidas relativas
à gestão da saúde e segurança e prevenção de agravos nos ambientes e processos de
trabalho. Os prazos podem variar de acordo com a complexidade das situações e os riscos
encontrados (BRASIL, 2014).
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
res(as), deve avaliar quais as medidas de prevenção e proteção à saúde dos(as) trabalha-
dores(as) devem ser adotados para eliminação, redução e/ou controle dos riscos identifi-
cados, priorizando a intervenção nas situações mais graves. As demais medidas propostas
devem ser pactuadas considerando prazos escalonados (curto, médio e longo prazo).
Assim, é imprescindível que você conheça e compreenda as situações e fatores de riscos
presentes nos ambientes e processos de trabalho. Sendo assim, no Quadro 2 serão apre-
sentados alguns exemplos de riscos existentes no trabalho e seus efeitos sobre a saúde
dos(as) trabalhadores(as).
Fonte: Adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 41 – Brasília: Ministério da
Saúde, 2018.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Após a análise dos riscos, é esperado que medidas de prevenção e controle já estejam
implantadas nos ambientes e processos de trabalho, considerando que muitas delas estão
estabelecidas nas legislações, normas técnicas e regulamentadoras vigentes ou ainda a
partir das análises epidemiológicas realizadas pelo setor de saúde e segurança, por exem-
plo, quando da ocorrência do aumento da incidência de alguma doença e ou agravo em
determinada atividade/setor/processo produtivo. Contudo, na prática da VAPT, comumen-
te é observado que muitas dessas medidas são negligenciadas ou inexistentes, o que traz
prejuízos concretos à saúde dos(as) trabalhadores(as).
As medidas propostas pela equipe de VAPT devem considerar não apenas a viabilidade
técnica e econômica, como também as condições para operação e manutenção, a disponi-
bilidade de recursos humanos e a infraestrutura existente no estabelecimento ou atividade
produtiva. Elas são classificadas por tipos ou níveis de aplicação: as medidas de caráter
coletivo e as de caráter individual, aplicadas aos trabalhadores e à gestão do trabalho,
conforme Quadro 3, a seguir:
São medidas que buscam eliminar fatores São medidas complementa- Medidas organizacionais com-
e determinantes dos agravos, intervindo na res que devem ser aplicadas binam medidas técnicas com as
fonte/origem do fator e situação de risco à quando da inviabilidade téc- administrativas, com objetivo de
saúde de forma permanente ou duradou- nica para adoção de medidas reduzir a exposição dos trabalha-
ra, atingindo assim um número maior de de proteção coletiva ou quan- dores a partir de mudanças na
trabalhadores(as). do estas não forem suficientes organização, nos processos e nas
ou estiverem em estudo, pla- relações de trabalho:
nejamento ou implantação. Educação em saúde e treinamen-
tos técnico- operacionais:
Monitoramento da situação de
saúde dos trabalhadores e traba-
lhadoras.
Exemplos: enclausuramento de uma fonte Exemplos: EPIs como másca- Exemplos: de medidas organiza-
geradora de ruído; ras ou respiradores, óculos de cionais: substituição de um chefe
Substituição de produtos ou matéria prima; proteção, bota, luva, protetor com prática habitual de assédio
utilização de exaustores e capelas em ati- auricular, entre outros. moral; a suspensão e ou redução
vidades com produtos químicos; de metas de produtividade, reve-
zamento ou redução de jornada
Dispositivos de proteção de partes móveis em atividades muito insalubres.
e a realização de manutenções preventivas
e corretivas em máquinas e equipamentos.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
No que diz respeito aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), é importante saber que
eles protegem contra o agente agressivo que coloca em risco, mas não são capazes de
eliminar a fonte de risco, nunca devendo ser utilizado como medidas de primeira escolha.
Quando indicados devem levar em consideração a execução do trabalho real, as especifi-
cações técnicas e de qualidade e as diferenças individuais dos(as) trabalhadores(as).
Vale destacar que quando o uso do EPI compromete o desempenho da tarefa, há uma
tendência de ser negligenciado pelos(as) trabalhadores(as), e isso é uma questão que a
equipe de VAPT precisa compreender para intervir.
O uso de capacetes na construção civil não pode substituir, por exemplo, as estruturas de
anteparo (bandejas) instaladas nos andares de edifícios em construção para evitar queda
de materiais, e outras medidas de segurança. Outra situação aplicada é o uso de máscaras
por trabalhadores(as) de saúde que atendem pacientes com suspeita de doenças infecto-
contagiosas, a exemplo da covid-19.
