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CURITIBA
2017
VALDIR RECALDE DE OLIVEIRA
CURITIBA
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba - PR
CDU 65.012.2
TERMO DE APROVAÇÃO
Às mulheres da minha vida, meu alicerce, que fazem tudo ter um sentido.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa teve como propósito analisar a correlação existente entre o conflito de agência
e o desempenho dos executivos de uma instituição financeira brasileira. O estudo foi
sedimentado em três construtos. O primeiro construto relaciona a Estratégia Corporativa, e a
sua capacidade de gerar vantagem competitiva, conforme apresentado por Porter (1996),
Mintzberg, et al (2010), e Barney e Hesterly (2011). O segundo construto apresenta a Teoria
da Firma relatada no trabalho de Jensen e Meckling (1976), a qual conceitua como sendo
problema de agência (Teoria de Agência) as divergências de interesses entre o Acionista e o
Executivo. O terceiro construto aborda os conceitos de Balanced Scorecard (BSC), de Kaplan
e Norton (1996), os quais apresentam o BSC como uma metodologia que amplifica o processo
da estratégia para o campo operacional, e ainda os indicadores de desempenho tais como
ROI (Return on Investment), EVA (Economic Value Added), e o ROA (Return on Assets),
conforme Padoveze (2006). A investigação justifica-se na inexistência de trabalhos científicos
abordando a Teoria de Agência em instituições financeiras, conferindo um potencial ineditismo,
e contribuindo para a gestão estratégica do segmento. Como metodologia de pesquisa foi
utilizado estudo quantitativo mediante o envio de questionário para os executivos objetos da
pesquisa, sendo que a amostra analisada compôs-se de 69 executivos, de um universo de 82
participantes. Para a análise de dados, foram utilizadas a estatística descritiva (média,
mediana moda e desvio padrão), a análise de correlação, a regressão múltipla e a mediação.
A principal contribuição da pesquisa reside no próprio aprofundamento acerca dos conceitos
de conflitos de agência aplicados em instituições financeiras. A partir do presente estudo, é
possível dimensionar de forma segura os impactos que os conflitos de agência podem
provocar no resultado de uma instituição financeira. A maior contribuição foi o indicativo da
correlação positiva e moderada existente entre a intensidade do conflito de agência e a
medida de desempenho ROI. Os testes de regressão linear envolvendo os fatores “Relação
dos Executivos com o Empregados” e a medida de desempenho ROI – Return on Investment
apresentou um comportamento em que 17,2% do ROI é explicado exclusivamente pelo fator
Executivos x Empregados, com uma significância de 0,000. Não houve comprovação com
significância cientificamente aceitável nas hipóteses apresentadas. Por fim, orienta-se, como
pesquisa futura, o aprofundamento nos resultados de correlação obtidos com o fator
Intensidade de Conflito de Agencia e o ROI.
The aim of this research was to analyze the correlation between agency conflict and
executive’s performance in a Brazilian financial institution. The study was base in three
constructs. The first one is about corporate strategy and its ability to generate competitive
advantage, as explained by Porter (1996), Mintzberg et al (2010) and Barney and Hersterly
(2011). The second construct presents the theory of the firm reported in a Jensen and Meckling
(1976) study, which indicates the divergence of interests between the shareholder and the
executive as a agency problem (agency theory). The third construct discusses the concepts of
Balanced Scorecard (BSC) of Kaplan and Norton (1996), which introduces BSC as a
methodology that amplifies the operational field’s strategy process, and also presents the
following performance indicators: ROI (Return of Investment); EVA (Economic Value Added);
and ROA (Return on Assests) – according to Padoveze (2006). This research is justified by
the lack of scientific productions about the agency theory in financial institutions. It gives to the
study an originality potential, also contributing to the strategic management of the segment.
As methodology, quantitative study was used. In collecting data, a questionnaire was sent to
the executives related to the investigation. The sample was composed by 69 executives of 82
participants. For the data analysis, we used descriptive statistics (mean, median and standard
deviation), correlation analysis, multiple regression and mediation. The main contribution of
this research lies in the deepening about the concepts of agency conflicts applied in financial
institutions. From the present study, it is possible to safely dimension the impacts that agency
conflicts can have on the outcome of a financial institution. The greatest contribution is the
positive and moderate correlation between the intensity of agency conflict and the measure of
ROI performance. The linear regression tests involving the "Employee Relationship to
Employees" factors and the performance measurement ROI - Return on Investment showed
a behavior whereupon 17.2% of the ROI is explained exclusively by the Executives vs.
