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postado em 05/03/2018
Raciocínio Clínico
Envolve:
üInterpretar dados subjetivos
ü Terminologia médica
ü Aspectos mais relevantes dos achados clínicos
Raciocínio Clínico
O script ou representação do problema*
(*) Breve resumo, utilizando terminologia médica, dos aspectos mais relevantes dos achados
clínicos do paciente
Raciocínio Clínico
O script do problema
Masculino, 4 anos
Há 8 dias Há 5 dias
Há 2 dias Hoje
Raciocínio Clínico
A estrutura do script do problema
• Presença de equimose
lado direito do queixo,
petéquias no braço
esquerdo e cicatriz de
incisão Pfannenstiel em
abdome inferior.
Raciocínio Clínico
Representação do problema
Análogos
do GLP-1
Caso clínico #1
Mulher de 47 anos com ardência para urinar.
SUBJETIVO
Paciente refere disuria, aumento da frequência urinária e urgência miccional há
4 dias. Apresentou vários episódios de candidíase vaginal nos últimos meses.
Seu pai tem DM2 e doença renal crônica em terapia renal substitutiva.
OBJETIVO
BEG; PA = 110/70 mmHg; temperatura = 36,7℃; pulso = 75/min; IMC = 41
kg/m2; Giordano negativo;
HbA1c = 8,5% e glicemia de jejum = 128 mg/dL
• É RECOMENDADO, no individuo assintomático, que 2 dos critérios acima estejam alterados. Se somente um
exame estiver alterado, este deverá ser repetido para confirmação.
• É RECOMENDADO, na presença de sintomas inequívocos de hiperglicemia, que o diagnóstico seja realizado
por meio de glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dl.
• DEVE SER CONSIDERADO estabelecer o diagnóstico de DM na presença de glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl e
HbA1c ≥ 6,5% em uma mesma amostra de sangue.
Fonte: COBAS R, et al. Diagnóstico do diabetes e rastreamento do diabetes tipo 2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-rastreamento-do-diabetes-tipo-2/?pdf=3589
Mulher de 47 anos com ardência para urinar.
AVALIAÇÃO
• ITU (cistite)
• Candidíase recorrente
• Obesidade
• Diabetes mellitus
Outras opções:
• cefuroxima (250 mg, de 12/12h, por 7 dias) OU
• amoxicilina/clavulanato (500/125 mg, de 8/8h, durante 7 dias).
FEBRASGO. Infecção do trato urinário. São Paulo: FEBRASGO; 2021 (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n.49/ Comissão Nacional Especializada em
Uroginecologia e Cirurgia Vaginal). https://sogirgs.org.br/area-do-associado/Infeccao-do-trato-urinario-2021.pdf
Mulher de 47 anos com ardência para urinar.
PLANO: MANEJO DA ITU (Cistite aguda não complicada, tratamento empírico)
Não se recomenda:
• Fluoroquinolonas (pelo aumento de resistência bacteriana e efeitos
adversos como tendinite, ruptura de tendão, neuropatia periférica e ruptura
de aneurisma de aorta).
• Aminopenicilinas e cefalosporinas de primeira geração (pela eficácia
limitada).
FEBRASGO. Infecção do trato urinário. São Paulo: FEBRASGO; 2021 (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n.49/ Comissão Nacional Especializada em
Uroginecologia e Cirurgia Vaginal). https://sogirgs.org.br/area-do-associado/Infeccao-do-trato-urinario-2021.pdf
Mulher de 47 anos com ardência para urinar.
