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TÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA


CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio (doloso) simples


Art. 121 - Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.

Infração de grande potencial ofensivo.

NÃO existe homicídio de menor potencial ofensivo.

Contudo, o homicídio culposo, previsto no CP, é de médio potencial ofensivo e admite sursis processual.

CONCEITO: Homício é a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem.

Hungria afirma que o homicídio é:


>> o tipo cental de crimes contra vida;
>> o ponto culminante na orografia (montanha) dos crimes.
>> crime por excelência.

Homicídio PRETERDOLOSO?
>>ATENÇÃO!
>>>Trata-se, na realidade, de lesão corporal seguida de morte – art. 129 §3º. Não vai ao Tribunal do Júri.

SA: CRIME COMUM – pode ser praticado por qualquer pessoa;

O tipo não exige qualidade ou condição especial do agente.

Trata-se de crime MONOSSUBJETIVO, pois pode ser praticado por pessoa isolada ou associada a outras;
Portanto, é crime de CONCURSO EVENTUAL.

SP: CRIME COMUM – qualquer pessoa.

OBS: Magalhães Noronha aponta o Estado tamém como vítima imediata do crime, pois o Estado tem interesse na
conservação da vida humana – que é condição para sua própria existência.

Como fica o homicídio praticado por irmão XIFÓPAGO?


>>No caso da separação cirúrgica ser impraticável.
1C: O irmão que praticou o crime deve ser absolvido, pois conflitando o interesse do Estado ou da sociedade com
a liberdade individual, esta é que tem que prevalecer. (Manzini)
2C: O irmão que praticou o crime deve ser condenado, inviabilizando-se, porém, o cumprimento da reprimenda,
tendo em vista o princípio da intrasmissibilidade da pena. (FMB)

Como fica o Homicídio praticado contra irmãos XIFÓPAGOS?


>>Quero matar um deles (Dolo de 1º Grau), contudo necessariamente eu materei o outro irmão (Dolo de 2º Grau).
Portanto, há dolo direto nos dois casos, haja vista que o resultado morte é certo nos dois casos. Responderei por 02
homicídios em concurso formal impróprio (desígnios autônomos).

Como fica o Homicídio praticado contra PRESIDENTE DA RFB?


>> Pode ser o art. 121 do CP ou art. 29 da Lei 7170/83 (Crimes contra Segurança Nacional). Trata-se de conflito
aparente de normas que será resolvido de acordo com princípio da especialidade.

No art. 29 da 7170/83 tem que estar presente a motivação política – trata-se de crime contra a segurança nacional.
Este crime não vai ao Tribunal do Júri pelo fato de não ser considerado doloso contra vida.

Como fica o Homicídio praticado contra ÍNDIO?


>> Observar o art. 59 da Lei 6001/73. – Caso a vítima seja índio não integrado, haverá causa de aumento de pena
1/3.

TIPO OBJETIVO: Qual é conduta punida? É tirar a vida de alguém – a vida extrauterina.

Trata-se de CRIME DE EXECUÇÃO LIVRE, podendo ser praticado por ação/omissão, meios diretos/indiretos,
meios físicos/morais/psíquicos.

Noronha dá um exemplo de homicídio praticado por meio psíquico – caso da pessoa apoplética: pessoa que faz a
outra rir até a morte.

Quando se inicia a vida extrauterina/parto?


1C: Com o completo e total desprendimento do feto das entranhas
maternas;
2C: Com as dores (típicas) do parto.
3C: Com a dilatação do colo do útero.

Tirar vida INTRAuterina Tirar vida EXTRAuterina


Abortamento Homicídio ou Infanticídio

TIPO SUBJETIVO: O crime é punido a título de dolo – direto ou eventual.

O tipo não exige finalidade específica animando o comportamento do agente, mas dependendo da finalidade
especial poderá ficar configurado uma qualificadora ou privilegiadora.

