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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CURSO

INSPEÇÃO
SANITÁRIA EM
SAÚDE DO
TRABALHADOR
PARA O
MAPEAMENTO
DE RISCOS
OCUPACIONAIS

BRASÍLIA - DF
2022
MINISTÉRIO DA SAÚDE

CURSO

INSPEÇÃO
SANITÁRIA EM
SAÚDE DO
TRABALHADOR
PARA O
MAPEAMENTO
DE RISCOS
OCUPACIONAIS

BRASÍLIA - DF
2022
2022 Ministério da Saúde.

Esta obra é disponibilizada nos termos da licença Creative Commons – Atribuição –


Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial
ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde
do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.

Tiragem: 1ª edição – 2022 – Versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Vigilância em Saúde
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador
Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador
Coordenação de Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho
SRTV 702, Via W 5 Norte - Edifício PO 700 – 6º andar
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Site: www.saude.gov.br/svs
Site: www.saude.gov.br/svs

Thaís Araújo Cavendish Amanda Menegolla Blauth e Nathalie Alves


Diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Agripino
Ambiental e Saúde do Trabalhador Designer Instrucional do Curso
Flávia Nogueira e Ferreira de Sousa Rodrigo Silvério de Oliveira Santos
Coordenadora-Geral de Vigilância em Saúde do Coordenação Técnica do Módulo
Trabalhador
Thaís Tavares Baraviera Dutra e Nathalie Alves
Ana Cristina Martins de Melo Agripino e Aline Lima de Azevedo
Coordenadora de Vigilância de Ambientes e Processos Revisão Técnica do Módulo
de Trabalho
Vinicius Chozo
Nathalie Alves Agripino Elaboração da identidade visual
Coordenação do Programa de Educação Permanente
Miguel Cotrim
em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
Designer Gráfico do Curso
Amanda Menegolla Blauth
Renivaldo Alves dos Anjos
Coordenação Pedagógica do Programa
Analista de Tecnologia da Informação do Curso
Taya Carneiro Silva de Queiroz no Ambiente Virtual de Aprendizagem
Coordenação de Recursos Gráficos e Audiovisuais
Maria Augusta Rodrigues Gomes e Tamires
Tiza Trípodi Marchi Mendes Marinho dos Santos
Conteudista do Módulo Apoio Administrativo do Programa

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde
Ambiental e Saúde do Trabalhador. Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador. Ministério da
Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde
do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
27. : il.
ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x
1. Vigilância em Saúde do Trabalhador; 2. Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho; 3.
Inspeções Sanitárias em Saúde do Trabalhador.

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS


Sumário

Apresentação 7
Unidade 01 - Introdução a Vigilância de Ambientes e Processos
9
de Trabalho
1. O que é a Vigilância de Ambientes e Processos de
9
Trabalho?
Unidade 02 - A Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador:
12
conceitos, abordagens e seus desdobramentos
1. O que é a Inspeção Sanitária em Saúde do
12
Trabalhador?
1.1. A Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador
14
para o Mapeamento de Riscos Ocupacionais
Unidade 3 - Informações relevantes para o melhor
desenvolvimento das atividades da Inspeção 22
Sanitária em Saúde do Trabalhador
1. Como produzir o documento técnico? 22
2. Como priorizar medidas de prevenção e controle dos
fatores e situações de risco identificados nos ambientes 23
e processos de trabalho?
3. Como comunicar as ações desenvolvidas aos
27
interessados?
4. Como acompanhar e monitorar as ações? 27
Síntese 29
Referências 30
Apresentação

Olá Cursista,

Seja bem-vindo(a) ao Curso de Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador para o Ma-


peamento de Riscos Ocupacionais.

Neste curso você irá compreender como é realizado o desenvolvimento das ações de Ins-
peção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST) pelas equipes de Vigilância em Saúde,
com a finalidade de ampliar sua capacidade de intervir nas situações e fatores de riscos
aos quais os(as) trabalhadores(as) estão expostos(as), eliminando ou atenuando-os.

Te convidamos a ler atentamente todos os assuntos deste curso para que você esteja apto
a refletir sobre suas práticas e aprender a como operacionalizar as ISST.

Lembramos que estas ações podem ser disparadas a partir da análise da situação de saú-
de do trabalhador e da trabalhadora ou de outras situações que demandem intervenções
nos ambientes de trabalho, considerando as particularidades de cada atividade econômi-
ca, as legislações e normas vigentes e as características de cada tipo de trabalho.

Portanto, esperamos que você, ao concluir o estudo deste conteúdo, saiba:


Compreender os conhecimentos essenciais para a Inspeção Sanitária em Saúde
do Trabalhador para mapeamento de fatores e situações de risco e cargas de tra-
balho em ambientes e processos de trabalho;
Conhecer os principais procedimentos, métodos e ferramentas para intervenção
sanitária nos ambientes e processos de trabalho.

Bons estudos!

7
Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 1
Introdução à Vigilância de Ambientes e
Processos de Trabalho

1 O que é a Vigilância de Ambientes e Processos de


Trabalho?

A Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho (VAPT) constitui-se como uma ação


central da Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat). É através dela que se avalia o con-
texto do trabalho, sua organização, identifica fatores e situações de risco à saúde de traba-
lhadores(as), analisa a morbi-mortalidade relacionada ao trabalho, avalia o cumprimento
de legislações e normas técnicas, e que se propõe a adoção de medidas de prevenção e
controle em saúde do trabalhador, compartilhando e divulgando informações, na perspec-
tiva de transformar esses espaços de trabalho.

A VAPT, pautada nos princípios do SUS, se propõe a atuar em quaisquer ramos de atividade
econômica, independentemente dos tipos de vínculos e relações de trabalho estabelecidas
(formais ou informais).

Os(as) trabalhadores(as) do campo, das florestas, da indústria de transformação, da cons-


trução civil, dos serviços de saúde, da alimentação, dos serviços de entrega e transporte por
aplicativo, os da feira livre, do trabalho domiciliar, entre outros, são sujeitos da ação da VAPT.

Em todos esses processos produtivos há trabalho, processos de trabalho e trabalhadores(as)


que podem precisar de uma ação de intervenção para a prevenção e promoção da saúde.

