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NÃO PODE FALTAR

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL –


AS POLÍTICAS PÚBLICAS

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Sueli Helena de Camargo Palmen

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

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CONVITE AO ESTUDO
Seja bem-vindo à primeira unidade desta disciplina.

A primeira unidade (Unidade 1), intitulada “Políticas Públicas e Legislação


Educacional”, tem como foco apresentar aspectos conceituais, históricos e legais
que compõem a ação do Estado em termos de Políticas Públicas voltadas à
Educação.
Assim, na primeira seção desta unidade, “As Políticas Públicas”, conversaremos
sobre as Políticas e suas características, focando as políticas educacionais e o
impacto que promovem no trabalho pedagógico. Nesse contexto, é fundamental
conhecer a Legislação Educacional e a forma de organização do Estado e suas

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ações promotoras de políticas públicas.

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Na segunda seção, “A Legislação Educacional Brasileira”, conversaremos sobre a
hierarquia da Legislação no Brasil, de forma a compreender a normas legais
quanto a tramitação da legislação educacional e o compartilhamento de
responsabilidades entre Estados, municípios e federação.

A Constituição Federal de 1988 e sua influência para a educação brasileira e a Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB nº 9394/1996) e seu
papel na estruturação da educação básica serão foco de nosso estudo. Assim, na
terceira seção, “as Políticas e Legislação Educacional”, apresentaremos a
Constituição Federal de 1988 e sua influência para a educação do Brasil, assim
como a ação dos organismos internacionais nos anos de 1990 e sua influência nas
reformas educacionais e na homologação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, em 1996, buscando apresentar a estrutura da Educação Básica brasileira.

Enfim, o grande desafio desta disciplina está em apresentar os fundamentos da


Educação Nacional colaborando com sua formação e reflexão enquanto ser social
e político e, principalmente, como futuro educador. Portanto, é muito importante
compreender a legislação educacional e analisar o conjunto de valores socialmente
acordados que permeiam as ações educacionais vigentes em nosso país.

Vale destacar que, ao final desta disciplina, espera-se que você compreenda o atual
conceito de Estado e Políticas Pública, bem como o papel da legislação educacional
para estruturação e funcionamento da Educação Nacional, favorecendo a reflexão
acerca da ação educativa.

O material didático está à sua disposição. Invista em seu aprendizado, olhe para os
contextos de aprendizagem, para as situações-problemas e busque retomar os
conhecimentos que foram tratados nesta disciplina.
É muito importante que você, futuro educador, seja o gestor de sua aprendizagem
e invista em sua formação, portanto, é fundamental conhecer a ação do Estado
como promotor das Políticas Públicas, enfim, das Políticas Educacionais.

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PRATICAR PARA APRENDER

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Olá! Nesta unidade conversaremos sobre a “Políticas Públicas e Legislação
Educacional”, percorrendo aspectos conceituais e históricos importantes para
compreendermos as políticas educacionais e o papel da legislação em sua
normatização.

Assim, a primeira seção desta unidade, intitulada “As Políticas Públicas”, contribuirá
para que você compreenda o papel do Estado na promoção de políticas públicas
entre as quais estão as políticas educacionais, olhando para o Estado Brasileiro

Mas você sabe qual são as principais leis que regulamentam a Educação Brasileira?

Como futuro educador, é muito importante conhecer a Legislação Educacional e as


diretrizes que normatizam o trabalho pedagógico, ou seja, que regulamentam a
Educação Nacional.

Portanto, nesta seção iniciaremos essa conversa.

Lembre-se da importância da postura analítica, crítica e ética do profissional da


educação, realize as leituras indicadas e anote suas observações acerca dos
conteúdos aqui trabalhados.

Eles serão fundamentais na sua trajetória formativa!

O contexto de aprendizagem apresentado busca aproximar você da realidade de


seu campo de trabalho. Lembre-se que, embora seja uma narrativa hipotética, o
contexto de aprendizagem é um exercício que mobiliza conhecimentos
promovidos nesta disciplina conectando-os com as situações da prática
educacional, tornando-os mais compreensíveis e significativos.
João é um jovem estudante de Pedagogia que estava estagiando numa escola Imprimir

particular nos anos iniciais do ensino fundamental, contudo ele conseguiu entrar
num programa estadual que possibilita ao estudante trabalhar numa escola
estadual aos finais de semana e assim ter a isenção da mensalidade na

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Universidade Particular, durante o período de seu estágio, em seu curso de

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formação para professor.

