GINECOLOGIA E OBSTETRICIA | Síndromes Hipertensivas na Gestação
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO
Síndrome Hipertensiva na Gestação
è
Falar de síndrome hipertensiva na gestação é pensar
em um conjunto de doenças!
o HAS prévia  paciente com valores pressóricos
> 140 e/ou 90 mmHg antes de 20 semanas de
gestação, ou naqueles casos nos quais já se refere
uso prévio de medicação anti-hipertensiva;
• É importante saber há quanto tempo é
diagnosticada, afim de buscar lesões de
órgão-alvo.
o Pré-eclâmpsia  são pacientes com níveis
pressóricos elevados (acima de 140 e/ou 90
mmHg) em consequência da própria gestação,
após 20 semanas;
• Desenvolvem ganho ponderal, edema
“generalizado”, proteinúria em associação;
• Síndrome HELLP  diagnóstico
iminentemente laboratorial.
o Eclâmpsia;
o Hipertensão gestacional  não preenche
critérios para pré-eclâmpsia;
• Paciente apresenta elevação dos níveis
pressóricos após 20 semanas, mas não tem
conhecimento de diagnóstico de HAS
prévio;
• Pressão arterial elevada se mantém por, no
máximo, 12 semanas pós-parto; em casos
de manutenção por mais de 12 semanas,
fala-se em HAS prévia;
• Segundo Ministério da Saúde, deve-se
fazer acompanhamento semanal  10-
50% evoluem quadro para pré-eclâmpsia.
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è
FISIOPATOLOGIA
DICA! Invasão trofoblástica  ocorre em até 26
semanas. Para placenta ser um leito de baixa
resistência, a invasão precisa ser adequada. Se tal
fato não ocorre adequadamente, são necessárias
pressões mais altas para que se vença a resistência e se
mantenha o fluxo correto. Logo, pressão alta após 20
semanas de gestação = paciente com pré-eclâmpsia =
invasão trofoblástica inadequada.
Questões
1) (USP-2019 – Acesso direto) Gestante com 29
semanas é diagnosticada com pré-eclâmpsia grave,
restrição de crescimento fetal, insuficiência placentária
grave e centralização fetal, perfil biofísico fetal 10. Qual
dos mecanismos abaixo melhor se correlaciona com a
fisiopatologia da pré-eclâmpsia grave?
A- Transformação inadequada do cito para o
sinciciotrofoblasto.
B- Invasão inadequada da muscular média das
arteríolas espiraladas.
C- Alterações na morfologia do crescimento dos
sistemas tambores.
D- Dificuldade de transformação de vilos
secundários e terciários.
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Gabarito Prevenção - DHEG

1- B
Relevância Do Tema
è
As síndromes hipertensivas na gestação são a
principal causa de mortalidade materna no Brasil
(20% dos casos);
è
Sem tratamento e sem manejo adequado 
complicações graves!
o Maternas: Eclâmpsia, AVCh, ICC, EAP, IRA,
insuficiência hepática, coagulopatia, HELLP,
morte;
o Fetais: RCIU – restrição de crescimento intra-
uterino (12-25% dos casos; marcado pelo
percentil < 10), oligoâmnio, parto prematuro
(15-20%), morte;
è
Fatores genéticos e ambientais são complexos, ou
seja, dificilmente modificáveis!
è
Estudos apontam que AAS + CaCO3 podem
prevenir casos de pré-eclâmpsia, principalmente em
formas graves e precoces;
o Ministério da Saúde usa a seguinte aplicação
para pacientes com 1 risco alto ou 2
moderados;
1. AAS: 100 mg à noite  para gestações entre
16 – 36 semanas;
2. CaCO3: 1,0 g/dia, no mínimo (uso
principalmente em pacientes com ingesta
inadequada).