Em algumas delas, a ação vai seguir os processos administrativos sanitários formais, em


outras terá um caráter mais informativo e orientativo, na perspectiva da educação em saú-
de, porém, a despeito das diferentes abordagens e adaptações, a Inspeção Sanitária em
Saúde do Trabalhador é a principal ferramenta a ser utilizada. Além desta ação, também
são consideradas ações de VAPT:
Verificação da ocorrência de irregularidades e a procedência de denúncias de
situações de risco iminente e de inadequação dos ambientes e processos de tra-
balho que ofereçam risco e impactem a saúde dos(as) trabalhadores(as);
Análise dos dados, informações, registros e prontuários de trabalhadores(as) nos
serviços de saúde, a fim de levantar informações que deem subsídio para ação de
VAPT, respeitando os códigos de ética dos profissionais de saúde;
Estabelecimento de estratégias de negociação com os empregadores, formaliza-
das por meio de termos, acordos, registros em atas de reuniões com prepostos do
estabelecimento e/ou outros instrumentos previstos nos códigos de saúde (ou có-
digos sanitários), para a promoção e proteção da saúde dos(as) trabalhadores(as);

9
Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Orientações, apoio e negociação com representantes de categorias de trabalha-
dores(as) de atividades informais, associações, cooperativas, para implantação de
medidas de prevenção e proteção da saúde em suas atividades;

Realização de ações de educação permanente em saúde do trabalhador e di-


vulgação de informações sobre os riscos presentes nos ambientes e processos de
trabalho, medidas de proteção e prevenção de agravos à saúde dos(as) trabalha-
dores(as), para profissionais, técnicos e seus representantes instituídos.

A VAPT é uma atribuição do SUS, em seus diversos âmbitos administrativos. Para ser reali-
zada, a VAPT deve contar com equipes técnicas multi-profissionais, qualificadas, idealmente
com vínculo de trabalho estável e dimensionadas de modo a atender a diversidade de perfis
produtivos e epidemiológicos de cada estado, município, região de saúde e Distrito Federal.
Além disso, é dever do poder público prover as condições e as garantias para o exercício
do direito individual e coletivo à saúde. Os ambientes de trabalho são espaços de interesse
público, cabendo ao SUS a responsabilidade sanitária e constitucional de proteger a saúde
das pessoas em seu local de trabalho.

Considerando a diversidade de estruturas administrativas e normativas legais em nosso


país, a VAPT pode ser realizada por equipes de Vigilância em Saúde, de Vigilância em Saú-
de do Trabalhador (Visat) e/ou de vigilância sanitária, em articulação com as demais áreas.

Em geral, os técnicos dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Ce-


rest) regionais estão habilitados para desenvolverem ações de VAPT em seu pró-
prio município. Recomenda-se que as ações de VAPT a serem realizadas pelos
Cerest nos demais municípios de sua área de abrangência sejam desenvolvidas
sempre em conjunto com os técnicos do município em que se localiza o estabeleci-
mento objeto da intervenção sanitária, e, se necessário, com o apoio dos técnicos
da vigilância em saúde das instâncias regionais, e/ou estadual das Secretarias da
Saúde do Estado e do Distrito Federal. É importante que os municípios que fazem
parte da área de abrangência de Cerest regionais possam pactuar em Comissões
Intergestores Regionais, as formas de organização da Visat nos territórios, a fim
de definir papéis e responsabilidades para atuação conjunta das vigilâncias mu-
nicipais com o Cerest.

Para conferir maior respaldo e efetividade às ações das equipes de VAPT, é importante que
constem nos códigos de saúde (ou códigos sanitários) de estados, Distrito Federal e muni-
cípios as disposições sobre promoção e proteção da saúde, prevenção e controle de riscos
e agravos relacionados ao trabalho e ações de vigilância em saúde dos(as) trabalhado-
res(as), com as devidas obrigações e responsabilidades dos diversos entes.
Também é importante constar a atribuição da competência de autoridade sanitária e do
poder de polícia administrativa, bem como a definição de infrações e da aplicação de pe-
nalidades pelo descumprimento das normas de proteção à Saúde do Trabalhador.

10
Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Você já consultou o Código Sanitário do seu município ou estado?
Ele contempla as ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador?
Caso não tenha essas informações no Código do seu local de atuação, você pode
articular essa alteração junto aos órgãos competentes.

Para o desenvolvimento das ações de VAPT nos territórios, é preciso o estabelecimento de


critérios e definição de estratégias, visando intervenções de impacto, com efeitos educati-
vos, transformadores e disciplinadores sobre o setor.
Preferencialmente as ações de VAPT devem ser planejadas a partir da Análise de Situação
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ASSTT) no território, detalhando especial-
mente os aspectos relacionados ao perfil produtivo, número de trabalhadores, riscos à
saúde dos trabalhadores, perfil de morbimortalidade da população trabalhadora, rede de
apoio institucional e social, tal como lista de sindicatos e outros órgãos de apoio ao traba-
lhador e as demandas sociais. Ainda, as ações de VAPT podem ser desenvolvidas a partir
de reclamações, denúncias, demandas dos(as) trabalhadores(as), seus representantes, dos
movimentos sociais ou de instituições.
Caso estas análises já não estejam elaboradas, as equipes responsáveis pelas ações de
VAPT deverão realizar um levantamento básico das informações sobre perfil produtivo e
epidemiológico, visando estabelecer as prioridades de atuação.
As intervenções, quando realizadas de forma articulada com a organização social dos(as)
trabalhadores(as), possibilitam que a análise de um estabelecimento do setor tenha reper-
cussão ampla nesta categoria de trabalhadores. As conclusões tiradas podem servir de
base para o planejamento de intervenções em outros estabelecimentos do mesmo ramo,
bem como apontar questões específicas relativas à proteção da saúde para subsidiar a ne-
gociação dos sindicatos e outras representações dos trabalhadores em acordos coletivos
ou em demandas levadas ao Ministério Público.

