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PROPÓSITO
Conhecer a fundamentação legal, os conceitos e os desafios da Educação para os Direitos
Humanos para uma visão e atuação democrática e inclusiva nos contextos educacional e
social.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A relação entre a Educação e os Direitos Humanos é complexa e multifacetada. Por essa
razão, existem muitos modos de abordar o tema e buscar compreender sua importância na
atualidade.
Agora, você terá oportunidade de estudar a Educação para os Direitos Humanos a partir da
estreita relação entre o direito à Educação e o direito à cidadania e dignidade. Poderá
compreender que o direito à Educação é universal e, por isso mesmo, pode ser entendido
como direito humano.
Você também irá conhecer os vários princípios e desafios implicados no ato de educar para os
Direitos Humanos, além de refletir sobre a necessidade de experiências educativas voltadas à
cidadania, democracia e paz social, nos diferentes níveis de Educação.
Tudo isso com o fim de promover uma sociedade mais justa e democrática, na qual os Direitos
Humanos possam ser efetivos para todos, superando a mera intencionalidade de promovê-los
no futuro.
MÓDULO 1
Na Constituição Federal de 1988 (CF), lê-se, no artigo 6º, que a Educação é um direito social,
juntamente com a saúde e segurança, entre outros direitos. Elencar a Educação como direito
social insere a formação educacional no rol das obrigações de fazer do Estado. Trata-se de
prestações positivas no sentido de oportunizar aos cidadãos, sejam eles quais forem, garantias
de direitos cujo objetivo é promover a redução das desigualdades sociais.
A CF reforçou a ideia de cidadão como sujeitos sociais ativos que contribuem para o
desenvolvimento de um estado democrático social de direito.
ARTIGO 6º
Outro documento que marca a importância do tema é o Plano Nacional de Educação (PNE), no
qual a Educação se impõe como condição fundamental para o desenvolvimento nacional. O
PNE propõe o crescimento cultural da sociedade por meio da Educação, com o objetivo de
reduzir os desequilíbrios regionais que hoje existem no País.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), em seu artigo 1º, estabelece a
abrangência da Educação. Na mesma LDB, o capítulo 4 reconhece a importância da Educação
para criação e difusão da cultura, como forma de desenvolvimento do pensamento reflexivo,
além de fazer com que os sujeitos sociais se percebam como cidadãos com um papel a
cumprir no seio da sociedade.
ARTIGO 1º
PRINCÍPIO DA CIDADANIA
Pelo princípio da cidadania, "toda pessoa tem direito à Educação”. É certo que muitas crianças
e jovens não têm ou não tiveram acesso à escola. Por isso, tornam-se essenciais a criação e a
manutenção de políticas públicas que se preocupem com a efetivação da “Educação para
todos”.
Foto: Shutterstock.com.
A incorporação dos Direitos Humanos na Educação se torna primordial para a formação dos
sujeitos sociais como partícipes de uma sociedade na qual seus direitos estejam assegurados.
Desse modo, ao contrário do que afirmam alguns críticos, os Direitos Humanos são para todos,
e não devem ser privilégios de parcelas da sociedade.
EDUCAÇÃO E CIDADANIA
CIDADANIA
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De qualquer maneira, dignidade e cidadania estão interligadas de tal modo que o indivíduo, ao
exercer a cidadania, participa não só da sociedade civil, mas também das atividades do
Estado, buscando a melhoria na qualidade de vida individual e coletiva.
Ao exercer a cidadania, o cidadão reconhece e exercita seus direitos, em uma luta constante
pela sua efetivação em prol de melhorias em seu ambiente social e de seus semelhantes, e
principalmente, pela concretização da democracia.
EDUCAÇÃO COMO CONDIÇÃO DA
DIGNIDADE HUMANA
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Uma combinação entre o inciso III do artigo 1º da Constituição Federal e já citado artigo 6º
permite afirmar que, para que a pessoa humana possa ter dignidade (CF, art. 1º, III), é
necessário assegurar os direitos sociais previstos no art. 6º da mesma Constituição:
ART. 1º DA CF
SAÚDE
TRABALHO
LAZER
SEGURANÇA
PREVIDÊNCIA
SOCIAL
O Estado Democrático de Direito tem o princípio da dignidade da pessoa humana como basilar.
