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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE
MESTRADO EM SISTEMAS DE GESTÃO
Orientador:
Prof. Sérgio Ricardo da Silveira Barros, D.Sc.
Niterói, RJ
2016
Ficha catalográfica
CDD 334
Dedico este trabalho aos meus pais,
Antonino e Nelly, que sempre estiveram ao
meu lado, apoiando minhas decisões, me
incentivando e nunca me deixando desistir.
Me ensinaram que a melhor herança,
maior tesouro é o conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Ao meu marido Marcos, sem o qual nada disso teria sido possível, pois foi o
meu incentivador, o meu professor, o meu colega de turma e com quem dividi todas
as minhas angústias, dificuldades, alegrias e realizações. Não me deixando desistir e
me fazendo acreditar que chegaríamos até aqui.
Ao meu filho Leonardo e as minhas princesas Bárbara e Victória, que sempre
trazem alegria para os meus dias, por suas existências e realizações. Um sorriso deles
é o suficiente para iluminar o meu coração e ter certeza que o esforço para uma
conquista, sempre vale a pena.
Agradeço à Rede D’or São Luiz, na pessoa do Dr. Jorge Neval Moll Filho, por
me possibilitar a participação neste Mestrado e me inserir na realização de um sonho,
o Instituto D’or de Gestão de Saúde Pública, gestor do Hospital Estadual da Criança,
que me faz sentir muito orgulho do trabalho que realizamos.
À Dra. Martha Maria Soares Savedra por ter me apoiado a participar deste
Mestrado e com quem muito aprendi.
Aos meus amigos do Hospital da Criança, com quem partilho a alegria de fazer
parte deste projeto, que possibilita a realização de uma medicina de qualidade com
fins sociais, em especial à Tatiana, Luiza, Freitas, Victor, Ribamar e Rony.
À Diretoria do Hospital, Dra. Heloisa Graça Aranha, Dr. Jason Guida e Dr. Lúcio
Abreu, que me acolheram e me ajudaram, inclusive na confecção desse estudo.
Aos meus colegas de mestrado, em especial à André Araújo, Robson Araújo,
Isabela Petra e Gabriela Nicolino, que se tornaram verdadeiros amigos, parceiros de
uma jornada, que nos envolveu não só no mestrado, mas também em nossas
conquistas pessoais.
Ao meu orientador e mestre Sérgio Barros que não me deixou sucumbir às
dificuldades e me ajudou a atingir esse objetivo.
A todos que possam de alguma forma ter ajudado na confecção desse trabalho.
RESUMO
A relação entre Estado, mercado e sociedade vem se tornando mais complexa nos
últimos anos, levando ao surgimento de instituições que se dispõem entre esses
atores, e ao aparecimento de uma esfera pública não estatal, chamada Terceiro Setor.
Considera-se que o Primeiro Setor é representado pelo Estado, o Segundo Setor, pelo
mercado, esfera privada, e o Terceiro Setor é representado por instituições de direito
privado direcionadas a serviços e bens públicos, dentre elas as Organizações Sociais
de Saúde (OSS). O presente trabalho tem como objetivo central, avaliar de maneira
conceitual sobre a importância das organizações sociais de saúde para a população,
tomando como base o Hospital Estadual da Criança, gerido por uma OSS – Instituto
D’or de Gestão de Saúde Pública. O método de pesquisa empreendido segue
natureza qualitativa, com pesquisa do tipo bibliográfica na modalidade de estudo de
caso. De modo que foi possível concluir que, a importância desse método de gestão
se dá no sentido de efetivar a materialização dos mecanismos legais em ações sociais
para saúde que, de fato alcancem as famílias e indivíduos mais necessitados delas.
O que se nota, porém, é que na realidade brasileira, a gestão destas políticas, tende
a ser muitas vezes, uma ação isolada, ainda que positiva, caso a sociedade brasileira
não passe por uma reformulação em seus princípios sociais, políticos, éticos e morais,
sabendo então cobrar adequadamente de seus governantes uma gestão positiva e
adequada à realidade brasileira. Do mesmo modo que as OSS demandam de uma
revisão e de otimizações para que todas sejam adequadas ao mesmo padrão de
qualidade e ao atendimento qualitativo da população. A justificativa para a escolha do
tema paira sobre sua contemporaneidade, além da expectativa de contribuir para o
âmbito acadêmico.
The relationship between state, market and society has become more complex in
recent years, leading to the emergence of institutions that have between these actors,
and the appearance of a non-state public sphere, called Third Sector. It is considered
that the first sector is represented by the state, the second sector, the market, private
sphere, and the third sector is represented by private institutions directed to public
services and goods, among them the Social Health Organizations (SHO). This study
was aimed to evaluate conceptually about the importance of social health
organizations to the population, based on the Child’s State Hospital, run by an SHO -
DOR Institute of Public Health Management. The research method undertaken
following qualitative nature, with research bibliographical in the case study method. So
it was concluded that the importance of this management method is given in order to
effect the realization of legal mechanisms in social action for health that actually reach
the families and most in need of them individuals. What can be observed, however, is
that the Brazilian reality, the management of these policies tends to be often an isolated
action, although positive, if Brazilian society does not pass a makeover in their social
principles, political, ethical and moral, knowing then properly charge its rulers positive
management and adequate to the Brazilian reality. Just as the SHO require a review
and optimizations for all are appropriate to the same standard of quality and service
quality of the population. The rationale for the choice of subject hovers over its
contemporaneity, beyond expectation to contribute to the academic environment.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquematização da Matriz SWOT ....................................................... 104
Figura 2 – Matriz SWOT OSS Rio de Janeiro ....................................................... 105
Figura 3 – Visita do Homem – Aranha (Humanização no tratamento) .................. 120
Figura 4 – Dia do Livro (atividades educativas) ..................................................... 121
Figura 5 – Coral para alegrar pais e crianças (Humanização no tratamento) ....... 122
Figura 6 – Visita do Coelhinho da Páscoa ............................................................ 122
Figura 7 – Visita do Papai e Mamãe Noel ............................................................ 122
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Indicadores de Mortalidade Geral ligeiramente mais baixos do que as
Unidades em Regime de Administração Direta, com variações entre clínicas ......... 87
Quadro 2 – Comparativo entre 13 hospitais gerenciados pelas OSS e 13 hospitais
da Administração Direta da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo em
relação à produção de 2005 ..................................................................................... 87
Quadro 3 – Produção Assistencial 2014 ............................................................... 110
Quadro 4 – Indicadores de Qualidade 2014 .......................................................... 114
Quadro 5 – Produção Assistencial 2015 ............................................................... 115
Quadro 6 – Indicadores de Qualidade 2015 .......................................................... 118
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Total Saídas Cirúrgicas 2014 .............................................................. 111
Gráfica 2 – Total Saídas Clínicas 2014 ................................................................. 111
Gráfica 3 – Total Consultas Ambulatoriais 2014.................................................... 112
Gráfica 4 – Total Quimioterapias 2014 ................................................................. 112
Gráfico 5 – Hemotransfusões 2014 ....................................................................... 113
Gráfico 6 – Total Saídas Cirúrgicas 2015 .............................................................. 115
Gráfico 7 – Total Saídas Clínicas 2015 ................................................................. 116
Gráfico 8 – Total Consultas Ambulatoriais 2015 ................................................... 116
Gráfico 9 – Total Quimioterapias 2015 ................................................................. 117
Gráfico 10 – Hemotransfusões 2015 .................................................................... 117
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ..................................................... 15
1.2 QUESTÃO DA PESQUISA.................................................................................. 15
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 16
1.3.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 16
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ........................................................................... 16
1.5 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ............................................... 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 21
2.1 O ESTADO BRASILEIRO ................................................................................... 21
2.1.1 Sistema de Políticas Públicas ....................................................................... 21
2.1.2 Reformas no Aparelho do Estado ................................................................. 36
2.1.2.1 A NGP (Nova Gestão Pública) ...................................................................... 39
2.1.2.2 O SUS (Sistema Único de Saúde) ................................................................ 41
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS E DE SAÚDE ................................................. 44
2.2.1 Considerações gerais ................................................................................... 44
2.2.2 Reforma Sanitária ........................................................................................... 56
2.2.3 Humanização na Saúde ................................................................................. 59
2.3 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS NO SETOR DA SAÚDE ............................. 65
2.3.1 Setores Econômicos ...................................................................................... 70
2.3.1.1 Primeiro Setor ............................................................................................... 72
2.3.1.2 Segundo Setor .............................................................................................. 72
2.3.1.3 Terceiro Setor ................................................................................................ 72
2.3.1.3.1 ONG ........................................................................................................... 77
2.3.1.3.2 Associação Civil ......................................................................................... 79
2.3.1.3.3 Fundação ................................................................................................... 81
2.3.1.3.4 Organização Social .................................................................................... 83
2.3.1.3.5 Entidade Filantrópica .................................................................................. 88
2.3.1.3.6 Voluntariado ............................................................................................... 89
2.3.1.3.7 Advocacy .................................................................................................... 90
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 92
3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 92
3.2 PROCEDIMENTOS ............................................................................................. 93
3.3 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 95
3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS .......................................................... 95
4 RESULTADOS ...................................................................................................... 96
4.1 AVALIAÇÃO DAS PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS/ORGANIZAÇÕES
SOCIAIS NO SETOR DA SAÚDE ............................................................................. 96
4.2 ANÁLISE DA MATRIZ SWOT ........................................................................... 103
4.3 ESTUDO DE CASO HOSPITAL ESTADUAL DA CRIANÇA ............................. 108
4.3.1 Indicadores do Hospital Estadual da Criança ............................................ 110
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 123
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 126
14
1 INTRODUÇÃO
Segundo Barbosa e Elias (2010) ao longo dos últimos 20 anos, muito tem se
debatido sobre o processo de financiamento das políticas públicas e as possíveis
alternativas para o problema, discussões sobre o papel do Estado e os padrões de
intervenção sobre a sociedade.
