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BRASÍLIA, DF
2020
ISABELLA SILVA DI JORGE PORTELLA VALDERRAMA
BRASÍLIA, DF
2020
Ficha catalográfica
CDD – 614.2
Agradeço à Anvisa pela oportunidade de participar dessa turma de mestrado que transformou
minha jornada profissional e pessoal.
Aos professores da FGV e ao meu orientador agradeço por todo aprendizado que me
proporcionaram, não apenas teóricos, mas sobre a real Administração Pública e seus bastidores.
Aos colegas da Anvisa que participaram das entrevistas, agradeço toda a disponibilidade.
Aos colegas da Gegad agradeço por todo o apoio e compreensão em minhas semanas de estudo
para que eu pudesse cursar esse mestrado.
Aos meus colegas de turma, agradeço toda a companhia nessa intensa jornada, nas alegrias, nos
desafios e apoio nos desabafos. Vocês são especiais.
À minha amiga Mary Anne, agradeço todo o apoio, e por ser luz quando precisei; aprendi muito
com você.
Ao meu marido, agradeço as revisões de meus trabalhos, por ser o ouvinte dos meus ensaios e,
principalmente, por me apoiar incondicionalmente em todas as minhas decisões e me dar forças
sempre que precisei.
Aos meus filhos amados, agradeço a compreensão da ausência da mamãe em vários momentos
de família, entendendo que logo eu estaria de volta.
À minha mãe agradeço por nunca perder a confiança em mim, e me estimular sempre que
precisei; ter você ao meu lado é fundamental.
Ao meu pai, agradeço seu amor que transcende a presença física terrena e, com certeza,
contribuiu para que pudesse chegar até aqui. Você sempre viverá em mim.
RESUMO
Purpose – This study analyzes the performance of border health surveillance, identifying
regional specificities, risks and difficulties related to its management and regulation. It also
presents a mapping of international policies and existing partnerships in the area and border
health control.
Design/Methodology - It is a descriptive, exploratory, case study type and used a qualitative
and quantitative method. The unit of analysis consisted of the work of National Health
Surveillance Agency (Anvisa), and the unit are the 15 border posts that have the possibility of
closing. The research was carried out from 10/2019 to 03/2020. The triangulation method was
used to collect, interpret and consolidate the data. So, the research was divided into three
techniques. In the first, documentary research, the main international agreements to which
Brazil is a signatory were analyzed. In the second, 16 semi-structured and virtual interviews
were conducted with civil servants, who work on the theme, where Ethnographic Design form
was used to understand more deeply the regional specificities in acting in frontiers. The third
technique used a questionnaire to collect quantitative data regarding local demands. Finally, an
analysis of the agreements was carried out highlighting those with a direct impact, a proposal
of two logical models was elaborated to complement the analysis of the performance of border
health surveillance, and, in addition, a word cloud that synthesizes the approach of this research.
Findings – Brazil is a signatory to 13 international agreements that mainly involve action on
border health surveillance. It was demonstrated that the current profile of the posts is not
adequate to the main results and objectives of the agency's mission, and presents structural and
organizational challenges that need to be faced in terms of public value to society, efficiency
and effectiveness. The logical models (south and north) outline two components - health
management and control - and show regional differences in health surveillance performance.
Research Limitations - The main limitation of the research is that it is based on the perceptions
of a portion of the servers and was carried out in a virtual way. Additionally, the proposed
logical models were not validated by the participants or by the Agency's management. Future
research can validate the models and expand the assessment of the effectiveness of border health
surveillance actions.
Practical Implications - From these results, organizations will be able to identify similar
challenges, not only in border locations, considering that structural problems, difficulty in the
relationship between the agencies and a decrease in the number of civil servants, are a reality
in a large part of public administration. Thus, they can use similar methods of evaluation or
adapt the solutions and strategies proposed in this case study for their organizations.
Social Implications - The analysis of the performance that was done, and the beginning of the
evaluation process through the definition of the logical models, can contribute to the learning
of the organization and to improve the results of the services delivered to society, thus
contributing to the reduction of the health risk to the population.
Originality - To our knowledge, this is the first study that relates the analysis of frontier
performance from a qualitative aspect through the experience and reality of its actors.
Keywords: Frontier; Health Surveillance; Public Value; Logical Model
Paper category: Master´s dissertation/ Case Study
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................. 13
1.2 RELEVÂNCIA DA PESQUISA ....................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 18
2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 24
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 24
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 24
3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 25
3.1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA ............................................................................................. 25
3.1.1 Sistema Nacional de Vigilância Sanitária .................................................................... 25
3.1.2 Agência Nacional de Vigilância Sanitária ................................................................... 27
3.1.3 Regulamento Sanitário Internacional............................................................................ 28
3.2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL ................................................................ 31
3.2.1 Gestão Pública no Brasil .............................................................................................. 31
3.2.2 Administração Gerencial .............................................................................................. 32
3.2.3 Eficácia e Eficiência ..................................................................................................... 35
3.2.4 Valor Público ................................................................................................................ 36
3.2.5 Gestão Pública Contemporânea ................................................................................... 38
3.3 FRONTEIRAS .................................................................................................................. 39
3.3.1 Desafios Arco Norte...................................................................................................... 39
3.3.2 Desafios Arco Sul.......................................................................................................... 40
4 METODOLOGIA.............................................................................................................. 41
4.1 PARTICIPANTES DO ESTUDO ..................................................................................... 43
4.2 PERÍODO DO ESTUDO .................................................................................................. 44
4.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS........................................ 44
4.3.1 Pesquisa Documental ................................................................................................... 45
4.3.2 Entrevista semiestruturada ........................................................................................... 45
4.3.3 Questionário ................................................................................................................. 47
4.4 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................... 47
4.4.1 Análise das Relações Internacionais ............................................................................ 47
4.4.2 Síntese dos Registros: perfil dos postos ........................................................................ 48
4.4.3 Nuvem de palavras: percepção geral ........................................................................... 49
4.4.4 Modelo Lógico: análise da atuação em fronteira ........................................................ 49
5 RESULTADOS ................................................................................................................. 52
5.1 ANÁLISE DOS ATOS INTERNACIONAIS POR PAÍS ................................................ 52
5.1.1 Argentina ...................................................................................................................... 54
5.1.2 Bolívia ........................................................................................................................... 55
5.1.3 Colômbia ....................................................................................................................... 56
5.1.4 Paraguai ....................................................................................................................... 58
5.1.5 Peru ............................................................................................................................... 60
5.1.6 Uruguai ......................................................................................................................... 62
5.1.7 Venezuela ...................................................................................................................... 64
5.1.8 Impactos Diretos ........................................................................................................... 67
5.2 PERFIL DOS POSTOS DE FRONTEIRA: PERCEPÇÕES GERAIS ............................. 68
5.2.1 Perfil Arco Norte .......................................................................................................... 70
5.2.1.1 Epitaciolância (AC) ...................................................................................................... 70
5.2.1.2 Assis Brasil (AC) .......................................................................................................... 71
5.2.1.3 Oiapoque (AP) .............................................................................................................. 71
5.2.1.4 Guajará-Mirim .............................................................................................................. 72
5.2.1.5 Pacaraima ...................................................................................................................... 73
5.2.1.6 Bonfim .......................................................................................................................... 75
5.2.2 Perfil Arco Sul .............................................................................................................. 76
5.2.2.1 Corumbá........................................................................................................................ 76
5.2.2.2 Ponta Porã ..................................................................................................................... 77
5.2.2.3 Guaíra............................................................................................................................ 78
5.2.2.4 São Borja....................................................................................................................... 79
5.2.2.5 Santana do Livramento ................................................................................................. 80
5.2.2.6 Uruguaiana .................................................................................................................... 81
5.2.2.7 Jaguarão ........................................................................................................................ 82
5.2.2.8 Chuí ............................................................................................................................... 83
5.2.2.9 Dionísio Cerqueira ........................................................................................................ 84
5.3 FORMULÁRIOS: ATIVIDADES DE DESTAQUE ........................................................ 85
5.4 AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO DE PAF – ARCO NORTE E ARCO SUL .................... 89
5.4.1 Modelo Lógico Arco Norte ........................................................................................... 89
5.4.1.1 Principais Considerações Arco Norte ........................................................................... 90
5.4.2 Modelo Lógico Arco Sul ............................................................................................... 91
5.4.2.1 Principais Considerações Arco Sul ............................................................................... 92
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 97
ANEXOS ................................................................................................................................ 104
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
1
Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/ibge-divulga-relacao-dos-
municipios-na-faixa-de-fronteira-do-brasil>.
14
O órgão federal é responsável por promover a proteção da saúde da população por meio
do controle sanitário, da saúde do viajante, da infraestrutura, dos meios de transporte, produtos
e empresas em portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados conforme a Orientação de
Serviço n° 46/20182. A OS 46 que aprovou as orientações relativas ao processo de inspeção
sanitária de infraestrutura e meios de transporte de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos
Alfandegados, e diretrizes para utilização do sistema de gerenciamento de risco para tomada de
decisão e monitoramento dessas atividades.
Compreendem aqui as ações de vigilância relativas ao controle da qualidade da água,
resíduos sólidos e líquidos, alimentos, animais transmissores de doenças, ambientes
climatizados e saúde do viajante. Ainda neste escopo, estão as atividades relacionadas ao
controle e fiscalização de bens e produtos importados sob vigilância sanitária, incluindo os
ambientes de armazenagem.
Conforme estudo realizado pelo Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento
(PNUD) sobre ações da Anvisa em PAF (BRASIL, 2016) tais ações realizadas atualmente em
portos, aeroportos, fronteiras mantém práticas adotadas no século passado. Assim, apesar de o
estudo avaliar a existência de avanços regulatórios nacionais e internacionais, identificou que
as ações ainda remontam aos controles de entrada e saída, entendidos como barreira sanitária,
pautados pela cobrança e verificação de documentos, mantendo desta forma, práticas cartoriais.
Além disso, ainda pautam sua ação pelo caráter de polícia de fronteiras, sem considerar as
diferentes categorias e níveis de risco, e não se inserem no contexto das ações de saúde de suas
regiões, estados e municípios. Assim, estudo do PNUD concluiu que, com tantas atribuições,
é fundamental um profundo conhecimento e a melhoria da gestão da vigilância sanitária em
2
Publicada no Boletim de Serviço n° 45 de 29/10/2018.
15
São poucos os estudos que abordam a atuação da vigilância sanitária em PAF, embora
seja sua função mais antiga, iniciada em 1809, com a abertura dos portos e a chegada da família
real portuguesa. Sebastião e Lucchese (2010) analisaram o processo de importação de
substâncias psicotrópicas e apontaram uma série de sugestões para auxiliar no avanço do
controle sanitário, incluindo a desburocratização das inspeções; a implementação de
procedimentos operacionais; a integração entre as áreas da Anvisa que fazem parte desse
controle; e um sistema de informação eficiente, “que possam embasar as tomadas de decisões
e o planejamento das ações, considerando a questão do risco sanitário envolvido em cada
operação e a respectiva necessidade de controle” em PAF (SEBASTIÃO e LUCCHESE, 2010)
Outro estudo buscou identificar os mecanismos e as ações para ajudar a harmonizar a
vigilância sanitária transfronteiriça e fornecer uma resposta oportuna e eficaz a eventos que
possam ameaçar a segurança internacional da saúde. Considerando as capacidades do Brasil,
Colômbia e Peru, Quirós et al (2011) analisaram a estrutura legal e administrativa; a capacidade
de detectar, avaliar e relatar situações de risco e a capacidade de investigar, intervir e comunicar
situações internacionais de risco à saúde. Constataram a necessidade de mais recursos para
gestão e ações coordenadas entre os três países, a fim de fortalecer a vigilância e o
monitoramento da saúde pública em suas áreas de fronteira.