Employees factor, with a significance of 0.000. There was no evidence with scientifically
acceptable significance in the presented hypotheses. Finally, we suggest future researches
focused on the correlation results obtained with the Agency Conflict Intensity factor and ROI.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 15
1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ......................................... 16
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 17
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA ..................................................... 18
1.3.1 Justificativa Teórica ....................................................................................... 18
1.3.2 Justificativa Prática ........................................................................................ 19
1.3 ESTRUTURA DO PROJETO DE DISSERTAÇÃO ........................................ 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 22
2.1 ESTRATÉGIA CORPORATIVA ..................................................................... 22
2.2 TEORIA DA AGÊNCIA .................................................................................. 40
2.3 DESEMPENHO ORGANIZACIONAL ............................................................ 46
3 METODOLOGIA ........................................................................................... 53
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA .............................................................. 57
3.1.1 Perguntas de Pesquisa ................................................................................. 58
3.1.2 Hipóteses de Pesquisa .................................................................................. 58
3.1.2.1 Primeira hipótese – Intensidade de divergência entre os interesses do
executivo e os objetivos estratégicos da organização .................................. 58
3.1.2.2 Segunda Hipótese – Exposição à Estratégia Corporativa vs Intensidade do
Conflito de Agência vs Desempenho ............................................................ 60
3.1.2.3 Terceira Hipótese – Região Geográfica vs Intensidade do Conflito de Agência
vs Desempenho ............................................................................................ 61
3.1.2.4 Quarta Hipótese – Tempo de função vs Intensidade do Conflito de Agência
vs Desempenho ............................................................................................ 62
3.1.3 Definição das Categorias Analíticas .............................................................. 64
3.2 DELIMITAÇÃO DO DESIGN DA PESQUISA ................................................ 66
3.2.1 População e Amostra .................................................................................... 66
3.2.2 Procedimentos de Coleta de Dados .............................................................. 67
3.2.3 Procedimentos de Análise de Dados ............................................................ 81
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho inicia-se com uma introdução das teorias as quais pautarão o
estudo, destacando a estratégia corporativa, o conflito de agência e o desempenho, e
conceituando instituições financeiras. Na sequência, apresenta-se o problema central
da pesquisa, que é definido como: Com que intensidade ocorre o conflito de
agência e qual é a sua relação com o desempenho do executivo da unidade de
negócio? Após, são evidenciados os objetivos gerais e os objetivos específicos,
seguidos pela apresentação das justificativas teóricas e das justificativas práticas para
a execução do estudo.
No capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica levantada acerca da
problemática pesquisada. São aprofundados os conceitos de estratégia corporativa,
evidenciando como essa estratégia é idealizada e estruturada, bem como indicando
seus propósitos. Na sequência, são abordados a teoria da agência, o campo de estudo
dessa teoria, e as teorias seminais que abordam a problemática de conflito de
21
2 REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com Porter (1996), as empresas precisam ser flexíveis e ágeis para
reagir rapidamente à concorrência. Há comparação das ações com os concorrentes
para que se identifiquem as melhores práticas. Terceirizam “agressivamente” para
elevar a produtividade, e estimulam novas competências para manterem-se à frente
dos rivais.
Porter (1996) entende que como os concorrentes rapidamente podem copiar
uma posição de mercado, o “posicionamento” é refutado nos mercados mais
dinâmicos, tornando qualquer vantagem competitiva temporária. Porém, essa
conclusão é tida por Porter (1996) como “meias verdades perigosas”, e leva à
concorrência mutuamente destrutiva.
Para Porter (1996), algumas barreiras competitivas caem na medida que os
mercados tornam-se globais, e as empresas empenham-se em tornarem-se enxutas
e ágeis. No entanto, em muitos setores, a hipercompetição é uma ferida autoimposta.