Cabe destacar que João nunca trabalhou em escola pública e desconhece as


políticas públicas voltadas à melhoria da Educação pública. Como atuará aos finais
de semana com esse público, é muito importante que se inteire das Políticas
Educacionais e Sociais das quais pode indicar ou lançar mão durante sua atividade.

Como João tem se mostrado muito comprometido com a qualidade de seu


trabalho e a ética de sua atuação, logo entrou em contato com você, professora-
orientadora de estágio, para pedir ajuda com a legislação educacional.

Nesse sentido, o seu papel enquanto professora-orientadora de estágio é orientá-


lo quanto a essas políticas. Considerando os conteúdos mobilizados nesta seção,
você julgou importante fazer alguns apontamentos acerca dos aspectos das
políticas educacionais que se apresentam em forma de Programas e Projetos
Educacionais e que poderão permear o cotidiano profissional de João:

Quais orientações você daria para João a fim de lhe esclarecer o papel das
políticas públicas voltadas à Educação?

Quais questionamentos você faria visando nortear sua percepção prática


quanto às políticas públicas na escola?

Quais políticas educacionais chegam à escola pública em forma de programas?

A educação pública e gratuita é um direito social?

Como os professores podem oportunizar aos alunos o acesso às políticas


públicas?
Enfim, pense nos apontamentos que você considera fundamental para a prática
educacional de João durante seu estágio educacional, mas já assumindo o papel de
futuro educador.

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Você considera que esses conhecimentos auxiliarão na sua atuação dentro dos
princípios democráticos e promotores do direito à educação?

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Aqui você ocupará esse lugar propositivo!

Vamos juntos enfrentar esse desafio?

Bom estudo!

CONCEITO-CHAVE


Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
[...]
— (CIDADÃO: Lúcio Barbosa; Zé Geraldo. Rio de Janeiro: CBS, 1979. LP Terceiro mundo.)

Olá, futuro educador!

Você já ouviu a música “Cidadão”, composta pelo poeta baiano Lúcio Barbosa? Essa
música nos leva a refletir sobre os direitos sociais que todas as pessoas, numa
sociedade democrática, deveriam ter acesso por meio das Políticas Públicas.

Assim, neste momento, iremos conversar sobre o que é a Política e o que são
Políticas Públicas.

Você sabe de onde vem o termo Política e o que ele significa?


O termo “Política” se origina da palavra grega “polis”, que significa cidade, contudo,
também era sinônimo de cidade-Estado. A vida na polis podia ter duas esferas:
uma privada (ligada aos assuntos particulares da casa) e uma pública (expressa
pelo espaço urbano público e político e suas instituições). A política era a forma de

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normalizar a convivência entre os habitantes das cidades e cidades-estados

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vizinhas. Quando a política era exercida dentro de um mesmo Estado era
nominada de Política Interna, e quando era realizada entre diferentes Estados, de
Política Externa.

Entre os filósofos gregos que discutiam o sentido da palavra Política está


Aristóteles, o qual se dedicou a escrever um livro nominado “A Política”.

De acordo com Aristóteles (2002, p. 64), “Em todas as ciências e em todas as artes,
o alvo é o bem; e o maior dos bens acha-se principalmente naquela dentre todas
as ciências que é a mais elevada: essa ciência é a Política e o bem da justiça é a
política, isto é a utilidade geral [...]”.

No sentido aristotélico, a Política pode ser compreendida como uma ciência que
tem por objetivo a felicidade humana, pautada na ética, ao olhar para o homem
individualmente, e na política em si ao olhar para a coletividade. Portanto, a
Política deve buscar boas ações para o bem-estar tanto individual como coletivo.

Focando o olhar para as sociedades modernas, Saravia (2006) pontua que as


relações sociais se tornaram complexas, tanto entre seus membros quanto entre
as instituições que a compõem, pois há uma diversidade de interesses, ideias e
valores e isso acaba ocasionando a incidência de conflitos. Assim, a Política torna-
se um meio capaz de administrar essa complexidade e, através da tomada de
decisões e da ação, levam a sociedade a progredir.

