Você está na página 1de 30

A educação como direito social

Apresentação
A educação como direito social deve constituir-se como elemento de discussão no âmbito do
serviço social, já que este é um espaço ocupacional que tem se ampliado nos últimos anos,
principalmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases
de 1996. Sendo a educação um direito social, é dever do assistente social buscar estratégias de
ação para efetivar esse direito, tendo em vista o Código de Ética de 1993, que estabelece que as
ações devem estar voltadas para a transformação da realidade dos sujeitos atendidos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a educação como direito social e como foi sendo
constituída e interpretada nos textos constitucionais, até se tornar um serviço público de
obrigatoriedade do Estado. Ainda, você vai aprender sobre comunidade escolar, territórios e rede
socioassistencial no contexto micro e marcroestrutural atual, refletindo sobre a importância da
análise de conjuntura para o estabelecimento de ações, bem como o mapeamento dos
equipamentos sociais disponíveis para realizar os encaminhamentos e atender aos indivíduos e às
demandas sociais. Por fim, será abordada a atuação do profissional do serviço social para a
efetivação da educação como direito social, ou seja, as possibilidades de atuação do profissional
que extrapolam os limites do acesso e da permanência.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a educação como direito social.


• Identificar a comunidade escolar, os territórios e as redes socioassistenciais diante do
contexto macro e microestrutural atual.
• Analisar, crítica e propositivamente, a atuação profissional do serviço social para a efetivação
da educação como um direito social.
Desafio
Discutir a educação como direito social é fazer uma análise do processo histórico da realidade
brasileira e compreender que a educação configura-se como direito nos textos constitucionais que
antecederam o de 1988; contudo, atualmente, a educação é uma obrigatoriedade do Estado.

Imagine que você é assistente social de um centro de referência da assistência social de seu
município e observa que muitas famílias que o procuram para realizar o Cadastro Único (CadÚnico)
gerido pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) têm filhos em idade escolar que estão fora
da escola e que, de forma velada, muitas vezes, fazem algum trabalho para os pais em busca de uma
renda para a família.

Como deve ser a sua atuação diante desse cenário?


Infográfico
0A educação como direito social foi sinalizada na Constituição Federal de 1988, em que o Estado
assume a responsabilidade pela educação pública e a obrigatoriedade do ensino, podendo ser
considerado um grande marco na história do Brasil, diante do contexto de lutas e de
revolta naquele momento histórico.

Neste infográfico, você verá como a educação pode ser instrumento de mobilização social para a
construção de uma nova cultura, voltada para um novo projeto de sociedade, a partir do momento
em que se compreende a sua dimensão política.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
Sabe-se que não é de hoje que a educação tem destaque nas legislações brasileiras; entretanto, o
texto constitucional e as demais leis passaram por diversas alterações, até que se tornasse uma
obrigatoriedade do Estado e um direito do cidadão. O serviço social tem conquistado seu espaço na
política de educação; além disso, tem ocorrido a amplição dos espaços ocupacionais para o
assistente social no âmbito da educação, que, diante de um contexto de acirramento da questão
social, mostra-se relevante na atuação da questão de acesso e da permanência nas instituições de
ensino.

No capítulo A educação como direito social, do livro Políticas setoriais II, você verá o processo de
constituição da política de educação como direito socialmente construído. Verá, também, aspectos
relevantes acerca da comunidade escolar, dos territórios e das redes socioassistenciais diante do
contexto macro e microestrutural atual, articuladamente à atuação do serviço social para a
efetivação da educação como um direito social.

Boa leitura.
POLÍTICAS
SETORIAIS II

Laís Vila Verde Teixeira


A educação como
direito social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a educação como direito social.


 Identificar a comunidade escolar, os territórios e as redes socioassis-
tenciais diante do contexto macro e microestrutural atual.
 Analisar crítica e propositivamente a atuação profissional do Serviço
Social para a efetivação da educação como um direito social.

Introdução
A fim de discutir acerca da educação como direito social, é importante
fazer uma retrospectiva da história da educação no Brasil, principalmente
em seus aspectos legais. A educação enquanto direito foi sendo construída
no Brasil a partir das constituições federais que percorreram a história
do direito no país. Não há dúvidas que a educação como direito social é
uma grande conquista que se efetivou nos marcos da promulgação da
Constituição Federal de 1988, grande conquista para a educação como
obrigatoriedade do Estado e dos cidadãos. Nesse sentido, também se
destacam outros instrumentos que regulamentam e direcionam a assis-
tência no Brasil, como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a Política
Nacional de Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), que se articulam à política de educação. Embora a política
social seja fragmentada e segmentada, é relevante buscar estratégias de
ação para realizar um trabalho social que busque a transformação social.
O Serviço Social tem buscado aproximar-se da área da educação, uma vez
que esse espaço tem se ampliado para a inserção do(a) assistente social. Há
a discussão do trabalho desenvolvido pelo profissional não apenas no trato
das expressões da questão social que perpassam o cotidiano das instituições
educacionais, mas também com relação ao acesso e à permanência nas
instituições de ensino, a fim de se efetivar a educação como direito social.
2 A educação como direito social

Sendo assim, você verá, neste capítulo, o processo de constituição


da educação como direito social no Brasil. Para isso, você vai conhecer
elementos importantes acerca da comunidade escolar, dos territórios e
das redes socioassistenciais diante dos contextos micro e macro estru-
tural de forma articulada à atuação profissional do Serviço Social para
a efetivação da educação como direito social. Finalmente, você vai ter
a oportunidade de analisar de forma crítica e propositiva a atuação do
Serviço Social na efetivação da educação como um direito social.