Ainda, conforme Porter (1996) esclarece, a confusão entre eficácia
operacional e estratégia faz com que as ferramentas gerenciais vão tomando o lugar
da estratégia. Ambas são relevantes para as corporações, mas funcionam de formas
distintas.
Eis que surge uma questão. O que, então, é estratégia? Segundo Porter (1996,
p. 64), estratégia está relacionada a diferenciar-se. “[...] [S]ignifica escolher
deliberadamente um conjunto diferente de atividades para distribuir um mix único de
valor.”. A estratégia é um conjunto de decisões deliberadas que cria valor para os
clientes, e diferencia dos concorrentes.
Para Porter (1996), antes de entender o que é estratégia, é preciso conceituar
o que é posicionamento, já que esse fundamenta a estratégia. A posição estratégica
origina-se de três fontes distintas, descritas abaixo.
A primeira é a Variedade, que Porter (1996, p. 66) conceitua como aquela “[...]
baseada na escolha das variedades de produtos ou serviços, em vez de segmentos
de clientes.”. O foco é no produto. A segunda é o posicionamento baseado em
Necessidades, que visa a atender todas as necessidades de um nicho de
23
Para Porter (1996), a estratégia não deve ser estática, cabendo à eficácia
operacional buscar contínuo aperfeiçoamento. Uma organização pode até alterar sua
estratégia, desde que haja grandes transformações da sua indústria e sempre busque
novos trade-offs.
Mintzberg et al (2010, p. 24) indicam que a estratégia é o clímax das escolas
de administração, mas, sua abordagem leva à interpretação simplista do seu
verdadeiro sinificado. Mintzberg apresenta algumas definições para estratégia,
contribuindo para a formação de seu conceito, a saber:
Estratégia como planos e padrões – Usualmente as pessoas atribuem à
estratégia algo como um plano, um guia de ações. No entanto, não há muita conexão
entre a estratégia e o que se fez de fato, pois, de acordo com Mintzberg (2010),
definimos estratégia de uma forma, mas colocamos na prática de outra forma. Isso
ocorre pois traçamos a estratégia olhando para o futuro (plano), porém, também
colhendo as experiências passadas (padrão). Mintzberg (2010, p. 24) indica que as
mudanças e adaptações são necessárias ao plano estratégico, dado que “[...] o mundo
real exige pensar à frente e também alguma adaptação durante o percurso.”.
Estratégia como algo deliberado e emergente – Estratégias deliberadas
são aquelas intenções que se realizam. Quando há ocorrências que provocam
alteração nos planos pretendidos, são, contudo, conhecidas como estratégias
emergentes. Mintzberg (2010, p. 26) acredita que o estrategista eficaz é aquele que
se utiliza das duas estratégias, refletindo as condições existentes, e prevendo, assim,
a “[...] necessidade de reagir a eventos inesperados”. Para melhor clarificar o conceito,
segue a imagem apresentada pelo autor.
A Figura 2, disposta a seguir, apresenta, de acordo com Mintzberg (2010), a
formatação das estratégias deliberadas e emergentes.
28
seria uma estratégia corporativa, não há consenso do que é uma boa estratégia
corporativa.
Para Barney e Hesterly (2011), uma boa estratégia corporativa resume-se
àquela que efetivamente gera uma vantagem competitiva. A vantagem competitiva
será edificada a partir do conjunto de suposições e hipóteses que levaram a um
posicionamento perante o mercado.
O sucesso da estratégia está ligado à acuricidade das suposições e hipóteses
em refletir sobre como o mercado efetivamente evolui. Barney e Hesterly (2011, p. 4)
concluem que “[...] se essas suposições e hipóteses forem pouco acuradas, então as
estratégias da empresa dificilmente serão uma fonte de vantagem competitiva.”.
O desafio da estratégia é, portanto, apostar de forma mais assertiva em como
o mercado de atuação comportar-se-á, de forma a posicionar-se adequadamente a
fim de gerar uma vantagem competitiva.
Uma forma de reduzir as incertezas no processo de definição de uma
estratégia corporativa é o estabelecimento de um processo de administração
estratégica, que, de acordo com Barney e Hesterly (2011, p. 4), “[...] consiste em um
conjunto sequencial de análises e escolhas que podem aumentar a probabilidade de
uma empresa escolher uma boa estratégia.”.