Nessa perspectiva, a Política é


[...] um fluxo de decisões públicas, orientado a manter o equilíbrio social ou a introduzir desequilíbrios
destinados a modificar essa realidade. Decisões condicionadas pelo próprio fluxo e pelas reações e


modificações que elas provocam no tecido social, bem como pelos valores, ideias e visões dos que adotam ou
influem na decisão. É possível considerá-las como estratégias que apontam para diversos fins, todos eles, de
alguma forma, desejados pelos diversos grupos que participam do processo decisório. A finalidade última de tal

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dinâmica – consolidação da democracia, justiça social, manutenção do poder, felicidade das pessoas – constitui
elemento orientador geral das inúmeras ações que compõem determinada política.
— (SARAVIA, 2006, p. 28).

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Você, futuro educador, pode ver que a Política é uma forma dos indivíduos
administrarem as relações entre si, de forma a materializar as intenções em ações
visando atender às necessidades coletivas, ou seja, para um bem em comum.

É nessa linha que passamos a nos referir às Políticas Públicas, ou seja, às ações
empreendidas pelo Estado, ou, como diz Höfling (2001), as Políticas Públicas são
aqui entendidas como o “Estado em ação”.

Para Cunha e Cunha (2002, p. 12), “as políticas públicas têm sido criadas como
resposta do Estado às demandas que emergem da sociedade e do seu próprio
interior, sendo a expressão do compromisso público de atuação numa
determinada área a longo prazo”.

De forma mais concreta, as Políticas Públicas se materializam como um conjunto


de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um
compromisso público que visa a dar conta de determinada demanda, em diversas
áreas, e transformando ações privadas em ações coletivas no espaço público.

As Políticas Públicas são voltadas à economia, à educação, à saúde, ao meio


ambiente, à ciência e tecnologia, ao trabalho, à moradia, entre outras.

As Políticas Públicas podem assumir quatro tipologias com características próprias,


conforme especifica Souza (2002):

Políticas Distributivas.

Políticas Regulatórias.

Políticas Redistributivas.

Políticas Constitutivas.
As Políticas Públicas Distributivas, como pontua Souza (2002), possuem
objetivos pontuais, visando contextos locais e não universais, ofertando serviços e
equipamentos, focalizando grupos sociais ou regiões em detrimento do todo. Essa
modalidade de Política Pública, a distributiva, favorece o clientelismo e o

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patrimonialismo, pois, dentro do jogo político, o assistencialismo é utilizado como

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moeda de troca por apoio político.

No Brasil, esse tipo de política é comum, como a oferta de pavimentação de ruas,


cadeiras de rodas para deficientes físicos, principalmente em período eleitoral.
Entretanto, Souza (2002) alerta que nem toda política distributiva pode ser
compreendida como assistencialista e clientelista, principalmente após a criação
da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), em 1988, pois essa legislação
regulamentou o acesso aos serviços que os cidadãos têm o direito de exigir, de
forma autônoma como um direito social.

As Políticas Públicas Regulatórias foram criadas visando regulamentar,


normatizar e implementar as políticas distributivas e redistributivas, portanto se
pautam em legislações criadas com essa finalidade. São consideradas de ordem
burocrática e grupos de interesse pressionam sua elaboração.

De acordo com Souza (2002), as políticas regulatórias funcionam de forma


diferenciada em cada segmento social, sendo muitas vezes desconhecidas do
público em geral, o qual somente revela ciência de sua existência quando se veem
prejudicados pela normatização, como por exemplo, diante da limitação de venda
de determinados produtos, como os antibióticos por exemplo, vendidos somente
mediante a receita médica e com controle.

As Políticas Públicas Redistributivas visam redistribuir não apenas finanças, mas


também serviços, os quais são disponibilizados pelo governo como forma de
reduzir as resistências sociais. O financiamento dessas políticas acaba sendo feito
pelas pessoas que possuem uma renda mais alta, em favorecimento às pessoas
com rendas menores, chamadas de beneficiários.
As políticas públicas redistributivas são vistas como direitos sociais. Podemos citar
como exemplo os programas de habitação popular voltado à população de baixa
renda, os quais dão subsídios aos seus beneficiários que são compensados através
da arrecadação de outros impostos.

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Ainda no caso da habitação, vale dar o exemplo da isenção do IPTU para cidadãos

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de baixa renda, enquanto o aumento desse imposto é realizado para os demais
cidadãos, compensando a não cobrança a esse público específico.

