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MÓDULO I (cont.

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Gestão e documentos
1.6 Políticas públicas: o que é isso?
Você já ouviu uma música chamada “Construir a manhã desejada”, do
Gonzaguinha? Ela é bastante conhecida e tem o seguinte trecho: “Eu acredito
é na rapaziada que segue em frente, e segura o rojão, eu ponho fé...”.

E você, constrói o seu amanhã? Você já parou para pensar em quem constrói o
amanhã do nosso país? Parte desse compromisso é dos nossos governantes,
que traçam as políticas públicas que direcionam o nosso país. Vamos lá?
Quando falamos sobre educação torna-se necessário entender as políticas que
a sustentam. Para se compreender o que é política vamos retornar à Grécia
Antiga e verificar o que Aristóteles disse:

Em todas as ciências e em todas as artes, o alvo é o bem; e o maior dos bens


acha-se principalmente naquela dentre todas as ciências que é a mais elevada:
essa ciência é a Política e o bem da justiça é a política, isto é a utilidade geral
[...]

A partir dessa premissa vamos conceituar política como a forma dos indivíduos
manterem relações entre si, ou seja, são intenções materializadas em forma de
ações que foram estabelecidas para atender às necessidades coletivas. Por
exemplo: as políticas educacionais, que permitem que os cidadãos tenham
direito de acesso à educação.

Podemos conceituar políticas públicas como um conjunto de ações coletivas


voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso
público que visa a dar conta de determinada demanda, em diversas áreas, e
expressa tranformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no
espaço público (GUARESCHI et al. 2004, p.180). Exemplo: SUS
(Sistema Único de Saúde) que garante o atendimento médico gratuito para
todos os cidadãos. Segundo Cunha e Cunha (2002) as políticas públicas são
as ações empreendidas pelo Estado para efetivar as prescrições
constitucionais sobre as necessidades da sociedade em termos de distribuição
e redistribuição das riquezas, dos bens e serviços sociais no âmbito federal,
estadual e municipal.

São políticas de economia, educação, saúde , meio ambiente, ciência e


tecnologia, trabalho, etc. Ainda na visão dos mesmos autores: “As políticas
públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas que
emergem da sociedade e do seu próprio interior, sendo a expressão do
compromisso público de atuação numa determinada área à longo prazo”
(CUNHA & CUNHA, 2002, p.12). Sua construção obedece a um conjunto de
prioridades, princípios, objetivos, normas e diretrizes bem definidas.
Torna-se necessário compreender que numa sociedade de conflitos e
interesses de classe, elas são o resultado do jogo de poder determinado por
leis, normas, métodos e conteúdos que são produzidos pela interação de
agentes de pressão que disputam o Estado. Estes agentes são os políticos, os
partidos políticos, os empresários, os sindicatos, as organizações sociais e
civis, os quais representam os cidadãos. Severino (2006), ao falar sobre as
políticas públicas comenta que a existência de políticas é o mínimo que se
exige para a implantação de ações, mesmo que se possa discordar de alguns
de seus pontos e aspectos, é imprescindível a sua existência como norma,
roteiro e referência para o sistema de educação brasileiro.

Portanto, estabelecer políticas públicas educacionais implica atender a todos


os níveis e modalidades da educação, de forma a garantir a continuidade da
educação do País, do Estado ou do Município. Como exemplo, podemos citar a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394 de 1996, que
estabelece os princípios e as finalidades da educação brasileira.

Outro exemplo é o FUNDEB (Fundo de Manutenção da Educação Básica e


valorização do Magistério). Esse fundo garante investimentos em todos os
níveis da educação básica, da educação infantil ao ensino médio. E ainda,
outro exemplo são as políticas públicas para a infância e juventude: do direito
de ser criança e da construção da cidadania.

No contexto da educação, desde a década de 1980 as políticas públicas


educacionais têm sido guiadas pelo princípio da descentralização e da
municipalização como forma de aproximar o planejamento e os resultados de
seus maiores interessados – a população. Busca-se, dessa forma, atender aos
desejos de educadores que almejam a descentralização da gestão da
educação no Brasil, assunto este recorrente ao longo de décadas e que tem
estado presente nas lutas frequentes dos movimentos municipalistas, em seus
esforços históricos para superar a herança colonial da centralização do poder e
das decisões na administração pública brasileira, assim como para desenvolver
a confiança na competência do poder local para o gerenciamento de suas
políticas públicas sociais.

Como exemplo de descentralização, podemos citar a municipalização da


educação infantil e também o princípio da gestão democrática nas escolas,
com eleições diretas para diretores. Lembre-se, a educação é um direito
fundamental, universal e inalienável. É dever do Estado implementar políticas
públicas capazes de garantir sua qualidade social, bem como o acesso e
permanência de todos; construindo formas de participação direta, indireta e
representativa, nas quais a sociedade civil possa atuar efetivamente na
definição, gestão, execução e avaliação de políticas públicas educacionais.

Mas não adianta implementar as políticas se não houver recursos para efetivá-
las, torna-se necessário também que os governantes garantam prioridade de
recursos financeiros para a educação pública, pois o compromisso com a
qualidade é também compromisso financeiro com a educação.
Enfim, cabe à sociedade exigir que o Estado efetive políticas públicas para a
educação de qualidade, concebendo-a não como simples acesso às cadeiras
escolares e sim como garantia ao conhecimento historicamente construído. Um
exemplo que podemos dar, sobre a participação da sociedade na efetivação
das políticas públicas, é a participação ativa nas reuniões da Conferência
Nacional de Educação - CONAE.

A CONAE foi criada para tematizar a educação escolar, da educação infantil à


pós- graduação, e realizada em diferentes territórios e espaços institucionais
em nosso país. Estudantes, pais, profissionais da educação, gestores, agentes
públicos e sociedade civil organizada de modo geral, terão em suas mãos a
oportunidade de conferir os rumos da educação brasileira.

Como exemplo de política educacional temos a política pública da inclusão, a


de alfabetização de jovens e adultos, enfim, são as políticas públicas que
garantem o acesso à educação.
Conceitos importantes:

1. Política - forma dos indivíduos manterem relações entre si; um conjunto de


ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais.
2. Políticas públicas - ações empreendidas pelo Estado para efetivar as
prescrições constitucionais sobre as necessidades da sociedade em termos de
distribuição e redistribuição das riquezas, dos bens e serviços sociais no
âmbito federal, estadual e municipal.
3. Políticas educacionais - visam garantir a continuidade da educação do
País, do Estado ou do Município, de forma a atender a todos os níveis e
modalidades da educação.
4. Década de 80 - políticas públicas educacionais têm sido guiadas pelo
princípio da descentralização e da municipalização.
5. Educação - direito fundamental, universal e inalienável.
6. Conferência Nacional de Educação (CONAE) - espaço democrático aberto
pelo Poder Público para que todos possam participar do desenvolvimento da
Educação Nacional.

Referência:
CUNHA, E. de P.; CUNHA, E. S. M.. Políticas públicas e sociais. In:
CARVALHO, A.; SALES, F. (Orgs.) Políticas públicas. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2002.
GUARESCHI, N. et al. Problematizando as Práticas Psicológicas no Modo de
entender a Violência.In: Violência, Gênero e Políticas Públicas. 2004.

Este material foi baseado em:


SILVA, Sonilda Aparecida de Fátima; CARMO, Carmem Sandra Ribeiro do;
ROLIM, Neuli. Fundamento Legal e Princípios da Educação Nacional. Rede
e-Tec Brasil, 2013.
1.7 Princípios e fins fundamentais do sistema
educacional
Você sabia que o acesso à escola pública é um direito constitucional? Se não,
agora você poderá refletir um pouco sobre isso e utilizar essa informação no
seu ambiente profissional.

Para entendermos os fundamentos e os objetivos do Estado democrático de


direito preconizados pela Constituição da República Federativa do Brasil e pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9.394/96, veremos como são
abordadas a perspectiva do direito à educação e os vínculos com os princípios
e as finalidades da educação nacional.

Primeiro vamos entender o que é Estado democrático de direito. O Estado de


Direito atua como um meio de ordenação racional, com regras e normas, ou
seja, é a estrutura jurídica e política, na qual os direitos sociais e trabalhistas
são tratados como direitos fundamentais.

No Brasil a Lei maior está representada pela Constituição Federal, que no


artigo 205 determina que “a educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Sendo assim, constitui dever da família, da sociedade e do Estado promover a


formação humana, como por exemplo a família, que deve colocar o filho na
escola, e cabe ao Estado ofertar vagas nas escolas públicas para que as
famílias possam matricular seus filhos.

A Constituição determina ainda a obrigatoriedade do ensino fundamental, com


oito anos de duração, sendo que atualmente essa obrigatoriedade passou a ser
de nove anos, com o ingresso do aluno no ensino fundamental a partir dos seis
anos de idade.

Em relação à educação, os direitos estão preconizados, tanto na Constituição


Federal quanto na LDB 9394/96, que em seu primeiro artigo trata da
abrangência dos processos de formação da educação. Para isso estabelece
que a educação abranja os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.

Ou seja, a escola não é a única responsável pela educação. Estão previstos


tanto na Constituição Federal quanto na LDB, os Princípios e as Finalidades da
Educação, válidos para o sistema educacional. Vale ressaltar que o princípio
da gratuidade foi ampliado para o ensino médio, anteriormente exceção e
declarando expressamente a gratuidade do ensino superior, em
estabelecimentos oficiais.

De acordo com o artigo 3° da Lei n°. 9394/96, o ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei,
planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, aos das redes públicas;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal.

Para complementar os princípios da educação foram traçadas também as


finalidades da educação. É importante ressaltar que em educação, as
finalidades não têm fim no sentido de término, mas sim estão direcionadas num
único sentido ou orientação. Podemos assim afirmar que tem uma finalidade,
fazendo-se presente em cada ato ou em cada instante, encaminhando o
processo em crescimento contínuo.

Observe quais são essas finalidades:


Pleno desenvolvimento do educando : a partir do momento em que a pessoa
pode se desenvolver plenamente é que tem condições de se sentir realizada.
Preparo para o exercício da cidadania: é preciso que todo cidadão tenha
seus direitos respeitados e seja cumpridor de seus deveres.
Qualificação para o trabalho: é necessário que as escolas ofereçam
condições de aprendizagem adequadas às atividades empreendedoras das
regiões em que se localizam, vinculando a educação escolar ao trabalho e às
práticas sociais, garantindo a valorização de experiências extra-escolar.

Portanto, estabelecer políticas públicas educacionais implica pensar na


educação como um todo, garantindo a continuidade da formação em todos os
níveis. Exemplo disso são os cursos profissionalizantes e os cursos superiores,
os quais devem promover as qualificações necessárias para o mundo do
trabalho.
Conceitos importantes
1. Estado democrático de direito atua como um meio de ordenação racional, com
regras, formas e procedimentos que excluem o arbítrio e a prepotência, em busca da
efetiva concretização da igualdade social.
2. A Constituição Federal, a qual em seu artigo 205 determina que “a educação,
direito de todos e dever do Estado e da família”.
3. Obrigatoriedade do ensino fundamental com nove anos, oportunizando o
ingresso do aluno no ensino fundamental a partir dos seis anos de idade.
4. Os Princípios e Finalidades da Educação são: liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; valorização dos
profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos da rede pública;
gestão democrática do ensino público, na forma da lei; garantia de padrão de
qualidade e piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação
escolar pública, nos termos de lei federal.
5. Finalidades da Educação: pleno desenvolvimento do educando; preparo para o
exercício da cidadania; qualificação para o trabalho.

