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VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2019.2
ANA CAROLINA PESSOA BRAZ DE OLIVEIRA
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2019.2
ANA CAROLINA PESSOA BRAZ DE OLIVEIRA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado em sua forma final pelo
Colegiado do Curso de Direito da UESB, em _____ de 2020.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Prof.ª. Drª. Gabriela Andrade Fernandes
Orientadora
_________________________________________
Prof.ª Ma. XXX
_________________________________________
Prof.ª Esp. XXX
VITÓRIA DA CONQUISTA – BA
2019.1
Dedico a ti, meu pai, este trabalho de que tanto me
orgulho, para que se orgulhe de mim também, onde quer
que o senhor esteja.
AGRADECIMENTOS
É interessante perceber o espaço que uma graduação tem nas nossas vidas: é uma
trajetória de, no mínimo, cinco anos, para os discentes de Direito, nos quais se convive com
certa intensidade com colegas e professores. Nessa construção, é impossível não haver discentes
e docentes aos quais agradecer, e este é o momento de lembrar aqueles que fizeram o meu
caminho mais bonito, sendo impossível não começar com Gustavo, Isabella, Jhonata e Julle:
não há agradecimento no mundo que supra a honra de ter vocês em minhas vidas e o quanto
vocês me ajudaram no meu momento mais difícil.
À minha maravilhosa orientadora Gabriela, a quem admirei desde a primeira aula que
ministrou e que me acompanhou desde o início da construção do presente trabalho: eu já fiz
muitas escolhas acertadas nessa vida, uma das mais certeiras foi tê-la pedido para me orientar
nesta jornada. Querida professora, com a senhora eu aprendi coisas que vão muito além da
pesquisa, nunca conseguirei agradecer o suficiente o carinho, apoio, dedicação e oração que
permearam todo o processo.
À minha família, por sempre acreditar em mim e por terem exercido as melhores
influências e oferecido as melhores referências que eu poderia ter. Por terem feito parte de quem
sou, apoiando o meu desejo de fazer a diferença e de querer mudar o mundo à minha volta.
Agradecimento especial à minha mãe, Maria de Fátima, que sempre cuidou de mim com tanto
afinco e dedicação e que sempre tornou a minha vida imensamente mais fácil, seja pelo carinho
do convívio tranquilo e pelos cuidados diários, seja pela parceria em acreditar fielmente nos
meus projetos e pela compreensão que tinha nos meus dias difíceis. Saiba que eu agradeço todos
os dias pela sorte de ser sua filha. Agradecimento especial também à minha irmã, Analyz,
aquela que faz meus olhos brilharem toda vez que menciono o nome, por ser tudo o que é, do
jeito que é. Você é a minha maior referência, irmã, é impossível imaginar uma vida sem você.
Por fim, mas certamente não menos importante, agradeço a Deus e ao meu pai, que
agora se encontra juntinho Dele. Queria muito que o senhor participasse em matéria dessa
conquista, mas sei que está vibrando por mim e nunca me deixará esquecer que a vida, já dizia
Gonzaguinha, “é bonita e é bonita”.
RESUMO
The present work aims to investigate the application of the principle of efficiency in the Legal
Practice Nucleus of UESB from the perspective of the assisted and the student, analyzing the
reflexes of this performance in the access to Justice and in the learning and training of registered
interns. The research is based on a claim / participatory conception, that is, it contains an action
agenda for reform that intends to change and improve. It is a case study consistent in data
collection, having been used the transformative strategy, with a theoretical focus on the
principle of efficiency, from different methods for data collection and with a view to obtaining
results and printing changes discussed in this study. Regarding the pedagogical-social binomial
and, considering the purposes of the Nucleus, it was possible to identify two analytical
categories (teaching and legal assistance service) and the respective subcategories correlated to
them, namely: 1) regarding teaching: 1) capacity to attend to standards (regulation); 2)
inspection and evaluation; 3) Lower cost (time) versus benefit (learning); regarding the legal
assistance service, we highlight the following categories: 1) compliance with the rules
(regulation); 2) inspection and evaluation of results; 3) Lower cost (time) versus benefit
(resolution of demands). Based on the purposes of the Nucleus, the results showed that 85% of
the demands met are related to Family Law, with a predominance of Food Actions, with the
provision of the Internship Regulation not being met regarding the scope of the labor and
criminal areas in addition civil society, which has repercussions both in teaching and in access
to justice. There was also a lack of uniformity and clarity in the evaluation method and effective
control of demands, which are accompanied by excessively analogous internal processes and
without the adoption of existing technological tools for the optimization of work. This was
confirmed by the fact that 76.4% of the analyzed demands did not present an adequate progress.
It was also extracted from the research that there was no external control mechanism to enable
the evaluation of the results. However, through a satisfaction survey conducted with the
beneficiary, it was found that 42.9% of those contacted rated the service as excellent, followed
by 21.4% who rated it as good, 14.3% as terrible, and only 7, 1% each classified as regular, bad
or did not want to give an opinion. From the research mentioned, a pattern was noted: deficiency
in the communication between the nucleus and those assisted so that they were aware of the
progress of their demands. There was also a lack of productive means to promote the progress
of stagnant deeds in the Judiciary. Thus, based on the set of data collected and the analysis of
the results, some instruments of change were applied, later re-analyzed in this work, from which
we present the following suggestions: 1) the modernization of the internal control processes of
the Nucleus from the insertion of technological tools; 2) the reformulation of the teaching
methodology based on the creation of an agenda of specific activities for the interns for the due
progress of the demands added to the requirement of partial reports to monitor the progress
achieved; and 3) the creation of external control mechanisms to measure the results.
Keywords: Legal Practice Centers; Principle of efficiency; Learning; Access to justice; Control
mechanisms.
LISTA DE GRÁFICOS
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 16
1.1 Considerações gerais e o problema ............................................................................. 16
1.2 Percurso Teórico Metodológico ................................................................................... 17
1.2.1 Caracterização da pesquisa (ou Forma de abordagem da pesquisa/tipo de estudo) . 17
1.2.2 População e amostra ................................................................................................. 19
1.2.3 Instrumentos de coleta .............................................................................................. 19
1.2.4 Tratamento dos dados............................................................................................... 20
1.3 Estrutura da Monografia ............................................................................................. 21
2. O NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COMO FUNDAMENTO CURRICULAR NA
GRADUAÇÃO EM DIREITO ................................................................................................. 23
2.1 Da assistência judiciária gratuita e o acesso à justiça ............................................... 27
2.2 O projeto pedagógico do curso de direito da UESB e o regulamento do SAJU ...... 29
2.3. Do serviço de prática jurídica da UESB .................................................................... 32
3. O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA ......................................................................................... 37
3.1 Sistema de gestão de processos .................................................................................... 41
3.2 Indicadores de desempenho ......................................................................................... 43
3.3 O princípio da eficiência e o NPJ da UESB ................................................................ 44
4. DOS RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................................ 49
4.1 Pastas de processos ....................................................................................................... 49
4.2 Pastas provisórias ......................................................................................................... 52
4.3 Dos mecanismos implementados e das percepções .................................................... 55
4.4 Pesquisa de satisfação com serviço de assistência ...................................................... 57
4.5 Pesquisa de satisfação com o aprendizado.................................................................. 59
4.6 Síntese da análise dos resultados ................................................................................. 63
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 66
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 69
ANEXO A – Regulamento de Estágios constante do Projeto Pedagógico de 2011................. 73
ANEXO B - Ficha de Atendimento utilizada no início da pesquisa ........................................ 81
ANEXO C – Declaração de pobreza ........................................................................................ 82
ANEXO D – Procuração .......................................................................................................... 83
ANEXO E – Modelo de Relatório ............................................................................................ 84
ANEXO F - Nova ficha de atendimento .................................................................................. 86
ANEXO G - Cartão de informações ao assistido ..................................................................... 87
ANEXO H - Compilação de arquivos e informações úteis aos estagiários do SAJU.............. 88
ANEXO I - Captura de tela do Formulário do Google utilizado para inserção das demandas na
Lista de diligências .................................................................................................................. 89
16
1 INTRODUÇÃO
Para avaliar o grau de eficiência do SAJU é necessário considerar o seu duplo escopo,
aqui denominado de finalidade essencial e finalidade derivativa. Nesse sentido, buscou-se
analisar se o Serviço de Assistência Jurídica da UESB é eficiente: a) no que tange a sua
finalidade essencial de formação prática do graduando de Direito segundo as Diretrizes
curriculares do curso de graduação em Direito fixadas pela A Resolução 05/2018, emitida pela
Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE- MEC); e b) no
que concerne a sua finalidade derivada de serviço público de assistência jurídica integral e
gratuita, garantidor do direito constitucional de acesso à justiça.
