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Apresentação
A educação como direito social deve constituir-se como elemento de discussão no âmbito do
serviço social, já que este é um espaço ocupacional que tem se ampliado nos últimos anos,
principalmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases
de 1996. Sendo a educação um direito social, é dever do assistente social buscar estratégias de
ação para efetivar esse direito, tendo em vista o Código de Ética de 1993, que estabelece que as
ações devem estar voltadas para a transformação da realidade dos sujeitos atendidos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a educação como direito social e como foi sendo
constituída e interpretada nos textos constitucionais, até se tornar um serviço público de
obrigatoriedade do Estado. Ainda, você vai aprender sobre comunidade escolar, territórios e rede
socioassistencial no contexto micro e marcroestrutural atual, refletindo sobre a importância da
análise de conjuntura para o estabelecimento de ações, bem como o mapeamento dos
equipamentos sociais disponíveis para realizar os encaminhamentos e atender aos indivíduos e às
demandas sociais. Por fim, será abordada a atuação do profissional do serviço social para a
efetivação da educação como direito social, ou seja, as possibilidades de atuação do profissional
que extrapolam os limites do acesso e da permanência.
Bons estudos.
Imagine que você é assistente social de um centro de referência da assistência social de seu
município e observa que muitas famílias que o procuram para realizar o Cadastro Único (CadÚnico)
gerido pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) têm filhos em idade escolar que estão fora
da escola e que, de forma velada, muitas vezes, fazem algum trabalho para os pais em busca de uma
renda para a família.
Neste infográfico, você verá como a educação pode ser instrumento de mobilização social para a
construção de uma nova cultura, voltada para um novo projeto de sociedade, a partir do momento
em que se compreende a sua dimensão política.
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Conteúdo do livro
Sabe-se que não é de hoje que a educação tem destaque nas legislações brasileiras; entretanto, o
texto constitucional e as demais leis passaram por diversas alterações, até que se tornasse uma
obrigatoriedade do Estado e um direito do cidadão. O serviço social tem conquistado seu espaço na
política de educação; além disso, tem ocorrido a amplição dos espaços ocupacionais para o
assistente social no âmbito da educação, que, diante de um contexto de acirramento da questão
social, mostra-se relevante na atuação da questão de acesso e da permanência nas instituições de
ensino.
No capítulo A educação como direito social, do livro Políticas setoriais II, você verá o processo de
constituição da política de educação como direito socialmente construído. Verá, também, aspectos
relevantes acerca da comunidade escolar, dos territórios e das redes socioassistenciais diante do
contexto macro e microestrutural atual, articuladamente à atuação do serviço social para a
efetivação da educação como um direito social.
Boa leitura.
POLÍTICAS
SETORIAIS II
Introdução
A fim de discutir acerca da educação como direito social, é importante
fazer uma retrospectiva da história da educação no Brasil, principalmente
em seus aspectos legais. A educação enquanto direito foi sendo construída
no Brasil a partir das constituições federais que percorreram a história
do direito no país. Não há dúvidas que a educação como direito social é
uma grande conquista que se efetivou nos marcos da promulgação da
Constituição Federal de 1988, grande conquista para a educação como
obrigatoriedade do Estado e dos cidadãos. Nesse sentido, também se
destacam outros instrumentos que regulamentam e direcionam a assis-
tência no Brasil, como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a Política
Nacional de Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único de Assistência
Social (SUAS), que se articulam à política de educação. Embora a política
social seja fragmentada e segmentada, é relevante buscar estratégias de
ação para realizar um trabalho social que busque a transformação social.
O Serviço Social tem buscado aproximar-se da área da educação, uma vez
que esse espaço tem se ampliado para a inserção do(a) assistente social. Há
a discussão do trabalho desenvolvido pelo profissional não apenas no trato
das expressões da questão social que perpassam o cotidiano das instituições
educacionais, mas também com relação ao acesso e à permanência nas
instituições de ensino, a fim de se efetivar a educação como direito social.
2 A educação como direito social
1) Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será
obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como
a instrução superior, esta baseada no mérito. 2) A instrução será orientada no
sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortaleci-
mento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações
Unidas em prol da manutenção da paz. 3) Os pais têm prioridade de direito
na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
A educação pode ser considerada um meio para acesso aos bens culturais e
também um caminho para a emancipação dos sujeitos, visto que, a partir dela,
pode-se adquirir os conhecimentos necessários para viabilizar a participação da
sociedade no controle democrático, contribuindo para a construção da consci-
ência crítica e também da autonomia nos diferentes espaços sociais e políticos.