Os portos, os aeroportos e as fronteiras representam uma área de grande relevância para
a saúde pública, pois são pontos de entrada por onde circulam pessoas, meios de transporte,
bens e produtos sujeitos a vigilância sanitária. Conforme Termo de Referência do Projeto
16
3
Documento interno disponível no Processo Eletrônico SEI25351.840230/2016-87
4
Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/281258/0/Relat%C3%B3rio+de+Gest%C3%A3o+2017/112b
4c90-9367-4e62-8016-dc54bfbbde32>.
17
Fonte: Aplan/Gadip/Anvisa
5
Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/281258/2941545/Relat%C3%B3rio+Gest%C3%A3o+2019_2
3jun2020/2472a197-f927-4c28-bfcc-2cb065e2d43d>.
18
1.3 JUSTIFICATIVA
6
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/postos-anvisa>.
7
Dados internos da GGPAF, disponíveis dentro da Agência por meio da Intranet.
19
8
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/regimento-interno>.
20
Fonte: GGPAF/ANVISA
• Médio prazo.
2ª Onda • Postos em localidades diferentes.
• Longo prazo.
3ª Onda • Postos em fronteiras.
Além disso, em relação à terceira onda, é importante destacar que foi definida como de
longo prazo pois possui maior complexidade. Além disso, percebeu-se que seria necessário um
mapeamento adequado das atividades realizadas nessas localidades para que pudesse ser
avaliado, com maior segurança, os impactos de seu fechamento. Nesse sentido identificou-se
que muitas questões relacionadas à gestão dos postos de fronteiras carecem de harmonização,
definição de diretriz nacional, legislação específica e infraestrutura adequada. Talvez estas
questões se devam, em parte, às características das diferentes regiões em que se encontram e
em relação à articulação com os países vizinhos.
Portanto, ficou evidente que seria imprescindível um estudo específico que analisasse e
maneira mais ampla este impacto, considerando, dentre outras coisas, o mapeamento e
entendimento das atividades realizadas, a existência de acordos internacionais existentes, bem
como questões referentes à estrutura e à distância.
Dessa maneira, esse estudo poderá auxiliar à implementação da 3ª onda do Projeto
Estratégico da Anvisa, fornecendo evidências para subsidiar a tomada de decisão em ao
fechamento dos postos da Anvisa (absorção das atividades em outra localidade) nas localidades
abaixo:
22
Figura 4 - Mapa com os pontos de entrada onde a Anvisa realiza o controle sanitário
Além disso, essa indefinição e pouca harmonização nas ações em fronteiras não afetam
apenas as ações de vigilância sanitária. Isso pode ser observado na atuação do Governo Federal
frente à crise decorrente do alto fluxo de imigrantes venezuelanos em Pacaraima – RR, onde os
órgãos responsáveis pelas ações de fronteira tiveram muita dificuldade em atuar rapidamente,
tendo em vista que não existia diagnóstico, harmonização de ações ou plano de contingência
para tal situação. Um fato que se pode observar foi a ocorrência de surto de Sarampo na região
em 2018, conforme informações da Agência Brasil (BRASIL, 2018a). Assim, a metodologia
aqui utilizada e os resultados observados, poderão ser utilizados por outros órgãos que
enfrentem desafios semelhantes.
24
2 OBJETIVOS
• Analisar as atividades realizadas pela vigilância sanitária nas áreas de fronteira do Brasil
e a viabilidade de sua absorção por outra localidade;
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Para melhor compreensão do referencial utilizado nesta pesquisa, foi elaborada a Figura
5, com destaque para três principais abordagens relacionadas à atuação da vigilância sanitária
nos pontos de fronteiras: administração pública, comércio exterior e marco regulatório.
Uma das principais inflexões no sistema de saúde brasileiro se deu com o movimento
da Reforma Sanitária, cujo ponto alto foi a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que
discutiu a saúde como direito e delineou seu futuro. Ao instituir o Sistema Único de Saúde
(SUS), a Lei 8080/1990 definiu as vigilâncias sanitária e epidemiológica e a saúde do
trabalhador (SETA et al., 2017).
26
De acordo com Lucchese (2001) a Visa (Vigilância Sanitária) caracteriza-se por ser uma
área de promoção e, sobretudo, de proteção à saúde, sendo que suas ações, que datam do século
cujas ações, realizadas desde o século XIX, mudam de forma a se adequar às alterações dos
modelos econômicos e com o desenvolvimento social.
Para regulamentar a estrutura e o funcionamento do SUS foi aprovada a Lei Orgânica
da Saúde – Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 – que dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, e a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes. Em seu Art. 6º, a Lei incluí no campo de atuação do SUS, a vigilância
epidemiológica, a vigilância sanitária, a saúde do trabalhador e a assistência terapêutica
integral, inclusive farmacêutica. Segundo Lucchese (2001), a essência da lei Orgânica permite
que se perceba e analise a vigilância sanitária sob o ponto de vista de um espaço de intervenção
do Estado, com a função de atuar no sentido de adequar o sistema produtivo de bens e serviços
de interesse sanitário, e os ambientes, às demandas sociais de saúde, para os indivíduos e para
a coletividade, e às necessidades do sistema de saúde.
Assim, em 1999, foi criado pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999 (BRASIL,1999),
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). O sistema, de acordo com Seta et al. (2017)
possui não apenas a função de regulação social como também deve exercer a função de zelar
pela qualidade dos bens e serviços ofertados à população brasileira de maneira a garantir o
direito fundamental à saúde. Segundo as autoras, o SNVS precisa, colocar-se ao lado do
interesse coletivo, já que se pressupõe haver um desequilíbrio entre a produção e o consumo de
bens e serviços de saúde, onde o lado mais frágil é o consumidor.
Nesse sentido, foi instituída em 2018 a Política Nacional de Vigilância em Saúde, por
meio da Resolução nº 588, de 12 de julho de 2018 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
2018a). Representa um documento norteador do planejamento das ações de vigilância em
saúde, com definições claras de responsabilidades, princípios, diretrizes e estratégias. Portanto,
ao analisar a atuação da Anvisa em seus postos de fronteira, é fundamental que esta esteja
alinhada também com essas diretrizes. A criação da política é resultado de propostas
apresentadas durante a 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, formuladas por
acadêmicos, especialistas, conselheiros de saúde, trabalhadores, usuários e gestores do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Nessa questão, cabe destacar conforme artigo da Resolução:
(...)
Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999 (BRASIL, 1999), a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no
Distrito Federal, e está presente em todo o território nacional por meio das coordenações de
portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. Tem por finalidade institucional
promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção
e consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes,
dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de
portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados (PAF).
De acordo conforme Alves e Peci (2011), a regulação realizada pela Anvisa é de impor-
tância para a estruturação do Sistema Único de Saúde, pois suas ações impactam no desenvol-
vimento de setores produtivos e na regulação das indústrias da área da saúde, atuando na
prevenção de riscos à saúde da população e na organização do mercado da saúde.
Importante destacar que a Lei não apenas criou a Agência, mas também definiu o
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Dessa maneira instituiu que é competência da
Agência o exercício da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, porém, assim
como a Política Nacional de Saúde, determina que essa atribuição pode ser suplementarmente
exercida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios.
Nesse sentido, conforme publicação do Conselho Nacional de Secretários de Saúde
(Conass), Para Entender o SUS (BRASIL,2007), durante o combate de doenças como a cólera
na década de 1980, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a Influenza Aviária, 2004,
28
foi necessário uma ação integrada entre os três componentes do Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária, Assim, da mesma forma considerando o Covid-19 atualmente, o Ministério da Saúde
elaborou Plano de Contingência para o controle e enfrentamento da doença, onde fica evidente
que para sua implementação é necessário que essa integração seja fortalecida e as atribuições e
responsabilidades de cada esfera de governo estejam bem definidas (BRASIL, 2020).
mensurada e restrita aos riscos, frente a um evento com potencial risco de disseminação. Assim,
ele preconiza a rápida notificação de eventos ou surtos, com uma compreensão do que pode
constituir-se em uma emergência de interesse à saúde estimulando a aplicação internacional dos
princípios epidemiológicos no sentido de:
9
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-
/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/anvisa-e-rfb-assinam-portaria-que-facilitara-
importacoes/219201?p_p_auth=oT3vpkgs&inheritRedirect=false>.
10
Disponível em: <https://concordia.itamaraty.gov.br>.
31
Assim, a reforma do Estado foi uma das principais promessas da Nova República.
Paralelamente tinham início os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, eleita em 1986
e instalada no começo de 1987. A Constituinte pretendia, com a nova Carta, refundar a
República. Porém, do ponto de vista da gestão, a Carta de 1988, no anseio de reduzir as
disparidades entre a administração central e a descentralizada, acabou por eliminar a
flexibilidade com que contava a administração indireta.
A junção de métodos e práticas administrativas utilizadas pela administração para o
alcance dos objetivos e metas estabelecidos pode ser definida como modelo de gestão pública.
Conforme acima, podemos classificar que, no Brasil, os modelos de gestão públicas utilizados
são o patrimonialista, burocrático e gerencial, sendo este último também denominado como
nova gestão pública. Essa evolução da gestão acima contextualizada traz luz a este estudo sobre
o processo contínuo de melhoria das práticas da gestão pública na busca melhores resultados.
Pereira (1996) defendia, dentre várias medidas propostas na Nova Gestão Pública, a
modernização, onde o aumento da eficiência da administração pública seria um resultado a
médio prazo de um complexo projeto de reforma. Nesse sentido, se fortaleceria a gestão pública
por meio de uma combinação da descentralização da administração, mas também através da
implantação de “agências autônomas” e de “organizações sociais” controladas por contratos de
gestão. Nestes termos, segundo o autor, a reforma proposta não poderia ser classificada como
centralizadora, como foi a de 1936, ou descentralizadora, como pretendeu ser a de 1967, e sim
fortalecer a competência administrativa do centro e a autonomia na execução, como o elo entre
os dois sistemas por meio de contratos de gestão.
Portanto podemos perceber que o Projeto que trata sobre o novo modelo de PAF, em
andamento na Anvisa, tem um caráter bem alinhado com a administração gerencial pois possui
como principal premissa a eficiência. Além disso, o Modelo propõe um nível intermediário de
gestão, por meio de uma regionalização, que será fortalecido e capacitado de maneira a permitir
que a execução das atividades da Agência em seus postos nos estados e municípios possam ser
realizadas com maior agilidade e autonomia, mas sem ser perder qualidade. Da mesma maneira,
é possível observar no dia a dia dos órgãos públicos, que não obstante os avanços persistentes
e os eventuais recuos, a administração pública se modernizou, ganhando em eficiência,
especialização técnica, moralidade, publicidade e transparência.
Porém, dentre as críticas a nova gestão pública, está a dificuldade e necessidade de
ajustes e adaptações de mecanismos e tecnologias gerenciais do setor privado, o qual tem
grandes diferenças em relação ao setor público em questão de objeto, cultura organizacional e
principalmente, papel institucional não podemos ter como foco apenas a eficiência e, por
consequência, também a redução de custos que no caso da Nova Administração previu um
enxugamento do estado.
