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A educação como um
direito humano-social-fundamental na
jurisdição constitucional aberta
Wagner de Souza Berton1
Albano Busato Teixeira2
RESUMO
O presente artigo relaciona e analisa, num primeiro instante, as ligações entre
os Direitos humanos, a Constituição Federal da República Federativa do Brasil
e a educação, desenvolvendo um breve retrospecto histórico dos principais
documentos nacionais e internacionais sobre o tema.
Num segundo momento, aborda-se a efetivação da educação como um direito
humano-social-fundamental na chamada jurisdição constitucional aberta, onde
o poder Judiciário ganha novos contornos na sua atuação jurisdicional. Para
tanto, apresenta-se decisões do Supremo Tribunal Federal – STF brasileiro que
demonstram a jurisprudência dominante no tocante ao controle jurisdicional das
políticas públicas educacionais.
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da Universidade de
Santa Cruz do Sul – UNISC e Mestrando em Direitos Humanos na Universidade do Minho em
Portugal, sob regime de dupla titulação, possui Graduação em Direito pela Faculdade
Meridional - IMED, com ênfase em Direito Empresarial. Integrante do Projeto de Pesquisa: Os
desafios para a concretização de uma educação voltada aos direitos humanos: Considerações,
obstáculos, propostas; do Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado e Doutorado da
Unisc, coordenado pelo professor Pós-Doutor Clovis Gorczevski. Atualmente é servidor público
militar e Professor. Endereço eletrônico: wsberton@hotmail.com.
2
Mestrando em Direito das Autarquias Locais pela Universidade do Minho. Mestrando em
Direito pela UNISC. Especialista em Direito Processual Civil pela IMED. Graduado em Direito
pela Universidade de Passo Fundo. É advogado atuante, e membro da direção da Comissão
Especial do Jovem Advogado da cidade de Passo Fundo. Componente do grupo de pesquisa
“Comunitarismo, instituições comunitárias e políticas públicas”, coordenado pelo Professor Dr.
João Pedro Schmidt. E-mail:albanoteixeira85@gmai.com.
Palavras-Chave: Educação; Direitos Humanos; Políticas Públicas; jurisdição
Constitucional aberta.
RESUMEN
Listas de este artículo y examina, en un primer momento, los vínculos entre los
derechos humanos, la Constitución de la República Federativa del Brasil y la
educación, el desarrollo de una breve reseña histórica de los principales
documentos nacionales e internacionales sobre el tema.
En segundo lugar, se acerca a la efectividad de la educación como una
jurisdicción constitucional basada en los derechos humanos-social en la
jurisdicción constitucional abierta, donde el poder judicial los nuevos contornos
de sus funciones jurisdiccionales. Presenta a las decisiones del Supremo
Tribunal Federal - STF brasileño demuestran la jurisprudencia vigente sobre el
control jurisdiccional de las políticas educativas.
Palabras clave: Educación, Derechos Humanos, jurisdicción constitucional
abierta; Políticas Públicas.
3
LEAL, Mônia Clarissa Hennig. Jurisdição Constitucional aberta. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2007.
4
LAFER, Celso; FONSECA JÚNIOR, Gelson. Questões para a diplomacia no contexto
internacional das polaridades indefinidas (notas analíticas e algumas sugestões). In: FONSECA
JÚNIOR, Gelson; CASTRO, Sergio Henrique Nabuco de. Temas de política externa brasileira
II. V. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra/Fundação Alexandre de Gusmão/Instituto de Pesquisas de
Relações Internacionais, 1994.
Enfim, mesmo o Brasil tendo passado por diversas crises políticas e
sociais nas décadas anteriores, o anseio popular no sentido de positivar
axiologias de um Estado Democrático de Direito, foi maior, daí o extenso rol de
direitos políticos, civis e sociais na Carta Magna de 1988, entre estes direitos,
afirmava-se o direito à educação.
5
CASTRO, Marcelo L. Ottoni de. A educação na Constituição de 1988 e a LDB. Brasília: André
Quicé, 1998, p. 02.
moralidade e solidariedade humana”. Só após é que a Declaração Universal
dos Direitos Humanos proclama em seu artigo XXVI o direito à instrução:
7
DIAS, Adelaide Alves. Da educação como direito humano aos direitos humanos como
princípio educativo. Em R. M. G. Silveira, A. A. Dias, L. F. G. Ferreira, M. L. P. A. M. Feitosa &
M. N. T. Zenaide (Orgs.), Educação em direitos humanos: fundamentos teórico-metodológicos.
João Pessoa: Universitária, 2007.
8
CESARINO JUNIOR, A. F. Direito Social Brasileiro. 1º volume. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
1970.
sobre a sociedade. A sociedade então, por intermédio de seu agente
natural, o Estado, se antecipa a esses problemas, adotando para
resolvê-los principalmente medidas de proteção social9.
