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Caso Clínico: Covid-19 | Ligas


Comunidade Sanar
 13 min • 25 de abr. de 2021

CASOCLÍNICO
COVID-19

J.S.L,63anos,pardo,aposentado,naturale
residentedeSalvador,Bahia.
Pacientedeuentradanaemergênciacom
queixadedispneiasevera,tossesecaefebre
de39graushá4diasesudoreseintensacom
inícionaúltimanoite.Negourinorreiae
hiposmia.Refereterdiabetemellitushá20
anos,porémnãofaztratamentoregular.
Aoexamefísico,opacienteencontrava-seem
precárioestadogeral,lúcidoeorientadoem
tempoeespaço,Glasgow15,febril(38C),
acianotico,hidratado,normocárdico
(frequênciacardíaca=90bpm),normotenso
(120x70mmHg),taquipneico(frequência
respiratória=27+bpm),normotenso(120x
70mmHg),taquipneico(frequência
respiratória=27irp)esaturaçãode93%.
Aparelhorespiratóriocommurmúriovesicular
diminuidoglobalmentecompresençade
roncosditusosesparsos

sanar
comunidade

 Índice

1. Caso clínico de covid-19


2. Diagnóstico do caso clínico de covid-19

3. Discussão do caso de covid-19


4. Sugestão de leitura

5. Caso clínico covid-19: conclusão


Paciente procurou o serviço de emergência com


quadro de tosse seca, mal-estar, dispneia intensa
progressiva, febre de 39 graus há 4 dias e sudorese
intensa com início na última noite. No momento do
exame, o paciente relata dispneia de moderada
intensidade.

Caso clínico de covid-19


Identificação do paciente

Local: Unifacs, 18 de novembro às 19h


J.S.L, 63 anos, masculino, pardo, católico,
aposentado, natural e residente de Salvador,
Bahia.
Informante: o paciente
Grau de informação: bom

Queixa principal

“Falta de ar” intensa há 4 dias

História da doença Atual (HDA)

Paciente procurou o serviço de emergência com


quadro de tosse seca, mal-estar, dispneia intensa,
febre de 39 graus há 4 dias e sudorese intensa com
início na última noite.

Relata que a dispneia foi ficando gradativamente


pior com o passar dos dias e nega que haja algum
fator de melhora, mas diz que piora ao fazer
esforço físico mesmo de moderada intensidade.

Negou rinorreia, hiposmia e cefaleia. Paciente


relata melhora da febre ao uso de dipirona 1g.
Refere ter diabetes mellitus há 20 anos, porém não
faz tratamento regular. Diz ter tido contato há sete
dias com um parente que testou positivo para
COVID-19. No momento do exame, o paciente
relate dispneia de moderada intensidade.

Antecedentes pessoais, familiares e


sociais

História de vida

Antecedentes pessoais: Paciente relata caso de


bronquite asmática na infância. Refere ter diabetes
mellitus há 20 anos, porém não faz tratamento
regular. Nega internamentos, traumas, cirurgias
prévias ou outras patologias. Nega alergias.

Antecedentes familiares: Mãe viva, 97anos,


portadora de HAS. Pai, falecido aos 80 anos, de
AVC isquêmico, era portador de HAS e DM. Possui
02 filhos sem comorbidades.

Hábitos de vida: Relata ser sedentário. Nega


etilismo, tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Relata
ter uma alimentação balanceada, com ingestão de
frutas e verduras diariamente.

História psicossocial: Reside com sua esposa em


um apartamento na Pituba, possui saneamento
básico, renda familiar de 7 salários-mínimos. Diz
ter boa relação com a esposa e filhos. Refere que
depois da pandemia se sente mais solidário pois
não recebe mais a visita dos filhos e amigos.

Caso clínico covid-19: exame físico

Impressão geral: Regular Estado Geral, lúcido e


orientado no tempo e espaço, corado, Glasgow 15,
febril, hidratado, acianótico e anictérico.

Dados Vitais: PA: 120/70mmHg / FC: 130 bpm / FR:


27ipm / SatO2: 93% / Temp: 38°C

Extremidades: Pulsos carotídeos, radiais, pediosos


e tibiais posteriores rápidos e simétricos. Tempo
de enchimento capilar de 03 segundos. Não possui
edemas.