Segundo Peters (1996), é necessário que se defenda o conceito tradicional de burocracia
pública e se reforce seu papel. O argumento básico é simples: se a falta de competência e de
capacidade de resposta do Estado foi uma das principais motivações das reformas, para
responder às críticas, líderes políticos precisam de melhores burocracias, o que remete à
necessidade de um serviço público relativamente estável e tecnicamente eficiente. Também, os
governos necessitam dos conhecimentos dos servidores públicos em muitas áreas pois são eles
que podem oferecer uma visão para além dos interesses políticos imediatos e resguardar os
interesses públicos e os valores intrínsecos das políticas estatais. Portanto, a eficiência não é o
único objetivo a ser alcançado, e nem um Estado esvaziado é capaz de maximizá-la.
34
Nesse sentido, Martins e Marini (2010) agrupam essas questões em relação às suas
dimensões:
• Dimensões do Esforço: Economicidade - obtenção e uso de recursos com o menor ônus
possível dentro dos requisitos e da quantidade exigidas pelo input
• Dimensões de Resultado: Eficiência - relação entre produtos/serviços gerados (outputs)
e os insumos empregados
• Dimensões de Resultado: Eficácia - produtos e serviços entregues ao usuário
(beneficiário direto dos produtos e serviços da organização).
Nesse sentido, de acordo com os ensinamentos da autora (DI PIETRO, 2017), a reforma
do Estado permitirá que seu núcleo estratégico tome decisões mais corretas e efetivas, e que
seus serviços operem muito eficientemente.
Os conceitos nesse sentido refletem que a eficiência demanda que a atividade
administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional, não se
contentando que seja desempenhada apenas com legalidade, mas também com resultados
positivos para o serviço público e atendendo satisfatoriamente as necessidades da comunidade.
É portanto, com esse objetivo, que foram idealizados institutos, como os contratos de gestão,
36
11
Este capítulo é uma atualização da obra “Um Governo Matricial® – Estruturas em Rede para Geração
de Resultados de Desenvolvimento”, apresentada por Caio Marini e Humberto Falcão Martins no IX
Congreso del CLAD de 2004, em Madrid, Espanha.
37
De acordo com Martins e Marini (2010) atual momento histórico pode ser descrito como
um desafio sobre o que é modernizar a gestão pública, transformando e consolidando em uma
democracia, uma burocracia que ainda apresenta traços patrimonialista. Assim, na opinião dos
autores, isso deve ser feito com a incorporação de tecnologias emergentes, para que se
fortaleçam as instituições estatais e contribuam para um estado democrático capaz de gerar
desenvolvimento. Fazer da forma devida, significa nesse sentido utilizar modelos e
instrumentos adequados.
Outro ponto destacado pelos autores, é que fazer corretamente também pressupões
processos adequados de transformação e a mobilização de atores chave, para aumentar seu
comprometimento com a mudança. Assim, em relação ao presente estudo, entende-se
necessário o envolvimento de servidores e gestores na análise realizada referente à atuação em
fronteira para que a transformação pretendida seja de fato adequada.
Ainda, de acordo com Yang (2016), seus estudos demonstraram que a identificação do
valor público necessita de uma estrutura que tenha as seguintes premissas:
38
O Estado pós moderno contemporâneo lida com condições contextuais complexas que
impõem desafios e perspectivas inusitadas. Dentre os fatores principais destaca-se para fins
desse estudo a crise da reforma do estado que, de acordo com Martins e Marini (2010), os
ajustes fiscais em decorrência e o choque de eficiência podem ter gerado relevantes efeitos
positivos em termos macroeconômicos mas gerou custos de oportunidade. Outro fator abordado
pelos autores foi em relação às emergências de problemas globais, relacionados ao clima a
segurança a saúde e a volatilidade dos mercados, que requerem intervenções integradas e ações
que vão muito além dos padrões usuais de gestão e políticas públicas. Nesse sentido:
Nesse sentido, a governança colaborativa defendida por Martins e Marini (2014) como
a arte de gerar valor público de forma conectada, ou seja, é uma governança em rede entre
instituições e entres estas e a sociedade. Segundo os autores “é um fenômeno irresistível porque
os indivíduos vivem numa sociedade em rede e fazem parte de um estado em rede, e são cada
vez mais partícipes da coprodução de políticas públicas”.
Dessa maneira, considerando a necessidade de uma administração que consiga atuar
com problemas complexos, como a vigilância sanitária em fronteira, é importante que se busque
uma nova forma de atuação, mas relacional e consensual entre os entes, com vistas à uma
atuação baseada em governança e que gere valor público para a população. Assim, nota-se que
a busca da Anvisa por atuação mais eficiente e eficaz em fronteira, passa pelo estabelecimento
de uma governança colaborativa em rede, seja com outros órgãos, com os estados ou
munícipios.
39
3.3 FRONTEIRAS
De acordo com o estudo Fronteiras do Brasil: uma avaliação do Arco Norte (2018),
existe uma Amazônia além da identificada pelas riquezas naturais e pela importância ambiental,
ou daquela noticiada pela crescente degradação de suas florestas. Segundo os pesquisadores, a
região é povoada por índios, ribeirinhos, pescadores artesanais, dentre outros, que habitam tanto
espaços urbanos quanto rurais. Portanto, qualquer ação no Arco Norte deve considerar seus
diversos atores e arranjos produtivos específicos, como uma forma de aprimorar os diferentes
projetos territoriais na construção de alternativas para a população.
Além disso, ainda de acordo com o referido estudo, se por um lado os indígenas
enriquecem a diversidade do Arco Norte, por outro, sofrem com a ausência de um tratamento
específico, que reconheça e interfira em sua condição de pobreza. A maior compreensão de
suas especificidades culturais facilitaria a mobilidade e a prestação de serviços essenciais, como
saúde e educação, ausentes devido ao isolamento das comunidades.
Outros desafios importantes, que dificultam à implementação de políticas públicas na
região norte, de acordo com a publicação, e que condizem com as informações coletadas na
presente pesquisa, são referentes à distância geográfica, comunicação e segurança. Nesse
sentido é importante destacar que, de acordo com a publicação Fronteiras do Brasil: uma
avaliação do arco Norte, a malha rodoviária é insuficiente e precária e a região possui
deficiência em equipamentos e formas de comunicação entre os órgãos que atuam nesta faixa.
Na questão da segurança, tanto a publicação como a pesquisa aqui realizada, apontaram a
existência de muitos problemas, nesse sentido, destacando-se a baixa interlocução entre os
órgãos de segurança na fronteira e o pouco intercâmbio e compartilhamento de informações de
inteligência para instituições de outras áreas, como de defesa e controle ambiental sanitário.
Portanto, de maneira geral, existe uma precariedade no controle e fiscalização no arco
Norte, além da rotatividade de recursos humanos nas instituições de controle, grande número
de itens ilícitos transnacionais (tráfico de pessoas, drogas, descaminho de mercadorias,
comércio “formiga”, veículos roubados, principalmente motos, e outras práticas ilícitas), o que
gera, um controle sanitário precário, pouco harmonizado , não garantindo a agilidade nos
processos de prevenção e disseminação de pragas e doenças.
40
De acordo com Pinto, Oliveira e Marguti (2018), o Arco Sul do Brasil é mais
densamente povoado e também possui maior número de municípios em razão da estrutura
produtiva local. Porém, ressaltam que os espaços de fronteira no Brasil são caracterizados,
muitas vezes, por aspectos que correspondem ao escasso povoamento e considerável
isolamento.
Nesse sentido, são apontados desafios semelhantes aos enfrentados no Arco Norte como
a questão geográfica, em razão das precárias condições de infraestrutura – que são, em linhas
gerais, questões comuns às regiões de fronteiras, que possuem maior vulnerabilidade em relação
aos munípios mais próximos dos grandes centros urbanos.
Porém, em contrapartida, de acordo com os autores, no estudo Fronteiras do Brasil: uma
avaliação de política pública (2018) foi avaliada a vulnerabilidade dos municípios de fronteiras
nos últimos 02 (dois) anos, tendo o Arco Sul apresentado o melhor desempenho no período.
Portanto, o Arco Sul, assim como o Arco Norte possui grandes desafios estruturais em razão
das características próprias das fronteiras, porém possui melhores índices de desenvolvimento
e menor vulnerabilidade que o Norte, não apenas por ter menor extensãoo, mas em razão do
desenvolvimento local em razão de sua estrutura produtiva existente.
41
4 METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa descritiva, exploratória do tipo estudo de caso, que utilizou uma
abordagem qualitativa, para melhor compreensão das questões estudadas.
A pesquisa descritiva “expõe características de determinada população ou de
determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua
natureza. Não tem compromisso em explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base
para tal explicação” (VERGARA, 2009), de maneira que os pesquisadores neste tipo de
investigação têm preocupação prática, como acontece com a pesquisa exploratória (GIL, 2008;
FREITAS e JABBOUR, 2011).
Os estudos exploratórios, segundo Selltiz (1975), são aqueles que possuem como
objetivo a descoberta de ideias e soluções, na tentativa de adquirir maior familiaridade como
fenômeno estudo. De acordo com Gil (2008), as pesquisas exploratórias podem ser realizadas
por meio de pesquisa bibliográfica, de entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema investigado, configurando as características típicas de um estudo de
caso. Yin (2015) destaca que as questões do tipo “como” e por que” são mais exploratórias e
possibilitam a aplicação do estudo de caso.
Neste sentido, o estudo de caso é uma “investigação empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real” (2005). Assim, embora
importado das Ciências Médicas, o estudo de caso tornou-se uma das principais modalidades
de análise das Ciências Sociais, segundo Becker (1999). Dessa maneira, sua prática vem sendo
adotada como uma estratégia de pesquisa científica, explorada no campo empresarial e também
governamental, para avaliação de projetos e políticas pois permite uma visão holística,
resultando em informações e análises que auxiliam a tomada de decisão.
que avalia múltiplas unidades de análise - 15 postos – porém em um único caso – a atuação da
Agência em fronteira.
Em relação ao seu formato, no método de estudo de caso não há uma ordem rigorosa
que deve ser obedecida no cumprimento das diversas etapas. Esta flexibilidade porém, de
acordo com Becker (1999), pode dificultar a esquematização do design do estudo mas, ao
mesmo tempo, pode ser útil na medida em que o pesquisador é forçado a lidar com fatos
inesperados e a redirecionar a pesquisa de forma a abarcar as múltiplas inter-relações dos
fenômenos específicos que observa. Segundo o autor, o estudo precisa desenvolver ao menos
as seguintes etapas:
• Preparação teórico metodológica.
• Seleção do caso.
• Coleta de dados.
• Análise dos dados.
Nesse sentido, esse estudo busca entender a relação institucional da Anvisa em fronteira,
por meio análise de parcerias, projetos e acordos vigentes e analisar as atividades realizadas em
seus postos de fronteira por meio da escuta de seus servidores em entrevistas semiestruturadas.
Além disso, a análise dos resultados terá como um de seus produtos a elaboração de uma
proposta de modelo lógico para cada um dos arcos norte e sul - como mapeamento e avaliação
inicial da atuação da Agência, além de análise dos principais desafios e estratégias no possível
fechamento dos postos.
Portanto, esse estudo de caso seguirá as etapas ilustradas na Figura 08, elaborada para
sintetizar e facilitar sua compreensão.
