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CENTRO TÉCNICO SALVADOR

ELISABETE GONÇALVES

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTES COM HIPERTENSÃO


GESTACIONAL: INTERVENÇÕES NA PRÉ-ECLÂMPSIA E ECLÂMPSIA

SALVADOR – BA
2020
ELISABETE GONÇALVES

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTES COM HIPERTENSÃO


GESTACIONAL: INTERVENÇÕES NA PRÉ-ECLÂMPSIA E ECLÂMPSIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso Técnico de Enfermagem, do Centro Técnico
Salvador – CTS, como requisito para obtenção do
Grau Técnico.

Orientadora: Thainá Carvalho

SALVADOR – BA
2020
1. EPÍGRAFE

Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou
o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes.
- Marthin Luther King
2. RESUMO

A pré-eclâmpsia ou a eclâmpsia representa um grande impacto na saúde da mulher no mundo


inteiro, sendo a principal causa de morte materna no Brasil. Um estudo de caso foi feito com a
paciente do sexo feminino, 22 anos, identificada como LAdosS, promotora de vendas,
soteropolitana, solteira que procurou a maternidade onde acompanhei o caso, com uma gestação
de 35 semanas se queixando de cefaléia forte e constante, relatando visão escurecida e turva,
além de náuseas. LAdosS relatou também que fez pré-natal na unidade básica de saúde e afirma
que os sintomas apareceram de maneira repentina e sem fatores desencadeantes. Na anamnese da
paciente observou-se que esta não possuía hipertensão ou outras doenças, mas durante o exame
clínico notava-se uma alteração significativa na pressão arterial, sem febre, hidratada, com edema
nos membros inferiores e apresentando dispneia aos mínimos esforços. Os exames laboratoriais
apresentaram proteinúria e elevação na creatinina, sendo assim, tendo em vista o quadro clínico,
sintomas no sistema nervoso central e hipertensão arterial, foi dado o diagnóstico de pré-
eclâmpsia a esta paciente que foi internada para terapia anti-hipertensiva e anticonvulsivante
preventiva. A pré-eclâmpsia é uma doença caracterizada pela liberação, por parte do feto, de
proteínas na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da gestante, agredindo
as paredes dos vasos sanguíneos e causando contração desses vasos, consequentemente ocorrerá
o aumento da pressão arterial. Se não for controlada pode evoluir para a forma mais grave da
doença, denominada eclâmpsia. Embora a maioria das gravidezes afetadas pela pré-eclâmpsia
consigam chegar às 37 semanas de gravidez, elas apresentam um risco elevado de complicações,
incluindo o risco de mortalidade materna ou fetal.
3. INTRODUÇÃO

A gravidez é um período esperado por muitas mulheres e se torna um momento mágico para a
mãe e o bebê, mas algumas vezes pode vir acompanhado de complicações, como aumento da
pressão arterial. O aumento da pressão sanguínea diagnosticado durante a gestação em mulheres
que nunca haviam antes demonstrado o problema é classificado como doença hipertensiva
específica da gestação (DHEG). Este trabalho irá relatar algumas circunstâncias vividas pela
paciente LAdosS, jovem de 22 anos que na sua primeira gravidez apresentou um quadro de pré-
eclâmpsia diagnosticado no 8º mês da gestação. Mas é preciso compreender do que se trata esta
enfermidade.
A pré-eclâmpsia é o aumento da pressão arterial acompanhada da eliminação de proteína pela
urina. Normalmente, essa complicação começa depois da 20ª semana de gravidez. Quando não
tratada adequadamente, pode culminar na própria eclâmpsia, a reta final da doença. Se caracteriza
pela pressão muito elevada escoltada de outros sintomas mais graves, como convulsões e
inchaços. Nesse estágio da DHEG, a vida da mãe e do bebê entra em risco (LARA, 2015).
Existe um consenso que o problema da hipertensão na gravidez não tem uma única causa,
mas é resultado, entre outras coisas, da má adaptação do organismo materno a sua nova condição.
A gravidez pressupõe o crescimento de um ser geneticamente diferente dentro do útero da
mulher, uma vez que herdou metade dos genes do pai. Ela não rejeita esse corpo estranho porque
desenvolve mecanismos imunológicos para proteger o feto. Em alguns casos, porém, ele libera
proteínas na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da gestante. Essa
resposta agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão
arterial (VARELLA, 2012). Outros fatores de risco são a má alimentação, o estresse e o
sedentarismo, como no caso de LAdosS que teve uma alimentação salgada e sem praticas de
atividades físicas, além de muito estresse no trabalho. LAdosS teve um grande aumento do peso e
achava que era normal da gravidez, mas chegou à maternidade com inchaço de membros
inferiores e rosto, dor de cabeça, visão turva e cansava por qualquer esforço. Em consultas de
pré-natal anteriores não foi constatado hipertensão, relatou LAdosS e ela não havia sentido
nenhum dos sintomas relatados anteriormente. A paciente foi submetida a exames físico que
constataram uma Pressão Arterial de 160/90 mmHg, além de exames laboratoriais de sangue e
urina que tiveram resultado com taxas elevadas. Diante desse quadro LadosS teve que ser
internada ficando em observação por 24 horas, com monitoramento da pressão e administração
de medicações profiláticas, evitando a progressão para o desfecho convulsivo.
Casos leves de pré-eclâmpsia são controlados com repouso, controle da alimentação,
medicação e acompanhamento médico, de acordo com a necessidade. Os quadros mais intensos,
além de tudo isso, necessitam de internação para um acompanhamento rigoroso. Se a situação
estiver estabilizada, a gestação segue normalmente, senão será preciso um parto prematuro. A
saúde do bebê não é comprometida quando a mãe está com a pré-eclâmpsia. Mas, se não for
tratada, e a gestante chegar ao estágio de eclâmpsia, o risco da perda da criança é alto, como o
risco de morte da mãe também. É comum em pacientes que desenvolveram a doença hipertensiva
específica na gravidez tenham a pressão normalizada ou pelo menos reduzida logo em seguida ao
parto. Mas, ainda assim, em muitos casos elas continuam com o anti-hipertensivo por cerca de 40
dias.
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

