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Universidade do Estado de Minas Gerais

Campus Ibirité

CARLA ALEXANDRA ALVES DA SILVA

FERNANDA CRISTINA NICÁCIO DE ALMEIDA FERREIRA

RÚBIA ARAÚJO GOULART

RESENHA CRÍTICA DO TEXTO


“A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL DE NATUREZA SOCIAL”

Ibirité

OUTUBRO/2020
CARLA ALEXANDRA ALVES DA SILVA

FERNANDA CRISTINA NICÁCIO DE ALMEIDA FERREIRA

RÚBIA ARAÚJO GOULART

RESENHA CRÍTICA DO TEXTO


“A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL DE NATUREZA SOCIAL”

Trabalho apresentado a disciplina de Políticas


Públicas e Educação na Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG), Campus Ibirité, curso de
pedagogia, 2° período noturno.
Profº. Adelson Afonso da Silva França Júnior

Ibirité

OUTUBRO/2020
Resenha crítica

DUARTE, Clarice Seixas. “A Educação como um Direito Fundamental de Natureza


Social”. Campinas, vol. 28, n. 100 – Especial, p. 691-713, out. 2007. Disponível em:
<http://www.cedes.unicamp.br>.

Clarice Seixas Duarte apresenta um currículo de formação e atuação significativo para


as áreas Sociais e Políticas Públicas. Bacharel em Direito (1994) e doutora em Filosofia e
Teoria Geral do Direito (2003) pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Desde 2008, é professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Político e
Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Coordenadora do Projeto de
Internacionalização &quot; Inclusão Social, Políticas Públicas e Governança para Reduzir as
Desigualdades&quot;. CAPES PRINT. Foi Coordenadora de Pesquisa e Extensão da
Faculdade de Direito da mesma instituição e atualmente lidera o Grupo de Pesquisa
cadastrado no CNPq&quot; Direitos Sociais e Políticas Públicas&quot;. É representante no
Brasil da Plataforma Internacional &quot; Acadimics Stand Against Poverty&quot; (ASAP),
onde atua como coordenadora científica do núcleo de direito à educação. Suas pesquisas
abrangem a temática dos direitos humanos, com especial ênfase na efetivação dos direitos
sociais à educação e à saúde e no estudo das políticas públicas. (Lattes)

Este artigo “ A Educação como um Direito Fundamental de Natureza Social”, Clarice


Duarte apresenta a importância da problematização do direito à educação para todos, as
construções das Leis e a efetivação destas normas na sociedade, compreendendo este direito
fundamental de natureza social. A responsabilidade que o Estado possui para ofertar esta
educação e a manutenção destes, para que consiga abranger estes cidadãos e exigir a proteção
deste direito para sua concreta realização.

Inicialmente, Clarice aponta os documentos jurídicos que possuem em seu corpo,


pontos específicos e significativos para a realização do direito à educação. São enumerados a
Constituição de 1988, o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
de 1966, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, o Estatuto da Criança e
do Adolescente de 1990 e o Plano Nacional de Educação de 2001, entre outros. Destaca a
importância de compreender o papel que os direitos fundamentais conferem em nosso
ordenamento jurídico, sendo o Brasil, um Estado de inspiração democrática por imposição
constitucional.
Salienta os princípios que regem este Estado democrático, tendo como o fundamento
da cidadania, o pluralismo político, a soberania popular, incorporando a dignidade do ser
humano, a busca por uma sociedade livre, justa e solidária, a redução das desigualdades
sociais. Cabe ressaltar que pela Constituição brasileira é imposto, além destes fundamentos, a
concretização de não somente o respeito aos direitos individuais, mas também a realização
dos direitos sociais, como o direito à educação, ao trabalho, à saúde, e vários outros que são
essenciais para a vida na sociedade.

Com isso impõem aos poderes públicos, uma vasta exigência para a implementação e
realização destes direitos com finalidades coletivas, não sendo somente a produção destas leis
e normas, ou a garantia de participação popular no processo, e sim construções e ações de
políticas públicas para a devida organização e coordenação destes poderes para a construção
destes sistemas que regem a sociedade.