Por ser a UESB uma autarquia estadual, esta pesquisa objetiva analisar a aplicação do
princípio constitucional da eficiência na prestação do Serviço de Assistência Jurídica da UESB,
especialmente no que tange às normas e orientações do regulamento inserido no projeto
pedagógico do curso de Direito, assim como, identificar quais recursos disponíveis à
Universidade podem ser implantados na melhoria do binômio pedagógico-social.
de Prática Jurídica da UESB, para posterior aplicação dos mecanismos de melhoria encontrados
em uma mostra de indivíduos e posterior apresentação dos resultados.
Inicialmente, a pesquisa de campo ocorreu por meio da análise das pastas dos
processos ativos de assistidos com a letra inicial “A” acompanhados pelo Núcleo de Prática
Jurídica da UESB até junho de 2019, bem como de todas as pastas provisórias até dezembro de
2019.
Posteriormente, a coleta dos dados foi realizada por meio de questionário criado na
plataforma Google Forms, na qual se respondeu, no caso dos processos ativos, aos campos: a)
número da pasta; b) nome e telefone do assistido; c) data do atendimento; d) número do
processo, tipo de ação e vara; e) data do último movimento processual e da última atualização
da pasta; e) se a pasta está devidamente atualizada; f) se houve tentativa de acordo; g) relatório
do processo; e h) diligência necessária.
No caso das pastas provisórias, nas quais só houve o atendimento inicial mas não foi
ajuizada a ação correspondente, foram respondidos os quesitos “a”, “b”, “c”, “d”, além de: e)
renda familiar declarada; f) bairro em que reside o assistido; g) informação de última tentativa
1
As pastas denominadas “Pastas de Processos” são aquelas nas quais o NPJ já atuou judicialmente e as provisórias
são aquelas nas quais só houve o atendimento inicial.
20
a hipótese foi confirmada. Por fim, são apresentadas as principais limitações da pesquisa e as
recomendações e sugestões envolvendo o problema em estudo.
23
Os Núcleos de Prática Jurídica (NPJ) são estruturas criadas para a execução do estágio
supervisionado do curso de Bacharelado em Direito, obrigatório na grade curricular. A Lei
8.906/94, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), previa que uma série de questões seria disciplinada por Regulamento Geral. Dentre os
itens disciplinados por regulamento encontra-se a criação e funcionamento dos Núcleos, em
caráter facultativo2, conforme redação do artigo 27, §1º.
2
BRASIL, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia
e da OAB. Dispõe sobre o Regulamento Geral previsto na Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994. Sala das Sessões,
Brasília, 16 de outubro e 6 de novembro de 1994. Disponível em
<https://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/regulamentogeral.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2019.
3
BRASIL. Ministro da Educação e do Desporto. Portaria nº 1.886. Fixa as diretrizes curriculares e o conteúdo
mínimo do curso jurídico. Murílio de Avellar Hingel. (30 de dez de 1994). Disponível em
<http://www.zumbidospalmares.edu.br/pdf/legislacao-ensino-juridico.pdf>. Acesso em: 06 jan. 2020.
4
Ibidem.
5
Ibidem.
24
indicando que as atividades deveriam ser executadas “sob o controle, orientação e avaliação do
núcleo de prática jurídica”6.
Além da resolução esmiuçada, importa apontar a Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que em seu inciso II do art. 43 estabelece
enquanto uma das finalidades da educação superior a formação de “diplomados nas diferentes
áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua” 7.
Esta resolução, por sua vez, foi revogada pela recente Resolução 05/2018 que, no que
tange a atuação dos Núcleos de Prática, revigorou a sua importância ressaltando a necessidade
6
Ibidem.
7
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 jan. 2020.
8
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE nº 776/97. Orienta para as diretrizes curriculares dos
cursos de graduação. Brasília-DF, Sala das Sessões, 03 de dezembro de 1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/superior/legisla_superior_parecer77697.pdf>. Acesso
em: 14 jan. 2020.
9
Ibidem.
10
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Superior. Resolução
CNE/CES n° 9. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito e dá outras
providências. Brasília, 29 de setembro de 2004. Disponível em: <
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:FwAwmhHu6NMJ:portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/
rces09_04.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 06 fev. 2020.
25
de harmonizar teoria com a prática. Foi mantida parcialmente a redação do antigo inciso IX,
§1º, do art. 2º da resolução revogada, atual inciso X, §1º, do art. 2º, que estabelece a necessidade
de elaboração de um projeto pedagógico para a organização de Cursos de Graduação em Direito
por instituição de ensino superior, devendo este abranger, dentre outros quesitos, a concepção
e composição das atividades de prática jurídica “suas diferentes formas e condições de
realização, bem como a forma de implantação e a estrutura do Núcleo de Prática Jurídica”11,
com alteração da expressão “estágio curricular”, que passou a ser “prática jurídica”.
11
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Superior. Resolução
CNE/CES n° 5. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito e dá outras
providências. Brasília, 18 de dezembro de 2018. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=104111-rces005-
18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 25 mar. 2020
12
Ibidem.
13
Ibidem.
14
Ibidem.
26
A resolução do Ministério da Educação prevê, também, não sendo esta uma novidade,
a possibilidade de que a prática seja exercida fora da Instituição de Ensino, desde que
coordenada pelo NPJ, nos moldes do art. 6º, §3º caput e incisos I, II e III.15
É notório que o Curso de Direito, apesar da densidade da carga dogmática, tem uma
finalidade prática, qual seja, a advocacia. Nesse sentido, o ambiente dos NPJs é essencial para
aliar a teoria ao empirismo. É a oportunidade ideal para aplicar os conhecimentos adquiridos
em sala de aula, o que pode se dar pela tentativa extrajudicial de resolução do conflito e,
também, pela via judicial, através dos peticionamentos e acompanhamento dos atos processuais
e de audiências. Em ambos os casos, o atendimento inicial ao assistido já se configura enquanto
ensinamento importante, uma vez que é necessário saber o que perguntar ao assistido bem como
explicar-lhe acerca do que acontecerá dali em diante.
É evidente o caráter educativo dos Núcleos de Prática Jurídica, uma vez que a extensa
e repetitiva legislação a respeito reforça esta finalidade originária. Inclusive, em muitas
ocasiões, são nestes recintos que ocorre o contato inicial do discente com questões práticas
durante a graduação do Bacharel em Direito. Contudo, não é tão evidente o caráter social dos
Núcleos que oferecem atendimento ao público, uma vez que, apesar de os atendimentos
normalmente se direcionarem à população mais necessitada, não há norma geral que aponte o
público alvo do atendimento. Em verdade, as atividades sequer precisam ser reais, podendo ser
simuladas e sem este tipo de atendimento, o que varia conforme o regulamento de cada
instituição.
Na UESB, por exemplo, o Regulamento de Estágios em seu §1º do art. 15 prevê que o
“atendimento no SAJU abrange as áreas cível, criminal e trabalhista e se destina à população
carente”. Isto, indiretamente, acaba por contribuir, também, para a formação dos discentes que,
a partir do acesso à realidade social vivenciada por pessoas hipossuficientes, agregam valores
humanos tanto à formação acadêmica quanto profissional do discente.
Assim, importa salientar, que o serviço oferecido pelos Núcleos de Prática Jurídica pode
ser o de assistência jurídica gratuita e, nesse sentido, é necessário relembrar que o acesso à
justiça é garantia constitucional àqueles dotados de insuficiência de recursos. Desse modo, o
15
Ibidem.