A paciente LAdosS, lúcida e orientada no tempo e no espaço, deambulando sem auxilio,


primigesta, sem antecedentes mórbidos, na 35ª semana da gestação, comparece à emergência com
queixa de cefaléia de intensidade forte e constante, acompanhada de náuseas e visão turva e
escurecida há 5 dias. Na anamnese, a paciente relata que os sintomas apareceram de forma
abrupta, afirma gestação sem intercorrências prévias, com realização de pré-natal na unidade
básica de saúde. No exame físico, apresenta Bom Estado Geral, pele e mucosas
normocorada, hidratada, edema no rosto e nos membros inferiores, Redução da acuidade visual,
abdome compatível com gravídico de 35 semanas e Movimentação fetal presente. Na medição
dos sinais vitais, observou-se aumento na pressão arterial, taquipneia e dispnéia aos mínimos
esforços, afebril. Foi verificada a glicemia capilar, obtendo resultado normal.
Já em observação, foi feito coleta de sangue para realização de exames, como solicitado pelo
médico, bem como a punção e manutenção de uma via de acesso venoso periférico. A paciente
foi orientada sobre como coletar a urina para realização dos exames e conduzida ao banheiro.
Após receber o resultado do exame, LadosS foi diagnosticada com pré-eclâmpsia e recebeu
administração por via venosa de hidralazina, anti-hipertensivo, e sulfato de magnésio como
terapia anticonvulsiva preventiva, instalada na bomba infusora, sendo mantida no soro e
monitorada. Foi realizado verificação dos sinais vitais de hora em hora.
A paciente foi orientada sobre o processo patológico e a necessidade de períodos de repouso
em decúbito lateral esquerdo. As grades laterais do leito foram elevadas para evitar lesão em caso
de convulsão.
Todos os procedimentos foram registrados em prontuário.
5. RECURSOS UTILIZADOS

 Esfigmomanômetro Digital
 Termômetro Digital
 Glicosímetro
 Bomba Infusora
 Soro glicosado
 Hidralazina
 Sulfato de Magnésio
 Tubos para coleta de sangue
 Frasco adequado para o exame de urina
 Cateter Venoso Periférico
 Scalp
 Agulhas e seringas
 Luvas de procedimento
 Álcool 70%
 Adesivos e fita microporosa
 Algodão e gaze
6. RESULTADOS ALCANÇADOS

Paciente continua sentindo cefaléia forte, porém mantém-se orientada e consciente,


apresentando medo e ansiedade por causa da patologia e por se encontrar hospitalizada. As
mulheres com distúrbios hipertensivos apresentam uma grande sobrecarga emocional e o fato
delas vivenciarem uma gestação de alto risco reforça o medo de complicações e morte tanto para
si, quanto para o bebê.
Os sinais vitais mantiveram-se estáveis, com diminuição da pressão arterial. Houve uma
melhora em relação à respiração e melhora na visão.
A paciente está mais colaborativa em relação ao repouso, permanecendo a maior parte do
tempo em decúbito lateral esquerdo, pois percebeu através do diálogo que essa posição ajuda na
circulação sanguínea para o útero e rins, como também favorece um maior fluxo sanguíneo para
o cordão umbilical, consequentemente gera uma melhor oxigenação do feto.
A medicação foi suspensa, porém a paciente continuou em observação, com constante
medição dos sinais vitais. O único tratamento efetivo da pré-eclâmpsia, determinando a "cura" do
processo patológico, é o parto. Todas as outras modalidades terapêuticas destinam-se a manter
estável o quadro clínico materno e a vigiar a vitalidade fetal enquanto se aguarda a maturação
pulmonar do concepto.
7. SUGESTÃO PARA MELHORIAS