Aparelho Respiratório: murmúrio vesicular


diminuído globalmente com presença de roncos
difusos esparsos.

Aparelho Cardiovascular: Ictus cordis palpável no


quinto espaço intercostal (EIC), na linha
hemiclavicular esquerda, medindo cerca de 2
polpas digitais, ritmo cardíaco normal em dois
tempos

Neurológico: Pupilas isocóricas fotorreagentes,


sem sinais meníngeos, sem déficits focais
aparentes.

Demais sistemas sem alterações.

Suspeitas diagnósticas

Covid-19
Pneumonia
Diabetes mellitus descompensada
Influenza

Exames complementares

Hemograma:

Hb: 14,5 e Ht: 31.1

Leucócitos: 15.720 mil (Bast: 323 Seg: 3.800


Linfócitos: 6.000)

Explicação: É importante avaliar os parâmetros do


hemograma nesse caso, pois nos ajuda a avaliar se
o paciente apresenta um possível quadro
infeccioso, que é confirmado pela leucocitose e
linfocitose.

Eletrólitos:

Na: 135;

K: 4,3;

Explicação: A investigação de alterações


metabólicas é de fundamental importância por ser
um paciente diabético e ter como principal
suspeita covid-19. Os exames do paciente em
questão não apresentam alterações nos eletrólitos
sódio e no potássio.

Ureia: 48 e Creatinina: 0,85

Explicação: Por ser um paciente portador de


Diabetes Mellitus é importante avaliar a ureia e
creatinina por ser um indicador de funcionalidade
do rim. Pelos exames o paciente apresenta um
discreto aumento da ureia e a normalidade na
creatinina, o que sugere que a funcionalidade do
rim ainda não foi afetada

Glicemia: 344.

Explicação: O paciente apresenta diabetes sem


tratamento, ou seja, é imprescindível que seja
avaliada a glicemia. De acordo com o resultado o
paciente apresenta uma diabetes descompensada,
confirmando uma das suspeitas diagnosticas.

Gasometria

pH 7,44 / pO2: 82 / pCO2: 32 / HCO3: 24 / SatO2:


93% / Lactato: 1,8

Explicação: Nesse caso é importante solicitar a


gasometria tanto por conta da suspeita de diabetes
descompensada, a fim de avaliar o equilíbrio ácido-
base quanto por conta do quadro respiratório
apresentado pelo paciente. Diante do resultado o
paciente apresenta

RT-PCR para COVID-19: positivo

Explicação: Levando em consideração a atual


pandemia é fundamental diante de um quadro
gripal ou respiratório mais grave pensar na
infecção por SARS-CoV-2. É importante para
afastar as suspeitas diagnosticas de outros
possíveis vírus respiratórios como a influenza,
nesse caso como o RT-PCR foi positivo, se
confirmou a infecção por COVID-19.

D-dímero: 1100 ng/mL


Troponina: 10 ng/L
CPK: 120 units/L

Explicação: Atualmente esses marcadores são


usados como sinais de gravidade na COVID-19.
Assim, diante de um paciente idoso e diabético, ou
seja, que já tem uma maior predisposição para
agravar é importante avaliar esses parâmetros.

Radiografia de Tórax:

Figura 1: relato de caso: coronavírus e o coração | Um Relato


de Caso sobre a Evolução da COVID-19 Associado à Evolução
Cardiológica

Explicação: Como o paciente apresenta uma queixa


de dispneia e dessaturação, é imprescindível que
seja realizado um raio X para confirmar e afastar
possíveis suspeitas diagnosticas. No exame foi
evidenciado radiopacidade em campos pulmonares
bilaterais com predominância na base de forma
localizada

ECG

Explicação: Como o paciente se apresenta


taquicardíco, o ECG é pedido para excluir outras
possíveis alterações cardíacas como isquemias. De
acordo com o laudo do ECG, o paciente
apresentava taquicardia sinusal, mas sem outras
alterações.

Figura 3: Fonte Clínica Médica – HCUSP – Vol 2 – 2 Ed (2016)

Diagnóstico do caso clínico de


covid-19
Com base na história clínica do paciente e os sinais
e sintomas apresentados, a principal suspeita
diagnostica é uma infecção viral respiratória, que
evoluiu para uma pneumonia não complicada.
Levando em consideração o atual cenário
epidemiológico e o contato recente do paciente
com uma pessoa que testou positivo para SARS-
CoV-2, nossa principal suspeita deve ser COVID-19.
Adjunto a isso, o paciente apresenta uma possível
diabetes descompensada.