Já as Políticas Públicas Constitutivas estabelecem e distribuem a


responsabilidade entre municípios, estados e Governo Federal e estipulam
competências e formas de participação social nessas ações, regulando a criação
das Políticas Públicas em si.

Sempre que uma demanda social surge e se caracteriza como parte de uma
agenda política, como um problema a ser resolvido por meio da constituição de
uma nova Política Pública, a “Política Pública Constitutiva” é a responsável pela
discussão do problema, sua constituição enquanto agenda passível de discussão, e
formulação e implementação enquanto Política.

Ao falarmos na Política Pública Constitutiva acabamos falando sobre as etapas da


Política, ou seja, no processo de formulação das Políticas Públicas, também
chamado de ciclo das Políticas Públicas (HAM; HILL, 1993).

Como apresentam Ham & Hill (1993), o ciclo das Políticas é composto por fases,
como você pode ver no esquema a seguir.

Figura 1.1 | Fases da Política


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Fonte: elaborada pela autora.

A primeira fase é a formação da agenda, que se caracteriza pelo planejamento e


percepção dos problemas que merecem maior atenção, por meio da análise da
situação e sua emergência, bem como recursos para sua resolução.

A segunda fase é a formulação da política, portanto é quando se define o


objetivo da política, seus programas e suas linhas de ação. É nessa fase que as
ideias devem se organizar e desenhar a Política com o objetivo de resolver o
problema em questão e os resultados que visa alcançar, elencando as estratégias
que serão utilizadas.

A terceira fase é o processo de tomada de decisão, no qual se define quais serão


as ações adotadas, os recursos e os prazos para cada ação política.

A quarta fase, a implementação da política, é quando se põe os planos em


prática, se direciona os recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos
para executar a política.

Por fim, a quinta fase, a avaliação, que contribui para o acompanhamento da


Política visando o sucesso da ação. Para isso, é muito importante que a avaliação
aconteça em todas as fases da Política, visando os melhores resultados, corrigindo
as possíveis falhas ao longo do processo de efetivação (HAM & HILL, 1993).
Assim, o Estado age por meio das Políticas Públicas visando atender às demandas
sociais em termos de distribuição de bens e serviços sociais, podendo sua
abrangência acontecer no âmbito federal, estadual e municipal.

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Você, futuro educador, sabe qual é a diferença entre Estado e Governo?

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É muito importante compreendermos essa diferenciação, pois é comum
confundirmos Estado e Governo.

A palavra “Estado” como a compreendemos hoje, passou a ser utilizada no século


XVI, conforme pontua Bobbio (2004). Se origina da palavra latina “status”, utilizada
para denominar o conjunto de instituições e pessoas que tinham o domínio sobre
um território e seus habitantes (BOBBIO, 2004).

Segundo Rocha (2008), podemos dizer que Estado é toda a sociedade política,
incluindo o governo. O Estado possui as funções executiva, legislativa e judiciária.

O Governo faz parte do Estado e pode ser identificado pelo grupo político que está
no seu comando. Contudo, uma Política de Estado é regulamentada por leis e tem
uma duração ampla, independente do grupo político no poder.

Um exemplo de Política de Estado é o Plano Nacional de Educação (PNE). Sua


duração é para uma temporalidade de 10 anos e estabelece metas a serem
atingidas pelos municípios, estados e federação, independente dos grupos que
estão em seu governo.

Já uma Política de Governo dura o tempo que determinado grupo se mantém no


comando. Dentro das políticas municipais de educação infantil, por exemplo, a
cada quatro anos costuma-se haver novas normatizações na forma de conduzir a
educação em creches e pré-escolas a nível local, entretanto, as Políticas de Estado
devem ser cumpridas independente do governo local, sendo normatizadas por
uma legislação.

Como resume Rocha (2008, p. 141),


O Estado é um conjunto de órgãos responsáveis pelo desempenho de suas funções. Os órgãos do Estado fazem
o que é do seu interesse, pois exercem o poder do Estado, não possuem vontade própria, por isso são órgãos.


As funções são a executiva, a legislativa e a judiciária.

Nesse contexto, apresentamos a seguir como estão constituídos os poderes do

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Estado e suas funções.