Também é possível afirmar que a Educação está intimamente ligada ao princípio da dignidade
humana. De qualquer forma, a dignidade da pessoa humana, em si, não é um direito
fundamental, mas um atributo próprio a todo ser humano.
O direito à Educação, portanto, como direito fundamental do homem, deve ser analisado em
consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana.
Para muitos juristas e educadores, os direitos à vida e à Educação, entre outros, aparecem
como consequência imediata da dignidade da pessoa humana e, como tal, tornam-se um
fundamento da República Federativa do Brasil.
Ao pontificar que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (ONU,
1948), a Declaração nos oferece o conceito de dignidade humana a partir do contexto político
e jurídico internacional.
DIGNITAS ROMANA
O termo dignitas na Roma Antiga estava relacionado com a dignidade como um mérito,
um cargo ou algum tipo de grau.
No artigo 101 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, podemos identificar
uma defesa da dignidade humana que assume, atualmente, também um estatuto jurídico por
desempenhar papel relevante na proteção dos Direitos Humanos, sobretudo em relação a
questões complexas.
“[...] toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade e respeito
à dignidade inerente à pessoa humana”.
TRÊS ABORDAGENS JURÍDICAS SOBRE O
CONCEITO DE DIGNIDADE
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No campo jurídico, muitos autores também têm se debruçado sobre o tema da dignidade da
pessoa humana. Vejamos, pelo menos, três abordagens sobre o conceito de dignidade:
A pessoa humana é concebida como possuidora de valor em si mesma, não constituindo mero
instrumento a serviço do Estado ou de terceiros. Desse modo, a dignidade da pessoa humana
representa o princípio que alimenta e está presente no conteúdo de todos os direitos
fundamentais afirmados na Constituição, mesmo que em intensidades diferentes.
DIGNIDADE E DIREITOS
A partir da perspectiva legal, Barcellos (2002) conclui que o princípio da dignidade humana na
Constituição brasileira, como consequência de seu valor fundamental, tem como conteúdos os
direitos individuais e políticos, bem como os direitos sociais e culturais e econômicos.
A dignidade humana, portanto, deve ser sempre respeitada como valor inerente ao indivíduo.
Embora possa ser violada, não pode ser suprimida.
Sarlet (2007) ainda defende que a dignidade humana também possui dimensão social, uma
vez que os indivíduos, como iguais em dignidade, estão submetidos ao contexto da vida em
sociedade e das relações sociais, configurando uma dimensão intersubjetiva.
Surgem, a todo momento, muitas e valiosas realizações científicas e culturais que contribuem
para melhor qualidade de vida – uma das metas da Educação como direito.
Os avanços, no entanto, não são considerados suficientes, e muitas questões sobre Educação
permanecem inconclusas.
Apesar de, historicamente, sabermos que a Educação é uma condição necessária para o
progresso pessoal e social conquistados até hoje, também sabemos que não é suficiente.
Embora acreditar nisso seja razoável e essa seja a perspectiva de compreensão mais
avançada do direito à Educação, é preciso considerar os problemas enfrentados pela realidade
educacional. As condições para esse sucesso não vêm sendo criadas. Ao contrário, são
criados problemas e dificuldades para muitos, cujos direitos são desrespeitados e
desconsiderados, no processo educacional.
Imagem: Shutterstock
Os instrumentos essenciais e os conteúdos básicos, por sua vez, são necessários para:
Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990), a satisfação dessas
necessidades deve conferir, aos membros da sociedade, a possibilidade e a responsabilidade
de:
Ser tolerante com os sistemas sociais, políticos e religiosos que difiram dos seus.
Assegurar respeito aos valores humanistas e aos Direitos Humanos comumente aceitos.