Deve-se observar a história da educação no Brasil para perceber que sua
garantia enquanto direito é recente no país. Os avanços se deram devido a
momentos de lutas de movimentos sociais a favor de uma educação mais justa
e democrática. Segundo Saveli e Tenreiro (2011), no Brasil, o ensino primário é
reconhecido como direito e obrigatoriedade do poder público somente a partir de
1934, quando é mencionado, no art. 148, que “Cabe à União, aos Estados e aos
Municípios favorecer e animar o desenvolvimento das ciências, das artes, das
letras e da cultura em geral, proteger os objetos de interesse histórico e o patri-
mônio artístico do País, bem como prestar assistência ao trabalhador intelectual”,
e, no art. 149, que “A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela
família e pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros
e a estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores
da vida moral e econômica da Nação […]” (BRASIL, 1934, documento on-line).
4 A educação como direito social
cumento on-line). Também ressalta, em seu art. 208, que o dever do Estado com
a educação será efetivado mediante a garantia de: “educação básica obrigatória
e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”.
(BRASIL, 1988, documento on-line). A educação básica está dividida em três
níveis: pré-escola, ensino fundamental e ensino médio, segundo o art. 4, inciso
I da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), e há um grande
reconhecimento da pré-escola como um direito social das crianças e a escola
como um espaço de exercício da cidadania, formação e também de construção
de conhecimento e cultura.
Foi promulgada, então, a Lei nº. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que aprova
o Plano Nacional de Educação e amplia o ensino fundamental obrigatório para
duração de nove anos — iniciando-se aos 6 anos de idade —, com o objetivo de
oferecer oportunidades de aprendizagem na fase de escolarização obrigatória e de
assegurar o ingresso mais cedo no sistema de ensino para que as crianças possam
prosseguir nos estudos, alcançando altos níveis de escolaridade (BRASIL, 2001).
Além disso, garante o acesso e a permanência no ensino fundamental, já que excluir
a criança da escola é também uma forma de exclusão social. Em 6 de fevereiro
de 2006 é promulgada a Lei Federal nº. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, que
mantém a redação com relação ao ensino fundamental de nove anos de duração.
Ao longo do tempo, as legislações educacionais no Brasil foram aumentando
os anos de escolarização obrigatória e, hoje, não se restringe apenas ao ensino
fundamental, mas também à educação infantil e ao ensino médio, sendo a
educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade.
Não há dúvida que as ações que dizem respeito à garantia do acesso à escola
implicam numa ação direta e efetiva do poder público, tanto em nível federal
e estadual como municipal, em cumprimento ao que determina a Constituição
Federal. Esse direito do cidadão está garantido, também, em outras leis que de-
correm da Constituição Federal de 1988. Dentre elas, pode-se destacar a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente
e o Sistema Estadual de Educação (PIANA; CANOAS, 2007, documento on-line).
Art. 6. A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a
forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único
de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos:
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação
técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção
social não contributiva;
II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e be-
nefícios de assistência social, na forma do art. 6-C;
III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização,
regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social;
IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais;
V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social;
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos.
No link a seguir, você pode assistir a um vídeo com um debate acerca da política de
educação como um espaço relevante, que se ampliou nos últimos anos, em paralelo
à ampliação das universidades, dos Institutos Federais (IF’s), com a política de cotas,
que tem que garantir não apenas o acesso, mas também a permanência dos alunos.
https://qrgo.page.link/N6Vw
BRASIL. Lei n°. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10172.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Lei n°. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assis-
tência Social e dá outras providências. Lei Orgânica da Assistência Social. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 8 dez. 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L8742compilado.htm. Acesso em 28 mar. 2019.
BRASIL. Lei n°. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 9 abr. 2019.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Instituto de Estudos
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publicacao/assistencia_social/Cadernos/SUAS_Vol1_%20Mudanca.pdf. Acesso em:
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A educação como direito social 15
Nesta Dica do Professor, você verá um pouco mais acerca das influências que as expressões da
questão social têm sobre o acesso e a permanência dos estudantes nas instituições de ensino, e
como a dimensão investigativa pode se tornar um instrumento para o enfretamento dos desafios
cotidianos, em consonância com o projeto ético-político do serviço social.
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Exercícios
4) O trabalho social comprometido com a qualidade dos serviços prestados segue a concepção
ampliada e universal de acesso à educação como um espaço privilegiado para o
desenvolvimento de potencialidades dos sujeitos na sociedade. Sendo assim, o que a
educação deve promover?
A) Inclusão social.
D) Mercantilização da educação.
A) Criativa.
B) Interventiva.
C) Reflexiva.
D) Educativa.
E) Tecnicista.
Na prática
Para um trabalho social efetivo, é necessário que o profissional realize uma leitura de realidade, a
fim de compreender o contexto conjuntural em que estão inseridos os indivíduos que buscam o
atendimento do serviço social. Estando a comunidade escolar inserida nesse contexto, o
profissional deve fazer uma análise da realidade em que vivem os seus usuários, bem como do
território em que estão localizados, ou seja, quais as expressões da questão social se manifestam no
cotidiano dos alunos e de suas famílias.
Veja, neste Na Prática, como o assistente social direciona suas ações e busca estratégias para atuar
com uma demanda emergente em seu cotidiano de trabalho, sendo esta fruto das expressões da
questão social.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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