A educação como um direito social


A educação está entre os direitos fundamentais garantidos na Constituição
Federal de 1988. Esses direitos se referem àqueles sem os quais o homem
não vive ou sobrevive sem dignidade. O direito à educação básica é, além
de uma exigência da sociedade, um direito que viabiliza o exercício da
cidadania. A educação é necessária para a construção do próprio Estado de
direito e, assim, foi sendo incorporada e reconhecida, sendo garantida aos
cidadãos por meio de documentos legais, como a Declaração de Direitos
Humanos de 1948. Todo cidadão, para o seu pleno desenvolvimento, tem
direito à educação.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 2009,
documento on-line):

1) Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como
a instrução superior, esta baseada no mérito. 2) A instrução será orientada no
sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortaleci-
mento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações
Unidas em prol da manutenção da paz. 3) Os pais têm prioridade de direito
na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

O documento destaca que ao menos a educação básica é responsabilidade


do Estado, e os demais níveis são de caráter meritocrático. A educação é vista
como um dos pilares para o pleno desenvolvimento humano e de extrema
importância para condicionar as relações sociais, já que pode evidenciar
valores que possibilitam a paz entre todos.
A educação como direito social 3

A educação, garantida enquanto direito legal, indica os direitos, deveres,


proibições, possibilidades e os limites da atuação. Também pode constituir-se
como um instrumento que viabiliza a igualdade de oportunidades, sendo dever do
Estado garantir o acesso por meio da oferta da educação básica gratuita/pública.
Para além de ter conhecimento acerca dos direitos que estão garantidos em
lei, deve-se, também, conhecer os meios para reclamá-los, já que vivemos em
um Estado democrático de direito. Vê-se, no decorrer da história, a necessidade
de exigir a proteção dos direitos declarados aos cidadãos devido aos diversos
problemas políticos que ocorreram. A educação está diretamente vinculada à
cidadania por ser um pré-requisito necessário para a liberdade civil e também
pressuposto para o exercício de outros direitos.

A educação das crianças está diretamente relacionada com a cidadania, e,


quando o Estado garante que todas as crianças serão educadas, tem em mente,
sem sombra de dúvida, as exigências e a natureza da cidadania. Está tentando
estimular o desenvolvimento de cidadãos em formação. O direito à educação
é um direito social genuíno porque o objetivo da educação durante a infância
é moldar o adulto em perspectiva. Basicamente, deveria ser considerado não
o direito de a criança frequentar a escola, mas como o direito de o cidadão
adulto ter sido educado (MARSHALL, 1967, p. 73 apud SAVELI, TENREIRO,
2011, documento on-line).

A educação pode ser considerada um meio para acesso aos bens culturais e
também um caminho para a emancipação dos sujeitos, visto que, a partir dela,
pode-se adquirir os conhecimentos necessários para viabilizar a participação da
sociedade no controle democrático, contribuindo para a construção da consci-
ência crítica e também da autonomia nos diferentes espaços sociais e políticos.
Deve-se observar a história da educação no Brasil para perceber que sua
garantia enquanto direito é recente no país. Os avanços se deram devido a
momentos de lutas de movimentos sociais a favor de uma educação mais justa
e democrática. Segundo Saveli e Tenreiro (2011), no Brasil, o ensino primário é
reconhecido como direito e obrigatoriedade do poder público somente a partir de
1934, quando é mencionado, no art. 148, que “Cabe à União, aos Estados e aos
Municípios favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes, das
letras e da cultura em geral, proteger os objetos de interesse histórico e o patri-
mônio artístico do País, bem como prestar assistência ao trabalhador intelectual”,
e, no art. 149, que “A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela
família e pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros
e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores
da vida moral e econômica da Nação […]” (BRASIL, 1934, documento on-line).
4 A educação como direito social