O Estado deixa o papel de executor e passa ao papel de regulador,
principalmente de serviços sociais como saúde.
1.3 OBJETIVOS
A pesquisa básica, por sua vez, tem como objetivo a geração de novos
conhecimentos que sejam úteis para a evolução da ciência, todavia, nessa natureza
não existe aplicação prática. A pesquisa básica envolve verdades e interesses
universais, de modo que o pesquisador, ao empreende-la, deseja satisfazer uma
necessidade intelectual de conhecimento, cuja meta é adquirir saber (GIL, 2006;
CERVO; BERVIAN, 2002).
Assim, elegeu-se para os objetivos da presente pesquisa, a de natureza básica,
uma vez que se enquadra melhor à finalidade dessa. Quanto ao objetivo da pesquisa,
foi eleita a pesquisa exploratória, cuja finalidade espera gerar uma proximidade maior
com o problema levantado, a fim de explicitá-lo ou possibilitar a determinação de
hipóteses (GIL, 2006).
A pesquisa no Hospital Estadual da Criança, se deu com dados a partir de sua
inauguração, no ano de 2013, mas tendo sido utilizados para demonstração, os anos
de 2014 e 2015, que se encontram completos, já que em 2013, a inauguração se deu
em março e o ano de 2016 ainda está em curso.
que, no futuro possa gerar melhorias ou até mesmo novas políticas públicas
direcionadas à efetivação dos direitos à saúde da população.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Harvey (1992) aponta que após os anos 1970 a sociedade passou por uma
crise capitalista1, a partir deste período as verbas destinadas às políticas sociais
passaram a ser redirecionadas a fim de atender o capitalismo crescente,
especialmente ao mercado financeiro.
A reorganização que o governo impôs sobre a sociedade, acabou por
desregularizar a legislação trabalhista e social, abriu mercados e voltou suas políticas
para que a classe burguesa reagisse perante a crise do capitalismo, defasando desta
maneira as condições de sobrevivência da classe trabalhadora, onde o desemprego
e a pobreza passaram a se tornar problemas cada vez mais frequentes na realidade
desta camada da população.
Segundo Cardozo Junior e Jaccoud (2005) o mesmo processo de
redirecionamento de verbas de políticas sociais para suprir a necessidade capitalista
ocorreu em diversos países do mundo que viviam sob este modelo de sociedade,
devido à dissolução do bloco soviético, fator que influenciou o desencadeamento de
tal crise2. No Brasil especialmente, um país que naquele momento praticava o
capitalismo periférico3, foi somente na década de 1930 que este inseriu-se na
industrialização.
1 A crise capitalista da década de 1970 ocorreu, especificamente no ano de 1974, bem como deu início
a uma reestruturação do capitalismo, que teve como medida o fechamento de espaços para as
estratégias desenvolvimentistas. Com o advento da globalização, foi possível notar a tendência
crescente de abrir os mercados comerciais e financeiros para a inserção de economias nacionais, bem
como outros benefícios que tiveram impacto neste processo consistem nas constantes inovações
tecnológicas, a reestruturação de processos de produção, intensificação de fluxos capitais e também a
reordenação de espaço para diversos setores industriais, que foram migrados para regiões periféricas
do globo, sendo instaladas especialmente no Leste Asiático. Países da América Latina passavam por
crises graves por conta de endividamento externo e inflação descontrolada, ao passo que sua imersão
nesta nova ordem estava intensamente comprometida. A crise referida resultou então no completo
abandono de estratégias desenvolvimentistas e adoção de políticas que foram determinadas pelo
Consenso de Washington. (HARVEY, 1992).
2 Desde a década de 1970, a economia mundial em estado estagnado, juntamente à corrida
armamentista, impunha sobre a então União Soviética uma série de desafios estruturais, ao passo que
explicitava suas estruturas deficientes, já que o bloco já enfrentava dificuldades em manter sua
hegemonia na Europa Ocidental, tendo de recuar nos continentes asiático, africano e latino-americano.
O cenário econômico instável e em constantes reformas imputou uma crise intensa sobre o bloco
soviético, crise que foi intensificada com a dissolução do mesmo, especialmente quando os países
componentes deste passaram a declarar sua independência, desestruturando todo o mecanismo
econômico em todo o globo. (NOVE, 1993).
3 Segundo Prebisch (1987, p. 5 – grifo próprio) o capitalismo periférico pode ser conceituado por meio
Este processo que introduzia o país à indústria foi altamente estimulado pelo
poder do Estado, tanto no conceito nacional quanto desenvolvimentista 4, onde este
criou uma série de políticas econômicas direcionadas justamente à indústria,
incentivando a proliferação de zonas urbanas e mantendo o poder latifundiário nas
zonas rurais.
Santos (1987) mostra consonância com às colocações do autor supracitado
quando afirma que a criação de políticas sociais no Brasil foi norteada por uma noção
de “cidadania regulada”, onde os cidadãos que possuíam direito à proteção social
oferecida pelo governo, seriam somente aqueles portadores de carteira de trabalho,
onde deveriam constar profissão e sindicato trabalhista reconhecidos perante o
Estado.
Sendo assim, a dita proteção social só não era válida para os indivíduos que
não possuíam carteira profissional, como se estes viessem a levantar qualquer tipo
de questionamento sobre esta ordem, eram rigorosamente reprimidos5 pelas forças
do Estado. Este modelo de política social, que permanecia submissa a uma política
de forte apelo econômico, se estendeu por um longo período, atravessando a ditadura
imposta pelo governo de Getúlio Vargas, que foi de 1930 a 1945, posteriormente
passando pelo momento populista, de 1946 a 1963, além do período da ditadura
militar, que durou longos vinte anos, de 1964 a 1984. O modelo sofreu alguma
alteração apenas quando promulgada a Constituição Federal, em 1988. Que impôs
em seu capítulo II, dos art. 8º ao 11º, as seguintes determinações:
4 O poder de Estado no sentido desenvolvimentista teve suas teorias promulgadas por grandes
pensadores, a primeira ideia que o compõe, e a central, é a divisão de poderes, que consiste no
princípio geral do direito constitucional que doutrina um Estado de direito. Tal divisão teve suas
premissas sugeridas em Aristóteles, Locke e Rousseau, porém, sua determinação e concretização é
de responsabilidade de Montesquieu. De modo que sua promulgação foi positivada inicialmente nas
antigas colônias inglesas e também na América. Em linhas gerais, o conceito desenvolvimentista
promulga que o poder de Estado é uno, indelegável e indivisível, sendo que a separação de poderes
não se torna viável, mas sim uma segregação de funções. No contexto nacional, o poder de Estado é
estabelecido pela Constituição Federal, que elenca em seu corpo uma série de hipóteses de
interferências recíprocas que podem ocorrer entre tais funções segregadas, assim, é possível
assegurar que o poder não seja exercido sem alguma forma de controle. (DINIZ, 1998).