EDUCAÇÃO BÁSICA
É necessário, para tanto, universalizar a Educação básica e melhorar sua qualidade, bem
como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades. A Educação básica se torna
fundamento para a aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes.
Deve haver a inclusão e a garantia da qualidade da formação das minorias, dos grupos
excluídos, dos discriminados e daqueles que possuem alguma necessidade educacional
especial.
RESPONSABILIDADE COLETIVA E
DIFICULDADES
Do ponto de vista dos direitos de todos à Educação, o mundo caminha, hoje, de modo
fortemente desfavorável, e algumas mudanças de rumo vêm se tornando cada vez mais
urgentes.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A dignidade da pessoa humana e a cidadania são igualmente direitos civis sem relação com
a Educação.
GABARITO
II. A dignidade da pessoa humana deve ser assegurada pelos direitos sociais, entre eles
a Educação, estabelecidos constitucionalmente.
III. Embora a Educação seja uma forma de se exercer cidadania e obter dignidade, a
Educação não se constitui em um direito.
A Educação deve ter o objetivo e o compromisso com a formação para a cidadania e para a
dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, a Educação é tanto um direito assegurado
constitucionalmente quanto um meio de também assegurar o direito à cidadania e à dignidade
humana. Além disso, em uma inter-relação, o direito à Educação, entre outros direitos, deve ser
visto como consequência ou implicação do direito à dignidade da pessoa humana.
MÓDULO 2
Imagem: Pixabay.
Bandeira da ONU.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi adotada pela Organização das
Nações das Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948, no contexto do pós-guerra.
O documento reafirma a crença nos direitos do homem, na dignidade e nos valores humanos
das pessoas. Sua aprovação e divulgação também foram uma convocação de todos os
estados-membros a promoverem o respeito universal, bem como a observância dos Direitos
Humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou
religião.
À luz da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pode-se dizer que os Direitos Humanos
contemporâneos se fundamentam em três princípios:
Não se pode impor sacrifícios a um indivíduo sempre que tais sacrifícios resultem em benefício
de outra pessoa. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis,
conforme o inciso X do artigo 5º da CF. O caput deste mesmo artigo estabelece a igualdade
de todos perante a lei, sem qualquer tipo de distinção.
Toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, desde que seus atos não
prejudiquem terceiros. De acordo com o artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, a liberdade e a igualdade em dignidade e direitos existem desde o nascimento.
Fonte dos demais direitos e arrolada como princípio fundamental na CF. A dignidade da pessoa
humana é um princípio que se caracteriza pela definição de um valor inerente à pessoa, à sua
condição de ser humano.
INCISO X DO ARTIGO 5º DA CF
CAPUT
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Os direitos têm uma dinamicidade, já que não nascem prontos nem ficam congelados em sua
primeira formulação, uma vez que outras necessidades e situações emergem com o tempo.
Desse modo, os direitos costumam ser organizados em gerações ou dimensões.
Em 1979, o jurista tcheco Karel Vasak (1929-2015) criou uma classificação de dimensões ou
gerações de direitos, a partir dos princípios da Revolução Francesa. O objetivo era situar as
diferentes categorias de Direitos Humanos:
Referente à ideia de liberdade individual, garantida nos direitos civis e direitos políticos. Os
direitos civis ou individuais são universais (alcançam todas as pessoas) e os direitos políticos
são restritos ao exercício da cidadania (atingem somente os eleitores, por exemplo).
Referente aos ideais de fraternidade e solidariedade, que se vinculam aos direitos difusos
(não é possível determinar os titulares dos direitos nem mensurar exatamente o número de
beneficiários) e aos direitos coletivos (número definível de titulares que se encontram na
mesma condição). O direito ambiental, o direito de comunicação, os direitos do consumidor,
entre outros, estão inseridos nos direitos de terceira geração.
Outros direitos vêm sendo considerados fundamentais. Nesse sentido, atualmente, existe uma
quarta e, talvez, quinta geração ou dimensão de direitos.