A Figura 3, a seguir, apresenta de forma sintética como é formatado o
processo de definição estratégica, seus passos, até culminar com a geração da
vantagem competitiva, conforme preconizado por Barney e Hesterly (2011).
30
Formulação de estratégia:
- Decidir como as divisões competirão em seus negócios,
dada a estratégia
Gerentes Gerais de Divisão
Implementação de estratégia:
- Coordenar as decisões e ações dos gerentes funcionais
que se reportam ao gerente geral da divisão para
implementar a estratégia da divisão
- Competir por alocações de capital corporativo
- Cooperar com outras divisões para explorar economias de
escopo corporativas
Gerentes de Atividade
Dar suporte às operações de várias divisões
Compartilhada
Jensen e Meckling (2008), no entanto, alertam que, até então, as teorias das
firmas publicadas, na realidade, consistem em uma abordagem sobre teoria de
mercado. As firmas continuam como uma “caixa preta”, em que não há uma teoria que
explique como os objetivos conflitantes dos integrantes da firma convergem para a
geração de resultado.
Como abordado por Jensen e Meckling (2008, p. 89), “[..] a relação de agência
é o contrato onde o principal concede a outro, o agente, poderes para decidir em seu
nome.”. Como os interesses do principal e do agente são divergentes, o agente, em
diversos momentos, tomará decisões sem necessariamente estar pautado nos
interesses do principal.
42
próprio bem estar. Martinez (1998) apresenta, ainda, quatro momentos críticos na
relação de agente x principal:
i. Problemas na Criação – como firmar um contrato que assegure ao principal
a atuação do agente na defesa dos interesses do principal;
ii. Problemas de Controle – como estabelecer controles que certifiquem que o
agente está agindo em prol dos interesses do principal, evitando assimetria
de informação.
iii. Problemas de Desempenho – como mensurar o desempenho do agente e
certificar o esforço desse em prol dos interesses do principal; e
iv. Problemas de Conclusão – como resolver da melhor forma a dissolução
contratual com agentes que atuaram de forma divergente da esperada.
A seguir, apresenta-se a Figura 9 - Os problemas do agenciamento em um
organograma de propósitos didáticos, para didaticamente indicar o fluxo dos
problemas do agenciamento relatado por Martinez (1998).
Ainda, Padoveze (2006) destaca que o gestor deverá ser avaliado mediante
indicadores de desempenho que estejam sob sua gestão direta, e esclarece que é
responsabilidade do gestor a maximização dos resultados da unidade sob sua
administração − que deverá estar alinhada às atribuições definidas pela alta
administração e, portanto, aderente à estratégia corporativa.
As unidades de negócios e, pois, os seus gestores devem ser avaliados por
indicadores usualmente aplicados para a avaliação corporativa, de forma que permita
a comparação com seus pares, de modo imparcial e genérico (PADOVEZE, 2006).
Os indicadores de avaliação do desempenho das unidades/gestores
usualmente empregados são o ROI (Return on Investment), ou retorno sobre o
51
3 METODOLOGIA
A ciência tem como objetivo trazer à luz fatos que possam, de alguma forma,
contribuir para a evolução humana. A primeira reação do homem aos fatos sem
explicação científica é o medo ensejado pela “[...] impotência perante ao
incompreensível” (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010, p. 17). Em um segundo
momento, o homem busca o misticismo na tentativa de compreender facilmente os
fatos. Por fim, eis que emerge a ciência, o conhecimento (KAUARK; MANHÃES;
MEDEIROS, 2010 p. 17).
A metodologia tem papel fundamental como meio estruturado de acúmulo do
conhecimento científico, pois permite que haja a validação do resultado apresentado,
mediante o emprego das técnicas empreendidas em determinado trabalho cientifico.
Ander Egg (1978, p. 15) conceitua ciência como “[...] o conjunto de conhecimentos
racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e
verificáveis”. Portanto, uma metodologia que permita a verificação dos resultados
apresentados é o que difere conhecimento científico de senso comum, de misticismo,
e de medo. É a própria evolução do conhecimento humano.