Racha Embriaguez ao Volante


Com resultado morte Com resultado morte
STF – Dolo Eventual (HC 101698/RJ) STF – Culpa Consciente (HC 107801/SP)

STF – 639 – Desclassificação de homicídio doloso para culposo na direção de veículo automotor –Em conclusão, a 1ª Turma
deferiu, por maioria, habeas corpus para desclassificar o delito de homicídio doloso para culposo na direção de veículo
automotor, descrito na revogada redação do art. 302, parágrafo único, V, da Lei 9.503/97 - CTB (“Art. 302. Praticar
homicídio culposo na direção de veículo automotor: ... Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: ... V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica
ou entorpecente de efeitos análogos”) — v. Informativo 629. Inicialmente, ressaltou-se que o exame da questão não
demandaria revolvimento do conjunto fático-probatório, mas apenas revaloração jurídica do que descrito nas instâncias
inferiores. Em seguida, consignou-se que a aplicação da TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA somente seria admissível
para justificar a imputação de crime doloso no caso de embriaguez PREORDENADA quando ficasse comprovado que o
agente teria se inebriado com o intuito de praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo, o que não ocorrera na espécie dos
autos. Asseverou-se que, nas hipóteses em que o fato considerado doloso decorresse de mera presunção em virtude de
embriaguez alcoólica eventual, prevaleceria a capitulação do homicídio como culposo na direção de veículo automotor em
detrimento daquela descrita no art. 121 do CP. O Min. Marco Aurélio acrescentou que haveria norma especial a reger a
matéria, com a peculiaridade da causa de aumento decorrente da embriaguez ao volante. Sublinhou que seria contraditória a
prática generalizada de se vislumbrar o dolo eventual em qualquer desastre de veículo automotor com o resultado morte,
porquanto se compreenderia que o autor do crime também submeteria a própria vida a risco. Vencida a Min. Cármen Lúcia,
relatora, que denegava a ordem por reputar que a análise de ocorrência de culpa consciente ou de dolo eventual em processos
de competência do tribunal do júri demandaria aprofundado revolvimento da prova produzida no âmbito da ação penal. HC
107801/SP, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 6.9.2011. (HC-107801)

*Rogério Sanches discorda das posições do STF, afirmando que dependerá sempre do caso concreto.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: O crime consuma-se com a morte da vítima (CRIME MATERIAL).

A morte se dá com a CESSAÇÃO DA ATIVIDADE ENCEFÁLICA.

Admite tentativa, pois trata-se de crime PLURISSUBSISTENTE.

Prevalece que a tentativa é admitida até mesmo no Dolo Eventual.

Homicídio doloso simples é crime hediondo?


>>Em regra, não. Excepcionalmente pode ser quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio –
chamado de HOMÍCIDIO CONDICIONADO, pois necessita a presença de uma condição para ser etiquetado
como tal.

Quantas pessoas é preciso para ter um GRUPO?


1C: Grupo não se confude com par (mínimo 02) nem com quadrilha ou bando (mínimo 04); Portanto, requer o
mínimo de 03 pessoas;
2C: Na falta de definição legal, equipara grupo a quadrilha, sendo necessário, portanto, no mínimo 04 pessoas;
3C: Extrai o conceito de grupo da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional,
contentando-se, assim, com no mínimo 03 pessoas.

ATENÇÃO! Homcídio NÃO se confunde com Genocídio!!


>>>>O Genocídio tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, NÃO atraindo,
por si só, a competencia do Tribunal do Júri.
Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência
constitucional para o julgamento de crimes contra a vida é do Tribunal do Juri. O STF, no RE 351487/PR,
decidiu que havendo concurso formal entre Genocídio e Homicídio, compete ao Tribunal do Júri Federal o
seu julgamento.

Caso de diminuição de pena (Homicídio doloso PRIVILEGIADO)


§ 1º - Se o agente comete o crime
impelido por motivo de relevante valor SOCIAL ou MORAL,
ou sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta provocação da vítima,
>>o juiz “PODE” reduzir a pena de 1/6 a 1/3.

NATUREZA JURÍDICA: Trata-se de CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA (analisada na 3ª fase).

Apesar do CP dizer “poder”, trata-se de um “poder-dever” do juiz. Assim presentes os requsitos, reconhecidos
pelos jurados, o juiz deve reduzir a pena.

A expressão “relevante” é uma elementar imprescindível para configuração da privilegiadora!

São 03 privilegiadoras:
(1) Cometer o crime impelido por motivo de relevante valor SOCIAL;
>Interesses de toda a COLETIVIDADE (Ex.: Matar o traidor da pátria / Matar perigoso bandido que ronda o bairro);
>O motivo tem que ser relevante.