43
Ferrarezi et al. (2019), o design etnográfico é uma metodologia de pesquisa qualitativa utilizada
em processos de design e que pode ser aplicada em diferentes fases do ciclo de políticas
públicas. Porém, cabe reforçar que apenas o formulário foi utilizado para auxiliar na coleta e
análise dos dados, não sendo essa pesquisa um estudo etnográfico.
Assim, por meio de um conjunto de técnicas, obtém-se uma imersão em uma
determinada realidade, buscando-se uma ampliação do conhecimento e identificação de
oportunidades de inovação. Nesse sentido, é um combinação entre o design, abordagem que
combina métodos e ferramentas de diversas áreas com o objetivo de gerar ou transformar um
serviço ou produto; com a etnografia que, por sua vez, é uma metodologia de pesquisa
desenvolvida pela antropologia que auxilia o pesquisador a imergir numa sociedade para
entendê-la profundamente em sua cultura, comportamentos e relações sociais.
Cabe destacar que a motivação pela escolha desse formulário se deu pela possibilidade
de formulação geração de insights sobre determinado assunto. De acordo com a publicação de
Costa (2018), esses insights podem subsidiar o desenvolvimento de um projeto para melhorá-
lo. Assim, de acordo com Metello et al. (2018), buscam-se nesses casos insights criativos, e não
uma compreensão extensa, permitindo a obtenção de dados mais assertivos acerca dos
contextos analisados. Assim, o método prevê os seguintes passos no registro das entrevistas:
• Síntese dos registros.
• Geração de insights e observações.
• Destaque das principais citações dos entrevistados.
Em relação à condução das entrevistas utilizou-se um roteiro semiestruturado, de forma
a obter a maior quantidade possível de percepções e informações dos entrevistados. Essa
técnica, em que o entrevistador segue roteiro previamente elaborado, mas pode sofre alterações
de acordo com a evolução da entrevista e com a disponibilidade do entrevistado de aprofundar
ou evitar determinados tópicos (DUARTE, 2004; ALBERTI, 2004). Dessa maneira, os
entrevistados foram questionados sobre 07 perguntas abertas:
1. Quais atividades realizadas você considera mais relevantes em relação à missão da
Anvisa?
2.Quais as principais dificuldades enfrentadas por você e seus colegas que atuam em
fronteiras?
3. Você conhece quais são as ações, acordos, parcerias e atividades realizadas com os países
fronteiriços em sua localidade?
4.Como é a relação de trabalho e parceria com os outros órgãos federais, estaduais e
municipais em sua localidade?
47
5. Quais são os principais riscos que você percebe que pode ocorrer caso a Anvisa não
esteja presente de forma permanente no posto em que atua?
6. Quais as estratégias que poderiam ser adotadas para dirimir esses riscos?
7. Alguma outra sugestão?
4.3.3 Questionário
Foi elaborada uma consulta ao Itamaraty via e-SIC, registrada sob o protocolo número
09200001193201952 em 03/11/2019, questionando sobre quais acordos internacionais
existentes que tratam sobre a atuação em fronteira, incluindo comércio exterior, viajantes e
imigrantes, dentre os quais, o Brasil é signatário. Em resposta, o Itamaraty, por meio da Divisão
de Atos Internacionais informou apenas:
O Serviço de Informação ao Cidadão do Ministério das Relações
Exteriores agradece seu contato. Em atenção à sua solicitação de
acesso, esclarecemos que está disponível para consulta pública o acervo de
atos internacionais assinados pelo Brasil no seguinte sítio
eletrônico: https://concordia.itamaraty.gov.br/. Nesse endereço,
utilizando-se a ferramenta de pesquisa avançada, poderão ser acessados os
textos dos acordos, conforme seu interesse.
internacionais cadastrados. Nesse sentido foi realizada a coleta das informações, nos atos
apenas em vigor, conforme critérios de busca abaixo:
• Atos bilaterais com as palavras no título: fronteira, sanitária ou sanitário. Nessas
pesquisas nenhum resultado foi encontrado.
• Posteriormente, a pesquisa foi ampliada para atos do tipo trilaterais e multilaterais e a
busca de palavras no título “sanitária” ou “sanitário”, resultaram em 66 resultados,
porém com a palavra “fronteira” no título, não se obteve nenhum resultado.
• Como a pesquisa anterior ficou muito extensa e sem foco em fronteira, objeto desse
estudo, ficou restrito ao título “sanitária ou sanitário” - com a busca também das palavras
“fronteira” ou “Anvisa” no texto dos acordos. Retornaram 22 atos internacionais que
foram previamente selecionados para análise sobre sua relação com a missão da Anvisa
em sua atuação em fronteira.
Além da pesquisa realizada na ferramenta Concórdia, também foi feita pesquisa nos
portais da Anvisa e Ministério da Saúde, mais especificamente em suas páginas sobre relações
internacionais. Os atos foram compilados em uma planilha com suas principais informações.
Também, para facilitar a compreensão considerando a grande quantidade de atos com temas
diversos, porém transversais, relacionados à fronteira e vigilância sanitária, as análises foram
agrupadas por país e não por tipo de acordo.
Foram entrevistados 8 homens e 8 mulheres com idade entre 41 e 70 anos, sendo a faixa
etária média 53. O registro das 16 entrevistas foi realizado por meio de anotação em formulários
impressos Design Etnográfico – elaborado pelo GNova – Enap (anexo) e depois transcritos
utilizando-se o programa Microsoft Office Word 2007.
Os registros foram consolidados e sintetizados de acordo com as perguntas realizadas,
agrupados por posto, sem identificação dos participantes de maneira a garantir o anonimato.
Assim, as referências às entrevistas serão sempre numeradas como E1, E2, ..., E16. Importante
esclarecer, que foram entrevistados servidores, chefes de posto, coordenadores estaduais e/ou
regionais.
Em seguida, foi realizada a tabulação das informações mais relevantes dos
questionários, por meio do programa Office Excel2007, onde foram elaborados gráficos com
sobre quantitativo de demandas para complementar o mapeamento das atividades. Nesse
sentido
49
Becker (1999) estabelece que no estudo de caso, tendo decidido quais os aspectos devem
ser estudados na situação em questão, qual aparato teórico a ser utilizado, o pesquisador deverá
tratar os seus dados de forma a torná-los compatíveis com a análise estatística. Assim seleção
de eventos individuais a serem observados compreende um método especial de amostragem
que difere daqueles usados em estudos experimentais, ao qual chama de “quase estatística”.
A discussão dos resultados levantados, com objetivo de avaliar os desafios para a gestão
e regulação sanitária em PAF se dará por meio da elaboração de uma proposta de modelo lógico
da atuação da Anvisa em fronteira. Assim, na visão de Secchi (2014), a existência de
mecanismos de avaliação ou controle podem contribuir para uma comparação do problema e
das políticas públicas. Dessa maneira, uma avaliação da atuação em fronteira pode aumentar
significativamente a sensibilidade e percepção dos atores políticos em relação á política pública
de fronteira – no contexto da Vigilância Sanitária.
A cultura de avaliação no Brasil, apesar de importante, iniciou-se tardiamente em
comparação com outros países mais desenvolvidos. Porém, mesmo que com certo atraso, o
interesse do meio acadêmico e do governo federal tem aumentado. Nesse sentido, Jannuzzi et
al (2019) destacaram que existe um número crescente de pesquisadores, com diversas
12
Disponível em: <https://wordart.com/>.
50
5 RESULTADOS
Como descrito anteriormente, percebe-se pelos dados apresentados, e também pelos dados
coletados durante a pesquisa, que as demandas e o foco das fronteiras do chamado arco norte e
arco sul são diferentes. A primeira tem mais demandas referentes aos viajantes e a segunda
maior demanda relacionada à importação de cargas. Portanto, é de se esperar que possíveis
acordos internacionais formados junto a outros países também sejam temáticos.
Além disso, até o presente estudo, não existia na GGPAF a consolidação de informação
referente a esses acordos formalmente mapeadas. A ausência de tal diagnóstico poderia ser
considerada um dos obstáculos de se planejar uma atuação em fronteira mais proativa, eficiente
e eficaz.
Assim, inicialmente os atos aqui analisados e que possuem relação direta, ou indireta, com
a atuação da Agência, foram compilados na Planilha 01, com as principais informações.
5.1.1 Argentina
Além disso, durante as entrevistas, foi informada a existência de um Acordo entre Brasil e
Argentina referente ao CUV (Centro Unificado de Fronteira). O CUV é parte de um acordo
55
promulgado pelo Decreto 3.467 (BRASIL, 2000). O posto fica na Mercovia, que se trata de um
Consórcio integrado pelas empresas Impregilo International Infraestructures e Necon Argentina
e Jose J. Chediack S.A.I.C.A.
Importante atentar que esse acordo tem como foco a importação e não especifica a presença
da Anvisa de maneira permanente, porém, é importante que se o posto de São Borja for fechado,
o assunto seja previamente tratado junto ao Ministério de Relações Exteriores para que o lado
Argentino seja adequadamente avisado.
5.1.2 Bolívia
O acordo considera que os problemas de saúde são, em grande parte, comuns entre os
estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia - no Brasil – e também com os munípios
da Bolívia nessa região, como Santa Cruz. Então, de maneira a obter solução oportuna para
esses problemas, é importante aperfeiçoar a coordenar os atuais serviços de saúde entre os
países. Assim como no acordo do Paraguai os principais assuntos temas prioritários de saúde
tratados no acordo são:
• Erradicação da malária;
• Erradicação da varíola;
• Controle da febre amarela silvestre e vigilância contra a infestação pelo Aedes Aegypt;
• Hanseníase, tuberculose, as enfermidades venéreas e outras doenças transmissíveis que
necessitam de ação coordenada dos governos de ambos os países;
• Controle do uso de narcóticos e alucinógenos;
• Ação harmônica e conjunta dos dois países em função dos planos de desenvolvimento
econômico é social e sua correlação com o crescimento demográfico.
O acordo é então dividido em várias atividades que devem ser realizadas pelos dois
países, e estas são categorizadas por tipo doença. Percebe-se que, de maneira geral, as ações
56
que podem interferir nas atividades da Anvisa, em sua atuação em fronteira são mais
relacionadas a questão de avaliação epidemiológica por meio de notificação das doenças
complementando rede de informação.
Nesse sentido é importante destacar que nas ações relacionadas à febre amarela os dois
países se comprometem a intensificar a vacinação da população, combater a infestação do
mosquito e, principalmente, manter a vigilância epidemiológica nas áreas em que a febre
amarela seja endêmica. Neste caso, reforça a importância da notificação à autoridade sanitária,
conforme disposto no regulamento sanitário Internacional. Além da Febre Amarela, o acordo
define de maneira geral que, no caso de outras doenças transmissíveis, às duas partes devem
realizar estudos para unificar técnicas de controle, questão de competência do Ministério da
Saúde, assim como adotar um sistema mútuo de notificação obrigatória para notificação às
autoridades sanitárias das localidades questão essa que interfere diretamente na atividade da
Anvisa mas não necessariamente em sua presença nas localidades.
