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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

KATHLEEN CAVALCANTE FERREIRA


NATALIA MELLO ROCHA
AMANDA DOS SANTOS SEVERO
LUANA DA SILVA BEZERRA

Atuação do farmacêutico em Práticas Integrativas e Complementares

em Saúde

SÃO PAULO
2021
KATHLEEN CAVALCANTE FERREIRA
NATALIA MELLO ROCHA
AMANDA DOS SANTOS SEVERO
LUANA DA SILVA BEZERRA

Atuação do farmacêutico em Práticas Integrativas e Complementares

em Saúde

Monografia apresentada ao curso de Graduação em


Farmácia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como
requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em
farmácia.

Orientador(a): Prof(a). Viviani Milan Ferreira Rastelli

São Paulo
2021
ÍNDICE

RESUMO ....................................................................................................................................... 5

ABSTRACT ................................................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 7

OBJETIVO ..................................................................................................................................... 9

JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 9

METODOLOGIA ........................................................................................................................... 9

REFERÊNCIAL TEÓRICO .......................................................................................................... 10

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs).......................................................... 10


Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) ...................... 14
Os Benefícios do Uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde ............................ 15
O Farmacêutico Como Profissional Apto Para PICs .................................................................. 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 20


Atuação do farmacêutico em Práticas Integrativas e Complementares

em Saúde

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RESUMO

Devido as tendencias de cuidados de saúde, as Práticas Integrativas e Complementares (PICs)

foram implementadas pelo SUS em 2006, utilizando uma abordagem humanizada e integradora,

olhando o paciente como um todo. Assim, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares (PNPICs), foram regulamentadas 29 PICs e são amplamente ofertas a população

(MINISTERIO DA SAÚDE, 2015). Destas 29 PICs, quatros são reconhecidas e regulamentadas pelo

Conselho Federal de Farmácia e Conselhos Regionais de Farmácia como áreas de atuação do

farmacêutico, sendo estas a Homeopatia, Fitoterapia, Floralterapia e Acupuntura. Este trabalho tem

como objetivo explanar, por meio de revisões bibliográficas, a importância que o farmacêutico tem

na aplicação e sua atuação nas PICs. Entretanto, mediante as exposições de resoluções e artigos que

comprovam a eficácias de tais práticas, ainda há muitos desafios a serem vencidos. A falta de

profissionais farmacêuticos nesse ramo se dá pela falta de conhecimento e divulgação durante a

graduação (BRILHANTE,2019). Para sanar essa carência se faz necessária o incentivo e acesso a

informação dessas linhas terapêuticas para estudantes de farmácia desde a graduação e para pacientes

desde a atenção primaria a saúde.

Palavras-chave: Terapias Complementares, Padrões de Prática do Farmacêutico, Sistema Único de

Saúde

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ABSTRACT

Because the tendencies of health care, the Complementary Integrative Practices were

implemented by Unified Health System in 2006, using a human and integrative approach, looking the

patient as a whole. So, by means of Complementary Integrative Practices National Politic were

regulated 29 Complementary Integrative Practices, of which 4 are acknowledged and regulated by

Federal Pharmacy Council and Regional Pharmacy Council as business area for the pharmacist, it is

Homeopathy, Phytotherapy, Flower Essence Therapy and Acupuncture. This academic work has as

objective explain, by means of bibliographic reviews, the importance of the pharmacist on application

and actuation in these practices. However, through the exposure of resolutions and articles that prove

the efficacy of the practices, still has a lot of challenge to broken. A lack of pharmacist professions

in this business area is resulted of unfamiliarity during the graduation. To mitigate this deficiency is

necessary the incentive and the access to information these therapeutic orientation for pharmacy

students since graduation and for patients since the primary heath attention.

Keywords: Complementary Therapies, Pharmacists Practice Patterns, Unified Health System

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INTRODUÇÃO

Conforme a definição estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde não se

trata apenas da ausência de doença, mas caracteriza-se pelo bem-estar e harmonia das esferas sociais,

culturais, emocionais, mentais, físicas e espirituais de cada indivíduo. Nessa expectativa, a demanda

crescente por Práticas Integrativas e Complementares em saúde (PICs), pelos pacientes configura aos

profissionais da área da saúde uma grande área de atuação (FERRAZ, 2020).