Na Constituição do Império de 1824, a educação é vista como um direito


civil e político inviolável, e ressalta o art. 179, inciso XXXII, que “A instrução
primária é gratuita a todos os cidadãos”, ou seja, apenas a gratuidade estava
outorgada, mas não a obrigatoriedade (BRASIL, 1824 apud SAVELI; TEN-
REIRO, 2011, documento on-line). “Já na primeira Constituição do período
republicano, de 1891, nem o princípio da gratuidade é mantido na redação do
texto legal”, a responsabilidade era de cada província (SAVELI; TENREIRO,
2011, documento on-line).
A Constituição de 1937 atenuou a obrigação do Estado como responsável
pela educação, passando essa responsabilidade para os pais. No entanto, tam-
bém era dever da nação, dos estados e municípios fundar instituições públicas
de ensino em todos os graus caso houvesse falta de recursos necessários para
as instituições privadas.
A Constituição de 1946 coloca o ensino primário obrigatório e o ensino
primário oficial gratuito para todos, delegando a responsabilidade para o Es-
tado e abrindo portas para a elaboração de diretrizes e bases para a educação
nacional.
Em 1947, inicia-se a elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB). Segundo Saveli e Tenreiro (2011), a LDB nº. 4024, de 20 de dezembro
de 1961, que deveria atender aos preceitos constitucionais, não correspondeu
à expectativa, estabelecendo apenas quatro anos de educação obrigatória
no país com base na descentralização que responsabiliza cada estado pela
organização do sistema de ensino. Em 1971, a Lei Educacional nº. 5.692
determina a obrigatoriedade do ensino primário, institui o ensino de primeiro
grau com duração de oito anos e estabelece as diretrizes e bases para o ensino
de primeiro e segundo graus.
Já a Constituição Federal de 1988, marcada pelo período da redemocrati-
zação no Brasil ao final dos anos 1980, inserida em um clima de democracia,
apresenta os direitos sociais e coletivos com o propósito de transformar os
indivíduos em cidadãos. Segundo Saveli e Tenreiro (2011, documento on-line),
estabelece o ensino fundamental como etapa obrigatória da educação básica
e declara a educação “[...] como um direito de todos os cidadãos e dever do
Estado, proclamando como princípios do ensino a igualdade de condições
para o acesso e a permanência na escola, bem como a garantia de um padrão
de qualidade de ensino”.
Em seu art. 205, a Constituição Federal define: “[...] a educação, direito de todos
e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, do-
A educação como direito social 5

cumento on-line). Também ressalta, em seu art. 208, que o dever do Estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de: “educação básica obrigatória
e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”.
(BRASIL, 1988, documento on-line). A educação básica está dividida em três
níveis: pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, segundo o art. 4, inciso
I da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), e há um grande
reconhecimento da pré-escola como um direito social das crianças e a escola
como um espaço de exercício da cidadania, formação e também de construção
de conhecimento e cultura.
Foi promulgada, então, a Lei nº. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que aprova
o Plano Nacional de Educação e amplia o ensino fundamental obrigatório para
duração de nove anos — iniciando-se aos 6 anos de idade —, com o objetivo de
oferecer oportunidades de aprendizagem na fase de escolarização obrigatória e de
assegurar o ingresso mais cedo no sistema de ensino para que as crianças possam
prosseguir nos estudos, alcançando altos níveis de escolaridade (BRASIL, 2001).
Além disso, garante o acesso e a permanência no ensino fundamental, já que excluir
a criança da escola é também uma forma de exclusão social. Em 6 de fevereiro
de 2006 é promulgada a Lei Federal nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que
mantém a redação com relação ao ensino fundamental de nove anos de duração.
Ao longo do tempo, as legislações educacionais no Brasil foram aumentando
os anos de escolarização obrigatória e, hoje, não se restringe apenas ao ensino
fundamental, mas também à educação infantil e ao ensino médio, sendo a
educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade.

Não há dúvida que as ações que dizem respeito à garantia do acesso à escola
implicam numa ação direta e efetiva do poder público, tanto em nível federal
e estadual como municipal, em cumprimento ao que determina a Constituição
Federal. Esse direito do cidadão está garantido, também, em outras leis que de-
correm da Constituição Federal de 1988. Dentre elas, pode-se destacar a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente
e o Sistema Estadual de Educação (PIANA; CANOAS, 2007, documento on-line).

A Constituição Federal de 1988 se guia pelo princípio da cidadania numa


perspectiva universal da educação, porém, mesmo que conste nos textos o direito
à educação, são necessárias certas lutas sociais pela implantação de políticas
públicas que realmente garantam a universalização da educação de qualidade
e gratuita para todos. Dessa forma, é importante mobilizar a população para
participar das deliberações que acontecem nos conselhos, de modo que o exercício
da educação como direito seja um exercício de cidadania e emancipação política.
6 A educação como direito social

Comunidade escolar, territórios e redes


socioassistenciais diante do contexto macro
e microestrutural atual
Com o início da década de 1980, segundo Teixeira (2016, documento on-line),
viu-se, especialmente nos países em que o capitalismo estava avançado, gran-
des transformações e a classe trabalhadora sofreu profundas crises, afetando
interrelacionamentos e até sua forma de ser, o que provocou um grande salto
tecnológico, mesclando fordismo e taylorismo, e levou a mudanças nos moldes
da produção. Nesse contexto de flexibilização, a produção foi adequando-se
à lógica do mercado e, por consequência, os direitos trabalhistas sofreram
consequências negativas. Nessa lógica, a base era a exploração do trabalho e
uma dinâmica tecnológica e organizacional.

Para se adequar às novas necessidades do mercado, foram inseridos à produção


mecanismos de aproveitamento do tempo, como o quesito da polivalência do
trabalhador, que deve operar várias máquinas ao mesmo tempo, na lógica just
in time da empresa. Ou seja, o processo de trabalho é cronometrado e deve
responder à qualidade exigida pela empresa, intensificando o ritmo, o tempo
e o processo de trabalho, flexibilizando o aparato produtivo e a organização
do trabalho, havendo a necessidade de agilidade em se adaptar (TEIXEIRA;
2016, documento on-line).