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A administração pública compõe a função executiva, como organização da
burocracia estatal, e o governo que representa um conjunto de órgãos decisórios.

Podemos considerar a organização e estrutura do Estado sob três aspectos: forma


de governo, sistema de governo e forma de Estado.

Quadro 1.1 | Organização e Estrutura do Estado

FORMA DE GOVERNO SISTEMA DE GOVERNO FORMA DE ESTADO

República Presidencialismo Estado Unitário

Monarquia Parlamentarismo Federação

Fonte: elaborado pela autora.

O Brasil adotou a Federação como forma de organização do Estado. Como coloca


Pinho (2012), a Federação é uma aliança de Estados para a formação de um Estado
único, em que as unidades federadas preservam autonomia política, enquanto a
soberania é transferida para o Estado Federal. São características de um Estado
Federal:

As atribuições da União e as das unidades federadas são fixadas na


Constituição, por meio de uma distribuição de competências (União, Estados e
Municípios).

Cada esfera de competência se atribui renda própria.

O poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas.

Os cidadãos do Estado que aderem à federação adquirem a cidadania do


Estado Federal e perdem a anterior.
A base jurídica da Federação é uma Constituição e não um tratado.

Não existe o direito de secessão.

O indivíduo é cidadão do Estado Federal e não da unidade em que nasceu ou

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reside. (PINHO, 2012)

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É importante destacar que o governo possui a discricionariedade, ou seja, tem
liberdade de ação dentro dos limites da legalidade, entretanto, o Estado possui
princípios que limitam a opção ideológica dos governos, lembrando que no Brasil
nos referimos a um Estado democrático, onde o voto popular determina a escolha
política.

O poder legislativo é realizado por colegiados com distribuição de


representatividades, visando discussões amadurecidas com foco na resolução dos
problemas sociais. A função legislativa, conforme afirma Vieira (2007), é a essência
do poder.

O poder judiciário tem a função de controle sobre os atos públicos e privados para
a garantia da legalidade. Além de identificar a legalidade das ações na sociedade, o
poder judiciário também deve preencher as lacunas que aparecem nas leis através
de ações decisórias (VIEIRA, 2007).

Visando afirmar que o Estado democrático de direitos deve responder a princípios


que garantam a todos os cidadãos o mesmo tratamento perante a lei, não
possibilitando favorecimentos, Rocha (2008, p. 142) destaca que


No Estado de Direito, as funções do Estado, caracterizadas na forma de poder, devem ser separadas para não
caracterizar o benefício do poder para o indivíduo que a ocupa, segundo a teoria de freios e contrapesos. É
neste sentido que as funções do Estado não devem também se confundir com os ocupantes do governo.

Nesse contexto, vale resgatar que quando falamos em Políticas Sociais, estamos
falando em decisões políticas que são tomadas pelo Estado, visando atender às
demandas sociais, ou seja, olhando para a coletividade.
Quando falamos especificamente da Política Educacional, estamos nos referindo a
uma política social voltada à educação, portanto, às decisões que o Poder
Público, ou seja, o Estado, toma em relação à educação (SAVIANI, 2008).

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Segundo Vieira (2007, p. 56), a Política Educacional pode ser considerada como
uma aplicação da Ciência Política ao estudo do setor educacional e, por sua parte,

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as políticas educacionais como “políticas públicas que se dirigem a resolver
questões educacionais”.

As iniciativas do Poder Público, em suas diferentes instâncias (União, Estados,


Distrito Federal e Municípios), voltadas à Educação acabam influenciando
diretamente o desenvolvimento das ações pedagógicas nas escolas e sua
organização.

Um exemplo dessa influência pode ser verificado ao analisarmos o papel da nossa


legislação brasileira, a Constituição Federal de 1988, na regulamentação da
Educação Nacional.

Na Constituição Federal se estabelece que a gestão da educação deve ser pautada


no princípio democrático, assim, os estabelecimentos de ensino, sejam estaduais,
federais ou municipais, devem se adequar à legislação nacional ao organizarem a
gestão escolar, por exemplo.

Na atualidade, podemos destacar duas legislações que impactam diretamente nas


Políticas Educacionais brasileiras. São elas: a Constituição Federal (CF), de 1988, e a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9394/1996), pois são
leis maiores que normatizam o funcionamento das instituições e se referem aos
direitos e deveres dos cidadãos em termos educacionais.