Um outro ponto importante de destacar é que na parte das disposições gerais do acordo
temos ações previstas relativas à permuta de normas, processos de trabalhos e informações,
além do intercâmbio de pessoas de diferentes atividades da saúde com vistas ao
aperfeiçoamento. Ainda, assim como presente em outros termos, observamos ações sobre
fomento à educação sanitária para facilitar a consecução dos objetivos assinalados. Outra
questão prevista no acordo refere-se a previsão de verbas adequadas à sua execução, inclusive
unindo esforços junto aos organismos sanitários internacionais, no sentido de obter ajuda para
os programas prioritários realizados em conjunto pelos países.
5.1.3 Colômbia
• Erradicação da malária;
• Erradicação da varíola;
• Controle da febre amarela silvestre e vigilância contra a infestação pelo Aedes Aegypt;
Da mesma maneira que os acordos de outros países firmados a época, entre 1971 – 1972,
o acordo tem suas atividades organizadas por tipo de doença a ser enfrentada. Dessa forma são
descritas as ações que devem ser realizadas conjuntamente. No que tange à atuação da Anvisa
em fronteira, podemos destacar as questões relacionadas à vigilância epidemiológica que
podem interferir nas atividades da Agência em sua atuação em fronteira, como no caso das
ações previstas no acordo relacionadas à notificação das doenças de forma a complementar a
rede de informação.
Nesse sentido é importante destacar nas ações relacionadas à febre amarela que os dois
países se comprometem a intensificar a vacinação da população, combater a infestação do
mosquito e, principalmente, manter a vigilância epidemiológica nas áreas em que a febre
amarela seja endêmica. Neste caso, reforça a importância da notificação à autoridade sanitária,
conforme disposto no regulamento sanitário Internacional. Além da Febre Amarela, o acordo
define de maneira geral que, no caso de outras doenças transmissíveis, às duas partes devem
realizar estudos para unificar técnicas de controle, questão de competência do Ministério da
Saúde, assim como adotar um sistema mútuo de notificação obrigatória para notificação às
autoridades sanitárias das localidades questão essa que interfere diretamente na atividade da
Anvisa como um todo, e não apenas ao posto de fronteira.
5.1.4 Paraguai
• Erradicação da malária;
• Erradicação da varíola;
• Controle da febre amarela silvestre e vigilância contra a infestação pelo Aedes Aegypt;
O acordo é então dividido em várias atividades que devem ser realizadas pelos dois
países, estas categorizadas por tipo de as ações que podem interferir nas atividades da Anvisa,
em sua atuação em fronteira são mais relacionadas a questão de avaliação epidemiológica por
meio de notificação das doenças complementando rede de informação.
Nesse sentido é importante destacar nas ações relacionadas à febre amarela que os dois
países se comprometem a intensificar a vacinação da população, combater a infestação do
59
• Promoção de ações conjuntas para a prevenção dos riscos e redução dos danos que
derivem de situações de emergências e catástrofes.
5.1.5 Peru
• Acordo Sanitário para o Meio Tropical entre o Governo da República Federativa do Brasil
e o Governo da República do Peru – 1966
61
Este acordo leva em consideração os problemas de saúde e a busca pelo bem-estar das
populações do meio tropical de ambos os países, considerando que essas são similares. Também
afirma que o resultado dos programas melhora substancialmente com aproveitamento da
experiência adquirida por ambos os países, sendo, portanto, importante e conveniente realizar
esforços conjuntos para potencializar o efeito das mencionadas experiências através de acordos
de cooperação Internacional. Assim, o acordo prevê a realização de um programa de cooperação
técnica entre Brasil e Peru em questões sanitárias que envolvam a formação de pessoal e a
pesquisa no campo da saúde nos ambientes tropicais. Nesse sentido o acordo versa muito mais
sobre alinhamento de diretrizes, apoio técnico entre os países, apoio na formação dos servidores
por meio de concessão de bolsas de estudo, intercâmbio de tecnologia e de publicações,
concessão de equipamentos e materiais. Portanto, por mais relevante que seja sob o ponto de
vista sanitário, o Acordo não interfere diretamente nas atividades realizadas pela Anvisa em
seus postos de fronteira.
• Atenção médica;
• Saneamento ambiental;
• Abastecimento de medicamentos;
• Alocação de equipes;
62
Importante ainda salientar que após 1991 não foram encontrados novos ajustes – o que
pode indicar um distanciamento entre os países nesta temática.
5.1.6 Uruguai
Dessa maneira mesmo que o acordo seja totalmente direcionado a Anvisa, não existe
em seu escopo ações diretas para a atuação em fronteira ou que, de alguma forma, contribuam
para a definição da atuação da Anvisa nessas localidades.
5.1.7 Venezuela
• Epidemiologia tropical;
• Patologia tropical;
• Ecologia tropical;
• Profilaxia e terapêutica;
• Recursos institucionais;
• Investigação.
Ainda, o acordo prevê que a cooperação se desenvolva por meio de assessoria técnica,
bolsas de estudo, além de intercâmbio de informações e equipes. Ainda, para sua condução será
designado um coordenador que poderá criar grupos de trabalho específicos. O acordo não
estabelece, portanto, atividades ou atribuições específicas para a Anvisa ou para a atuação em
fronteiras.
Dessa maneira mesmo que o acordo seja totalmente direcionado a Anvisa, não existe
em seu escopo ações diretas para a atuação em fronteira ou que, de alguma forma, contribuam
para a definição da atuação da Anvisa nessas localidades
66
Este Acordo se baseia no princípio universal de que não devem existir fronteiras, tanto
na obrigação dos Governos em relação ao cuidado da saúde dos povos, quanto ao direito de
seus cidadãos de receberem proteção sanitária. Assim, o Brasil e a Venezuela acordaram em
comprometerem-se a adotar medidas preventivas e de controle, em suas fronteiras, em relação
às doenças comuns nesses locais como: malária, tripanossomíase, febre amarela, oncocercose,
hanseníase, leishmaniose, doenças venéreas, tuberculose, hepatites e saneamento ambiental.
Diferentemente dos outros acordos analisados, este especifica a área de aplicação
geográfico à qual o Acordo se refere, sendo no Brasil:
• Roraima;
MRE. Essa medida é necessária para que não ocorram prejuízos à importação na
localidade.
• Pacaraima-RR: esse acordo prevê uma atuação do Brasil na questão sanitária em suas
fronteiras, especificamente no estado de Roraima, o que pode impactar diretamente nas
atividades da Agência nessa localidade, bem como a decisão de se manter, ou não postos
nessas localidades. Além disso, o município tem sido objeto de destaque internacional
em razão do grande número de imigrantes da Venezuela além de possuir uma atuação
direta do Exército denominada Operação Acolhida. Dessa maneira, assim como no caso
acima, uma decisão sobre seu fechamento deveria, necessariamente, envolver o MRE,
além de também ter que ser informado e avaliado junto à Presidência de República e
Exército.
Em relação aos desafios, a visão dos servidores demonstra uma necessidade de melhoria
em questões estruturais para a realização do trabalho, como a velocidade precária da Internet
(geralmente de baixa qualidade nessas localidades) e a questão de pessoas, em razão do baixo
quantitativo de servidores nos postos de fronteiras.
A caracterização dos postos de fronteira é importante para a compreensão das
especificidades de cada local. A seguir cada posto é caracterizado, de acordo com a percepção
e informações prestadas pelos participantes, considerando atividades realizadas, as
especificidades de cada local, principais desafios e soluções levantadas.
Além disso, considerando a metodologia do Design Etnográfico adotada neste estudo,
com o objetivo de buscar o conhecimento sobre os problemas públicos a partir da imersão na
experiência e realidade vivida pelos servidores da Anvisa nas fronteiras, é importante também
para essa análise qualitativa a captura de citações diretas. Portanto, além do perfil dos postos,
as principais citações seguem em destaque abaixo.
13
Disponível em: <http://www.eb.mil.br/operacao-agata>.
71
casos, ter que interditar outros órgãos federais, e atualmente a legislação nacional não abarcar
isso.
Em questões referentes à atuação da Anvisa em parceria na localidade foi informado
que são realizadas muitas reuniões por intermédio da embaixada (com a presença do Itamaraty)
entre a Anvisa e os outros órgãos anuentes brasileiros, com os órgãos públicos do lado
estrangeiro. Já em relação ao Brasil, informou que existe um bom relacionamento,
principalmente com o Mapa e Receita. Quanto ao trabalho conjunto “as vigilâncias, secretarias
e estado pedem o apoio da Anvisa nas campanhas” (E1).
Quando questionados sobre os riscos da extinção do posto, informou que seria
principalmente em relação à movimentação de viajantes na localidade, como os estudantes
brasileiros de medicina na Bolívia. Assim, caso o posto se torne apenas um ponto de atuação,
deixando de existir formalmente no Regimento Interno, segundo o entrevistado seria importante
estabelecer um convênio com o estado para que assumam os planos de contingência na
localidade – assim conseguiria diminuir o pânico mais rápido, uma falha atual segundo
informado. Além disso, segundo o entrevistado “com um plano você tem pelo menos um
caminho a seguir” (E1).
O Posto de Fronteira de Assis Brasil, está localizado na fronteira com o Peru. Porém,
em 2020 as duas servidoras que estavam na localidade foram transferidas para outras
localidades. Dessa maneira a Coordenação Regional e a Coordenação Estadual iniciaram as
tratativas necessárias para a transformação gradual do posto em ponto de atuação. A expectativa
é que nos próximos meses o Regimento Interno da Anvisa (BRASIL, 2019a) seja ajustado e o
posto seja formalmente extinto.
Assim, considerando que as atividades do posto já foram absorvidas na prática pela
CVPAF-AC, suas informações não serão mais objeto desse estudo.
5.2.1.4 Guajará-Mirim
dura cerca de seis horas. O posto está vinculado hierarquicamente à Coordenação Estadual de
Rondônia e à Coordenação Regional Norte.
Segundo entrevista, são realizadas atividades de abordagem de viajantes entre os dois
países e inspeção de carga e também, sempre que surgem eventos de saúde a Anvisa atua em
conjunto com os outros órgãos de saúde do município e com aqueles que atuam na fronteira.
Também foi informado que existe uma parceria informal com o Consulado Boliviano e outras
autoridades de saúde.
A principal dificuldade relatada foi em relação à velocidade do link de Internet na
localidade que é muito ruim e atrapalha o trabalho, “o ponto de internet não dá condições de
trabalho (E3).
Além disso a falta de recursos humanos na localidade para o caso de surgimento de
algum evento de saúde pública pode ser um risco futuro caso o posto seja fechado. Foi sugerido
que nesse caso, o risco sanitário deveria ser gerenciado por meio do planejamento da
organização, controle de recursos humanos e materiais.
Também relatou a ação conduzida pela Regional na mudança do posto de uma unidade
própria com muitos custos, para um prédio onde ficam outros órgãos – de maneira a reduzir os
custos de manutenção do posto.
5.2.1.5 Pacaraima
Foi apontado que falta legislação para atuação em fronteira como, por exemplo, para
ônibus de excursão que trazem diversos viajantes da Venezuela, “fica muito difícil fazer
qualquer coisa em fronteira sem uma legislação específica (E4) e “a maior dificuldade é se
entender o que é fronteira”(E4). Portanto o maior foco das atividades nesse ponto é a orientação
aos viajantes em questão. Porém, mesmo nesse caso foi relatada falta de material informativo
para distribuição, “há anos que eu solicito material informativo para trabalhar com essa
população (E4). Também foi relatada a dificuldade em relação ao número de servidores na
localidade bem como falta de apoio de Brasília de maneira mais construtiva – apoiando
tecnicamente. Ainda, foi informada a falta de capacitação para os servidores de nível médio em
vigilância epidemiológica, principalmente para que estejam aptos a identificar doenças
erradicadas no Brasil.