Antes de avançarmos para compreender como as ações de ISST devem ser desen-
volvidas, te convidamos a ler o documento elaborado pelo estado da Bahia, por
meio da Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador, sobre Orien-
tações técnicas para ações de vigilância de ambientes e processos de trabalho
(2012). Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2021/02/
OrientacoesTecnicasAcoesVigilanciaAmbientesProcessosTrabalho_final_MAR-
CAS2019_WEB.pdf

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 2
A Inspeção Sanitária em Saúde do
Trabalhador: conceitos, abordagens e seus
desdobramentos

1 O que é a Inspeção Sanitária em Saúde do


Trabalhador?

A ISST é a principal estratégia da VAPT. É através dela que se busca eliminar, reduzir e/ou
controlar os riscos advindos dos processos de produção e das relações nela estabelecidas,
com vistas à promoção e proteção da saúde dos(as) trabalhadores(as).

O principal objetivo da ISST é a intervenção nos ambientes e processos de trabalho. Para o


alcance deste objetivo é preciso (BRASIL, 2014):

conhecê-los;

identificar os fatores e situações de risco neles existentes;

relacionar o conjunto dos riscos identificados aos possíveis agravos à saúde dos(as)
trabalhadores(as);

identificar e avaliar a eficácia de medidas de prevenção e proteção já existentes;

analisar os indicadores de saúde (dados de morbimortalidade, resultados do mo-


nitoramento de saúde, registros de acidentes e doenças) relacionando-os às prin-
cipais queixas e sintomas referidos pelo(as) trabalhadores(as);

propor as medidas de prevenção e proteção à saúde dos(as) trabalhadores(as) e


acompanhar a sua aplicação, efetivação e continuidade.

A ISST é a ferramenta fundamental da VAPT para a identificação dos riscos à saú-


de dos(as) trabalhadores(as), para análise das condições em que o trabalho se
realiza e para a proposição de medidas de prevenção e controle necessários ou
complementares às já existentes (BRASIL, 2017).

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
As ISST, podem variar de acordo com seus objetivos e podem ser classificadas como:
para mapeamento ou identificação dos riscos e avaliação da situação dos am-
bientes e processos de trabalho (programadas ou por denúncias);
para avaliação do cumprimento de recomendações, notificações e/ou autos de
infração sanitária;
para investigação de surtos, doenças e acidentes de trabalho;
para investigação, em setores ou tarefas específicas, de exposição a riscos para
subsidiar a avaliação clínica diagnóstica e o estabelecimento da relação da doen-
ça com o trabalho;
para investigação epidemiológica do óbito por doenças, agravos ou acidentes de
trabalho.

As ISST podem ainda ser classificadas por tipo ou natureza/finalidade de sua intervenção,
conforme elencadas no quadro a seguir:

Quadro 1 Classificação das ISST por natureza/finalidade

Inspeções Realizadas a partir de uma programação prévia, seguindo


programadas critérios de planejamento.

Inspeções motivadas
por notificação Realizadas a partir do monitoramento dos sistemas de infor-
epidemiológica mação (Sinan, SIM, SIH etc.) ou de rumores de mídia ou ad-
de agravos nos vindas do Centros de Informação Estratégica e Respostas em
sistemas de Vigilância em Saúde - Cievs.
informação

Inspeções motivadas Realizadas a partir de eventos de importância para a saúde


por ocorrências
pública a exemplo de acidentes de trabalho, acidentes de tra-
atípicas ou
emergências em balho ampliados, desastres, epidemias, pandemias, etc., que
saúde pública afetem ou representem risco à saúde dos trabalhadores.

Inspeções motivadas Realizadas a partir de denúncias de trabalhadores, sindicatos,


por denúncias organizações sociais, órgãos públicos e privados etc.

Realizadas em parceria com equipes do setor saúde (Vigilân-


cias sanitária, ambiental, epidemiológica, Cievs, equipe de
atenção primária) ou com outros setores (ministérios e secre-
Inspeções conjuntas
tarias de governo dos setores do Trabalho, Previdência e As-
sistência Social, Meio Ambiente, Agricultura, Ministério Público
(do Trabalho, Federal, estadual).

Fonte: Elaborado pelos autores.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
1.1 Inspeção Sanitária para o Mapeamento de Riscos
Ocupacionais
As Inspeções Sanitárias para o Mapeamento de Riscos Ocupacionais para o mapeamento
de riscos ocupacionais referem-se a identificação dos fatores ou situações de riscos ocu-
pacionais e produção do diagnóstico da situação dos ambientes e processos de trabalho
através:
do conhecimento do processo produtivo, da organização do trabalho e as relações
de produção no estabelecimento, identificando o trabalho real para além do pres-
crito, a exemplo da operação de maquinário, equipamentos, utilização de substân-
cias ou produtos (matérias-primas, produtos finais e intermediários) em cada setor;
da identificação dos fatores e situações de risco nos ambientes e processos de tra-
balho por setor ou fase do processo produtivo do estabelecimento;
da avaliação das medidas coletivas e individuais adotadas para proteção da saú-
de do trabalhador;
da análise, de forma preliminar, dos fatores e situações de risco existentes para
definição de prioridades de intervenção.

Os instrumentos administrativos de registro dessa ação podem ser: Termos de Inspeção,


Notificação, Intimação, Auto de Infração, Termo de Interdição parcial ou total, Termo de
Apreensão, Termo de Liberação, entre outros.

Devem ser registradas todas as ISST no Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema


Único de Saúde (SIA/SUS), após cumprirem todas as etapas a seguir:
inspeção in loco do ambiente e processo de trabalho, verificação de documentos e
entrevista com os trabalhadores;
elaboração de documento técnico (relatório de inspeção) contendo as situações ou
fatores de risco identificados durante a inspeção e medidas de orientação e cor-
reção de situações que possam causar danos à saúde dos trabalhadores, quando
necessário;
comunicação e envio do relatório de inspeção aos envolvidos, quando necessário;
aplicação de instrumentos administrativos e seguimento do rito processual, quan-
do couber.

O procedimento a ser registrado é a ação de ISST realizada e não o número de


participantes da ação.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A seguir, vamos falar um pouco da preparação para a ação de ISST para Mapeamento
de Riscos Ocupacionais.