Referência:

Brasil. LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. MEC: Brasília,


1996.

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SILVA, Sonilda Aparecida de Fátima; CARMO, Carmem Sandra Ribeiro do; ROLIM,
Neuli. Fundamento Legal e Princípios da Educação Nacional. Rede e-Tec Brasil,
2013.
1.8 Gestão democrática x estrutura hierárquica
nas escolas e os órgãos colegiados
A Gestão Democrática acontece quando a escola “ouve” a opinião de seus
clientes internos (funcionários) e externos (pais e alunos) no sentido de
estabelecer propostas pedagógicas e administrativas que atendam às
necessidades e anseios dessa comunidade. Está alicerçada em argumentos
legais (LDB, PNE) e se estabelece através da constituição de órgãos
colegiados, responsáveis por deliberações coletivas que são formalizadas em
documentos institucionais próprios (Projeto Político Pedagógico (PPP),
Regimento Escolar Interno, Instruções Normativas).

Podemos considerar como clientes internos, todo corpo de servidores que


trabalham na unidade escolar. Os clientes externos são representados pela
comunidade (pais, alunos, vizinhos), que podem organizar-se na forma de
órgãos colegiados e participar ativamente das ações desenvolvidas no âmbito
escolar. Vamos então saber um pouco mais sobre a hierarquia escolar, os
órgãos colegiados e as ações que concretizam a prática da democracia na
escola.

Estrutura organizacional básica de uma escola

Em todas as empresas, sejam elas públicas ou privadas, existe uma


organização na relação de poderes, responsabilidades e atribuições, que
determina a estrutura da hierarquia funcional existente, ou seja, as relações de
chefia e subordinação entre as funções e os departamentos que compõem uma
instituição. Segue abaixo uma ilustração hierárquica em tabela que é aplicado
na maioria das escolas:

Tabela 1 - Hierarquia nas escolas


Conselho escolar

Direção

Setor administrativo:

 Secretaria Setor pedagógico:


escolar;
 Serviços de Corpo Alunos: Pais e  Conselho de
zeladoria, classe;
docente: Grêmio comunidade
limpeza e  Coordenação
segurança; professores estudantil - APC pedagógica;
 Multimeios  Orientação
(biblioteca, pedagógica.
laboratórios,
videoteca, etc).

Observe que nessa organização constam, além dos servidores, os órgãos


colegiados que fazem parte das rotinas escolares. Vamos então saber um
pouco mais sobre eles.

Conselho Escolar

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do


ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios: (...) II - participação das comunidades escolar
e local em conselhos escolares ou equivalentes. (LDB. 9394/96)

Os conselhos escolares são colegiados formados por representantes dos


seguintes segmentos: pais, alunos, professores, funcionários, membros da
comunidade e diretor, sendo dever da escola estabelecer critérios
transparentes para a candidatura e eleição dos mesmos.
Apresenta caráter deliberativo, consultivo, normativo e fiscalizador,
apresentando como principais atribuições:

 sugerir, avaliar e aprovar o Projeto Político Pedagógico e o Regimento Escolar;


 acompanhar o planejamento da aplicação de recursos financeiros;
 fiscalizar a aplicação dos recursos e a efetivação do Projeto Pedagógico.

A participação em Conselho Escolar é uma atividade voluntária e não remunerada.


Geralmente, acontecem reuniões periódicas a fim de dar sequência às atividades
propostas e deliberar sobre assuntos de interesse coletivo. Para a tomada de decisão
é considerado no mínimo metade mais um dos votos dos presentes na reunião. O
mandato do Conselho Escolar é válido por um ano, podendo ser reconduzido por mais
um. Então, futuro profissional em Multimeios Didáticos, você sabia da existência e
relevância desse órgão colegiado?
Conselho de Classe

O Conselho de Classe é um órgão colegiado composto pelos professores,


coordenadores, supervisores pedagógicos e direção, sendo opcional a
participação de pais e alunos. As reuniões geralmente são previstas no
calendário escolar, e acontecem bimestralmente, com o objetivo de discutir o
desempenho dos alunos, refletindo conjuntamente sobre práticas pedagógicas
mais eficazes para atingir o desenvolvimento dos discentes.

Assim, em escolas onde a Gestão é Democrática, durante os conselhos de


classe, os membros participantes fazem uma análise e discutem, de forma
conjunta, os melhores caminhos a serem seguidos a fim de promover a
aprendizagem dos alunos, apontando as falhas cometidas durante o bimestre
que se encerrou e as novas propostas de ações a serem desenvolvidas, dentro
dos diferentes setores que compõem o organograma escolar.

Grêmio Estudantil

O Grêmio Estudantil é uma organização constituída e eleita por alunos de uma


mesma instituição de ensino, que tem como missão representar os interesses
dos estudantes em atividades de caráter educativo, cultural, social e esportivo.
É uma forma de inserção do estudante em ações de representatividade do
grupo, despertando-os para uma consciência da importância do exercício da
cidadania e da luta pela conquista dos interesses individuais e coletivos. Você
já participou de algum desses órgãos colegiados? Essa é uma oportunidade de
manifestar suas ideias e vontades no lugar onde você trabalha e/ou estuda.
Claro, que sempre de forma muito ética e educada acima de tudo, não é
mesmo?

Referência:

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96

Este material foi baseado em:


MENDONÇA, Ellen Cristina de Castro Nogueira. Gestão Democrática do Espaço
Escolar. Rede e-Tec Brasil, 2015.
1.9 Documentos institucionais
Projeto Político Pedagógico (PPP)

O Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola é um documento no qual são


descritos os princípios norteadores das ações de cunho pedagógico, social e
administrativo desenvolvidos na escola. Portanto, para sua concepção, é
necessário que “a escola” tenha consciência da realidade política, cultural e
social na qual está inserida, para que a partir de sua identidade, possa
reconhecer sua missão, estabelecer metas e traçar estratégias de curto, médio
e longo prazo.

Ele é um instrumento de trabalho que mostra o que vai ser feito, quando, de
que maneira, por quem para chegar a que resultados. Além disso, explicita
uma filosofia e harmoniza as diretrizes da educação nacional com a realidade
da escola, traduzindo sua autonomia e definindo seu compromisso com a
clientela. É a valorização da identidade da escola e um chamamento à
responsabilidade dos agentes com as racionalidades interna e externa.

Esta ideia implica a necessidade de uma relação contratual, isto é, o projeto


deve ser aceito por todos os envolvidos, daí a importância de que seja
elaborado participativa e democraticamente. (VEIGA, 2001, p.110).

Sua elaboração deve ocorrer de forma coletiva, a partir de reflexões e


discussões entre direção, coordenação, professores, demais servidores,
alunos, pais e representantes da comunidade, para que seja efetivamente um
instrumento democrático e relevante para todos os envolvidos, evitando-se
assim, a centralização de ideias, poderes e interesses.
Regimento Escolar/ Interno

Você já observou que na maioria dos lugares aonde vamos, existem normas
específicas a serem seguidas? Pois é. Na escola não é diferente. Para que as
relações ali estabelecidas se deem de forma padronizada e legal, é necessário
que haja um documento que normatize as atribuições de cada cargo/ função,
dos direitos, deveres e penalidades em casos de infrações. Esse documento
chama-se Regimento Escolar. Seu conteúdo deve guardar coerência com o
expresso no Projeto Político Pedagógico, de modo a complementá-lo.

Esse documento deve ser de conhecimento de todos os envolvidos na


comunidade escolar. Todos devem ter ciência de suas atribuições e direitos,
bem como das penalidades a que estão sujeitos em casos de infrações. Você,
enquanto estudante sabia que esse documento existe? Será que sua
divulgação nas escolas tem acontecido efetivamente? A existência desse
documento por si só não significa a existência de uma gestão democrática. Seu
sentido se dá no momento das deliberações envolvendo os diversos sujeitos da
comunidade escolar (pais, alunos, funcionários) e no seu exercício dentro do
cotidiano da escola.

Nesta aula citamos que toda Escola possui dois documentos que orientam
suas ações e normas de conduta, que são: Projeto Político Pedagógico,
também conhecido como PPP, documento que orienta as ações pedagógicas a
serem desenvolvidas no âmbito escolar, conforme a visão sócio-político- -
pedagógica da Escola; e o Regimento Interno, documento que determina as
responsabilidades, direitos e deveres dentro da Escola. Ambos os documentos,
devem ser elaborados coletivamente, para garantir a democracia na Gestão
Escolar.

Referência:

VEIGA, Ilma Passos A. Projeto político-pedagógico da escola. Uma


construção possível. São Paulo: Papirus, 2001.

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MENDONÇA, Ellen Cristina de Castro Nogueira. Gestão Democrática do Espaço
Escolar. Rede e-Tec Brasil, 2015.
1.10 Aspectos legais da gestão democrática
Constituição Federal - C.F. 88

Você sabe o que significa “Constituição”?

Constituição é um conjunto de leis/regras que orientam e organizam o


funcionamento de uma instituição/Estado. Referindo-se a Estado, é a Lei
máxima que define os direitos e deveres dos cidadãos, determinando também
poderes atribuídos às esferas políticas. Por ser a Lei Maior, nenhuma outra
pode ferir seu conteúdo. O mesmo pode sofrer apenas reformas ou emendas,
exceto as cláusulas pétreas, cujos conteúdos não podem ser revogados.

Em países democráticos, como o Brasil, sua elaboração se dá por uma


Assembleia Constituinte, formada por representantes políticos do poder
legislativo, eleitos pelo povo. A Atual Constituição Federal Brasileira foi
promulgada em 1988. A referência à Educação é dada nos artigos 205 a 214,
merecendo destaque o artigo 206, que diz:

Art. 206.
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e
o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de
carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime
jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade. (Constituição Federal/ 88)

Veja, portanto, que já em 1988 é constitucionalizada a prática democrática nas escolas


de ensino público, ou seja, é direito de todo cidadão participar nas tomadas de decisão
das escolas públicas, defendendo seus direitos de permanência e acesso. É direito
também do profissional do magistério receber a devida valorização por seu trabalho,
na forma de um piso salarial digno. Outro documento de suma importância é o
Estatuto da Criança e do Adolescente, apresentado a seguir.

Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional - LDB 9.394/ 96

Já estudamos nos tópicos anteriores sobre a LDB, que determina as diretrizes da


organização do sistema educacional brasileiro. Toda Instituição de Ensino deve agir
em conformidade com os dispostos em seus artigos. Dentre os avanços apresentados
estão:

 o reconhecimento da educação Profissional como modalidade de ensino;


 oficialização da Educação Infantil (creche e pré-escola) como a primeira etapa
da Educação Básica;
 obrigatoriedade e gratuidade do Ensino Fundamental;
 destinação de 18% do orçamento da União e 25% do orçamento dos Estados e
Municípios na manutenção e desenvolvimento da rede pública de ensino.

Seu texto vem ao encontro do estabelecido na Constituição Federal e no Estatuto da


Criança e do Adolescente. A prática democrática na escola é evidenciada em especial
nos artigos 14 e 15 que diz:

Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino


público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios: I. participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola; II. participação das comunidades escolar e local em
conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às
unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus
de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as
normas de direito financeiro público. ” ( LDB 9394/ 96)

Ou seja, é garantido, na forma de Lei, a participação de funcionários e comunidade na


elaboração do Projeto Político Pedagógico da Escola, que conforme o que já
estudamos, é o documento que determina as ações, projetos e práticas pedagógicas a
serem implementados pela escola.

Plano Nacional de Educação - PNE 10.172/01

O PNE é um Projeto Federal do Ministério da Educação (MEC), fundamentado na Lei


de Diretrizes e Bases (LDB), que visa à melhoria da qualidade do ensino no país, e o
aumento do índice de conclusão da Educação Básica entre os brasileiros. O Projeto
virou lei e foi sancionada em 9 de janeiro de 2001, sendo obrigatório o cumprimento de
suas metas até o final desta década.

A execução das ações fica a cargo dos governos federal, estadual e municipal, e sua
coordenação, a cargo do MEC. Como embasamento para a gestão democrática você
pôde observar que existem diversas Leis. Tais leis orientam os gestores e até mesmo
o cidadão a realizarem um trabalho com políticas públicas efetivas e de interesse de
toda a sociedade.

Referências:
BRASIL. Constituição Federal. Brasília, 1988
______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96
______ Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Estabelece o Plano Nacional de
Educação, Brasília, 2001.

Este material foi baseado em:


MENDONÇA, Ellen Cristina de Castro Nogueira. Gestão Democrática do Espaço
Escolar. Rede e-Tec Brasil, 2015.
A escola
1.12 Finalidades da escola
Em seu Título II, art. 2º, que trata dos Princípios e Fins da Educação Nacional,
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 9.394, de dezembro de 1.996
diz que: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho. O que significa “pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”?

Desenvolvendo conhecimentos e técnicas

Vamos agora abordar uma das finalidades da educação escolar que é o


desenvolvimento do conhecimento científico, entendido como aquele permeado
pelo currículo escolar, seguindo os Parâmetros Curriculares Nacionais. São os
estudos da Língua Portuguesa, da Matemática, da História, Geografia,
Ciências, etc. Essa finalidade se cumpre especialmente em sala de aula, com a
mediação do Professor. É ele quem vai possibilitar ao aluno condições de
assimilar novos conhecimentos, ampliando sua visão de mundo. E, para que
isso ocorra, é necessário que seja dado à “matéria” algum sentido, alguma
aplicação no cotidiano.
Então, muitas vezes o professor precisa desenvolver suas aulas em ambientes
inusitados, contando assim, com a colaboração de seus colegas dentro da
escola. Nesse momento, uma agente de merenda pode tornar-se professora no
instante em que ajuda o professor em uma aula que aconteça na cantina por
exemplo.

A bibliotecária pode ajudar o professor a orientar seus alunos em aulas de


pesquisa que podem acontecer na biblioteca.

O professor precisa ter a liberdade de usufruir de todos os espaços escolares e


encontrar em cada um, o apoio necessário de seus colegas de trabalho, para
que a formação de seu aluno seja garantida com maior eficiência e eficácia.

Desenvolvendo a compreensão cultural

O Brasil é o país das diferenças. No nosso cotidiano, convivemos com pessoas


de diferentes traços: brancos, albinos, pardos, morenos, negros, descendentes
de japoneses, chineses, mexicanos, judeus, católicos, protestantes, “emos”,
góticos, ricos, pobres, dentre outras diversidades que a sociedade nos
apresenta.

A escola é um dos cenários dessas diferenças e faz parte do patrimônio


histórico do nosso país. Portanto, a compreensão dos fatores históricos,
político e social possibilitarão o desenvolvimento da compreensão cultural do
educando. À medida que essa compreensão se desenvolve, minimizam-se os
problemas de preconceitos e da ocorrência do fenômeno “bullying”, que
compreende comportamentos agressivos entre alunos, de forma intencional e
repetitiva, muitas vezes sem motivo aparente, causando traumas e transtornos
às suas vítimas e familiares.

Para que a formação cultural se dê de forma mais significativa, é necessário


que além da compreensão da diversidade étnica e cultural, seja promovido
também o acesso a alguns movimentos e/ou eventos culturais. Como exemplo,
podemos citar passeios a museus, para que o aluno vivencie, por alguns
instantes, a evolução da história do seu município, estado, país. O
conhecimento do passado ajuda na compreensão do momento presente. Outra
forma de possibilitar o referido acesso é levar os alunos a assistirem e até
mesmo promover, peças de teatro (com roteiros contextualizados), exposições
artísticas.

A todo instante, o professor em sala de aula ou durante os passeios culturais,


deve estimular a prática reflexiva de seus alunos, levando-os a ver além das
peças dos museus, da atuação dos atores no palco. Que eles tenham
condições de compreender o processo e o contexto no qual o que se vê foi
desenvolvido.

É dever de todo funcionário da escola respeitar a diversidade, seja ela


de caráter étnico, social, político, religioso. Respeitar não significa aderir a
movimentos ou conformar-se com a pobreza ou violência que nos rodeia. É
lançar um olhar crítico sobre os fatos, mantendo conduta ética e oferecendo
apoio quando possível e necessário.

Tipos de finalidade

Finalidade política da escola

No dia a dia da escola são desenvolvidas inúmeras atividades, sendo muitas


delas de cunho socializador. São campeonatos esportivos, gincanas, reuniões
pedagógicas, festas temáticas, ou mesmo de socialização dentro da própria
sala de aula, como por exemplo, trabalhos em grupo, dramatizações.

Nesses instantes, o aluno desenvolve sua capacidade de se comunicar, de


interagir, e nessa interação aprende novas coisas, assimila hábitos,
compartilha opiniões, cresce verdadeiramente. Por esse motivo, deve ser dada
atenção redobrada para que os “mais tímidos” possam interagir também, ao
seu tempo, à sua maneira, sem, contudo, isolar-se. Professores e funcionários
devem deixar todos à vontade, evitando expressões constrangedoras do tipo “o
gato comeu sua língua? ”, “nossa, ele é tão caladinho, tristinho...”. Ao contrário,
devem incentivá-lo a participar das atividades, com frases do tipo “esse aqui
faz lindos desenhos, então ele fica com essa parte do trabalho”, “venha ver
como se faz, chegue mais perto”, frases que comuniquem algo positivo, que
evoquem a participação do aluno de forma discreta.

Construindo normas e valores

Seja qual for o lugar por onde passarmos, sempre haverá regras específicas a
se cumprir. Mesmo que seja uma temporada na casa de um amigo, a boa
educação nos diz que devemos nos adequar às normas da casa, seus
horários, ajudar na manutenção da limpeza da casa, não é verdade? Pois é, na
escola não pode ser diferente. Alunos e funcionários devem saber que a escola
possui uma “lei interna” chamada Regimento Interno, que é um documento de
valor legal, no qual são designadas as atribuições, direitos, transgressões e
penalidades de cada um no âmbito escolar. Devem saber que comportamentos
inadequados, independente do nível hierárquico de quem os cometeu, são
passíveis de punição, respaldadas pelo Regimento Interno. Você certamente já
ouviu falar que “um exemplo educa mais que mil palavras”. E isso é fato!

De nada adianta o professor dar uma excelente aula sobre ética, e no intervalo
“furar” a fila para comprar o lanche. Um funcionário que agride verbalmente um
colega ou aluno está estimulando a violência. Portanto, se a escola é um lugar
que se transmite normas e valores, devemos estar atentos à nossa conduta,
pois somos espelhos vistos o tempo todo. Precisamos estar aptos a educar
através dos nossos exemplos, pois eles repercutirão na história de alguém.
Promovendo o exercício da cidadania

Para iniciarmos nosso diálogo sobre o exercício da cidadania na escola, vamos


estudar e refletir sobre o conceito da palavra cidadão. Portanto, para que o
indivíduo exerça plenamente sua cidadania, é necessário que ele tenha
consciência dos seus direitos. Participar de votação para eleição de diretor,
grêmio estudantil, representante de classe, não são “obrigações”, pelo
contrário, são direitos. No momento do voto, o sujeito está exercendo sua
cidadania. Está escolhendo aquele no qual ele acredita que será seu melhor
representante.

Um cadeirante ao entrar num recinto com adequações necessárias, está


exercendo sua cidadania, ou seja, está gozando dos seus direitos civis. Para
estimular o exercício da cidadania é preciso também estimular alguns hábitos,
tais como:

 Buscar o conhecimento dos direitos individuais e coletivos, sejam eles regidos


por legislações de nível federal, estadual, municipal ou mesmo institucional.
 Ler todo documento antes de assiná-lo, e em casos de desacordo, buscar uma
discussão amigável.
 Participar das votações de forma consciente, ou seja, sabendo a relevância do
direito de escolha que o voto garante e das qualidades do candidato escolhido.
 Candidatar-se, quando achar que apresenta as condições específicas à função
pleiteada.
 Ter a consciência de que “o direito de um termina quando começa o do outro”.

Ou seja, saber respeitar os direitos dos demais. Esses hábitos devem ser
praticados por todos os cidadãos, dentro e fora da escola. Seja ele professor,
diretor, aluno, secretário, porteiro, merendeira, voluntário.