Assim, nesse contexto de exploração, passaram a ser características do


mercado a racionalização do trabalho, a meritocracia, e o sindicalismo foi
manipulado e cooptado, em um cenário capitalista no qual foram destruídos os
direitos e as regulamentações historicamente conquistados com o sangue das
lutas do movimento operário. O Estado, que deveria garantir a sobrevivência
mínima aos cidadãos, nesse marco, tem um posicionamento cauteloso diante da
ordem ditada pelo capital. Dessa forma, apenas observa e não atua na busca por
melhores alternativas para os apelos da população, de modo que, ao não garantir
o trabalho, incentiva a sua informalidade e precarização. “A forma assalariada
de trabalho desenvolvida pelo capitalismo visa a integração das pessoas ao modo
de produção, e a concentração de renda e a desigualdade social contribuem para
o desemprego estrutural” (TEIXEIRA; 2016, documento on-line).
É nesse contexto social, político e econômico que se insere a comunidade
escolar, formada pelos alunos, docentes e demais funcionários, e situada em
um território.
A educação como direito social 7

Os territórios são espaços de vida, de relações, de trocas, de construção, e


desconstrução de vínculos cotidianos, de disputas, contradições e conflitos,
de expectativas e de sonhos, que revelam os significados atribuídos pelos
diferentes sujeitos. É também terreno das políticas públicas, onde se concre-
tizam as manifestações da questão social e se criam os tensionamentos e as
possibilidades para seu enfrentamento (BRASIL, 2008, documento on-line).

No SUAS, o princípio de territorialização da rede socioassistencial se fun-


damenta na oferta de serviços de acordo com a proximidade do cidadão e da
localização dos serviços no território com incidência de vulnerabilidade e
riscos sociais e pessoais para a população. Com esses parâmetros, os serviços
socioassistenciais podem ser direcionados a áreas territoriais prioritárias a partir
de um padrão nacional de cobertura que respeita a diversidade das condições
locais e a dinâmica de suas interrelações (BRASIL, 2008, documento on-line).
A gestão da política de assistência social no Brasil é realizada pelo SUAS,
como está definido na Lei Orgânica da Assistência Social (BRASIL, 1993,
documento on-line):

Art. 6. A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a
forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único
de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos:
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação
técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção
social não contributiva;
II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e be-
nefícios de assistência social, na forma do art. 6-C;
III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização,
regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social;
IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais;
V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social;
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos.

Sendo assim, os serviços são ofertados conforme a distribuição no território.


A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) traz em seu texto a forma como
estão descentralizados os serviços conforme o território. Portanto, os serviços
ofertados têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice e têm como base de organização o território (BRASIL,
1993). Assim, a vigilância socioassistencial é utilizada como instrumento da
proteção social para identificar e prevenir situações de risco e vulnerabilidade
social no território. O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é
a unidade de atendimento de base territorial que se localiza em área onde há
8 A educação como direito social

maior indício de vulnerabilidade e risco social e tem por objetivo articular os


serviços socioassistenciais em seu território de abrangência e também a prestação
de serviços, programas e projetos de proteção social básica (PSB) às famílias.
Compreende-se que a rede socioassistencial é um importante instrumento
de enfrentamento das desigualdades sociais, e o mapeamento dessa rede
possibilita condições efetivas para o desenvolvimento do trabalho social.

A perspectiva de uma construção integrada da rede socioassistecial abre a


possibilidade de compartilhamento de conhecimentos, ações e responsabi-
lidades, potencializando o desempenho das políticas públicas. Por meio da
intersetorialidade, é possível abordar, de forma mais ampla, as problemáticas
sociais. A conexão territorialidade/rede/intersetorialidade, voltada à inclusão
social, redimensiona as intervenções específicas, ampliando o padrão de
qualidade e a efetividade das ações desenvolvidas (GORGES, 2010, p. 46).

A fim de abranger cada vez mais a articulação em rede, é necessário que


as instituições sejam parceiras, tornando-se referência de racionalização e
complementaridade. Estando integradas as parcerias e redes, as políticas sociais
conseguem implementar ações criativas, tendo a possibilidade de agregar expe-
riências, saberes, integrar iniciativas de capacitação, socializar estudos, trocar
informações e também compartilhar resultados. Isso envolve a articulação com
outros equipamentos sociais, como a saúde, por exemplo. O atendimento a partir
da rede socioassistencial, ou seja, articulando todas as políticas disponíveis no
território — educação, saúde e assistência —, tem por objetivo atender às deman-
das dos sujeitos em sua totalidade para que suas necessidades sejam supridas.
É necessário que haja uma forma de comunicação formal e contínua en-
tre as estruturas, a fim de viabilizar as iniciativas, reduzindo a morosidade
resultante da burocracia. A proteção social permite a realização de conexões
entre a assistência social e as demais políticas de abrangência social, que são
voltadas à garantia das melhorias das condições de vidas da população que
vive às margens da sociedade, junto a órgãos judiciais, que são responsáveis
pelo sistema de garantias de direitos básicos.
A conexão entre a proteção social e a defesa de direitos dá possibilidade
à assistência social de mobilizar uma gama de serviços, ações e atenções de
diferentes órgãos públicos e também de setores técnico-administrativos e
áreas como a cultura, habitação, trabalhos, educação, justiça, em relação de
complementaridade, que conjugam esforços e recursos. A intersetorialidade
significa, para as políticas públicas, criar condições de trabalho em nível de
igualdade, trocando a competição pela cooperação, de modo a seguir um
parâmetro para melhor atender às necessidades da população. Os serviços
A educação como direito social 9