A ISST deve ser precedida de planejamento, isso é fundamental para o sucesso da ativi-
dade, o planejamento estratégico da ação com a finalidade de conhecer as situações e os
fatores de risco ocupacionais se dá a partir do estabelecimento de critérios de prioridade
(demanda dos trabalhadores, indicadores epidemiológicos e sociais ou demandas insti-
tucionais) e estratégias de intervenção (por território, por ramo de atividade econômica
ou por cadeia produtiva) a fim de compatibilizar as demandas existentes com os recursos
disponíveis (BRASIL, 2014).

Após estabelecida a demanda, deve ser realizado o planejamento operacional da ativida-


de com a definição da equipe técnica com, no mínimo, duas pessoas, considerando o ma-
nejo no processo de inspeção, a relação com os prepostos e trabalhadores(as), bem como
pela necessidade de ampliar o olhar e a percepção sobre os riscos a serem observados e
analisados.

Pode ser necessário, a depender do processo produtivo/atividade, incluir outros técnicos


da saúde ou especialistas de outras instituições (profissionais da atenção primária, vigi-
lância à saúde, órgãos públicos reguladores de serviço, universidades, entre outros) que
tenham interface com a Saúde do Trabalhador.

A equipe deve se preparar previamente para a ação levantando informações epidemioló-


gicas, técnico-científicas e legislações específicas do setor/atividade, de forma a conhecer
o que já está regulado sobre o processo produtivo em análise através de literatura técnica,
experiências prévias ou ainda via consulta à especialistas.

É importante também discutir previamente com a representação dos trabalhadores(as) (sin-


dicatos, associações, cooperativas etc.), de forma a antecipar problemas já identificados.

Para que a ISST para Mapeamento de Riscos Ocupacionais obtenha êxito, é primordial
compreender o trabalho real, identificar as condições dos ambientes e processos de traba-
lho e avaliar seus impactos na saúde dos(as) trabalhadores(as).

A ISST é a etapa in loco da VAPT que consiste na observação da forma de trabalhar, da


relação do(a) trabalhador(a) com os meios de produção, da relação dos meios de produ-
ção com o meio ambiente e as relações que se estabelecem entre trabalhadores(as), em-
pregadores(as) e gestores(as). Desenvolve-se por meio da observação direta do ambiente
e processo de trabalho, de entrevistas com trabalhadores (as) e análise de documentos
(BRASIL, 2011).

Para realizar a ISST, a equipe de VAPT deve seguir a lógica da produção, seguindo o mes-
mo fluxo da matéria-prima no processo produtivo, seja ele um produto ou serviço. A ISST,
a depender do seu objetivo, pode ser realizada em todo estabelecimento, local de trabalho
ou atividade produtiva; em uma unidade/setor, ou ainda num posto de trabalho.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A ISST pode acontecer sem aviso prévio ao estabelecimento, empregador ou res-
ponsável pelo local de trabalho ou atividade. Esse efeito surpresa é importante
para garantir que sejam observadas as condições reais de trabalho, sem possíveis
ajustes ou “maquiagens”. Pode ser necessário informar previamente, em situações
específicas, quando pretende-se garantir a presença de algum trabalhador(a) ou
preposto, a exemplo de um especialista ou profissionais da saúde e segurança, ou
ainda quando houver circunstâncias especiais em que a equipe avalie ser rele-
vante acompanhar, como paradas de manutenção, chegada de insumos ou ma-
téria-prima entre outros.

Ao chegar no estabelecimento ou local de trabalho para realizar a ação a equipe deverá


estar vestida adequadamente (calça, camisa ou colete institucional, sapato fechado) dispor
de identificação funcional, de instrumentos de registro manual ou digital, termos admi-
nistrativos (termo de notificação, infração, interdição etc.) e equipamentos para registro
fotográfico, além de utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários à
atividade produtiva inspecionada (botas de segurança, protetor auricular, óculos, capace-
te, máscara etc.). Equipamentos mais específicos podem ser disponibilizados pelo próprio
estabelecimento, caso necessário (Figura 1).

Figura 1. Equipe durante uma ação de ISST para mapeamento de riscos ocupacionais.
Fonte: CGSAT/DSAST/SVS/MS, 2021.

16
Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
A equipe deverá observar, ouvir, registrar e utilizar-se de recursos áudio visuais para cap-
tar as situações relevantes para realização da ação (Figura 2).

Figura 2. Atitudes da equipe durante a ação.


Fonte: Elaboração própria.

Se acontecer a obstrução do acesso por parte do estabelecimento, a equipe deve-


rá se utilizar de todas as prerrogativas legais para garantir a realização da ação.
Deve informar de forma clara e objetiva aos prepostos os instrumentos legais que
respaldam sua atuação e que a obstrução constitui infração sanitária com possi-
bilidade de requisição de força policial. Na permanência da obstrução, caso haja
previsão em código de saúde, a equipe de saúde deve lavrar imediatamente auto
de infração ou instrumento similar, em que conste a infração “obstrução da atua-
ção de autoridade sanitária”, que deve ser assinada pelo preposto ou responsável
pelo estabelecimento em questão.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Agora vamos conhecer o passo a passo para realização da ISST para a identificação das
situações e fatores de riscos ocupacionais no estabelecimento ou local de trabalho e enten-
der melhor cada um deles (Figura 3).

Figura 3. Passo a passo da ISST para mapeamento dos riscos ocupacionais.


Fonte: Adaptado de Orientações Técnicas para a Vigilância em Ambientes e Processos de
Trabalho Brasil, 2014

1º passo – Apresentação da equipe:

O primeiro passo da inspeção é a equipe de VAPT se apresentar ao responsável do esta-


belecimento ou da atividade (formal ou informal), deixando claro o objetivo da ação. O
responsável deverá acompanhar ou designar alguém para acompanhar a equipe de VAPT
durante toda a inspeção.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
2º passo – Conhecer o ambiente, os processos produtivos e os fatores de risco:

No segundo passo a equipe deve começar a ISST pelo início do processo produtivo, regis-
trando tudo sobre as condições de trabalho, a forma de realizarem suas tarefas, as medi-
das de prevenção e controle de riscos coletivas e individuais já existentes ou inexistentes, e
as relações estabelecidas naquele processo de trabalho.