5 No contexto retrogrado da época, as reprimendas impostas sobre estes indivíduos que ousavam
questionar a ordem, consistiam em espancamentos, torturas, prisões e até mesmo a morte para alguns.
(SANTOS, 1987).
24
7 A questão da cidadania e as premissas do termo cidadão passaram a validar na história geral a partir
da Revolução Francesa, quando uma infinidade de grupos minoritários e até então sem voz na
sociedade, passaram a sair às ruas em busca de liberdade. Em âmbito nacional, o Brasil passou por
uma grave violação de sua constituição quando dado o Golpe Militar, em 1964, que retirou direitos
trabalhistas e uma série de outras liberdades que passaram a tolher o exercício da cidadania. Foi
apenas entre os anos de 1976 e 1977 que este cenário passou a sofrer algumas alterações, quando a
cidadania passou a estabelecer-se, por meio de direitos trabalhistas, lutas pela igualdade entre
gêneros, direito de posse, reservas indígenas, entre outros inúmeros direitos e liberdades que
imputaram um exercício de plena cidadania e democracia à sociedade brasileira (AMARANTE, 1998).
8 O projeto neoliberal surge com a proposta de solucionar, ao menos de maneira parcial, a crise
capitalista ocorrida na década de 1980, trazendo como principal medida a reconstituição do mercado
através da mitigação ou mesmo eliminação de intervenções sociais por parte do Estado sobre uma
série de setores e de atividades. Este fator pode ser caracterizado como uma passagem do fundamento
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10 Carta Magna (Magna Carta) consiste em um documento assinado em 1215, na Inglaterra, com o
objetivo de limitar o poder dos monarcas, impedindo que estes exercessem um modelo de poder
absoluto.
11 Os presentes artigos ditam o seguinte: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
Orgânica da Assistência Social (LOAS – nº 8.742/9312), esta que foi vetada por Collor
e posteriormente sancionada, em 1993, pelo Governo de Itamar Franco, que assumiu
o poder após o impeachment de Collor, devido ao grande apelo popular pela
derrubada do presidente.
Ainda que a LOAS tenha sido aprovada por Franco, o governo seguiu o modelo
de política neoliberal, apenas intelectualizando o cenário, ao passo que Fernando
Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda neste mesmo cenário, onde
implantou o Plano Real e posteriormente foi eleito para assumir o governo federal em
1994. No então governo de FHC as políticas neoliberais tomaram ainda mais força e
foram efetivamente implementadas pelo Brasil através de três pontos principais a
serem observados, através da ótica de Raichelis (2000) são estes:
O governo FHC durou dois mandatos e foi considerado após seu período de
vigência a observação de que a nação havia sofrido um verdadeiro desmonte no que
concerne às questões sociais. Neste cenário, em 2002, e repleto de promessas de
mudanças Luiz Inácio Lula da Silva vence as eleições e assume a presidência da
república, com projetos especialmente direcionados para o setor social.
Lula permaneceu com a política de fragmentação da seguridade social e adotou
projetos para a diminuição da pobreza e da fome, no primeiro ano de governo criou o
Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar (MESA), que instituiu o Programa
Fome Zero, e ordenou a manutenção dos Ministérios da Assistência Social (MAS), da
Previdência Social (MPS) e da Saúde (MS).
O Programa Fome Zero passou por diversas dificuldades de implementação de
ações, por este motivo, em 2004 o MESA e MAS foram dissolvidos e integrados às
suas competências ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS), que abarca também as responsabilidades da Secretária Executiva e do
Programa Bolsa Família.
No contexto que está em discussão, cabe abrir um parêntese para tratar da
questão da habitação, primeiramente, vale contextualizar que o primeiro programa
neste sentido no país, foi a Fundação da Casa Popular, a propulsora das políticas
públicas de habitação implementada, sem êxito, ainda no ano de 1946.
A supra referida lei determina que o plano deve contar com Lei de Diretrizes
Nacionais para o Saneamento Básico (LDNSB), que traz em seu art. 52º que fica sob
responsabilidade da União, junto ao Ministério das Cidades e o Plansab a
implementação da política em âmbito federal, que deve conter:
Outra ação de o então presidente Lula realizou ainda no início de seu mandato
foi a manutenção dos Ministérios da Previdência Social e da Saúde, possibilitando
assim a reforma previdenciária que se deu após a detecção de um déficit da
previdência, constatado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da
Previdência Social (ANFIP).
A PEC-40 traz uma Reforma da Previdência que foi realizada através do
argumento de justiça social, esta acabou por não inserir 40 milhões de trabalhadores
que ficaram sem qualquer tipo de cobertura previdenciária por conta das
consequências da reforma, uma vez que foram considerados indivíduos que não mais
se enquadravam nos critérios de proteção, porém, limitou-se na realização de uma
nova disciplina para o regime de previdência de servidores públicos, onde houve
rebaixamento de teto de benefícios, abrindo assim um mercado amplamente lucrativo
para a denominada previdência complementar.
O governo vigente mantém a retenção de investimentos e recursos na área da
saúde, ao passo que direciona diversas ações à regulamentação de planos de saúde
privados, baixando a demanda de atendimentos do SUS e favorecendo lucros aos
empresários dos planos privados.
33
miséria fosse pessoal, de cada família, ainda ressalta a diferenciação de classe social,
atribuindo a questão social como um todo, independente de classe, como questão
política.
Deste modo, Montalvão (2013) explica que a qualidade de vida do ser humano
está intrinsecamente relacionada à sustentabilidade, de modo que se agregam neste
cenário as políticas públicas eficazes no sentido de assegurar à população a condição
de ser autossustentável, tal como com a geração de empregos e renda, oferta de
serviços de saúde e educação para todos.
Para ter qualidade, a vida deve ser sustentável; assim, pode-se dizer que
quando o meio urbano se encontra direcionado para políticas públicas
eficientes, para a geração de emprego e renda, para a saúde, para a
educação e para o ensino superior, para a infraestrutura urbana eficaz, para
serviços públicos focados no cidadão, enfim, consegue-se chegar a uma vida
digna e de qualidade (MONTALVÃO, 2013, p. 43).
Estado. De modo que produzir os bens e serviços para o mercado é uma tarefa
realizada pelo estado por meio de empresas de configuração econômica mista.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE, 2005), as atividades exclusivamente realizadas pelo Estado, fomentaram
reformas capazes de promover à instituição de agências que são movidas por uma
consequência específica. Ao passo que a literatura direciona para quatro principais
razões que encaminham para a formação de agências, são elas: busca pela
economia, busca pela eficiência, melhoria no processo de decisão sobre orçamentos
públicos e responsabilização ou accountability dos resultados. Sendo o último
elemento o mais importante.
Bobbio (2007) explica que a democracia como entendida atualmente, calca-se
no exercício do poder soberano por parte do povo e da ampliação dos direitos de
cidadania de todos os envolvidos. Ao passo que os soberanos anteriormente eram os
detentores de poder absoluto sobre os súditos. Em uma democracia, o voto dado a
um representante político, contudo, não concede a este o poder soberano, mas sim o
atribui da responsabilidade de exercer o poder como representante e em benefício do
povo.
Schedler (1999) por sua vez, alega que os estudiosos políticos se preocupam
na contemporaneidade na manutenção do poder, a fim de domesticá-lo e evitar
potenciais abusos, como a submissão a alguns procedimentos e regras de conduta.