27
Núcleo de Prática Jurídica que presta este serviço pode ser entendido enquanto órgão revestido
de relevante função social na garantia do acesso à Justiça aos hipossuficientes.
A assistência jurídica integral e gratuita, por seu turno, é gênero do qual a espécie é a
assistência judiciária gratuita. Isto porque a assistência nesta modalidade abrange não somente
o patrocínio em processos, mas sim, para além da esfera judicial, o atendimento à demanda
apresentada da maneira mais célere e eficaz, garantindo, desse modo, o real acesso à justiça,
uma vez que a judicialização da demanda, em muitas ocasiões, não é a melhor opção, tendo em
vista a sobrecarga do Judiciário.
16
HUDLER, Daniel Jacomelli. A assistência jurídica em núcleos de prática jurídica e a possibilidade de
extensão de prerrogativas da defensoria pública. Imprenta: Belo Horizonte, Ciência Jurídica, 1987., pp.
Referência: v. 29, n. 185, p. 225–238, set/out 2015. Disponível em:
<https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:artigo.revista:2015;1001069692>. Acesso em:
10 dez. 2019.
17
Ibidem.
28
da Bahia (SAJU), que atua autonomamente por meio de seu respectivo Núcleo de Prática
Jurídica.
18
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República,
[2016]. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10 de
dez. de 2019.
19
Disponível em http://www.defensoria.ba.def.br/portal/index.php?site=1&modulo=eva_conteudo&co_cod=593
https://www.defensoria.sp.def.br/dpesp/Conteudos/Noticias/NoticiaMostra.aspx?idItem=2251&idModulo=5030.
Acesso em: 10 dez. 2019
29
Neste sentido, cumpre mencionar que também não há notícias a respeito da existência
de convênios nesses moldes nas Universidades das quatro maiores cidades da Bahia e, assim
sendo, os usuários atendidos pelos Núcleos o são sem intermédio da Defensoria Pública que,
apenas informalmente, encaminha assistidos em alguns casos.
O projeto pedagógico do curso de Direito da UESB, ainda vigente até hoje, data de 2011
e têm dentre as suas principais finalidades, em síntese, a formação acadêmica e sócio-cultural
de um profissional capacitado a atuar nas diversas áreas do direito de maneira atualizada, crítica,
20
IBGE – instituto brasileiro de geografia e estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das
condições de vida da população brasileira: 2019 / IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. -
Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-
catalogo?view=detalhes&id=2101678>. Acesso em: 09 fev 2020.
30
Consta do Projeto Pedagógico do curso de Direito da UESB que cada turma de aulas
teóricas é composta por quarenta alunos, sendo que nas atividades práticas, as turmas são
subdivididas, segundo os critérios definidos no Regulamento do Núcleo de Prática Jurídica,
contando o Estágio Supervisionado com carga horária de 300 horas e dez créditos. Nesse
sentido, consta do mencionado regulamento, no seu art. 15, §2º, que para fins de atendimento
no SAJU os alunos são divididos em no mínimo 3 e no máximo 5 estudantes. O regulamento
define, ainda, no §1º do mesmo artigo, que o atendimento no SAJU abrange as áreas cível,
criminal e trabalhista e se destina à população carente22.
Importa mencionar que o estágio supervisionado, tal como consta do projeto pedagógico
aprovado em 2011, inclui não somente as atividades exercidas no NPJ, mas também as visitas
orientadas e as atividades simuladas referentes ao laboratório de prática jurídica, conforme art.
12, caput, do Regulamento de Estágios23.
21
UESB. Regulamento de Estágios. Projeto Pedagógico do Curso de Direito. Vitória da Conquista: ano 2011.
Disponível em: <
https://drive.google.com/file/d/1bYt01bfTSPIjhWigSZ3CHvOmOj9W4RX4/view?usp=sharing>.
22
UESB. Regulamento de Estágios. Projeto Pedagógico do Curso de Direito. Vitória da Conquista: ano 2011.
Anexo A.
23
Ibibem.
31
Em 2018 foi apresentada uma nova proposta de projeto pedagógico para o curso de
Direito da UESB24, até então não aprovada, e no que tange o tema ora abordado não houve
muitas alterações, apenas algumas supressões. A finalidade do curso, nesta proposta,
permaneceu a mesma, destacando-se apenas o alargamento da abrangência em razão do
considerável aumento do campo de atuação da advocacia pública, por meio da criação de sedes
da Advocacia Geral da União e Defensoria Pública da União, do acréscimo de mais uma Vara
Federal da Subseção Judiciária de Vitória da Conquista, e da inauguração do novo Fórum
Sérgio Murilo Nápoli Lamego25.
24
UESB. Renovação de reconhecimento do curso de graduação em Direito. Vitória da Conquista: ano 2018.
Disponível em < https://drive.google.com/file/d/1ewU4VPu25aOTbIhJwwbqEDrxNhKQdlsF/view?usp=sharing
25
Ibidem.
26
Ibidem.
27
Ibidem.
32
Os assistidos são recebidos pelo recepcionista que os encaminha para atendimento com
um dos estagiários. No início da presente pesquisa, as informações relatadas pelo assistido eram
transcritas em uma ficha de atendimento impressa e, do mesmo modo, eram preenchidas
manualmente a procuração e a declaração de pobreza do assistido, conforme Anexos B, C e D.
Importa apontar que na ficha mencionada, inexistia espaço designado para a descrição
dos fatos relatados pela parte ou para a descrição dos contatos com ela feitos posteriormente ao
atendimento inicial. Concluído o atendimento, as informações e documentos fornecidos eram
28
UESB. Regulamento de Estágios. Renovação de reconhecimento do curso de graduação em Direito. Vitória da
Conquista: ano 2018. Anexo A.
29
Disponível em: <http://www2.uesb.br/departamentos/dcsa/nucleos-de-estudo/npj-nucleo-de-praticas-
juridicas/>. Acesso em: 21 nov 2019.
33
transformados em pastas individuais, que contavam com uma folha para que fosse relatado o
acompanhamento processual, mas que na prática, era utilizada com outras propostas, como, por
vezes, relatar os contatos feitos com o assistido.
No que tange à esfera trabalhista, há uma vedação ao NPJ de atuação nesta área
orientada pela OAB, e no que tange à esfera criminal, justifica-se em resguardar os discentes
de riscos.
Importa apontar, ainda, que demandas de Juizados Especiais também não são atendidas
pelo NPJ, devido à dificuldade do acompanhamento processual, posto que as movimentações
não são publicadas no Diário Oficial, sendo os advogados intimados dos atos processuais
individualmente via email, o que dificulta excessivamente o labor dos docentes, pois os
servidores da Secretaria não têm acesso a tais intimações.
No entanto, é impossível não notar, sendo o NPJ um ambiente educativo que se propõe
a garantir a formação do discente de direito sob as diversas facetas que este possui, que a
limitação dos atendimentos à área cível garante apenas um aprendizado prático nesta área e
deficiência nas demais.
30
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 45/2006. Consulta sobre delimitação da
Competência Funcional dos Conselhos de Classe e solicitação de declaração oficial em relação às normas emitidas
ilegalmente pelo Conselho Federal de Odontologia para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu. Brasília-DF, Sala
das Sessões, em 21 de fevereiro de 2006. Disponível em <
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces045_06.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2020.
31
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES nº 45/2006. Consulta sobre delimitação da
Competência Funcional dos Conselhos de Classe e solicitação de declaração oficial em relação às normas emitidas
ilegalmente pelo Conselho Federal de Odontologia para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu. Brasília-DF, Sala
das Sessões, em 21 de fevereiro de 2006. Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces045_06.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2020.
32
Ibidem.
33
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE nº 29/2007. Consulta relativa às Diretrizes
Curriculares Nacionais e à duração mínima e máxima dos cursos de graduação. Brasília-DF, Sala das Sessões, em
1º de fevereiro de 2007. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces029_07.pdf>. Acesso em:
19 abr. 2020.
