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UNIVERSIDADE PAULISTA – POLO

NATAL/RN
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TRABALHO DE ESTAGIO – CLINICA MEDICA
DOCENTE: THAIS SUEYDE

CASO CLINICO 01 – ROTURA DE VASA PREVIA

H.C.B, gestante, 26 anos, bancária, natural e procedente de Vassouras, Rio de Janeiro, com idade
gestacional de 37 semanas, procurou o pronto atendimento obstétrico em franco trabalho de parto.
Tercigesta (G3 P2 A0), com 2 partos vaginais prévios e acompanhamento pré-natal sem
intercorrências. Engravidou através de fertilização in vitro por laqueadura tubária após a segunda
gestação. Nega comorbidades, medicações de uso contínuo ou alergias.
Exame obstétrico:
altura de fundo uterino = 32cm; dinâmica uterina = 5 contrações de 60 segundos em 10 minutos;
dilatação total; apresentação fetal = cefálica, no plano 0 de De Lee; bolsa íntegra. Após 10 minutos
nesta condição, ocorre a amniorrexe espontânea, que culmina em sangramento de grande
quantidade por via vaginal e bradicardia fetal (FCF = 40 bpm).
Suspeitas diagnósticas
1. Rotura de Vasa Prévia
2. Rotura de Seio Marginal
3. Rotura Uterina
Exames complementares
Rapidamente, foi feito um esfregaço do sangue exteriorizado em lâmina de vidro, corado pelo
método de Wright, no qual foi possível observar hemácias nucleadas, indicando se tratar de sangue
fetal e não materno.
Diagnóstico e tratamento
Com base no quadro clínico e no esfregaço de sangue realizado, a paciente foi diagnosticada com
Rotura de Vasa Prévia e rapidamente encaminhada para a resolução da gestação através de
cesariana.

CASO CLINICO 02 – HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL


Paciente do sexo masculino, 63 anos, pardo, advogado, casado, católico, procedente e
residente de Campo Grande.
Queixa principal
Esquecimentos recorrentes e progressivos há cerca de 2 anos
História da Doença Atual
Paciente procurou o ambulatório de neurologia com queixa de esquecimentos recorrentes e
progressivos como, por exemplo, deixar o fogão aceso, não lembrar onde deixou a chave e
esquecer de pagar algumas contas, que começaram há cerca de 2 anos. Relata também estar com
dificuldade para andar há 4 anos, pois parece que seus pés estão grudados no chão. Há cerca de
6 meses não consegue chegar ao banheiro antes de urinar.

Antecedentes pessoais, familiares e sociais


Paciente diabético e hipertenso, não relata intercorrências na infância e adolescência, apresenta
calendário vacinal atualizado, estrutura familiar estável. Paciente possui situação econômica estável,
realiza atividades de lazer, nega etilismo e tabagismo. Paciente nega uso de dietas vegetarianas.
Alega que a mãe possui diabetes e o pai hipertensão. Paciente nega presença de tremores,
alterações no sono, hospitalizações, hemotransfusões, alergias, traumatismo, alucinações, histórico
de infecções do SNC, AVC ou TCE prévios.
Exame físico
Ao exame físico, o paciente encontrava-se em estado geral regular, lúcido e orientado em tempo e
espaço, afebril, acianótica, anictérico, hidratado, normocárdico e normotenso.
Ao exame físico neurológico foi encontrada uma marcha magnética, de base alargada, lenta e com
aumento de passos (9 passos) para rotação em 180 graus. Seu teste neuropsicológico demonstrou
um alentecimento cognitivo, com déficits leves a moderados nas funções executivas. Foi realizado
o mini exame do estado mental, com pontuação de 22. O reflexo fotomotor direto e consensual
estavam presentes e os nervos cranianos sem alterações. Motricidade, reflexos e sensibilidade não
apresentavam alterações. Demais sistemas encontram-se sem alterações.

Suspeitas diagnósticas
• Hidrocefalia de pressão normal;
• Demência vascular;
• Parkinsonismo;
• Hematoma subdural crônico;
• Demência de Alzheimer.