Para o autor, a accountability tornou-se um termo essencial na preocupação contínua
de vigiar o exercício de poder e suas consequentes limitações institucionais na
administração pública.
Abrucio e Loureiro (2004, p. 81) determinam que a accountability pode ser
como “[...] mecanismos institucionais por meio dos quais os governantes são
constrangidos a responder, ininterruptamente, por seus atos ou omissões perante os
governados”. Sendo que as potenciais classificações que seguem esta corrente de
pensamento podem ser vistas nos trabalhos de Kenney (2005), Smulovitz e Peruzzotti
(2005), entre outros.
Rocha e Quintiere (2008) em uma aplicação mais contemporânea do termo
sobre a gestão pública, explica que a accountability pode ser compreendida como um
processo de avaliação e responsabilização permanente que os agentes públicos
38
assumem, que abarca tanto os eleitos quanto os nomeados e os de carreira, por conta
do múnus público que lhes é delegado por parte da sociedade. Sendo assim, sua
utilização é tanto vertical, quando atrelada ao processo eleitoral, na perspectiva
institucional de controle administrativo da ação governamental e consequente
prestação de contas de gestores públicos e sujeição dos mesmos às sanções, quanto
horizontal, quando atrelada ao controle institucional ao longo do mandato.
Segundo Bresser-Pereira e Pacheco (2005) nos países cuja OCDE atende, as
agências correspondiam, em 2005, a aproximadamente 50% de pessoas e gasto
público. Enquanto nas atividades que não são exclusivamente exercidas pelo Estado,
as reformas gerenciais tendem quanto à contratação de serviços com organizações
sem fins lucrativos, públicas não estatais e de terceiro setor. Tal prática é encarada
em vista de um resultado crescente de parcerias firmadas entre Estado e
organizações privadas, cujo financiamento é por parte do Estado e o serviço
executado por tais empresas, que são munidas de maior flexibilidade gerencial.
Segundo Costa (1998) a reforma do Estado é então compreendida no bojo da
reestruturação de seu próprio papel, que se ausenta de uma responsabilidade
intrínseca e direta pelo desenvolvimento econômico e social da sociedade, tornando-
se apenas um promotor e regulador do processo. O Estado então se atribui de uma
representatividade muito menos de execução ou de prestação direta de serviços,
coadjuvando como um regulador e um provedor nessa hierarquia. Tal perspectiva
então busca o fortalecimento de funções de regulação e coordenação de prestação
de serviços sociais.
Bresser-Pereira e Pacheco (2005) por sua vez, explicam que as reformas da
gestão pública não vieram com a finalidade de mitigar o tamanho do Estado no sentido
orçamentário, mas sim, minimizar o Estado enquanto sua receita, isto é, a carga
tributária, ou ainda pelas despesas públicas, já que o financiamento não é
simplesmente distanciado do Estado. Os autores ainda creem que a reforma da
gestão pública de 1995, não foi responsável por subestimar alguns aspectos do
patrimonialismo e clientelismo, todavia, avançou no caminho de uma gestão com mais
autonomia e responsável diante da sociedade.
Ainda conforme Bresser-Pereira e Pacheco (2005), para além de um contrato
de gestão, são utilizados ainda alguns instrumentos direcionados à verificação e
39
Segundo o CLAD (2000) o seguinte aspecto da NGP consiste nas novas formas
de accountability, para além das formas clássicas que são a accountability eleitoral e
a que toma como base as normas e procedimentos de uma estrutura de hierarquia
burocrática, outras ainda são existentes no sentido de envolver a participação social
nos debates e no controle de serviços públicos, além daquelas que são relacionadas
aos resultados.
41
Deste modo, o autor prossegue dizendo que durante longos anos a política
pública de saúde esteve muito arraigada na questão das grandes campanhas de
combate a doenças, tais como tuberculose, sarampo, varíola, etc., com ações
direcionadas e periódicas, visando o tratamento da questão de uma forma um tanto
reducionista.
Atualmente o setor de saúde pública deve assumir um papel de articulação, na
garantia de que o cidadão tenha acesso universal e integral à vida e à saúde, com a
promoção de condições adequadas para que isto seja possível. É possível notar ainda
que houve uma migração na ação centrada no combate às doenças de uma maneira
isolada, sem que suas fontes originárias fossem avaliadas, para que fosse possível a
construção de uma ótica mais ampla, considerando e integrando diversas variáveis e
potenciais ações de resolução. Sobre isto Oliveira (2007, p. 69) explica que: “Essa
nova postura possibilita uma adequação do setor às necessidades específicas de
cada área”.
Sendo assim, é possível notar que a área da saúde se atribui de novas
características, cuja mais importante medida consiste na detecção das causas que
levam à baixa qualidade de vida da população, fator que tem relação direta com a
50
Deste modo, o autor prossegue dizendo que é possível notar que muitas
doenças, corroborando com o já explicitado, podem ser facilmente controladas, desde
que ações paralelas sejam realizadas no sentido da prevenção, tal como questões de
infraestrutura urbana, por exemplo, o saneamento básico que é um aspecto
importante para as cidades, já que o descarte irresponsável de esgoto e resíduos pode
causar uma série de doenças na sociedade.
Oliveira (2007) ainda explica que a gestão municipal atua cada vez mais
direcionada na busca pela melhoria de suas ações, subsidiando-se em uma avaliação
de intersecções de diversas áreas, com a condução destas medidas de maneira
indireta. Sendo que diversos dos problemas associados à saúde podem passar a ser
solucionados através de diversas outras vertentes de atuação.
No que tange à promoção da saúde o autor explica que a visão sistêmica que
é lançada sobre o setor da saúde consiste na extrema dificuldade de controle e
também na redução da demanda de serviços neste setor, sendo o surgimento das
tendências intervencionistas distintas na área da saúde que buscam a criação de uma
estrutura social para a prevenção de doenças.
Sendo assim, Oliveira (2007) explica que a promoção da saúde surge como o
enfoque das políticas de saúde contemporâneas, especialmente nos últimos anos,
como foi determinado pela Carta de Otawa, descrito pelo autor como: “[...] o processo
de permitir às pessoas assumirem o controle sobre os determinantes de saúde e
assim melhorarem sua saúde”. De modo que o autor explica então que:
Deste modo, entre as mais diversas tendências que o autor observa no setor
de gestão em saúde, nota-se a existência de projetos no sentido de fomentar a
56
Paiva e Teixeira (2014) explicam ainda que o PIASS, que fora lançado em
meados de 1976, fora formalmente vinculado ao Ministério da Saúde, o programa fora
caracterizado como uma iniciativa a fim de investir na expansão da rede de atenção
primária de saúde nos municípios do interior do país. Ao passo que os dois principais
propósitos foram: aumento do alcance da cobertura de serviços médicos, sobretudo
em áreas rurais; e, viabilização, com enfoque em cuidados primários em saúde, além
da regionalização da atenção e assistência médica de maneira descentralizada e
hierarquizada.
relatórios finais dos Simpósios de Política de Saúde, realizados pela Câmara dos
Deputados, sobretudo o primeiro – realizado em 1979 – e o quinto – realizado em
1984.
O autor explica que, enquanto projeto, a reforma sanitária expõe um conjunto
de políticas que se articulam, ou então uma bandeira específica que é uma parte da
totalidade de mudanças, que é sistematizado por meio do Relatório final da 8ª CNS,
que fora realizada em 1986. Enquanto movimento, por sua vez, a democratização da
saúde com o movimento sanitário ou movimento da reforma sanitária, fomenta um
conjunto de práticas de cunho ideológico, político e cultural que tomam a saúde como
uma referência fundamental que parece emergir com o Cebes.
Paim (2007) explica que o processo da reforma sanitária, se apresenta como o
conjunto de ações em momentos e espaços distintos a fim de expressar práticas
sociais, econômicas, políticas, ideológicas e também simbólicas, com medidas que
preveem a implementação do SUDS e a instalação da CNRS, que seria promulgada
na constituição de 1988 e, sobretudo, partindo da produção de fatos político-
institucionais no ambiente pós-1988.