35
No que tange à estrutura física do NPJ, no início da presente pesquisa, este contava com
uma sala de aula com oito computadores, local em que os alunos se dirigiam ao chegar nas
instalações do NPJ e ali permaneciam até serem encaminhados para atendimento em uma outra
sala sem nenhum computador.
Além disso, o NPJ possui duas salas para conciliações, sendo que apenas uma delas é
composta por uma mesa grande e cadeiras, porém sem computador, e na outra sala há uma mesa
pequena aparelhada com um computador.
Considerando que são quatro disciplinas de SAJU, uma para cada semestre, isto é, do
sétimo ao décimo, o método avaliativo se dá por meio da confecção de um relatório de
desempenho a ser apresentado ao professor orientador no final do semestre. Nesse sentido,
observa-se que o relatório, a ser feito pelos discentes para fins de avaliação de disciplina prática,
era de modelo livre, ou seja, não havia um padrão a se seguir para tal avaliação. Patente,
portanto, a inexistência de clareza no que tange ao método avaliativo usado para apreciar os
resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno para verificar a necessidade de
reprogramação/reorientação das atividades de Estágio conforme previsto na norma.
37
3 O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Existe uma relação intrínseca entre os princípios e, por este motivo, é importante defini-
los ainda que de modo resumido, a iniciar pelo princípio da legalidade, que segundo Leite,
configura-se como base matriz dos demais princípios, podendo ser compreendido como a
imposição a atuação estatal restrita ao que é previsto expressamente na lei, não havendo que se
falar em autonomia da vontade na esfera pública36.
34
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 26ª Edição, São Paulo: Editora Atlas. 2013/
35
LEITE, Rosimeire Ventura. O princípio da eficiência na Administração Pública. Revista de Direito
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 226, p. 251-264, out. 2001. ISSN 2238-5177.
36
Ibidem.
38
fim legal, sendo vedada atuação desprovida de interesse público ou de conveniência para a
Administração e que atenda meramente a interesses privados37.
Ainda conforme Leite, o princípio da moralidade indica o elemento ético que deve
existir na conduta do administrador, conforme os valores prevalentes na sociedade de cada
época, enquanto o princípio da publicidade pressupõe a ampla divulgação dos atos que
produzirão efeitos sobre terceiros, viabilizando o controle social, sendo este requisito de
eficácia do ato38. A seguir passaremos a estudar o princípio da eficiência.
Vale nota o fato de que o princípio da eficiência, foco do presente capítulo, foi inserido
no caput do artigo 37 pela Emenda Constitucional nº 19/1998, apesar de a maioria dos debates
doutrinários concluírem que já se tratava de um princípio presente implicitamente em outros
dispositivos, a título de exemplo citemos o art. 74, inciso II e seu parágrafo primeiro, ambos da
Constituição da República de 1988.
Nesse sentido, importa apontar, ainda, que a finalidade básica da Administração Pública
é a busca do bem comum, exercida através das atividades administrativa, legislativa e judiciária.
A primeira atividade engloba o governar, o gerir e o executar, sendo desempenhada, em regra,
pelo Executivo. Assim, a Emenda deu ênfase ao que era inerente à atividade administrativa,
37
Ibidem.
38
LEITE, Rosimeire Ventura. O princípio da eficiência na Administração Pública. Revista de Direito
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 226, p. 251-264, out. 2001. ISSN 2238-5177.
39
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 25ª edição. Editora
Gen: São Paulo, 2017.
39
uma vez que, considerada a finalidade a que está vinculada a Administração pressupõe-se que
esta deva ser eficiente.
Além disso, o Decreto Lei n. 200/67, que dispõe sobre a organização da Administração
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa no Âmbito Federal, prevê a
avaliação de resultados da atuação do Poder Executivo e faz referências diretas à eficiência,
conforme salienta artigos do referido decreto, abaixo transcritos:
40
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República,
[2016]. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10
dez. 2019.
41
BRASIL. Decreto-lei nº 200 de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal,
estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Brasília, 25 de fevereiro de 1967.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm>. Acesso em: 02 mar. 2019.
40
42
MODESTO, Paulo. Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Revista do Serviço Público. Brasília,
v. 51, n. 2, p. p. 105-119, 24 fev. 2014.
43
LEITE, Rosimeire Ventura. O princípio da eficiência na Administração Pública. Revista de Direito
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 226, p. 251-264, out. 2001.
41
44
MODESTO, Paulo Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Revista do Serviço Público, Brasília,
v. 51, n. 2, p. p. 105-119, 24 fev. 2014.
45
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Guia de Referência do Sistema de Planejamento e Gestão do
Tribunal de Contas da União – TCU. Brasília: TCU, SEPLAN, 2008. Disponível em: <
https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24F0A728E014F0ACD7CB21B66.>
. Acesso em: 20 mar. 2020.
42
para recebimento de reclamações ou sugestões. É o que se extrai do art. 37, §3º, caput e seus
incisos, todos da CR/88, senão vejamos:
46
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República,
[2016]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10
dez. 2019.
43
Desse modo, se conclui que não há que se falar em princípio da eficiência desvinculada
da produtividade. Esta, por sua vez não pode sequer ser mensurada sem: 1) objetivo definido;
2) planejamento para alcançá-lo; 3) criação de dispositivos de controle a serem aplicados na
execução do planejamento; e 4) aferição dos resultados.
47
OLIVEIRA, José Evandro do Nascimento. O sistema de avaliação de resultados organizacionais e o
princípio da eficiência no serviço público. 2009. 89 p. Trabalho final (especialização). Universidade do
Legislativo Brasileiro (Unilegis), Brasília, 2009.
48
OLIVEIRA, José Evandro do Nascimento. O sistema de avaliação de resultados organizacionais e o
princípio da eficiência no serviço público. 2009. 89 p. Trabalho final (especialização). Universidade do
Legislativo Brasileiro (Unilegis), Brasília, 2009.
49
Ibidem
50
SÃO PAULO. Ministério Público do Estado. Subprocuradoria-Geral de Justiça de Planejamento institucional.
Manual de indicadores de desempenho. 2017. Disponível em
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Centro_de_Gestao_Estrategica/ManualIndicadores.pdf> Acesso em:
21 abr. 2020.
44
Os indicadores de projeto, por sua vez, são utilizados para acompanhar a execução dos
projetos e seus resultados externos, sendo subdivididos em indicadores de efetividade/impacto
(outcome’s) e de atividades (output’s). Os primeiros ou outcome’s são utilizados para aferir
resultados de médio e longo prazo, após um período de execução, buscando avaliar o efeito
mediato da implementação do projeto, a título de exemplo, citemos o número de demandas
encerradas com mérito após dois anos pelo NPJ da UESB. Já os output’s são utilizados para
aferir resultados durante o período de execução, avaliando o efeito imediato, exemplificando
temos a aferição do número de demandas encerradas com mérito a cada semestre no Núcleo de
Prática Jurídica52.
Vale mencionar que existem características essenciais aos indicadores para que estes
sejam úteis na persecução aos resultados, dentre os quais destacam-se: a simplicidade
(facilidade de compreendê-los); a praticidade na operacionalização; rastreabilidade da origem
dos dados; e flexibilidade às mudanças.53 É necessário, ainda, que seja possível realizar uma
comparação sequencial dos dados coletados, limitados aos realmente relevantes, evitando o
excesso de informações.
51
OLIVEIRA, José Evandro do Nascimento. O sistema de avaliação de resultados organizacionais e o
princípio da eficiência no serviço público. 2009. 89 p. Trabalho final (especialização). Universidade do
Legislativo Brasileiro (Unilegis), Brasília, 2009.
52
Ibidem
53
SÃO PAULO. Ministério Público do Estado. Subprocuradoria-Geral de Justiça de Planejamento institucional.
Manual de indicadores de desempenho. 2017. Disponível em
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Centro_de_Gestao_Estrategica/ManualIndicadores.pdf> Acesso em:
21 abr. 2020.