Futuro educador, na próxima seção estaremos conversando de forma mais


aprofundada sobre a legislação educacional, explicitando sua constituição e ação
social. Contudo, cabe destacar que as Políticas Educacionais se amparam em
regulamentações legais, as quais impactam diretamente no trabalho
pedagógico realizado pelas escolas.
Vieira (2007) destaca que os estabelecimentos de ensino funcionam com base nas
legislações em vigor as quais orientam as Políticas Educacionais, devendo elaborar
e executar suas propostas educacionais de maneira articulada com as orientações
presentes nas Políticas em vigor, administrando seu pessoal, os recursos materiais

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e financeiros, cumprindo os dias letivos, articulando-se com as famílias e

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comunidades de forma a executar sua proposta pedagógica, como determina a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Art. 12, Incisos I a VII – VIEIRA,
2007, p. 61).

Como uma lei específica e voltada à Educação, a LDB regulamenta todas as ações
educacionais e junto com a Constituição Federal devem zelar pelo direito à
educação de todos os cidadãos, desde o nascimento, visando garantir o direito à
Educação desde a educação básica até o ensino superior.


Nessa perspectiva, cabem aos formuladores de política e aos gestores concentrarem esforços na tarefa de fazer
chegar às escolas os instrumentos para operacionalizarem o desafio do sucesso do ensino e da aprendizagem.
Esta tarefa sem trégua está posta para todos. A ela não podem se furtar a(s) política(s) e a gestão da educação
básica.
— (VIEIRA, 2007, p. 68)

Para finalizar esta seção, cujo objetivo foi apresentar as Políticas Públicas,
compreendê-las conceitualmente e conhecer como funciona a Política voltada à
Educação, ou seja, a Política Educacional, deixamos aqui dois exemplos de Políticas
Públicas direcionadas às ações educacionais, visando ilustrar essa ação do Estado.
São elas a EJA e o Prouni – Programa Universidade para Todos.

A EJA é um exemplo de Política Pública redistributiva ligada à educação, que tem


sua origem na Pedagogia de Paulo Freire e destina-se a erradicar o analfabetismo
da população brasileira.

O Prouni é um programa do Ministério da Educação (MEC) que oferece bolsas de


estudos totais e parciais a estudantes da rede pública de ensino que foram
aprovados em universidades privadas de ensino. O critério para a aquisição da
bolsa se pauta na questão financeira da família (rendimento médio) e na
pontuação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), classificando os
estudantes que demandarem a referida bolsa.

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ASSIMILE

1. Atores das Políticas Públicas: chamamos de atores os grupos que

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integram o Sistema Político, apresentando reivindicações ou
executando ações que serão transformadas em Políticas Públicas.
Podemos dizer que existem dois tipos de atores: os estatais e os
privados.
Os estatais são oriundos do Governo ou do Estado e exercem funções
públicas, são eleitos pela sociedade para um cargo por tempo
determinado (os políticos), ou atuam de forma permanente, como os
servidores públicos (que operam a burocracia).

Os privados são oriundos da Sociedade Civil e não possuem vínculo


direto com a estrutura administrativa do Estado. Exemplo: a imprensa;
os centros de pesquisa; os movimentos sociais; os representantes
comerciais; os sindicatos e outras entidades representativas da
Sociedade Civil.

2. Plano diretor: é uma lei municipal obrigatória para municípios com


população superior a vinte mil habitantes, que integram regiões
metropolitanas, ou ainda, que estejam situados em áreas de influência
de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental,
visando estabelecer as diretrizes de ocupação da cidade. Em outras
palavras, ele define o que pode e o que não pode ser feito em um
município, orientando as ações do Poder Público e as tomadas de
decisão.

3. Programas: no contexto das Políticas Públicas, programas nada mais


são do que as ações previstas no planejamento estratégico detalhadas
em projetos. Para que um projeto esteja completo é preciso que ele
contenha não apenas os objetivos, mas um plano de ação dividido em
várias fases (como em um cronograma) com os resultados esperados.
Exemplo: Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).

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REFLITA

A participação social influência no bom desempenho das Políticas Públicas?

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Os atores sociais são capazes de pressionar o Estado quanto à elaboração
de Políticas Públicas?