Ao longo do percurso, no estabelecimento ou local de trabalho, pode ser necessário desen-


volver estratégias para se ter acesso ao(a) trabalhador(a) em cada setor/atividade, possi-
bilitando o diálogo sobre a sua atividade laboral, suas percepções de risco da atividade/
tarefa e seus efeitos à saúde, sobre como o trabalho se organiza e ainda sobre sua avalia-
ção das medidas de prevenção e controle disponíveis, como por exemplo a operação de
máquinas e equipamentos, utilização de substâncias ou produtos (matérias-primas, insu-
mos, produtos finais e intermediários, resíduos) e a partir dessas análises, definir priorida-
des de intervenção.

É importante alinhar as informações de responsáveis, prepostos, empregadores, gestores,


de trabalhadores (as) e documentais, com o que é observado in loco, de forma a ampliar a
percepção sobre os problemas existentes.

É importante lembrar que o interesse da ação de ISST para mapeamento de ris-


cos ocupacionais se pauta no trabalho real. Há variações nos processos de traba-
lho que não são previstas em documentos prescritos. A existência de documentos
prescritos sobre como fazer a tarefa (Procedimentos Operacionais Padrão – POP,
ordens de serviço, procedimentos de segurança etc.) não são suficientes para
avaliar a exposição ao risco, a condição de trabalho, as relações estabelecidas e
a consequente interação desses elementos, e estabelecermos proposições asser-
tivas para promoção e proteção à saúde dos(as) trabalhadores(as).

3º Passo – Análise da documentação

O terceiro passo da ação é analisar a documentação do estabelecimento e dos(as) traba-


lhadores(as). É importante conhecer a população trabalhadora, segundo:

distribuição por sexo, idade, raça/cor e ocupação;


tipos de vínculo e jornadas;
dados epidemiológicos sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho ou
outras doenças no estabelecimento/setor ou atividade;

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
documentos de exigências legais a exemplo de programas de saúde e segurança
que contemplem a identificação de riscos e suas medidas de proteção da saúde,
incluindo também o monitoramento biológico (de exposição e efeito) e ambiental;
atas de reuniões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e outros
documentos de interesse para a saúde do trabalhador. Esses documentos podem
ser analisados durante a inspeção ou solicitada cópia para posterior análise.

4ª passo – Entrevista com os(as) trabalhadores(as):

Essa entrevista pode acontecer durante o percurso no processo de produção e irá subsidiar
a equipe técnica na identificação e avaliação dos fatores e situações de risco e cargas de
trabalho. É importante garantir o diálogo com os(as) trabalhadores(as), cuidando para que
não fiquem expostos na relação com seu empregador/supervisor/chefe.

A entrevista/diálogo com os(as) trabalhadores(as) pode não ser possível no momento da


inspeção, mas deve ser garantida em outro local ou horário, ou ainda acontecer através de
recursos de comunicação (telefone, aplicativo de mensagens instantâneas, etc.).

Os(as) trabalhadores(as) habitualmente, encontram formas de comunicar o interesse em


falar à equipe sobre problemas vividos ali, manifestando-se através de gestos, olhares ou
códigos, de forma discreta, e a equipe deve ter perspicácia e interesse em receber a infor-
mação oportunamente.

Você já sabe que essa escuta qualificada é imprescindível para o sucesso da ISST com a
finalidade de identificar as situações e os fatores de risco relacionados ao trabalho, não é?

Algumas perguntas são importantes e podem ser realizadas para os(as) trabalhadores(as)
durante a entrevista, são elas:

Qual o seu nome?


Qual a sua idade?
Qual a sua função/cargo nesta empresa/instituição?
Qual o seu vínculo na empresa/instituição? Você tem carteira assinada?
Quantas horas você trabalha por dia? Tem algum momento para descanso, almoço?
Quanto tempo?
Há quanto tempo você trabalha nesta empresa/instituição? Sempre desenvolveu a
mesma atividade? Há quanto tempo você está nesta atividade?
Me conte um pouco da sua rotina de trabalho, desde o momento que você chega
ao momento que você termina suas atividades no dia.
Como anda a sua saúde? Sente alguma coisa? Possui alguma Doença Crônica?
(citar exemplos).
Você está satisfeito(a) com suas atividades de trabalho?

20
Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
5ª passo – Finalização da Inspeção:

Para a finalização da inspeção, a equipe deve realizar uma reunião com o(a) preposto/res-
ponsável pelo estabelecimento/atividade para apresentar, ainda que de forma preliminar,
as primeiras impressões sobre os problemas identificados ali, apontando possíveis solu-
ções. A descrição completa dos registros e proposição de medidas de prevenção e controle,
deverão ser apresentadas em documento escrito posteriormente.

6º passo – Análise da ação e emissão de termos de notificação ou administrativos:

Nesta etapa, é importante que todas as informações coletadas sejam analisadas, desde as
anotações em relação aos diálogos realizados com os(as) trabalhadores(as), os registros
fotográficos, o que você observou durante o acompanhamento das atividades e os docu-
mentos solicitados.

Cada processo de trabalho, cada atividade, deverá ter seus riscos identificados e os possí-
veis efeitos à saúde dos(as) dos trabalhadores(as).

Agora, analise cada parte e resgate as legislações que você utilizou na primeira etapa
desta ação. Leia atentamente, identifique os riscos e seus efeitos à saúde, e em seguida,
elabore um relatório da ação.

Além disso, será necessária a emissão de termo de notificação (ou documento similar) es-
tabelecido pela legislação de cada estado, município ou Distrito Federal (código de saúde,
portaria, resolução ou decreto) que informa ao estabelecimento/responsável pela ativida-
de a requisição de documentos adicionais e ou a execução de medidas de controle, com
prazos para correção de inconformidades, que poderá ser disponibilizado no ato do encer-
ramento da inspeção ou enviado posteriormente.

Quando forem identificadas situações de risco grave iminente, a equipe de VAPT deve
imediatamente determinar a paralisação da atividade, máquina, equipamento até que as
medidas de proteção sejam adotadas. Caso a legislação sanitária do município, estado
ou Distrito Federal não assegure a autonomia à equipe de VAPT para realizar essa ação,
poderão ser acionados Vigilância Sanitária, Superintendência Regional do Trabalho ou Mi-
nistério Público do Trabalho para realizar as medidas cabíveis.