45
O mesmo ocorre com a quantidade de alunos em cada turma, vez que o regulamento
adstringe ao máximo de 5 (cinco) discentes, quando na realidade há turmas que contém quase
o dobro desta quantidade. A dificuldade natural de coordenar uma turma com essa quantidade
de alunos precariza o serviço, na medida em que, alguns discentes quedam ociosos já que
inexiste até mesmo estrutura física (computadores) para comportar esta quantidade de alunos e
os que estão em atividade não têm a assistência adequada.
semestre pode realizar um atendimento que versa sobre inventário, por exemplo, sem sequer ter
passado pela disciplina de Direito das Sucessões, que só é oferecida no 8º semestre.
Além disso, apesar do SAJU contar com alguns indicadores de desenvolvimento, não
há maneiras de gerar automaticamente relatórios de resultados que possam indicar quais
caminhos seguir em razão das limitações do sistema “GAIA” utilizado pelo NPJ, que, diante
das infinitas ferramentas tecnológicas hoje existentes, encontra-se ultrapassado.
Nesse sentido, seria de imensa valia se cada aluno tivesse acesso a um guia de prática
para que soubesse as perguntas a se fazer e o que solicitar. Assim, foi sugerido pela vice
coordenadora do NPJ a obra Prática no Processo Civil do autor Gediel Claudino de Araújo
Júnior, sendo uma edição deste livro adquirida e disponibilizada por ela para consulta aos
48
alunos. O ideal seria uma cópia para cada discente, já que os atendimentos ocorrem
simultaneamente.
Quanto à ficha a ser preenchida pelo estagiário no atendimento inicial, cumpre destacar
a ausência de campo para inserção da comunicação com os clientes, seja pessoalmente ou por
via telefônica, quando houvesse necessidade de prestar ou obter informações, sendo tais
contatos registrados em fragmentos de papéis que, no mais, se perdiam e, em algumas ocasiões,
permaneciam com o conteúdo conhecido apenas pelo estagiário que não atualizava a pasta.
Além disso, por muitas vezes os assistidos entravam em contato com o NPJ em busca
de informações a respeito da sua demanda sem sequer recordar o nome do estagiário que o
atendeu, fato este que dificulta a prestação de informações pelos funcionários da recepção ou
Secretaria.
Em função de todo o exposto nos últimos três parágrafos, foi idealizada uma nova ficha
de atendimento considerando as necessidades elencadas, bem como, um cartão de informações
ao assistido (Anexos F e G).
No que tange ao andamento da demanda em si, judicialmente, importa apontar que, por
muitas vezes, o processo deixa de andar por falta de atuação do gabinete do juiz competente ou
de promoção de atos cartorários da Secretaria da Vara em que tramita. Nesse sentido se observa
a ineficácia de petições de prosseguimento do feito, que retiram o processo da ordem de
conclusão e acabam retardando a apreciação em lugar de acelerá-la. Sobre isso, propõe-se como
melhor custo benefício, a alimentação periódica de formulários através da ferramenta “Google
Formulários” com o objetivo de encaminhar diretamente à Vara correspondente para fins do
adequado prosseguimento (Anexo H).
49
O propósito inicial era analisar todas as pastas ativas, contudo, diante da grande
quantidade e da necessidade de atender aos prazos, foi preciso restringir o contingente de pastas
a serem analisadas. Ademais, se fizesse a análise de todas as pastas ativas retiraria dos discentes
a oportunidade de fazê-lo e de adquirir algum aprendizado com este processo.
As pastas denominadas “Pastas de Processos” são aquelas nas quais o NPJ já atuou
judicialmente. Aludidas pastas ensejam o acompanhamento da movimentação processual
através do acesso aos autos do processo.
mais ainda quando considerada a existência de norma, o Regulamento de Estágios, que contém
previsão contrária, vez que dispõe a atuação do Núcleo nas áreas cível, criminal e trabalhista.
0 10 20 30 40 50 60
Fonte: Dados colhidos no Serviço de Assistência Jurídica da UESB entre junho e setembro de 2019
Além disso, das 69 pastas analisadas, verificou-se que 44% eram de atendimentos feitos
antes de 2016, demonstrando, deste modo, o decurso de mais de 4 anos sem a obtenção da tutela
jurisdicional pretendida54, conforme se vê no gráfico abaixo:
3% 5% 4%
2%
6%
19% 3%
7%
15% 7%
7%
19%
3%
Fonte: Dados colhidos no Serviço de Assistência Jurídica da UESB entre junho e setembro de 2019
As conciliações que logram êxito conferem celeridade à tutela do direito, uma vez que
a homologação do acordo alcançado é muito mais simples do que um processo em que se
54
Por tutela jurisdicional pretendida se quer dizer o direito buscado no Judiciário pelo assistido representado
judicialmente pelo Núcleo de Prática Jurídica.
51
compõem os polos ativo e passivo, com citação, intimação de cada ato, as devidas
manifestações e procedimentos comuns à litigância.
Tal fato demonstra que as informações contidas em mais de ¼ das pastas analisadas
estão incompletas, o que demonstra um grau leve de ineficiência, mas que precisar ser corrigido.
Pelo mesmo motivo, restou prejudicada a análise do grau de rotatividade de estagiários para
uma mesma pasta. Ademais, se verificou a existência de pastas desatualizadas desde 2013, sem
qualquer registro a respeito do andamento da demanda. Isso significa a existência de um número
expressivo de demandas sem o devido andamento conforme demonstrado na tabela abaixo:
Ademais, restou constatado que das pastas analisadas, 15,95% não tinham andamento
em razão de pendências de terceiros (3 pastas dependiam de atuação do cartório, 7 pastas do
gabinete e 1 pasta de parecer do Ministério Público); 59,41% necessitavam de atuação do
estagiário, seja para contatar o cliente em busca de informações, elaborar peças, organizar a
52
pasta, dentre outros); 10,14% deveriam ser arquivadas em razão da extinção do feito (por
sentença resolutória ou sem apreciação do mérito por desinteresse da parte), 4,35% eram
demandas de juizado, as quais não foi possível acesso aos autos por não conseguir localizá-las
no sistema eletrônico PROJUDI. Por fim, somente 10,14% das pastas analisadas estavam em
ordem, ou seja, sem pendências.
As pastas provisórias são aquelas nas quais foi realizado o atendimento inicial e
coletados informações e documentos sem, contudo, o ajuizamento da demanda perante a Vara
competente.
Assim, quanto à estas foi registrado percentual relativamente semelhante à análise das
pastas de processo, sobretudo, no que tange ao tipo de ação e à predominância de ações de
competência da Vara de Família, ou seja, ações de alimentos lideram o ranking com 44,9% do
total, seguido por ações de divórcio (15,2%) e de guarda/regulamentação de direito de visita
(9,6%). Nesse sentido, 87,3% das demandas analisadas são de competência da Vara de Família.
Fonte: Dados colhidos no Serviço de Assistência Jurídica da UESB entre junho e setembro de 2019
53
O campo designado bairro na ficha de atendimento, que indica o local em que reside
o atendido, também foi consideravelmente negligenciado, sendo verificado o seu não
preenchimento em 12,5% das pastas analisadas, fato este que impediu o mapeamento total da
abrangência da atuação do NPJ. Contudo, podemos inferir da análise dos dados que o maior
volume de assistidos do NPJ da UESB concentra-se na zona oeste da cidade de Vitória da
Conquista, conforme ilustra o gráfico abaixo:
100
90 86
80
70
60
50 41
40 34
30 25
20 13
10
0
Oeste Leste Sul Fora do Campo não
perímetro preenchido
urbano
Desta análise, aferiu-se que não era necessário contatar o assistido em 27,3% das
demandas, isto porque, 4% das pastas eram processos já instaurados, embora estavam em local
inadequado; em 1,5% dos casos já havia sido evidenciado o desinteresse do cliente e 21,7% das
pastas, encontravam-se prontas para o ajuizamento, sendo que em algumas delas havia acordos
já assinados e não protocolados.