9
LEITE, Celso Barroso. A proteção Social no Brasil. São Paulo: LTR, 1972, p. 21.
10
MACHADO, Lourdes Marcelino e OLIVEIRA, Romualdo Portela de. Direito à educação e
legislação de ensino. In: WITTMANN, Lauro Carlos; GRACINDO, Regina Vinhaes (org.) O
estado da arte em política e gestão de educação no Brasil – 1991-1997. Brasília: ANPAE e
Campinas: Autores Associados, 2001, p. 57.
medidas imaginadas e imagináveis para a efetiva proteção desses
direitos11.
14
CRUZ, Op Cit.
15
DIAS, Op Cit. p. 449.
O Senhor Ministro Celso de Mello (Relator) aduziu em seu brilhante voto
que o objetivo almejado pelo legislador constituinte sobre educação infantil, é
sua implementação através de políticas públicas e a sua não-realização
configura uma situação de inconstitucionalidade por omissão imputável ao
Poder Público.
Diante deste quadro, o Ministro entendeu viável a utilização de
provimento jurisdicional para efetivar a prerrogativa constitucional da educação,
com isso negou provimento ao Agravo.
16
RE 410715 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
22/11/2005, DJ 03-02-2006 PP-00076 EMENT VOL-02219-08 PP-01529 RTJ VOL-00199-03
PP-01219 RIP v. 7, n. 35, 2006, p. 291-300 RMP n. 32, 2009, p. 279-290.
17
RE 594018 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 23/06/2009,
DJe-148 DIVULG 06-08-2009 PUBLIC 07-08-2009 EMENT VOL-02368-11 PP-02360 RTJ VOL-
00211- PP-00564 RMP n. 43, 2012, p. 217-225.
Outro Agravo Regimental no Recurso Extraordinário com Agravo
639.337 que mereceu improvimento por parte do STF, foi o interposto pelo
município de São Paulo-SP. O Agravante foi obrigado judicialmente a
matricular crianças em unidades de ensino infantil próximas de sua residência
ou do endereço de trabalho de seus responsáveis legais.
O Ministro Relator, Senhor Celso de Mello, argumentou no sentido do
alto significado e no irrecusável valor constitucional que o direito à educação
possui, principalmente diante do dever que cabe ao Poder Público de torná-lo
real. E assim é, pois, do contrário, a integridade e eficácia da própria
Constituição restaria comprometida, motivada pela inércia do Estado em
descumprir prestações positivas impostas ao Poder Público:
18
ARE 639337 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
23/08/2011, DJe-177 DIVULG 14-09-2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-
00125.
poder público competente para com políticas públicas previstas na ordem
constitucional.
4. Considerações finais
O Brasil necessita urgentemente de concretização de uma educação
ampla e de qualidade, algo necessário na consolidação do chamado Estado
Democrático de Direito. Para tanto, a proteção e garantia da educação e dos
direitos humanos mostra-se realizada teoricamente em diversos documentos
nacionais e internacionais.
Entretanto, a educação, enquanto um direito social, humano e
fundamental, capaz de humanizar o homem, ainda resta por acontecer no
plano concreto, devido a existência de uma grande lacuna educacional e social
no povo brasileiro. Neste ponto se faz mister o papel do poder judiciário no que
diz respeito ao controle jurisdicional das políticas públicas educacionais e no
incentivo a uma cultura para educação em direitos humanos.
Neste incipiente trabalho, observa-se a função preponderante que
assume a educação e que sua verdadeira implementação ainda está por
ocorrer. Estes 25 anos de vida da Constituição Federal brasileira e 65 anos da
Declaração Universal, mostram que o difícil trabalho de efetivação dos direitos
humanos e fundamentais não está completo.
Enfim, esta tarefa deve ser trabalhada em colaboração com todos os
poderes do Estado e da sociedade. Reconhecer a educação como uma
ferramenta de ascensão social é acreditar na busca por um espaço melhor,
digno e de respeito, tendo por base os preceitos da Constituição Federal e da
Declaração Universal e, sem dúvida, a jurisdição Constitucional Aberta possui
papel de destaque neste atual panorama jurídico do Brasil.
5. Referências
DIAS, Adelaide Alves. Da educação como direito humano aos direitos humanos
como princípio educativo. Em R. M. G. Silveira, A. A. Dias, L. F. G. Ferreira, M.
L. P. A. M. Feitosa & M. N. T. Zenaide (Orgs.), Educação em direitos humanos:
fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Universitária, 2007.
LEITE, Celso Barroso. A proteção Social no Brasil. São Paulo: LTR, 1972.