socioassistenciais têm por objetivo o fortalecimento dos vínculos familiares


e também o desenvolvimento das potencialidades e autonomia dos usuários.
O trabalho desenvolvido nos Centros de Referência da Assistência Social
é composto por várias ações, mas podemos dar destaque a

[…] o acolhimento, o acompanhamento das famílias beneficiárias do programa


Bolsa Família e BPC, a orientação quanto aos programas e projetos socioas-
sistenciais do município. Existem, também, os encaminhamentos para outros
serviços e programas, reuniões e ações comunitárias, promoção de inclusão,
acompanhamento familiar, grupos de convivência e serviços socioeducativos
(GORGES, 2010, p. 54).

A partir do momento em que se tem a compreensão de que os serviços fun-


cionam no formato de redes, rompe-se com a reprodução histórica das práticas
isoladas e pontuais. A relação dividida entre Estado e programas sociais, de
um lado, e entidades e serviços sociais, de outro, acaba propondo o trabalho
em rede, já que a própria história confirmou que ações individualizadas não
trazem bons resultados. Como afirma Peres (2011, documento on-line), o Estado
é a referência de rede e responsável pela assistência social enquanto direito de
todo cidadão, sendo “[…] capaz de promover as entidades e organizações de
assistência social do campo da filantropia e do assistencialismo para o campo
da cidadania e dos direitos sociais”.
O Sistema Único de Assistência Social prevê a articulação entre o Estado e
a sociedade civil e também entre as diversas políticas públicas, tendo percebido
que há a necessidade de complementaridade entre os serviços desenvolvidos por
elas. Nesse contexto, o Estado assume o papel de coordenador do processo de
mobilização de redes, buscando articular e integrar as organizações da sociedade
civil e as governamentais, direcionando para o atendimento das demandas sociais.
A fim de tornar a educação um exercício da cidadania, é importante que
a comunidade escolar esteja inserida na rede de serviços socioassistenciais
do seu território.

As redes sociocomunitárias no território contam com serviços e ações tanto


no campo da assistência social quanto no campo da saúde, da educação, etc.,
que deveriam vincular-se às políticas públicas, pois, muitas vezes, oferecem
programas comunitários que preenchem a lacuna de serviços inexistentes,
como é o caso das escolas comunitárias e das parteiras em algumas comuni-
dades do país. Atuam inclusive em ações de infraestrutura urbana, em que a
precariedade das condições de vida e o clamor por serviços são uma urgência
constante, realizando a coleta de lixo, a limpeza de córregos, o transporte
coletivo, etc. (GUARÁ, 2010, documento on-line).
10 A educação como direito social

Para a efetivação dos direitos sociais em sua plenitude, construir um tra-


balho social em rede contribui para a transformação social dos sujeitos, uma
vez que, podendo o(a) assistente social refletir com seus usuários acerca das
demandas cotidianas, é possível a viabilização dos direitos, já que as políticas
de atendimento funcionam em rede, ou seja, buscam atender o usuário em
sua totalidade. Portanto, se a comunidade escolar estiver inserida nesse con-
texto, crianças, adolescentes e jovens conseguirão usufruir de outros direitos
essenciais, como assistência social, saúde, habitação.

O Serviço Social na efetivação da educação


como um direito social
Diante do contexto social em que vivemos, o trabalho do(a) assistente social
na área da educação tem se tornado cada vez mais promissor e relevante, visto
as diversas especificidades que as políticas sociais oferecem. Uma dessas
especificidades é a atuação profissional na assistência estudantil, que busca
estratégias para a efetivação do acesso de estudantes como direito fundamental
e também a sua permanência nas instituições de ensino.
O trabalho social comprometido com a qualidade dos serviços prestados
segue a concepção ampliada e universal de acesso à educação como um es-
paço privilegiado para o desenvolvimento de potencialidades dos sujeitos na
sociedade. Esse trabalho está diretamente vinculado à luta pela universalização
da política de educação pública, de qualidade e socialmente referenciada. O
processo de democratização da educação implica no desenvolvimento de ações
de assistência estudantil que garantam o acesso, a permanência e o êxito dos
estudantes nas instituições de ensino, mesmo que essas sejam permeadas pela
contradição premente na sociedade.