Nas pastas em que havia necessidade de contatar o assistido, seja por conta do lapso
temporal, seja pela necessidade de mais informações, foi observada a existência de registro
nesse sentido. Apesar disso, verificou-se que em 77 pastas, cerca de 39% do total, não continha
qualquer informação a respeito de contato com o assistido. Aprofundando a pesquisa, foi
realizado o contato com 45 destes assistidos, sendo que 35 manifestaram interesse e 10 disseram
que não tinham interesse em prosseguir com a demanda.
adotada, analisadas as especificidades de cada caso, é de envio de carta via correios para
solicitar ao assistido que compareça ao NPJ para informar interesse e completar as informações
necessárias. Essas demandas, portanto, foram reservadas para este fim. Ao final da coleta destes
dados, constatou-se que mais da metade das pastas não deveria estar arquivada no espaço
reservado às pastas provisórias, pois, 4% eram processos, 21,7% foram consideradas prontas
para o ajuizamento; 31,3% foram arquivadas, 15,1% foram classificadas como “arquivamento
em potencial” e reservadas para o envio de cartas, e somente 27,9% dependiam de algum
contato com o assistido para prosseguir, devendo ser levado em consideração que, caso o
assistido não fornecesse as informações e documentos com brevidade a pasta deveria ser
arquivada pelos motivos já expostos em parágrafos anteriores.
55
OLIVEIRA. Ana Carolina Pessoa Braz. Apresentando o SAJU. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo canal Ana
Carolina Pessoa. Disponível em: <https://youtu.be/ZFM-pu4ar0k>. Acesso em: 20 jan 2020.
56
explicando como é feito o protocolo de petições nos Sistemas PJE e e-Saj56, o terceiro
apresentando as metas de 202057 e o quarto explicando como preencher a ficha eletrônica58.
Desta observação, foram constatados os seguintes pontos: a) alunos ociosos, ainda que
os vídeos esclarecessem sobre o que fazer no NPJ; b) dúvidas a respeito de como se organizar
para não perder o controle da demanda; c) não preenchimento do relatório com frequência
semanal; d) baixa adesão às listas de diligências; por fim, e) melhor execução de tarefas quando
designadas especificamente ao estagiário.
56
OLIVEIRA. Ana Carolina Pessoa Braz. PJE e e-Saj. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo canal Carolina Pessoa.
Disponível em: <https://youtu.be/ZFM-pu4ar0k>. Acesso em: 29 jan 2020.
57
OLIVEIRA. Ana Carolina Pessoa Braz. Metas SAJU 2020. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo canal Carolina
Pessoa. Disponível em:
<https://docs.google.com/document/d/1DKu4jDAlowX967NxHfqF3zMedjwUn24SBul0Z2-
XdJI/edit?usp=sharingar0k>. Acesso em: 9 dez 2020.
58
OLIVEIRA. Ana Carolina Pessoa Braz. Ficha de atendimento eletrônica. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo canal
Carolina Pessoa. Disponível em:
<https://docs.google.com/document/d/1DKu4jDAlowX967NxHfqF3zMedjwUn24SBul0Z2-
XdJI/edit?usp=sharing>. Acesso em: 9 dez 2020.
57
Além disso, verificamos que o cronograma apresentado não foi suficiente para garantir
a adequada realização das atividades. Isto poderia ser resolvido com a mudança da metodologia,
a partir da designação de atividades específicas por semana, a serem coordenadas pelo líder de
cada equipe. Ademais, seria interessante implementar a rotina de verificação geral periódica
para que se constate se o trabalho está sendo bem executado em todas as pastas.
no NPJ com a sua filha para que a mesma pudesse visitar a neta, sendo este descumprido.
Relatou ainda que, diversas vezes, se dirigiu ao NPJ para ser orientada pela estagiária acerca
do que poderia ser feito, mas nunca obteve uma resposta, razão pela qual, se viu impossibilitada
de visitar sua neta.
A entrevistada nº 8, que classificou o serviço como péssimo, afirmou que não obteve
nenhum resultado na demanda e acabou desistindo do direito que buscava por não ter “tempo
de comparecer ao Núcleo toda hora” (ENTREVISTADA nº 8, 2020).
59
Da análise do quadro acima, infere-se que a maior demanda dos alunos diz respeito ao
acompanhamento mais próximo/individualizado do aluno. De início, faz-se necessário
60
No mesmo sentido é o comentário do discente nº 12, que afirmou crer que o seu bom
desempenho decorria de atividade extracurricular, mas que acreditava “que para pessoas que
tenham o primeiro contato com a prática jurídica dentro do NPJ, o desempenho na prática pode
ser reduzido, vez que o SAJU não oferece tanto auxílio e tempo para alguém que nunca estagiou
aprimorar de fato sua prática jurídica” (ENTREVISTADO nº 12, 2020).
O discente nº 20 afirmou que o SAJU era o seu único meio de aprendizado processual
devido sua impossibilidade de realizar estágio extracurricular. Nesse sentido, critica o estágio,
pois “a maioria dos casos são de pensão alimentícia (que só fazemos P.I59.), divórcio ou algum
caso que o processo está em andamento e parado a mil anos” (ENTREVISTADO nº 20, 2020).
Demonstrou a sua insatisfação com o aprendizado no NPJ afirmando que:
59
P. I., para se referir à “petições iniciais”.
62
O SAJU não dá ânimo pra gente, um semestre dei o melhor que pude, peguei
várias pastas e trouxe processos pra casa, mas no outro percebi que tudo seguia
estagnado. Os professores não se importam e os colegas de sala chegam
atrasados, não fazem quase nada e saem cedo. Enfim, deveria ser um ambiente
instigante de aprendizado, mas a sensação que passa é de ser uma piada para
a maioria dos alunos e professores (ENTREVISTADO nº 20, 2020).
Por fim, em que pese o comentário positivo do discente nº 11, que afirmou que o
“professor estar na sala de atendimento ajudou muito”, cumpre-se observar o quanto alertado
pelo discente nº 12, no que tange ao andamento processual, visto que, na sua perspectiva, “os
processos ficam travados. É "prosseguimento do feito" em cima de "prosseguimento do feito".
Após a petição inicial acabou o processo.” (ENTREVISTADO nº 11, 2020).
Deste modo, é evidente que, em que pese haver pontos positivos no serviço, tais como
o bom trabalho dos funcionários do Núcleo, bem como o reconhecimento dos desafios a ele
inerentes, há de se considerar a necessidade de adequação às demandas dos estagiários.
Pelo exposto, é possível construir um quadro geral das expectativas e incômodos dos
estagiários em relação ao Núcleo visto que estão profundamente relacionados entre si: os alunos
clamam por um atendimento mais individualizado dos professores, sendo que a sua
inocorrência se deve tanto à insuficiência do tempo de aula para a quantidade de atividades
atribuídas, quanto à inexistência de mais um professor/estagiário para auxiliar os alunos.
individuais das pastas dos estagiários formandos ou dos que requererão dispensa em
contraponto à desorganização das pastas e falta de comprometimento/ausências dos alunos e
professores, uma vez que a partir da criação de mecanismos de controle, tais como a exigência
do relatório mencionado, inibirão os comportamentos incômodos.
QUADRO 3 – Análise da eficiência a partir dos dados internos obtidos com as pastas de processos e
provisórias
DE PROCESSOS PROVISÓRIAS Grau de eficiência
Abrangência 75,4% demandas de 87,3% demandas de BAIXO no que tange ao
do competência da Vara de competência da Vara de quesito capacidade de
aprendizado Família, destas 52,2% Família, destas 44,9% são atendimento às normas
são ações de alimentos. ações de alimentos. (regulamento).
Lapso 44% dos atendimentos 24,7% de atendimentos BAIXO no que tange ao
temporal iniciais realizados antes realizados antes de 2017 e quesito menor custo
desde o de 2016 e sem sem movimentação das (tempo) versus benefício
atendimento movimentação das pastas, ou seja, 2 anos sem (resolução das demandas).
inicial pastas, ou seja, 4 anos ajuizamento da demanda.
sem a obtenção da tutela
jurisdicional pretendida
pelo assistido.