A Constituição Federal de 1988 não se limita somente nas leis que orientam o Estado,
a esfera social passa a servir como uma base de interpretação, criação, direção e regulação de
situações concretas vivenciadas na sociedade. Com isso a utilização de políticas públicas para
a realização e mediação das leis nos âmbitos sociais é de suma importância para a efetivação
delas.

A Educação é reconhecida na Constituição Federal como um direito fundamental de


natureza social, sendo considerada além de interesses individuais, submetendo a formas de
inserção no âmbito cultural, concretizado em um bem comum, buscando uma continuidade de
modo de vida que precisa ser preservada. Ela reconhece a Educação como direito de todos,
consagrando a sua universalidade, tratando-se de direitos que precisam ser oferecidos sem
nenhum tipo de preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
descriminação. Mas é necessário salientar que o Estado precisa fazer escolhas dos alvos
prioritários, em uma mesma condição de carência ou vulnerabilidade, pois o objetivo dos
direitos sociais é corrigir desigualdades da sociedade e aproximar os grupos ou categorias
marginalizadas.

Clarice pontua a progressividade dos direitos sociais, a possibilidades de acesso e


fornecimento destes serviços educacionais a todos, não se detendo a maneiras de aplicação,
pois está previsto no Pacto, aos Estados, a utilização de seus máximos recursos disponíveis
para a elaboração e realização deste direito em seu território, e essa progressividade se torna
uma barreira para que não haja nenhum tipo de retrocesso da política social do Estado,
assegurando uma certa estabilidade de vida da comunidade, protegendo o núcleo essencial dos
direitos sociais.

Diante da falta de recursos para garantir o progresso, o Estado deve comprovar que se
empenhou com os recursos disponíveis para cumprir com suas obrigações pactuais, que é
avaliado pelo núcleo mínimo obrigatório. No que se refere as obrigações estatais direcionadas
a efetivação do direito a educação, fica estipulado a liberdade individual dos sujeitos,
abrangendo um aspecto social, liberal ou individual, e a adoção de medidas que protejam esse
direito. O Estado não deve interferir nas opções pessoais de cada um, mas garantir o acesso de
todos a uma educação pública, igualitária e de qualidade.

Na manutenção desses direitos estão envolvidos diretamente os três poderes:


executivo, legislativo e judiciário, de forma que sejam assegurados em todas as esferas a
implementação de políticas públicas educacionais que avancem nesse sentido de igualdade,
destacando-se a gratuidade de ensino, valorização dos profissionais da educação e a garantia
do padrão de qualidade. Tais politicas reduzem os índices de abandono escolar, uma vez que
assistem também à parte mais vulnerável da população, partindo também do princípio de
solidariedade.

De acordo com Bosi, essa solidariedade envolve o respeito das relações das partes com
o todo, ou seja, das pessoas com a sociedade e o Estado, de forma geral, devendo essas
relações serem pautadas na colaboração mútua, impondo-se deveres positivos de colaboração.
Fica a cargo do Estado a distribuição de recursos visando suprir as necessidades de cada
camada da sociedade, uma espécie de justiça distributiva, que faz com que cheguem mais
recursos nas áreas mais necessitadas, garantindo o direito de fruição da educação para as
parcelas mais vulneráveis, mas não deixando de distribuir recursos as outras áreas.

A concretização dessas políticas públicas é um processo longo, que envolve diferentes


etapas, entre elas o planejamento, fixação de objetivos, implementação dos meios, definição
de métodos e destinação de recursos, e que demanda do Estado muito estudo e
responsabilidade nas distribuições, onde devem ser estabelecidos critérios e prioridades. É de
fundamental importância a participação da sociedade civil no controle dessas políticas
públicas, por meio de conselhos, que vão “fiscalizar” e ajudar nas tomadas de decisões, como
por exemplo o Conselho Nacional da Criança e do adolescente. A fundação desses órgãos é
importantíssima para a envolvimento da sociedade nas políticas que regem suas vidas, e não
deve ser vista de forma isolada, mas de forma geral, na luta contra as desigualdades sociais.
Portanto pode-se concluir que a educação como direito somente pode se dar por meio
da aplicação de políticas públicas governamentais que facilitem essa prática de forma geral, e
não individual, não basta somente ofertar uma vaga em uma escola pública, é necessário que
se ofereçam meios para que aquele sujeito permaneça na escola, o que somente ocorre por
meio das políticas públicas educacionais, que fazem com que a educação não somente seja
reconhecida como um direito, como também lutam para que esse direito seja aplicado na
prática.