Podemos dizer que, com a universalização da escola, as camadas populares


passaram a ter acesso aos mesmos conhecimentos que, historicamente, eram
exclusivos de uma pequena parcela da população. Nesse sentido, é papel da
escola garantir o acesso ao conhecimento científico e erudito aos alunos das
camadas populares, uma vez que o domínio desse conhecimento é condição de
cidadania para essa parcela da população. A escola começa a cumprir essa função
social com o ingresso do aluno (PIANA; CANOAS, 2007, documento on-line).

As políticas educacionais devem prezar pela inclusão social, e não pela


exclusão, realizando um trabalho para o chamamento de matrículas, adequando
A educação como direito social 11

o espaço para receber o maior número de alunos. É necessário que a escola


também possa desenvolver algumas ações que facilitem o acesso à escola,
como incentivar algum programa de transporte escolar.
Podemos destacar algumas ações governamentais que contribuem para a
permanência dos alunos, que são: pelo governo federal, a criação do Fundo
de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério
(FUNDEF), que procura distribuir de forma equitativa os recursos que são
destinados à educação para os estados e municípios; o Programa do Livro
Didático e da Merenda Escolar; a edição dos Parâmetros Curriculares (PCNs),
representando uma atitude responsável do Ministério da Educação (MEC) para
direcionar o currículo da educação básica em todo o território nacional; e o
Programa de Informática (PROINFO), que introduz na rede escolar pública
o uso dos instrumentos tecnológicos.
Considerando a possibilidade de inserção do(a) assistente social no âmbito
da educação, é importante refletir quais ações podem ser desenvolvidas para
garantir a igualdade e a condição de permanência dos alunos na escola, de
modo que tenham acesso a uma educação escolarizada, contemplando a
inclusão social de crianças, adolescentes e jovens.
A educação defendida pelo Serviço Social é aquela que leva à emancipação,
ao menos política, dos indivíduos sociais, que se preocupa com a troca e a
transmissão de valores e conhecimentos populares, além de contribuir com
a formação de organizações coletivas que levem à construção da autonomia,
respeitando e valorizando seus saberes.
Buscar a permanência de crianças, adolescentes e jovens nas instituições
de ensino é viabilizar o acesso ao conhecimento científico, filosófico, socioló-
gico, a fim de que esses alunos possam entender a sociedade em que vivem e
também desenvolver pensamentos e ações criativas que os levem a questionar
a realidade social e buscar ações interventivas para a superação de situações
de exclusão social, discriminação e violências.
Em contraponto a esse ideal de educação defendido pela profissão, vivencia-
mos no Brasil certo descaso com a política educacional pública no que se refere,
por exemplo, a infraestrutura, material didático e principalmente à escancarada
desvalorização dos professores. Essa realidade dificulta a construção e a efe-
tivação de uma educação emancipadora, provocando certa desmotivação no
corpo discente e levando-o ao desinteresse e a muitas reprovações de ano letivo.
O que vemos hoje em dia é uma educação que se volta para processos
educativos que não visam o desenvolvimento de habilidades voltadas a eman-
cipação, mas para a reprodução de ideias, valores e princípios impostos pelas
classes dominantes, a fim de reforçar os interesses e necessidades do mercado.
12 A educação como direito social

É importante ressaltar que a atuação profissional do(a) assistente social no


âmbito da assistência estudantil é permeada por diversos desafios, em “[...] cenário
econômico e político marcado pela contrarreforma do Estado, pelo desmonte
das políticas sociais e também pela negação dos direitos sociais” (CAVAIGNAC;
COSTA, 2017, documento on-line). Como apontam as autoras, esse cenário impõe
limites ao exercício profissional e dificulta a efetivação da política de assistência
estudantil, o que compromete o acesso à educação como um direito.
Vivenciamos um cenário no qual há a possibilidade de redução do financia-
mento da educação e contrarreformas movidas especialmente pela PEC 241 (ou
55), que congela as despesas do governo por até 20 anos nas áreas da saúde e da
educação, de forma a contribuir com a piora das condições de vida da população
devido, também, à ampliação do desemprego, do corte de benefícios sociais e
previdenciários (como BPC e aposentadoria por invalidez) e outros que geram
impacto no modo de vida das famílias e dos estudantes, aumentando os desa-
fios para os(as) assistentes sociais que trabalham com a assistência estudantil.
Portanto, entende-se que é preciso fortalecer o debate acerca das atribuições e
competências do(a) assistente social e pensar estratégias de ação para direcionar
a luta pela educação pública, posta como um desafio premente na atualidade.
Alguns programas foram implantados por meio da iniciativa do governo fe-
deral como forma de promover e incentivar a educação no nível superior, a saber:
Universidade Aberta do Brasil (UAB), Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior (FIES), Programa de Bolsa Institucional de Iniciação à Docência
(PIBID), Programa de Apoio a Plano de Reestruturação e Expansão das Univer-
sidades Federais (REUNI) e Programa Universidade para Todos (PROUNI).
Um dos maiores desafios que se coloca para o Serviço Social com relação ao
ingresso dos alunos no ensino superior privado é a questão do reduzido poder
aquisitivo de algumas famílias para prover a permanência desses alunos na
universidade: se, por um lado, o ingresso já simboliza uma vitória, por outro,
é preciso garantir a permanência desses alunos até o final do curso. Vindos
de famílias de baixa renda, muitos jovens veem no financiamento do ensino
superior uma oportunidade para cursar uma graduação e, em alguns casos,
contam com a ajuda de familiares.