Há um longo caminho a seguir para que os Direitos Humanos se universalizem, dentro e fora
do Brasil. Muitas vezes, também em locais diferentes, percebe-se um engatinhar nas garantias
mínimas. Em outras circunstâncias, retrocessos são percebidos.
Em novos tempos, temos novas dimensões dos Direitos Humanos. No entanto, ainda há velhos
problemas e, nem sempre, em função de desigualdades sociais.
DIREITO À VIDA
Em relação ao direito à vida, fala-se da pena de morte em alguns países. No entanto, a pena
de morte não é a única forma de infração do direito à vida. Os conflitos entre nações, o
terrorismo, a criminalidade, os ataques deliberados contra civis ou grupos de refugiados
e a violência policial são as novas-velhas formas que ferem o princípio do direito à vida.
ATENÇÃO
Recentemente, a ONU divulgou que o mundo ainda tem mais de quarenta milhões de vítimas
da escravidão moderna. Entre essas vítimas, 25% são crianças. Isso pode incluir o tráfico de
pessoas, a exploração sexual, o casamento forçado e o recrutamento forçado de crianças para
uso em conflitos armados.
Desse modo, há problemas que atingem países e sujeitos diferentes, mas que atentam contra
o mais elementar e fundante direito humano – o direito à vida.
A pandemia causada pela covid-19 trouxe outras evidências sobre as dificuldades de assegurar
a vida às diferentes populações do mundo. Em alguns países, não houve preocupação maior
com a vida e foi necessária a intervenção da comunidade internacional no problema.
A esperança de dias melhores para essas populações soa cada vez mais vã. Apesar do direito
à vida ser o princípio de maior relevância para todos e de interesse de todas as nações,
resguardá-lo, tanto em nível nacional quanto internacional, é ainda extremamente difícil.
Quais são as grandes inquietudes e as grandes tensões que afetam a proteção desses
direitos?
PRIMEIRO DESAFIO
O primeiro desafio estaria, hoje, no enfrentamento da tensão entre o universalismo – de um
lado – e o relativismo cultural – de outro.
SEGUNDO DESAFIO
O segundo desafio é o enfrentamento das diferentes formas de fundamentalismo, religioso ou
não. As relações entre Estado e religião ainda são muito problemáticas em muitas nações. Há,
porém, outras formas de fundamentalismo – político, econômico e outros – que também
comprometem o exercício dos Direitos Humanos.
TERCEIRO DESAFIO
O terceiro é o desafio do direito ao desenvolvimento perante as desigualdades econômicas e
sociais que caracterizam o planeta. Atualmente, os 15% mais ricos do mundo concentram 85%
da renda mundial, enquanto os 85% mais pobres concentram tão somente 15%.
A pobreza, acima de qualquer guerra ou somatório das guerras, é a principal causa mortis do
mundo. Nesse contexto de desigualdade, a América Latina é a região mais desigual, e o Brasil
é o campeão da desigualdade.
Isso não quer dizer que o Brasil seja o mais pobre, incluindo a América Latina, mas que a
diferença entre os mais ricos e os mais pobres é muito acentuada. Tal fato se reflete na
Educação, uma vez que, diante dessas desigualdades, o acesso à Educação e a permanência
na escola são direitos negados à boa parte da população.
QUARTO DESAFIO
O quarto desafio está relacionado à proteção dos direitos sociais diante dos dilemas da
globalização econômica, que têm agravado ainda mais as desigualdades sociais.
QUINTO DESAFIO
O quinto desafio trata do respeito à diversidade, de modo que a intolerância não impeça a vida
tranquila de suas vítimas. Nesse caso, as vítimas mais comuns são os pobres, as mulheres, os
não brancos, os não heterossexuais, as pessoas com deficiência, os migrantes, entre outros.
O direito à diferença precisa se articular com o direito à igualdade.
SEXTO DESAFIO
O sexto desafio consiste na oposição entre o combate ao terrorismo e a preservação das
liberdades públicas. Desde o 11 de setembro de 2001, medidas restritivas ao terrorismo
afrontam as liberdades de muitos.