Finalidade de formação profissional

Formação do indivíduo para o mundo do trabalho e o desenvolvimento de


competências

“A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática


social. ” Art. 1º, § 2º, LDB. Há Décadas atrás, preparar um indivíduo para o
mercado de trabalho seria fornecer subsídios teóricos relativos à pretensa área
de atuação. Atualmente, além de garantir a aprendizagem dos conceitos e
técnicas é necessário oferecer incentivo ao desenvolvimento de alguns tipos de
conduta, tais como:

 Apresentação pessoal adequada, evidenciada em roupas discretas, limpas e


bem passadas. Esse item geralmente é cobrado pelas escolas através do uso
de uniformes, etc.
 Boa comunicação verbal. No momento de uma entrevista de emprego um
dos critérios observados é a comunicação, especialmente a verbal. Portanto,
as escolas têm papel fundamental na formação do educando no que tange
esse fator. Todos os professores devem estar atentos à comunicação de seus
alunos, cobrando e ensinado a eles uma comunicação clara, coerente e
gramaticalmente correta.
 Pró-Atividade. É a busca pela solução de um problema, antes de ser
solicitado. Significa iniciativa, antecipação aos problemas. É o aluno que
oferece ajuda aos colegas na resolução de exercícios é o funcionário que vai
além do que lhe é mandado. Em sala de aula pode ser incentivado o sistema
de monitoria, ou seja, aos alunos que apresentarem maior afinidade com certos
conteúdos, podem ajudar seus colegas durante as aulas esclarecendo suas
dúvidas.
 Autoconfiança. A autoconfiança é resultado do autoconhecimento. Todos nós
temos pontos fracos e pontos fortes. O autoconhecimento permite explorarmos
o nosso potencial e buscar o desenvolvimento daquilo que é falho. Geralmente,
as pessoas autoconfiantes apresentam maior poder de convencimento e de
liderança, características apreciadas pelos empregadores.
 Flexibilidade. É a capacidade de adaptar-se às circunstâncias e à diversidade
de opiniões. Pode ser também a capacidade de atuar em diversos setores de
uma organização, atendendo às necessidades do momento. Por exemplo, um
professor que auxilia na limpeza da escola, um porteiro que ajuda a servir a
merenda.
 Bom relacionamento interpessoal. É aplicar no dia a dia os princípios
básicos da boa educação, estabelecer contatos respeitando as diferenças. É
um fator que pode ser observado e exercitado na escola, uma vez que é um
local onde a convivência com inúmeras pessoas é diária.
 Espírito de equipe. É pensar no coletivo, compartilhar informações,
demonstrar interesse em cooperar, é priorizar o bem comum em detrimento de
interesses particulares. Os trabalhos em grupo, prática de esportes,
organização de eventos, são oportunidades que a escola apresenta ao aluno
de desenvolver o seu espírito de equipe.

Ao observar os itens citados acima, você pode se auto avaliar e avaliar seus colegas
de profissão. Quais quesitos você enxerga em si? Quais acha que falta e precisa
aprimorar? Pense nisso.

Finalidade humanística

Desenvolvimento da responsabilidade ambiental e social

Um grande legado que as escolas podem deixar aos seus alunos, e


consequentemente ao planeta, é uma consciência social e ambiental bem
desenvolvida. O sujeito bem-educado ambientalmente adota no seu dia a dia,
práticas de cuidados com o meio ambiente, e essa é uma semente que se
espalha por onde ele passa. Esses hábitos serão repassados aos seus
familiares, grupos de amigos, ambiente de trabalho.

São alguns hábitos de sujeitos bem-educados ambientalmente, e que devem


ser praticados e estimulados na educação escolar:

 Jogar o lixo nas lixeiras;


 Não jogar óleo pelos ralos da pia, reservando-os para o seu reaproveitamento,
que pode ser fabricação de sabão ou biodiesel;
 Separar o lixo reciclável para seu aproveitamento por usinas ou cooperativas
de reciclagem;
 Não pisar nas plantações e jardins;
 Não desperdiçar água;

E quanto à responsabilidade social? Quais são as características de um sujeito que


apresenta uma consciência social bem desenvolvida? É possível a escola trabalhar
esse aspecto com o aluno? Sim, a escola tem inúmeras possibilidades de despertar a
responsabilidade social no aluno. Um exemplo que pode ser praticado é a realização
de campanhas solidárias para entrega de cestas básicas às comunidades mais
carentes, com a efetiva participação do aluno em todo o processo, desde a
arrecadação até a entrega.

Um outro exemplo é incentivar os alunos que apresentam habilidades artísticas,


esportivas, musicais, a compartilharem seus conhecimentos com outras pessoas,
através da realização de trabalhos voluntários, que podem acontecer aos finais de
semana, nas “escolas abertas”. Certamente, ao perceber que apresenta a capacidade
de melhorar a realidade à sua volta, esse aluno será mais comprometido com as
questões de cunho social.

Promoção do desenvolvimento integral do educando

Vamos agora refletir sobre o desenvolvimento do aluno, não na perspectiva da


sociedade, do meio ambiente ou do mundo do trabalho. Vamos refletir sob a
perspectiva dos anseios e necessidades pessoais do educando. A figura acima ilustra
a transformação interior pela qual o indivíduo passa no decorrer dos seus anos
escolares. A convivência diária com outros estudantes, professores e demais
funcionários deixam um legado na história do aluno.

Ao findar um ano de estudo em uma escola comprometida com a formação integral do


indivíduo, o aluno terá participado de palestras educativas, momentos de
confraternização e comemoração de datas especiais, assembleias, discussões extra e
interclasses, campeonatos esportivos, projetos educativos.

A aprendizagem contínua e cumulativa permite ao educando a progressão em estudos


posteriores e a conquista de maiores espaços na sociedade. Com o passar do tempo,
ele descobre-se e redescobre-se, supera desafios e limitações, aperfeiçoa aptidões,
aprende a viver e conviver.

Referência:

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96


Este material foi baseado em:
MENDONÇA, Ellen Cristina de Castro Nogueira. Gestão Democrática do Espaço
Escolar. Rede e-Tec, 2013.

1.13 Espaço escolar


No Brasil, as unidades escolares devem oferecer uma estrutura mínima de
funcionamento. Essa estrutura segue a perspectiva divulgada no Guia de
Consulta do FUNDESCOLA/ Ministério da Educação (MEC), no qual é
relacionado um conjunto de fatores que permitem a oferta dos serviços
essenciais para que o processo ensino-aprendizagem ocorra de forma
adequada. Tais diretrizes visam também o estabelecimento de padrões
mínimos nacionais, servindo de subsídio para a redução de desigualdades
existentes entre as escolas.

Infelizmente, ainda nos dias atuais nos deparamos com matérias jornalísticas
relatando péssimas condições de algumas escolas, muitas vezes pela falta de
uma gestão política responsável, outras, pela ação vândala dos usuários
desses espaços: a população. Exemplo disso, aconteceu um tempo atrás
quando um telejornal exibiu uma reportagem ilustrando a importância da
merenda na redução do índice de evasão escolar através do exemplo de um
cidadão. Porém, outro fator mereceu destaque: o espaço escolar. Mas o que
seria o espaço escolar? Poderíamos dizer que o espaço seria o ambiente onde
o grupo escolar se encontra.

Segundo Vidal Didonet, entende-se por AMBIENTE, o espaço físico criado e


organizado para abrigar as mais diversas atividades de indivíduos e grupos.
Portanto, os ambientes escolares são definidos como espaços organizados de
forma a promover ações específicas, relativas às funções escolares, que por
sua vez, viabilizam a oferta de serviços diretos e indiretos no âmbito escolar É
direito de todo cidadão receber educação, em espaços que lhe garantam
segurança, dignidade, e acima de tudo, que favoreçam a aprendizagem.

Pensemos agora, numa estrutura básica que garanta aos alunos, professores e
demais funcionários, condições plenas de trabalho e aprendizagem. Sim,
apenas o básico. Existem escolas que ultrapassam nossas expectativas em
relação à estrutura física e tecnológica, em sua maioria, escolas privadas. Mas,
temos também, em alguns casos, escolas púbicas bem gerenciadas, que
apresentam características de qualidade um pouco incomuns.

De acordo com o Guia de Consulta do FUNDESCOLA/ Ministério da Educação


(MEC) uma escola deve conter minimamente:

Sala de aula

Espaço físico destinado ao desenvolvimento de aulas regulares referentes aos


Parâmetros Curriculares Nacionais; aulas de reforço e recuperação, entre
outras.

Recomendações - reservar uma área mínima de 1,20m2 por aluno; - as portas


devem ter vão livre de pelo menos 0.90cm; - iluminação com duas lâmpadas
fluorescentes no mínimo; - mesas e cadeiras adequadas à estatura física dos
alunos; - é obrigatória a ventilação cruzada; - faz-se obrigatório o uso de laje ou
forro; - escolher mobiliário que favoreça diferentes arranjos, conforme a
necessidade de uso; - garantir conforto térmico, acústico e luminoso; - utilizar
cores claras nas paredes. - são indispensáveis lousa (quadro negro ou lousa
magnética) e mural de avisos;

Biblioteca / sala de leitura


Local onde é armazenado o acervo bibliográfico, mídias digitais, fitas de vídeo, etc.
São adequadas para as atividades de leitura, pesquisa e produção de trabalhos por
alunos, professores e comunidade. Pode também ser utilizada como ambiente de
reprodução de vídeos e pesquisas via internet.
Recomendações - esse espaço deve possibilitar a instalação de recursos
multimeios para aplicação no processo didático-pedagógico; - os espaços e
mobiliários devem garantir a guarda organizada e locomoção segura do
material impresso e dos equipamentos; - recomenda-se temperatura máxima
de 240C; - deve ser instalada tomada de energia elétrica de três pinos, para
cada conjunto de computadores e seus periféricos; - a quantidade de
computadores varia em função dos recursos e do tamanho do ambiente; - os
armários e estantes podem ser utilizados para a variação dos arranjos do
espaço.

Salas da administração/ apoio pedagógico

São os ambientes que compreendem a sala de direção, coordenação,


secretaria, sala dos professores. São espaços destinados ao atendimento
pedagógico, administrativo e planejamento de ações pedagógicas e
administrativas.

Recomendações - as portas devem ter vão livre de pelo menos 0.90m; -


iluminação com duas lâmpadas fluorescentes no mínimo; - faz-se obrigatório o
uso de laje ou forro; - garantir conforto térmico, acústico e luminoso; - utilizar
cores claras nas paredes.

Cantina / cozinha
Lugar reservado à guarda, higienização, manipulação, cozimento e distribuição de
alimentos e utensílios.

Recomendações - devem ser consideradas as condições especiais de higiene para


promover estocagem e manipulação dos alimentos de forma adequada; - deve ser
instalada no mínimo uma pia com torneira; - a canalização das pias deve ser distinta
em relação aos sanitários; - instalação de exaustores sobre os fogões; - as tubulações
de gás devem ser de cobre; - manter próximo a área de trabalho, recipientes para
coleta de lixos recicláveis;

Laboratório de Informática
Nem todas as escolas possuem esse espaço, mas nele são desenvolvidas, de forma
didática, atividades de pesquisa em grupos, via internet, além da utilização dos
computadores e seus periféricos para elaboração de trabalhos. Aqui também podem
ser guardadas mídias digitais de programas.

Recomendações - as tomadas de energia elétrica devem ser de três pinos, aterradas,


em circuito próprio para utilização de equipamentos de informática; - as portas devem
ter vão livre de pelo menos 0.90m; - recomenda-se iluminação com duas lâmpadas
fluorescentes no mínimo; - faz-se obrigatório o uso de laje ou forro; - recomenda-se
ventilação cruzada; - a proteção dos equipamentos eletrônicos contra os raios solares
pode ser realizada mediante instalação de cortinas persianas; - tapetes e forrações
devem ser evitados;

Sanitários e vestiários
Esse local deve oferecer estrutura que permita a higiene pessoal de alunos,
professores, funcionários no dia a dia, e comunidade em ocasiões de eventos festivos.