Essas hipóteses são levantadas de acordo com o


quadro clínico inicial do paciente. Pode-se citar,
por exemplo, os sintomas de síndrome febril – com
mal-estar, sudorese, taquicardia – e os sintomas
respiratórios, como febre, dispneia, tosse,
dessaturação, taquipneia, diminuição do murmúrio
vesicular globalmente e roncos difusos. No que diz
respeito às diabetes, temos a confirmação de um
diagnostico prévio, porém sem uso de medicação
para o controle.

Em relação aos achados nos exames


complementares, temos um hemograma com
leucocitose e linfocitose, RT-PCR positivo pra
COVID-19 e radiopacidade em campos pulmonares
bilaterais com predominância na base de forma
localizada no raio X, o que confirmam o
diagnóstico de pneumonia decorrente de uma
infecção por SARS-CoV-2. Além disso, temos uma
glicemia em 344, também confirmando que o
paciente apresenta diabetes descompensada.

Discussão do caso de covid-19


1. Qual são os principais cuidados para prevenir a
transmissão de COVID-19?
2. Quais são as manifestações clínicas mais
comuns no quadro de COVID-19?
3. Quais possíveis diagnósticos diferenciais nesse
caso?
4. Qual a conduta esperada nesse caso?
5. De acordo com o quadro clínico do paciente no
primeiro momento, em qual cor do Protocolo de
Manchester ele se enquadra? Por quê?

Respostas

1- As medidas preventivas são fundamentais para o


controle da transmissão do vírus e diminuição da
atual pandemia. Como a vacina ainda não está
sendo distribuída em larga escala, a melhor
maneira de prevenir é evitar a exposição com o
vírus, como:

Evitar aglomerações
Limpar e desinfetar objetos e superfícies
tocados com frequência
Evitar contato próximo com qualquer pessoa
que apresente sintomas gripais
Usar máscara se houver necessidade de sair de
casa
Manter sempre uma distância segura, de no
mínimo 2 metros, de outras pessoas em lugares
públicos.
Evitar compartilhar objetos de uso pessoal
Realizar frequente higienização das mãos com
álcool 70%

Além disso, é fundamental que o reconhecimento e


isolamento de pacientes suspeitos ou
confirmados de infecção pelo COVID-19 seja feito
de maneira rápida e efetiva.

2- O espectro clínico da infecção por coronavírus é


muito amplo e não está completamente delimitado.
Na maioria das vezes a doença se apresenta como
uma síndrome gripal, ou seja, mal-estar, rinorréia,
cefaleia, tosse seca, mialgia, dor de garganta,
hiposmia e diarreia. Porém pode evoluir com febre
persistente além de 3-4 dias, dispneia, pneumonia,
síndrome de angústia respiratória aguda, sepse e
choque séptico. Diante de achados clínicos
comuns da síndrome gripal, levando em conta a
condição epidemiológica atual, a primeira suspeita
deve ser COVID-19.

3- Como não há características clínicas específicas


para o COVID-19, ele pode ter um quadro similar a
outros vírus respiratórios, como rinovírus,
influenza, adenovírus, vírus sincicial respiratório e
até mesmo outros tipos de coronavírus. No atual
cenário, ele vai ser a principal suspeita, mas só
pode ser confirmada a partir do RT-PCR positivo,
assim no primeiro momento não deve ser
descartada a possibilidade de ser outro tipo de
vírus respiratório.

4- Ainda não há um medicamento específico para o


controle da infecção, o manejo é voltado para
medidas de suporte dos sintomas apresentados
pelo paciente. No contexto apresentado, o
paciente apresenta uma pneumonia ainda sem
complicações, assim deve ser administrada a
oxigenoterapia suplementar imediatamente para
melhorar as condições respiratórias, cateter nasal
(2l/min), antibioticoterapia empírica, Azitromicina
(500g/ 1xd), corticoesteroide Dexametasona
(6mg/dia) e o anticoagulante, Enoxaparina
(05.mg/kg 1xd) por conta do D-dímero alto. Pode
também nesse momento fazer um tratamento
preventivo com a administração de fluidos para
evitar a evolução do quadro para um choque
séptico.