A solução para o problema, nesse caso, estaria em mais investimento no respeito mútuo e na
promoção dos Direitos Humanos. Isso pode e deve ser feito por meio de uma Educação para
os Direitos Humanos.
SÉTIMO DESAFIO
O último desfio diz respeito à exigência ética de fortalecer o Estado de Direito e a construção
da paz nas esferas global, regional e local, mediante uma cultura de Direitos Humanos que
rompa com o unilateralismo e incentive o multilateralismo.
Embora esses direitos sejam bem formulados e claros, muitos não são exercidos por imensas
parcelas da população. Isso torna o caminho em direção à sua efetivação longo e árduo.
O desafio, portanto, de uma Educação para os Direitos Humanos no Brasil vem acompanhado
de uma luta mais básica, já que trata dos chamados direitos de primeira dimensão. Tal
dimensão envolve o direito à vida e à liberdade, além da dignidade humana em sua expressão
mais simples.
ATENÇÃO
Cabe ressaltar, no entanto, que essa Educação não é um “depois” em relação a tais garantias.
Trata-se de direitos interligados, e é possível considerar a necessidade de uma Educação para
os Direitos Humanos para evitar tantos desperdícios de vidas.
Paralelamente a isso, pode-se fomentar uma maior consciência social em relação à
responsabilidade cidadã com o combate às diferentes formas de violência e o investimento em
Direitos Humanos para todos.
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Do ponto de vista mais coletivo, o direito à Educação pode operar como um mecanismo de
equalização social, de conscientização e de democratização da sociedade, já que também
pode ser fator de preparação para o reconhecimento do outro, o respeito aos direitos de todos
e o desenvolvimento da capacidade de interação com grupos sociais distintos.
O status de direito humano da Educação se relaciona estreitamente com a questão da
dignidade humana, que requer a possibilidade de autonomia social, o conhecimento formal
básico para ampliação da compreensão de mundo e atuação social mais efetiva.
De acordo com Claude (2005, p. 38), a Educação é um direito que tem, pelo menos, três faces:
social, econômica e cultural. Vejamos:
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DIREITO SOCIAL
Promove o desenvolvimento pleno da personalidade humana no contexto da comunidade.
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DIREITO ECONÔMICO
DIREITO CULTURAL
A Declaração também exibe algumas marcas dos conflitos entre diferentes países na redação
do documento, já que alguns valorizavam mais fatores coletivos de formação enquanto outros
buscavam assegurar a escolarização formal.
ATENÇÃO
Devemos lembrar que, em 1948, o que se buscava era usar, positivamente e em busca de paz,
a triste memória da Segunda Guerra Mundial e seus milhões de mortos.
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PRIMEIRO OBJETIVO
SEGUNDO OBJETIVO
TERCEIRO OBJETIVO
PRIMEIRO OBJETIVO
SEGUNDO OBJETIVO
TERCEIRO OBJETIVO
Aponta para uma forte preocupação da ONU, naquele momento de elaboração da Declaração,
com a implementação de iniciativas globais e locais de investimentos na paz, ou seja, na
convivência pacífica entre grupos sociais, étnicos e políticos, nos diferentes países e entre
diferentes países.
Algumas dessas dificuldades ocorrem por descaso com o compromisso do Estado com a
população. Outras muitas dificuldades se dão em virtude das desigualdades sociais imensas
que caracterizam o País.
A situação é ainda mais prejudicada por políticas educacionais recentes, que trazem
dificuldades à Educação pública no País, por meio da proibição de investimentos, da
precarização da escola pública e de políticas curriculares nocivas à efetivação do direito de
todos à Educação. Isso ocorre uma vez que tais políticas se voltam à competição meritocrática,
à exclusão social que dela emerge e à retração do sistema público de Educação.
Do ponto de vista do acesso, muito tem sido feito, uma vez que a quase totalidade da
população em idade escolar está nas escolas – pelo menos, no Ensino Fundamental. No
entanto, os problemas de não aprendizagem, evasão, repetência e abandono seguem muito
reais para as parcelas mais pobres da população.