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o DICA!! Para USP-SP, os critérios são diferentes
para indicação de AAS e CaCO3:
1. Pré-eclâmpsia grave em gestação prévia, com
desfecho adverso (eclampsia, HELLP, óbito
fetal);
2. Pacientes hipertensas crônicas, com lesão de
órgão-alvo;
3. Pacientes com colagenoses (principalmente
SAAF e LES);
4. Pacientes nefropatas.
Diagnóstico - DHEG
è
Reforçando...
o Pré-eclâmpsia = pressão arterial elevada (≥ 140
e/ou 90 mmHg) que surge após 20 semanas de
gestação, com medidas repetidas em cerca de 4
horas;
E § É um modo mais simples de relembrar, mas
o Proteinúria (a partir de 0,3 g ou 300mg em 24
horas; ou relação proteína-creatinina na urina)
após 20 semanas;
• Lembrar que a gestante pode apresentar
proteinúria “fisiológica”; motivo pelo qual
o valor de referência é mais elevado do que
o normal em demais pacientes, com ponto
de corte de 300mg/24h);
• Nos casos de indisponibilidade dos
exames supracitados, pode-se fazer uso da
proteinúria em fita, com exame alterado e
positivo se houver 1+ (uma cruz).
o Comprometimento sistêmico ou disfunção de
órgão-alvo;
• Trombocitopenia;
• Disfunção hepática;
• Insuficiência renal;
• EAP;
• Iminência de eclâmpsia;
• Eclâmpsia;
• RCF – restrição de crescimento fetal;
• Alterações de doppler-velocimetria.
o ZUGAIB: OU edema de mãos ou face.
o DICA!! Para USP-SP, se houver pressão elevada
após 20 semanas de gravidez, edema de mãos
ou face, e até ganho ponderal de 1kg/semana
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 paciente diagnosticada com pré-eclâmpsia,
independentemente do resultado da proteinúria!
è
FORMAS GRAVES:
o Pré-eclâmpsia grave  internação!
• Proteinúria ≥ 2g/24h ou 3+ (proteinúria
em fita);
• PA ≥ 160x110 mmHg;
• Lesão de órgão-alvo (oligúria (< 400
ml/24h de diurese), Cr ≥ 1,2, EAP);
• Dor torácica;
• Superajuntada – ou seja, apresentam
HAS prévia e cursam com pré-eclâmpsia
associada;
• HELLP;
• Iminência de eclampsia  pico pressórico
+ sintomatologia (Cefaleia, escotomas,
epigastralgia);
de fato, associe com qualquer sintoma que
remeta a lesão no SNC ou região hepática 
tontura, turvação visual, dor em hipocôndrio
direito, náuseas, vômitos...
• Eclâmpsia;
§ Crises convulsivas do tipo TCG (tônico-
clônico-generalizadas) em pacientes com pré-
eclâmpsia;
§ Na maior parte das vezes, as crises são
autolimitadas.
o Síndrome HELLP.
§ Alteração laboratorial! Há suspeição com o
quadro clínico, apenas;
§ Caracterizada por hemólise, elevação de
enzimas hepáticas e plaquetopenia;
§ Critérios diagnósticos: todos os itens são
necessários!
1. Esquizócitos no sangue periférico/
BT > 1,2/ DHL > 600;
2. AST (TGO) ≥ 70;
3. Plaquetas < 100.000.
Manejo - DHEGT
è
PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE  somente há
confirmação em caso de internamento, já que alguns
critérios são laboratoriais!!
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o Internação para investigação; è