Recomendações - os ralos devem ser do tipo sifonados; - deve haver um ramal de


esgoto para cada três bacias; - o ideal é que haja uma bacia sanitária e um lavatório
para cada 40 alunos por turno; - é obrigatória a existência de pelo menos um lavatório
e uma bacia sanitária adaptados aos portadores de necessidades especiais; -
recomenda-se colocar espelhos junto aos lavatórios.

Almoxarifados/ depósitos
Espaço destinado à guarda de materiais diversos, que pode ser dos tipos: de limpeza,
pedagógico, esportivo, etc.

Recomendações - as portas devem ter vão livre de pelo menos 0.80m; - iluminação
com duas lâmpadas fluorescentes no mínimo; - faz-se obrigatório o uso de laje ou
forro; - é obrigatória ventilação, devendo ser instaladas telas para proteção de entrada
de insetos em todas as aberturas de ventilação.

Pátio
Local onde os alunos se reúnem antes e após as aulas, nos intervalos. Onde também
ocorrem eventos sociais comemorativos e de lazer

Recomendações - o espaço deve abrigar no mínimo todos os alunos de um turno; -


deve estar localizado próximo a uma entrada/saída, sanitários e bebedouros; -pode
ser utilizado como espaço para lanches. Nesse caso, recomenda-se proximidade a
cozinha/cantina; - o piso deve ser de material antiderrapante, lavável e resistente ao
tráfego intenso; - deve possuir caimento para águas pluviais, direcionadas a estruturas
de captação das mesmas; - em casos de utilização do espaço como refeitório, devem
ser instalados lavatórios.
As funcionalidades dos ambientes escolares

Ao ver os ambientes escolares descritos na aula anterior, você deve ter se


perguntado: “E a quadra? O Laboratório de ciências? A sala de vídeo?”. Então
perguntamos: quais espaços poderiam substituir esses ambientes? As
atividades físicas não poderiam ser realizadas no pátio? Os experimentos de
ciências não poderiam ser realizados em sala de aula, desde que previamente
planejados e organizado o ambiente para tal atividade? Isso é o que podemos
chamar de multifuncionalidade dos espaços escolares, tema desta segunda
aula.

Espaços multifuncionais

Se lançarmos um olhar crítico e criativo sobre a escola, veremos que cada


ambiente abriga uma gama de possibilidades que torna possível a realização
de diversas atividades de naturezas diversas. O que é necessário, é um
planejamento detalhado das atividades e um arranjo adequado do espaço
através da utilização de recursos, insumos e mobiliários de forma a garantir o
alcance dos objetivos almejados.

Os espaços escolares podem ser explorados para tornar a aprendizagem mais


significativa, ou seja, para aproximar o aluno do seu objeto de estudo, tornando
a aula agradável, ilustrativa, prática, portanto, inesquecível. Imagine uma aula
sobre alimentação saudável acontecendo na cantina da escola, onde os alunos
vão aprender na prática a correta higienização dos alimentos, a composição e
preparo de um cardápio saudável. Nesse mesmo espaço, podem ser
ministradas aulas de ciências, nas quais os alunos deveriam observar as
transformações químicas e físicas ocorridas com os alimentos durante o seu
preparo.

Pode ser também utilizado em aulas de geografia para o preparo de pratos


típicos de diferentes regiões. Enfim, a cantina deixa de ser um mero espaço
para a higienização e preparo dos alimentos e passa a ser um cenário da
aprendizagem de diversos saberes aplicados à realidade do aluno.

Contudo, para que isso ocorra de forma harmônica, sem comprometer a


atividade essencial do espaço, é necessário um planejamento detalhado,
levando em consideração aspectos tais como: quantidade de alunos,
segurança, higiene, insumos, horário de execução, tempo de utilização do
espaço, dentre outros, sendo recomendada a utilização de um cronograma de
execução das atividades afixado próximo a entrada da cantina.

Cabe ao educador descobrir em cada área da escola um espaço a ser


descoberto sob uma nova perspectiva.
Cenários de integração social

Uma das finalidades da escola é promover a integração social do aluno,


através de programações e atividades socializadoras com o público interno,
que são os alunos e funcionários da escola, e o público externo, que é a
comunidade. Na escola existem alguns espaços que permitem a realização de
atividades dessa natureza.

O pátio ou a quadra podem ser utilizados para abrigar eventos de


confraternização, comemoração de datas específicas, campeonatos esportivos,
assembleias de colegiados, entre outros. As áreas não construídas, podem
transformar-se em jardins e/ou hortas, plantadas e cultivadas coletivamente
entre pais e filhos, alunos e funcionários.

Enfim, em cada ambiente da escola é possível oferecer serviços que envolvam


indivíduos ou grupos. Depende da necessidade, intenção, planejamento,
organização dos espaços e execução da proposta.

Fazendo da escola um ambiente atraente e agradável

Quem não gosta de lugares bonitos, organizados e confortáveis? No caso da


escola, o fator conforto ambiental é de suma importância para a permanência e
desempenho dos alunos, bem como dos professores e outros usuários. Investir
na qualidade do ambiente escolar é investir no processo ensino-aprendizagem
e na saúde dos usuários do espaço escolar. Nesta aula você verá alguns itens
que devem ser observados na garantia do conforto no ambiente escolar.
Vamos lá?

A estética como convite ao estudo

Diversos elementos contribuem para tornar um ambiente agradável. Assim


também acontece com o ambiente escolar. Dentre muitos desses elementos,
está a estética do local. Um prédio bem conservado, com cores adequadas,
trazem bem-estar às pessoas que o frequentam. Veja abaixo algumas
informações que coletamos para você a respeito desse assunto.

O uso das cores


As cores comunicam sensações. Por isso devem ser utilizadas de forma consciente do
que se pretende despertar em cada ambiente, pois elas possuem o poder de interferir
na mente das pessoas nos aspectos relacionados ao humor, satisfação, motivação,
desempenho, além de reduzirem a fadiga visual e o índice de acidentes, sendo um
fator aliado na conservação e limpeza. O arquiteto Fábio Rocha, no artigo “O trabalho
das cores: a importância dos estímulos visuais nos ambientes empresariais”.
Disponível em: http://www. administradores.com.br, apresenta alguns pontos a serem
analisados durante o planejamento do uso das cores nos ambientes:

 Cores quentes (amarelo, vermelho e laranja) e/ou escuras dão a sensação de


aproximação e aumento dos objetos, enquanto que as frias (azul, verde e
violeta) e/ou claras promovem a impressão de distanciamento e redução dos
objetos.
 As cores quentes nos ambientes promovem uma despreocupação com a
passagem do tempo, ao passo que as cores frias superestimam o tempo.
 Em relação a textura, cores frias sugerem dureza, enquanto que as quentes
parecem mais fofas e macias.
 Psicólogos da Gestalt afirmam que o verde e o vermelho tornam-se mais
evidentes em locais com sons altos e fortes. Essa informação pode ser
aproveitada para compensar problemas de ruído com informações visuais.
 Os tons de vermelho, laranja, amarelo e verde claro são apetentes ao contrário
das cores púrpura, mostarda e cinza.

As cores apresentam significados, que são:

 Amarelo: luminosidade, vivacidade, proximidade. Porém, em excesso, torna-se


cansativo.
 Azul: fé, confiança, pureza. Em tons escuros, dá sensação de frio.
 Laranja: força, entusiasmo, vitalidade, ação.
 Rosa: feminilidade, delicadeza, calmante e relaxante.
 Verde: transmite paz, quando claro, e quando escuro, deprime.
 Vermelho: entusiasmo, ação. Em excesso, irrita e desperta violência.
 Violeta: proximidade e espiritualidade. Em excesso, desestimula. Não é
recomendado para áreas grandes, assim como o vermelho, azul-escuro e
verde-escuro.
Figura 1- Círculo cromático

Paisagismo

O paisagismo consiste na utilização dos espaços externos da escola para a


construção de hortas, pomares, jardins, viveiros. A finalidade primária
do paisagismo é de dar beleza ao espaço. Aliadas a essa, temos os aspectos
funcionalidade, revelado dentre várias opções, em aulas diversificadas nesses
ambientes; e conforto, observado no frescor dos ambientes e nas sombras
produzidas.

Antes de se realizar um planejamento paisagístico, é necessário ter em mente


que o mesmo requer, depois de executado, uma série de cuidados e
manutenção tais como: rega, adubação, correção de solo, poda, limpeza de
gramados, controle de pragas dentre outros. Então, ciente dessas
responsabilidades, segue o planejamento, considerando os seguintes pontos:

 Priorizar o uso de vegetação típica da região, inclusive frutíferas;


 Ao escolher os locais onde serão plantadas e as espécies das plantas, verificar
a necessidade de proteção contra ventos e radiação solar;
 Escolher plantas (árvores) de raízes profundas para evitar danos nas
construções e calçadas, garantindo o espaço necessário ao desenvolvimento
da copa e frutos;
 Evitar o plantio de árvores próximo a construções com calha e escoamentos de
águas pluviais para evitar problemas de entupimento.

Comunicação visual

Imagine-se em um local totalmente desconhecido, sem nenhum cartaz,


sinalização, fachada indicativa. Você fica sem saber onde está, para onde ir, o
que fazer... Para que os visitantes, alunos e funcionários não fiquem “perdidos”,
a comunicação visual é fundamental. Mas, o que é comunicação visual na
escola?

Começa pela inscrição do nome da escola nos espaços externos, que podem
ser nos muros, reservatórios, fachadas. No interior da escola, são as
plaquinhas nas portas indicando os ambientes, restrições quanto à entrada. É o
uso de cores, símbolos, imagens, para indicar procedimentos de segurança,
para sinalizar proibições, para sugerir ações. Por exemplo: em uma biblioteca,
é adequado usar a imagem de uma pessoa com o dedo indicador nos lábios,
pedindo silêncio. Murais de avisos também representam um recurso de
comunicação visual, utilizados para repasse e atualização de informações por
parte dos alunos, funcionários e comunidade.

De acordo com o Guia Fundescola, a programação visual de orientação e


identificação do espaço educativo tem a função de informar, organizar os
espaços, sinalizar e orientar os fluxos de circulação, permitindo aos usuários e
visitantes uma rápida e precisa compreensão da escola. Torna, também, o
espaço mais bonito e agradável ao aluno, favorecendo, enfim, a integração e a
interação do usuário com o meio físico.

Fatores que colaboram com o bem-estar no ambiente escolar

Você acha que o calor interfere no rendimento escolar do aluno? E no


desempenho do professor? Acreditamos que dificilmente sua resposta será
não, pois a temperatura é um dos fatores que colaboram com o bem-estar no
ambiente escolar. Também podemos destacar a questão de ruídos e demais
elementos, que listamos abaixo para você:

Conforto térmico

O fator térmico merece destaque no planejamento dos ambientes escolares.


Desta forma, precisamos prestar atenção em alguns itens importantes nos
ambientes escolares, tais como:

o permitir a ventilação cruzada nos ambientes através de janelas e portas


para a renovação do ar;
o utilizar materiais isolantes térmicos na construção da escola;
o utilizar árvores, gramados e arbustos para produzir sombra, umidificar
os ambientes, absorver radiações solares, mudar a direção dos ventos.