Restam, ainda, os milhares de jovens e adultos que seguem buscando uma formação escolar –
direito atendido pela noção de Educação ao longo da vida – e o acesso a melhores condições
de vida.
Também cabe lembrar os muitos problemas enfrentados pelos estudantes de escolas públicas
e privadas de baixa qualidade acadêmica, e a impossibilidade de ascenderem às melhores
universidades, aos melhores postos de trabalho e, portanto, à vida digna que o exercício do
direito à Educação deveria lhes possibilitar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ANALISE AS AFIRMATIVAS SOBRE OS TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS
DOS DIREITOS HUMANOS.
E) Não há necessidade de se garantir o Estado Democrático de Direito para que se efetive uma
cultura de Direitos Humanos e o multilateralismo.
GABARITO
II. Não há, na Constituição Federal de 1988, qualquer relação ou repercussão dos
princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, já que a
Declaração é um documento internacional.
III. A igualdade de todos perante a lei e a garantia de que o direito à vida, à liberdade, à
segurança e à propriedade deve ser inviolável são aspectos do princípio da
inviolabilidade da pessoa.
MÓDULO 3
O relatório presidido pelo político francês Jacques Delors e elaborado para a Unesco, intitulado
Educação, um tesouro a descobrir (UNESCO, 2010), propõe quatro pilares para a Educação:
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APRENDER
A CONHECER
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APRENDER
A FAZER
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APRENDER
A CONVIVER
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APRENDER
A SER
A proposta do relatório era a de incentivar uma Educação que fosse além da aprendizagem de
conhecimentos específicos. A Educação, na verdade, deveria estar voltada “a ensinar a pensar,
saber comunicar-se e pesquisar, ter raciocínio lógico, fazer sínteses e elaborações teóricas, ser
independente e autônomo; enfim, ser socialmente competente” (PARANÁ, 2021).
Para atingir seus objetivos, a Unesco trabalha com programas de alfabetização, técnicos e de
formação de professores, programas científicos internacionais, promoção de mídia
independente e liberdade de imprensa, projetos de história regional e cultural, promoção de
diversidade cultural, traduções de literatura mundial, acordos de cooperação internacional para
garantir o patrimônio cultural e natural mundial, bem como para preservar os Direitos Humanos
e tentar superar a atual segregação digital mundial.
A Unesco assume, como uma de suas missões, contribuir para a "construção da paz",
reduzindo a pobreza, promovendo o desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural,
concentrando seus esforços na diminuição da taxa de analfabetismo e na eliminação da
desigualdade de gênero no mundo.
CIDADANIA GLOBAL
Para a Unesco, cidadão global é o conjunto de indivíduos que pensa e age para um mundo
mais justo, pacífico e sustentável. O incentivo ao uso da interconectividade, que permite unir o
local e o global, o nacional e o internacional, é um dos caminhos propostos para que a
cidadania global se efetive.
Ao propor que se traga esse conceito para a sala de aula, no trabalho de Educação em e para
os Direitos Humanos, a Unesco espera equipar alunos de todas as idades com valores,
conhecimentos e habilidades baseados no respeito aos Direitos Humanos e na sua promoção.
Desse modo, é possível ampliar a justiça social no mundo, respeitando-se a diversidade de
indivíduos, culturas e modos de conhecer o mundo, promovendo a igualdade de gênero e a
sustentabilidade ambiental.
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A ideia fundante dessa proposta é a de empoderar os alunos para que sejam cidadãos globais
responsáveis, ou seja, que busquem um mundo e um futuro melhores para todos por meio de
ações efetivas em suas vidas cotidianas.
ATENÇÃO
Apesar dos muitos problemas com as desigualdades sociais e a falta de acesso até mesmo à
água e a alimentos básicos de partes significativas das populações do planeta, é necessário
fazer avançar, onde for possível, esse tipo de projeto. Essa formação pode formar cidadãos
globais aptos a lutar também contra esse estado das coisas.