As Práticas Integrativas e Complementares em saúde (PICs) são terapias que utilizam recursos

baseados em conhecimentos tradicionais, utilizando uma abordagem humanizada, olhando o paciente

como um todo, desta forma incentivando a promoção da saúde, prevenção de agravos, e recuperação

da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) foi introduzida no

Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, após a aprovação do Conselho Nacional de Saúde por meio

das portarias nº 971, de 3 de maio de 2006, e a portaria nº 1.600, de 17 de julho de 2006. Seus objetivos

assemelham-se aos fundamentos do SUS e implementam as práticas na rede pública de saúde. No

intuito de promoção da saúde com um cuidado humanizado, qualidade, eficiência e segurança dos

usuários a PNPIC busca determinar os insumos necessários para a aplicação de tais práticas. Por meio

desta política e suas portarias de atualização como a Portaria nº 702 de março de 2018, são

regulamentadas 29 práticas a serem implementadas pelo SUS que são: Arteterapia, Aromaterapia,

Ayurveda, Apiterapia, Bioenergética, Biodança, Cromaterapia, Constelação Familiar, Dança

Circular, Geoterapia, Homeopatia, Hipnoterapia, Imposição de mãos, Musicoterapia, Medicina

Tradicional chinesa – Acupuntura, Medicina antropófica aplicada à saúde, Meditação, Naturopatia,

Ozonioterapia, Osteopatia, Floralterapia, Fitoterapia, Quiropraxia, Reiki, Reflexoterapia, Shantala,

Termalismo social/crenoterapia, Terapia comunitária integrativa, Yoga (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2015).

A descentralização administrativa e participação da população dão aos estados e municípios

maior autonomia na definição de políticas e ações de saúde. Dessa forma, promovendo a


7
movimentação da comunidade, praticando o fortalecimento da ação comunitária, dividindo os

conhecimentos técnicos e sabedorias populares e determinando condições para a constituição de

estratégias das dificuldades em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Após a homologação da PNPIC, muitas resoluções atribuíram ao farmacêutico novos

horizontes de atuação com sua formação e conhecimento técnico-científico. Essas resoluções

regulamentam algumas das PICs como parte da profissão farmacêutica. A Resolução 516/2009,

atribui os aspectos técnicos aos farmacêuticos para o ofício da Acupuntura na Medicina Tradicional

Chinesa (CFF,2009). O Anexo I da Resolução 601/2014 sugere a atuação do farmacêutico na

homeopatia (CFF,2014). A Resolução 477/2008 atribui atuação na fitoterapia e correlatos, sendo

incumbido também pela manipulação farmacotécnica, produção industrial de fitoterápicos

(CFF,2008). E mais recentemente, o Conselho Federal de Farmácia, reconhece a floralterapia como

atribuição do farmacêutico (CFF,2015).

Estudos realizados comprovam a eficácia de PICs, quando usadas em conjunto ou como parte

de outra linha terapêutica. Colaborando para o aumento na qualidade de vida de pacientes que se

submetem a esse método de tratamento. Segundo o estudo realizado em 2018 por Dacal e Silva,

notou-se impactos positivos nos usuários nas esferas psicológica, física e emocional quando utilizadas

as práticas de Reiki e Reflexologia podal (DACAL, SILVA, 2018).

Outro estudo sugere a acupuntura como um tratamento para ansiedade de eficácia superior à

de medicamentos convencionais. Desta forma, promove aos pacientes equilíbrio físico, mental e

biológica (FRANCO, QUEIROZ, 2019).

A Universidade Federal de Sergipe (UFS), propôs um estudo baseado na observação e relatos

dos usuários das PICs. O qual foi possível observar que as PICs se apresentam como estratégia para

a elevação da qualidade de vida de seus usuários, proporcionando a estes, melhoria no processo saúde-

doença, diminuição dos agravos gerados por doenças crônicas e consumo de medicamentos

(MEDEIROS et. al, 2021).

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OBJETIVO

Com o exposto até aqui este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo mostrar e

explanar, por meio de revisões bibliográficas, o papel e importância do farmacêutico na aplicação e

atuação nas Práticas Integrativas e Complementares.