Devemos estar atentos à questão dos ruídos, barulhos ou do silêncio


necessário para o estudo, como veremos a seguir.

 Conforto acústico

Outro fator de peso na qualidade dos ambientes escolares é o controle dos


ruídos, uma vez que sons alto e persistente prejudicam a concentração,
aprendizagem e até mesmo a saúde dos que frequentam tais ambientes.

Para favorecer o conforto acústico, algumas medidas podem ser tomadas:

o respeitar os ambientes que exigem silêncio, evitando conversas em


volume alto, uso de recursos auditivos em volumes exagerados; –
utilizar superfícies absorventes em locais que originam sons;
o utilizar muros, painéis, paredes ou recursos paisagísticos, em alturas
necessárias para desvio do som, como recursos de isolamento
acústico;
o sempre que possível, evitar aberturas (portas e janelas) para fontes
ruidosas;
o planejar a localização dos ambientes, separando os ruidosos dos que
necessitam de silêncio.

Também sabemos que a iluminação é um fator importante nos ambientes


escolares, principalmente nas salas de aula, bibliotecas, ou seja, locais onde
estaremos realizando leituras e exigem claridade. Vamos entender melhor!

 Conforto luminoso
O conforto luminoso é proporcionado pela iluminação com intensidade
adequada e bem distribuída nos ambientes, conforme as atividades ali
desenvolvidas. O quadro abaixo oferece algumas sugestões quanto a
luminosidade ideal para alguns ambientes:

Tabela 1

Ambiente Nível baixo Nível médio* Nível alto

Sala de aula 200 lux 300 lux 500 lux

Ginásio de esportes ou quadra 300 lux 500 lux 750 lux

Biblioteca ou sala de leitura 300 lux 500 lux 750 lux

Para ter uma referência, são necessárias 6 luminárias com duas lâmpadas
fluorescentes de 40watts cada, para obter uma luminosidade de 300 lux em uma sala
de 48m2 (6m x 8m).

Favorecendo o acesso e aprendizagem aos portadores de necessidades especiais

Uma das funções da escola é promover a interação social. Para isso, a


garantia da acessibilidade universal é de fundamental importância para a oferta
de condições favoráveis de permanência dos cidadãos na escola. A garantia da
acessibilidade constitui um dos indicadores de qualidade dos espaços
escolares e pode ser observada nos seguintes aspectos:

 Travessias: meio-fio e desníveis com rampas de declividade máxima de


8,33%, sinalizados com faixas.
 Estacionamentos: garantir vagas preferenciais para pessoas deficientes,
devidamente sinalizadas e mais próximas possível da entrada.
 Entradas: pelo menos uma das entradas deve permitir o acesso de pessoas
portadoras de necessidades especiais.
 Rampas: devem ser de piso antiderrapante, com declividade máxima de 8,33%
e largura mínima de 1,20m. Em caso de desvios, garantir patamar de descanso
a cada 9m.
 Corrimão: deve ser colocado em pelo menos um dos lados da rampa, com
altura mínima de 0,80m e prolongamento de 0,45m nas extremidades.
 Portas: largura mínima de 0,90m, com fechaduras tipo alavanca para facilitar o
fechamento e abertura das portas pelos portadores de necessidades especiais.
 Circulação interna: o piso deve ser uniforme e antiderrapante, sendo
permitidos desníveis com alturas máximas de 0,03m com quinas
arredondadas.
 Sanitários: as portas devem ter largura mínima de 0,90m. Os espaços internos
devem permitir a circulação e giro de cadeiras de roda. Os compartimentos
sanitários devem ter dimensão mínima de 1,50m de largura por 1,70m de
comprimento. Utilizar torneiras do tipo alavanca para facilitar o manuseio.
 Norma NBR – 9050: referência primordial sobre a acessibilidade universal.

1.14 Relações interpessoais no espaço escolar


Relações interpessoais e intrapessoais – desafios individuais e coletivos

O relacionamento intrapessoal é a relação do indivíduo com ele mesmo. Quanto


mais você compreende sua essência (quais são seus objetivos, o que é mais
importante para você), melhor é o seu processo decisório, porque você estará mais
em sintonia com o seu objetivo. Relacionamento intrapessoal é conhecer a si mesmo,
aceitar-se, confiar em si mesmo.

Já por relacionamento interpessoal entende-se como sendo a forma como


interagimos com o outro, a maneira como nos comunicamos, como nos
encontramos com o outro. Sendo assim, só será possível mantermos
relacionamentos saudáveis com o outro quando já estamos nos ‘relacionando’
bem com nossos sentimentos, valores, quando estamos comprometidos com
nosso bem-estar. A forma como você reage às pessoas, como você interage
com elas, suas emoções, ações e atitudes quanto aos indivíduos o qual você
se relaciona é o seu relacionamento interpessoal.

Relacionamento interpessoal é a maneira como você se relaciona com as


pessoas, de forma dinâmica e imprevisível, à sua volta, ou seja, as relações
interpessoais ocorrem em todos os meios: familiar, educacional, social,
institucional, profissional, e estão ligadas aos resultados finais de harmonia,
avanço, e progressos ou nas estagnações, agressão ou alienamento.

As competências intra e interpessoais podem ser visíveis a partir da melhoria


nos relacionamentos ao promover satisfação, bem-estar, qualidade de vida e
muito mais. Para Vygotsky (1988), o indivíduo não é apenas ativo, mas
interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra
e interpessoais. É necessário conhecermos melhor o papel das relações inter e
intrapessoais hoje e isto se justifica por algumas razões.

Em primeiro lugar, a nossa ideologia modificou as formas de relação existentes


entre indivíduos: é cada vez menos comum julgar as pessoas como sendo
coisas (tal como ocorria no caso extremo do escravo - ou apenas como
representantes de um papel - como ocorria, no caso também extremo, do
nobre ou do senhor ), e passamos a julgar os outros pelo que são, isto é, como
indivíduos, como humanos. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio
que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que
permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de
um processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o
plano individual interno - relações intrapessoais.
De outro lado, nossa vida passa a depender, cada vez mais, de relações
interpessoais, e se torna cada vez menos dependente de uma relação direta
com a natureza, tal como ocorria com o agricultor tradicional, pois o agricultor
atual também se integra no sistema contemporâneo de produção e de relação
com os outros.

A qualidade e a importância das relações interpessoais

Sartre, Erich Fromm, dentre outros, afirmam que o relacionamento humano é


precioso demais em suas potencialidades para ser reduzido ao nível de
funcionamento de uma máquina. Se tivermos sempre presentes em cada um
de nós a preocupação e o cuidado de aprimorar nossas habilidades no
relacionamento interpessoal, os resultados obtidos gerarão condições
favoráveis para o trabalho de grupo e um clima de confiança entre os
participantes, permitindo que a qualidade das pessoas flua. Por isso é
importante sempre observar o nosso comportamento diário e de nossos
colegas.

Ao realizar essa observação, poderemos notar alguns fatos:

 Por que muitos profissionais chegam ao local de trabalho, no nosso caso, na


escola de cara amarrada?
 Por que muitos indivíduos estão constantemente estressados no seu ambiente
de trabalho?

Ao surgir esses questionamentos, surgem também algumas respostas e


reflexões que devemos sempre realizar no nosso dia a dia. Dentre as reflexões,
destacamos:

 O Relacionamento interpessoal entre colegas é de fundamental importância


para o bom andamento de uma escola.
 O Relacionamento das pessoas que trabalham numa escola é um sinal de
avanço na educação.

A comunicação e o papel dos funcionários da educação no espaço escolar

O papel do auxiliar técnico educacional juntamente com os outros agentes:


gestores, professores e alunos são de aprender a conhecer, a fazer, a viver
juntos, a entender, a respeitar e ajudar ao próximo, a ser, a ouvir, a dialogar, a
questionar, a mudar e resolver os problemas do dia a dia no espaço escolar.

Para Viñao Frago (1998), um espaço, ao ser projetado, não se mantém como
um simples espaço arquitetural ele é, a partir dos agentes que o ocupam
construído como lugar. “O espaço se projeta ou se imagina; o lugar se
constrói.” (Viñao Frago, 1998, p.61) Pensando nisso, devemos refletir que essa
relação entre todos os agentes que ocupam o espaço escolar, baseia-se num
bom diálogo e interação e por isso, a comunicação efetiva é um fator essencial
nas relações educacionais.

A comunicação é considerada no mundo moderno em que vivemos como um


dos elementos mais presentes e importantes de nosso cotidiano. É
praticamente impossível imaginarmos uma situação que envolva pessoas em
que não esteja acontecendo algum tipo de comunicação entre elas.

Mas, será que temos sido capazes de utilizar corretamente todo o imenso
potencial que a comunicação eficaz pode nos proporcionar? Usamos de forma
adequada a comunicação em nosso cotidiano para nos fazermos entender e
percebermos as intenções e as habilidades das pessoas com as quais nos
relacionamos? Por que muitas pessoas acreditam que não podem se
comunicar com sucesso quando estão falando em público? Dar atenção a
estes questionamentos é fundamental quando pretendemos modificar para
melhor nossas habilidades comunicativas.

Para o autor Chiavenato (2004) a área da comunicação é também uma área


em que as pessoas podem fazer grandes progressos na melhoria da eficácia
de seu próprio desempenho e, também, podem melhorar o seu relacionamento
interpessoal com o mundo externo.

Comunicação efetiva: nas relações educacionais

Será que de fato, comunicamos exatamente o que queremos?

Hoje, apesar de termos muitas formas de obter informações e conhecimentos,


nem sempre estamos nos comunicando. Existe grande diferença entre
comunicação e informação. A expressão “falar bem” geralmente é usada para
indicar alguém que sabe se sair bem no trato com as pessoas através da
linguagem. Sair-se bem ao conversar com as pessoas tem relação mútua com
o fato de ser cordial. Observe os exemplos abaixo:

 Entra aí, a recepcionista já vem te atender!


 Entre, por favor, a recepcionista já vai atendê-lo! Enquanto isso fique à
vontade!

Ao ler as duas frases, podemos pensar que a culpa de um tratamento inadequado é


do uso inadequado da norma culta. Mas veja que não é só uma questão gramatical,
aliás, mesmo que haja erros, se usada a cordialidade, estes últimos passam
despercebidos!

Uma comunicação efetiva depende de vários elementos: emissor, receptor,


mensagem, canal, código e contexto. Portanto, se o emissor não consegue transmitir
sua mensagem de maneira que o receptor entenda, então, de nada adiantará! Dessa
forma, pensamos que todos prezam pelo entendimento no ato comunicativo.

Para se tornar um comunicador efetivo é fundamental colocar-se no lugar do outro, a


fim de que alguns estímulos sejam criados e a comunicação tenha êxito. Contudo, um
dos ambientes em que a comunicação ganha maior destaque é o ligado às nossas
atividades profissionais. Saber comunicar-se com cortesia, clareza, simplicidade e
objetividade no local de trabalho é uma das habilidades mais exigidas atualmente e
uma fonte de sucesso e de realização pessoal. Portanto, é preciso aprender a
comunicar de forma efetiva e comunicar sempre, no sentido de promover interações
gratificantes.