PLANO: MANEJO DO DM
Principais RECOMENDAÇÕES pacientes sem doença cardiorrenal:
Filho R, et al. Tratamento farmacológico da hiperglicemia no DM2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-hiperglicemia-no-dm2/?pdf=1534
Abordagem para o controle da hiperglicemia
Manejo farmacológico da hiperglicemia em pacientes com DM2 sem doença cardiorrenal
Características importantes dos agentes antidiabéticos
Filho R, et al. Tratamento farmacológico da hiperglicemia no DM2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-hiperglicemia-no-dm2/?pdf=1534
Medicamentos disponíveis no Brasil
METFORMINA
Ações:
• Aumenta sensibilidade insulínica no fígado, reduzindo a produção hepática de
glicose
• Aumenta a captação muscular de glicose (ativação da AMPK)
Posologia:
• 500 a 2.000 mg/dia (crianças) e 500 a 2.550 mg/dia (adultos)
dose inicial: 500 mg, 1 a 3 vezes ao dia
Medicamentos disponíveis no Brasil
METFORMINA
Vantagens:
• Alta eficácia
• Via oral
• Melhora perfil lipídico
• Não causa ganho de peso
• Raramente causa hipoglicemia.
• Baixo custo
Medicamentos disponíveis no Brasil
METFORMINA
Efeitos adversos:
• Sintomas gastrointestinais (diarreia, náusea, anorexia, gosto metálico)
• Deficiência de vitamina B12
• Acidose lática (rara)
Contraindicações:
• Insuficiência respiratória grave
• Insuficiência cardíaca congestiva (classe IV)
• Doença hepática grave
• Infecção grave
• TFG <30 mL/min/1,73 m2
Medicamentos disponíveis no Brasil
METFORMINA
Filho R, et al. Tratamento farmacológico da hiperglicemia no DM2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-hiperglicemia-no-dm2/?pdf=1534
Medicamentos disponíveis no Brasil
AGONISTAS DO RECEPTOR do GLP-1
Ações:
• Aumenta a secreção de insulina dependente de glicose
• Reduz secreção de glucagon
• Retarda o esvaziamento gástrico.
• Aumenta a saciedade.
Medicamentos disponíveis no Brasil
AGONISTAS DO RECEPTOR do GLP-1
Posologia:
• Liraglutida: (Victoza®, Saxenda®) 0,6mg 1,2 mg e 1,8mg / dia
• Dulaglutida: (Trulicity®) 0,75 mg a 1,5 mg 1x semana
• Semaglutida injetável: (Ozempic®) 0,25mg, 0,5mg a 1mg 1x semana.
• Semaglutida oral: (Rybelsus®) 3mg, 7mg, 14mg 1x dia.
Medicamentos disponíveis no Brasil
AGONISTAS DO RECEPTOR do GLP-1
Vantagens:
• Alta eficácia.
• Redução do peso corporal.
• Redução da variabilidade da glicose pós-prandial.
• Redução discreta da pressão arterial sistólica.
• Raramente causa hipoglicemia.
• Redução de eventos cardiovasculares em pacientes com DCV aterosclerótica
• Redução de albuminúria.
Medicamentos disponíveis no Brasil
AGONISTAS DO RECEPTOR do GLP-1
Efeitos adversos:
• Náusea, vômitos e diarreia.
• Hipoglicemia, quando associado a secretagogos.
• Aumento discreto da frequência cardíaca.
• Pancreatite aguda (raro, observado apenas nos GLP 1-RA injetáveis)
Desvantagens:
• Alto custo.
• Injetável.
Medicamentos disponíveis no Brasil
AGONISTAS DO RECEPTOR do GLP-1
Contraindicações:
• Hipersensibilidade.
• Carcinoma medular de tireoide.
• Pancreatite.
• Uso simultâneo de inibidores da DPP-IV.
• TFG <15 mL/min/1,73 m².
Medicamentos disponíveis no Brasil
INIBIDORES DO SGLT2
Posologia:
• Dapagliflozina (Forxiga®) 10 mg – 1x/dia
• Empagliflozina (Jardiance®) 10 a 25 mg – 1x/dia
• Canagliflozina (Invokana®) 100 a 300 mg – 1x/dia
Ação:
• Inibe a absorção de glicose e sódio no túbulo proximal por meio da
inibição do receptor SGLT2, levando à glicosúria e natriurese.
Medicamentos disponíveis no Brasil
INIBIDORES DO SGLT2
Posologia:
• Dapagliflozina (Forxiga®) 10 mg – 1x/dia
• Empagliflozina (Jardiance®) 10 a 25 mg – 1x/dia
• Canagliflozina (Invokana®) 100 a 300 mg – 1x/dia
Ação:
• Inibe a absorção de glicose e sódio no túbulo proximal por meio da
inibição do receptor SGLT2, levando à glicosúria e natriurese.