O autor então conclui que a reforma sanitária fora uma proposta resultante de
um longo movimento da sociedade civil no Brasil a fim de defender a democracia,
direitos sociais e um sistema renovado de saúde. Sua transformação ocorreu a partir
da 8ª CNS, sobretudo por meio da instalação da Comissão Nacional da Reforma
Sanitária.
A reforma sanitária é, então, de maneira simultânea, uma proposta, um projeto,
um movimento e também um processo. Sua unidade dialética de saber-ideologia-
prática forma uma orgânica importante para o êxito na implementação do projeto da
reforma sanitária e pode então contribuir para a formação de novos sujeitos sociais
com capacidade de evoluir seu processo (PAIM, 2007).
59
Bonomi e Malvessi (2004) por sua vez, explicam que para a implementação
das PPPs, não seria um processo semelhante a qualquer novo mecanismo jurídico.
Isso porque os aspectos centrais que foram elencados como justificativas para a
adoção dessas parcerias na Inglaterra, foram:
66
O mesmo autor ainda explica que, em sentido mais restrito, por meio da criação
da lei federal nº 11.079/04, foram instituídas normas gerais de viabilização da licitação
e da contratação de PPPs no bojo da administração pública, o que anteriormente não
era permitido por conta da insuficiência normativa, ou mesmo por meio de barreiras
legais de proibição.
Nesta pesquisa, o termo PPP será utilizado no sentido mais estrito do Public-
Private Partnership, que diz respeito a uma modalidade específica de relacionamento
que é doutrinada por meio do disposto na lei federal nº 11.079/04, em que o parceiro
privado assume o compromisso de disponibilizar à administração pública ou à
comunidade, as operações de determinado serviço ou da execução ou mesmo
manutenção de determinada obra. Enquanto o Estado, por sua vez, remunera o
desempenho conforme o período de referência.
Bonomi e Malvessi (2004) explicam então que as PPPs se constituem como
uma parcela da reforma que fora adotada por parte do governo federal a fim de
estimular a atratividade do setor privado no sentido de investimento em setores mais
carentes de investimentos públicos. Assim, antes mesmo da supramencionada lei
67
17Foram eles: Minas Gerais, por meio da Lei nº 14.686/03; São Paulo, com a Lei nº 11.688/04; Ceará,
com a Lei nº 13.557/04; Bahia, por meio da Lei nº 9.290/04; Goiás, com a Lei nº 14.910/04; e, Santa
Catarina, por meio da Lei nº 12.930/04.
68
Segundo Portugal e Prado (2007) o principal objetivo para que haja a firmação
das PPPs, é aumentar a eficiência do serviço público. Um processo que demanda
atenção qualitativa e quantitativa para a conveniência e a oportunidade de sua
execução. Para tanto, é preciso então avaliar o Value for Money (VFM), considerando
69
O autor prossegue então dizendo que são dois os principais fatores que surgem
como importantes para o aumento dos graus de renda do trabalhador em seu local de
domicilio: a disponibilidade de opções de trabalho nos setores que ofertam
remuneração mais alta; e também a qualificação que o trabalhador possui para
assumir algumas funções em tais postos de trabalho.
Stulp (2006) então acredita que conhecer os efeitos do rendimento do trabalho
nos setores de atividade econômica é fundamental para a adoção e direcionamento
de ações de política econômica que se destinem ao desenvolvimento dos que
apresentam um impacto superior. A fim de reconhecer de qual esfera estamos
tratando, segue conceituação dos setores.
Em vista do exposto até o momento, cabe traçar um breve perfil de algumas das
configurações das entidades do terceiro setor, de modo que as mesmas possam, por
si só, explicar sua inserção dentro deste.
2.3.1.3.1 ONG
Uma ONG se define por sua vocação política, por sua positividade política:
uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver uma
sociedade democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da
democracia - liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade.
As ONGs são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a
sociedade democrática com que todos sonham (BRASIL, 2012, p. 9).
Assim sendo, pela ótica jurídica não existe aplicação para a ONG, às leis
nacionais determinam que somente duas formas institucionais podem ser concebidas
como uma organização sem finalidade lucrativa, sendo toda e qualquer organização
sem fins lucrativos pertencente à sociedade civil, constituída como uma fundação
privada. Para além, cabe ainda lembrar que, à entidade não basta somente declarar,
de maneira estatutária a sua finalidade sem lucratividade, uma vez que a norma
jurídica nacional determina que sem fins lucrativos são as entidades que não
18 Herbert José de Souza, denominado Betinho, foi sociólogo e ativista pelos direitos humanos
brasileiro. Foi assessor do MEC e chefe de assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos, lutando
ativamente pelas Reformas de Base, especialmente a reforma agrária. Á época do golpe militar, em
1964, foi intensamente contrário ao regime de ditadura que se instaurou, permanecendo em sua luta
pelas causas sociais. Dada à repressão intensa da época, Betinho foi exilado no Chile, no ano de 1971.
Durante seu período fora do Brasil, o ativista somente reforçou suas convicções acerca da democracia,
bem como de que esta seria incapaz dado o sistema capitalista. No ano de 1986 Betinho descobriu ser
portador do vírus HIV, o que se deu por conta das transfusões de sangue as quais era submetido por
conta da hemofilia. Partiu então em defesa dos direitos dos portadores do vírus. Manteve-se ativo nas
causas sociais até o ano de sua morte, em 1997.
77
apresentam superávit em suas contas ou, que caso aquelas que apresentam em dado
exercício, tenham os resultados integralmente direcionados para sua manutenção ou
desenvolvimento das atividades sociais.
Deste modo, a publicação supra referida determina que toda ONG consiste em
uma organização de natureza privada não lucrativa. Porém, não é toda organização
privada e não lucrativa que pode ser determinada como uma ONG. Dentre clubes,
hospitais, sindicatos, universidades, etc., existem finalidades e atuações muito
diferenciadas umas das outras, podendo ser até mesmo opostas, algumas vezes.
Assim, uma ONG figura como uma instituição independente, não se compondo da
parcela orgânica que compõe outros tipos de estruturas de maior porte, e também não
são representantes de qualquer classe de sujeitos, são somente prestadas ao
fornecimento de serviços sociais que, em linhas gerais, não possuem um auto
sustentabilidade.
Assim, de maneira forçada, é imputada a análise da sociedade acerca do
profissionalismo e da eficiência das ONGs enquanto instituições, bem como as ações
realizadas por estas devem ser pautadas pela transparência e pela responsabilidade
perante a opinião pública, ainda que se trate de atividades sem fins lucrativos e,
geralmente praticadas de maneira voluntária. A opinião enunciada pela Associação
Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG apud BRASIL, 2012, p. 11)
acerca da transparência e das relações de poder neste âmbito, consiste, em trecho,
no seguinte:
2.3.1.3.3 Fundação
A fundação privada por sua vez, consiste em uma pessoa jurídica que é
constituída por meio de um patrimônio destinado por uma pessoa que pode ser física
ou jurídica de direito privado, para que sua finalidade seja social e determinada. O
código civil e também o código de processo civil doutrinam sobre a criação da
fundação, que deve se dar sempre de maneira decorrente da iniciativa de quem lhe
instituiu, podendo ser concebida de dois modos: por escritura pública ou por
testamento.
Em tais documentos deve estar descrita a dotação de bens livres, especificando
e clarificando quais seriam as finalidades destinadas a estes e, como item opcional,
um modo em que se dê sua gestão. A constituição da fundação somente poderá
voltar-se às finalidades de cunho religioso, moral, cultural ou assistencial. A
providência primeira para que uma fundação seja instituída consiste na elaboração de
um estudo de viabilidade, processo onde o instituidor procede a colete das
informações e dados, estes que servirão como uma apresentação à promotoria da
comarca, com a finalidade de verificar, por meio do patrimônio que será inicialmente
destinado à fundação, qual será a viabilidade para instituição da dita entidade, bem
como suas questões de auto sustentabilidade.
