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Ficha Analítica
Título: A Era dos Direitos
Referência: BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 1 ed. 12. Tir. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
Aluno: Renan Ribeiro da Silva
Introdução
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contra velhos poderes. José Joaquim Gomes Canotilho partilha de entendimento semelhante,
ele afirma que:
“A colocação do problema – boa ou má deixa claramente intuir que o filão do discurso
subseqüente – destino da razão republicana em torno dos direitos fundamentais – se localiza no terreno
da história política, isto é, no locus globalizante onde se procuram captar as idéias, as mentalidades, o
imaginário, a ideologia dominante a consciência coletiva, a ordem simbólica e a cultura política.”
(GOMES CANOTILHO, 2004, p. 9)
Noberto Bobbio fixa os direitos dos homens, e a paz como a base da democracia, pois
sem os direitos do homem reconhecidos e protegidos, não existem condições mínimas para
ela. A democracia é a sociedade dos cidadãos e tendo seus direitos reconhecidos, haverá paz
estável. O especialista em Direito Internacional Mehrdad Payandeh, em seu texto intitulado
"Porque democracia e direitos humanos são as duas faces de uma medalha", expressa uma
opinião similar à de Noberto Bobbio, e diz que são os direitos humanos que garantem; as
eleições livres e justas; uma comunicação aberta; um processo de livre formação de opinião; e
a implementação das decisões tomadas democraticamente. Segundo Payandeh, a democracia
e os direitos humanos caminham lado a lado, e são atinentes ao êxito da comunidade política.
Primeira Parte
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problemático, e mesmo que houvesse um acordo acerca desse termo, a moral não é algo que
pode ser medida. Em contrapartida, o progresso técnico e científico é efetivo e possui
indicadores precisos. Embora o autor tenha expressado a dificuldade em medir a efetividade
do progresso moral, ele pontua alguns fatos históricos relevantes, que em sua concepção, são
indicativos do progresso moral humano. A busca da preservação da integridade física e moral
do homem, a descoisificação da pessoa humana e a busca da preservação da vida, por
exemplo, sinalizam esse progresso.
Bobbio cita Kant, ao falar sobre a problemática do conceito de moral. Segundo Kant, a
“consciência moral” com a sua grande influência da educação cristã, está relacionada ao
fortalecimento de um estado de sofrimento e infelicidade.
O autor cita o exemplo de um preceito considerado fundamental nos fundamentos da
moral, o de “não matar”. Ele conclui então que tal preceito visa evitar a desagregação do
próprio grupo, e não apenas a proteção individual. Algo que deixa isso bem claro, é que isso
se aplica unicamente dentro do grupo, não se aplicando em membros de outros grupos.
Bobbio explica que para que fosse possível a transição entre o código de deveres e o
código de direitos, foi necessário que o problema da moral fosse considerado por aquele
indivíduo, e não mais unicamente do ponto de vista da sociedade.
A base filosófica de todas as democracias é o individualismo, cada pessoa representa
um voto, uma vontade e opinião. O poder e a liberdade somente se derivam do
reconhecimento dos direitos fundamentais como os direitos do homem, que são invioláveis e
inalienáveis. Contrapondo-se à Edmundo Burke, que dizia que “Os indivíduos desaparecem
como sombras; somente a comunidade é fixa e estável”.
O autor então conclui que em um estado despótico, os indivíduos possuem apenas
deveres. Em um estado absoluto, indivíduos têm direitos privados em relação ao soberano. Já
em um estado de direito, os indivíduos possuem tanto direitos quanto deveres, pois o estado
de direito é o estado dos cidadãos.
Direito do Homem e Sociedade
No tópico “Direito do Homem e Sociedade”, Bobbio diz que para não confundir
planos bem distintos, se estabelece que o desenvolvimento da prática e principalmente da
teoria dos direitos dos homens, acontece após a guerra, em duas principais direções, na de sua
multiplicação, e na sua universalização. O autor se refere principalmente às etapas necessárias
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para expandir os direitos humanos, entre essas etapas, a proclamação da Declaração Universal
dos Direitos Humanos em 1948, período pós guerra.
Bobbio explica que a universalização dos direitos dos homens se deu de três maneiras:
O homem passou a ser visto de forma concreta e específica, de diversas formas há sociedade,
como por exemplo doente, crianças, idoso, e deixou de ser considerado como ente abstrato ou
genérico; Houve um aumento da quantidade dos considerados bens que cabiam tutela;
Ocorreu a extensão da titularidade de alguns dos direitos considerados típicos a sujeitos
diversos do homem. Aqui ele deixa claro mais uma vez, que a conquista desses direitos foi
algo gradual, e não previamente estabelecido.
Os direitos naturais, não são direitos propriamente ditos do ponto de vista do
ordenamento jurídico. São unicamente premissas que procuram validade, com o objetivo de,
eventualmente, se tornarem um novo ordenamento jurídico, com o atributo de um novo modo
de proteção dos mesmos. A transição de um determinado ordenamento jurídico para outro,
não ocorre de maneira preestabelecida, mas sim, em um determinado contexto social.
O autor encerra esse tópico dizendo que a extensão do debate teórico acerca dos
direitos dos homens e os limites do processo de efetivação da proteção deles no sistema
internacional e nos Estados particulares é algo extremamente defasado. A única maneira de
superar essa defasagem, é por meio das forças políticas. Porém, os sociólogos do direito são,
entre os cultores de disciplinas jurídicas, os que estão em melhores condições de documentar,
explicar e analisar essa defasagem. Ele deixa então bem claro o poder de transformação que a
política, a sociologia e o direito possuem na sociedade.
REFERÊNCIAS:
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 1 ed. 12. Tir. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
LOPES, Ana Maria D’Avilla. A era dos direitos de Bobbio: entre a historicidade e a
atemporalidade. Disponível em:
<http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/242925/000936205.pdf?sequence=3>.
Acesso em: 28/05/2015.
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MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional Tomo IV. 3 ed. Coimbra: Coimbra
editora, 2000.
PAYANDEH, Mehrdad. Porque democracia e direitos humanos são as duas faces de uma
medalha. Deutschland. Disponível em:
https://www.deutschland.de/pt-br/topic/politica/direitos-humanos-e-democracia . Acesso em:
31 de out. de 2021.
STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. 3. Ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013.