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DIAGNÓSTICO:
CLASSIFCAÇÃO:
→ PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE: um aumento súbito e
exagerado do peso costuma ser o primeiro sinal do
Paulo Filipe Nogueira de Queiroga
3 SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO
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risco, como comorbidades previas, a gestação e hemoglobinúria. Nesses casos, além da queda do nível
passado obstétrico. Em todas as consultas de pré-natal, de hemoglobina, surgem alterações morfológicas das
durante o exame físico, as gestantes devem ser hemácias, chamadas de esquizócitose.
submetidas a monitorização do ganho de peso e
pressão arterial. BILIRRUBINA E ENZIMAS HEPÁTICAS: devido a
hemólise que pode ocorrer em na DHEG grave, pode
PROTEINÚRA: a presença de proteinúria sempre nos ocorrer icterícia e/ou o aumento de bilirrubinas
alerta para a possibilidade de DHEG, sendo associada ao aumento de DHL e das enzimas
considerada significativa nas seguintes situações: hepáticas.
✓ Quando igual ou superior a 300 mg em urina UREIA E CREATININA: durante a gestação normal,
coletada durante 24 horas; em função do aumento do ritmo de filtração
✓ Na relação proteína/creatinina > 0,3 em glomerular, ocorre queda dos níveis séricos de ureia e
amostra isolada de urina; creatinina. No entanto, devido as alterações
✓ Quando se observa a presença de proteinuria fisiopatológicas da DHEG grave, pode ocorrer
em fita indicadora (> 1 + ). diminuição da filtração glomerular, levando a
elevação da ureia e creatinina.
A pesquisa de proteinúria por meio de fita indicadora
em amostra de urina isolada durante a consulta de pré- FISIOPATOLOGIA DA DHEG
-natal é um método útil e prático para a confirmação
momentânea do diagnóstico de DHEG, porém não A etiologia ainda é desconhecida e motivo de
afasta a necessidade de confirmação em exame de investigação. Muitas teorias têm sido propostas para
urina, que pode ser feita tanto em amostra isolada explicar o seu desenvolvimento. Atualmente, há
(pela relação proteína/ creatinina) quanto em urina quatro teorias mais aceitas na etiologia, acreditando-
de 24 horas (preferível em casos mais graves, com a se que devam atuar, provavelmente, de forma
paciente internada). conjunta.
ÁCIDO ÚRICO: a dosagem do ácido úrico sérico é O mais aceito é que essas teorias atuem em conjunto,
importante, pois sua elevação ocorre precocemente e a DHEG seja resultado de uma invasão trofoblástica
na DHEG e pode estar relacionada à queda da fiItração inadequada, mediada por fatores imunogenéticos.
glomerular ou a alterações de reabsorção e excreção Como consequência disso, ocorre aumento da
tubular. Além disso, os níveis de hiperuricemia resistência vascular, da permeabilidade capilar e a
correlacionam- -se com o grau de hemoconcentração, ativação do sistema de coagulação, o que promoverá
gravidade da endoteliose glomerular e gravidade da as alterações multissistêmicas, associadas a menor
doença hipertensiva. No entanto, a dosagem de ácido perfusão generalizada que ocorre nos órgãos, que são
úrico não faz parte dos critérios diagnósticos, mas frequentemente encontradas nessa patologia.
serve para o acompanhamento, sendo o nível sérico
→ TEORIA DA PLACENTAÇÃO ANORMAL: a placenta
superior a 6 mg/dL, em gestante com valores
desenvolve-se primariamente de células chamadas
anteriormente normais e sem uso de diuréticos,
trofoblastos, que se diferenciam inicialmente em dois
altamente sugestiva da presença de DHEG.
tipos: o citotrofoblasto, que é o precursor de todos os
HEMOGRAMA COM CONTAGEM DE trofoblastos, e o sinciciotrofoblasto, que é o
PLAQUETAS: a plaquetopenia é mais frequente em responsável pela invasão da decídua e das artérias
pacientes com quadro clínico mais grave de DHEG. espiraladas. A invasão destas artérias pelo sincício leva
Como descrito anteriormente, a presença de a um alargamento do diâmetro do vaso de quatro a seis
plaquetopenia inferior a 100.000, associada à vezes; o resultado é um aumento do fluxo sanguíneo,
elevação de enzimas hepáticas, desidrogenase láctica que desenvolverá feto e placenta.
(DHL) e hemólise fecham o diagnóstico da Síndrome Na gestação sem anormalidades, a migração
HELLP, que possui elevada mortalidade. trofoblástica acontece em duas ondas, no primeiro e
no segundo trimestres. Na primeira onda ocorre a
PESQUISA DE ESQUIZÓCITOS: em formas mais
destruição da capa musculoelástica das artérias
grave de DHEG pode ocorrer anemia microangiopática
espiraladas no seu segmento decidual. O segmento
devido a alterações nos pequenos vasos sanguíneos, e
miometrial é consumido na segunda onda, entre a 16ª
consequentemente, reticulocitose, hemoglobinemia e
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e 18ª-20ª semanas. Essas ondas acabam convertendo oxigenação e nutrição fetal, podendo se relacionar
as artérias em vasos de baixa resistência, uma com o surgimento da restrição do crescimento fetal
característica fisiológica da circulação intraútero (CIUR) e sofrimento fetal.
uteroplacentária.
TERAPIA ANTI-HIPERTENSIVA:
✓ Após medir duas vezes, se a PAS for maior ou
igual 150 ou PAD maior ou igual 100mg, o
fármaco mais utilizado é a metildopa na dose
de 500 mg a 2g/ dia.