A Década das Nações Unidas para a Educação em matéria de Direitos Humanos (1995-2004)
permitiu a proposição, por parte da Unesco, do Programa Mundial de Educação para os
Direitos Humanos, a Paz e a Democracia.
Em 2004, um plano de ação elaborado para buscar assegurar que a Educação em Direitos
Humanos avançasse no Planeta, propôs um programa estruturado em três fases. O objetivo
desse programa era promover a implementação de programas de Educação sobre Direitos
Humanos em todos os setores da sociedade e em diferentes países.
FASE UM (2005-2009)
O programa enfatizou a implementação da Educação em Direitos Humanos nos sistemas de
ensino fundamental e médio dos diferentes países membros.
Além desses programas e atuações, podemos mencionar as ações voltadas para as questões
ambientais. Entre elas, sobressai a preocupação com necessidade de se educar para um
desenvolvimento sustentável.
EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
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Essas ações devem ser contextualizadas com a realidade das escolas, capazes de contribuir
para a Agenda 2030 “sair do papel”. Com isso, pode-se ajudar a dar vida e significado às metas
no cotidiano das escolas, para todos sem exceção, o que é fundamental para a transformação
local no âmbito desse movimento global.
FORMAÇÃO CRÍTICA
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Ainda de acordo com a EDS, a seguinte tabela apresenta suas principais dimensões
conceituais. Vejamos:
HABILIDADES COGNITIVAS
HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS
HABILIDADES COMPORTAMENTAIS
Os estudantes agem de forma efetiva e responsável nos contextos local, nacional e global, em
prol de um mundo mais pacífico e sustentável.
Colaborar com a formação continuada de docentes por meio das temáticas abordadas
nos ODS e de ações pedagógicas para o desenvolvimento de conteúdos propostos;
Como último destaque, em relação às escolas, são elencadas três dimensões de objetivos que
inscrevem uma escola nos ODS:
PRIMEIRA DIMENSÃO
SEGUNDA DIMENSÃO
TERCEIRA DIMENSÃO
PRIMEIRA DIMENSÃO
SEGUNDA DIMENSÃO
TERCEIRA DIMENSÃO
Diz respeito ao espaço escolar, que pode se tornar um lugar no qual “as crianças e os jovens
vivenciam na prática as mudanças culturais em direção à sustentabilidade” (BRASIL, 2020).
Também está relacionada com a busca de uma gestão escolar que inspire alterações no
espaço físico da escola de modo a contribuir para a efetivação dessas mudanças.
EDUCAÇÃO PARA OS DIREITOS HUMANOS
NO BRASIL
A discussão acerca de Educação em Direitos Humanos no Brasil surge em meados dos anos
1980, no período imediatamente após a ditadura militar (1964-1985), com o início da
redemocratização do País.
Três publicações no período são consideradas decisivas e, por isso, tornaram-se referência em
qualquer debate sobre a Educação para os Direitos Humanos no Brasil:
EXPERIÊNCIAS LOCAIS
Duas experiências locais, nos anos 1990, são emblemáticas por serem iniciativas voltadas a
assegurar o direito à Educação – direito humano fundamental e tão desrespeitado em nosso
País, quando se trata de atender populações subalternizadas ou classes populares. Vejamos:
PROJETO DE ESCOLA CIDADÃ, EM SÃO PAULO (1990)
De acordo com o Instituto Paulo Freire, a Escola Cidadã defende a Educação permanente e
tem uma formatação própria para cada realidade local, de modo a respeitar as características
histórico-culturais, os ritmos e as conjunturas específicas de cada comunidade, sem perder de
vista a dimensão global do mundo em que vivemos (MENEZES, 2001).
Ainda no contexto da discussão do texto base da LDB/96, foi criado um curso de pós-
graduação lato sensu na Universidade Federal da Paraíba, em 1995, e a cátedra Unesco de
Educação para a paz, Direitos Humanos, democracia e tolerância, em 2007.
