Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hipertensiva
Específica
da Gestação
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Fatores de risco...................................................................................................4
3. Etiologia e fisiopatologia.....................................................................................6
Invasão trofoblástica normal........................................................................................ 6
Deficiência na invasão trofoblástica............................................................................ 7
Disfunção endotelial e alterações inflamatórias......................................................... 8
Fatores imunológicos.................................................................................................. 10
Fatores genéticos........................................................................................................ 10
4. Formas clínicas.................................................................................................12
Fatores de risco para pré-eclâmpsia.......................................................................... 13
Diferença entre a pré-eclâmpsia leve e grave............................................................ 14
5. Diagnóstico clínico-laboratorial.........................................................................16
6. Diagnóstico específico......................................................................................18
7. Síndrome HELLP...............................................................................................20
8. Manejo da DHEG...............................................................................................21
Interrupção da gestação na DHEG............................................................................ 24
Referências ...................................................................................................... 27
1. INTRODUÇÃO
O termo doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) é amplo e abrange ás
doenças hipertensivas que acontecem após a segunda metade da gestação. Dessa
forma, DHEG engloba condições variadas de hipertensão durante a gravidez, ressal-
tando que ela é a principal complicação durante a gestação no Brasil. Acredita-se
que de todas as gestantes quase 10% possuem um distúrbio hipertensivo, sendo que
apenas 30% decorrem de uma hipertensão crônica enquanto 70% é decorrente da
pré-eclâmpsia. As doenças hipertensivas resultam em altas taxas de mortalidade e
morbidade materna, fazendo parte da "tríade mortal da gestação" com hemorragias e
infecções maternas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hiper-
tensão é responsável por 4% dos óbitos matemos no mundo, variando de 12,9% das
mortes maternas nos países desenvolvidos a até 22,9% na América Latina. Além dis-
so, a DHEG pode ocasionar também restrição do crescimento fetal, prematuridade,
sofrimento fetal e morte perinatal, aumentando dessa maneira a morbimortalidade
perinatal, visto que pode ser a gênese de diversas complicações como prematurida-
de, restrição do crescimento fetal, sofrimento fetal e morte perinatal. Dessa maneira,
precisa compreender-se qual os valores que são considerados como hipertensão ar-
terial. Assim, se no intervalo de até quatro horas duas medidas com valores maiores
ou iguais de pressão sistólica por 140mmHg e/ou pressão diastólica maior ou igual
a 90mmHg define-se como hipertensão arterial. Desse modo, compreende-se que a
gestação tem efeito de potencializar e agravar a hipertensão arterial prévia a gesta-
ção, ou seja crônica, podendo também induzir em mulheres normotensas ocasionan-
do hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia.
2. FATORES DE RISCO
Diversos fatores estão associados ao maior risco de DHEG. Acredita-se que fato-
res como idade materna avançada, história familiar de DHEG, obesidade, gestação
múltipla, doença trofoblástica gestacional, DHEG em gestação pregressa, entre ou-
tros, podem ser apontados como fatores predisponentes. Além disso, a maioria dos
casos dessa doença, cerca de 75%, ocorre em mulheres nulíparas. Nesses casos, a
doença é mais observada em pacientes com hipertensão arterial pré-gravídica ou
quando há troca de parceiro. No entanto, independente da paridade, na gestação
múltipla a doença hipertensiva tende a ocorrer em idades gestacionais mais preco-
ces quando comparadas a gestações únicas e são mais graves.
Em relação ao nível socioeconômico, não há evidências conclusivas de que isso
possa ter relação com a síndrome hipertensiva. Porém, a eclâmpsia e a síndrome
HELLP são mais frequentes nas camadas socioeconômicas menos favorecidas.
Apesar de não ser consenso, formas mais avançadas da doença hipertensiva pode
decorrer do fato de que há falta de assistência pré-natal ou assistência médica pre-
cária nas classes menos favorecidas. Um fator bem estabelecido é a maior presença
de DHEG em extremos de idade, ou seja, abaixo dos 18 e acima dos 40 anos. Isso
pode ser relacionado a nuliparidade em pacientes mais jovens e nas mulheres com
idade avançada, a hipertensão arterial essencial, embora mais frequente, favorece a
instalação da DHEG.
Alguns estudos evidenciaram a predisposição hereditária à DHEG, por meio da
participação de polimorfismos de alguns genes. Ademais, a obesidade é um grande
fator contribuinte para as síndromes hipertensivas, sendo que quanto maior o índice
de massa corporal (IMC), maior o risco de DHEG. Sabe-se que o mecanismo fisio-
patológico está relacionado à intolerância à glicose, o mesmo motivo que o risco de
DHEG em pacientes com diabetes pré-gestacional é de cerca de 20%. Vale lembrar
que a DHEG está presente com maior frequência nos casos de doença trofoblás-
tica gestacional e também, nessa condição, surge em idades gestacionais mais
precoces.