Junto a isso, o paciente apresenta diabetes mellitus


descompensada – o que é um dos fatores de risco
para o desenvolvimento de formas graves da
doença – logo é importante que essa seja
controlada através do uso insulina de demanda.

Lembrando que esse paciente precisa desde o


momento que ele chega no serviço deve ser
solicitado o internamento e o isolamento de
contato, por conta de uma possível suspeita de
COVID-19.

5- O Protocolo de Manchester é um método de


triagem usado na emergência a fim de separar os
pacientes de acordo com a gravidade, buscando
assim definir uma prioridade em relação aos
atendimentos. No caso do paciente, por conta do
quadro respiratório ele necessita de atendimento o
mais prontamente possível, sendo enquadrado
nesse momento na cor vermelha.

Sugestão de leitura
Terei que tomar a quarta dose da vacina?
Entenda o cenário atual da Covid-19
Saiba tudo sobre o uso da vacina da covid em
bebês
Quais são os autotestes de covid-19 liberados no
Brasil?

Caso clínico covid-19: conclusão


A COVID-19 é uma doença causada pelo
coronavírus, denominado SARS-CoV-2, que
apresenta um espectro clínico variado de infecções
assintomáticas a graves quadros respiratórios.

O diagnóstico precisa ser feito de forma precisa e


rápida, devido à importância do isolamento dos
pacientes positivos para a diminuição da
transmissão viral. Como não há características
clínicas específicas, o diagnostico só pode ser
confirmado através de um RT-PCR positivo.

Não existe um tratamento específico, esse é feito


com base nas apresentações clínicas do paciente.
No caso apresentado, temos um paciente que já
desenvolveu uma pneumonia e tem fatores que
predispõem o agravamento – como diabetes, d-
dímero elevado e idade avançada – logo o
tratamento deve ser voltado para melhora os
sintomas e prevenção de possíveis complicações.

Assim deve ser administrada a oxigenoterapia


suplementar imediatamente para melhorar as
condições respiratórias, cateter nasal (2l/min),
antibioticoterapia empírica, Azitromicina (500g/
1xd), corticoesteroide Dexametasona (6mg/dia) e o
anticoagulante, Enoxaparina (05.mg/kg 1xd) por
conta do D-dímero alto. Como forma de
prevenção, pode- se a administrar fluidos para
evitar a evolução do quadro para um choque
séptico.

Diante de um cenário pandêmico, com um


sobrecarga do sistema de saúde e um grande
número de mortes, compreender apresentação
clínicas e o manejo do COVID-19 é fundamental
para o profissional de saúde.

Autores, revisores e orientadores:

Liga: Liga Baiana de Emergência (LBE) –


@lbeunifacs

Autor(a): Flávia Macedo dos Santos Silva e Paula


Teixeira Fernandes de Araújo

Revisor(a): Bruna Brasil

Orientador(a): Alecianne Braga

O texto acima é de total responsabilidade do(s)


autor(es) e não representa a visão da sanar sobre
o assunto.

Observação: esse material foi produzido durante


vigência do Programa de Ligas Sanar. A iniciativa foi
descontinuada em junho de 2022, mas a Sanar decidiu
preservar todo o histórico e trabalho realizado por
reconhecer o esforço empenhado pelos participantes
e o valor do conteúdo produzido.

Referências:

R, Arthur Rente; UJ, Delcio;KU, Karina Margareth.


Coronavírus e o Coração | Um Relato de Caso sobre
a Evolução da COVID-19 Associado à Evolução
Cardiológica

Protocolo de Manejo Clínico da Covid-19 na


Atenção Especializada. 1ª edição revisada.
Ministério da Saúde

Protocolo de Manejo Clínico para o Novo


Coronavírus (2019-nCoV). 1ª edição -2020-
publicação eletrônica. Ministério da Saúde

Protocolo de Manchester: conheça a aplicação, na


prática, do processo. Redação Secad, setembro de
2017. Disponível em:
https://secad.artmed.com.br/blog/enfermagem/p
rotocolo-de-manchester/. Acessado em:
22/03/2021.

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