O próximo passo, ainda dentro deste processo, concerne àqueles os quais o
instituidor comete a aplicação do patrimônio, estes então devem formular o estatuto
da fundação que está em projeto, devendo o documento ser então submetido,
posteriormente, à aprovação por parte de autoridades competentes. O estatuto,
81
Ressalta Ribeiro (2011) que a organização social deve atender à requisitos que
vão assegurar uma relação de confiança e parceria entre o ente privado e o Poder
Público.
O instrumento eleito para regular e garantir tal relação é o Contrato de Gestão
a ser celebrado entre o poder público e a organização social.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2011), o contrato de gestão firmado
com empresas públicas e órgãos da administração direta, “constitui instrumento de
fomento e, portanto, meio de incentivo à iniciativa privada, e não como forma de
descentralização", já que as organizações sociais prestariam não serviços públicos,
de forma descentralizada, mas "atividade privada de interesse público, a ser
fomentada pelo Estado mediante a celebração de contrato de gestão”.
Assim, o contrato de gestão deve fixar metas a serem cumpridas pela entidade,
tendo como contraprestação o auxílio, por parte do Estado, que pode fazer a cessão
de bens públicos, a transferência de recursos orçamentários, a cessão de servidores
públicos, entre outros (RIBEIRO, 2011).
Com isso, o Estado consegue patrocinar o funcionamento das atividades com
observância do princípio da eficiência, sujeitando essas entidades a um controle de
resultados, de modo que, não atingidas as metas fixadas e não sendo satisfatórios os
resultados, as organizações podem vir a perder o fomento do Estado.
O Contrato de Gestão além de ser um instrumento de pactuação entre as partes
tem ainda o papel de fixar responsabilidades dos dirigentes e as penalidades cabíveis
no caso do seu descumprimento. Como característica inovadora, o contrato de gestão
é o elo transparente entre o poder público, o controle social e as instâncias de
fiscalização.
No Brasil, com a criação do Tribunal de Contas da União (Decreto nº 966 A –
de 7 de novembro de 1890), ficou determinado que prestar contas se traduz na
apresentação formal de documentos que comprovem a aplicação de certo recurso na
finalidade a que se destinava.
85
2.3.1.3.6 Voluntariado
Segundo a legislação vigente, por meio das Leis Federais n° 9.608/98 e suas
alterações, o serviço voluntário é aquele prestado pela adesão de pessoa física para
a instituição privada de fins não lucrativos, que possua objetivos cívicos, culturais,
educacionais, científicos, recreativos, assistenciais ou de mutualidade. Este não cria
qualquer tipo de vínculo empregatício, tampouco obrigações trabalhistas,
previdenciárias ou correlatas, uma vez que seu exercício se dá tão somente por meio
da celebração de um termo de adesão entre a entidade e o sujeito voluntário, contando
no instrumento o objeto, suas condições e exercício.
O prestador de serviços neste caso poderá então ser ressarcido pelas
despesas que, com comprovação autorizada, realizar durante o desempenho de suas
89
2.3.1.3.7 Advocacy
3 METODOLOGIA
91
Lakatos e Marconi (1996, p. 15) definem que “Pesquisar não é apenas procurar
a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos
científicos”, através desta ótica é possível notar que a pesquisa é algo mais amplo do
que se imagina em um primeiro momento. A pesquisa não se identifica apenas como
um processo de investigação, ou um modelo simplório de inquirição, sua finalidade é
possuir uma compreensão mais profunda sobre o tema levantado e sobre a questão
que direciona a pesquisa.
Sobre o método de pesquisa, Fiorese (2003, p. 27) explica que é necessário
optar por um em qualquer pesquisa que se disponha a realizar, a escolha do método
acaba por validar o resultado final da pesquisa, sendo assim, o autor define: “O
método (metodologia) é o conjunto de processos pelos quais se torna possível
desenvolver procedimento que permitam alcançar um determinado objetivo”.
Segundo Tartuce (2006) a metodologia científica consiste no método e ciência,
de modo que o método consiste em um caminho traçado a fim de chegar a um fim
específico, tornando-se então o caminho que se trilha em busca de um objetivo. Sendo
assim, a metodologia então consiste no estudo do método, isto é, forma um corpo de
regras, normas e procedimentos estipulados a fim de realizar uma pesquisa.
Em linhas gerais, o método científico consiste, elementarmente, em um
conjunto de dados primários, integrados a um sistema de operações que se encontra
ordenado de maneira adequada a fim de formular as devidas conclusões, cumprindo
dados objetivos que foram predeterminados.
Diehl (2004) explica que a escolha do tipo de pesquisa se apresenta por meio
da natureza do problema, sendo assim, em acordo então com o nível de
aprofundamento que se deseja dar ao problema.
Assim, o autor classifica os dois principais tipos de pesquisa como: quantitativa,
que se utiliza do uso da quantificação, tanto quando há coleta, quanto no tratamento
das informações, lançando mão de técnicas estatísticas, a fim de que os resultados
minimizem distorções da avaliação e interpretação, permitindo que exista uma
margem de segurança maior.
92
3.2 PROCEDIMENTOS
indivíduo, ao passo que nunca será única, existindo tantas realidades possíveis,
quanto possíveis forem suas interpretações.
Segundo Mayring (2004) as técnicas de análise de dados qualitativos servem
como contribuição para a interpretação de questões abertas ou mesmo de textos, o
que ocorrerá por meio de uma descrição objetiva, sistemática e qualitativa de seu
conteúdo. O autor apresenta a metodologia de análise lexical, que possibilita a
interpretação por meio da leitura adequada e dinâmica de questões abertas das
enquetes, através de processos automáticos com bases na matemática ou estatística
e mesmo nos textos.
Tal procedimento não é o mais rigoroso do que uma análise clássica de
conteúdo, nesta modalidade o tratamento de dados é mais objetivo, porém, vale
também a leitura subjetiva, uma vez que é por meio dela que será possível a
comunicação da impressão, seguindo cada constatação a ser explanada.
Existem ainda outras técnicas de análises possíveis na metodologia qualitativa,
segundo Soares et al. (2011), por exemplo, a análise documental, que se trata de uma
técnica importante na abordagem de dados, tanto através do complemento de
informações obtidas por meio de outras técnicas, quanto pelo desvelamento de tema
ou problema novos.
Os autores propõem ainda a técnica de análise de conteúdo onde questiona-
se o que a mensagem diz, o que quer dizer, o que significa. Esta técnica é considerada
inicialmente como uma modalidade de análise e interpretação de textos, porém, no
decorrer do último século passou a tomar caráter científico, ao passo que foi otimizada
no sentido de ser uma técnica aplicada às mais diversas ciências, dentre elas as
sociais e de saúde. Este será o modelo de análise de dados empreendida nesta
pesquisa.
Soares et al. (2011) explicam ainda a possibilidade da análise de discurso,
assim, deve-se tomar conhecimento profundo acerca da linguagem, discurso,
comunicação, contexto, isto é, sobre o mundo como um todo. Para os autores, tal
conhecimento passa a ser compartilhado de maneira social entre diversas
comunidades, ao passo que se torna um denominador comum para ações, interações,
discursos e práticas sociais, tal análise geralmente ocorre no campo da linguística.
94
4 RESULTADOS
No acolhimento dos pacientes, eles passam assim que chegam, por uma
classificação de risco, sendo os casos mais graves atendidos com prioridade.
Diversas equipes tiveram treinamento para levar os princípios da humanização para
dentro também dos hospitais, que ganharam os princípios de hotelaria hospitalar, com
a padronização dos serviços e dos protocolos de gestão do cuidado, que incluem até
cardápios especiais em datas festivas. Trocaram paredes brancas e frias por
ambientes com decoração especial, para dar mais conforto ao paciente.