JUSTIFICATIVA

A ampliação do conceito de saúde, abordando o indivíduo como um ser munido das esferas

corpo, mente e social, traz uma demanda de cuidado em saúde que não contempla mais apenas os

sinais e sintomas biológicos. Consequentemente, a necessidade de padronizações e regularizações de

outras formas terapêuticas surge. Desta forma, a escolha do tema Práticas Integrativas e

Complementares justifica-se pelo exposto acima e pelo pouco conhecimento difundido durante a

graduação, descrevendo aos profissionais farmacêuticos métodos alternativos de tratamento dos

pacientes, com embasamento de leis do SUS, para ajudar na saúde do paciente, além dos

medicamentos, tratando corpo, alma e espírito. Serão listados diversos benefícios das PICs, como a

acupuntura para a ansiedade que age de forma superior a tratamentos convencionais e o Reiki no

tratamento do diabetes, ambas sem efeitos colaterais, provando o não usar as PICs como tratamento

significa prejudicar a qualidade de vida dos indivíduos por falta de conhecimento da área. Não apenas

o paciente se beneficia de tais práticas, como também, estas práticas, abrem portas para uma enorme

área de atuação profissional para o farmacêutico, ampliando seu leque de opções formando

profissionais capacitados para servir a sociedade. Mesmo que ainda haja grande resistência frente a

medicina moderna em consultórios médicos e preconceitos entre profissionais e até mesmo entre

pacientes.

METODOLOGIA

A metodologia aqui aplicada deriva de um levantamento bibliográfico utilizando os sites:

Google Acadêmico, Scielo e Pubmed. Todo o material levantado desses sites é datado de 2017 a

9
2021. Além disso, foram utilizadas como embasamento teórico, portarias e resoluções vigentes, ou

sua versão mais atual.

REFERÊNCIAL TEÓRICO

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs)

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) são formas terapêuticas que

utilizam de conhecimentos tradicionais e milenares focados na prevenção de agravos, promoção,

manutenção e recuperação de saúde, possuindo uma abordagem holística e mais humanizada

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), o Sistema

Único de Saúde (SUS), regulamenta 29 práticas que são fornecidas de forma gratuita na Atenção

Básica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

A Tabela 1 descreve PICs reconhecidas pelo SUS, segundo a PNPIC e sua atualização via

Portaria nº 702 de março de 2018.

Tabela 1: Práticas Integrativas e Complementares Regulamentadas Pelo SUS


Apiterapia Fundamenta-se na utilização de derivados de abelhas como: geleia real,

própolis, apitoxina, mel etc. A prática em si varia desde a introdução do

ferrão da abelha em lugares específicos do corpo ou aplicações

sublinguais, subcutâneas, injeções ou tópicas.

Aromaterapia Restringe-se ao uso premeditado de concentrados voláteis de vegetais,

óleos vegetais.

Arteterapia Terapia realizada através de expressões artísticas, visuais, sonoras,

teatrais e criações de personagens. Age colaborando para a melhoria do

estado mental dos pacientes, uma vez que é feita a análise do consciente

e inconsciente do indivíduo.

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Ayurveda De origem indiana, aborda que o corpo é composto pelos 5 elementos

(éter, ar, fogo, água e terra), desta forma controlando o organismo,

estados emocionais e quando estão em desequilíbrio podem induzir o

aparecimento de doenças. O tratamento utilizando essa prática é feito

através de cuidados dietéticos, técnicas de relaxamentos e massagens,

plantas medicinais e minerais.

Biodança Prática integradora e expressiva que utiliza de música, dança, canto e

atividade em grupo, visam promover o equilíbrio afetivo e renovação

orgânica.

Bioenergética Adota a psicoterapia corporal, a qual considera que o corpo expressa não

verbalmente o que sente através de simbolismos e sintomas. Dessa forma,

trabalha o emocional, por meio da verbalização, educação corporal e da

respiração, propondo uma interação homem-corpo-emoção-razão,

liberando as tensões corporais.

Constelação Familiar Elaborada Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão, essa defende o

inconsciente familiar e as leis básicas do relacionamento humano,

conseguindo levar um indivíduo a outro patamar de consciência em

relação aos problemas da vida, para que ele consiga se reorientar em

direção à cura e crescimento.