(2) Cometer o crime impelido por motivo de relevante valor MORAL;


>Interesses PARTICULARES do agente, normalmente ligados a sentimentos de compaixão, piedade ou misericórdia.
>O motivo tem que ser relevante.
(Ex.: Eutanásia – este exemplo está na Exposição de Motivos do CP);

EUtanásia ORTOtanásia DIStanásia


Antecipação da morte natural. Não prolongamento artificial do Prolongamento artificial do processo
processo de morte (além do processo de morte.
Pode ser Ativa (ação) ou Passiva natural). É a supressão de cuidados de
(omissão). reanimação. É um tratamento que impõe
sofrimento.
É crime (apesar de haver
É crime – art. 121 §1º do CP. jurisprudência admitindo).

(3) Cometer o crime sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta provocação da vítima;
>HOMICÍDIO EMOCIONAL (Ex.: Pai que mata estuprador da filha; Homem que mata amante da esposa).

O “domínio de violenta emoção” significa que tal estado deve ser intenso, absorvente;
>>NÃO se confunde com a “mera influência” que pode caracterizar atenuante de pena – art. 65 do CP;
>>A “mera influência” é leve, passageira e momentânea.

“Logo em seguida” significa a imediatidade da reação, sem intervalo temporal.


A jurisprudência afirma que a reação é considerada imediata enquanto perdurar o domínio da violenta emoção.

A “injusta provocação” pode ser DIRETA ou INDIRETA (contra 3ª pessoa ou animal).


>>A “injusta provocação” não traduz necessariamente uma agressão!
>>Pode ser qualquer conduta desafiadora, ainda que atípica.

O privilégio (circunstâncias privilegiadoras) é comunicável aos concorrentes do crime?


(Ex.: Vizinho que ajuda o pai a matar estuprador da filha – O privilégio é aplicado ao vizinho?)
>> Primeiro é preciso saber se o privilégio é uma elementar ou circunstância do crime.
Elementar Circunstância
É um dado agregado ao tipo que É um dado agregado ao tipo que
MODIFICA O CRIME ALTERA A PENA.
OBJETIVA: Ligada ao meio ou modo de execução;
SUBJETIVA: Ligada ao motivo ou estado anímico do agente.
>>Percebe-se que as privilegiadoras se amoldam a definição de Circunstâncias Subjetivas. De acordo
com o art. 30 do CP, as circunstâncias subjetivas são incomunicáveis. Portanto, o privilégio,
nesse caso, abrangerá apenas o pai.

>>Percebe-se que todas as privilegiadoras são subjetivas! Isto é, ligadas aos motivos ou estado
anímico do agente.

ATENÇÃO! A partir do momento que os jurados reconhecem a privilegiadora, esta se torna direito subjetivo do
réu. A discricionariedade do juiz será somente no que tange a quantificação da redução.

ATENÇÃO! É perfeitamente possível a existência de homicídio PRIVILEGIADO-QUALIFICADO!

Homicídio qualificado (Homicídio doloso qualificado)


§ 2º - Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo f emini no [Feminicídio] (Incluído pela Lei 13104/ 15)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

ATENÇÃO! HOMICÍDIO QUALIFICADO é sempre hediondo, seja qual for a qualificadora!


Consequencias:
-insuscetível de anistia, graça e indulto.
-insuscetível de fiança.
-regime inicial fechado (considerado inconstitucional – princípio da individualização da pena);
-progressao de regime diferenciado (2/5 P e 3/5 R).
-prisão temporária (30 + 30).

Pluralidade de circunstâncias qualificadoras?


>>Ex.: Matar por motivo fútil e mediante meio cruel.
Nesse caso, o motivo fútil será considerado como qualificadora.
Já o meio cruel será considerado como:
1C: Circunstância judicial desfavorável (art. 59)
2C: Circunstância agravante (art. 61) [Prevalece]

É possível homicídio QUALIFICADO-PRIVILEGIADO?


>>Sim, desde que as QUALIFICADORAS sejam de natureza OBJETIVA.