Nas questões relacionadas à interlocução com o país vizinho, foi dito que anteriormente
o Ainte – Assessoria de Assuntos Internacionais – possuía um papel importante junto ao MRE
– Ministério das Relações Exteriores, onde o Ainte representava inicialmente a Anvisa em
reuniões prévias sobre a fronteira e depois enviava a CVPAF-RR para a reunião local com o
governo da Venezuela. Nessas reuniões se definiam as parcerias e trabalhos conjuntos o que
contribuía para um aprendizado coletivo – por exemplo, sobre as normas dos outros países.
Porém, segundo entrevistado, nos últimos cinco anos isso não tem sido feito e, portanto, mesmo
existindo as reuniões binacionais a Anvisa não é comunicada e por isso não participa. Ainda,
os entrevistados informaram que desconhecem acordos ou parcerias formais estabelecidas entre
Brasil e Venezuela.
Localmente, foi relatado que existe um relacionamento muito bom entre da Anvisa com
os órgãos federais na localidade – Exército, Receita Federal, Agricultura e Polícia Federal,
sendo que todos trabalham em parceria. Já em relação ao governo estadual, foi relatado por um
dos entrevistados que o relacionamento e trabalho em conjunto era muito bom porém, no
momento (janeiro de 2020) o governo com sua gestão em período de transição e portanto ainda
não conhece, bem a atuação da Anvisa. Na esfera municipal também ocorreu recentemente
mudança na gestão e em decorrência da crise imigratória o relacionamento e ações em conjunto
ainda estão em adaptação.
Segundo percepção do entrevistado a atuação da Anvisa em fronteira não deve ser uma
barreira sanitária, mas sim uma atuação preventiva para poder agir caso algo ocorra. No caso,
como Pacaraima está passando por uma crise imigratória teria um risco o fechamento do posto
nesse momento. Assim, caso o posto deixe de existir formalmente, os riscos dessa decisão
(acima) podem ser mitigados, conforme sugerido na entrevista, por meio de uma maior
75
5.2.1.6 Bonfim
O posto localizado na Avenida Presidente Tancredo Neves s/nº - Bairro: Centro Cidade:
Bonfim/RR. O município faz fronteira com Lethem na Guiana. O posto está vinculado
hierarquicamente à Coordenação Estadual de Roraima e à Coordenação Regional Norte.
Segundo entrevistas, as principais ações de rotina realizadas no posto são a emissão do
Certificado Internacional de Vacinação (CIVP) presenciais, bem como orientação aos viajantes
– segundo informado pelos entrevistados. Nesse sentido “esse trabalho é muito importante para
o viajante” (E5) porém, “a emissão do CIVP nos últimos meses diminui muito”(E4).
Em relação às dificuldades “a internet né extremamente precária, por isso ainda não
emite o CIV digital”(E5). Além disso, segundo entrevista, as atividades de rotina como acessar
e-mails e assistir webinares também são prejudicadas em razão da baixa qualidade e velocidade
do sinal, “hoje a Internet é a nossa ferramenta de trabalho, sem ela não tem como”(E5).
Os entrevistados informaram desconhecer ações, acordos ou outras formas de parceria
em conjunto com a Guiana nos últimos anos. Já em relação à parceria com outros órgãos
federais na fronteira, mais especificamente com o Mapa e Receita Federal, informaram que
existe afinidade. Com o governo estadual, foi relatado por um dos entrevistados que o
relacionamento e trabalho em conjunto era muito bom, porém, no momento (janeiro de 2020)
o governo com sua gestão em período de transição e, portanto, ainda não conhece, bem a
atuação da Anvisa. Na esfera municipal foi informado que existe um bom relacionamento.
Foi relatado que ocorreu um aumento da quantidade de viajantes – mais especificamente
cubanos ao final de 2019. Segundo informado essa questão é em razão do impedimento de
entrada direta dos mesmos que, portanto, o fazem via Guiana. Também, como um possível fator
de risco ao fechamento do posto foi apresentada a existência de alguns pontos de alimentação
na localidade onde a realização de fiscalização sanitária é feita em parceria com o município,
76
assim como avaliação de resíduos sólidos e lixo e outras ações de infraestrutura, “tem uma
parceria com a prefeitura para manter o posto limpo, se a Anvisa não estiver vira uma
lixeira”(E5).
Porém, em contrapartida, parte dos entrevistados informou não perceber risco no
fechamento formal do posto e sua transformação em ponto de atuação pois estes poderiam ser
mitigados, segundo entrevista, por meio da aproximação e formalização de parcerias para ação
conjunta com a vigilância sanitária municipal.
5.2.2.1 Corumbá
O posto faz fronteira com a Bolívia, município Puerto Suarez. É uma fronteira muito
extensa e complexa em razão de ter também porto e aeroporto. Fica localizado no aeroporto,
juntamente com a equipe da Polícia Federal. Está vinculado hierarquicamente à Coordenação
Estadual do Mato Grosso do Sul e à Coordenação Regional Centro Oeste.
Segundo informado as principais atividades realizadas são as inspeções aeroportuárias,
controle de viajantes e emissão de CIVP. Existem parcerias como, por exemplo, na vigilância
sanitária da água, que é realizada pelo município e não pela Anvisa. Também existe trabalho
em conjunto entre a Agência, Receita e Polícia Federal e Mapa.
A principal dificuldade relatada foi em relação ao déficit de servidores, que devem atuar
em 03 pontos diferentes. Assim, foi informado que não conseguem fazer a atividade de
fiscalização dos ônibus de viajantes como no Posto de Ponta Porã na mesma Coordenação
Estadual.
Foi informado que não existe parceria formalizada na questão sanitária com a Bolívia,
apenas a realização de reuniões para tratar do livre comércio (importação) mas sem nenhuma
formalização. Já com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a Bolívia, existe
um acordo onde os veículos são parados e as pessoas passam pela Polícia Federal.
“Corumbá precisa de gente pois é uma fronteira que fica a 500 km (da sede) e é
complexo”(E6). Nesse sentido, a percepção do entrevistado o posto apresenta maior risco em
seu fechamento pois possui atuação também no porto e aeroporto. Além disso, é o único posto
no Brasil e emite CLP (Certificado de Longo Curso) na bacia do Rio Paraguai.
Outro ponto importante colocado foi que esta fronteira tem em média 150 viajantes
estrangeiros por dia, o que aumenta a necessidade de presença de servidores na Anvisa para
77
uma atuação mais efetiva. “Corumbá tem quase uma situação como Venezuela...média de 500
estrangeiros por dia” (E6). Por isso, segundo o entrevistado, é crucial a permanência de
servidores na localidade em razão do número de viajantes.
O PVPAF Ponta Porã está na fronteira com o Paraguai, município Pedro Juan Caballero.
É uma fronteira muito extensa e de difícil controle em razão e sua característica geográfica, “a
extensão é de mais de 15 km, fica muito difícil fazer o controle” (E6). O posto fica localizado
no aeroporto, juntamente com a equipe da Polícia Federal. Está vinculado hierarquicamente à
Coordenação Estadual do Mato Grosso do Sul e à Coordenação Regional Centro Oeste.
Segundo entrevistas, são realizadas diariamente atividades de controle de viajantes por
meio da fiscalização dos ônibus provenientes do Paraguai – pois o aeroporto de Ponta Porã não
possui voo internacional. De maneira geral são verificadas as condições de higiene, procedência
dos viajantes e orientação sanitária. Em média o posto fiscaliza um ônibus por dia que param
no aeroporto para avaliação dos órgãos em geral, como a Polícia Federal. Além disso, foi
relatado (antes do isolamento social) um aumento no número de CIVPs emitidos na localidade
desde o início do ano, passando de 50 para 80 certificados por mês. Além das atividades de
controle de viajantes, é feita a inspeção de infraestrutura do aeroporto, como controle de água
e análise de resíduos sólidos. Nesse sentido, “a demanda atual está maior no caso de CIVP em
razão dos alunos que fazem faculdade no Paraguai” (E7).
Foi informado também que, por ser uma fronteira aberta e longa o trabalho é mais
desafiador, “Ponta Porã é muito difícil fazer controle de cargas e entrada e saída de viajantes”
(E6). Portanto, não é possível controlar de fato a passagem de pedestres por exemplo, “se não
prestar atenção você entra no Paraguai sem perceber, é apenas uma rua” (E7). Além disso, outra
dificuldade apontada foi o reduzido quadro de servidores pois no momento o posto conta apenas
com uma pessoa que já possui mais de 65 anos.
Segundo entrevistas, é realizada bimestralmente a Reunião Bilateral de Controle
Integrado de Fronteira, nela é discutida, dentre outros assuntos, a realização de ações integradas
para os problemas que estão ocorrendo. A reunião é conduzida pela Receita. Em relação ao
relacionamento e parceria com os outros órgãos brasileiros, foi informado que diminuiu, porém
está sendo avaliada retomada da parceria com o município, em especial para as atividades de
controle de água e vetores no aeroporto. Porém, em razão do Covid-19 algumas ações ficaram
mais integradas em razão do estabelecimento das contingências para o seu enfrentamento, “hoje
78
a gente tá vendo uma consequência grande com o Covid-19, a gente deveria reativar a parte de
fronteira” (E6).
Um dos riscos apontados foi em relação à circulação de pessoas doentes, pois em razão
do SUS (Sistema Único de Saúde), “as pessoas do Paraguai buscam atendimento médico no
Brasil” (E7). Nesses casos, sempre que surge algum problema, como o caso de doença infeciosa
de notificação obrigatória, por exemplo, segundo o entrevistado, é o canal entre a Anvisa e os
outros órgãos que faz a diferença, “a Anvisa é sempre lembrada pelos outros órgãos...sempre
tem espaço para demanda do órgão” (E7).
Informaram ainda que, atualmente, a Agência participa do COE (Comitê de Operação
de Emergência) e, durante essas reuniões tem observado grandes mudanças na gestão no
município. Porém, no estado percebem que não ocorre um efetivo controle. Assim, a sugestão
foi que seja pensado em uma aproximação ou parceria da Coordenação Estadual com os
municípios fronteiriços. Além disso, também foi sugerida a realização de inspeções e
fiscalizações trimestrais.
5.2.2.3 Guaíra
O PVPAF Guaíra faz fronteira com o Paraguai, município Salto del Guirá. A travessia
se dá por balsa, média de seis por dia, com cerca de doze carretas cada. As carretas ficam por
volta de três dias no pátio aguardando a liberação documental das cargas. O porto onde a Anvisa
atua é banhado pelo Rio Paranazão, e fica cerca de 3 km de Mundo Novo (MS) onde o Brasil
também possui fronteira com Paraguai. Nesse caso, é importante ressaltar que as duas fronteiras
– Guaíra e Mundo Novo – estão a apenas 17 km de distância, o que permitiria uma atuação
integrada. Está vinculado hierarquicamente à Coordenação Regional Sul.
São realizadas, conforme informado nas entrevistas, atividades de inspeção de carga dos
caminhões que entram no porto por balsa. Além disso, verificam semanalmente os veículos
apreendidos no posto para evitar foco de dengue. Também são realizadas atividades voltadas
para a educação dos viajantes, caminhoneiros e população sobre assuntos como dengue,
vacinação da febre amarela, higiene pessoal e alimentícia, “a abordagem (educativa) com os
caminhoneiros nesse momento que estamos passando (pandemia) é de suma importância” (E8).