✓ Outros fármacos também podem ser TERAPIA NA ECLÂMPSIA:
utilizados, como o pindolol e nifedipina. ✓ Internar imediatamente a gestante;
✓ Inibidores da enzima de conversão da ✓ Inicialmente, o mais importante é proteger a
angiotensina e antagonistas da angiotensina via aérea e oxigenação da paciente, podendo
II devem ser substituídos devido a seus efeitos ser usada a cânula de Guedel e
danosos ao feto. oxigenoterapia, ademais podemos colocar a
✓ Objetiva-se que as hipertensas sem lesão de gestante em decúbito lateral esquerdo.
órgão-alvo a pressão arterial diastólica não ✓ Vale lembrar que devemos ter cuidado com a
deve ser mantida abaixo de 80 mmHg. broncoaspiração e quedas durante o quadro
✓ Naquelas com lesão de órgão-alvo secundária convulsivo.
à hipertensão crônica a terapia anti- ✓ Outro ponto essencial é a monitorização
hipertensiva tem como meta níveis tensionais materna e fetal, acesso venoso seguro,
inferiores a 140 x 90 mmHg. magnesioterapia imediata para prevenção de
TERAPIA NA CRISE HIPERTENSIVA AGUDA: novas crises e sondagem vesical de demora
para monitorização de possíveis efeitos
✓ Pacientes com DHEG pode apresentar colaterais da infusão de magnésio.
aumento dos níveis tensionais com PAS maior
ou igual 160 mmHg ou PAD maior ou igual a TERAPIA NA PE GRAVE E ECLÂMPSIA:
110mmHg, classificando-a nesse momento ✓ Profilaxia para ocorrência de convulsões com a
como crise hipertensiva aguda. magnesioterapia. Existem vários esquemas
✓ Diante de situações como essa, devido ao para administração do magnésio que se
grande risco de desenvolvimento de dividem em dose de ataque e dose de
complicações, a gestante deve ser internada, manutenção.
posicionada em decúbito lateral esquerdo, ✓ Independente de qual esquema será utilizado,
com a administração de terapia anti- deve-se monitorar a paciente em uso de
hipertensiva. magnésio devido ao risco de intoxicação. Para
isso, é recomendado a verificação frequente
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ALFAMETILDOPA:
O mecanismo de ação pelo qual a metildopa exerce seu
efeito anti-hipertensivo é a estimulação dos
receptores alfa-adrenérgicos centrais, mediante seu
metabólito, a α-metil-norepinefrina; dessa forma,
inibe a transmissão simpática em direção ao coração,
rins e sistema vascular periférico. Diminui também a
resistência periférica total com redução mínima da
frequência cardíaca e débito cardíaco. A absorção do
trato gastrintestinal é variável, mas a média é
aproximadamente 50% e tem uma escassa união as
proteínas plasmáticas (menos de 20%). Atravessa a
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https://www.ems.com.br/arquivos/produtos/bulas/b
ula_metildopa_10149_1249.pdf
HIDRALAZINA:
A Hidralazina exerce seu efeito vasodilatador
periférico através de uma ação relaxante direta sobre
a musculatura lisa dos vasos de resistência,
predominantemente nas arteríolas. O mecanismo de
ação celular responsável por este efeito não é
totalmente conhecido. Na hipertensão, este efeito
resulta numa redução da pressão arterial (mais a
diastólica do que a sistólica) e num aumento da REFERÊNCIAS:
frequência cardíaca, do volume de ejeção e do débito Apostila MedCel 2019 – Obstetrícia Volume 3. Capítulo
cardíaco. A dilatação das arteríolas atenua a
– Doenças Hipertensivas na Gestação.
hipotensão postural e promove um aumento do débito
cardíaco. A vasodilatação periférica é difusa, mas não Zugaib, Marcelo; Francisco, Rossana Pulcineli Vieira
uniforme. O fluxo sanguíneo renal, cerebral, (eds). Zugaib obstetrícia [3ed.]. BARUE RI: Manole,
coronariano e esplâncnico aumenta, a não ser que a 2016.
queda da pressão arterial seja muito acentuada. A
resistência vascular nos leitos cutâneos e muscular não Febrasgo. Manual de orientações a gestação de alto
é afetada de maneira considerável. Na hipertensão, risco, 2011.
esse efeito resulta em diminuição da pressão arterial (a
diastólica mais do que a sistólica) e em aumento da
frequência cardíaca, volume sistólico e débito cardíaco.
Uma vez que a Hidralazina não apresenta propriedades
cardio-depressoras ou simpatolíticas, os mecanismos
regulatórios reflexos produzem um aumento no
volume de ejeção e da frequência cardíaca. A
taquicardia reflexa induzida, que pode ocorrer como
um efeito paralelo, pode ser controlada pelo
tratamento concomitante com betabloqueador ou
qualquer substância que iniba a função simpática. O
uso da Hidralazina pode ocasionar retenção de líquidos
e sódio, produzindo edema e reduzindo o volume
urinário. Estes efeitos indesejáveis podem ser
prevenidos com a administração concomitante de um
diurético.
Na insuficiência cardíaca congestiva crônica, a
Hidralazina, através de sua ação primária como um
dilatador arteriolar, reduz a pós-carga. Isto leva à
diminuição do trabalho realizado pelo ventrículo
esquerdo acompanhada de um aumento do volume de
ejeção do fluxo sanguíneo renal e do débito cardíaco,
com manutenção ou apenas ligeira queda da pressão
arterial.