Baixe o arquivo elaborado pela equipe durante a inspeção que foi realizada e
conheça o relatório da ação disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Se lembra que o desenvolvimento das ações de ISST para o mapeamento de ris-
cos ocupacionais são divididas em etapas? Vamos retornar para continuarmos
conhecendo-as.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Unidade 3
Informações relevantes para o melhor
desenvolvimento das atividades da ISST

1 Como produzir o documento técnico?

O documento/relatório técnico é o produto final da ISST e é através dele que se formaliza


a ação realizada. Deve conter dados de identificação do estabelecimento ou atividade
inspecionada, como nome, endereço, telefone, e-mail, nome do responsável/preposto e
ainda dados sobre o tipo de atividade com CNAE e grau de risco.

Deve apresentar a sequência lógica dos fatos e ocorrências, informações, registros, obser-
vações, constatações e análises. É estruturado apresentando elementos informativos, de-
monstrativos, explicativos e deve seguir um modelo adequado a cada situação específica,
ressaltando as circunstâncias encontradas no ambiente e no processo de trabalho que se
constituem em risco potencial à saúde dos trabalhadores. O texto precisa ser claro, conciso
e de fácil compreensão.

A conclusão deve ser objetiva e coerente com as situações identificadas e relatadas, con-
templando as irregularidades ou não conformidades identificadas, e apontar recomenda-
ções e condicionantes com medidas de prevenção e proteção à saúde dos(as) trabalhado-
res(as), respaldadas pelas legislações vigentes e nas boas práticas reconhecidas relativas
à gestão da saúde e segurança e prevenção de agravos nos ambientes e processos de
trabalho. Os prazos podem variar de acordo com a complexidade das situações e os riscos
encontrados (BRASIL, 2014).

Como priorizar medidas de prevenção e controle


2 dos fatores e situações de risco identificados nos
ambientes e processos de trabalho?
A melhoria dos ambientes de trabalho para promoção e proteção da saúde dos(as) traba-
lhadores(as) é imperativo para a ação de VAPT. Ela pode prescindir de soluções complexas
e investimentos altos para empregadores, mas também pode ser implementada com me-
didas simples e de baixo custo.
Esse processo vai depender de que a ação de ISST tenha sido bem desenvolvida e que os
riscos tenham sido identificados de forma adequada. Vai depender também do tipo do
processo produtivo, do tamanho da população trabalhadora, do aporte tecnológico envol-
vido, importância da atividade econômica, entre outras variáveis.
Durante a realização da ISST (e também pautados em estudos prévios realizados sobre o
processo produtivo, lembra?), a equipe da VAPT, conjuntamente com os(as) trabalhado-

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
res(as), deve avaliar quais as medidas de prevenção e proteção à saúde dos(as) trabalha-
dores(as) devem ser adotados para eliminação, redução e/ou controle dos riscos identifi-
cados, priorizando a intervenção nas situações mais graves. As demais medidas propostas
devem ser pactuadas considerando prazos escalonados (curto, médio e longo prazo).
Assim, é imprescindível que você conheça e compreenda as situações e fatores de riscos
presentes nos ambientes e processos de trabalho. Sendo assim, no Quadro 2 serão apre-
sentados alguns exemplos de riscos existentes no trabalho e seus efeitos sobre a saúde
dos(as) trabalhadores(as).

Quadro 2 Tipos e agentes de risco e seus efeitos à saúde do trabalhador


Ocupações e atividades
Tipo Agentes Possíveis efeitos
de trabalho onde podem
de Risco de riscos sobre a saúde
estar presentes

Queimaduras, náusea, vômito, ce-


faléia, alergia, asma brônquica,
Inúmeras atividades na in-
câncer, doenças gástricas e intes-
Substâncias químicas que po- dústria e no setor de servi-
tinais, neurológicas, hepáticas, re-
dem estar presentes nos am- ços, no setor agropecuário,
nais, entre outras. Também podem
bientes de trabalho na forma silvicultura, madeireiro; em-
Químico provocar acidentes decorrentes de
de poeiras, fumos, névoas, ne- presas desinsetizadoras e
explosões e incêndio. Elas pene-
blinas, gases ou vapores. Ex.: da saúde pública que atu-
tram no organismo pela via respi-
agrotóxicos. am no controle de endemias
ratória, pela pele ou pelo trato di-
e de zoonoses etc.
gestivo provocando intoxicação
aguda ou crônica.

Efeitos auditivos: surdez, zumbidos. Trabalhos com máquinas


Efeitos extra auditivos: gastrite, in- barulhentas, motores, brita-
Ruído.
sônia e outras manifestações de deiras e motoristas de ôni-
estresse. bus.

Físico Agricultores (as) e traba-


lhadores (as) na rua: traba-
Radiações ionizantes e não io-
Câncer de pele, anemia aplástica; lhadores (as) em hospitais
nizantes – Ultravioleta, infra-
leucemia; catarata. e consultório dentários que
vermelho, raios X etc.
operam raios X, soldado-
res(as) etc.

Micro-organismos (bactérias, Doenças contagiosas: hepatite, tu- Profissionais de saúde; ma-


Biológico fungos, protozoários, vírus, en- berculose, tétano, pneumonia, aids nicure, trabalhadores(as)
tre outros) etc rurais; carteiros, etc.

Trabalhadores (as) da cons-


Máquinas com partes móveis trução civil; motoristas de
não protegidas; calandras e Acidentes diversos (quedas, fra- transportes coletivos; pa-
Mecânicos cilindros; guilhotinas; prensas turas, esmagamento, amputação; deiros, metalúrgicos, tra-
e o uso de instrumentos cor- traumatismos). balhadores (as) em vias pú-
tantes ou perfurantes etc. blicas, profissionais de saú-
de etc.

Jornadas de trabalho lon-


Trabalhadores (as) de li-
gas, esforços físicos exagera- Doenças osteomusculares relacio-
nha de montagem; carre-
dos com posturas forçadas e nadas ao trabalho (Dort); proble-
gadores; bancários; traba-
carregamento de peso. Ritmo mas na coluna, dores musculares e
lhadores (as) em tele aten-
Psicossociais acelerado, trabalho repetitivo articulares. Sofrimento mental, com
dimento. Trabalhadores(as)
e monótono; trabalho em tur- manifestações de insegurança;
informais e com vínculos
nos e noturno. Desemprego, desmotivação; depressão; distúr-
precários, terceirizados e
vínculos precários ou ausência bios do sono; estresse, entre outros
temporários.
de vínculo trabalhista.