Na parte de infraestrutura dos meios de transporte, é realizada inspeção semanal nas balsas
(água, banheiro e ar condicionado).
Nas dificuldades relatadas, foi informada a existência de contrabando de armas,
munição, cigarro, medicamentos. Além disso, a fronteira de Mundo Novo (17 km de distância
79
do posto da Anvisa) possui maior tráfego de viajantes, porém, como a Anvisa está em outro
local isso, segundo um dos entrevistados, fragiliza a atuação da Agência. Outro ponto colocado
foi referente à ausência de legislação específica para fronteira que defina de maneira clara como
deve ser a atuação da Anvisa nessas localidades, “falta de uma legislação sanitária para definir
as diretrizes e a atuação da Anvisa nas fronteiras” (E9).
Nas relações com o país vizinho, segundo entrevista, a Anvisa é informada pela
vigilância sanitária do município e pelo Consulado do Paraguai sobre o que está ocorrendo no
país vizinho. Já com os outros órgãos, foi informado que o relacionamento entre eles na
localidade é muito bom, porém, muitas vezes essa relação é baseada em uma relação pessoal e
não institucionalizada formalmente, nesse sentido “conseguimos desenvolver as atividades em
parceria sempre que necessário, pudemos constatar agora nesse momento de pandemia”(E9).
No porto onde a Anvisa fica estão também a Receita Federal e o Mapa, sendo a prefeitura do
município a responsável pela administração do local também são realizadas reuniões conjuntas
entre os órgãos e as empresas de despachantes e donos das balsas.
Foi apontado como risco do fechamento do posto, um possível descontrole iminente em
razão do grande fluxo de viajantes pois os caminhoneiros frequentemente viajam com suas
famílias e ficam cerca de três dias no porto, pois “mesmo com o evento do Cornonavírus, o
fluxo continua” (E8).
O posto em São Borja faz fronteira com a Argentina – cidade de São Tomé – possuindo
localização física no país vizinho no CUF (Centro Unificado de Fronteira) juntamente com
outros órgãos: Receita Federal, Polícia Federal, Mapa e Senasa (Serviço Nacional de Segurança
e Qualidade Alimentar da Argentina). O CUF é parte de um acordo promulgado pelo Decreto
3.467 (Brasil, 2020). O posto fica, mais especificamente, na Mercovia, que se trata de um
Consórcio integrado pelas empresas Impregilo International Infraestructures e Necon Argentina
e Jose J. Chediack S.A.I.C.A. A área em concessão compreende desde os acessos
rodoviários BR 285 no Brasil e “Ruta” 14 na Argentina, a extensão da Ponte Internacional e o
Centro Unificado de Fronteira. O posto está vinculado hierarquicamente à Coordenação
Estadual do Rio Grande do Sul e à Coordenação Regional Sul.
Os entrevistados informaram que, anteriormente (antes da anuência remota), eram
realizadas atividades de inspeção de cargas importadas, em sua maioria de batatas congeladas
80
pré-fritas. Depois, na época da entrevista, a principal atividade de rotina era a emissão de CIVP
– cerca de 35 por mês.
Em relação às desvantagens foi sobre sua localização, é distante do município de São
Borja, e que existe pouco transporte público no local. Além disso, como a Anvisa compõe o
CUF – que fica na Argentina – não pode realizar a fiscalização da infraestrutura no local, “não
podemos atuar na fiscalização de infraestrutura em São Borja em razão do tratado” (E11). Dada
esta proximidade, a Agência participa de reuniões no CUF, as quais tratam sobre a entrada e
saída de caminhões na Mercovia e também sobre produtos que ficam aguardando liberação.
Importante também reforçar que o órgão equivalente à Anvisa (Senasa) fica no mesmo posto.
Ainda, foi relatado que em uma das reuniões bilaterais foi tratada a integração do trabalho dos
órgãos bem como as atualizações das atividades da Anvisa.
Em relação ao relacionamento institucional é bom entre os órgãos, mas que em
decorrência da diminuição das atividades no local não possuem mais atividades conjuntas desde
que pararam de realizar as análises das LIs no posto, “antes fazíamos inspeção conjunta com o
Mapa, mas não mais” (E10). Porém, como ficam no mesmo local existe um compartilhamento
de infraestrutura. No caso desse posto não existe nenhum custo para a Anvisa, até o telefone é
custeado pela administração da Mercovia.
Uma das preocupações relatadas em relação a um possível fechamento do posto seria
em relação aos produtos perecíveis, pois o número de inspeções das cargas que eram feitas em
média dez vezes ao dia caiu, atualmente “solicitam inspeção uma vez ao mês” (E10). Nesse
sentido uma das soluções levantadas seria a integração com outros órgãos tratados nas reuniões
bilaterais.
O posto faz fronteira com o Uruguai – município de Rivera e fica localizado no Porto
Seco Rodoviário, que é uma área integrada com a presença de: Transporte Uruguaio, Salut,
Mapa, Receita Federal e Emater. O posto fica exatamente na Divisa, cerca de 50 metros do solo
Uruguaio e 5 km do centro de Santana do Livramento. O posto está vinculado hierarquicamente
à Coordenação Estadual do Rio Grande do Sul e à Coordenação Regional Sul.
Segundo entrevistas a fiscalização de cargas de importação é realizada apenas quando
solicitada pelos anuentes (nível central), principalmente medicamentos. Porém, com a
centralização da análise houve a diminuição dessa atividade. Foi relatado também que o CIVP
é emitido na localidade (antes do Coronavírus) pois nenhum outro órgão do município o faz.
81
5.2.2.6 Uruguaiana
O PVPAF Uruguaina faz fronteira com a Argentina – município de Los Libres. Fica
localizado no porto seco do terminal de caminhões do município. Foi informado também que
a rede ferroviária está interditada há anos e o aeroporto é apenas nacional – mas com boa
estrutura sendo fácil de controlar. O posto está vinculado hierarquicamente à Coordenação
Estadual do Rio Grande do Sul e à Coordenação Regional Sul.
Foi relatado nas entrevistas que o posto não possui grande quantitativo de demandas,
dada a periodicidade de inspeção da parte de infraestrutura definida na OS 46 da Anvisa. Em
relação à inspeção de cargas foi informado que desde agosto de 2019 até meados de março de
2020, nenhuma inspeção havia sido demandada. Já quanto ao CIVP, enquanto ainda não estava
completamente digital, o número informado foi de menos de dez emissões mensais de acordo
com as informações prestadas.
Assim, foi sinalizado que com exceção da ocorrência do Novo Coronavírus, as
atividades existentes no posto não seriam relevantes para sua manutenção, pois “parte das
atividades (água, resíduos...) poderiam ser realizadas pelo município, estado ou uma equipe
volante” (E13). Porém, um contraponto colocado por um dos respondentes é que o posto de
82
Uruguaiana, diferentemente da maioria das fronteiras, possui maior complexidade por possuir
não apenas o porto seco como também ferrovia (atualmente interditada) e aeroporto.
Em complemento, foi sugerido que em relação ao pouco quantitativo de servidores
poderiam ser definidas equipes volante, que seriam mais técnicas e eficientes. Foi relatado
também que existe pouca capacitação para as equipes de fronteiras. Ao mesmo tempo, existem
muitas dúvidas relacionadas à parte de infraestrutura – como análise de água e de resíduos
sólidos. A principal razão referida foi a inexistência de legislação sanitária para fronteira
especificamente o que gera dúvidas, assim muitas vezes os servidores que atuam em fronteira
tentam adaptar a legislação de porto – o que não é o ideal.
Outro ponto colocado em uma das entrevistas, foi a dificuldade de se obter informações
sobre a situação de LIs que estão sendo analisadas pela equipe em teletrabalho da Gerência
Geral mas que a carga está no posto, “a maior dificuldade dos servidores é não conseguir dar
resposta aos questionamentos de importação” (E11). Isso é motivo de reclamações em diversas
reuniões. Além disso, foi relatado que a infraestrutura física do posto da Anvisa é muito ruim e
depende da administração do terminal para realizar melhorias e que a equipe da Anvisa local
precisa passar pela imigração para atuar no país vizinho.
Sobre o relacionamento com o país vizinho, os entrevistados desconhecem parceria ou
acordo em vigor destacando apenas a realização de reuniões dos países para tratarem de
diversos temas afeitos à fronteira – incluindo saúde. Da mesma maneira, foi informada a boa
relação entre os órgãos, porém as atividades não são realizadas em conjunto. O apoio ocorre
por meio do compartilhamento de informações como por exemplo no Confac (Comitê Nacional
de Facilitação do Comércio). Ainda, na questão de carga, são realizadas reuniões mensais do
Confac na fronteira - conduzidas pela Receita Federal e com a participação dos órgãos anuentes
e empresas despachantes.
Não foram relatados pelos entrevistados, com a exceção da ocorrência de eventos de
saúde pública como da atual pandemia do Coronavírus, riscos na localidade em razão do
fechamento do posto. Nesse sentido, foi reforçado que a criação de equipes técnicas volantes e
realização de inspeções periódicas e programadas por essas equipes seria útil.
5.2.2.7 Jaguarão
5.2.2.8 Chuí
O PVPAF Chuí está na fronteira do Brasil com o Uruguai – cidade de Chuy. O posto
está vinculado hierarquicamente à Coordenação Estadual do Rio Grande do Sul e à
Coordenação Regional Sul.
Segundo informado em entrevista, no local é grande a entrada de viajantes. Foi relatado
que o posto possuí uma peculiaridade, assim como Santana do Livramento, pois no país
fronteiriço (Uruguai) a Cannabis é liberada o que aumenta a solicitação de demandas da Anvisa
pela Receita Federal e também pela Polícia. Ainda em relação ao país vizinho e outros órgãos,
foi informado que desde a centralização da LI elas diminuíram.
84
fluxo que demande uma maior atuação, Pacaraima e Corumbá possuem maior destaque com
um total acima de 2500 pessoas.
Dionísio Cerqueira - SC
Uruguaiana - RS
Santana do Livramento - RS
Jaguarão - RS
Pacaraima - RR
Guajará Mirin - RO
Ponta Porã - MS
Corumbá - MS
Oiapoque - AP
Viajantes/mês CIVP/mês
350
300
250
200
150
100
50
0
Oiapoque - Corumbá - Ponta Porã - Guajará Pacaraima - Jaguarão - Santana do Uruguaiana Dionísio
AP MS MS Mirin - RO RR RS Livramento - RS Cerqueira -
- RS SC
Plano de Contingência
(0 - 50 - 100% implementado)
Dionísio Cerqueira - SC
Uruguaiana - RS
Santana do Livramento - RS
Jaguarão - RS
Pacaraima - RR
Guajará Mirin - RO
Ponta Porã - MS
Corumbá - MS
Oiapoque - AP
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Por fim, cabe esclarecer que as informações referentes à inspeção de carga não foram
apresentadas pois ficou evidente durante as entrevistas que seu quantitativo atualmente é muito
baixo em razão da centralização das análises das Lis – que atualmente é realizada por uma
equipe de servidores que trabalha remotamente e está vinculado hierarquicamente à sede em
Brasília e não aos postos aqui analisados.
