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Disciplina Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica

Tema Introdução à Farmácia Clínica e à Atenção


Farmacêutica
Professor Joy G. Longhi

Tema 2: Intervenção farmacêutica


Segundo o Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica (2002), a
intervenção farmacêutica é:
um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário e aos
profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir problemas que
interferem ou podem interferir na farmacoterapia, sendo parte
integrante do processo de acompanhamento/seguimento
farmacoterapêutico.

A intervenção farmacêutica pode ser definida como um ato ou ações que


possam prevenir problemas com medicamentos e otimizar a terapia
medicamentosa para cada paciente, em cooperação com outros profissionais de
saúde (LOCATELLI, 2005).
Para que o farmacêutico possa intervir na prescrição médica, é necessário
que ele tenha uma noção básica de como interpretar estudos clínicos e de como
extrapolar os resultados dos mesmos para a prática clínica diária.
Frequentemente, a farmacoterapia está sujeita a mudanças em decorrência da
introdução de novos fármacos e de descobertas de novas indicações
terapêuticas (FERRACINI, 2005).
A intervenção farmacêutica deve ser feita com precisão e assertividade.
Para tal, o farmacêutico deve ter à sua disposição uma vasta fonte de consulta.
Para realizar a intervenção farmacêutica, o profissional de farmácia deve levar
em consideração fatores nos quais estejam incluídos conhecimentos científicos,
aspectos socioeconômicos e de qualidade de vida. Portanto a intervenção
farmacêutica deve possuir a integração entre a melhor evidência científica

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disponível na literatura, a experiência clínica e as preocupações e expectativas
do paciente (FERRACINI, 2005).
Dentro dos sistemas de saúde, o farmacêutico representa uma das últimas
oportunidades de identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à
terapêutica. A intervenção farmacêutica, ao reduzir o número de eventos
adversos, aumenta a qualidade assistencial e diminui custos hospitalares.
Contudo, apesar de se constatar, atualmente, a relevância das intervenções
farmacêuticas para o uso racional de medicamentos, há ainda carência de relatos
sobre estas atividades, sobretudo em grupos especiais de pacientes (exemplo:
grupos polimedicados como idosos e transplantados) (NUNES et al., 2008).
Benefícios significativos provenientes da documentação da intervenção
farmacêutica, como o aumento da segurança do medicamento e a redução de
custos, têm sido muito bem demonstrados na literatura sobre o assunto
(LOCATELLI, 2005).
Após a realização das intervenções, o acompanhamento dos desfechos
clínicos durante a monitorização terapêutica, faz-se necessária para mensuração
dos resultados reais das intervenções envolvendo terapias medicamentosas,
podendo ter características econômica (o custo), comportamentais (as
preferências do paciente) e sociais, ou fisiológicos e clínicos (valores
laboratoriais, sinais e sintomas) (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2004).
Saiba mais sobre a monitorização terapêutica, assistindo ao próximo vídeo
da professora.
(Vídeo 4 disponível no AVA)

Tema 3: Assistência farmacêutica


No Brasil, as atividades do farmacêutico estão inseridas na assistência
farmacêutica, um conceito cuja construção teve início no final dos anos 1980,
envolvendo todas as atividades relacionadas ao medicamento desde a pesquisa
e a produção até a dispensação de forma cíclica e integrada (ANGONESI;
SEVALHO, 2010).

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Segundo a Portaria n. 3.916, de 30 de outubro de 1998, a assistência
farmacêutica é conceituada como um grupo de atividades relacionadas com o
medicamento, destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma
comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada
uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a
segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e
avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre
medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do
paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos.
De acordo com essa definição, pode-se compreender que a assistência
farmacêutica é ampla, portanto a prática da atenção farmacêutica encontra-se
inserida no contexto da assistência farmacêutica. Essa visualização torna-se
mais evidente quando se observa o ciclo da assistência farmacêutica (PEREIRA;
FREITAS, 2008).
Para que a assistência farmacêutica seja de qualidade, além de recursos
disponíveis e planejamento adequado, devem-se seguir corretamente as etapas
do ciclo, tais como:

seleção dos medicamentos;

programação, aquisição, armazenagem, distribuição, prescrição,


dispensação e utilização dos medicamentos.

Dessa forma, pode-se evidenciar que a atenção farmacêutica está


presente na etapa final da assistência farmacêutica, ou seja, no momento da
dispensação e utilização dos medicamentos. Na análise conjuntural da
assistência farmacêutica, podem-se distinguir duas áreas imbricadas, porém
distintas:
a) tecnologia de gestão, que tem como objetivo central garantir o
abastecimento e o acesso aos medicamentos;

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b) tecnologia do uso do medicamento, cujo objetivo final é o uso correto
e
efetivo dos medicamentos.

A execução da segunda depende da primeira, uma vez que a


disponibilidade do medicamento é fruto da gestão (ARAÚJO; UETA; FREITAS,
2005).

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No vídeo a seguir, a professora vai falar sobre as atividades da assistência
farmacêutica. Não deixe de assistir!
(Vídeo 5 disponível no AVA)

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Referências
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2001.

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