Diabetes mellitus
Obesidade
Gestação múltipla
Trombofilias
Doença renal
Colagenoses
Fatores imunológicos
Fatores genéticos
Fatores genéticos
Estudos apontam um envolvimento genético na DHEG. Embora a maioria dos
casos seja esporádica, é observado aumento do risco de doenças hipertensivas em
gestantes com histórico familiar e as quais os cônjuges possuem mães ou parceiras
prévias com histórico de doenças do espectro da DHEG. Entretanto, o mecanismo
exato da herança ainda é desconhecido. Vários polimorfismos gênicos, como do
fator de necrose tumoral (TNF), linfotoxina-alfa, interleucina-1 beta, já foram associa-
dos, assim como uma variante do gene do angiotensinogênio.
Placentação anormal
Hipertensão Proteinúria
Convulsão Edema
Oligúria
DPP
Fonte: Elaborado pelo próprio autor
DHEG
Hipertensão
Eclâmpsia Pré-eclâmpsia Hipertensão crônica
Gestacional
CLÍNICA
Anamnese
Exame físico
EXAMES LABORATORIAIS
Proteinúria
Ácido úrico
Ureia e creatinina
Bilirrubinas
Enzimas hepáticas
• Ácido Úrico: A dosagem do ácido úrico sérico é importante, pois sua elevação
ocorre precocemente na DHEG e pode estar relacionada à queda da fiItração
glomerular ou a alterações de reabsorção e excreção tubular. Além disso, os
níveis de hiperuricemia correlacionam-se com o grau de hemoconcentração,
gravidade da endoteliose glomerular e gravidade da doença hipertensiva. No
entanto, a dosagem de ácido úrico não faz parte dos critérios diagnósticos,
mas serve para o acompanhamento, sendo o nível sérico superior a 6 mg/dL,
em gestante com valores anteriormente normais e sem uso de diuréticos, alta-
mente sugestiva da presença de DHEG.
• Hemograma com contagem de plaquetas: A plaquetopenia é mais frequente em
pacientes com quadro clínico mais grave de DHEG. Como descrito anteriormente,
a presença de plaquetopenia inferior a 100.000, associada à elevação de enzi-
mas hepáticas, desidrogenase láctica (DHL) e hemólise fecham o diagnóstico da
Síndrome HELLP, que possui elevada mortalidade.
6. DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO
Como dito acima, dentro do termo DHEG, existem várias doenças hipertensivas.
Em relação ao diagnóstico dessas doenças, temos:
7. SÍNDROME HELLP
Sabemos que devido a alterações vasculares, pode ocorrer a associação de he-
mólise, plaquetopenia e disfunção hepática. Sendo assim, em 1982 foi instituído o
acrônimo “HELLP”, caracterizando uma síndrome multissistêmica grave da DHEG.
Esse acrômio representa a presença de anemia hemolítica microangiopática, disfun-
ção hepática e trombocitopenia (Hemolysis, Elevated Liver enzymes, Low Platelets).
A Síndrome HELLP é uma complicação grave, ocorrendo em 10-20% das pacientes
com pré-eclâmpsia/ hipertensão gestacional grave ou eclâmpsia, e entre 0,1 a 0,8%
das gestações no geral. O diagnóstico se baseia em dados clínico-laboratóriais.
Apesar disso, as manifestações clínicas encontradas são inespecíficas, como náu-
seas, vômitos, mal-estar, perda de apetite, cefaleia ou sintomas visuais e dor abdomi-
nal. Nos exames laboratoriais, encontra-se contagem de plaquetas < 100.000/mm³,
alterações eritrocitárias (esquizócitos) com bilirrubina total sérica > 1,2mg% associa-
do a elevação de LDH (> 600UI) e elevação de transaminases hepáticas. A conduta
imediata deve ser estabilização do quadro e transferência para unidade de tratamen-
to intensivo. Além disso, é indicada avaliação materno-fetal, controle hipertensivo,
profilaxia para convulsões e avaliação da necessidade de parto imediato.
Hipertensas crônicas com Pré-eclâmpsia superajuntada com Com 34 semanas (se condições maternas e
critérios de gravidade fetais estáveis).
Redução da
Esquema de Sibai Sulfato de magnésio
Prevenção da ingesta de sódio
pré-eclâmpsia
Se PAS ≥ 150 Terapia
Esquema de Pritchard Anti-hipertensivo
ou PAD ≥ 100mg anti-hipertensiva
Pré-eclâmpsia Tratamento
Medidas gerais
grave/ Eclâmpsia da DHEG
Crise hipertensiva
Eclâmpsia
aguda
Hipertensão gestacional,
Manejo Idade materna
crônica sem sinais de gravidade,
ambulatórial Definição avançada
pré-eclâmpsia leve
DHEG em gestação
pregressa
Pré-eclâmpsia
Eclâmpsia
Pré-eclâmpsia superajuntada
Sanar
Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770