Outro passo importante foi o processo de qualidade com o programa de
excelência em gestão, baseado em avaliação realizada pela própria gestão da
unidade, seguida de avaliação externa. As unidades aprovadas recebem, anualmente,
o prêmio Qualidade Rio. A auto avaliação é baseada em metodologia internacional
que aufere indicadores como: liderança, estratégias, gestão de pessoas, informação
e conhecimento de resultados. Todas as OSS podem participar e trocar experiências
com o objetivo de melhorar os processos de trabalho e consequentemente, os
serviços ao cidadão nas suas unidades.
Vale ressaltar que todas as OSS são submetidas à fiscalização e devem
cumprir índices de qualidade fixados em contrato, que incluem itens como: pesquisa
de avaliação, taxa de infecção e taxa de faturamento SUS. Elas devem encaminhar
mensalmente relatório de produção quantitativa e qualitativa, prestação de contas e
relatório executivo.
Para garantir a transparência dos processos, todas essas informações devem
ser publicadas em seus sites no portal de transparência, assim como todos os editais
e contratos vencedores das licitações estão disponíveis no portal da SES, podendo
ser acessados por qualquer pessoa.
Segundo as pesquisas e avaliações citadas acima, ao final de 2013, o tempo
de permanência dos pacientes nas UPAs havia diminuído em 14% e 53% dos
funcionários perceberam melhorias em suas unidades.
Seguindo o objetivo de melhorar os resultados e o desempenho de suas
unidades de saúde, até junho de 2014, o Estado do Rio de Janeiro já possuía 80%
das Unidades Estaduais de Saúde gerenciadas por Organizações Sociais, com vinte
e nove Unidades de Pronto Atendimento, duas Maternidades, cinco Hospitais de
99
Segundo estudo feito por Leonardo Ferreira (2015), da SES/RJ, após o cálculo
do coeficiente de desempenho, produção anual realizada/produção anual contratada,
dos contratos com as OSS, os resultados apresentados mostram que 80% dos
Hospitais de Emergência, 75% dos Hospitais Especializados e 92% das Unidades de
Pronto Atendimento atingem ou superam o grau de desempenho esperado,
confirmando assim, a hipótese que o modelo de OSS possibilita a ampliação de
cobertura dos serviços. Faz-se importante ressaltar que no que tange a Hospitais
Especializados, a ampliação da oferta foi ainda mais significativa, devido ao fato de
que o modelo de Organização Social possibilitou abertura de serviços de alta
complexidade, não oferecidos na rede estadual nos anos anteriores ao modelo
implantado.
Conforme relato da Dra. Ana Luiza Carlier, da Secretaria de Saúde do RJ, até
o ano de 2006, a prestação de serviços assistenciais era feita apenas por servidores
estatutários, os quais não estavam em quantidade e capacitação adequados, sendo
complementados com profissionais cooperativados, situação que se mostrou
ineficiente. Na busca por modelos alternativos que pudessem atender aos anseios da
população, passou-se pela gestão compartilhada e pela criação de fundações
estatais, tendo ambos não conseguido atender plenamente ao esperado. Esses
modelos ainda existem, porém em âmbito reduzido. Em 2012, foi assinado o primeiro
contrato de gestão com uma OSS, após a aprovação da lei em 2011 no RJ, logo vindo
outros contratos, totalizando 45 atualmente. A prestação de serviços evoluiu em
termos quantitativos e qualitativos, com mais oferta de serviços, mais acesso à
população e mais qualidade.
Na visão do Dr. Sérgio Côrtes, Secretário de Estado de Saúde à época da
implantação das OSS, o resultado foi muito positivo, pois esse novo modelo propiciou
à população do Rio de Janeiro mais agilidade e qualidade no atendimento, com mais
acesso a medicina de ponta, como nos Hospitais Especializados. A efetividade de
poder se tratar mais preventivamente, traz excelentes resultados a médio e longo
prazo com evidente redução dos custos da saúde.
Ressaltou que a gestão por resultados traz efetividade ao modelo das OSS,
pois se pode medir produtividade e qualidade, o que fortalece mecanismos de
transparência e controle.
102
Ajuda Atrap
alha
103
Ambiente
interno
Forças Fraquezas
(Strenghts) (Weakesses)
Ambiente
externo
Oportunidades Ameaças
(Opportunities) (Threats)
pode durar meses, tempo que nem sempre se pode esperar para salvar a vida de um
paciente.
O Estado passa ao papel de regulador e fiscalizador dos contratos, com a
implantação de metas de produção e qualidade, fazendo com que a população tenha
uma assistência digna. Possibilitando a população cobrar do Estado não mais um
atendimento, mas sim um melhor atendimento.
Conforme visto na montagem da matriz SWOT das OSS, vários desafios
precisam ser enfrentados, principalmente por se tratar de uma forma de gestão ainda
muito nova, dependendo de uma ampla mudança no modelo de gestão pública no que
tange ao papel de regulação e contratação. Principalmente desse último, sabendo
fazer contratações dentro de parâmetros que privilegiem as Organizações Sociais
com expertise em suas áreas de gestão pretendidas, podendo com essas parcerias,
inclusive disseminar entre outros entes da saúde, os processos de gerenciamento que
as torna sucesso em seus segmentos.
Um fator importante a ser considerado como ameaça ao modelo é a alternância
política, que muitas vezes interfere no sistema, mudando tudo o que já foi construído,
podendo trazer prejuízo no cuidado à população, principalmente se considerarmos a
falta de continuidade em projetos vitais para o bem-estar social.
Assim como o quadro técnico que avalia e audita tais contratos, que devem ser
constituídos por pessoas profundamente treinadas e com conhecimento e expertise
necessários em cada âmbito do contrato, também não devem sofrer mudanças em
função do quadro político, podendo trazer perda de qualidade nas avaliações, o que
poderia comprometer o processo de transparência que se faz muito importante ao se
tratar de recursos públicos.
Esse é um fator de suma importância no processo de gerenciamento dos
contratos com as OSS, em que os valores orçados devem ser respeitados e gastos
dentro de um universo de coerência, não podendo ser aceito de forma alguma,
despesas que não pactuem com os parâmetros dos serviços que estão contratados,
no sentido de que o dinheiro público seja respeitado e honrado. Sua utilização correta
é condição premente para continuidade e manutenção dos contratos.
A Fraqueza relatada como limitação ou falta de repasses de recursos
financeiros pode ser explicada facilmente, tendo em vista que serviços podem ter que
106
sofrer reduções ou até parar com essa possibilidade. E infelizmente essa incerteza é
uma realidade nos dias atuais. Estamos vivendo uma grave crise econômica em todo
país, afetando todas as áreas, inclusive a saúde, mas como todos sabemos, salvar
uma vida não pode esperar.
Dentre os pontos fortes, podemos citar o contrato de gestão como mecanismo
de controle, desde que o mesmo expresse os critérios objetivos de avaliação de
desempenho a serem utilizados pela gestão pública, mediante indicadores de
qualidade e produtividade, inclusive com pesquisa de satisfação dos usuários. Com
auditorias permanentes, para que não haja dúvida sobre a utilização correta dos
recursos disponibilizados para a utilização das OSS em benefício da saúde da
população.
O acompanhamento dos contratos deve sofrer constantes avaliações no que
concerne as suas metas e indicadores, não permitindo que o serviço seja subavaliado,
disponibilizando assim, se necessário for, a reorganização do sistema de fiscalização,
aumentando controles, de maneira a que se possa inclusive, vedar a aceitação de
despesas que se encontrem fora do objetivo do contrato.
Ainda no sentido de fortalecer a sinergia entre Estado e OSS, as dotações
orçamentárias anuais devem conter explicações para suas variações, para mais ou
para menos, o que tornaria ainda maior a transparência dos números apresentados.
Medidas assim, são importantes para que seja fácil a mensuração desse novo
modelo de gestão, avaliando se eficiente e eficaz no que concerne ao atendimento à
saúde da população, apresentando excelência em padrão de qualidade, produtividade
e com gastos coerentes com suas conquistas.
Dentro do quadro de oportunidades, os fatores apontados são bastante
promissores no que tange a saúde poder ser colocada como prioridade no atingimento
de qualidade e universalidade, com a possibilidade de se atingir pessoas que nunca
antes puderam ter a chance de um tratamento especializado ou até mesmo alcance
ao mesmo em função de regionalidades, já que com essas parcerias, isso se torna
mais factível.