Cromaterapia Utiliza das cores do espectro visível para recompor o equilibro físico e

energético do corpo. Pode utilizar de contato, visualização e meditação.

Dança Circular Baseadas em dança de roda, canto e ritmo promove a interação humana,

bem-estar físico, social, emocional e mental.

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Geoterapia Terapia natural com argila, barro, lama, pedras e cristais. Promove o

equilíbrio físico e emocional através das propriedades químicas desses

elementos e dos diferentes tipos de energia.

Hipnoterapia Técnica realizada através de um intenso relaxamento, concentração e

foco que proporciona um alcance de consciência aumentado que permite

uma gama de condições ou comportamentos de medos, fobias, insônias,

depressão, angústia, estresse, dores crônicas.

Homeopatia Baseada no Princípio dos semelhantes e na experimentação no homem

sadio e a ultra diluição de medicamentos, que consiste no tratamento de

desencadear o sistema da cura natural do próprio corpo.

Imposição de mãos Prática que utiliza da meditação como canal de transferência de energia

vital transmitidas através das mãos, assim estabelecendo o equilíbrio do

campo energético humano.

Medicina antropófica Um misto de medicina moderna com conceitos da antroposofia,

aplicada à saúde realizando a avaliação através da trimembração, quadrimembração e

biografia. Nela acontece banhos terapêuticos, terapias físicas,

aconselhamento biográfico, quirofonética que elas resultam fatores que

sustentam a saúde e não o que causam as doenças.

Medicina Tradicional Prática que estimula os pontos espalhados pelo corpo, através de agulhas

chinesa - Acupuntura finas filiformes metálicas, para prevenir doenças ou o agravo de alguma.

Meditação Prática mental que através de culturas tradicionais treina o foco e atenção,

diminui e reorganiza o pensamento repetitivo, aumenta a capacidade de

observar e auxilia na regulação do corpo-mente-emoções.

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Musicoterapia Prática expressiva com música ou seus elementos, pode ser conduzida em

grupo ou individual.

Naturopatia Terapêutica realizada através de métodos e recursos naturais.

Osteopatia Consiste em técnicas manuais que auxiliam no tratamento de doenças,

nos ossos, músculos e articulações.

Ozonioterapia Aplicação de gases ozônio e oxigênio, por diversos meios de

administração, que promove a melhora de várias doenças.

Plantas medicinais - Plantas medicinais administradas por diversas vias ou forma que exercem

Fitoterapia a ação terapêutica, sendo necessário o uso racional, pois podem

apresentar interações, efeitos adversos e contraindicações.

Quiropraxia É a terapia dos tecidos moles e a manutenção articular, que propõe ajustes

na coluna vertebral e diversas partes do corpo. Corrige postura, alivia a

dor e favorece a capacidade natural do organismo à autocura.

Reflexoterapia Realizada através dos estímulos proporcionados no corpo, pés, mãos e

orelhas. Elimina toxinas, alivia dores e relaxa. Quando estimulado, a

homeostase é reativada.

Reiki Utiliza a imposição de mãos como um meio de canalização da energia

vital promovendo o equilíbrio, bem-estar físico e mental.

Shantala Consiste em massagens com movimentos que favorecem o vínculo

desses em crianças e bebês pelos pais. Alguns dos seus benefícios são a

ativação da circulação, harmoniza e equilibra o sistema imunológico,

respiratório, linfático e digestório.

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Terapia comunitária Terapia coletiva em locais abertos e que envolve os membros da

integrativa comunidade numa atividade de construção de redes sociais solidárias.

Instrumento de promoção da saúde e autonomia do cidadão.

Terapia de florais Utilização de essências derivadas de flores, que atua nos estados mentais

e emocionais.

Termalismo Compreende na utilização das diversas propriedades físicas e químicas

social/crenoterapia da água mineral. O tratamento está associado à composição química da

água à sua forma de aplicação e sua temperatura. Sendo de caráter

preventivo ou curativo.

Yoga: Terapia corporal e mental, que serve para controlar o corpo e mente,

junto à meditação. Trabalha os aspectos físico, emocional, mental,

espiritual, energético e fisiológico.