1.15 As relações socioafetivas


Falar de sentimentos às vezes se torna complicado, não é mesmo? Cada um
de nós tem um repertório de vida, vivemos situações diferentes e por isso, nos
formamos de maneiras diferentes. Tratar desse assunto é importante, pois é a
afetividade que auxilia-nos a exercer um papel fundamental nas relações
sociais, pois influencia decisivamente a percepção, a memória, o pensamento,
a vontade, as ações, enfim, a harmonia e o equilíbrio da personalidade
humana.

Dimensão socioafetiva

Um dos aspectos cruciais do desenvolvimento social é o desenvolvimento


afetivo. As crianças nascem com uma pré-disposição a aprender, pré-
orientadas a buscar e preferir estímulos sociais e necessitadas de vínculos
afetivos. O apego é o vínculo afetivo básico para dar início ao seu processo de
socialização. Os vínculos afetivos estabelecidos são uma das bases mais
sólidas do desenvolvimento social, pois se transformam em um dos motivos
fundamentais da conduta pró-social. A socialização é um processo interativo
necessário, no qual o indivíduo satisfaz suas necessidades e assimila a cultura,
ao mesmo tempo que, reciprocamente, a sociedade se perpetua e desenvolve.

Quando uma pessoa se desenvolve no seu espaço social e cultural numa


relação de submissão, é bem provável que não aprenda a se relacionar
afetivamente de maneira adequada e, como consequência, venha a manifestar
suas emoções com problemas no comportamento.

Observe as visões de Piaget, Wallon e Vygotsky na análise da dimensão socio-


afetiva no comportamento humano: Piaget inclui os valores sociais como
pertencentes à dimensão geral da afetividade no ser humano, e afirma que eles
surgem a partir de uma troca afetiva que o sujeito realiza com o exterior, com
objetos ou pessoas. Para Wallon as interações sociais são uma via natural
para o desenvolvimento e manifestação da afetividade.

De acordo com este autor, priorizar a afetividade no ambiente social contribui


para dinamizar o trabalho educativo. Vygotsky afirma que o ser humano, da
mesma forma que aprende a agir, pensar e falar, por meio do legado de sua
cultura e da interação com os outros, aprende também a sentir. Analisando tais
visões, pode-se pensar na afetividade como tendo um papel fundamental nas
relações sociais, pois influencia decisivamente a percepção, a memória, o
pensamento, a vontade, as ações, enfim, a harmonia e o equilíbrio da
personalidade humana.

Dimensão sociocognitiva

Ao entrarmos em contato com o ambiente social que nos rodeia conhecemos


membros de diferentes grupos e interagimos com estas pessoas e grupos.
Nossa socialização se dá nesse processo em que coletamos informações, as
processamos e as julgamos para então, adaptá-las às regras impostas pelo
meio social (família, escola, igreja, etc). Pode-se então perceber que é nesse
contato com o ambinte social que formamos uma ideia de nós mesmos
(autoconceito) e tendemos a categorizar nosso ambiente de forma a tornar
mais fácil o relacionamento com o mesmo. Assim rotulamos e/ou
discriminamos pessoas e grupos influenciados por tendenciosidades.

No contexto atual, os estudos já avançaram suficientemente para mostrar que


os comportamentos não podem ser explicados exclusivamente a partir da
perspectiva cognitivista/individualista, envolvendo também a dimensão societal,
onde os processos de interação com o meio social desempenham um papel
fundamental. Buscando algumas definições podemos citar:

 Piaget coloca as interações e a transmissão social como um fator cultural


necessário, mas não suficiente, pois a ação do meio social é ineficaz sem a
assimilação do sujeito.
 Vygotsky (1986) coloca como aspecto mais importante do desenvolvimento
humano o processo de assimilação ou “apropriação” histórico/ cultural.
Figura 1 - Transmissão social
Fonte: Jacqueline de Castro Nogueira

A autoestima A autoestima se forma ao longo da infância, com base na


educação e no tratamento recebido dos familiares e de todos que fazem parte
do seu cotidiano. É através dessa interação afetiva que os sentimentos
positivos ou negativos são desenvolvidos e a autoimagem é construída. Disso
dependerá o desenvolvimento na aprendizagem, nas boas relações, e até
mesmo, na construção da felicidade (realização pessoal).

Em suma, a autoestima é o julgamento, a apreciação que cada um faz de si


mesmo; sua capacidade de respeitar, confiar e gostar de si. A autoestima está
intimamente ligada ao autoconceito. Ter um bom conceito de si mesmo é
fundamental para se sentir mais autoconfiante e contar com seus próprios
recursos na superação de um momento difícil. Na realidade, o conceito que a
pessoa tem de si mesma influencia todas as suas experiências de vida.
Pessoas com baixa autoestima, em geral, têm problemas psicológicos, como
depressão, ansiedade, relações de dependência e dificuldade de adaptação.
Pessoas que estão com a autoestima elevada são mais seguras, encaram a
vida de frente, superam dificuldades e tem mais chances de se destacar na
vida profissional.

Os autores Campos e Muños (1992), elencam uma série de características que


para eles representam as pessoas que possuem boa autoestima. Veja, preste
atenção e reflita:

 Sabem que coisas fazem bem e aquelas em que podem melhorar


 Se sentem bem consigo mesmos
 Expressam suas opiniões
 Não têm medo de falar com outras pessoas
 Sabem identificar e expressar suas emoções para outras pessoas
 Participam de atividades no trabalho e escola
 Contam consigo mesmas para resolver as situações em sua vida, o que não
significa que ignorem a ajuda e o apoio dos outros
 Tem consideração pelas outras pessoas, possuem um sentido de ajuda, e se
dispõem a colaborar com os outros
 São criativas e originais, inventam coisas, e se interessam por realizar tarefas
desconhecidas, aprendendo atividades novas
 Lutam para alcançar aquilo que querem
 Desfrutam a própria vida
 Se “lançam” em novas atividades
 Costumam ser organizados em suas atividades
 Não tem vergonha de perguntar algo que não sabem
 Defendem suas opiniões diante dos outros
 Reconhecem quando erram
 Não se importam que digam suas qualidades,
 Conhecem suas qualidades e procuram superar seus defeitos
 São responsáveis por suas ações
 São líderes naturais

De posse dessas informações, você pode começar a refletir sobre sua estima e de
seus colegas. Observar seu cotidiano e também, compreender quais fatores lhe
trazem realização, seja pessoal ou profissional.

Autorrealização

O homem, pela sua própria natureza, luta por sua autorrealização, pela
satisfação de todas suas necessidades básicas. Por incluir escolhas livres,
efetua- -se com tensões, conflitos, renúncias e sofrimentos. Goldstein (1980)
define autorrealização como um impulso dominante, inerente ao organismo
humano, que impele o homem a realizar, por todos os meios, suas
potencialidades inatas. As outras necessidades – fome, sede, sexo, entre
outros – seriam apenas manifestações do impulso autorrealizador. Abraham
Maslow procurou compreender e explicar o que energiza, dirige e sustenta o
comportamento humano. Para ele, o comportamento é motivado por
necessidades fundamentais.

A figura a seguir detalha a teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow.


Na base estão as necessidades fisiológicas (respiração, comida, água, sexo,
sono, excreção), seguindo-se da segurança (segurança do corpo, de emprego,
de recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade), do amor ou
relacionamento (amizade, família, intimidade sexual), da estima (autoestima,
confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros) e, por fim, no
topo, da realização pessoal (moralidade, criatividade, espontaneidade, solução
de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos).

Figura 2 - Pirâmide de Maslow


Fonte: Wikipédia

Podemos destacar que:

 As necessidades fisiológicas se referem às necessidades biológicas dos


indivíduos. Incluem fome, sede, sono, abrigo, sexo, etc.
 As necessidades de segurança surgem na medida em que as necessidades
fisiológicas estejam razoavelmente satisfeitas. Levam a pessoa a se proteger
de qualquer perigo, seja ele físico ou emocional.
 As necessidades sociais incluem afeição, aceitação, amizade e sensação de
pertencer a um grupo.
 As necessidades de estima incluem fatores internos de estima, como respeito
próprio, realização e autonomia; e fatores externos de estima, como status,
reconhecimento e atenção.
 As necessidades de autorrealização são necessidades de crescimento
e revelam uma tendência de todo ser humano em realizar plenamente o seu
potencial.
Em muitas pessoas essas necessidades permanecem adormecidas, em
grande parte por frustrações experimentadas no que se refere a necessidades
de níveis inferiores, ou por ter gasto as energias interiores na luta pela
satisfação dessas necessidades.

A teoria de Maslow foi amplamente reconhecida, porém não fornece


comprovação empírica substancial. Wahba e Bridgewell em sua extensa
revisão das pesquisas que são dependentes da teoria de Maslow, acharam
pouca evidência desta hierarquia de necessidades, ou mesmo da existência de
alguma hierarquia.

O economista e filósofo chileno Manfred Max Neef tem argumentado que as


necessidades humanas fundamentais são não-hierárquicas e são
ontologicamente universais e invariáveis em sua natureza - parte da condição
de ser humano. De uma forma geral, a autorrealização consiste em dar vida às
nossas potencialidades, de nos desenvolver ou aperfeiçoarmo-nos
continuamente, de sermos criativos, de realizarmos um projeto pessoal de vida,
de realizar aquilo que de melhor há em nós.

A formação da personalidade

É inevitável dizer que as influências biológicas afetam a personalidade do


indivíduo desde o seu nascimento. Cattell investigou o papel da
hereditariedade como determinante da personalidade e descobriu que alguns
de seus aspectos são fortemente influenciados pela sua genética, embora
outros não o sejam.

Recentemente acentua-se que a experiência (particularmente na infância)


desempenha um papel muito mais significativo do que a hereditariedade na
formação da personalidade única. Veja a observação realizada pelos
estudiosos abaixo:

 Freud destacava a experiência dos anos pré-escolares na formação da


personalidade;
 Erikson ampliou a reflexão sobre o desenvolvimento, incluindo a idade adulta e
a velhice;
 Conley e McCrae & Costa(1984) afirmaram que embora as pessoas realmente
mudem, também há fortes evidências da estabilidade da personalidade ao
longo da vida de cada pessoa.

Características dos indivíduos: tipos e traços

Para descrever as diferenças individuais podemos classificar as pessoas por


“tipos” ou “traços”.
Segundo Merenda (1987), na Grécia antiga, Hipócrates descrevia quatro tipos
básicos de temperamento: sanguíneo (otimista, esperançoso), melancólico
(triste, deprimido), colérico (irascível) e fleumático (apático)). Carl Jung (1971)
distinguia entre introvertidos e extrovertidos. Os tipos de personalidade são
categorias de pessoas com características similares e cada indivíduo é ou não
membro de uma categoria de tipos.