Exames complementares
Foram solicitados exames complementares: hemograma, tomografia de crânio sem contraste,
punção liquórica e sorologias para sífilis e HIV. O hemograma não evidenciou nenhuma alteração e
as sorologias foram não reagentes. Os níveis de vitamina B12 E B1 estavam normais.
A punção liquórica evidenciou LCR com contagem de células, proteína e glicose normais, com
pressão de abertura normal.
LAUDO: Na TC de crânio foram constatadas, por meio do cálculo do índice de Evans, uma
ventriculomegalia e hidrocefalia comunicante, com atrofia cortical leve. Não foram encontrados
sinais de isquemia ou presença de hematoma subdural crônico.
Após a realização dos exames, o neurologista responsável pelo caso solicitou uma punção liquórica
para retirada de 30 ml de LCR, após a qual o paciente referiu melhora na deambulação.
Diagnóstico
A Hidrocefalia de Pressão Normal, ou síndrome de Hakim-Adams, é uma hidrocefalia comunicante
insidiosa, na maioria das vezes idiopática, que se não tratada precocemente pode gerar déficits
cognitivos, os quais geralmente são reversíveis com o tratamento adequado. O nome da doença é
devido ao achado de pressão de abertura do líquor normalmente durante a punção liquórica, pois
seu desenvolvimento é lento e permite ao tecido encefálico compensar o aumento ventricular.
Conclusão
Apesar de ser uma doença rara, trata-se de causa reversível de demência e deve sempre ser
aventada em casos de alterações cognitivas em idosos. Os exames de neuroimagem são
essenciais para seu diagnóstico e constituem uma ferramenta essencial.

CASO CLINICO – 03 - Anemia Falciforme

Identificação do paciente
L.S.H, sexo feminino, 30 anos, casada, negra e natural de Salvador, atualmente exerce função de
doméstica. Paciente comparece na UPA.
Queixa principal
Dor nas pernas há 2 horas.
História da doença Atual (HDA)
A paciente refere que há 2 horas começou a apresentar fortes dores em MMII, 8/10, sem irradiação,
sem melhora com utilização de analgésico e, no momento da consulta, região lombar também
estava dolorida. Refere que há 1 dia sente fadiga, indisposição e notou a presença de edema
doloroso em tornozelo. Relata também já ter observado inúmeros outros episódios de dores nas
pernas no último ano, que as vezes cursavam com inchaço local.
Antecedentes pessoais, familiares e sociais
A paciente relata que na semana anterior apresentou febre, coriza e tosse. Afirma que utilizou
Paracetamol para controle dos sintomas e permaneceu em repouso durante 5 dias, quando cursou
com melhora.
Nega histórico de HAS e DM.
Refere que não tem contato com a mãe, e o pai faleceu aos 40 anos de idade devido a AVC.
A paciente relata que na última semana tem passado por um processo de separação com seu
marido, fato que tem causado quadros de ansiedade e dores no peito. Relata também que o fato
de continuar trabalhando como doméstica durante o período da pandemia tem mexido com seu
psicológico e aumentado suas crises de ansiedade, que vêm acompanhada de palpitações e dores
no peito.
Exame físico
Regular estado geral, eupneica, afebril, mucosas descoradas (++/IV), discreta icterícia. Sem
alterações nos dados vitais.
Aparelho cardiovascular com achado de sopro difuso (++/IV) à ausculta.
Abdome plano, cicatriz umbilical intrusa, RHA preservado e timpânico a percussão. Traube livre.
Fígado não palpável.
Presença de edema unilateral sem empastamento em tornozelo esquerdo (++/4), associado a
úlcera maleolar de cerca de dois centímetros, com secreção purulenta e hiperemia nas bordas,
dolorosa a palpação.
Aparelho respiratório sem alterações.
Suspeitas diagnósticas
• Doença falciforme a esclarecer
• Trombose venosa profunda
• Síndrome viral a esclarecer