Dessa forma, o presente capítulo tem como objetivo apresentar a metodologia
científica empregada na pesquisa social, que visa a evidenciar os impactos do
problema de agência na materialização das estratégias em uma instituição financeira
brasileira. Esta metodologia permitirá que a técnica possa vir a ser replicada em outras
corporações, tornando os resultados deste trabalho científico sistematizados e
verificáveis.
Na sequência, apresenta-se o Quadro 4. Neste quadro, é estratificado de
forma resumida o planejamento metodológico de pesquisa, em que são apresentados,
do lado esquerdo, oito pontos fundamentais para a pesquisa (descritores), e do lado
direito, as opções para cada descritor. Cabe destacar que todos os descritores do lado
direito grifados em negrito e sublinhado referem-se àqueles que serão adotados nesta
pesquisa.
54
Monitoramento
O método de coleta de dados
Interrogação/Comunicação
Descritivo
O objetivo do estudo
Causal
Transversal
A dimensão de tempo
Longitudinal
Ambiente de campo
O ambiente de pesquisa Pesquisa de laboratório
Simulação
Esta pesquisa foi desenvolvida de forma quantitativa, uma vez que serão
coletados dados a fim de auferir, por meio de métodos, técnicas e recursos estatísticos,
o grau de ocorrência do problema de agência nas unidades pesquisadas.
Martins e Bicudo (1989) explicam que a pesquisa quantitativa lida com fatos,
estabelecendo-a como “[...] tudo aquilo que pode se tornar objetivo através da
observação sistemática, evento bem especificado, delimitado e mensurável. ”.
A pesquisa quantitativa factual busca explorar a mensuração de variáveis e
sua influência sobre outras variáveis, objetivando identificar uma regra de
55
A segunda hipótese que será mapeada por este trabalho refere-se ao grau de
entendimento da estratégia corporativa pelos executivos das unidades de negócios
de atacado de uma instituição financeira brasileira. Tal medida será mensurada por
meio de dados secundários a serem disponibilizados pela instituição pesquisada,
mediante a totalidade de horas de treinamento em cursos da organização voltados
para a disseminação da estratégia corporativa. Isso posto, será analisado o nível de
exposição à estratégia corporativa, comparando-a à intensidade de conflito de agência
do executivo e, ainda, ao desempenho da unidade gerida por esse mesmo executivo.
A Figura 15, a seguir, visa a evidenciar graficamente a hipótese de pesquisa
de que o nível de exposição da estratégia medeia (teste de mediação) a intensidade
de conflito de agência e o desempenho do executivo da unidade de negócio,
adicionando o componente de grau de conhecimento da estratégia corporativa.
Relação de Agência
Definição Constitutiva – Contrato sob o qual uma ou mais pessoas (o
principal) emprega(m) uma outra pessoa (agente) para executar, em seu nome, um
serviço que implique a delegação de algum poder de decisão ao agente. (JENSEN E
MECKLING, 2008).
Definição Operacional – Essa variável foi avaliada por meio da análise
quantitativa de dados, colhidos por intermédio do formulário de coleta de dados,
especificamente pelas questões 8 a 35. É preciso ressaltar que o Gerente Geral da
unidade de negócio, que figura como o executivo para nesta pesquisa, possui
procuração outorgada pelo conselho diretor da instituição financeira pesquisada − o
que materializa a relação de agência.
65
Conflitos de Agência
Definição Constitutiva – Nas divergências de interesses entre o principal e
o agente caracteriza-se o Conflito de Agência. O agente nem sempre agirá de acordo
com os interesses do principal (JENSEN E MECKLING, 2008).
Definição Operacional – Essa variável foi verificada mediante a identificação
de conflitos por meio da análise quantitativa de dados, colhidos por intermédio do
formulário de coleta de dados, observando pontos de conflitos entre os agentes objeto
da pesquisa, uma vez que nessa relação reside interesses divergentes entre o
principal e o agente – sendo esse último o ponto focal da presente pesquisa. Para
tanto, foram analisadas as respostas inseridas nas questões 8 a 35 do formulário de
coleta de dados.