Neste tocante, convém explicitar que o trabalho da assistência na área da educação


se veste de uma essencialidade que não pode ser desconsiderada. Isso porque a
assistência, se realmente efetivada sobre as bases de uma posição crítica e ético-
-política que lhe são inerentes, não só representaria a possibilidade de conclusão
para os alunos vulnerabilizados, mas seria, também, uma forma de contrapor a
educação alienante difundida dentro da lógica capitalista, por meio de uma ação
pautada na dimensão socioeducativa (BARBOSA, 2012, documento on-line).
A educação como direito social 13

O trabalho desenvolvido pelo(a) assistente social deve ser compreendido


como uma forma concreta de acesso a bens e serviços e também precisa
reconhecer a universidade como um espaço de luta. Entretanto, a assistência
não pode ser vista como solução para todos os problemas de desigualdade,
deve estar inserida em uma perspectiva intersetorial, em que a construção
da cidadania se dará, de fato, se o indivíduo tiver acesso a todos os serviços.
A assistência estudantil pode ser definida como a concessão de bens e
serviços que tem o objetivo de viabilizar a permanência do aluno no sis-
tema de educação, construindo sua cidadania e rompendo com a perspectiva
alienante que atende aos interesses do capitalismo. A assistência, além de
executar serviços assistenciais, também inscreve a dimensão educativa nas
ações interventivas. Sendo assim, é imprescindível reafirmar o compromisso
ético-político da profissão com a transformação social por meio da educação.

No link a seguir, você pode assistir a um vídeo com um debate acerca da política de
educação como um espaço relevante, que se ampliou nos últimos anos, em paralelo
à ampliação das universidades, dos Institutos Federais (IF’s), com a política de cotas,
que tem que garantir não apenas o acesso, mas também a permanência dos alunos.

https://qrgo.page.link/N6Vw

BARBOSA, C. D. L. Assistência estudantil: compromisso do serviço social com o ensino su-


perior. [S. n., s. l.], 2012. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/20626/20626.
PDF. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1934. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 16 jul. 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Consti-
tuicao/Constituicao34.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti-
tuicao/constituicao.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
14 A educação como direito social

BRASIL. Lei n°. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10172.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Lei n°. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assis-
tência Social e dá outras providências. Lei Orgânica da Assistência Social. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 8 dez. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L8742compilado.htm. Acesso em 28 mar. 2019.
BRASIL. Lei n°. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Instituto de Estudos
Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. SUAS: configurando os eixos
de mudança. 1. ed. Brasília: MDS, 2008. v. 1. https://www.mds.gov.br/webarquivos/
publicacao/assistencia_social/Cadernos/SUAS_Vol1_%20Mudanca.pdf. Acesso em:
9 abr. 2019.
CAVAIGNAC, M. D.; COSTA, R. M. P. Serviço social, assistência estudantil e “contrarreforma”
do Estado. Temporais, Brasília, DF, ano 17, n. 34, p. 411-435, jul./dez. 2017. Disponível
em: http://periodicos.ufes.br/temporalis/article/download/17589/pdf_1. Acesso em:
9 abr. 2019.
GORGES, A. P. S. Mapeamento da rede socioassistencial no serviço de enfrentamento a
violência, ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes do município de Palhoça.
2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social) – Universidade
do Sul de Santa Catarina, Palhoça, SC, 2010.
GUARÁ, I. M (coord.). Redes de proteção social. 1. ed. São Paulo: Associação Fazendo
História; NECA, 2010. (Coleção Abrigos em Movimento). Disponível em: https://www.
neca.org.br/wp-content/uploads/Livro4.pdf. Acesso em: 9 abr. 2019.
ONU. Declaração universal dos direitos humanos. Rio de Janeiro: UNIC, 2009. Disponível
em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em:
8 abr. 2019.
PERES, G. A. L. A organização das redes socioassistenciais no contexto do SUAS. Serviço
Social & Realidade, Franca, SP, v. 20, n. 1, p. 97-118, 2011. Disponível em: https://ojs.franca.
unesp.br/index.php/SSR/article/view/2408/2127. Acesso em. 9 abr. 2019.
PIANA, M. C.; CANOAS, J. W. Educação: direito social a ser efetivado. Serviço Social &
Realidade, Franca, SP, v. 16, n. 1, p. 169-185, 2007. Disponível em: https://ojs.franca.unesp.
br/index.php/SSR/article/view/95/198. Acesso em. 9 abr. 2019.
A educação como direito social 15

SAVELI, E. L.; TENREIRO, M. O. V. A educação enquanto direito social: aspectos históri-


cos e constitucionais. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 10., 2011, Curitiba.
Anais [...]. Paraná: PUCPR, 2011. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/CD2011/
pdf/6005_3511.pdf. Acesso em: 9 abr. 2019.
TEIXEIRA, L. V. V. A pessoa idosa na atual configuração do mundo de trabalho: um es-
tudo realizado no município de Franca/SP. 2016. Dissertação (Mestrado em Serviço
Social) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Estadual de Paulista Júlio de
Mesquita Filho, Franca, SP, 2016. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/
handle/11449/144708/teixeira_lvv_me_fran.pdf.txt;jsessionid=56F81785929DF838139
7A99735C958B7?sequence=5. Acesso em: 9 abr. 2019.
Dica do professor
As políticas educacionais têm se tornado promissoras para a realização do trabalho social
desenvolvido por assistentes sociais, uma vez que a educação foi reconhecida como direito social
com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Contudo, não se deve encerrar por aqui a
compreensão da atuação profissional no âmbito da educação.