Inibidores do SGLT2
Em adultos não gestantes com diagnóstico recente de DM2, sem doença renal
estabelecida, um inibidor do SGLT2, com benefício renal comprovado DEVE SER
CONSIDERADO para a proteção da perda de função renal.
Em adultos não gestantes com DM2, sem doença renal crônica, o uso de GLP-1
RA com benefício renal comprovado PODE SER CONSIDERADO para redução do
surgimento de albuminúria.
Filho R, et al. Tratamento farmacológico da hiperglicemia no DM2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-hiperglicemia-no-dm2/?pdf=1534
Prevenção cardiovascular primária com antidiabéticos
Filho R, et al. Tratamento farmacológico da hiperglicemia no DM2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022).
https://diretriz.diabetes.org.br/tratamento-farmacologico-da-hiperglicemia-no-dm2/?pdf=1534
Avaliação do risco cardiovascular no pacientes com diabetes
Ø Estratificadores de risco
Exames a solicitar
• Para indivíduos elegíveis para rastreamento pré-participação em exercícios programados,
os exames a serem solicitados devem ser prescritos de forma individualizada.
• Considera-se o eletrocardiograma de repouso como o exame básico e essencial, devendo
ser solicitado em todos os casos pertinentes.
• Outros exames mais complexos, mais custosos ou mais invasivos devem ser avaliados de
acordo com o cenário clínico.
Exercícios recomendados para pessoas com DM2
Modelo de orientação de exercício para pessoas com diabetes
Modelo de orientação de exercício para pessoas com diabetes
Modelo de orientação de exercício para pessoas com diabetes
Modelo de orientação de exercício para pessoas com diabetes
Caso clínico #2
Mulher de 52 anos com elevação da glicemia de jejum.
SUBJETIVO
Paciente refere que ultimamente tem se sentido muito mal pela manhã. Ela
traz anotado os valores ao deitar, em torno de 120 mg/dL, e em jejum entre
170 e 180 mg/dL. Há um mês foi aumentada a dose da insulina NPH noturna e
ela sente-se frustrada devido a piora da glicemia de jejum. Ela reduziu a ingesta
de carboidratos à noite, mas sem efeito
OBJETIVO
BEG; PA = 122/78 mmHg; pulso = 74/min; IMC = 42 kg/m2;
SUBJETIVO
Paciente sem queixas, faz uso de hidroclorotiazida 25mg pela manhã e insulina
NPH 10 UI ao deitar. Está preocupado porque não consegue reduzir a PA e
também porque sua creatinina está elevada. Nega tabagismo.
OBJETIVO
BEG; PA = 170/93 mmHg; peso = 104 kg; altura = 1,80 m; IMC = 33 kg/m2;
creatinina: 1,7 mg/dL; HbA1c = 7,2%; colesterol: 256 mg/dL; HDL: 45 mg/dL;
LDL:192,4 mg/dL; triglicerídeos: 93 mg/dL; presença de proteinúria no exame
de urina
https://www.sbn.org.br/profissional/utilidades/calculadoras-nefrologicas/
Homem de 52 anos com HAS e DM
Como está a função renal desse paciente?
Homem de 52 anos com HAS e DM
Esse paciente precisa de estatinas?
Homem de 52 anos com HAS e DM
Esse paciente precisa de estatinas?
• Risco de evento CV em 10
anos de acordo com escore de
Framingham = 16% (médio)
Homem de 52 anos com HAS e DM
Esse paciente precisa de estatinas?
X Médio
Homem de 52 anos com HAS e DM
Esse paciente precisa de estatinas?
Médio
X
Homem de 52 anos com HAS e DM em consulta de rotina
AVALIAÇÃO
HAS sem controle adequado
DM com proteinúria e DRC estágio 3a
PLANO
Associar um IECA ao hidroclorotiazida: enalapril 20 mg pela manhã.