A máscara, neste caso, é imprescindível para proteção do trabalhador, contudo, medidas
coletivas e administrativas como o rodízio de trabalhadores e ou redução de jornada de
trabalho; atendimento em local arejado, privilegiando ventilação natural e com distancia-
mento, quando possível; existência de filtros especiais para filtragem do ar em unidades
fechadas; a utilização de dispositivos especiais para reduzir a emissão de aerossóis quan-
do da realização de determinados procedimentos etc., devem ser priorizadas e instituídas
sempre que possível.
As medidas educativas são importantes, mas sozinhas são insuficientes. A comunicação
de risco deve ir além das habituais prescrições para mudanças de comportamento, pri-
vilegiando o saber dos trabalhadores e a sua percepção sobre o risco, considerando as
características culturais da população trabalhadora.
O monitoramento da situação de saúde dos(as) trabalhadores(as) é regulado pela legisla-
ção trabalhista vigente e é obrigatório aos empregadores realizá-lo através de programas
de saúde, através de serviço próprio ou terceirizado, que visam identificar precocemente
possíveis alterações ou agravos, individuais ou coletivos, decorrentes da exposição a fato-
res de risco presentes no ambiente e processo de trabalho e é realizado através de exames
periódicos (clínicos, laboratoriais ou de imagem), que devem ser programados consideran-
do os riscos a que estão expostos os(as) trabalhadores(as).
Caso avalie como insuficiente o monitoramento realizado pelo estabelecimento/emprega-
dor, a equipe de VAPT pode requerer a inclusão de outros exames complementares com-
patíveis com o tipo de exposição identificada ou ainda, em conjunto com a representação
do(as) trabalhadores(as), inserir em negociações coletivas este pleito.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
3 Como comunicar as ações desenvolvidas aos
interessados?
Esses documentos podem ser compartilhados através de meio digital ou através de docu-
mento físico, com entrega protocolada. O compartilhamento pode desencadear o acom-
panhamento conjunto desses ambientes e processos de trabalho em prol da transforma-
ção para melhoria das condições de trabalho.
A equipe de VAPT deve contar com o apoio dos trabalhadores e seus representantes para
o efetivo acompanhamento das ações, uma vez que estão no cotidiano dos ambientes e
processos de trabalho e podem observar as mudanças e seus impactos à saúde dos tra-
balhadores.
A depender dos instrumentos legais disponíveis em cada município, estado e Distrito Fede-
ral, as equipes de VAPT poderão tramitar e acompanhar processos administrativos sanitá-
rios, de forma a assegurar o cumprimento das medidas recomendadas e proceder com a
aplicação de penalidade conforme estabelecidos em código de saúde ou similar, caso os
processos de negociação não sejam bem sucedidos.
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Conteúdo do Curso
Chegamos ao final das etapas da ação de ISST para o mapeamento de riscos
ocupacionais, fez sentido pra você o modo em que elas são desencadeadas?
Foi possível perceber que o sucesso da intervenção vai depender da execu-
ção adequada de cada uma dessas etapas?
Como tem funcionado esta ação em seu território? Quais são seus desafios
para desenvolvê-la e como estes podem ser superados?
Você pode adaptá-los à sua realidade ou a atividades econômicas que você executará.
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Conteúdo do Curso
Síntese
Ao longo do conteúdo você aprendeu um pouco mais sobre a ISST e como ela se opera-
cionaliza. Aprendeu a olhar para o trabalho, formal e informal, e reconhecer nele fatores,
situações de risco e cargas de trabalho nos ambientes e processos de trabalho, pensando
estratégias para eliminá-los, reduzi-los e/ou controlá-los visando a promoção e proteção
à saúde do trabalhador. Identificou que isso só é possível com a participação dos trabalha-
dores, conhecendo o trabalho real e monitorando as medidas adotadas para manutenção
de ambientes e processos de trabalho saudáveis.
Você fez algumas reflexões importantes para facilitar seu aprendizado e refletiu sobre o
seu processo de trabalho. Esperamos que tenha valido a pena, e que a partir de agora você
consiga utilizar todo esse repertório para qualificar suas ações de VAPT, principalmente a
ISST!
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Referências
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racicaba: CEREST Piracicaba, 2010.
ALMEIDA, Ildeberto Muniz de et al. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes - MAPA: ferramen-
ta para a vigilância em saúde do trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2014, v. 19, n. 12.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância à Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Di-
retrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
BRASIL. Portaria Federal GM/MS Nº1823/2012. Política Nacional da Saúde do Trabalhador e Tra-
balhadora. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, nº 165, 24 ago. 2012. p.46 -51.2012.
BRASIL. Resolução nº 588, de 12 de julho de 2018. Aprova a Política Nacional de Vigilância em Saúde
(PNVS). Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
FACCHINI, L. A. Uma contribuição da epidemiologia: o modelo de determinação social aplicado à
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FRUTUOSO JT, Cruz RM. Workload evaluation and its relation with workers’ health conditions. Rev
Bras Med Trab. 2005;3(1):29-36.