HAS/PRÉ-ECLÂMPSIA SOBREPOSTA
o Após, fazer acompanhamento ambulatorial, com
retorno semanal, com critérios abaixo;
• Paciente orientada, com fácil acesso ao
sistema de saúde, e com possibilidade de
aferição de pressão em domicílio ou em
posto de saúde;
• Existência de auxílio domiciliar –
familiares ou amigos – em casos de
necessidade médica;
• Disponibilidade e facilidade de acesso de
medicações e realização de exames.
o DICA! Na USP-SP, nos casos de pré-eclâmpsia
leve, não se procede com internamento. Exceção
o DICA! Na USP-SP não se usa a classificação
recai sobre os casos de pré-eclâmpsia grave ou
acima, mas a seguinte:
com demais complicações.
• Pré-eclâmpsia leve ou somente HAS
crônica  parto em até 40 semanas, salvo
o Controle da pressão arterial com medidas
indicações obstétricas;
clínicas e medicações, se necessário;
• DHEG sobreposta ou DHEG grave 
• Repouso relativo;
parto com 37 semanas;
• Dieta hipossódica – para USP-SP (pelo
• HELLP  parto com 34 semanas
Ministério da Saúde, não há tal restrição);
(se exames laboratoriais estiverem em
• Se PA ≥ 140x85 mmHg  introduzir
melhora); resolver com menos de 34
anti-hipertensivo;
semanas se exames iguais ou em piora;
§ Metildopa (principal): com dose inicial de
• Eclâmpsia ou iminência de eclampsia 
750 mg/dia, VO  dose máxima de 02
parto de acordo com a viabilidade, a partir
gramas;
de 25 semanas.
§ Clonidina;
§ Prazonina;
§ Nifedipino/anlodipino; è
DHEG GRAVE
§ IECA/BRA – contraindicados; não o Se não estiver em crise  proceder com controle
prescrever e suspender se paciente estiver clínico e internamento;
em uso! Há risco de malformação renal a o Solicitar:
partir do segundo trimestre; • Fundoscopia;
§ Diuréticos - controverso; não há • Proteinúria de 24h;
contraindicação formal, mas há risco de • Controle de sinais vitais – geralmente para
evolução com oligoâmino na gestante. casos com mais de 25 semanas;
• Considerar corticóide para maturação
o Parto por via obstétrica com 37 semanas (para pulmonar fetal antes de 34 semanas
USP-SP, até 40 semanas); • Atenção! Para pacientes descompensadas,
• USP-SP  proceder com 37 semanas nos o uso de corticóide para agravar o quadro
casos de complicações associadas, como clínico.
restrição do crescimento fetal.

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è
ECLÂMPSIA
o Kit básico  estabilização do quadro clínico
se crises TCG (assistência em sala vermelha,
decúbito lateral, proteção de via aérea com
Guedel), 02 acessos periféricos calibrosos,
cabeceira elevada em 45°, SVD, coleta de exames
pertinentes e MsSO4;
o Se PA > 160x110 mmHg  indicação para uso
de anti-hipertensivos, EV;
è
SÍNDROME HELLP
o Investigação deve ser feita para as pacientes com
eclâmpsia  atentar para critérios diagnósticos
já comentados!
o Além disso, solicitar:
• Hemograma completo;
• Proteinúria de 24h;
• DHL;
• BT;
• Transaminases;
• Creatinina;
• Ácido úrico  não é útil como critério
diagnóstico, mas sabe-se que, se > 6 mg/
dL, existe maior associação com pré-
eclâmpsia. Logo, nos casos de dúvida
diagnóstica, é interessante solicitar para
nortear o raciocínio.
o Complementares  USG obstétrica e avaliação
de vitalidade fetal.
o DICAS – uso de MgSO4:
• Iminência de eclampsia;
• Eclâmpsia  manter por 24h após último
episódio de convulsão;
• Intraparto – formas graves  manter
durante o trabalho de parto e por 24h após;
• Pico pressórico (mesmo que assintomática
e sem lesão de órgão-alvo);
• Crise hipertensiva de difícil controle;
• HELLP;
• Deterioração clínica e/ou laboratorial.
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è
CRISE AGUDA
o Sulfato de magnésio: é um estabilizador de
membrana usado para profilaxia de convulsões;
o Esquemas possíveis:
• Pritchard (preferencial para USP-SP;
melhor esquema para transporte de
paciente)  Ataque: 4g EV lentamente
+ 10g IM (5g em cada nádega);
Manutenção: 5g IM 4/4h;
• Zuspan  Ataque: 4g EV lentamente;
Manutenção: 2g/h EV;
• Sibal  Ataque: 6g EV lentamente;
Manutenção: 2-3g/h em BIC;
o Avaliar, antes de cada dose de manutenção,
se é possível manter o esquema através da
presença de sinais de intoxicação;
• Conduta se intoxicação  suspender
sulfato de magnésio e administrar
gluconato de cálcio;
• Sinais de intoxicação;
§ Abolição dos reflexos patelares;
§ FR ≤ 12 irpm;
§ Parada cardiorrespiratória;
§ Mg > 8 mEq/L;
§ Sem sinais de intoxicação + diurese < 25 ml/h
 proceder somente com a suspenção da
próxima dose de MgSO4, com reavaliação do
quadro em 1 hora.
• Nos casos de reintrodução em até 2 horas
 retornar com dose normal prévia, sem
novo ataque;
• Nos casos de reintrodução com mais de
2 horas  reiniciar esquema com novo
ataque, em metade da dose preconizada.
o DICA  pacientes com mantém quadro
convulsivo mesmo com tratamento adequado!
• Investigar causas adjacentes – AVCh,
outras lesões de SNC;
• Solicitar TC de crânio.
o Para os casos que mantém elevação da pressão
arterial (> 160x110 mmHg), apesar das medidas
 anti-hipertensivo EV  reduzir ate 30% da
PA em, no máximo, 1h;
• Hidralazina EV;
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• Nifedipino VO; Questões

• Labetalol EV;
• Nitroprussiato EV* 2) (USP-SP 2021 – Acesso direto) Gestante de 25
anos de idade, primigesta, com 33 semanas e 3 dias
Resolução de gravidez, chega ao pronto atendimento obstétrico
em crise convulsiva tônico-clônica generalizada. O
è
PARTO SE... companheiro refere que a paciente estava com dor de
o HELLP; cabeça intensa antes da convulsão. No exame clínico,
o Exames laboratoriais em piora progressiva; está em mau estado geral, descorada +/4+, hidratada,
o Eclâmpsia; Pressão arterial 152 x 105 mmHg, FC 92 bpm, FR
18 ipm, Saturação 96%, edema de MMII de 3+/4.
o EAP;
No exame obstétrico, AU 33 cm, BCF presente e
o IRA;
rítmico, dinâmica uterina presente (2 contrações em
o Hipertensão refratária; 10 minutos), toque vaginal com colo dilatado 3 cm,
o Realizados testes de vitalidade fetal e médio, medianizado. Após o tratamento adequado,
identificado: com estabilização do quadro clínico e avaliação
• Sofrimento fetal agudo; laboratorial, a conduta obstétrica é:
• Trabalho de parto prematuro  não inibir
nesses casos; A- Cesárea imediata.
• Bolsa rota; B- Inibição do trabalho de parto.
• Descolamento prematuro de placenta. C- Condução do parto.
o Iminência, eclampsia e HELLP  após D- Cesárea após corticoterapia.
estabilização do quadro clínico, por qualquer via;
o DHEG grave  34 semanas (extensão até 37 Gabarito
semanas nos casos bem compensados, estáveis,
sem alterações laboratoriais importantes); 2- C
o DHEG leve  37 semanas.
Puerpério

è
Alguns cuidados precisam ser tomados nas pacientes
pós-parto, principalmente naquelas com formas
graves;
o Anti-hipertensivos  de forma geral, mantem-
se os medicamentos utilizados antes do
parto, já que haverá uma reabsorção volêmica
(especialmente entre o 3° e 6° dia pós-parto),
podendo cursar com descompensação pressórica;
o Volume  atenção!! Tais pacientes têm aumento
de permeabilidade vascular, podendo extravasar
para o terceiro espaço  EAP, edema cerebral;
o Oligúria  podem cursar com IRA;
o AINE  não prescrever devido ao risco de
injúria renal;
o Orientações  fácil acesso aos serviços de saúde,
conhecimento sobre os sinais de alarme.

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Questões

3) (UNICAMP 2021 – Acesso direto) Mulher,

25ª, G2A1, 34 semanas e 5 dias, comparece
à Unidade de Emergência com cefaleia nucal,
estocomas cintilantes, hiperreflexia. PA =
170X110 mmHg persistente. Recebeu com
tratamento imediato 4g de sulfato de magnésio e
anti-hipertensivo, com estabilização clínica. Hb
= 11,1 mg/dL, Ht = 33%, Plaquetas 180.000
mm3, exame sumário de urina sem alterações,
glicemia de jeju, = 90 mg/dL, AST = 35 U/L,
ALT = 32 U/L, proteinúria = 150 mg/24h,
creatinina = 0,8 mg/dL. Ultrassonografia
obstétrica: peso fetal estimado no percentil
2, ILA = 40 mm e doppler normal. Qual é o
diagnóstico?

Gabarito

3- Iminência de eclampsia; pré-eclâmpsia

grave.

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