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DISCIPLINA: DIREITOS HUMANOS

ALUNA: FRANCISCA SABRINA GERVÁZIO SEVERO


TURNO: NOTURNO
MATRÍCULA: 20220110517

FICHAMENTO 02
A ERA DOS DIREITOS, DE NORBERTO BOBBIO

1. SOBRE OS FUNDAMENTOS DOS DIREITOS DO HOMEM

Na primeira parte do ensaio “A era dos direitos”, Bobbio se propõe a discutir sobre os
fundamentos dos direitos, se há um fundamento único, inquestionável e como a ordem jurídica
lida com esses fundamentos. Primeiramente, há diferença em tratar dos fundamentos de um
direito que se tem ou de um direito que se gostaria de ter.
O primeiro, o direito que se tem, como o ensaísta coloca, é o que ele faz parte, o
ordenamento jurídico positivo, investigando se há uma norma válida para tal. Por sua vez, o
direito que se gostaria de ter, Bobbio analisa as razões para se ter esses direitos, se são legitimas.
No que diz respeito a um fundamento absoluto dos direitos do homem, o autor defende que é
uma ilusão, pois, atualmente, tudo está em constante transformação, podendo tudo ser
questionado conforme o período vivido.
Essa ilusão, no entanto, tinha bastante força com os jusnaturalistas, em que muitos
direitos eram superiores a qualquer questionamento, independentemente das variáveis. Hoje,
porém, mostra-se sem forças por alguns motivos.
Inicialmente, o termo “direitos do homem”, por si só, é vago, pois o elenco, no caso em
questão, os homens, estão em mudança constante. Ou seja, o elenco dos direitos, mudam sempre
de formas e condições sociais. Um exemplo disso são os direitos sociais, que não eram
reconhecidos, nem discutidos da maneira hodierna, nos séculos passados. Atualmente, são
colocados em ênfase em todos os campos e lugares. O autor salienta, que no futuro, poderemos
ser surpreendidos por novas questões e novas necessidades em pauta.
Bobbio, acredita que a crença em um fundamento absoluto, além de ilusão, é um meio
de defesa de ideais conservadores, pois não se indaga o fundamento e o coloca como certa até
nas situações mais distintas. Assim, Norberto Bobbio destaca que é necessário buscar vários
fundamentos possíveis, pois há uma crise dos fundamentos, e não é possível vencê-la trocando
um fundamento por outro. Além disso, é necessário o apoio das ciências sociais e da história
no processo de encontro dos fundamentos para os direitos.

2. PRESENTE E FUTURO DOS DIREITOS DOS HOMENS

Neste tópico, o autor destaca que o problema atual não é a crise dos fundamentos dos
direitos, mas sim, como se pode protege-los, efetivar sua garantia, e este problema não é só
jurídico, é também político. Ele coloca ainda, que o problema do fundamento dos direitos dos
homens foi resolvido atualmente com a Declaração Universal dos Direitos dos Homens, em que
se estabeleceu direitos baseados em valores gerais, a partir de um consenso social.
A Declaração supracitada, como foi um documento instituído por consenso, que é valor
fundado pela maioria. Trata-se, no entanto, de um fundamento histórico, não absoluto, mas o
consenso é o único que pode ser comprovado por fatos.
O filosofo salienta que não sabe se a sociedade tem noção do grande marco que foi a
Declaração Universal dos Direitos dos Homens. Foi a primeira vez na história que um sistema
de valores foi declarado por quase todos os governos, e aceitos pela maioria dos homens da
terra. A partir da declaração, a humanidade teve a afirmação de que partilha de valores comuns
e crer nessa universalidade de valores. Universal aqui, no sentido de algo concordado pela
maioria dos homens, não dado objetivamente.
Os direitos dos homens vão de direitos naturais universais para direitos positivos
particulares, até chegarem em direitos positivos universais. Estes últimos, a última fase, se deu
quando foi declarada em 1948 a Declaração Universal, com a afirmação dos direitos sendo
universal e positiva simultaneamente. Universal, pois não era mais uma declaração dos que
eram considerados cidadãos, mas sim, de todos os homens. E positiva, porque os direitos não
deverão ser mais somente declarados, como também, efetivamente protegidos.
Outrora, quando os direitos, tidos como naturais, eram violados, a punição era uma
resistência igualmente natural, como uma rebelião, com violência. No direito positivo, essa
resposta é, diferente como o citado acima, também positiva, através de uma ação contra o
próprio estado ou quem tiver violado o direito.
A Declaração Universal é apenas o início de um processo, de uma fase que ainda não
conhecemos, segundo Bobbio. Isso porque ainda há problemas como a dificuldade de se
implementar uma comunidade internacional unida, bem como quanto ao próprio conteúdo da
Declaração, pois ela não pode apresentar pontos que sejam finitos, isto é, muitos princípios vão
se adequando, de acordo com as transformações sociais e políticas.
A comunidade internacional não só tem dificuldade em garantir os direitos ali
salientados, como também de atualiza-los a novas realidades. Dessa forma, se formos analisar
o desenvolvimento dos direitos humanos após a Segunda Guerra Mundial, ler a Declaração
Universal e depois perceber alguns fatos que vem acontecendo na nossa sociedade, vamos
chegar a conclusão, como alerta o ensaísta italiano, de que a história humana está apenas
começando e ainda há um grande caminho a percorrer.

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