Fonte: Adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica, n. 41 – Brasília: Ministério da
Saúde, 2018.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Após a análise dos riscos, é esperado que medidas de prevenção e controle já estejam
implantadas nos ambientes e processos de trabalho, considerando que muitas delas estão
estabelecidas nas legislações, normas técnicas e regulamentadoras vigentes ou ainda a
partir das análises epidemiológicas realizadas pelo setor de saúde e segurança, por exem-
plo, quando da ocorrência do aumento da incidência de alguma doença e ou agravo em
determinada atividade/setor/processo produtivo. Contudo, na prática da VAPT, comumen-
te é observado que muitas dessas medidas são negligenciadas ou inexistentes, o que traz
prejuízos concretos à saúde dos(as) trabalhadores(as).

As medidas propostas pela equipe de VAPT devem considerar não apenas a viabilidade
técnica e econômica, como também as condições para operação e manutenção, a disponi-
bilidade de recursos humanos e a infraestrutura existente no estabelecimento ou atividade
produtiva. Elas são classificadas por tipos ou níveis de aplicação: as medidas de caráter
coletivo e as de caráter individual, aplicadas aos trabalhadores e à gestão do trabalho,
conforme Quadro 3, a seguir:

Medidas de prevenção de riscos e proteção à saúde dos


Quadro 3
trabalhadores em ambientes e processos de trabalho
Medidas coletivas
Medidas coletivas Medidas individuais
e/ou individuais, relativas
aplicadas ao ambiente aplicadas aos(as)
à organização e à gestão
e processo de trabalho trabalhadores(as)
do trabalho

São medidas que buscam eliminar fatores São medidas complementa- Medidas organizacionais com-
e determinantes dos agravos, intervindo na res que devem ser aplicadas binam medidas técnicas com as
fonte/origem do fator e situação de risco à quando da inviabilidade téc- administrativas, com objetivo de
saúde de forma permanente ou duradou- nica para adoção de medidas reduzir a exposição dos trabalha-
ra, atingindo assim um número maior de de proteção coletiva ou quan- dores a partir de mudanças na
trabalhadores(as). do estas não forem suficientes organização, nos processos e nas
ou estiverem em estudo, pla- relações de trabalho:
nejamento ou implantação. Educação em saúde e treinamen-
tos técnico- operacionais:
Monitoramento da situação de
saúde dos trabalhadores e traba-
lhadoras.

Exemplos: enclausuramento de uma fonte Exemplos: EPIs como másca- Exemplos: de medidas organiza-
geradora de ruído; ras ou respiradores, óculos de cionais: substituição de um chefe
Substituição de produtos ou matéria prima; proteção, bota, luva, protetor com prática habitual de assédio
utilização de exaustores e capelas em ati- auricular, entre outros. moral; a suspensão e ou redução
vidades com produtos químicos; de metas de produtividade, reve-
zamento ou redução de jornada
Dispositivos de proteção de partes móveis em atividades muito insalubres.
e a realização de manutenções preventivas
e corretivas em máquinas e equipamentos.

Foto: Revista Cipa, 2020.


Foto: Unida, 2019.

Foto: Normas Regulamentadoras, 2021.

Fonte: elaborado pela autora.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
No que diz respeito aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), é importante saber que
eles protegem contra o agente agressivo que coloca em risco, mas não são capazes de
eliminar a fonte de risco, nunca devendo ser utilizado como medidas de primeira escolha.
Quando indicados devem levar em consideração a execução do trabalho real, as especifi-
cações técnicas e de qualidade e as diferenças individuais dos(as) trabalhadores(as).
Vale destacar que quando o uso do EPI compromete o desempenho da tarefa, há uma
tendência de ser negligenciado pelos(as) trabalhadores(as), e isso é uma questão que a
equipe de VAPT precisa compreender para intervir.
O uso de capacetes na construção civil não pode substituir, por exemplo, as estruturas de
anteparo (bandejas) instaladas nos andares de edifícios em construção para evitar queda
de materiais, e outras medidas de segurança. Outra situação aplicada é o uso de máscaras
por trabalhadores(as) de saúde que atendem pacientes com suspeita de doenças infecto-
contagiosas, a exemplo da covid-19.
A máscara, neste caso, é imprescindível para proteção do trabalhador, contudo, medidas
coletivas e administrativas como o rodízio de trabalhadores e ou redução de jornada de
trabalho; atendimento em local arejado, privilegiando ventilação natural e com distancia-
mento, quando possível; existência de filtros especiais para filtragem do ar em unidades
fechadas; a utilização de dispositivos especiais para reduzir a emissão de aerossóis quan-
do da realização de determinados procedimentos etc., devem ser priorizadas e instituídas
sempre que possível.
As medidas educativas são importantes, mas sozinhas são insuficientes. A comunicação
de risco deve ir além das habituais prescrições para mudanças de comportamento, pri-
vilegiando o saber dos trabalhadores e a sua percepção sobre o risco, considerando as
características culturais da população trabalhadora.
O monitoramento da situação de saúde dos(as) trabalhadores(as) é regulado pela legisla-
ção trabalhista vigente e é obrigatório aos empregadores realizá-lo através de programas
de saúde, através de serviço próprio ou terceirizado, que visam identificar precocemente
possíveis alterações ou agravos, individuais ou coletivos, decorrentes da exposição a fato-
res de risco presentes no ambiente e processo de trabalho e é realizado através de exames
periódicos (clínicos, laboratoriais ou de imagem), que devem ser programados consideran-
do os riscos a que estão expostos os(as) trabalhadores(as).
Caso avalie como insuficiente o monitoramento realizado pelo estabelecimento/emprega-
dor, a equipe de VAPT pode requerer a inclusão de outros exames complementares com-
patíveis com o tipo de exposição identificada ou ainda, em conjunto com a representação
do(as) trabalhadores(as), inserir em negociações coletivas este pleito.