Acreditamos que de acordo com o artigo 6º da constituição federal a educação é


direito de todos e dever do estado e da família. Por sua vez o estado deve ofertar uma
educação de qualidade aos serviços prestados à população. A questão social está presente na
educação, e a escola e as políticas públicas devem promover e incentivar o preparo do aluno
para o exercício da sua plena cidadania formando sujeitos que saiba se posicionar para
reivindicações de seus direitos e deveres.

Concordamos com a autora, que a escola deve participar do processo em que as


políticas desejam a formação de uma sociedade igualitária concebendo a educação como
direito inalienável a todos os seres humanos sem discriminação seja ela por qualquer grupo
social ou preconceito, quanto à origem, sexo, cor, etnia ou idade, que todos devem ter acesso
à educação e que seja oferecida com qualidade para que o aluno permaneça na escola.

As políticas públicas atuais garantem o acesso à escola, mas o foco da nossa análise
não é o acesso de entrada no ambiente escolar e sim a permanência deste aluno, onde seja
ofertado uma educação voltada a formação do sujeito que o faça refletir a sua permanência na
escola e que realmente faça valer e aproveitar a oportunidade de permanecer no ambiente
educativo. Sentimos que as políticas públicas têm avançado no campo de direitos de
proteção, pois o aluno é o centro. Ele tem direitos e todas as ações das políticas educacionais
visa demonstrar esses avanços.

Todavia ainda refletindo sobre esta permanência, muitos alunos abandonam a escola,
devido à necessidade familiar pois são oriundos de classe econômica baixa trocando a escola
pelo trabalho. Pois a sociedade se transforma a cada dia e a desigualdade social ainda é
presente embora as políticas públicas trabalham para amenizar este problema. Mas a
permanência do aluno do início ao final da trajetória escolar ainda é bastante pesquisada e
discutida pois são vários fatores que interferem nesta permanência
Acreditamos na educação voltada para o desenvolvimento pleno do aluno:
desenvolvimento da personalidade, promoção da dignidade, do fortalecimento, do respeito a
seus direitos, liberdade, tolerância, compreensão, amizade entre todos os grupos frequentes no
âmbito escolar e na sociedade.

As ponderações e problematizações deste Direito a Educação, é de suma importância


serem discutidos em ambientes acadêmicos e poderia ser acessível a chegada de explicações
sobre os direitos para as pessoas leigas da sociedade, pois diz respeito a toda a população. Foi
observado como a parte jurídica desta lei é bem formada, construída, apresentando algumas
contradições e dificuldades, mas nada que possa ser algo de barreira para seu fundamento de
natureza social e realização na sociedade. Infelizmente a garantia destes direitos são negados
a pessoas da periferia, lemos, escutamos, vimos nas televisões o grande descaso que nosso
país apresenta, não somente na Educação, mas em todos os direitos que são fundamentais para
uma qualidade de vida social.

Apesar de haver maneiras de recorremos aos nossos direitos ou denunciar a negação


destes, encontramos muita burocracia e falta de apoio para correr atrás de um direito que é
assegurado por lei, com isso desmotivamos e deixamos da maneira que encontramos por ser
lutas que muitas vezes não chegará a uma solução, ou até pode chegar, mas debandando
tempo, gastos e até mesmo cansaço. Vemos que tivemos avanços com lutas persistentes, mas
a Educação como direito fundamental de natureza social ainda não foi realizada em nosso país
e a desigualdade predomina.

Portanto o desafio das políticas presentes neste artigo é apontar o benefício de


proteção do direito à educação que é de natureza social e contribui para a ampliação das
possibilidades de suas realizações. Tais direitos são regidos por princípios que garantam o
acesso à permanência e a conclusão da trajetória escolar do aluno onde os recursos são
disponibilizados pelas políticas, cabendo a educação estar unida para que os aspectos legais
sejam assegurados a esse sujeito que garanta e assegura a uma boa educação para todos. A
educação é o caminho que visa a redução da pobreza, da marginalidade, e das desigualdades
sociais.

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