Estratégia Corporativa
Definição Constitutiva – A estratégia corporativa refere-se ao planejamento
deliberado de posicionamento mercadológico, de forma a gerar vantagem competitiva,
ou trade off, para a organização, posicionando-a de forma diferenciada no mercado
de atuação. (BARNEY; HESTERLY, 2011; MINTZBERG et al, 2010; PORTE, 1994).
Definição Operacional – A estratégia corporativa da instituição financeira
pesquisada foi avaliada por intermédio de dados secundários, colhidos em
documentos públicos disponíveis do sítio corporativo. Cabe destacar que a instituição
financeira pesquisada é de capital aberto e, portanto, possui farto material disponível
aos investidores e a quem possa interessar.
Desempenho Organizacional
Definição Constitutiva – O desempenho é o resultado que uma organização
aufere em um determinado período de tempo. Os resultados, por sua vez, dependem
da perspectiva de seus steakholders, uma vez que esses possuem interesses difusos,
e por vezes conflitantes. (FERNANDES et al, 2006).
Definição Operacional – Para avaliar o desempenho das unidades de
negócios, foram avaliados dados secundários (resultado na unidade de negócio, valor
dos ativos administrados, quantidade de carteiras) a serem disponibilizados pela
instituição financeira pesquisada. Os dados secundários foram utilizados para o
66
cálculo dos índices de ROI, ROA e EVA, com as devidas adaptações para refletir o
contexto de uma instituição financeira.
Dancey e Reidy (2007, p. 381) indicam que regressão linear é empregada “[...]
para descobrir o efeito de uma variável (que designamos de x) em outra variável (que
designamos de y).”. Os autores completam, ainda, que “[...] regressão linear responde
a pergunta: Quanto y irá mudar, se x mudar?.”.
A regressão múltipla deriva da regressão linear, e visa a evidenciar como
diversas variáveis (denominadas variáveis explicativas ou previsoras) influenciam
outra variável (denominada variável dependente ou de critério).
Quanto a isso, Dancey e Reidy (2007, p. 406) indicam que “[...] regressão
múltipla é capaz de fornecer informações sobre os modos de relacionamento das
variáveis explicativas combinadas com a variável de critério e como cada uma das
variáveis separadamente está relacionada com a variável de critério.”.
Diante das características atribuídas às pesquisas que utilizam regressão
múltipla, sobretudo a relação de influência entre as variáveis, concluiu-se que se
deveria utilizalas nesta investigação.
85
Moda 360 6 47
Feminino - 9;
13%
Masculino - 60;
87%
Masculino Feminino
Gráfico 2 - Formação
Mestrado Graduado
7% 2%
Lato Sensu
91%
Sudeste;
50,72%
Sul; 30,43%
Std.
N Range Minimum Maximum Sum Mean Deviation Variance Skewness Kurtosis
Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Std. Error Statistic Std. Error
21 Tolera Pequenos Atrasos 69 4 1 5 88 1,28 ,662 ,438 3,397 ,289 14,758 ,570
22 Deixou de Notificar Eventuais Descumprimentos 69 1 1 2 78 1,13 ,339 ,115 2,244 ,289 3,124 ,570
23 Dispensou Tarifa Waiver 69 2 1 3 93 1,35 ,538 ,289 1,227 ,289 ,557 ,570
24 Delegou Controle da Inadimplência 69 3 1 4 103 1,49 ,740 ,548 1,371 ,289 1,112 ,570
25 Deixou de Observar a Capag na Renegociaçao 69 3 1 4 105 1,52 ,759 ,577 1,273 ,289 ,726 ,570
Valid N (listwise) 69
99
Fonte: O Autor.
102
35
30 29
25
20 18
15
10
7
5 5
5 3
2
0
0 1-5 6-10 11-15 16-20 21-25 + 25
Qtde 2 2 2
Norte
Média R$ 14,7 Milhões R$ 4,2 Milhões 4,66%
Qtde 5 5 5
Nordeste
Média R$ 17,4 Milhões R$ 3,5 Milhões 2,98%
Qtde 6 6 6
Centro
Oeste
Média R$ 36,5 Milhões R$ 6,4 Milhões 3,02%
Qtde 21 21 21
Sul
Média R$ 30,3 Milhões R$ 5,1 Milhões 3,59%
Qtde 35 35 35
Sudeste
Média R$ 23,2 Milhões R$ 3,7 Milhões 5,02%
Qtde 69 69 69
Fischer, em 1929, quando parametrizou que “[...] somente quando estamos 95%
certos de que um resultado é genuíno (isto é, não resultante do acaso) devemos
aceitá-lo como verdadeiro.”.