A oportunidade de um serviço de alto padrão, voltado à uma parcela da
população mais humilde, que está muito longe de poder ter um plano de saúde, pode
passar a não ser uma utopia e sim uma realidade, a ser alcançada em mais longo
107
MISSÃO
Atender com os mais altos padrões técnicos e humanos pacientes e familiares
e oferecer qualidade, conforto e segurança na saúde pública.
VISÃO
Ser referência no atendimento cirúrgico e oncológico a criança e ao
adolescente na saúde pública no Estado do Rio de Janeiro.
VALORES
Competência, Credibilidade, Desenvolvimento, Humanização, Integridade e
Respeito.
Ainda conforme seu relato, a gestão feita por metas de produção e qualidade,
proporciona resultados muito melhores, pois é importante ter um alvo a atingir. O
grupo sabe exatamente aonde precisa chegar, e isso é fundamental.
Os indicadores abaixo demonstram com mais clareza o atingimento das metas.
109
Produção Assistencial
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Saídas Cirúrgicas 305 283 289 298 297 229 262 289 291 288 264 278
Meta 280 280 280 266 280 200 220 280 280 280 250 250
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Saídas Clinicas 47 49 45 48 68 52 57 62 55 40 41 60
Meta 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Consult. Ambulatoriais 1324 1393 1243 1477 1431 1338 1551 1517 1615 1777 1340 1350
Meta 700 700 700 650 700 500 500 700 700 700 600 500
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Quimioterapias 267 253 244 311 256 226 252 249 255 236 278 256
Meta 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Hemotransfusões 115 179 157 298 138 143 103 148 107 189 162 114
Meta 120 120 120 100 120 80 90 120 120 120 100 100
Fonte – Hospital Estadual da Criança.
110
O gráfico 1 demonstra as metas estabelecidas para saídas cirúrgicas e a produção real alcançada.
O gráfico 2 demonstra as metas estabelecidas para saídas clínicas e a produção real alcançada.
Saídas Clinicas;
Maio; 68 Saídas Clinicas;
Saídas Clinicas;
Agosto; 62
Saídas Clinicas; Dezembro; 60
Saídas Clinicas;
Julho; 57
Saídas Clinicas;
Saídas Clinicas; Saídas Clinicas; Setembro; 55
Saídas Clinicas; Junho; 52
Saídas
Fevereiro; 49 Clinicas;
Abril; 48
Janeiro; 47 Saídas
Março; 45 Saídas Clinicas;
Clinicas;
Novembro;
Outubro; 40 41
Meta;Meta;
Meta;
Setembro;
Novembro;
Dezembro;
Meta; Janeiro;
Meta; 16
Fevereiro;
Meta; Março;
Meta;
16 16 Abril;
Meta; 16 Maio;
Meta;16Junho;
Meta;16Julho;
Meta;16Agosto;
Meta;
16 Outubro; 16
16 16
Total Quimioterapias
Quimioterapias;
Abril; 311
Quimioterapias;
Quimioterapias;
Quimioterapias; Quimioterapias; Quimioterapias; Novembro; 278
Quimioterapias;
Quimioterapias;
Quimioterapias;
Janeiro; 267 Quimioterapias;
Fevereiro; 253 Maio; 256 Julho; 252 Quimioterapias;
Agosto; 249 Dezembro;
Setembro; 255 256
Março; 244 Quimioterapias;
Outubro; 236
Meta; Fevereiro; Junho; 226 Meta;Meta;
Meta;
Meta;
Setembro;
Novembro;
Dezembro;
Outubro;
Meta; Janeiro; 200
Meta; Março;
Meta;200
Abril;
Meta; 200
Maio;
Meta;
200
Junho;
Meta;200
Julho;
Meta;200
Agosto; 200
200 200 200
200
Quimioterapias Meta
Hemotransfusões
Hemotransfusões;
Abril; 298
Hemotransfusões;
Hemotransfusões;
Outubro; 189
Hemotransfusões;
Fevereiro; 179
Hemotransfusões;
Hemotransfusões;Hemotransfusões;
Novembro; 162
Março; 157 Hemotransfusões;
Meta; Fevereiro; Junho; 143 Agosto; 148Meta;
Meta; Setembro;
Outubro;
Hemotransfusões;
Meta; Janeiro; 120
Meta; Março; 120Meta; Maio; 138
Maio; 120Hemotransfusões; Hemotransfusões;
Meta; Agosto; 120
120 Hemotransfusões;
Meta;
Meta;
120 Novembro;
Dezembro;
120
Janeiro; 115 Meta; Abril; 100 Dezembro;
107 114
Julho;
Meta; 10390 Setembro;100
Julho;
Meta; Junho; 80
Hemotransfusões Meta
Como pode ser observado no quadro abaixo, todos os indicadores de qualidade foram
cumpridos com bastante êxito, ressaltando-se a satisfação dos usuários em 99%.
Produção Assistencial
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Saídas Cirúrgicas 291 280 306 277 302 289 316 283 295 281 288 286
Meta 266 266 280 266 280 280 280 280 280 266 266 266
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Saídas Clinicas 49 36 61 58 60 56 59 63 58 55 59 68
Meta 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Consult. Ambulatoriais 1554 1375 1675 1514 1601 1660 1780 1732 1797 1776 1687 1648
Meta 650 650 700 650 700 700 700 700 700 650 650 650
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Quimioterapias 239 160 192 175 273 191 171 137 236 194 172 249
Meta 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200 200
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto SetembroOutubroNovembroDezembro
Hemotransfusões 117 179 163 92 175 216 117 234 346 214 203 262
Meta 100 100 120 100 120 120 120 120 120 100 100 100
Fonte – Hospital Estadual da Criança
O gráfico 7 demonstra a meta de saídas clínicas para 2015 e a produção real alcançada.
O gráfico 9 demonstra a meta linear estabelecida para quimioterapias e a produção real alcançada,
tendo ficado no ano, 0,46% abaixo da meta, em função de demanda do Estado.
Comissões Permanentes
• Comissão de Ética Médica
• Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
• Comissão de Revisão de Óbito
• Comissão de Revisão de Prontuário
• Comissão de Terapia Nutricional
• Comissão Transfusional
118
Auditorias de Qualidade
• Auditoria dos setores Estratégicos - auditoria voltada para assistência clínica
com foco na segurança do paciente a cada 4 meses;
• Auditoria dos setores de Apoio - auditoria focada no cumprimento dos
processos e dos fluxos de controle estabelecidos nestas áreas, a cada 6
meses;
• Auditoria das Comissões - auditoria com foco na organização das Comissões
e de suas reuniões a cada 6 meses;
• Auditoria de Meio Ambiente - foco nas condições de risco ambiental e descarte
de resíduos nos setores;
• Auditoria de Risco - auditoria que fiscaliza as barreiras instituídas a partir do
processo de notificação sob demanda;
• Auditoria de Direção - rodada dos Diretores pelos setores do Hospital com foco
em questões de segurança e estruturais.
Segundo Dr. Lúcio Abreu, responsável pelo setor de Qualidade do HEC, todas
essas comissões e auditorias, são devidamente registradas em livro para que seus
resultados possam ser vistos ou até fiscalizados, caso seja solicitado. São feitas
reuniões periódicas para discussão dos resultados e implementação de ações
corretivas quando necessário.
O Hospital conta também com indicadores que vão além dos pactuados com a
SES/RJ, por entender a importância deles para o paciente. São eles:
119
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. N. de; et al. Importância dos setores primário, secundário e terciário para
o desenvolvimento sustentável. G&DR, v. 9, n. 1, p. 146-162, jan-mar/2013, Taubaté,
SP, Brasil.
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Campus, 1992.
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Janeiro: Paz e Terra, 2007.
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Saúde Pública. Fundação Osvaldo Cruz, 2012. Disponível em:
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YASBEK, M. C. Estado e Políticas Sociais. Revista Praia Vermelha. 18. Ed. UFRJ.
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