Problema Resolução do
Dinâmica da solução
Identificado Problema

Travesseiro
Desconforto na
para manter o  Providenciar travesseiro e acomodar a
cabeça ao deitar-
pescoço em paciente de forma que se sinta confortável
se de lado para seu repouso – equipe de enfermagem
posição neutra

Paciente sentindo
cefaléia forte
Administração  Prescrição de analgésico – médico
mesmo após uso
de analgésico  Administrar analgésico – equipe de
do anti- enfermagem
hipertensivo

 Os profissionais devem estar preparados para


Medo e ansiedade Assistência e receber e orientar a gestante, agindo de forma
acolhedora, visando ações humanizadas e
por causa da falta orientação ao
individualizadas que contribuam na
de informação paciente manutenção de saúde da mãe e do bebê,
informando de forma clara e tranqüilizando a
paciente – equipe de enfermagem
8. CONCLUSÃO

A equipe de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer fatores que possam afetar
adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de cunho socioeconômico ou
emocional. Deve estar capacitada para compartilhar informações com a gestante e os familiares
sobre o andamento da gestação, comportamentos e atitudes que podem assumir para melhorar sua
saúde. As necessidades oriundas da gestação de alto risco necessitam de técnicas e equipes
especializadas. Ainda que alguns casos possam ser resolvidos em nível de atenção primária,
utilizando-se procedimentos simples, outros necessitarão cuidados complexos. A assistência de
enfermagem à gestante tem uma grande responsabilidade quanto ao diagnóstico precoce de
doenças hipertensivas específicas da gestação, bem como o tratamento dos sintomas e a instrução
das gestantes, visando um atendimento humanizado como uma oportunidade de promover o
cuidado e contribuir para um melhor nível assistencial. A conduta do técnico de enfermagem
deve ser prioridade para detectar precocemente os sinais e sintomas de uma hipertensão para
evitar maiores danos ao paciente, requerendo dos profissionais de enfermagem que todas as suas
atividades e atitudes sejam conduzidas de forma correta, com atenção, conhecimento de causa,
julgamento adequado e um senso apropriado de responsabilidade. É através da valorização das
atitudes humanas que se pode contribuir para o fortalecimento do vínculo entre profissional e a
gestante, proporcionando que a paciente sinta confiança e dê continuidade nas orientações
realizadas. A assistência no pré-natal garante o acompanhamento necessário para prevenção e
promoção da saúde materna e fetal reduzindo os fatores de risco para o aparecimento da doença
comum nesse período.
9. REFERÊNCIAS

Assistência de Enfermagem na Hipertensão Gestacional e Pré-eclâmpsia. Universidade


Federal do Rio de Janeiro, 2020. Disponível em:
<http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/enfermagem/assistencia_da_enfermagem_na_hip
ertensao_gestacional_e_pre_eclampsia.pdf>. Acesso em: 14/06/2020.

Assistência Humanizada à Mulher. Ministério da Saúde, 2001. Disponível em:


<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_13.pdf>. Acesso em: 03/06/2020.

DULAY, Antonette T. Pré-eclâmpsia e Eclampsia. Manual MSD, 2019. Disponível em:


<https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-
feminina/complica%C3%A7%C3%B5es-da-gravidez/pr%C3%A9-ecl%C3%A2mpsia-e-
ecl%C3%A2mpsia>. Acesso em: 20/04/2020.

Hipertensão na Gravidez. EMS Farmacêutica, 2014. Disponível em:


<https://www.ems.com.br/hipertensao-na-gravidez-blog,199.html>. Acesso em: 19/04/2020.

LARA, Maria Luiza. O Perigo da Hipertensão na Gravidez. Revista Bebê Abril, 2015.
Disponível em: < https://bebe.abril.com.br/gravidez/o-perigo-da-hipertensao-na-gravidez/>.
Acesso em: 07/05/2020.

PINHEIRO, Pedro. Eclampsia e Pré-eclâmpsia: Sintomas, Causas e Tratamento. Saúde.com,


2020. Disponível em: <https://www.mdsaude.com/gravidez/eclampsia-e-pre-eclampsia/>. Acesso
em: 20/04/2020.

VARELLA, Drauzio. Eclampsia e Pré-eclampsia. São Paulo/SP, 2012. Disponível em:


<https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/eclampsia-e-pre-eclampsia/>. Acesso em:
17/04/2020.

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