Fonte: Ministério da Saúde, Glossário de Práticas Integrativas e Complementares, 2015 e 2018

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC)

Homologada em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em

Saúde, tem como objetivo incorporar e implementar, contribuir com a resolutividade e ampliação,

promover a racionalização das ações de saúde e estimular a participação racional dos usuários das

PICs (MINISTERIO DA SAÚDE, 2015).

Devido a ótima aceitação e as comprovações de que as práticas traziam resultando nos

tratamentos dos pacientes, a PNPIC começou a aumentar e em 2017 houve a inclusão de mais

quatorze práticas: Ayurveda, Arteterapia, Dança circular, Biodança, Meditação, Naturopatia

Musicoterapia, Quiropraxia, Osteopatia, Reike, Reflexoterapia, Shantala, Yoga Terapia Comunitária.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Um ano depois, em 2018 houve uma nova inclusão com mais dez práticas integrativas e

complementares, sendo elas: Aromaterapia, Apiterapia, Bioenergética, Constelação Familiar,


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Geoterapia, Cromoterapia, Imposição das mãos, Hipnoterapia, Terapia dos florais e Ozonioterapia.

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

A PNPIC ainda estabelece toda a infraestrutura necessária para a execução das PICs, além de

insumos estratégicos que cada uma delas exige, sendo assim de compromisso, por parte dos órgãos

responsáveis selar pela continuidade dos devidos tratamentos, uso racionais de plantas medicinais,

florais, homeopáticos. Ainda estabelece a divulgação a profissionais da saúde, fortalecendo um

vínculo multidisciplinar, promovendo a educação continuada dos profissionais, avaliando eficácia,

efetividade e segurança dos cuidados e serviços prestados. Sendo estes, também fiscalizados pelo

órgão responsável, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

Os Benefícios do Uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde

As PICs corroboram para o aumento na qualidade de vida de pacientes que se submetem a

esse método de tratamento. Segundo o estudo realizado em 2018 por Dacal e Silva em um

Ambulatório de PICs de um centro especializado em diabetes na Bahia, sob as práticas de Reiki e

Reflexologia podal, notou-se impactos positivos nos usuários nas esferas psicológica, física e

emocional. Foram relatados pelos pacientes melhoras nas dores no corpo, no estado de estresse,

cansaço, ansiedade, insônia, inchaço, depressão, controle da pressão arterial, sintomas da menopausa

(DACAL, SILVA, 2018).

Outro estudo sugere a acupuntura como um tratamento para ansiedade de eficácia superior à

de medicamentos convencionais. Esse estudo realizado por Franco e Queiroz, faz um levantamento

bibliográfico sobre ansiedade e acupuntura compreendido dentre os anos de 1997 e 2018. Desta

forma, obtiveram um resultado satisfatório e puderam comprovar a eficácia da acupuntura no

tratamento de ansiedade. Essa prática promove aos pacientes equilíbrio físico, mental e biológica. A

acupuntura se mostra uma prática de fácil aplicabilidade, sem toxicidade e que não leva a

dependência, não possui contraindicações e é de baixo custo (FRANCO, QUEIROZ, 2019).

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A Universidade Federal de Sergipe (UFS), durante o desenvolvimento da Prática de Ensino

na Comunidade II (PEC II) de uma Unidade Básica de Saúde, propôs um estudo baseado na

observação e relatos dos usuários das PICs. O qual foi possível observar que as PICs se apresentam

como estratégia para a elevação da qualidade de vida de seus usuários, proporcionando a estes,

melhoria no processo saúde-doença, diminuição dos agravos gerados por doenças crônicas e consumo

de medicamentos. Em relação a práticas corporais como dança circular e automassagem, notou-se um

forte laço entre os participantes. Proporcionou maior autoconhecimento e movimentação corporal,

cuidado e respeito aos limites de cada participante. Relatos dos usuários mostraram que se sentiam

confortáveis e acolhidos e relataram melhora de pressão alta, depressão, dores, estreitamento de

vínculos e empoderamento (MEDEIROS et. al, 2021).