Nesta Dica do Professor, você verá um pouco mais acerca das influências que as expressões da
questão social têm sobre o acesso e a permanência dos estudantes nas instituições de ensino, e
como a dimensão investigativa pode se tornar um instrumento para o enfretamento dos desafios
cotidianos, em consonância com o projeto ético-político do serviço social.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Considerando a educação como um direito social de responsabilidade do Estado, do ponto


de vista político, ela está vinculada ao exercício de qual direito?

A) Direito ao convívio social.

B) Direito à inserção no mercado de trabalho.

C) Direito à capacitação nos diversos níveis educacionais.

D) Direito ao desenvolvimento de habilidades.

E) Direito ao exercício da cidadania.

2) De acordo com os princípios e os valores do Código de Ética de 1993, a educação é um


importante instrumento para atingir qual objetivo conforme o projeto ético-político?

A) Defesa dos valores dominantes.

B) Repressão de protestos de cunho social.

C) Articulação de propostas para emancipar os sujeitos.

D) Promoção da aceitação da realidade social.

E) Impedimento da capacidade reflexiva.

3) Considerando que o indivíduo deve ser compreendido inserido em determinada realidade, o


atendimento a ele deve ser realizado em quais vias para atender às suas demandas sociais?

A) Foco no atendimento das demandas imediatas.

B) Inserção do atendimento na rede socioassistencial.

C) Desconsideração do estado de vulnerabilidade social.

D) Atendimento apenas por uma política, diante da lógica da fragmentação.


E) Atendimento em qualquer lugar, não observando o território.

4) O trabalho social comprometido com a qualidade dos serviços prestados segue a concepção
ampliada e universal de acesso à educação como um espaço privilegiado para o
desenvolvimento de potencialidades dos sujeitos na sociedade. Sendo assim, o que a
educação deve promover?

A) Inclusão social.

B) Inclusão pela meritocracia.

C) Reprodução das ideias dominantes.

D) Mercantilização da educação.

E) Ensino técnico para inserção no mercado.

5) Compreendendo a assistência estudantil como um caminho para a construção da cidadania,


por qual dimensão deve ser desenvolvido o trabalho do assistente social?

A) Criativa.

B) Interventiva.

C) Reflexiva.

D) Educativa.

E) Tecnicista.
Na prática
Para um trabalho social efetivo, é necessário que o profissional realize uma leitura de realidade, a
fim de compreender o contexto conjuntural em que estão inseridos os indivíduos que buscam o
atendimento do serviço social. Estando a comunidade escolar inserida nesse contexto, o
profissional deve fazer uma análise da realidade em que vivem os seus usuários, bem como do
território em que estão localizados, ou seja, quais as expressões da questão social se manifestam no
cotidiano dos alunos e de suas famílias.

Veja, neste Na Prática, como o assistente social direciona suas ações e busca estratégias para atuar
com uma demanda emergente em seu cotidiano de trabalho, sendo esta fruto das expressões da
questão social.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Documentário: Educação, assistência e cidadania"


Este vídeo foi divulgado no canal da Artebra Associação Cultural e aborda a questão do trabalho do
assistente social na perspectiva emancipadora, ressalta que esse trabalho deve ser realizado com
vistas a transformar a realidade cotidiana dos sujeitos, tendo como fundamento para a sua atuação
e análise a dimensão socioeducativa, ressaltando que a relação com o usuário é de ensino e
aprendizagem. Assim, as ações profissionais devem se materializar nas vias do projeto ético-político
da profissão, e não apenas focar na execução terminal das políticas sociais.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Seminário CFESS/CRESS – Região Sudeste – Serviço social e


Assistência estudantil
O evento faz parte do calendário das ações deliberadas durante os encontros descentralizados da
Região Sudeste e tem como propósito fomentar os espaços de reflexão e diálogo sobre os desafios
postos ao Serviço Social na defesa da educação como direito. O evento é realizado em conjunto
pelo CFESS e CRESS Espírito Santo; Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

A educação como direito social e a escola como espaço protetivo


de direitos: uma análise à luz da legislação educacional
brasileira
Neste artigo, problematiza-se a qualidade social da educação escolar a partir da análise da sua
institucionalidade no marco normativo educacional instituído após a Constituição Federal de 1988.
Tais atos legislativos legalizam uma função inovadora para a escola, a de ser e atuar como espaço
protetivo de direitos de crianças e adolescentes.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar