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Módulo 1
Unidade 1 - Histórico de construção das
Resoluções/CFF nº 585/2013 e nº 586/2013
Linha do tempo e coletânea de documentos
PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA NO MANEJO DE PROBLEMAS
DE SAÚDE AUTOLIMITADOS
Módulo 1
2015
2
Conselho Federal de Farmácia.
ISBN 978-85-89924-17-7
Ilana Socolik
REVISÃO FINAL
PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTE
Valmir de Santi
SECRETÁRIO-GERAL
TESOUREIRO
1. MENSAGEM DO PRESIDENTE 09
2. A FARMÁCIA CLÍNICA NO BRASIL: ANTECEDENTES 11
FARMACÊUTICO 13
Congresso Nacional 37
3.10. Participação em Comitês 43
OCUPAÇÕES (CBO) 47
6. OUTRAS PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTÍFICAS DO CFF 49
7. ANEXOS 50
nº 585/2013 e nº 586/2013 90
8
1 MENSAGEM DO PRESIDENTE
Neste documento, será disponibilizado o texto integral dessas duas resoluções e a história da
construção das normativas, por meio de uma linha do tempo. Esta publicação esclarece, também,
pontos polêmicos e dúvidas que surgiram no momento da publicação das resoluções.
O CFF coordenou o processo de criação do Fórum Nacional de Luta pela Valorização da Profissão
Farmacêutica, composto por representantes do próprio CFF, da Federação Nacional dos Farmacêu-
ticos (Fenafar), da Federação Interestadual de Farmacêuticos (Feifar), da Associação Brasileira de
Educação Farmacêutica (ABEF) e da Executiva Nacional dos Estudantes de Farmácia (Enefar). O
fórum participou ativamente da mobilização da categoria farmacêutica pela aprovação dessa lei e
continua lutando por sua efetiva implantação.
O conselho está trabalhando para respaldar os farmacêuticos e estimular a expansão da prática focada no
cuidado ao paciente. Em 2014, a entidade iniciou o planejamento do Profar – Programa de Suporte ao
Cuidado Farmacêutico na Atenção à Saúde. O programa tem como objetivos a disseminação de
conhecimentos e o desenvolvimento de competências para a provisão de serviços farmacêuticos
que proporcionem cuidado ao paciente, à família e à comunidade, contribuindo, assim, para o uso
racio-nal de medicamentos, a otimização da farmacoterapia, a prevenção de doenças e a
promoção e recuperação da saúde.
Neste sentido, é premente a articulação entre os setores responsáveis pela formação do farmacêutico,
pela regulamentação sanitária e do exercício profissional, bem como pelas políticas públicas de
saúde, a fim de propiciar o arcabouço técnico e legal necessário à prestação dos serviços
farmacêuticos. Nós, do CFF, estamos buscando essas articulações e fazendo a nossa parte.
Que estas estratégias que estamos adotando e as ferramentas que estamos disponibilizando pos-
sam servir de inspiração para todos os que buscam uma Farmácia mais valorizada e reconhecida.
A Farmácia Clínica teve início no âmbito hospitalar, nos Estados Unidos, na década de 1960. No Brasil, o
primeiro Serviço de Farmácia Clínica foi inaugurado em 15 de janeiro de 1979, no Hospital das Clínicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), hoje Hospital Universitário Onofre Lopes. Na
mesma ocasião, foi inaugurado o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) no país.
O processo de implantação do primeiro Serviço de Farmácia Clínica brasileiro foi deflagrado pelo
professor Aleixo Prates. O reitor da UFRN à época, professor Domingos Gomes de Lima, desejava
promover a revitalização do Núcleo Industrial Químico Farmacêutico (Niquifar), laboratório-escola do
curso de Farmácia da instituição. Além de atender à demanda do reitor, Aleixo Prates propôs a
reestruturação das farmácias dos três hospitais da universidade e a introdução da Farmácia Clínica no
Brasil. Para alcançar este objetivo, ele convidou Tarcísio José Palhano, então formando do curso de
Farmácia, que, após estágio no Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas da Universidade de
São Paulo (USP), em São Paulo, sob orientação do Dr. George Washington Bezerra da Cunha,
cursou especialização em Farmácia Clínica na Universidade do Chile. A uma professora desta
instituição – Inés Ruiz – coube a missão de coordenar a implantação do serviço no HC/UFRN.
Já como professor da UFRN, Tarcísio José Palhano foi nomeado chefe do serviço e convidou duas
colegas de turma, as farmacêuticas e posteriormente professoras Lúcia de Araújo Costa, que depois
viria a se chamar Lúcia de Araújo Costa Beisl Noblat, e Ivonete Batista de Araújo. Antes de iniciarem
suas atividades, ambas foram enviadas ao Chile, para realizar um curso de Farmácia Clínica. Assim,
ao final de 1979, a equipe estava formada. O trabalho inspirou a realização do I Seminário Brasileiro
de Farmácia Clínica, em 1981, e o I Curso Brasileiro de Farmácia Clínica, em 1983, ambos em
Natal/RN, entre outras iniciativas, que contribuíram para a formação da primeira geração de
farmacêuticos com atuação clínica no país. Desde então, muitos serviços foram implantados em
outros hospitais, farmácias, unidades básicas de saúde e de saúde da família.
O termo “Atenção Farmacêutica” foi traduzido de Pharmaceutical Care, não somente com o propósito de
expandir as atividades do farmacêutico, mas notadamente para marcar que o foco deste profissional era o
paciente e a prevenção, identificação e resolução dos seus problemas relacionados a medicamentos
(PRM). Por outro lado, o termo “Cuidado Farmacêutico”, mais recentemente introduzido, estende seu
foco aos pacientes, família e comunidade, e incorpora para além do tratamento as ações de promoção
da saúde e prevenção das doenças e outras condições naqueles sob o risco de adoecer. Tem sido
considerado como um modelo de prática que ancora a prestação de serviços de rastreamento e
educação em saúde, por exemplo; além do serviço de acompanhamento farmacoterapêutico, ofertado
a pacientes já doentes e frequentemente sob tratamento farmacológico.
Esta linha do tempo contempla o processo de construção das resoluções nº 585/2013, que
regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico, e nº 586/2013, que regula a prescrição
farmacêutica. Contempla, também, outras ações para o incentivo à prática do cuidado farmacêutico ao
paciente. Ela foi construída por meio da consulta aos documentos oficiais, bem como por entrevistas
com as pessoas que participaram de diferentes momentos do processo de construção das
Resolução/CFF nº 585/2013
Linha do tempo
Para acompanhar, siga as cores e datas.
Resolução/CFF nº 586/2013
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11/novembro - Foi encaminhada por Raquel sobre plantas medicinais, drogas vegetais nas
Rizzi Grecchi, então presidente do CRF/SP, suas diferentes formas farmacêuticas,
por meio do Ofício Secomas nº 61/2009, alimentos, produtos para a saúde, cosméti-
uma proposta de resolução que definia, cos, produtos dermatológicos e medicamen-
regula-mentava e estabelecia atribuição e tos de venda livre ou isentos de prescrição
competên-cias do farmacêutico na médica (MIPs). Ou seja, aventava a possibili-
prescrição farmacêu-tica, e dava outras dade de “prescrição de diferentes produtos” e
providências (PRIMEIRA PROPOSTA). ressaltava, no artigo 4º, que não era permi-tida
Era uma proposta de prescrição farmacêutica a prescrição daqueles com exigência de
prescrição médica. No artigo 5º, considerava-
voltada para o tratamento de um "transtorno
se que para realizar a prescrição seria neces-
menor" ou nos limites da atenção básica à
sário o estabelecimento de Procedimentos
saúde. O ato consistia em definir e orientar Operacionais Padrão (POP).
Resolução/CFF nº 585/2013
2009
Resolução/CFF nº 586/2013
(Continuação do texto acima)
Ficou subentendido na proposta que a prescrição
farmacêutica seria um ato resultante do serviço
“indicação de medicamento isento de prescrição” e
que, após a prestação desse serviço, o farmacêuti-
co deveria emitir a declaração de serviço farma-
cêutico, em duas vias: uma do paciente e outra do
profissional, conforme apresentado no artigo 10.
Os termos “acompanhamento farmacoterapêuti-
co” e “ações de farmacovigilância” apareciam no
texto, no artigo 6º, mas sem fazer associação
com a prescrição farmacêutica.
Diferentes termos constavam no glossário da
proposta: assistência e atenção farmacêutica, prescrição médica, prescrição, prescrição
atenção básica, automedicação responsável, farma-cêutica, procedimentos operacionais
declaração de serviços farmacêuticos, dispensa- padrão, sinal, sintoma, transtorno menor, uso
ção, farmacovigilância, medicamentos isentos de racional de medicamentos.
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31/março a 18/maio - Após pequenos farmacêuticos do Centro Brasileiro de Informa-ção
ajustes, o CFF colocou a proposta do CRF- sobre Medicamentos (Cebrim)/CFF, Rogério
SP em Consulta Pública, sob o nº 01/2010. Hoefler, Carlos Cézar Flores Vidotti e Emília Vitó-
Manteve-se a visão do escopo da prescrição restri-ta ria da Silva, e o texto passou a ter nova redação
a diferentes produtos. Houve a inclusão do termo (SEGUNDA PROPOSTA).
“seleção” no glossário, a alteração no artigo 8º e
a exclusão do segundo parágrafo do artigo 10. O
texto ficou em consulta pública no período de
31/03/2010 a 18/05/2010, e recebeu 110 contri-
buições. Dessas, 70% foram favoráveis à
aprova-ção. A consolidação das contribuições foi
feita pelo farmacêutico do CFF, Jarbas Tomazoli Jarbas Tomazoli Nunes,
Nunes, que participou, juntamente com Tarcísio Tarcísio José Palhano,
José Luis Miranda
José Palhano, assessor da Presidência/CFF, e
Maldonado, Rogério
José Luis Miranda Maldonado, coordenador da Hoefler, Emília Vitória da
Assessoria Técnica do conselho, da elaboração Silva e Carlos Vidotti
de uma nova proposta. Essa foi debatida com os
Resolução/CFF nº 585/2013
2010
Resolução/CFF nº 586/2013
Houve alteração nos considerandos e ampliação do glos- Houve alterações no corpo da proposta e a inclusão de um
sário, que passou a incluir: anamnese farmacêutica, con- modelo de formulário para o “registro de serviços farma-
dutas terapêuticas fundamentadas em evidências, eficá- cêuticos”. Compreendeu-se como serviços farmacêuti-
cia, farmácia, segurança, serviços farmacêuticos e quei-xas cos: elaboração do perfil farmacoterapêutico, avaliação e
técnicas. Outra modificação foi a substituição do termo acompanhamento da terapêutica farmacológica; determi-
“prescrição farmacêutica” por “indicação farma-cêutica”. nação quantitativa do teor sanguíneo de glicose; verifica-
Porém, a descrição conceitual do último termo continuou ção de pressão arterial e da temperatura corporal; aplica-
praticamente a mesma. Ou seja, a prescrição farmacêutica ção de medicamentos injetáveis; execução de procedi-
foi considerada um ato profissional, apesar de, ao longo mentos de inalação e nebulização; realização de curativos
do texto, aparecer como sinônimo de serviço farmacêutico. de pequeno porte; colocação de brincos; prestação de
No corpo da resolução, a indicação foi asso-ciada aos assistência farmacêutica domiciliar e indicação farma-
medicamentos da lista GITE e em nenhum momento foram cêutica de medicamentos isentos de prescrição. O Plená-
feitas referências a outros produtos para a saúde, como rio decidiu pela retomada da utilização do termo prescri-
aparecia no conceito. O foco do escopo da prescrição ção e pela alteração de alguns pontos no texto, o que
continuou restrito a produtos. resultou em uma TERCEIRA PROPOSTA.
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1º a 02/julho - A TERCEIRA PROPOSTA foi
inserida na pauta da reunião plenária nº 373
do CFF, em São Paulo/SP
O tema “prescrição” voltou a ser debatido e,
contrariando a expectativa de aprovação do
texto que dispunha sobre a “prescrição farma-
cêutica” de medicamentos no âmbito da assis-
tência farmacêutica e dava outras providên-
cias, o presidente do CFF à época, Jaldo de
Da esquerda para a direita, os diretores do CFF: Walter
Souza Santos, decidiu pela retirada desse
Jorge João (vice-presidente), Jaldo de Souza Santos
ponto da pauta. A discussão foi suspensa, (presidente), Lérida Maria dos Santos Vieira
sendo retomada dois anos depois. (secretária-geral) e Edson Chigueru Taki (tesoureiro)
Resolução/CFF nº 585/2013
2011
Resolução/CFF nº 586/2013
18/agosto – Foi apresentada a PRIMEIRA clínico como profissional liberal em consultório
PROPOSTA de regulamentação das ativida- próprio ou autônomo – desvinculado da comer-
des e competências do farmacêutico clínico. cialização, do controle e da dispensação de
medicamentos. Essa proposta foi apresentada
A farmacêutica Flávia Porto Carreiro Araújo
pelo conselheiro federal pelo estado do Ceará,
Bezerra, em reunião plenária do CRF/CE, ela- Marco Aurélio Schramm, para discussão no
borou a proposta inicial para regulamentação
Grupo de Trabalho sobre Farmácia Hospita-
das atividades e competências do farmacêutico
lar/CFF, do qual era coordenador.
A proposta estabelecia a necessidade de o farmacêutico desenvolvidos na farmácia clínica eram mais complexos que
possuir um certificado de farmacêutico clínico, expedido os da “atenção farmacêutica”. Esta última poderia ser pratica-
pelos conselhos regionais de Farmácia, para o exercício da da, inclusive, por um não-clínico, pois se tratava de uma atri-
farmácia clínica e para a emissão de pareceres sobre a buição de toda a categoria, como por exemplo, na farmácia
farmacoterapia ou método diagnóstico. O parecer farma- comunitária. Propunha que, na especialização do farmacêuti-
cêutico seria o documento que conferiria, ao farmacêutico co clínico, fossem considerados os perfis dos pacientes
clínico, responsabilidade legal. idosos, crianças, gestantes, com doenças crônicas e outros.
Defendia o uso do termo consultório como um local de A proposta ainda estabelecia conceitos para farmacêutico
atendimento do farmacêutico clínico, fisicamente isolado clínico, consultório farmacêutico particular/próprio, sala de
de qualquer instituição de saúde, com personalidade jurí- atenção farmacêutica, orientação farmacoterapêutica e
dica própria e com autorização para funcionamento. Pela atendimento em farmácia clínica.
proposta, poderiam existir consultórios que não atendes- O Grupo de Trabalho sobre Farmácia Hospitalar/CFF, ao
sem a pacientes, mas a profissionais da saúde ou outros. receber o documento, decidiu aprofundar as discussões,
Consultório farmacêutico era diferente de sala de atenção especialmente por considerar a necessidade de ampliar o
farmacêutica. A autora entendia que os procedimentos seu escopo para além do profissional autônomo.
16
19/janeiro - Durante a reunião ple-
nária nº 391 do CFF, em Brasí-
lia/DF, foi empossada a nova dire-
toria do conselho.
Em seu discurso, o novo presidente do
CFF, Walter da Silva Jorge João, assu-
miu o compromisso de retomar o deba-
te sobre a “prescrição farmacêutica”
Da esquerda para a direita, os diretores do CFF, Valmir de Santi durante a sua gestão (2012 a 2013).
(vice-presidente), Walter Jorge João (presidente), José Vílmore Lopes
Silva Júnior (secretário-geral) e João Samuel Meira (tesoureiro)
Resolução/CFF nº 585/2013
2012
Resolução/CFF nº 586/2013
Relatores da Oficina*
*Mário Borges foi substituído posteriormente por Angelita Melo, durante a elaboração do relatório do evento.
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19 a 20/junho - Em Brasília/DF, foi realizada a I Oficina sobre Serviços
Farmacêuticos em Farmácias Comunitárias (continuação).
O evento possibilitou o estabelecimento de bém por todos os que lutam, de forma
algumas ações prioritárias na agenda da intransigente, pelo resgate do papel social
Diretoria da instituição, voltadas para a do farmacêutico”, avaliou o coordenador da
atuação clínica do farmacêutico e para o oficina, professor Tarcísio José Palha-no.
modelo de farmácia a ser defendido no Ficou evidente que a maioria dos parti-
país. “Em que pese tratar-se de um gran-de cipantes do evento era a favor da prescri-
desafio, restou claro que esse é o cami-nho ção farmacêutica de medicamentos de
a ser percorrido, não apenas por aque-les venda livre e da regulamentação da atua-
que participaram da oficina, mas tam- ção clínica do farmacêutico.
Participantes da I Oficina sobre Serviços Farmacêuticos em Farmácias Comunitárias
O processo de elaboração do relatório sobre a necessidade de mudança do papel
também representou uma oportunidade social do farmacêutico e de harmonização
para que alguns dos que sempre lutaram de conceitos e termos relativos aos servi-
pelo movimento clínico no Brasil, e se res- ços farmacêuticos. Descreve ainda uma
sentiam da falta de lideranças nacionais análise sobre as regulamentações dos
capazes de apoiar o avanço dessa área, diferentes prescritores no Brasil, o pano-
continuassem a se reunir, reacendendo a rama da prescrição farmacêutica no
chama do entusiasmo e da motivação. mundo e, finalmente, uma reflexão sobre a
educação farmacêutica e o resultado dos
O relatório produzido apresentou reflexões trabalhos dos três grupos da oficina.
Reunião realizada após a oficina, para avaliação do evento e o início da elaboração Capa do relatório
do relatório. Para ter acesso ao documento, solicite via e-mail: asstec@c ff.org.br da oficina
19
Julho - Constituição do grupo de consultores ad hoc na área clínica .
Os relatores da oficina e os revisores do Somaram-se ao grupo o professor Tarci-sio
documento final foram convidados pelo José Palhano, assessor da Presidên-
presidente do CFF, Walter da Silva Jorge cia/CFF, e a farmacêutica Josélia Frade,
João, a integrar um grupo de consultores coordenadora dos trabalhos. Esse grupo
ad hoc, destinado a oferecer suporte téc- iniciou suas atividades avaliando as pri-
nico e científico ao desenvolvimento e à meiras propostas de resoluções advindas
execução de ações previstas na pauta da do CRF/SP e do conselheiro federal pelo
área clínica do CFF . O grupo inicial de estado do Ceará, Marco Aurélio
consultores ad hoc para a área clínica foi Schramm, o que resultou nas minutas de
instituído por meio da Portaria/CFF nº 7, e resoluções que tratavam das atribuições
composto pelos seguintes farmacêuticos: clínicas do farmacêutico e da prescrição
Angelita Cristine de Melo, Cassyano farmacêutica. Colaboraram com o pro-
Januário Correr, Chiara Ermínia da Rocha, cesso de construção desses documentos
Dayani Galato, Divaldo Pereira de Lyra Jarbas Tomazoli Nunes, assessor técni-
Júnior, Djenane Ramalho de Oliveira, co/CFF, e Mário Borges Rosa,
Wellington Barros da Silva, e pelo médico consultor ad hoc do CFF para a área
José Ruben de Alcântara Bonfim. de segurança do paciente.
Josélia Cintya Tarcísio José Jarbas Tomazoli Wellington Barros
Por se tratar de tema polêmico, o grupo responsável pela No caso das terapias farmacológicas, incluíram-se os MIPs e,
elaboração da proposta optou pela inclusão de um preâm- em algumas situações especiais, também os que requerem
bulo e de referências bibliográficas. O texto abrigava uma prescrição médica. Estabeleceram-se ainda como possibili-
visão ampliada do termo “prescrição farmacêutica”, não dades dentro deste âmbito as plantas medicinais, as drogas
restrita apenas à prescrição de medicamentos – prescri-ção vegetais e os fitoterápicos. Ficou decidido que a prescrição
farmacológica. Ele contemplava a seleção e docu- farmacêutica representa um ato e não um serviço em si.
mentação de qualquer decisão clínica no processo de Dessa forma, diferentes serviços, como o rastreamento, o
cuidado, incluindo o tratamento não farmacológico, o enca- manejo de problemas de saúde autolimitados, o acompanha-
minhamento a outros profissionais ou serviços de saúde e mento farmacoterapêutico, a revisão da farmacoterapia, entre
outras intervenções relativas ao cuidado. outros, poderiam resultar em ato prescritivo.
Resolução/CFF nº 585/2013
2013
Resolução/CFF nº 586/2013
Glossário Glossário
- 8 termos - 22 termos
23
Agosto: Avaliação e consolidação das con- lio dos Santos, e pela farmacêutica Josélia
tribuições recebidas à consulta pública nº Fra-de, que também coordenou o processo de
07/2013 sobre as atribuições clínicas. ava-liação das contribuições recebidas, o qual
O CFF recebeu 81 contribuições. Destas, 70% con-tou com a participação ativa dos
se declararam fortemente favoráveis à propos- consultores ad hoc do CFF para a área clínica.
ta, 11% favoráveis, 15% parcialmente favorá- Os artigos sobre os quais foram enviadas mais
veis e 4% não se posicionaram. Cabe destacar contribuições foram: 35, 2º, 14, 23, nesta ordem.
que 75% das contribuições foram encaminha- O quadro abaixo sintetiza as alterações após a
das ao CFF por farmacêuticos. O processo de consulta pública. O resultado final desse
consolidação das contribuições foi feito pela proces-so deu origem à minuta da
estagiária da assessoria técnica, Natália Cecí- Resolução/CFF nº 585/2013.
Comparação entre o texto colocado em consulta pública e a versão publicada na
Resolução/CFF nº 585/2013
Glossário Glossário
- 20 termos - 26 termos
24
29 e 30/agosto – São aprovadas as Resoluções/CFF nº 585/2013 e nº 586/2013,
na 410ª Reunião Plenária do CFF, realizada em Ponta Porã/MS.
@cesse
26
25/setembro – A Resolução/CFF nº
585/2013, que regulamenta as atribui-
ções clínicas do farmacêutico, é publi-
cada no Diário Oficial da União.
O texto completo da resolução encontra-se
disponível a partir da página 54 desta publi-
cação. Para conferir a publicação no Diário
Oficial da União, acesse goo.gl/f4ftVk
Resolução/CFF nº 585/2013
Linha do tempo.
Resolução/CFF nº 586/2013
PROCESSO 01 PROCESSO 01
2014
31/janeiro - O CFM ajuizou ação civil pública
com pedido de antecipação de tutela contra o
2013
16/outubro - O Conselho Federal de Medicina
(CFM) ajuizou ação civil pública, com pedido CFF, com o objetivo de suspender os efeitos da
de antecipação de tutela, contra o CFF, para Resolução/CFF nº 585/2013. O juiz indeferiu.
suspender os efeitos da Resolução/CFF nº 10/fevereiro - O CFF entregou sua contestação
586/2013. O juiz indeferiu.
na 5ª Vara da Seção Judiciária de Brasília/DF.
02/dezembro - O CFF entregou sua contesta-
22/maio - Juiz federal proferiu sentença extin-
2015
PROCESSO 02
4201
guindo o processo que pretendia anular a Reso- 03/setembro - O CFM propõe nova ação civil
lução/CFF nº 586/2013.
pública para suspender os efeitos da Resolu-
ção/CFF nº 585/2013.
Os dirigentes do CFM, à época, Roberto Luiz D'Ávila (presidente) e Carlos Vital Tavares Corrêa Lima
(vice-presidente) visitaram o CFF para discutir e solicitar apoio para um documento de posicionamento
assinado por entidades médicas (CFM, Associação Médica Brasileira/AMB, Sociedade Brasileira de
Cardiologia/SBC) e pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), em defesa
das boas práticas no relacionamento entre a classe médica e a indústria farmacêutica.
Na ocasião, o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, expôs aos diretores do CFM o seu
interesse em aprofundar as discussões com representantes da entidade sobre as atribuições clínicas
do farmacêutico e a prescrição farmacêutica, regulamentadas pelas resoluções Resoluções/CFF nº
585/2013 e nº 586/2013, respectivamente. O então presidente do CFM, Dr. Roberto Luiz D’Ávila,
assumiu o compromisso de convidar oficialmente o presidente do CFF para participar de reunião
plenária do CFM, para tratar desta pauta. Participaram também desta reunião os diretores do CFF,
Valmir de Santi (vice-presidente), José Vílmore Silva Lopes Júnior (secretário-geral) e João Samuel de
Morais Meira (tesoureiro), além do coordenador técnico e científico/CFF, José Luis Miranda Maldonado, e
dos assessores da Presidência, Tarcísio José Palhano, Zilamar Fernandes e Josélia Frade.
28
27/03/2014 – O presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João, acompanhado do consultor ad hoc
Wellington Barros e dos assessores da Presidência Tarcísio José Palhano e Josélia Frade,
visitaram o plenário do CFM. Na ocasião os conselheiros federais de Medicina apresentaram
alguns temas sobre os quais gostariam de conhecer o posicionamento do CFF. Os pontos
apresentados foram: fracionamento de medicamentos; autoprescrição por médicos;
obrigatoriedade do uso de carimbo do médico no receituário; exigência de algumas farmácias
quanto à colocação do diagnóstico no receituário médico; “pesquisas” mercadológicas realizadas
em farmácias e o aviamento de receitas de médicos estrangeiros que atuam em zonas de
fronteira. Aproveitando a oportunidade, o presidente do CFF propôs a abertura de um espaço para
discutir sobre as Resoluções/CFF nº 585/2013 e nº 586/2013. Uma nova reunião foi agendada.
As apresentações foram seguidas por um debate e pela sinalização, por parte do presidente do CFM,
da possibilidade de estabelecer uma parceria permanente entre os dois órgãos para a discussão de
pautas comuns entre a Medicina e a Farmácia. O CFF fez a indicação de nomes para compor uma
câmara técnica. Até dezembro de 2015, não foi convidado para nenhuma reunião.
29
3.3 Divulgação das regulamentações municipais/estaduais que definem a atuação
clínica do farmacêutico
PREFEITURA DE
SÃO PAULO
SAÚDE
Portaria n° 338/2014 - SMS.G
Diário Oficial de São Paulo - 06/02/14
PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
Secretária da Saúde
23/07/2015 - No Distrito Federal, a Portaria Distrital nº 187 cria o Serviço de Farmácia Clínica,
vincula-do à Diretoria de Assistência Farmacêutica, para a provisão de vários serviços clínicos,
nos Núcleos e na Gerência de Farmácia Hospitalar, nas Unidades Básicas de Saúde, nas
Unidades de Pronto Aten-dimento, entre outros.
A escolha da sigla e da marca do Profar foi consensuada entre Alessandra de Freitas, farmacêuti-ca
do Cebrim/CFF, os professores Angelita de Melo, Carla Serra, Cassyano Correr, Gustavo Rus-so,
Liege Bernardo, Marta Fonteles, Rafael Pinheiro, Thais Teles, e os assessores da Presidência,
professor Tarcísio José Palhano e farmacêutica Josélia Frade. Este programa foi lançado como parte
das comemorações do Dia do Farmacêutico, em janeiro de 2016, e está sob a coordenação de Josélia
Frade, assessora da Presidência do CFF. Ele tem como principais objetivos a disseminação
32
de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades para a provisão de serviços farmacêuticos
que proporcionem cuidado ao paciente, à família e à comunidade, contribuindo, assim, para o uso
racional de medicamentos, a otimização da farmacoterapia, a preven-
ção de doenças e a promoção e recuperação da saúde.
Por meio de um portal web, serão disponibilizados cursos, na
modali-dade a distancia, guias de prática clínica, referências
bibliográficas e um ambiente que permitirá a troca de experiências
entre os profissio-nais. Modelos de formulários que permitem
padronizar as ações entre os farmacêuticos que atuam
clinicamente estão disponíveis em goo.gl/KZ3WCh .
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Publicação do Boletim Farmacoterapêutica, editado desde 1996,
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que conta com um comitê editorial composto por farmacêuticos e
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médicos. Os artigos produzidos são fundamentados nas
o i melhores evidências disponíveis para orientar práticas clínicas
r r efetivas, segu-
a ras e acessíveis aos pacientes;
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Oferta de estágio para estudantes de Farmácia sobre estratégias para a promoção do uso racio-
nal de medicamentos e o processo de trabalho em um centro de informação sobre medicamentos;
Apoio a comissões de farmácia e terapêutica e a órgãos públicos, nas três esferas de governo,
para a elaboração e revisão de listas de medicamentos essenciais.
3.6 Parcerias
A parceria firmada entre o CFF e o Portal Farmacêutico Clínico permitiu aos farmacêuticos
brasileiros o acesso à maior rede de farmacêuticos que atuam clinicamente. Ele foi estruturado de
modo a permi-tir a troca de experiências, os debates sobre temas
vinculados ao exercício profissional e à saúde, e o
acesso a informações baseadas em evidências cien-
tíficas, contribuindo para o desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades e atitudes entre os seus
integrantes. Até julho de 2016, o portal tinha 19.000
membros. Novos cadastros podem ser feitos aces-
sando o link farmaceuticoclinico.com.br.
O CFF, em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do estado do Rio Grande do Sul (CRF-
RS), realizou, em Gramado, nos dias 14 e 15 de maio/2015, o “I Encontro Nacional de Educadores em
Farmácia Clínica”, que contou com 100 participantes. O evento foi coordenado por Josélia Frade
(CFF) e teve como integrantes da comissão organizadora: Alessandra Rezende Mesquita (UFS),
Angelita Cristine Melo (UFSJ), Dayani Galato (UNB), Diana Aquino Lienert (CRF/RS), Gabriel Rodri-
gues Martins de Freitas (UFRGS), Karen Zazulak e Márcia dos Angeles (CRF/RS), Maria Aparecida
Zardini (CFF), Wellington Barros da Silva (UFS), Rodrigo Silveira Pinto (UFRGS), Simone de
Araújo Medina Mendonça (UFMG) e Tarcísio José Palhano (CFF). O relatório do encontro poderá
ser solici-tado pelo e-mail asstec@cff.org.br.
Mesa de abertura
Ao longo dos últimos anos, outras resoluções, além das mencionadas na linha do tempo (item 3.1
deste documento), foram publicadas pelo CFF.
A Resolução/CFF nº 583/2013 (para ler, acesse goo.gl/IiyKk9) estimula ações que dão
visibilidade à atuação do farmacêutico como profissional da saúde, ao instituir a “Semana do
Farmacêutico”, no dia 25 de setembro de cada ano.
Em 2015, foi publicada a Resolução/CFF nº 610 (íntegra acessível em goo.gl/wffMSL), que dis-
põe sobre as atribuições do farmacêutico na farmácia universitária e valoriza a atuação clínica do
farmacêutico, considerando os serviços e os procedimentos de apoio, no âmbito da farmácia uni-
versitária, como sendo a prestação de cuidado farmacêutico ao paciente, à família e à comunida-
de, a manipulação e/ou dispensação de medicamentos industrializados e as preparações magis-
trais – alopáticas ou homeopáticas –, plantas medicinais, drogas vegetais e outras categorias ou
relações de medicamentos aprovados pelo órgão sanitário, visando ao acesso, uso racional e à
otimização da farmacoterapia.
Em abril de 2012, o CFF contratou uma agência de comunicação e realizou uma reunião ampliada
com os assessores de comunicação e diretores dos conselhos regionais de Farmácia (CRFs). A reu-
nião foi coordenada pelo vice-presidente, Valmir de Santi, diretor responsável pela área da comunica-
ção no conselho, e pela jornalista Veruska Narikawa. Na ocasião, foi apresentado o novo plano de
comunicação do CFF. Foram definidas as estratégias para a realização da primeira campanha publi-
Campanhas Publicitárias
Essa campanha ressaltou que o farmacêutico não trabalha apenas com medicamentos, trabalha
com qualidade de vida. As peças publicitárias mostravam a imagem do farmacêutico vinculada às
de seus pacientes na farmácia e, depois, durante atividades de lazer e práticas esportivas.
Inspirado em uma campanha realizada pela Confederação Farmacêutica Argentina (COFA) contra a
venda livre de medicamentos naquele país, o CFF simulou o lançamento de um medicamento fictício e
distribuiu as embalagens como se fossem de um produto real, a mais de 4 mil pessoas, na esquina
das Avenidas Paulista e Consolação, um dos pontos mais movimentados da cidade de São Paulo. O
objetivo era conferir a reação do público a esse suposto estímulo à automedicação desassistida.
39
Observadores contratados verificaram e registraram a reação das pessoas. A maioria aceitou passivamente o
“produto”, sem nada perguntar. Dentro da caixa do medicamento fictício havia uma mensagem de alerta sobre o
tecnicamente para orientar sobre o uso racional de medicamentos. A ação teve grande repercussão na mídia,
com divulgação espontânea da mensagem do CFF em reportagens nos principais veículos de comunicação do
Com um toque de humor, esta campanha, que teve como protagonistas os atores Werner
Schünnemann e Maria Gualberto, procurou enfatizar que nenhuma farmácia ou drogaria pode
funcionar sem a presença do farmacêutico e que o paciente deve exigir a presença deste profissional.
Mídia espontânea
Além de investir em publicidade institucional paga, o CFF tem buscado todos os espaços possíveis de
mídia espontânea, para levar a mensagem sobre a importância do trabalho do farmacêutico para a
saúde e a qualidade de vida da população. O conselho tem se firmado cada vez mais como fonte de
informação segura e fidedigna para grandes veículos de comunicação, entre os quais, Rede Globo,
Portal G1, Band TV, Globo News, CBN, Canal Futura, Correio Braziliense, TV Brasil e TV Justiça.
Merecem destaque as participações do assessor da Presidência do CFF, Tarcísio Palhano, no
programa Bem Estar, da Rede Globo. Ele esteve no programa para falar sobre temas diversos
como automedicação, corticosteroides, doenças do outono e formas farmacêuticas.
Entrevista
Farmacêutica
O programa vai
ao ar toda
quarta-feira, a
partir das 15h30,
pela Rádio Nacional
da Amazônia, em
ondas curtas.
Jornalista Aloísio Brandão
Redes sociais
O Youtube é um canal para veiculação de vídeos institucionais, entre os quais, os das campanhas
publicitárias. Mais recentemente, foram incorporados os vídeos do Programa de Suporte ao Cuidado
Farmacêutico na Atenção à Saúde (Profar).
41
A divulgação na internet ocorre também por meio do site e de newsletters disparadas
semanalmente. O site registra uma média de 100 mil visitas por mês. As newsletters são enviadas
para aproximada-mente 180 mil e-mails cadastrados e registram uma média de 7% a 10% de
leitura, o que representa algo em torno de 12,6 mil a 18 mil farmacêuticos.
Acesse as
/conselhofederaldefarmacia www.youtube.com/cffbrasil
redes sociais
twitter.com/imprensacff www.cff.org.br
do CFF!
Para divulgar a atuação clínica dos farmacêuticos aos parlamentares, o CFF realizou durante a
semana em que se comemora o Dia Nacional pelo Uso Racional de Medicamentos, 5 de maio,
nos anos de 2014 e 2015, no Congresso Nacional, uma ação que constava na prestação de
serviços, como o rastreamento e a educação em saúde, por meio de consultas farmacêuticas. A
ação foi coordenada por Josélia Frade e contou com o apoio de farmacêuticos e estudantes
convidados, e das assessorias Técnica e de Comunicação/CFF.
Equipe 2014
Farmacêuticos do CFF - Alessandra Russo de Freitas, Cláudia Serafin, Daniel Correia Júnior,
Pamela Saavedra e Josélia Frade.
Farmacêuticos convidados - Beatriz Pinto Coelho Lott, Claudinéia Mara Alvarenga Faustino,
Emília Vitória da Silva, Gabriel Rodrigues Martins de Freitas, Graziela Spadrão, Mirella Vargas,
Thais Teles de Souza, Rodrigo Silveira Pinto e Walleri Christini Torelli Reis.
Estudantes - Gabriela Marques e Rachel Bedatt Silva.
42
Equipe 2015
Farmacêuticos do CFF - Claudia Serafim, Daniel Correia Júnior, Josélia Frade e Pamela
Saavedra.
Farmacêuticos convidados - Aline Mourão, Ana Luce de França Araújo, Dayani Galato, Dayde
Lane Mendonça da Silva, Emília Vitória da Silva, Gabriel Rodrigues Martins de Freitas,
Genival Araújo dos Santos Júnior, Mirella Vargas, Guilherme Lacerda Oliveira, Hugo Paceli
Souza de Oliveira, Micheline Marie Milward de Azevedo Miners e Rodrigo Silveira Pinto.
Estudantes - Carlos Henrique Viana dos Santos, Gabriela Marques e Rachel Bedatt Silva.
O Comitê Nacional de Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM) foi instituído pela
Portaria/MS nº 1.555, de 27 de junho de 2007. Suas competências, em linhas gerais, são identificar e
propor estratégias de articulação, apoiando iniciativas voltadas à promoção do Uso Racional de
Medicamentos (URM) no Brasil. O CFF é membro efetivo do CNPURM desde a sua instituição.
Representantes do CFF:
2007 a 2011 – Dra. Lérida Maria dos Santos Vieira (titular) e Dr. Jarbas Tomazoli Nunes
(suplente);
2012 – Dr. Jarbas Tomazoli Nunes (titular) e Dra. Josélia Cintya Quintão Pena Frade (suplente);
2013 a 2015 – Dr. Tarcísio José Palhano (titular) e Dr. Rogério Hoefler (suplente).
08/08/2014 - Após 20 anos em tramitação no Congresso Nacional, 17 dos quais na Câmara dos
Deputados, é sancionada pela presidente Dilma Rousse ff a Lei nº 13.021/14, que mudou o conceito
de farmácia no Brasil. A lei foi resultado do esforço conjunto das entidades que compõem o Fórum
Nacional de Luta pela Valorização da Profissão Farmacêutica e da mobilização da categoria
farmacêutica, protagonistas de uma estratégia comum de ação junto no Congresso Nacional.
O CFF coordenou o processo de criação desse fórum, composto por representantes do próprio CFF,
da Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), da Federação Interestadual de Farmacêuticos
(Feifar), da Associação Brasileira de Educação Farmacêutica (ABEF) e da Executiva Nacional dos
Estudantes de Farmácia (Enefar).
Cópia da publicação da Lei nº 13.021/14, no Diário Oficial da União Capa do relatório da reunião
46
Entre as possibilidades de atuação clínica do farmacêutico previstas
na Lei nº 13.021/2014, destacam-se:
CBO
Técnica, representada pelos farmacêuticos Jarbas Tomazoli
Nunes e José Luis Miranda Maldonado, apresentou à chefe
da Divisão da Classificação Brasileira de Ocupações, da
Secretaria de Políticas Públicas de emprego, do Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), Cláudia Maria V. de
Carvalho Paiva, proposta de solicitação de novos códigos
CLASSIFICAÇÃO
BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES
para o farmacêutico na Classificação Brasileira de
Ocupações (CBO).
A solicitação para atualização da Tabela de Ocupações foi acompanhada de um estudo desenvolvido pela
Comissão de Ensino do CFF, que tratava das especialidades e atividades do farmacêutico no Brasil,
reconhecidas pelo CFF. O estudo serviu de referência para que o CFF, ao se dirigir àquela Divisão,
pudesse solicitar, com absoluta fundamentação técnica, a devida atualização da Tabela de Ocupações
referente ao farmacêutico, aprovada pela Portaria nº 397, de 09 de outubro de 2002. O pedido levou em
consideração as profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do país nos
últimos anos, implicando alterações estruturais no mercado de trabalho.
Todas as discussões que culminaram com a atualização da CBO do farmacêutico em janeiro de 2013
foram desenvolvidas em São Paulo/SP, sob a coordenação da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (FIPE), com a participação de diversos farmacêuticos daquele estado.
47
Vale ressaltar que o CFF, à época, compreendia que o momento era propício à apresentação do
pleito, indo ao encontro dos dirigentes do MTE que pretendiam marcar sua gestão pelo diálogo social,
com a contribuição dos trabalhadores, empregadores e governo. Durante a realização da 397ª
Reunião Plenária do CFF, no dia 27, de julho de 2012, em Brasília, Aline Soares Martins, substituta da
chefe da Divisão da Classificação Brasileira de Ocupações, da Secretaria de Políticas Públicas de
Emprego, do MTE, Cláudia Maria Virgílio de Carvalho Paiva proferiu palestra apresentando as
estratégias estabelecidas para a revisão da CBO do farmacêutico. Na 402ª Reunião Plenária, em
16 de janeiro de 2013, realizada também em Brasília, a própria Cláudia Maria Virgílio de Carvalho
Paiva falou aos conselheiros, desta vez sobre o processo de atualização, já consumado.
Cláudia Maria Virgílio de Carvalho Paiva, chefe da Divisão da Classificação Brasileira de Ocupações, da Secretaria de
Políticas Públicas de Emprego, do MTE, fala ao Plenário do CFF
Houve significativa alteração na CBO. Até janeiro de 2013, a atuação do farmacêutico estava
restrita a duas ocupações (farmacêutico e farmacêutico bioquímico). Com a atualização, o
farmacêutico pode atuar nas atuais 08 (oito) ocupações: farmacêutico, farmacêutico analista
clínico; farmacêutico de alimentos; farmacêutico em práticas integrativas e complementares;
farmacêutico em saúde pública; farmacêutico industrial; farmacêutico toxicologista; e farmacêutico
hospitalar e clínico. Além das ocupações, o número de sinônimos passou de 19 (dezenove) para
117 (cento e dezessete). A versão passada encontrava-se tão defasada que se mantinha o
sinônimo de boticário na ocupação farmacêutico.
A nova CBO do farmacêutico serve como base para a estruturação de carreiras e ocupação de vagas
no setor público e no setor privado, além de abrir mais espaços de atuação para o farmacêutico no
Sistema Único de Saúde (SUS), em indústrias, no transporte de medicamentos, na farmácia
clínica, nas práticas integrativas e complementares, entre outras áreas.
A CBO também tem relevância para a integração das políticas públicas do MTE e do Ministério da
Previdência Social. Além disso, a CBO é ferramenta indispensável para as estatísticas de
emprego e desemprego, para o planejamento das reconversões e requalificações ocupacionais,
para a elaboração de currículos, para o planejamento da educação profissional, para o
rastreamento de vagas e para os serviços de intermediação de mão-de-obra.
48
6 OUTRAS PUBLICAÇÕES TÉCNICO-CIENTÍFICAS DO CFF
Desde 2013, o CFF edita essa publicação, lançada anualmente, durante o Congresso Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O objetivo é mostrar aos gestores públicos que par-
ticipam do evento que o trabalho do farmacêutico contribui para o acesso aos medicamentos, o
seu uso racional, e a otimização da farmacoterapia, a fim de melhorar a qualidade da assistência
em saúde e reduzir custos.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 2º - Entende-se por assistência farmacêutica o conjunto de ações e de serviços que visem a
assegurar a assistência terapêutica integral e a promoção, a proteção e a recuperação da saúde
nos estabelecimentos públicos e privados que desempenhem atividades farmacêuticas, tendo o
medicamento como insumo essencial e visando ao seu acesso e ao seu uso racional.
CAPÍTULO II
DAS ATIVIDADES FARMACÊUTICAS
CAPÍTULO III
DOS ESTABELECIMENTOS FARMACÊUTICOS
Seção I
Das Farmácias
Art. 7º - Poderão as farmácias de qualquer natureza dispor, para atendimento imediato à população,
de medicamentos, vacinas e soros que atendam o perfil epidemiológico de sua região demográfica.
Parágrafo único - Aplicam-se às farmácias a que se refere o caput as mesmas exigências legais
previstas para as farmácias não privativas no que concerne a instalações, equipamentos, direção
e desempenho técnico de farmacêuticos, assim como ao registro em Conselho Regional de
Farmácia.
51
Art. 9º - (VETADO).
Seção II
Das Responsabilidades
II - organizar e manter cadastro atualizado com dados técnico- científicos das drogas,
fármacos e medicamentos disponíveis na farmácia;
CAPÍTULO IV
DA FISCALIZAÇÃO
Art. 15 - (VETADO).
Art. 16 - É vedado ao fiscal farmacêutico exercer outras atividades profissionais de farmacêutico, ser
CAPÍTULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 17 - (VETADO).
Art. 18 - (VETADO).
DILMA ROUSSEFF
Guido Mantega
Manoel Dias
Arthur Chioro
Miriam Belchior
Guilherme Afif Domingos
53
7.2 RESOLUÇÃO/CFF Nº 585, DE 29 DE AGOSTO DE 2013
PREÂMBULO
Esta resolução regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico que, por definição, constituem
A Farmácia Clínica, que teve início no âmbito hospitalar, nos Estados Unidos, a partir da
década de sessenta, atualmente incorpora a filosofia do Pharmaceutical Care e, como tal,
expande-se a todos os níveis de atenção à saúde. Esta prática pode ser desenvolvida em
hospitais, ambulatórios, unida-des de atenção primária à saúde, farmácias comunitárias,
instituições de longa permanência e domi-cílios, entre outros.
Por fim, é preciso reconhecer que a prática clínica do farmacêutico em nosso país avançou nas
últimas décadas. Isso se deve ao esforço visionário daqueles que criaram os primeiros serviços de
Farmácia Clínica no Brasil, assim como às ações lideradas por entidades profissionais, instituições
acadêmicas, organismos internacionais e iniciativas governamentais.
considerando que o CFF, no âmbito de sua área específica de atuação e, como entidade de
profissão regulamentada, exerce atividade típica de Estado, nos termos do artigo 5º, inciso XIII; artigo
21, inciso XXIV e artigo 22, inciso XVI, todos da Constituição Federal;
considerando a outorga legal ao CFF de zelar pela saúde pública, promovendo ações de
assis-tência farmacêutica em todos os níveis de atenção à saúde, de acordo com a alínea "p", do
artigo 6º da Lei Federal nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, com as alterações da Lei Federal
nº 9.120, de 26 de outubro de 1995;
considerando que é atribuição do CFF expedir resoluções para a eficácia da Lei Federal nº 3.820,
de 11 de novembro de 1960 e, ainda, compete-lhe o múnus de definir ou modificar a competên-cia dos
profissionais de Farmácia em seu âmbito, conforme o artigo 6º, alíneas “g” e “m”;
considerando que a Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, em seu artigo 6º, alínea
“d”, inclui no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) a assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica;
considerando a RDC/Anvisa nº 7, de 24 de fevereiro de 2010, que na seção IV, artigo 18, estabelece a
necessidade da assistência farmacêutica à beira do leito na Unidade de Terapia Intensiva e, em seu artigo
23, dispõe que a assistência farmacêutica deve integrar a equipe multidisciplinar, RESOLVE:
Art. 6º - O farmacêutico, no exercício das atribuições clínicas, tem o dever de contribuir para a
geração, difusão e aplicação de novos conhecimentos que promovam a saúde e o bem-estar do
paciente, da família e da comunidade.
Art. 7º - São atribuições clínicas do farmacêutico relativas ao cuidado à saúde, nos âmbitos
58
individual e coletivo:
II - Desenvolver, em colaboração com os demais membros da equipe de saúde, ações para a promo-
VIII - Fazer a anamnese farmacêutica, bem como verificar sinais e sintomas, com o propósito
de prover cuidado ao paciente;
XIII - Monitorar níveis terapêuticos de medicamentos, por meio de dados de farmacocinética clínica;
59
XIV - Determinar parâmetros bioquímicos e fisiológicos do paciente, para fins de acompanha-
mento da farmacoterapia e rastreamento em saúde;
XVIII - Pactuar com o paciente e, se necessário, com outros profissionais da saúde, as ações
de seu plano de cuidado;
XXIV - Elaborar uma lista atualizada e conciliada de medicamentos em uso pelo paciente durante
XXV - Dar suporte ao paciente, aos cuidadores, à família e à comunidade com vistas ao
processo de autocuidado, incluindo o manejo de problemas de saúde autolimitados;
XXVII - Avaliar e acompanhar a adesão dos pacientes ao tratamento, e realizar ações para a sua promoção;
III - Buscar, selecionar, organizar, interpretar e divulgar informações que orientem a tomada de
decisões baseadas em evidência, no processo de cuidado à saúde;
Art. 12 - Esta resolução entra em vigor nesta data, revogando-se as disposições em contrário.
GLOSSÁRIO
Bioética: ética aplicada especificamente ao campo das ciências médicas e biológicas. Representa o
estudo sistemático da conduta humana na atenção à saúde, à luz de valores e princípios morais. Abrange
dilemas éticos e deontológicos relacionados à ética médica e farmacêutica, incluindo assistência à saúde,
as investigações biomédicas em seres humanos e as questões humanísticas e sociais como o acesso e o
direito à saúde, recursos e políticas públicas de atenção à saúde. A bioética se fundamenta em princípios,
valores e virtudes tais como a justiça, a beneficência, a não maleficência, a equidade, a autonomia, o que
pressupõe nas relações humanas a responsabilidade, o livre-arbítrio, a consciência, a decisão moral e o
respeito à dignidade do ser humano na assistência, pesquisa e convívio social.
Cuidador: pessoa que exerce a função de cuidar de pacientes com dependência numa relação de
proximidade física e afetiva. O cuidador pode ser um parente, que assume o papel a partir de
relações familiares, ou um profissional, especialmente treinado para tal fim.
Farmacoterapia: tratamento de doenças e de outras condições de saúde, por meio do uso de medi-
camentos.
Incidente: evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao
paciente.
Plano de cuidado: planejamento documentado para a gestão clínica das doenças, de outros
proble-mas de saúde e da terapia do paciente, delineado para atingir os objetivos do tratamento.
Inclui as responsabilidades e atividades pactuadas entre o paciente e o farmacêutico, a definição
das metas terapêuticas, as intervenções farmacêuticas, as ações a serem realizadas pelo
paciente e o agenda-mento para retorno e acompanhamento.
Prescrição farmacêutica: ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e
não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção,
Queixa técnica: notificação feita pelo profissional da saúde quando observado um afastamento
dos parâmetros de qualidade exigidos para a comercialização ou aprovação no processo de
registro de um produto farmacêutico.
Serviços de saúde: serviços que lidam com o diagnóstico e o tratamento de doenças ou com a
promoção, manutenção e recuperação da saúde. Incluem os consultórios, clínicas, hospitais, entre
outros, públicos e privados.
Uso racional de medicamentos: processo pelo qual os pacientes recebem medicamentos apropria-
dos para suas necessidades clínicas, em doses adequadas às suas características individuais, pelo
65
período de tempo adequado e ao menor custo possível, para si e para a sociedade.
Uso seguro de medicamentos: inexistência de injúria acidental ou evitável durante o uso dos
medi-camentos. O uso seguro engloba atividades de prevenção e minimização dos danos
provocados por eventos adversos, que resultam do processo de uso dos medicamentos.
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em:<http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/h3011e/h3011e.pdf> Acessado em 14/05/2013.
68
7.3 RESOLUÇÃO/CFF Nº 586, DE 29 DE AGOSTO DE 2013
PREÂMBULO
A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico, maior responsa-
bilidade no manejo clínico dos pacientes, intensificando o processo de cuidado, tem propiciado
alterações nos marcos de regulação em vários países. Com base nessas mudanças, foi estabele-
cida, entre outras, a autorização para que distintos profissionais possam selecionar, iniciar,
adicionar, substituir, ajustar, repetir ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu
pela necessidade de ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de
resolução desses serviços.
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão autorizados a
prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de prescrição como prática multi-
profissional. Essa prática tem modos específicos para cada profissão e é efetivada de acordo com
as necessidades de cuidado do paciente, e com as responsabilidades e limites de atuação de
cada profissional. Isso favorece o acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo,
assim, os custos com a provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de
melhores resultados terapêuticos.
O Conselho Federal de Farmácia (CFF), no uso de suas atribuições previstas na Lei Federal
nº 3.820, de 11 de novembro 1960, e:
considerando o disposto no artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal, que outorga liberdade
de exercício, trabalho ou profissão, desde que atendidas as qualificações que a lei estabelecer;
considerando que o CFF, no âmbito de sua área específica de atuação e como entidade de
profissão regulamentada, exerce atividade típica de Estado, nos termos do artigo 5º, inciso XIII;
artigo 21, inciso XXIV e artigo 22, inciso XVI, todos da Constituição Federal;
considerando a outorga legal ao CFF de zelar pela saúde pública, promovendo ações de
assistência farmacêutica em todos os níveis de atenção à saúde, de acordo com a alínea "p", do
artigo 6º da Lei Federal nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, com as alterações da Lei Federal
nº 9.120, de 26 de outubro de 1995;
considerando que é atribuição do CFF expedir resoluções para a eficácia da Lei Federal nº
3.820, de 11 de novembro de 1960, e que ainda compete-lhe o múnus de definir ou modificar a
competência dos profissionais de Farmácia em seu âmbito, conforme o artigo 6º, alíneas “g” e “m”;
considerando o Decreto Federal nº 85.878, de 7 de abril de 1981, que estabelece normas para
execução da Lei Federal nº 3.820, de 11 de novembro de 1960, que dispõe sobre o exercício da
70
profissão farmacêutica, e dá outras providências;
considerando a RDC/Anvisa nº 67, de 8 de outubro de 2007, que dispõe sobre Boas Práticas de
Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias, alterada pela
RDC/Anvisa nº 87, de 21 de novembro de 2008; e,
considerando a RDC/Anvisa nº 44, de 17 de agosto de 2009, que dispõe sobre boas práticas farma-
cêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e
da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências, RESOLVE:
Parágrafo único - A prescrição farmacêutica de que trata o caput deste artigo constitui uma
atribuição clínica do farmacêutico e deverá ser realizada com base nas necessidades de saúde do
paciente, nas melhores evidências científicas, em princípios éticos e em conformidade com as
políticas de saúde vigentes.
§ 1º - Para o exercício deste ato será exigido, pelo Conselho Regional de Farmácia de sua
jurisdição, o reconhecimento de título de especialista ou de especialista profissional farmacêutico
na área clínica, com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades em boas
práti-cas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, farmacologia clínica
e terapêutica.
73
§ 2º - Para a prescrição de medicamentos dinamizados será exigido, pelo Conselho Regional
de Farmácia de sua jurisdição, o reconhecimento de título de especialista em Homeopatia ou
Antroposofia.
III - seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua
seguran-ça, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado;
IV - redação da prescrição;
V - orientação ao paciente;
Art. 8º - No ato da prescrição, o farmacêutico deverá adotar medidas que contribuam para a
promoção da segurança do paciente, entre as quais se destacam:
IV - estar atento aos aspectos legais e éticos relativos aos documentos que serão entregues ao
paciente;
74
V - comunicar adequadamente ao paciente, seu responsável ou cuidador, as suas decisões
e recomendações, de modo que estes as compreendam de forma completa;
Art. 9º - A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por extenso, de modo
legível, observados a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais, sem emendas ou
rasuras, devendo conter os seguintes componentes mínimos:
Art. 14 - No ato da prescrição, o farmacêutico deverá orientar suas ações de maneira ética,
sempre observando o benefício e o interesse do paciente, mantendo autonomia profissional e
científica em relação às empresas, instituições e pessoas físicas que tenham interesse comercial
ou possam obter vantagens com a prescrição farmacêutica.
Art.18 - Esta resolução entrará em vigor nesta data, revogando-se as disposições em contrário.
ANEXO
GLOSSÁRIO
Dose: quantidade de medicamento que se administra de uma só vez ou total das quantidades
fracio-nadas administradas durante um período de tempo determinado.
Droga vegetal: planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de
substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos de coleta, estabilização, quando
aplicável, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
Farmácia clínica: área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional de medicamentos,
na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia,
promover saúde e bem- estar, e prevenir doenças.
Plano de cuidado: planejamento documentado para a gestão clínica das doenças, de outros
proble-mas de saúde e da terapia do paciente, delineado para atingir os objetivos do tratamento.
Inclui as responsabilidades e atividades pactuadas entre o paciente e o farmacêutico, a definição
das metas terapêuticas, as intervenções farmacêuticas, as ações a serem realizadas pelo
paciente e o agenda-mento para retorno e acompanhamento.
Planta medicinal: espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos.
Prescrição de medicamentos: ato pelo qual o prescritor seleciona, inicia, adiciona, substitui,
ajusta, repete ou interrompe a farmacoterapia do paciente e documenta essas ações, visando à
promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas
de saúde.
Serviços de saúde: serviços que lidam com o diagnóstico e o tratamento de doenças ou com a
promoção, manutenção e recuperação da saúde. Incluem os consultórios, clínicas, hospitais,
entre outros, públicos e privados.
Uso seguro de medicamentos: inexistência de injúria acidental ou evitável durante o uso dos medi-
camentos. O uso seguro engloba atividades de prevenção e minimização dos danos provocados por
78
eventos adversos, que resultam do processo de uso dos medicamentos.
REFERÊNCIAS
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Executivo, Brasília, DF, 2012.
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sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 26 jun. 1986.
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Regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
79
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exercício da medicina, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermei-
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prestação de serviços farmacêuticos, em farmácias e drogarias, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
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indicação farmacêutica de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescrição e o seu registro. Diário Oficial
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das boas práticas de farmácia. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 abr. 2001. Seção 1, p. 24-31.
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº. 465, de 24 de julho de 2007, que dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico no âmbito da Farmácia Antroposófica e dá outras providências.
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº. 492, de 26 de novembro de 2008, que regulamenta o
exercício profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de
saúde, de natureza pública ou privada;
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução n° 304, de 26 de fevereiro de 2003. Dispõe sobre
critérios para prescrição dietética na área de nutrição clínica e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 28 fev. 2003.
80
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução n° 402, de 30 de julho de 2007. Regulamenta a prescrição
fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas, ou como droga vegetal nas suas diferentes formas
farmacêuticas, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 06 ago. 2007.
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das Equipes de Saúde da Família (ESF) dispostos na Política Nacional de Atenção Básica. Diário Oficial da União,
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Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial [da]
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medicamentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 nov. 1998. Seção 1, p. 18.
81
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. D.O.U. Diário Oficial da União, Poder
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83
7.4 CARTA ABERTA SOBRE A PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA
A garantia da provisão de serviços e produtos para o cuidado das pessoas é um problema de saúde
coletiva. A dimensão da necessidade de acesso e utilização de recursos terapêuticos e propedêuti-cos
é superior à capacidade de financiamento e provisão dos sistemas de saúde. A população, em
decorrência da ausência ou carência de assistência médica, frequentemente, toma decisões de
tratamento por conta própria, selecionando terapias que em muitos casos não são efetivas, seguras e,
portanto contraindicadas. Isto pode favorecer o agravamento da sua condição clínica, gerar novos
problemas de saúde e até mesmo retardar o diagnóstico precoce e o início de terapia efetiva e segu-
ra. A carência de acesso e da utilização dos recursos assistenciais implicam desfechos negativos dos
problemas de saúde das pessoas, elevando os custos para os sistemas de saúde.
A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico, maior responsabilidade
no manejo clínico dos pacientes, intensificando o processo de cuidado, tem propiciado alterações nos
marcos de regulação em vários países. Com base nessas mudanças, foram estabelecidas, entre
outras, a autorização para que distintos profissionais possam selecionar, iniciar, adicionar, substituir,
ajustar, repetir ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu pela necessidade de
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução desses serviços.
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão autorizados a prescrever
medicamentos. É assim que surge o novo modelo de prescrição como prática multiprofissional. Esta
prática tem modos específicos para cada profissão e é efetivada de acordo com as necessidades de
cuidado do paciente, e com as responsabilidades e limites de atuação de cada profissional. Isso
favorece o acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos com a provisão
de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores resultados terapêuticos.
84
Apesar disso, discutir prescrição farmacêutica não é tarefa fácil. Nós, os farmacêuticos, muitas
vezes tivemos receio de usar termos como: consulta farmacêutica, diagnóstico farmacêutico,
consultório farmacêutico, prescrição farmacêutica... Estes termos e expressões, que ainda são
considerados como "tabus" no Brasil, fazem parte da linguagem técnica dos farmacêuticos em
vários países, há mais de uma década. Em nosso país, frequentemente, justificamos a não
pertinência de utilizá-los, recorrendo a eufemismos, tais como: atendimento farmacêutico, sala de
serviços farmacêuticos, indicação farmacêutica, automedicação responsável, orientação
farmacêutica, dispensação docu-mentada, entre outros. Em outras profissões da saúde, como a
enfermagem, a nutrição e a fisiotera-pia, não se percebe este mesmo receio. Isso pode ter
contribuído para o avanço significativo das mesmas em seu papel no cuidado dos pacientes.
Após a análise das 229 manifestações encaminhadas em resposta à Consulta Pública nº 06, de
2013, decidiu-se pela elaboração deste documento, com o objetivo de discorrer não somente
sobre o posicionamento favorável de 85% das contribuições enviadas, mas também, e
principalmente, a respeito das questões mais recorrentes, e que, em síntese, versam sobre:
A prescrição é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deverá ser realizada com base nas
necessidades de saúde do paciente. Esta resolução encerra a concepção de prescrição como a ação
de recomendar algo ao paciente. Tal recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, a
oferta de serviços farmacêuticos ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde.
O ato de prescrever não constitui um serviço clínico per se, mas uma das atividades que
compõem o processo de cuidado à saúde.
Esta é uma concepção ampliada da prescrição, para além da seleção de medicamentos. Visão similar
a esta é adotada por outras profissões da saúde e representa uma estratégia para a inserção desta
atividade no sistema de saúde, na medida em que atende às necessidades dos pacientes de forma
ampla e minimiza a sobreposição de áreas de atuação exclusivas de outras categorias profissionais.
Com relação aos medicamentos e outros produtos para à saúde que podem ser prescritos por farma-
85
cêutico, a presente proposta de resolução está alinhada com a regulamentação sanitária vigente.
Além disso, cria a base legal para a prescrição farmacêutica de novas categorias de
medicamentos que venham a ser aprovadas pelo órgão sanitário federal.
Em todos os países em que ocorre prescrição farmacêutica de medicamentos, esta foi implantada
com base em uma hierarquização clara da autonomia do farmacêutico em prescrever, de acordo
com a complexidade da terapia, do serviço, da formação e certificação do profissional, e dos tipos
de produtos autorizados pelo órgão sanitário.
Com base nessas experiências internacionais, foram estabelecidos dois tipos possíveis de
prescri-ção farmacêutica de medicamentos:
b) Com relação aos medicamentos tarjados ou cuja dispensação exija a prescrição médica, a resolu-
ção possibilita que o farmacêutico especialista exerça o papel de prescritor, tanto para iniciar como
para fazer modificações na farmacoterapia, desde que existam programas, protocolos, diretrizes
clínicas ou normas técnicas aprovados para uso no âmbito das instituições de saúde, ou quando da
formalização de acordos de colaboração com outros prescritores, como médicos e odontólogos.
Sim. Dentre as atribuições do CFF, claramente expressas no inciso “m” do art. 6º da Lei nº 3.820, de 11 de
novembro de 1960, cabe ao Conselho Federal de Farmácia “expedir resoluções, definindo ou modifican-do
atribuições ou competência dos profissionais de Farmácia, conforme as necessidades futuras”.
Sim. A possibilidade da prescrição realizada por farmacêuticos está implícita em várias regulamenta-
ções, tanto para medicamentos isentos de prescrição quanto para aqueles de uso contínuo (em
situações de continuidade de tratamento previamente prescrito).
O artigo 6º da Lei nº 11.903, de 14 de janeiro de 2009, por exemplo, que dispõe sobre o rastreamento
da produção e do consumo de medicamentos por meio de tecnologia de captura, armazenamento e
transmissão eletrônica de dados, define as seguintes categorias de medicamentos: a) isentos de
prescrição para a comercialização; b) de venda sob prescrição e retenção de receita, e c) de venda
sob responsabilidade do farmacêutico, sem retenção de receita.
86
A possibilidade de prescrição farmacêutica, neste caso, está subentendida para os medicamentos
das categorias “a” e “c”.
Outra norma que trata do assunto é a Resolução/CFF nº 477, de 28 de maio de 2008, que inclui a
atuação do farmacêutico na automedicação responsável dos usuários de plantas medicinais e
fitoterápicos. De forma complementar, foi publicada a Resolução/CFF nº 546, de 21 de julho de 2011,
que dispõe sobre a indicação farmacêutica de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescri-
ção. O artigo 81, da RDC/Anvisa nº 44, de 17 de agosto de 2009, trata da declaração de serviços
farmacêuticos, documento a ser entregue ao usuário, em que consta campo específico para o
registro da indicação de medicamentos isentos de prescrição.
Por fim, o Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932, que “Regula e fiscaliza o exercício da medici-
na, da odontologia, da medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e enfermeira, no
Brasil”, faz menção à prescrição, entendida como “prescrição de medicamentos”, nos artigos 18,
25, 39 e 40, bem como ao ato de “prescrever”, nos artigos 20, 21, 22 e 30, e no inciso “d” do
artigo 37, apenas para as profissões de médico e cirurgião dentista. Os artigos não se referem ao
ato ou exercício profissional do farmacêutico. Apesar do que refere sua ementa, o Decreto nº
20.931 não trata, de forma detalhada, do exercício profissional do farmacêutico, do que se conclui
que não há impedimento na legislação vigente para a prescrição farmacêutica.
Um bom exemplo de como a regulação de uma atribuição profissional pelo CFF implica aperfeiçoamento do
processo de formação pode ser constatado com a conquista do direito dos farmacêuticos de atuar na área de
citopatologia clínica. De fato, a regulamentação desta atribuição pelo CFF influenciou positivamente a inserção
do conteúdo correspondente nos currículos de graduação de vários cursos de Farmácia no país, bem como a
busca de aperfeiçoamento pelos farmacêuticos analistas clínicos que optaram por atuar nesta área.
O professor José Roberto Goldim (uma das autoridades nacionais em Bioética) apresenta a definição de
conflito de interesses, segundo o estabelecido por Thompson, como sendo “um conjunto de condições nas
quais o julgamento de um profissional a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado
indevidamente por um interesse secundário”. Ele argumenta que “de modo geral, as pessoas tendem a
identificar conflito de interesses apenas como as situações que envolvem aspectos econômicos”, porém
“outros importantes aspectos também podem ser lembrados, tais como interesses pessoais, científicos,
assistenciais, educacionais, religiosos e sociais, além dos econômicos.”
O que caracteriza o chamado “interesse primário” são os valores morais considerados superiores
e que constituem o cerne dos princípios que regem a ética profissional. O interesse primário é
aquilo que orienta uma conduta profissional voltada a promover o bem-estar do paciente.
Goldin afirma que o conflito de interesses pode ocorrer em várias situações; há situações de conflito em
potencial na relação de profissional com uma instituição para a qual presta serviços ou tem alguma relação de
colaboração, nas relações de trabalho entre profissionais ou entre um profissional e seus clientes ou
beneficiários de serviços. Na área da saúde, em algumas circunstâncias, pode não haver coincidência entre os
interesses de um profissional e os interesses de seu paciente. Aquele autor destaca que “Quanto melhor for o
vínculo entre os indivíduos que estão se relacionando, maior o conhecimento de suas expectativas e valores
(...) e que “(...) Esta interação pode reduzir a possibilidade de ocorrência de um conflito de interesses.”
A partir desta explanação, consideramos que quando um paciente, voluntariamente, procura pelos
serviços farmacêuticos com o intuito de ser auxiliado no tratamento de um problema de saúde autoli-
88
mitado, p.ex., em que a prescrição de um medicamento de venda livre possa atender às suas
expec-tativas, este ato não caracteriza conflito de interesses. Qualquer atitude que leve o
farmacêutico a ceder a pressões de ordem econômica constitui má conduta profissional passível
das sanções disciplinares previstas no Código de Ética Farmacêutica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de resolução inova ao considerar a prescrição como atribuição clínica do farmacêutico, definir sua
natureza, especificar e ampliar o seu escopo para além do produto, descrever o processo na perspectiva das
boas práticas, estabelecendo seus limites e a necessidade de documentar e avaliar as atividades de prescrição.
Assessoria da Presidência
Assessoria técnica
Grupo de consultores ad hoc
Conselho Federal de Farmácia
APRESENTAÇÃO
Com o advento destas resoluções, muitos farmacêuticos brasileiros têm se dirigido ao CFF, quer
por e-mail, quer por telefone, relatando suas dúvidas, principalmente com relação ao processo de
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implementação da prescrição farmacêutica no Brasil.
É com enorme satisfação que o CFF divulga esta nota técnica, sob a forma de perguntas e
respostas, com a qual pretende esclarecer as principais dúvidas apresentadas, orientar quanto
aos procedimentos necessários à boa prática da prescrição farmacêutica, como também indicar
as principais diretrizes voltadas à prática profissional.
O CFF pretende, ainda, de forma sistemática, manter esta nota técnica sempre atualizada,
apresentando tantas versões quantas forem necessárias, seja pela inclusão de novos
esclarecimentos, seja aprimorando o texto ora apresentado.
NOTA TÉCNICA
Esta Nota Técnica diz respeito às perguntas encaminhadas ao Conselho Federal de Farmácia
(CFF), relacionadas às Resoluções CFF nº 585 e nº 586, ambas de 29 de agosto de 2013, que
regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e regula a prescrição farmacêutica,
respectivamente, e dão outras providências.
O artigo 3º da Resolução/CFF nº 586/2013 define prescrição farmacêutica como o “ato pelo qual o
farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras
intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recupera-
ção da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde.” Trata-se de uma das
atribuições clínicas do farmacêutico, estabelecida no Capítulo I, art. 7º, inciso XXVI da
Resolução/CFF nº 585/2013. Esta definição estabelece uma compreensão ampliada do que é
prescrição farmacêutica. A prescrição é vista como um ato que está inserido no contexto do cuida-
do do paciente e das atribuições clínicas do profissional, e que não se restringe à escolha e
recomendação documentada de medicamentos, mas também de terapêuticas não farmacológicas
e outras intervenções em saúde.
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2) O farmacêutico pode prescrever qualquer medicamento?
O artigo 6º, por sua vez, prevê que o farmacêutico poderá prescrever medicamentos cuja dispensa-
ção exija prescrição médica, condicionado à existência de diagnóstico prévio, e apenas quando
estiver previsto em programas, protocolos, diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no
âmbito de instituições de saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração com
outros prescritores ou instituições de saúde. Neste caso, a formação e competência necessárias
estão especificadas nos parágrafos 1º e 2º, deste artigo.
Sim, pois este ato é uma atribuição clínica do farmacêutico, decorrência de uma demanda do
paciente ou encaminhamento por outro profissional da saúde, acompanhada de uma cuidadosa
avaliação, seleção da melhor conduta e documentação do processo. Isto constitui, conforme a
Resolução/CFF nº 585/2013, uma consulta farmacêutica. A definição deste termo consta no
glossário da referida resolução. Ressalte-se que nem toda consulta farmacêutica resulta,
necessariamente, em uma prescrição.
Não. A prescrição farmacêutica, enquanto documento emitido, não pode ser cobrada. Ela não
consti-tui um serviço per se, e sim, o ato de selecionar a melhor conduta, durante a provisão de
vários servi-ços farmacêuticos.
7) As farmácias e drogarias devem manter locais específicos para que hajam as prescrições?
Não consta a exigência de local exclusivo para a prescrição farmacêutica. Contudo, os serviços farma-
cêuticos que resultarão na prescrição farmacêutica deverão ocorrer em ambiente que garanta privacida-de
e confidencialidade para a coleta, avaliação, registro e arquivo das informações. A RDC/Anvisa nº
44/2009 destaca, em seu artigo 15, a necessidade de diferenciação entre o ambiente destinado à provi-são
de serviços farmacêuticos daquele no qual se realiza a dispensação e a circulação de pessoas em geral,
devendo o estabelecimento dispor de espaço específico para aqueles serviços. O parágrafo 1º, do mesmo
artigo, estabelece que o ambiente para prestação dos serviços que demandam atendimento individualizado
deve garantir a privacidade e o conforto dos usuários, possuindo dimensões, mobiliário e infraestrutura
compatíveis com as atividades e serviços a serem oferecidos.
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8) Como deve ser feito o registro das consultas farmacêuticas?
O registro deve ser feito no prontuário do paciente. Este pode conter somente o registro do farmacêu-
tico quando ele estiver atuando em consultório farmacêutico, farmácias ou drogarias não vinculadas a
serviços de saúde. No caso de farmacêuticos que atuam em unidades de saúde da família, unidades
básicas de saúde, clínicas, hospitais e outros, o registro deverá ocorrer, também, no prontuário do
paciente padronizado pela instituição. Ressalte-se que esse registro deve seguir as regulamentações
sanitárias, as normas institucionais e a legislação farmacêutica, como a Resolução/CFF nº 555, de 30
de novembro de 2011, que regulamenta o registro, a guarda e o manuseio de informações resultantes
da prática da assistência farmacêutica nos serviços de saúde.
10) O CFF, assim como faz com o jaleco e os símbolos farmacêuticos, poderá recomendar um
modelo de receituário?
Sim. O CFF poderá recomendar, com base na Resolução nº 586/2013 e na Lei 5.991/1973. Para
tanto, está elaborando um Manual de Boas Práticas de Prescrição Farmacêutica, que apresentará um
modelo em um dos seus anexos. Não obstante, cada profissional poderá adotar seu próprio modelo
de receituá-rio, desde que respeitados a estrutura e os conteúdos previstos nas legislações citadas.
Não há previsão na legislação sanitária e profissional atuais de prescrição farmacêutica para medica-
mentos que exijam retenção de receita. Desta forma, a prescrição farmacêutica poderá ser feita em
uma única via, a do paciente. O farmacêutico prescritor ou o estabelecimento ao qual ele está vincula-
do pode optar pela prescrição em duas vias, sendo a segunda via arquivada no estabelecimento.
Ressalte-se que, a exemplo do que ocorre com as demais profissões de saúde, é necessário
registrar no prontuário do paciente as informações contidas na prescrição.
Não. O ato de prescrever corresponde a uma atribuição clínica. Constitui uma prerrogativa, um direito
ao exercício de uma atividade reconhecida no âmbito das competências do farmacêutico, não estan-
do, portanto, correlacionado a uma obrigação profissional, mas ao resultado da liberdade de exercício
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profissional, respeitados os princípios legais e éticos da profissão.
A boa atuação clínica do farmacêutico, que inclui o ato de prescrever, relaciona-se ao desenvolvimen-
to de competências (colocar em prática conhecimentos e habilidades específicas em benefício do
paciente), da existência de processos de trabalho bem delineados, ambiente propício para o desem-
penho das atividades, acesso à informação, gestão da prática, fiscalização sanitária e profissional
como instrumento de identificação de falhas, proposição de soluções e de capacitação, assim como
para coibir a má prática profissional. Considerando-se os múltiplos elementos necessários para a
atuação clínica com boa qualidade, é necessária a parceria e atuação de diferentes instituições como
as de ensino, as associações e as sociedades profissionais, o órgão sanitário e o CFF.
Constitui preocupação do CFF subsidiar o bom desempenho do farmacêutico nas suas diferentes
áreas de atuação. Em relação à prática clínica, está em fase de planejamento um programa de educa-
ção continuada e desenvolvimento profissional.
A instituição também desenvolve ações que visam à boa qualidade dos serviços clínicos
prestados pelo farmacêutico. Entre estas podem ser citadas a realização de cursos; a elaboração
dos guias de prática clínica; a reestruturação do Centro Brasileiro de Informação sobre
Medicamentos (Cebrim) - acesse migre.me/qCDtb; e parcerias para disponibilizar acesso dos
farmacêuticos ao Portal Farmacêutico Clínico (farmaceuticoclinico.com.br) e ao Portal Saúde
Baseada em Evidências, do Ministério da Saúde (aplicacao.periodicos.saude.gov.br).
Destacam-se, ainda, iniciativas e documentos de outros órgãos governamentais, que contribuem para
a boa qualidade da prescrição, como Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (migre.-
me/qCDNW); Cadernos da Atenção Básica (migre.me/qCEo7); Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (migre.me/qCFUf) e Formulário Terapêutico Nacional (migre.me/qCG4W).
Não. O farmacêutico poderá solicitar exames somente para a finalidade de avaliação dos resultados
da farmacoterapia do paciente, conforme o inciso XII do art. 7º da Resolução/CFF nº 585/2013. Não
está autorizada nesta resolução a solicitação de exames com finalidade diagnóstica.
15) Os planos de saúde vão aceitar a solicitação de exame laboratorial pelo farmacêutico?