EXEMPLIFICANDO

Quando falamos em Gestão democrática na escola é fundamental


pensarmos na participação das famílias, alunos e comunidade em geral em
sua gestão, participando dos processos decisórios, acompanhando as ações
tomadas pela escola, de forma a favorecer a gestão escolar de forma
eficiente, ou seja, garantindo o bom uso dos recursos para a promoção de
uma qualidade educacional.

Você está caminhando rumo ao resultado de aprendizagem desta unidade,


compreendendo a construção de uma legislação educacional e das Políticas
Educacionais, sua hierarquia e os impactos na educação brasileira e refletindo
sobre os desafios da formação de professores.

Até aqui você pôde ver que as Políticas Públicas influenciam diretamente a
Educação, principalmente ao estabelecer em lei o direito à educação, o direito ao
seu acesso e permanência, questões que ainda são grandes desafios no Brasil.

Bom trabalho!

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
O termo “Política” se origina da palavra grega “polis” que significa cidade, contudo,
também era sinônimo de cidade-Estado. A vida na polis podia ter duas esferas:
uma privada (ligada aos assuntos particulares da casa) e uma pública (expresso
pelo espaço urbano público e político e suas instituições).

Considerando esse contexto, analise as seguintes afirmativas:

I. A política era a forma de normalizar a convivência entre os habitantes das

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cidades e cidades-estados vizinhas.

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II. Quando a política era exercida dentro de um mesmo Estado, era nominada de
Política Interna e quando era realizada entre diferentes Estados, de Política
Externa.

III. A Política deve buscar boas ações para o bem-estar tanto individual como
coletivo, priorizando o clientelismo e o patrimonialismo político.

a. As afirmações I e II estão corretas.

b. As afirmações I e III estão corretas.

c. As afirmações II e III estão corretas.

d. Apenas a afirmação I está correta.

e. Apenas a afirmação III está correta.

Questão 2
No sentido aristotélico, a Política pode ser compreendida como uma ciência que
tem por objetivo a felicidade humana, pautada na ética, ao olhar para o homem
individualmente, e na política em si, ao olhar para a coletividade. Portanto, a
Política deve buscar boas ações para o bem-estar tanto individual como coletivo.

Considerando o sentido da palavra Política proposta por Aristóteles, analise o


excerto a seguir, completando suas lacunas.

Em todas as ____________ e em todas as artes, o alvo é o ____________; e o maior dos


bens acha-se principalmente naquela dentre todas as ciências que é a mais
elevada: essa ciência é a ____________ e o bem da justiça é a política, isto é a
utilidade geral [...] (ARISTÓTELES, 2002, p.64)

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.


a. matérias / dinheiro / Biologia.

b. disciplinas / aprendizado / Vida.

c. ciências / bem / Política.

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d. escolas / trabalho / Matemática.

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e. pesquisas / lucro / Economia.

Questão 3
As Políticas Públicas são as ações empreendidas pelo Estado, ou seja, podemos
dizer que as Políticas Públicas são o “Estado em ação”. Vale destacar que as
Políticas Públicas podem assumir tipologias, apresentando cada uma delas
características próprias.

Assim, podemos dizer que as Políticas Públicas podem ser classificadas em:

I. Políticas Distributivas.

II. Políticas Regulatórias.

III. Políticas Redistributivas.

IV. Políticas Constitutivas.

V. Políticas Administrativas.

a. I, II, III e V estão corretas.

b. I, II, III e IV estão corretas.

c. I, IV e V estão corretas.

d. II, III, IV e V estão corretas.

e. III, IV e V estão corretas.

REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Política. Trad. Torrieri Guimarães. São Paulo: Martin Claret. 2002.
Disponível em: https://bit.ly/3qnC4Yr. Acesso em: 29 set. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
https://bit.ly/3akCWay. Acesso em: 29 set. 2020.

BARBOSA, L.; GERALDO, Z. Cidadão. Rio de Janeiro: CBS, 1979. LP Terceiro mundo.

0
CUNHA, E. de P.; CUNHA, E. S. M. Políticas públicas e sociais. In: CARVALHO, A.;

seõçatona reV
SALES, F. (Org.). Políticas públicas. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

DOURADO, L. F.; PARO, V. H. (org.). Políticas Públicas e Educação Básica. São


Paulo: Xamã, 2001.

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