O Farmacêutico Como Profissional Apto Para PICs

A demanda crescente por porte dos pacientes e até mesmo por parte dos profissionais da área

da saúde faz a área de PICs um grande atrativo (FERRAZ, 2020). O farmacêutico enquanto

profissional da área da saúde, integrante de uma equipe multidisciplinar na atenção básica, não é

quem apenas controla, armazena e zela pela qualidade dos medicamentos, estando apto para exercer

as PICs, como parte de sua profissão, segundo algumas portarias e resoluções (BRILHANTE, 2019).

A Resolução 516/2009, atribui os aspectos técnicos aos farmacêuticos para o exercício da

Acupuntura na Medicina Tradicional Chinesa. Além disso, regulamentou-se que a Acupuntura

abrange mais práticas da MTC como moxabustão, auriculoterapia, aplicação de ventosas, sangria

superficial, eletroacupuntura, laseracupuntura, indicação assistida das fórmulas magistrais chinesas e

das ervas chinesas no contexto filosófico energético da medicina tradicional chinesa, e outras técnicas

que venham a serem inseridas e relacionadas (CFF,2009). O profissional que opta por essa prática,

segundo a nova Resolução 710/2021, é recomendado que possua curso de pós-graduação Lato Sensu

ou curso de especialização profissional reconhecido no Conselho Regional de Farmácia (CFF, 2021).

A peculiaridade da homeopatia e do medicamento homeopático sugere ao farmacêutico

atuação de acordo com Anexo I da Resolução 601/2014. O qual envolve toda a Assistência
16
Farmacêutica em seu planejamento e aquisição de matéria prima, até mesmo a conduta e

acompanhamento farmacêutico visando o bem-estar da terapêutica. Ressalta-se ainda, pela mesma

Resolução, que o Farmacêutico Homeopata deve possuir graduação superior com registro ativo no

CRF de sua região. Sua formação deve ser teórico-prática em homeopatia e/ou farmácia homeopática,

mediante a disciplinas especificas durante sua própria graduação ou por meio de cursos de

especialização ou ainda cursos de aprimoramentos que sejam reconhecidos pelo CFF (CFF, 2014).

Considerando o farmacêutico o profissional apto, munido de todo arsenal intelectual geral e

humano, capacitado criticamente e reflexivo, preparado para atuar em todos os níveis de saúde, a

Resolução 477/2008 atribui exclusividade do farmacêutico, com registro no CRF de sua jurisdição, a

atuação na fitoterapia, nas plantas medicinais e seus derivados: drogas vegetais, derivados de droga

vegetal, na manipulação farmacotécnica e na produção industrial de fitoterápicos (CFF,2008).

Visando aumentar a segurança do usuário, o CFF reconhece a floralterapia como área de

atuação do farmacêutico (CFF,2015). Para clinicar na floralterapia, é necessário que o farmacêutico

seja tenha pós-graduação de caráter lato sensu devidamente reconhecida pelo Ministério da Educação

(MEC) relacionado a esta área ou realizar cursos livres na área, cujas cargas horárias totalizem, no

mínimo, 180 horas (CFF,2015).

Em outras práticas, como é o caso da Aromaterapia, ainda há muita discussão sobre sua

atribuição como área de atuação para o farmacêutico. Segundo Lima (2020), o farmacêutico

aromaterapêuta pode agregar seus conhecimentos à aplicação clínica (Lima, 2020).

Segundo o Sindicato dos Terapeutas Alternativos do Paraná (SINTHALPAR), para ser um

profissional, sem necessidade de ser farmacêutico, que atua nas práticas de Apiterapia, Aromaterapia,

Biodança, Dança Circular, Geoterapia, Hipnoterapia, Imposição de Mãos, Meditação, Quiropraxia,

Reflexoterapia, Reiki, Shantala,Terapia Comunitária Integrativa e Ozonioterapia é necessário curso

de Formação Livre com carga horária mínima de 160 horas, com exceção de Terapia Comunitária

17
Integrativa que necessita uma carga horaria mínima de 240 horas e a Cromoteratia, onde o curso livre

ou a pos-graduação deve ter uma carga horaria de 160 a 380 horas (SINTHALPAR, 2021).