89
Ficou evidente pelas informações coletadas que além da pouca demanda na maioria dos
postos da região, o risco da localidade é muito mais ligado ao contrabando de medicamentos –
tema da Polícia Federal – do que questões sanitárias. Além disso, foi informado que o posto
poderia ser absorvido por outro.
Dessa maneira, sob o ponto de vista da eficiência, considerando a relação de demanda,
risco sanitário e custos operacionais, a absorção dos postos pelas Coordenações Estaduais seria
uma decisão mais eficiente – considerando que, na maioria das vezes os deslocamentos podem
ser realizados com veículo institucional de maneira programada. Portanto, não existem
prejuízos no momento em relação à extinção formal dos postos considerando que os dados
estatísticos disponíveis não justificam a sua manutenção.
Porém, como relatado pelos entrevistados, é importante que os Planos de Contingência
com o município e estado, além dos outros fluxos de comunicação com os órgãos anuentes,
sejam elaborados e atualizados, para que a Anvisa possa atuar com rapidez sempre que
necessário, além do planeamento de inspeções periódicas. Ainda, importante buscar via
Assessoria Internacional maior aproximação, se possível, com os países vizinhos para que ser
estabeleça uma agenda comum na área de vigilância sanitária em fronteira.
Ainda, se a opção for a extinção formal dos postos pode ser avaliada a realocação dos
servidores em atividades de teletrabalho, para evitar que tenham mudança de domicílio – como
emissão de CIVP digital – e apoio às atividades de fiscalização do estado e, se possível, da
regional.
Por fim, é importante destacar que, diferentemente dos outros estados da região,
Roraima possui menção direta em um dos Acordos Internacionais do qual a Anvisa faz parte -
Acordo sobre Cooperação Sanitária Fronteiriça entre o Governo da República Federativa do
Brasil e Governo da República da Venezuela– 1982. Além disso, desde 2018 vem passando por
uma crise imigratória de venezuelanos, o que incorre em grandes riscos sanitários – como a
reentrada do Sarampo no Brasil. A Anvisa tem atuado no local intensamente inclusive com
forças tarefas permanentes a mais de um ano. Por isso, nesse momento, o Posto de Fronteira de
Pacaraima possui um risco maior em sua extinção, tanto epidemiológico como político.
91
Importante destacar que o controle de viajantes citado pelos entrevistados tem sido um
dos destaques nas redes sociais da Anvisa durante o enfrentamento do novo Coronavírus, em
especial no PVPAF Corumbá-MS. Dessa maneira, percebe-se que fronteiras onde existe grande
fluxo de viajantes e onde o controle pode ser de fato realizado, a presença da Anvisa pode ser
considerada uma ação estratégica para o país sob o ponto de vista epidemiológico. Dessa
maneira em postos com esse tipo de característica, é importante que os órgão não apenas
aduaneiros mas como voltados à área da saúde, avaliem o os possíveis impactos à população
caso considere sua extinção.
Com exceção de MS, que possui uma característica mais semelhante ao Arco Norte na
questão de viajantes, mas afinidade e agendas mais ligadas ao Arco Sul, o restante dos postos
de fronteiras – e que de fato compões a Região Sul do Brasil – possuem suas demandas mais
relacionadas à importação do que a questões epidemiológicas.
Assim, com exceção de São Borja em razão da existência de acordo internacional, os
postos de MS, PR, RS e SC possuem de maneira geral pouca demanda de importação além de
baixo risco sanitário nas questões epidemiológicas. Essa questão, aliada às dificuldades
apresentadas e estrutura pelos entrevistados, bem como ao custo de sua manutenção, indicam o
seu fechamento como a alternativa mais eficiente. Porém, como relatados essas atividades
precisam ser adequadamente absorvidas pelas Coordenações Estaduais ou Regional.
Nesse sentido, restaria basicamente a atividade de inspeção de carga como atividade que
necessita a presença do servidor na localidade. Porém, em razão das demandas e do baixo risco
relatado, a maior parte das ações poderia ser programada com antecedência e, quando não fosse
possível, na maioria das vezes o deslocamento poderia ser com veículo institucional.
Ainda, ficou evidente nas informações prestadas pelos servidores que o volume de
inspeções diminuiu muito após a centralização da análise das Lis e, portanto, considerando os
princípios de eficiência e economicidade, reforça a questão do remanejamento das atividades
para oura localidade como uma alternativa mais vantajosa e sem tanto impacto ao valor público
do serviço prestado.
Também é importante destacar os relatos que nos estados da região sul, a Anvisa é muito
demandada pelo Itamaraty em relação à sua atuação nas fronteiras e que, segundo um dos
entrevistados, deveria repensar em suas atividades pois os tratados e parcerias existentes sempre
priorizaram a importação – que no momento não é mais o foco desses postos pois a análise é
realizada por equipe subordinada à gerência geral e não mais nessas localidades.
93
Outro ponto relevante e característico das atividades no Arco Sul, é a questão da entrada
de controlados – em razão do preço mais baixo nos outros países – o que aumenta a quantidade
de demanda por parte da Receita e da PF. Porém, essas situações podem ser tratadas por meio
de definição de protocolos com esses órgãos e um estabelecimento de fluxo de comunicação
mais ágil com a Coordenação Estadual e, também, com a Gerência de Importação – retirando o
papel de resolução de dúvidas ou informações dos postos.
Por fim, um dos grandes desafios relatados seria sobre à readequação das equipes de
trabalho, tanto em relação aos servidores lotados nessas localidades, e que não tenham interesse
em remoção, mas que poderiam atuar nas atividades remotas já existentes na Gerência Geral,
tanto na análise de LI ou emissão de CIVP. Podem também compor dentro da regional equipes
volantes para atuação em fronteira como também em outras atividades. Nesse caso, é importante
que a Anvisa considere a elaboração de legislação específica para fronteira bem como um
programa de capacitação permanente, considerando a escassez relatada.
94
6 CONCLUSÃO
deslocamento aéreo, quando existente, demanda maior tempo e mais burocracia. Também
cumpre destacar que foram sugeridas parcerias com outros órgãos, como a vigilância sanitária
local por exemplo que, legalmente, como levantado nesse estudo, pode atuar de maneira
complementar nessas localidades.
Ademais, em relação à gestão de pessoas, é importante salientar que os
servidores demonstram um grande senso de valor em relação às atividades executadas,
considerando-as fundamentais à atuação da Agência. Porém, ao mesmo tempo, relataram
grande insatisfação em relação às questões estruturais existentes, principalmente em relação à
qualidade da Internet e reduzido quadro de servidores. Nessa questão, é preocupante o fato de
que muitos postos contam apenas com um servidor e, além disso, a maioria já possui idade para
aposentadoria. Também ficou evidente que existe uma insegurança em razão da carência de
capacitação, da ausência de legislação e orientações de serviços específicas para fronteira.
Nesse sentido, os próprios servidores sugeriram algumas medidas sob a governabilidade da
Agência, como a criação de orientações que direcionem com maior clareza a atuação, maior
oferta de capacitação e criação de equipes volantes de fiscalização com expertise em fronteira.
Além disso, os servidores de localidades com o posto extinto, e que não tenham interesse em
remoção, podem atuar em uma das atividades remotas existentes na área (CIVP ou LI).
Em relação às limitações do estudo, o principal fator foi a questão da distância e
necessidade de realização das entrevistas por meio de vídeo conferência, que possuem uma
interação menor do que a entrevista presencial. Ainda, em razão da baixa qualidade de sinal de
algumas localidades, o vídeo teve que ser substituído por telefone. Adicionalmente, os modelos
lógicos propostos não foram validados pelos participantes ou pela gestão da Agência.
Considerando que os estudos de caso não buscam a generalização de seus resultados,
mas sim a compreensão e interpretação mais profunda dos fatos e fenômenos específicos,
embora os achados dessa pesquisa não possam ser generalizados integralmente para outros
órgãos, os resultados obtidos podem possibilitar a disseminação do conhecimento, por meio de
possíveis generalizações ou proposições teóricas que podem surgir do estudo. (YIN, 2001).
Além disso, a possibilidade de surgimento de doenças, novas ou emergentes, é uma
realidade, como o enfrentamento atual do Covid-19, assim é importante o fortalecimento das
capacidades nacionais para não apenas detectar rapidamente esses eventos mas, principalmente,
poder responder de maneira mais rápida e efetiva para seu controle sanitário – principalmente
de maneira coordenada com outros países.
Portanto, pesquisas futuras podem validar os modelos aqui apresentados e ampliar a
avaliação da efetividade das ações de vigilância sanitária em fronteiras. Além disso,
96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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da regulação da Anvisa. Revista Saúde Publica, vol. 45, n. 4, p. 802-805, 2011.
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103
YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
104
ANEXOS
Estado (BR)
Município (BR)
Distância (km) à Sede
da CVPAF
País de fronteira
Província
Município fronteiriço
( ) PVPAF (estrutura formal) ( ) Posto de interveniência
Tipo de unidade
organizacional (informal)
Nº de pontos de atuação
sob responsabilidade do ( ) passagem terrestre de fronteira ( ) porto ( ) aeroporto (
PVPAF Obs.: Informar o
número entre parênteses ) EAD ( ) ferrovia
Nome do ponto de
interveniência/Município
Nº de viajantes
internacionais /mês
Nº de imigrantes/mês
Nº de transeuntes
vicinais/mês
Nº de meios de transporte
internacional de
passageiros regular/mês
105
Nº de meios de transporte
vicinal de passageiros
regular/mês
Inspeção de
( ) sim ( ) não
cargas/produtos
( ) sim ( ) não
Possui AFE de armazenagem para:
( ) Alimentos ( ) Cosméticos ( ) Saneantes
( ) Produtos para a saúde ( ) Medicamentos
( ) Medicamentos Controlados
Armazém alfandegado Empresa:
_ Telefone:
Inspeção de
( ) sim ( ) não
infraestrutura
Resíduos
sólidos/Limpeza e ( ) sim ( ) não Periodicidade:
desinfecção
Hotel, dormitório e
( ) sim ( ) não Periodicidade:
sala VIP
Inspeção de meios de
( ) sim ( ) não.
transporte coletivo
Transporte Terrestre
coletivo de passageiro ( ) sim ( ) não Periodicidade:
Nº em 2018:
Nº em 2019:
Observações
109
Sua participação nesta pesquisa consistirá em fornecer sua opinião referente a sete
perguntas abertas sobre a atuação da Anvisa no posto de fronteira em que trabalha por meio de
uma entrevista via SKYPE ou telefone. Para facilitar o tratamento dos dados na consecução do
trabalho final de pesquisa, as entrevistas poderão ser gravadas (em vídeo e/ou áudio). Caso você
não se sinta confortável ou não autorize a gravação de toda ou parte da entrevista, isso NÃO
inviabiliza sua participação, sendo necessário apenas informar essa escolha na resposta a esse
e-mail ou no momento da realização da entrevista.
Seus dados não serão divulgados e os resultados, baseados nas opiniões prestadas pelos
participantes, serão agrupadas em blocos de maneira a não permitir a identificação. As
informações sobre sexo e idade serão utilizadas para identificar o perfil dos respondentes mas
também de maneira geral e não individualizada.
Caso você concorde em participar desta pesquisa, por favor responda este e-mail
informando expressamente o entendimento dos termos deste documento e concordância da
participação. Você poderá tirar dúvidas sobre o projeto e sua participação a qualquer momento
através dos contatos indicados abaixo:
- Isabella.portella@anvisa.gov.br
- (61) 99111-5530.