Um pequeno número de tipos é suficiente para descrever todas as pessoas. Os


traços, porém, permitem uma descrição mais precisa da personalidade do que
os tipos porque cada traço se refere a um conjunto mais focalizado de
características. Os traços de personalidade são padrões persistentes no modo
de perceber, relacionar-se e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo,
exibidos em uma ampla faixa de contextos sociais e pessoais.

Eles são perceptíveis a partir das reações diferenciadas das pessoas nos
grupos, determinando assim o seu temperamento. Ex: ansiedade, energia,
flexibilidade, hostilidade, impulsividade, etc. O desenvolvimento social,
cognitivo e afetivo se dá de forma interdependente, e qualquer desequilíbrio
pode comprometer o conjunto. Os vínculos afetivos estabelecidos
principalmente na infância determinam de modo direto o desenvolvimento
emocional e afetivo do indivíduo, a socialização, as interações humanas e,
sobretudo, a aprendizagem.

1.16 A ética no ambiente escolar: educando para


o diálogo
Ouve-se muito falar em ética e moral. Seja nos noticiários, nas conversas de
rua, na escola. Geralmente esses temas são lembrados quando falamos de
assuntos polêmicos. Mas você sabe o que é ser ético e o que é moral? Você já
pensou sobre esses conceitos dentro do contexto escolar?

A ética e a moral

O termo “ética”, às vezes é designado como “moral”, o que nem sempre é


adequado. Porém, ambos se formam numa mesma realidade. Assim, ética é
entendida como a ciência de conduta humana perante o ser e seus
semelhantes. E moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento
humano. Estas normas são adquiridas na sociedade através da educação, da
tradição e do cotidiano. A educação é a principal responsável pela estrutura da
consciência, da vontade e, consequentemente, da conduta humana.

É a fase em que a criança inicia o seu processo educativo e que se deve


estimular virtudes que sustentam os princípios éticos e, ao mesmo tempo,
repelir toda a tendência para o vício, bem como advertir sobre os males do
mesmo. Vivemos em um mundo em que a moral parece estar descuidada,
envolvida por uma falsa liberdade de veiculação de ideias. Nesse sentido, a
educação como formadora de opinião tem condições tanto de contribuir como
de destruir modelos de conduta. Uma educação de qualidade deve contribuir
para a consciência ética dos educandos.

O espaço escolar deve ser concebido como uma comunidade viva e repleta de
sentido, onde os alunos busquem não só a aprendizagem através da escrita e
da leitura, mas também através da partilha das experiências vividas no
cotidiano. Desse modo, o convívio dentro da escola deve ser organizado de
maneira que os conceitos de justiça, respeito e solidariedade sejam vivificados
e compreendidos pelos alunos como aliados à perspectiva de uma qualidade
de vida melhor. Não basta ensinar conceitos e valores democratizantes, é
preciso que eles sejam vivenciados no convívio intraescolar. A comunidade
escolar deve utilizar seu espaço e sua interatividade para apresentar valores do
ser humano através de exemplos, de sugestões motivadoras, e principalmente
de respeito ao ser humano. Além do educador, toda comunidade escolar
necessita de uma consciência ética profissional perante o aluno, que seja de
amor, com austeridade. Deve ser realista, porém sem ser autocrático.

Estimular virtudes é melhor que impô-las. Separamos alguns aspectos


apresentados por estudiosos, com relação a ética. Veja: Ética de Bergson:
Caracteriza-se por uma forte ligação entre os fenômenos da matéria e do
espírito. Ele defende que o objetivo da luta humana é sempre o de conseguir a
eficácia, efeito este obtido com a riqueza, quando esta anula a necessidade.
Esse filósofo termina por aceitar uma ética do fim, ou seja, como finalidade a
ser perseguida. Ética do valor de Scheler, Hartmann e Wagner: Os referidos
autores desenvolveram estudos sobre o conceito de valor que vieram substituir
a noção de bem que era predominante nos domínios da ética.
A defesa da hierarquia de valores é vista como algo desejável, como norma e
critério de juízo e como possibilidade de escolha inteligente. Thomas Hobbes
entendeu que o básico na conduta é a “conservação de si mesmo” como o bem
maior. O autor defende a liberdade, a justiça e o cumprimento das promessas
ou acordos; atribui como as três causas fundamentais da discórdia: a
competição, a desconfiança e a glória.

Já Baruch Espinosa parte dos princípios do respeito e a proximidade a Deus,


pelo conhecimento; do determinismo na vontade divina; da utilidade em jamais
odiar, desprezar e ridicularizar o próximo, ter cólera ou invejar; contentar-se
com o que o destino oferece, de forma racional e não por influências externas;
preservar a liberdade, sendo este um dever de todos e do Estado.

John Locke por sua vez, defende a percepção como fonte da ideia. Afirma que
a estrutura mental é condicionada a um processo de conquista da verdade por
um processo educacional e cultural obrigatório, por iniciativa do ser ou de
terceiros. David Hume defende uma ciência pelas vias da experimentação.

Quando se trata da liberdade e da necessidade, penetra no campo que diz


respeito à ética, tratando da paz e da segurança da sociedade humana através
da conduta.

Para Immanuel Kant, a lei da vontade ética é a que prevalece sobre todas. Ele
afirma que a razão guia a moral e que três são os pilares em que se sustenta:
Deus, liberdade e imortalidade. Para ele, o dever de ser feliz tem duplo sentido:
o da satisfação do ser e o do impedimento dos atos antiéticos.
1.17 Reflexões sobre os conceitos de gênero,
raça e etnia
No estudo sobre “etnia” e “raça”, muitas vezes os dois conceitos são utilizados
como sinônimos. Embora, na maioria das vezes seus conceitos estejam
associados, a diferença entre ambos reside no fato de que raça categoriza
diferentes populações de uma espécie biológica por suas características
fenotípicas (ou físicas), enquanto que etnia ou grupo étnico compreende os
fatores culturais, como a nacionalidade, a afiliação tribal, religião, língua e
tradições. Leia as definições abaixo:

Raça e Etnia: A palavra etnia é usada, às vezes, erroneamente como sinônimo


da palavra raça. Raça tem um conteúdo biológico, hereditário. Etnia, de
conteúdo mais cultural, é usado pelas ciências sociais para designar um grupo
social que se diferencia de outros por sua especificidade cultural.

No que diz respeito à questão do “gênero”, este, por sua vez, não deve ser algo
pensado isoladamente, mas sim com base nas construções socioculturais em
que esteve inserido, como citado abaixo:

Gênero: O termo “gênero” foi um conceito construído socialmente buscando


compreender as relações estabelecidas entre os homens e as mulheres, os
papéis que cada um assume na sociedade e as relações de poder
estabelecidas entre eles. Nesse sentido, gênero é o sexo socialmente
construído. De acordo com essa visão, a natureza define dois sexos biológicos
(masculino e feminino), e cabe à sociedade agregar a esse dado natural
diferentes valores, significados e atributos.

Porém, o gênero refere-se não somente à categoria biológica (homens e


mulheres), mas também às relações entre os dois sexos, que envolvem:
processos culturais, sociais, políticos e morais que atribuem valores a essas
relações. Ao colocar a ênfase no “gênero” deixamos de perceber outros fatores
que também hierarquizam relações, como por exemplo, raça e etnia.
Atualmente, livros e revistas estão utilizando com maior frequência o termo
etnia (mesmo esse não sendo muito rigoroso), pois o termo raça já ficou muito
marcado por preconceitos.

Apesar de não serem considerados iguais, o conceito de raça é associado ao


de etnia. A diferença consiste no fato de que etnia também compreende os
fatores culturais, como a nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e as
tradições, enquanto que raça se refere apenas aos fatores morfológicos, como
cor de pele, constituição física, estatura, etc., o que caracteriza também a
diversidade cultural, muito presente em nosso país. Acompanhe este tema no
item abaixo.
Apesar de não serem considerados iguais, o conceito de raça é associado ao
de etnia. A diferença consiste no fato de que etnia também compreende os
fatores culturais, como a nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua e as
tradições, enquanto que raça se refere apenas aos fatores morfológicos, como
cor de pele, constituição física, estatura, etc., o que caracteriza também a
diversidade cultural, muito presente em nosso país. Acompanhe este tema no
item abaixo.

Há diversidade cultural?

Novos questionamentos sobre a diversidade cultural têm sido feitos no campo


da pesquisa científica. A cultura negra e a questão racial brasileira são campos
de investigação ainda em processo de consolidação. O que se sabe é que o
reconhecimento e o respeito das várias culturas existentes no Brasil é o
princípio fundamental da democracia e da aquisição de direitos.

Desse modo, o conceito de diversidade nos leva a reflexões críticas sobre a


natureza humana acerca de seus valores, conteúdos, símbolos e identidades.
Há que se considerar também: sexo, idade, grau de instrução, grupo étnico,
religião, origem, raça, língua, entre outros. Importante se faz a implantação de
uma política voltada para a diversidade, que promova ações sociais e
pedagógicas que possam corrigir as desigualdades historicamente impostas a
determinados grupos sociais e étnico-raciais da sociedade. Moreira & Câmara,
indicam a necessidade de se adotar práticas que apontem como trabalhar com
as identidades e as diferenças em sala de aula:

 Procurar aumentar a consciência das situações de opressão que se expressam


em diferentes espaços sociais;
 Propiciar ao estudante a aquisição de informações referentes a distintos tipos
de discriminações e preconceitos;
 Estimular o desenvolvimento de uma imagem positiva dos grupos subalternos;
 Favorecer a compreensão do significado e da construção de conceitos que têm
sido empregados para dividir e discriminar indivíduos e grupos, em diferentes
momentos históricos e em diferentes sociedades;
 Facilitar ao estudante a compreensão e a crítica dos aspectos das identidades
sociais estimulados pelos diferentes meios de comunicação;
 Propiciar ao aluno a possibilidade de novos posicionamentos e novas atitudes
que venham a caracterizar propostas de ação e intervenção;
 Articular as diferenças.

Segundo MOORE (2008), as sociedades que melhor souberem lidar com as


diferenças e integrar as dinâmicas próprias do jogo da diversidade (de gênero,
raça, orientação sexual e cultural) serão política e socialmente mais eficazes e,
por que não dizer, mais aptas a se desenvolver no século XXI. Serão
condenadas ao fracasso as sociedades que não puderem sustentar
mecanismos de consenso baseados na negociação de espaços diferenciais
entre os segmentos desiguais da sociedade.
De uma forma conclusiva, podemos dizer que se o Brasil conseguir alcançar
um olhar respeitoso e interativo (descrito por Moore) sobre a diversidade e as
diferenças – de gênero, raça, cultura, etnia, etc – poderá alcançar sua
excelência em desenvolvimento humano, tornando a escola um local de
reconhecimento da diferença e do respeito ao outro.

Referência:

MOORE, Carlos. Racismo e sociedade: novas bases epostemológicas para


entender o recismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2008

Este material foi baseado em:


MENDONÇA, Ellen C. de Castro Nogueira; NOGUEIRA, Jacqueline de Castro.
Espaço, Escola e Organização. Rede e-Tec Brasil: Cuiabá, 2015.

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