Adequado 26,1% das pastas não 84,8% sem preenchimento BAIXO no que tange ao
preenchimento contém qualquer do campo “Renda”; 12,5% quesito “fiscalização e
da ficha de informação a respeito da sem preenchimento do avaliação”.
atendimento tentativa de acordo campo “Bairro”.
extrajudicial.
Adequada 65,22% das pastas sem 31,3% foram arquivadas e BAIXO no que tange ao
atualização qualquer atualização há 15,1% classificadas como quesito “fiscalização e
das pastas mais de 2 anos. “arquivamento em avaliação”.
potencial”, demonstra a
ausência de atualização
adequada das pastas.
Fonte: Dados colhidos no Serviço de Assistência Jurídica da UESB entre junho de 2019 e abril de 2020
Uma outra categoria analítica que se apresenta é o “menor custo (tempo) versus
benefício (resolução da demanda)”, e fica evidente que o grande lapso temporal entre o
ajuizamento da demanda e a sua resolução, bem como entre o atendimento inicial e o próprio
ajuizamento, demonstram que o grau de eficiência neste quesito é baixo.
Por sua vez, a existência de mais da metade das pastas de processos analisadas sem
qualquer atualização nos últimos dois anos, bem como de um terço das pastas provisórias que
deveriam ter sido arquivadas, além da alto número de campos sem preenchimento na ficha de
atendimento, demonstram que na categoria “fiscalização e avaliação” o grau de eficiência é,
também, baixo.
Logo, a partir da análise destas categorias analíticas, conclui-se que o Núcleo de Prática
Jurídica da UESB pode ser avaliado com baixo grau de eficiência.
66
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
todas as pastas ativas do Núcleo para obter informações mais precisas e gerais, contudo, tal
desígnio demonstrou-se inviável e, até mesmo, contraproducente, tendo em vista que tal análise
usurparia a atividade dos discentes que as acompanham e implicaria no seu aprendizado.
Não obstante, em que pese ter sido possível verificar grandes avanços no decurso desta
pesquisa, muito em função da disposição dos professores e demais servidores do Núcleo em
torna-los possíveis, bem como os esforços de boa parte do corpo discente, ainda se vislumbram
muitas possibilidades de melhorias, já mencionadas no corpo deste trabalho e relembradas nesta
oportunidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE nº 776/97. Orienta para as diretrizes
curriculares dos cursos de graduação. Brasília-DF, Sala das Sessões, 03 de dezembro de 1997.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/superior/legisla_superior_parecer776
97.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2020.
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9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Brasília, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 jan. 2020.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 26ª Edição. São Paulo: Editora
Atlas. 2013
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<https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:artigo.revista:2015;1001069
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MODESTO, Paulo Notas para um debate sobre o princípio da eficiência. Revista do Serviço
Público, Brasília, v. 51, n. 2, p. p. 105-119, 24 fev. 2014.
OLIVEIRA, Ana Carolina Pessoa Braz. Apresentando o SAJU. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo
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XdJI/edit?usp=sharing>. Acesso em: 9 dez 2020.
OLIVEIRA, Ana Carolina Pessoa Braz. Metas SAJU 2020. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo
canal Carolina Pessoa. Disponível em:
<https://docs.google.com/document/d/1DKu4jDAlowX967NxHfqF3zMedjwUn24SBul0Z2-
XdJI/edit?usp=sharingar0k>. Acesso em: 9 dez 2020.
OLIVEIRA, Ana Carolina Pessoa Braz. PJE e e-Saj. 2020. 1 vídeo. Publicado pelo canal
Carolina Pessoa. Disponível em: <https://youtu.be/ZFM-pu4ar0k>. Acesso em: 29 jan 2020.
72
UESB. Projeto Pedagógico do Curso de Direito. Vitória da Conquista: ano 2011. Disponível
em:
<https://drive.google.com/file/d/1bYt01bfTSPIjhWigSZ3CHvOmOj9W4RX4/view?usp=shar
ing>. Acesso em: 10 dez. 2019.
73
Art. 1 °. Este Regulamento rege as atividades do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ), responsável
pelos estágios do Curso de Graduação em Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (UESB), em especial o Estágio Supervisionado (curricular).
Art. 2°. As atividades de estágio são essencialmente práticas e devem proporcionar ao estudante
a participação em situações simuladas e reais de vida e trabalho, vinculadas à sua área de
formação, bem como a análise crítica das mesmas.
Art. 3°. As atividades de estágio devem buscar, em todas as suas variáveis, a articulação entre
ensino, pesquisa e extensão.
Art. 4°. O estudo da ética profissional e sua prática devem perpassar todas as atividades
vinculadas ao estágio.
III - aprovar a composição de equipes e escalas de horário dos estagiários junto ao SAJU, de
forma a manter uma distribuição equitativa de acadêmicos nos diversos horários de
funcionamento do mesmo;
V - dar parecer sobre a viabilidade didática e prática dos projetos alternativos de estágio
encaminhados ao Colegiado do Curso de Graduação em Direito pelos Professores de Estágios;
Art. 8º. São Professores de Estágios aqueles que exercem atividades no Núcleo de Prática
Jurídica, competindo-lhes principalmente:
IV - avaliar a participação das equipes de estagiários pelas quais for responsável, nas audiências
dos processos encaminhados ao Poder Judiciário através do SAJU;
§ 2°. Para fins do Plano de Atividades do Curso de Graduação em Direito, cada conjunto de
equipes orientadas pelo mesmo Professor de Estágios, em um mesmo horário, é considerada
uma única turma.
§ 3°. A escala de trabalho dos Professores de Estágios junto ao SAJU é determinada pelo
Colegiado do Curso de Graduação em Direito, ouvido o Coordenador de Estágios, e deve buscar
manter no máximo 03 (três) equipes para cada professor em cada horário letivo, para orientação
e supervisão de suas atividades.
V - DA SECRETARIA DE ESTÁGIOS
III - manter arquivo de controle de todos os convênios que a UESB possui para estágios na área
do Direito, bem como cópias dos termos de compromisso de todos os alunos que estiverem
realizando seus estágios com base nesses convênios;
V - manter arquivo com cópias de todos os processos ajuizados através do SAJU, que devem
ser atualizados pelos estagiários;
VI - manter cadastro de clientes do SAJU, que deve ser atualizado com base nos dados
fornecidos pelos estagiários a cada novo atendimento ou ato processual;
VIII - manter uma agenda das audiências referentes aos processos ajuizados através do SAJU,
que deve ser atualizada pelos estagiários;
X - desempenhar as demais atividades de sua competência e as que lhe forem solicitadas pelo
professor Coordenador de Estágios na forma deste Regulamento.
76
VI - DAS MONITORIAS
Art. 10. Compete aos monitores das disciplinas do Estágio Supervisionado a tarefa de assessorar
os Professores de Estágios, bem como orientar os estagiários no desempenho de suas atividades.
I - as visitas orientadas;
I - Dos Estagiários
Art. 12. São considerados estagiários, para fins do Estágio Supervisionado, todos os alunos
matriculados nas atividades Visitas Orientadas, Laboratório de Prática Jurídica e Serviço de
Assistência Jurídica, competindo-lhes principalmente:
III - preencher fichas de atendimento de todos os clientes que forem atendidos no SAJU,
encaminhando-as à Secretaria de Estágios para cadastramento, na forma do roteiro de
atendimento;
V - redigir as petições de todos os processos nos quais participaram ativamente, delas fazendo
constar a identificação da respectiva equipe, e assiná-las juntamente com o Professor de
Estágios;
VIII - informar à secretaria, com antecedência mínima de três (03) dias, as datas, horários e
locais das audiências de suas equipes;
IX - cumprir as intimações que forem efetuadas nos processos sob sua responsabilidade;
X - agir de acordo com a ética profissional e zelar pelo bom nome do SAJU da UESB;
XIII - manter cópias de todas as peças processuais produzidas nos processos encaminhados ao
Poder Judiciário através do SAJU;
§ 2°. Quando da infrigência de qualquer norma do Código referido no parágrafo anterior, segue-
se o procedimento e aplicam-se as sanções previstas na legislação específica vigente no âmbito
da UESB, quando trata do regime disciplinar do corpo discente.