Exames complementares
Hematócrito = 24%
Hemoglobina = 8,2 g/dL
Reticulócitos = 135.000/mm3
VCM = 90 fl.
HCM = 33 g/dL
Análise do esfregaço = presença de drepanócitos.
RDW = 15%
Leucócitos = 11.000 por mm³
Plaquetas = 420.000 por mm³
Glicemia em jejum = 80 mg/dL
Colesterol total = 151 mg/dL
HDL-C = 53 mg/dL
Triglicérides = 134 mg/dL ECG: sem alterações
ECG: sem alterações

Diagnóstico
O possível diagnóstico da paciente é de crise dolorosa secundária a Anemia Falciforme. Para
alcançá-lo deve-se levar em conta os achados em três áreas:
Achados da anamnese: etnia negra, fortes dores em MMII (8/10), fadiga, indisposição e feridas nos
tornozelos (úlcera maleolar).
Achados do exame físico: mucosas descoradas, leve icterícia, sopro difuso, úlcera maleolar.
Achados dos exames laboratoriais: baixa de hematócritos e hemoglobina, presença de drepanócitos
evidenciando hemácias falcizadas, aumento de RDW indicando anisocitose, e leucócitos elevados.
No entanto, para diagnóstico definitivo deve-se realizar uma eletroforese da hemoglobina.
A anemia falciforme é uma doença autossômica recessiva causada pela mutação do gene da β-
globina, provocando a substituição do aminoácido glutamato pela valina. Isso tem como
consequência a malformação de algumas hemácias – que se apresentam em formato de foice –,
com isso, são menos efetivas no transporte de O2, são menos maleáveis e vivem por menos tempo
na corrente sanguínea, necessitando serem destruídas mais cedo do que uma hemácia comum,
proporcionando maior trabalho dos órgãos hemocateréticos do fígado e baço.
Como as hemácias falciformes possuem formatos defeituosos, dois sintomas podem ser extraídos
logo de início: a dificuldade no transporte de O2 irá causar fadiga e indisposição e a falta de
elasticidade as levam a ficarem presas em pequenos vasos, causando dores e úlceras, ou vasos
maiores, causando trombose, sintomas cardíacos e sintomas hepáticos.
Além disso, a presença elevada de leucócitos indica a ocorrência de infecção, que está diretamente
atrelada a queda da função imunológica do baço na paciente em questão.
Outras complicações crônicas são comuns no paciente com doença falciforme, dentre elas:

• Hipertensão pulmonar: está relacionada com a falcização dos pulmões, que podem
surgir com outras condições, como Infarto pulmonar e pneumonia. Os seguintes sintomas
podem estar presentes: dor torácica, febre, tosse e dessaturação.
• Complicações cardiovasculares: é uma complicação crônica que pode se apresentar
com aumento da área cardíaca e presença de sopros disusos.
• Nefropatia: necrose renal pode ocorrer devido aos infartos que podem surgir nesse
paciente.
• Osteonecrose: oriunda de isquemia óssea.
• Retinopatia: causada pela oclusão de vasos da retina, que podem levar a hemorragia
e descolamentos.
• Úlcera de perna: são resultado dos infartos na porção distal da circulação e de
infecções que podem ocorrer devido a fragilidade imunológica desse paciente.
Outra complicação comum em homens é o priapismo, que pode ser causado devido a infarto de
veias que circulam o sangue no pênis.
Conclusão
Como a paciente está com uma crise álgica aguda, o tratamento básico seria composto por
hidratação oral, analgesia escalonada considerando o uso de opioides. Também deve ser
considerado, caso se faça necessário, uso de oxigênio, uso de antibioticoterapia e/ou transfusão
sanguínea. Para esse paciente, caso se apresente sintomático do ponto de vista da anemia, deve
ser considerada transfusão de concentrados de hemácias (filtrada e fenotipada).
Como a paciente já apresenta complicações crônicas, deve-se associar a essa paciente ácido fólico
e hidroxiureia.

ALUNO: CHARLES DE ASSIS DA ROCHA FERNANDES.

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