E você, enquanto trabalhador(a), já observou essas medidas de prevenção e


proteção no seu ambiente e processo de trabalho?
Existe diálogo sobre saúde e segurança na atividade que você realiza?
Os(as) trabalhadores(as) são chamados a opinar sobre isso?
Você acha possível problematizar isso no seu ambiente de trabalho?

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
3 Como comunicar as ações desenvolvidas aos
interessados?

Após preparar as atividades, realizar a ISST e elaborar o documento/relatório técnico com


a proposição de medidas de prevenção e controle para melhoria dos ambientes e proces-
sos de trabalho, a equipe de VAPT deve, quando for o caso, comunicar aos interessados,
compartilhando com os(as) estabelecimentos, responsáveis ou gestores das atividades;
trabalhadores(as) e suas representações; órgãos públicos reguladores e fiscalizadores, a
exemplo de Ministério Público do Trabalho, Secretarias Regionais do Trabalho, Secretarias
de Serviços Públicos, entre outros e com demais setores envolvidos ou com interesse técni-
co na ação.

Esses documentos podem ser compartilhados através de meio digital ou através de docu-
mento físico, com entrega protocolada. O compartilhamento pode desencadear o acom-
panhamento conjunto desses ambientes e processos de trabalho em prol da transforma-
ção para melhoria das condições de trabalho.

4 Como acompanhar e monitorar as ações?

Para garantir a melhoria permanente dos ambientes e processos de trabalho é imprescin-


dível o acompanhamento contínuo e sistemático desses ambientes pelas equipes de VAPT.

Considerando a dinamicidade dos processos de produção e de trabalho, e as inúmeras va-


riáveis que podem afetar a saúde dos trabalhadores nesses locais, é necessário monitorar
a adoção das medidas de proteção à saúde recomendadas no documento/relatório téc-
nico da inspeção sanitária em saúde do trabalhador regularmente, através da avaliação
do cumprimento ou não dessas medidas e registro desse acompanhamento, é importante
apontar que esse monitoramento deve ocorrer paralelamente ao monitoramento das Do-
enças e Agravos Relacionados ao Trabalho, que é parte integrante da atividade de Visat.

A equipe de VAPT deve contar com o apoio dos trabalhadores e seus representantes para
o efetivo acompanhamento das ações, uma vez que estão no cotidiano dos ambientes e
processos de trabalho e podem observar as mudanças e seus impactos à saúde dos tra-
balhadores.

A depender dos instrumentos legais disponíveis em cada município, estado e Distrito Fede-
ral, as equipes de VAPT poderão tramitar e acompanhar processos administrativos sanitá-
rios, de forma a assegurar o cumprimento das medidas recomendadas e proceder com a
aplicação de penalidade conforme estabelecidos em código de saúde ou similar, caso os
processos de negociação não sejam bem sucedidos.

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Chegamos ao final das etapas da ação de ISST para o mapeamento de riscos
ocupacionais, fez sentido pra você o modo em que elas são desencadeadas?
Foi possível perceber que o sucesso da intervenção vai depender da execu-
ção adequada de cada uma dessas etapas?
Como tem funcionado esta ação em seu território? Quais são seus desafios
para desenvolvê-la e como estes podem ser superados?

Antes de finalizarmos, alguns Cerest estaduais e regionais, elaboraram instrumentos/rotei-


ros que podem te apoiar na execução da ação de Inspeção Sanitária em Saúde do Traba-
lhador para o mapeamento de riscos ocupacionais.

Você pode adaptá-los à sua realidade ou a atividades econômicas que você executará.

Modelo de Análise de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho (MAPA).


Elaborado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de
Piracicaba-SP. Disponível em: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/
images/MAPA_SEQUENCIAL_FINAL.pdf>
Modelo de roteiro para ISST em postos de gasolina, elaborado pelo Cerest
estadual da Bahia. Disponível em: <http://www.saude.ba.gov.br/wp-con-
tent/uploads/2017/08/orientacoes_PRC_WEB_FINAL_2014.pdf

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Síntese

Parabéns, você chegou ao final deste curso!

Ao longo do conteúdo você aprendeu um pouco mais sobre a ISST e como ela se opera-
cionaliza. Aprendeu a olhar para o trabalho, formal e informal, e reconhecer nele fatores,
situações de risco e cargas de trabalho nos ambientes e processos de trabalho, pensando
estratégias para eliminá-los, reduzi-los e/ou controlá-los visando a promoção e proteção
à saúde do trabalhador. Identificou que isso só é possível com a participação dos trabalha-
dores, conhecendo o trabalho real e monitorando as medidas adotadas para manutenção
de ambientes e processos de trabalho saudáveis.

Você fez algumas reflexões importantes para facilitar seu aprendizado e refletiu sobre o
seu processo de trabalho. Esperamos que tenha valido a pena, e que a partir de agora você
consiga utilizar todo esse repertório para qualificar suas ações de VAPT, principalmente a
ISST!

Agora poderás responder ao questionário avaliativo, em seguida a pesquisa de satisfação


e retirar a sua certificação.

Até a próxima! Sucesso!

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Curso Inspeção Sanitária em Saúde do Trabalhador (ISST)
Conteúdo do Curso
Referências

ALMEIDA, I.M. Vilela, R.A.G. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho – MAPA. Pi-
racicaba: CEREST Piracicaba, 2010.

ALMEIDA, Ildeberto Muniz de et al. Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes - MAPA: ferramen-
ta para a vigilância em saúde do trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2014, v. 19, n. 12.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programá-


ticas Estratégicas.Legislação em saúde: Caderno de Legislação em Saúde do Trabalhador. 2ed.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. 380 p. (Série E. Legislação de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Representação no Brasil da OPAS/OMS. Doenças relacionadas ao


trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Departamento de


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retrizes Nacionais da Vigilância em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

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União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
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BRASIL. Resolução nº 588, de 12 de julho de 2018. Aprova a Política Nacional de Vigilância em Saúde
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Conteúdo do Curso
FACCHINI, L. A. Uma contribuição da epidemiologia: o modelo de determinação social aplicado à
saúde do trabalhador. In: BUSCHINELLI, J. T. P.; ROCHA, L. e RIGOTTO, R. M. (Org.). Isto é Trabalho
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