Introduzir sinvastatina 20 mg a noite.
Reforçar necessidade de MEV.
https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/publicacoes_ms/pcdt_dislipidemia_prevencaoeventoscardiovascularesepancreatite_isbn_18-08-2020.pdf
Homem de 52 anos com HAS e DM em consulta de rotina
AVALIAÇÃO
HAS sem controle adequado
DM com proteinúria e DRC estágio 3a
PLANO
Associar um IECA ao hidroclorotiazida: enalapril 20 mg pela manhã.
Introduzir sinvastatina 20 mg a noite.
Reforçar necessidade de MEV.
SUBJETIVO
Paciente procura UBS após apresentar episódio de breve perda da consciência
acompanhado de tremores testemunhado por seu marido. Ela vinha
apresentando-se letárgica desde que passou a tomar medicamento prescrito
para tratar DM. Nega febre, calafrios ou uso de drogas além do medicamentos
prescrito.
OBJETIVO
BEG; PA = 110/74 mmHg; pulso = 90 mmHg; glicemia capilar = 58 mg/dL
SUBJETIVO
Paciente tem DM1 há 38 anos e HAS há 5 anos. Faz uso de insulina NPH e
regular, além de losartana, porém diz não fazer uso dos medicamentos de
forma adequada. Há 2 meses iniciou sensação de dormência nas articulações
dos pés acompanhada de formigamento e uma maior sensibilidade nos MMII.
Nega tabagismo atual, mas fumou por 10 anos, tendo uma carga tabágica de
20 anos-maço.
Homem de 53 anos com DM apresentando parestesias em
membros há 2 meses.
OBJETIVO
BEG; PA = 150/90 mmHg; pulso = 90 mmHg; circunferência cintura = 115 cm.
Teste de sensibilidade dos MMII: paciente relata dor ao mínimo toque, com
perpetuação da sensação dolorosa, evidenciando hiperalgesia e hiperpatia.
Apresenta diminuição do reflexo Aquileu bilateralmente. Consegue flexionar e
estender os MMII normalmente. A pele da região está normocorada e sem
evidências de soluções de continuidade. Sem alteração da marcha.
Traz exames realizados há 1 ano com glicemia jejum = 130 mg/dL e HbA1c =
7,2 %.
QUAL A SUA AVALIAÇÃO E SEU PLANO?
Homem de 53 anos com DM apresentando parestesias em
membros há 2 meses.
• Nortriptilina 10 mg/dia
SUBJETIVO
Adolescente de 18 anos, com HAS desde os 15 anos, está em uso de
losartana e anlodipina, mas não tem conseguido obter controle pressórico
adequado (medidas domiciliares de até 180/110 mmHg). Apresentou
hipocalemia (K+ = 2,6 mmol/L) e vem tomando suplementação de potássio.
OBJETIVO
BEG, PA: 168/100 mmHg, FC=88/min, 2BRNF sem sopros.
Traz laudo do oftalmologista com diagnóstico de retinopatia hipertensiva
estágio 1.
Qual sua avaliação e plano?
Adaptado de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4496435/
Mulher de 18 com HAS e hipocalemia
INVESTIGANDO MELHOR...
• Aos 15 anos procurou ginecologista por amenorreia primaria e
infantilismo sexual.
INVESTIGANDO MELHOR...
• USG abdome e pelve: corpo uterino hipoplásico, pequenos ovários
policísticos e endométrio muito fino.
• Cariótipo 46XX.
Mulher de 18 com HAS e hipocalemia
AVALIAÇÃO:
• Defeito enzimático da esteroidogênese (hiperplasia adrenal
por deficiência de 17α-hidroxilase)
PLANO:
• Suspender os anti-hipertensivos (hipertensão secundária)
• Iniciar dexametasona 0,75 mg/dia VO diariamente (pilar do tratamento da
HAC)
• Iniciar valerato de estradiol 2mg VO diariamente + medroxiprogesterona 10
mg VO cíclica por 13 dias por mês (induzir o desenvolvimento sexual
secundário e manter o ciclo do sangramento uterino)
Mulher de 18 com HAS e hipocalemia