Art. 13. A carga horária das atividades curriculares denominadas “Visitas Orientadas" é
utilizada para o cumprimento da pauta de visitas definida pelo Colegiado do Curso de
Graduação em Direito e supervisionadas por Professor de Estágios.
§ 1º. A pauta de visitas orientadas deve abranger os diversos órgãos do Poder Judiciário,
Ministério Público, Procuradorias e outras instituições que desenvolvam atividades jurídicas
(judiciárias e não judiciárias), o sistema penitenciário, em todos os seus níveis, bem como a
assistência a audiências e sessões reais.
Art. 14. A carga horária das atividades curriculares denominadas “Laboratório de Prática
Jurídica" é utilizada para a efetivação de atividades simuladas, incluindo as atividades
simuladas incluem as práticas processuais e não processuais referentes às disciplinas constantes
do currículo pleno do Curso de Graduação em Direito, bem como as atividades profissionais
dos principais operadores jurídicos.
§ 2°. Para fins de realização de atividades simuladas, os alunos do estágio supervisionado são
divididos em equipes de no mínimo 05 (cinco) e no máximo 25 (vinte e cinco) estudantes.
Art. 15. A carga horária das atividades curriculares denominadas “Serviço de Assistência
Jurídica" é utilizada para o atendimento de partes, pesquisa, elaboração de peças processuais e
acompanhamento dos respectivos processos através do SAJU.
§ 2°. Para fins de atendimento junto ao SAJU os alunos do estágio supervisionado são divididos
em equipes de no mínimo 03 (três) e no máximo 05 (cinco) estudantes.
Art. 16. O SAJU funciona durante o ano letivo, com horário de atendimento ao público fixado
pelo Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica homologado pelo Colegiado do Curso de
Graduação em Direito.
Parágrafo único. Nos períodos interescolares, pode haver plantão, em horário fixado de acordo
com os horários de funcionamento da UESB, com a finalidade de acompanhar os processos em
andamento.
V - Da Avaliação
§ 1°. A recuperação das notas a que se referem este artigo somente pode ser concretizada através
de plantões, na forma do parágrafo único do artigo 16 deste Regulamento, tendo em vista tratar-
se de atividade eminentemente prática, não recuperável através de provas.
§ 2°. Reprovado na recuperação deve o aluno repetir o estágio no SAJU, em período letivo
regular.
Art. 19. A presença mínima a todas as atividades de estágio, para aprovação, é de 75% (setenta
e cinco por cento).
Art. 20. Para fins de cumprimento previsto no artigo 4° da Portaria nº, 1.886/94/MEC e
Resolução CNE nº. 09/2004 (art.7. § 1°.), nos limites fixados no currículo pleno do Curso de
Graduação em Direito da UESB, pode o aluno realizar estágio extracurricular:
§ 2°. Em todos os casos, a supervisão do estágio, para efeito de avaliação, ficará a cargo do
Núcleo de Prática Jurídica – NPJ.
§ 3°. Os projetos alternativos de estágio funcionam sob a forma de atividades de extensão ou,
conjuntamente, de extensão e pesquisa e possuem necessariamente um professor responsável.
Art. 21. O presente Regulamento só pode ser alterado através do voto da maioria absoluta dos
membros do Colegiado do Curso de Graduação em Direito, devendo ser submetido às demais
instâncias competentes para a sua análise no âmbito da UESB, na forma de seus regimentos.
Art. 22. Compete ao Colegiado do Curso de Graduação em Direito dirimir dúvidas referentes à
interpretação deste Regulamento, bem como suprir as suas lacunas, expedindo os atos
complementares que se fizerem necessários.
ANEXO D – Procuração
84
ANEXO H – Captura de tela do Formulário do Google utilizado para inserção das demandas
na Lista de diligências
89
https://drive.google.com/open?id=1M8s6FPdK1xzLQGzvRz7cSBzoiGD
rRxp0
• Doc. em branco com o timbre do SAJU:
https://drive.google.com/file/d/1lQE6B7QnqaLHT7BlHm5JdvPWDRFxZ
aWm/view?usp=sharing
• Relatório:
https://drive.google.com/file/d/1wamZguT0OGYQacTVNAiIX_5uOBGr-
gsr/view?usp=sharing
• Termos de acordo (modelos do Balcão, os termos utilizados devem ser
adequados ao Núcleo/SAJU):
https://drive.google.com/open?id=1cvCQ9KEDr-D4iZsFPfu8_ahQqI85-SrW
• Livro Prática no Processo Civil (Gediel Claudino de Araujo Junior):
https://drive.google.com/file/d/1FVsH-
3N30xzprv87rS8oICkGARp2MLTM/view?usp=sharing
OBSERVAÇÕES GERAIS:
1) Como deve ser o atendimento inicial?
Auto apresentação, apresentação do serviço, preenchimento da ficha de atendimento
Observações: núcleo atende renda familiar até em média 2000 reais, observar ainda
endereço do assistido, se compatível com o que relata.
Telefone: sempre pedir mais de um número de telefone e informar que é indispensável
que o assistido informe ao núcleo caso troque de número pois é o meio que entramos
em contato para informá-lo sobre o andamento do processo.
Solicitar a assinatura do assistido na procuração e declaração de pobreza explicando
por que isso é necessário. Solicitar também documento de identificação com foto e
comprovante de residência para que seja copiado na recepção e anexado à pasta.
Havendo possibilidade de conciliação, será enviada à parte contrária carta-convite
para comparecer ao Núcleo em dia e horário compatível ao do estagiário que
acompanha a pasta. Verificar se há possibilidade de o próprio assistido entregar em
mãos, caso em que poderá ser marcada a tentativa de conciliação para a semana
seguinte (nesse caso, orientar o assistido para que diga a parte contrária que
compareça ao Núcleo portando documento com foto e comprovante de residência).
Não havendo esta possibilidade, a carta será enviada via correio (é necessário que o
endereço esteja correto e completo), assim, a tentativa de conciliação deverá ocorrer
no prazo de 15 dias.
Ao final do atendimento, fazer um resumo compreensível do que foi relatado pelo
assistido a quem não tenha acompanhado o atendimento e anexar à folha de
acompanhamento (digitado de preferência).
Deste modo, entendo ser indispensável a presença de breves relatórios dos atos
processuais com indicação das folhas correspondentes e, ainda, do que foi relatado
pelo assistido no atendimento inicial.
Nas pastas já em andamento, isso deve ser feito a partir da peça inicial (um breve
relatório sobre o que versa a demanda com os pedidos), em seguida da contestação
e assim sucessivamente.
Se verificado o decurso de bastante tempo sem movimentações processuais, verificar
se há necessidade de o Núcleo promover alguma diligência ou fornecer alguma
informação e NUNCA pedir meramente o prosseguimento do feito sem indicar o que
deve ser feito a seguir. É importante ainda relatar os atos processuais até ali.
PRINCIPAIS “TRAVAS” AO ANDAMENTO DO FEITO E POSSÍVEIS SOLUÇÕES
• Impossibilidade de fornecer endereço do réu: muitas vezes a parte não conta
com informações corretas ou atualizadas a respeito do endereço do réu e isso
não deve constituir óbice ao acesso à Justiça. Assim, já é pacífica a
jurisprudência no que tange ao dever do Juiz de esgotar os meios para
encontrar o endereço da parte adversa. Se esgotados os meios
inexitosamente, requerer a suspensão do feito por 6 meses e informar tudo na
folha de acompanhamento, orientando ao próximo estagiário que contate
regularmente o assistido em busca de novas informações.
• Impossibilidade de contato com o assistido: requerer a intimação pessoal da
autora para manifestar interesse no prosseguimento sob pena de extinção e
aguardar. IMPORTANTE: caso a cliente apareça no Núcleo informando que
tem interesse, atualizar os telefones e endereços e pedir que sempre informe
em caso de alteração.
• Decurso de tempo sem movimentação por pendência do Cartório ou de
Despacho do gabinete: inserir na lista de diligências (link nos tópicos acima)