Diante disto, no presente estudo quando as avaliações das hipóteses
auferirem significância superior à 0,05, a hipótese será considerada como
resultado não significativo, e terá seus resultados de correlação rejeitados.
Intensidade do
ROI - Return on EVA - Economic Value ROA - Return on
Conflito de
Investment Added Assets
Agencia
Tabela 10 - Intensidade do Conflito de Agência vs Medidas de Desempenho, Mediado pela Exposição a Estratégia
61,00
60,00
Intensidade do Conflito de Agência
59,00
58,00
57,00
56,00
55,00
54,00
53,00
52,00
51,00
50,00
Norte Nordeste Centro Sul Sudeste
Oeste
Mesorregião
Tabela 12 - Intensidade do Conflito de Agência vs Medidas de Desempenho, Mediada pelo Tempo na Função
Intensidade do Conflito ROI - Return on Tempo na EVA - Economic ROA - Return on
de Agencia Investment função Value Added Assets
r de Pearson 1 ,278 ,025 ,242 ,119
Intensidade do Conflito
Significância ,021 ,836 ,045 ,329
de Agencia
N 69 69 69 69 69
r de Pearson ,278 1 ,165 ,951 ,388
ROI - Return on
Significância ,021 ,176 ,000 ,001
Investment
N 69 69 69 69 69
r de Pearson ,025 ,165 1 ,084 -,100
Tempo na função Significância ,836 ,176 ,492 ,414
N 69 69 69 69 69
r de Pearson ,242 ,951 ,084 1 ,310
EVA - Economic Value
Significância ,045 ,000 ,492 ,010
Added
N 69 69 69 69 69
r de Pearson ,119 ,388 -,100 ,310 1
ROA - Return on Assets Significância ,329 ,001 ,414 ,010
N 69 69 69 69 69
r de Pearson -,034 ,149 ,343 ,182 -,054
Tempo de Banco Significância ,783 ,223 ,004 ,135 ,657
N 69 69 69 69 69
e como cada uma das variáveis separadamente está relacionada com a variável
de critério.”.
Como resultado dessas regressões, foram obtidos os dados
demonstrados na Tabela 13, disposta a seguir.
129
Tabela 13 - Correlação entre os Fatores de Intensidade de Conflito de Agência e ROI Return on Investment
Fator Fator
ROI - Return on Fator Executivos Executivos X Executivos X Fator Executivos
Investment X Acionista Devedores Clientes X Empregados
Pearson Correlation ROI - Return on Investment 1,000 ,184 ,080 ,236 ,414
Fator Executivos X Acionista ,184 1,000 ,453 ,478 ,379
Fator Executivos X Devedores ,080 ,453 1,000 ,186 ,354
Fator Executivos X Clientes ,236 ,478 ,186 1,000 ,509
Fator Executivos X Empregados ,414 ,379 ,354 ,509 1,000
Sig. (1-tailed) ROI - Return on Investment . ,065 ,258 ,026 ,000
Fator Executivos X Acionista ,065 . ,000 ,000 ,001
Fator Executivos X Devedores ,258 ,000 . ,063 ,001
Fator Executivos X Clientes ,026 ,000 ,063 . ,000
Fator Executivos X Empregados ,000 ,001 ,001 ,000 .
N ROI - Return on Investment 69 69 69 69 69
Fator Executivos X Acionista 69 69 69 69 69
Fator Executivos X Devedores 69 69 69 69 69
Fator Executivos X Clientes 69 69 69 69 69
Fator Executivos X Empregados 69 69 69 69 69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
<https://relatorioanual2015.febraban.org.br/pt/index.htm#apresentacao>.
Acesso em: 27 jun. 2017.
APÊNDICES
Disponível em:
https://my.survio.com/F1D5M9D1G1O8F2C3U4R7
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