PLANOS E DIRETRIZES
2006
Essas diretrizes reconhecem a Educação em Direitos Humanos (EDH) como um dos eixos
fundamentais do direito à Educação, ao conceituá-la como “o uso de concepções e práticas
educativas fundadas nos Direitos Humanos e em seus processos de promoção, proteção,
defesa e aplicação na vida cotidiana e cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades
individuais e coletivas” (BRASIL, 2012).
As Diretrizes estão voltadas para a vida, para a convivência, para a construção de sociedades
nas quais a dignidade humana seja garantida e valorizada.
ATENÇÃO
Tanto na Educação básica quanto no ensino superior, a Educação para os Direitos Humanos
deve acontecer de forma transversal e interdisciplinar. Pode ainda ser trabalhada de outras
formas, como conteúdo específico de disciplinas já oferecidas na estrutura curricular ou de
maneira mista, integrando a abordagem transversal e disciplinar.
UNESCO NA EDUCAÇÃO PARA OS
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
Além das iniciativas já elencadas, próprias dos governos brasileiros e de ações locais, a
Unesco também segue desenvolvendo diferentes Projetos educativos para os Direitos
Humanos no Brasil, além do já citado Ensinar respeito por todos.
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Parceria da Petrobrás com a Unesco. Tem como meta aperfeiçoar as políticas públicas e os
serviços socioassistenciais para a primeira infância (0 a 6 anos) e para gestantes.
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Gol do Brasil
Ação social da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltada para crianças e adolescentes
de 6 a 17 anos em situação de vulnerabilidade. A Unesco no Brasil reforça a ação desse
projeto por meio de um acordo de cooperação internacional.
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Mãe Favela
Parceria com a Central Única das Favelas (CUFA). Dá apoio a famílias lideradas por mulheres
que tiveram sua renda afetada pelo surto de Covid-19.
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Parceria com a ONG Ação pela Cidadania, buscando identificar grupos vulneráveis para
oferecer alimentos e artigos de higiene durante a pandemia de Covid-19 no Brasil.
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Plataforma on-line, lançada pelo Sesi, com conteúdo e recursos com o objetivo de preparar o
jovem para vagas de emprego.
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Parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, voltada para Educação
inclusiva, equitativa e de qualidade.
Por fim, cabe lembrar que os programas, os projetos, as ações e a legislação podem contribuir
para a construção de uma cultura de paz, de respeito aos Direitos Humanos e de
desenvolvimento sustentável.
Assista ao vídeo em que a professora Inês Barbosa aborda algumas políticas, programas,
projetos e diretrizes ligados à Educação para os Direitos Humanos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
E) De currículos padronizados.
GABARITO
1. A Educação para os Direitos Humanos é relevante e necessária para a construção:
A cidadania global é um conceito amplo de cidadania e que deve ser trabalhado em sala de
aula, considerando a necessidade de desenvolver conhecimentos e habilidades que
contribuam para a observância dos Direitos Humanos.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos que a Educação, além de um direito social inalienável, é um pré-requisito para se
usufruir dos demais direitos civis, políticos e sociais, emergindo como um componente básico
dos Direitos Humanos. Nesse sentido, a Educação tem relação de interdependência com a
dignidade humana, a cidadania, a construção de uma cultura de paz e de uma sociedade
democrática e plural.
Podemos verificar que o Brasil enfrenta grandes desafios relacionados com a desigualdade
social, o preconceito ainda muito forte contra grandes parcelas da população e a exclusão do
efetivo exercício do direito à Educação.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARCELLOS, A. P. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: o princípio da
dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
EXPLORE+
Navegue pelo portal da Unesco no Brasil para acessar e ler os principais instrumentos
internacionais legais que tratam dos Direitos Humanos.
Acesse o portal da USP e leia o principal documento sobre Educação para os Direitos
Humanos: Educação para a Paz, os Direitos Humanos e a Democracia.
Acesse o portal do Ministério de Educação (MEC) e leia o texto integral das Diretrizes
nacionais para a Educação em Direitos Humanos e do Plano Nacional de Educação em
Direitos Humanos.
CONTEUDISTA
Inês Barbosa de Oliveira
CURRÍCULO LATTES