Para atuar nas práticas de Arteterapia, Bioenergética e Constelação Familiar são necessários

cursos livres ou pós-graduação com carga horaria que varie entre 160 e 360 horas. Em outras práticas

como ayurveda, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, termalismo social crenoterapia e medicina

antroposófica, o profissional deve ter, curso de extensão, pós-graduação, especialização com carga

horaria de no mínimo 360 horas. A Yoga, também faz parte das práticas com formação livre com

carga horária mínima de 500 horas (SINTHALPAR,2021).

Profissionais formados na área da saúde existe um curso de especialização que engloba todas

as PICs, menos apiterapia. (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - UNICAMP, 2021) e para

pessoas que não são formadas ou que queiram cursar apenas uma das PICs existem os cursos de livre

formação. (SINTHALPAR, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente a necessidade de formas terapêuticas holísticas, as quais visem o paciente como um ser

que se integra ao meio, surge uma demanda crescente pelas Práticas Integrativas e Complementares

(PICs) que foram implementadas no SUS através da Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares em 2006, sendo abertas a população em geral. Mediante ao exposto, as PICs

caracterizam, para o farmacêutico, uma grande área de atuação. Vale salientar que as resoluções

emitidas pelo CFF, atribuem como ramo de atuação do farmacêutico apenas as PICs Acupuntura,

Homeopatia, Fitoterapia e Floralterapia. Entretanto, a falta de material que comprovam

quantitativamente a atuação do farmacêutico nessas áreas impossibilita saber a dimensão dessa área

de atuação. Todavia, é sabido que sua atuação, como profissional da área da saúde, é regulamentada

mediante as resoluções e portarias expostas. A existência de discussões recentes e persistentes tendem

a mudar esse cenário.

18
Com base no trabalho de Brilhante (2019), que a falta de profissionais farmacêuticos no ramo

se dá devido à falta de conhecimento da área e a divulgação das PICs durante a graduação. Assim,

para mitigar essa carência se faz necessário que haja facilidade no acesso à informação por parte de

profissionais e pacientes engrossando a demanda na rede pública e privada e uma divulgação durante

a graduação. Sendo assim, necessária a implantação de conteúdos no nível universitário.

Em contrapartida, as demais PICs, são liberadas aos profissionais da área da saúde

necessitando capacitação conforme a prática exige. Geralmente, essas capacitações são feitas por

cursos livres ou de pós-graduação e podem não ser regulamentadas por um conselho regional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRILHANTE, A. C. M. Conheço, logo oriento: A importância da formação do

farmacêutico em práticas integrativas e complementares em saúde. 2019. 18f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) - Departamento de Farmácia, Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, 2019. Disponível em: http://monografias.ufrn.br/handle/123456789/9713.

Acesso em: 16 de mar. de 2021.

CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF nº 477/2008. Dispõe sobre as

atribuições do farmacêutico no âmbito das plantas medicinais e fitoterápicos e dá outras providências.

Diário Oficial da União: Brasília, DF, p. 751, 02 de jun. 2008. Disponível em:

https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/477.pdf. Acesso em: 25 de abr. 2021.

CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF nº 516/2009. Define os aspectos

técnicos do exercício da Acupuntura na Medicina Tradicional Chinesa como especialidade do

farmacêutico. Diário Oficial da União: n. 234, seção 1, Brasília, DF, p. 102/103, 8 de dez. 2009.

Disponível em: https://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes /516.pdf. Acesso em: 25 de abr.

2021.

CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF nº 601/2014. Dispõe sobre as

atribuições do farmacêutico no âmbito da homeopatia e dá outras providências. Diário Oficial da

União: n. 197, seção 1, Brasília, DF, p. 751, 13 de out. 2014. Disponível em:

https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=13/10/2014&jornal=1&pagina=751

. Acesso em: 25 de abr. 2021.

CFF - Conselho Federal de Farmácia. Resolução CFF nº 601/2015. Dispõe sobre as

atribuições clínicas do farmacêutico no âmbito da floralterapia, e dá outras providências. Diário

Oficial da União: n. 107, seção 1, Brasília, DF, p. 54, 09 de jun. 2015. Disponível em:

https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=54&data=09/06/2015.

Acesso em: 25 de abr. 2021.

20
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