Privilegiadoras §1º Qualificadoras §2º


Motivo de relevante valor social (SUBJ) Motivo Torpe (SUBJ)
Motivo Fútil (SUBJ)
Motivo de relevante valor moral (SUBJ)
Meio Cruel (OBJ)
Modo Surpresa (OBJ)
Domínio de violenta emoção (SUBJ)
Vínculo Finalístico (SUBJ)

ATENÇÃO!
Fazendo uma analogia com o art. 67 do CP, prevalece a doutrina que ensina que o homicídio QUALIFICADO-
PRIVILEGIADO deixa de ser hediondo.
De acordo com STF/STJ, por incompatibilidade axiológica e falta de previsão legal, o homicídio qualificado-
privilegiado NÃO integra o rol de crimes hediondos.

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por OUTRO MOTIVO TORPE;


MOTIVO TORPE é o motivo vil, ignóbil, regupnante, abjeto, quase sempre espelhando ganância.

O homicídio MERCENÁRIO (mediante paga ou promessa) é um exemplo de torpeza.


O inciso I trabalha com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
>Não fere o princípio da legalidade, desde que os casos novos (“outros motivos torpes”) aquilatados pelo juiz guardem
similitude com os exemplos (“paga, promessa de recompensa”).

Homicídio MERCENÁRIO: É o caso do SICÁRIO (matador de aluguel).


Trata-se de delito plurissubjetivo ou de concurso necessário, pois obrigatoriamente haverá mandante e executor.

A qualificadora da torpeza é só para o executor ou comunica-se ao mandante?


1C: Tratando-se de elementar subjetiva, comunica-se ao mandante. (Prevalece na jurisprudência);
2C: Trantado-se de circunstância subjetiva, não se comunica ao mandante – exceto se o mandante também agir
com ganância. (Rogério Greco);

*Há julgado do STJ nos dois sentidos.

Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa?


Prevalece que deve ser de natureza ECONÔMICA ($).
>>Se a recompensa for sexual, o crime deixará de ser homicídio mercenário, contudo, permanecerá torpe.

A vingança ou ciúme constitui motivo torpe?


Dependerá da causa que tenha originado a vingança ou ciúme, ou seja, dependerá do caso concreto.
Assim, a vingança e o ciúme, por si sós, não são considerados torpe.

II - por motivo fútil;


FÚTIL é o motivo pequeno demais para que na sua insignificância possa parecer capaz de explicar o crime que dele
resulta.

É a pequeneza do motivo. Real desproporção entre o crime e sua causa moral.

# Motivo Fútil não se confunde com Motivo Injusto: Injusto é elemento integrante do crime.

AUSÊNCIA DE MOTIVOS equipara-se a motivo fútil?


1C: Equipara-se a motivo fútil, pois seria um contrasenso conceber que o legislador punisse com pena mais grave
aquele que mata por futilidade, permitindo que o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda.
2C: Ausente previsão legal, não se equipara a motivo fútil (respeito ao princípio da reserva legal). (Adotada por
Bitencourt, Delmanto e Cespe)
Assim, apesar de corrente em contrário, prevalece atualmente que a ausência de motivos não se enquadra
como motivo fútil e, portanto, não qualifica o crime, sob pena de configurar analogia in malam partem.
É possível compatibilizar Dolo Eventual com Motivo Fútil? SIM!
>>O STJ, de forma copiosa, vem decidindo NÃO existir incompatibilidade entre dolo eventual e motivo fútil.

STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1113364, j. 21/08/2013: A anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si
só, NÃO afasta a qualificadora do motivo fútil.

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou OUTRO MEIO insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
O inciso III também trabalha com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (exemplos seguidos de encerramento genérico).

O homicídio qualificado por emprego de veneno é chamado de VENEFÍCIO.

Veneno é toda substância, biológica ou química, animal, mineral ou vegeral, capaz de perturbar ou destruir as funções
vitais do organismo humano.

Para que se caracterize o Venefício, é imprescindível que a vítima desconheça estar ingerindo a substância letal (Meio
Insidioso).

Se o agente, com uma arma apontada para a cabeça da vítima, a coage dizendo que se ela não tomar o veneno ele a matará
com um tiro na cabeça, não restará configurada esta qualificadora, mas sim a do inciso IV (recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido).

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou OUTRO RECURSO que dificulte ou torne


impossível a defesa do ofendido;
O inciso IV também trabalha com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.

TRAIÇÃO é o ataque desleal, repentino e inesperado (ex.: atirar na vítima pelas costas);
EMBOSCADA pressupõe ocultamento do agente, atacando a vítima com surpresa (ex.: o agente, escondido no jardim de
entrada da casa da vítima, ataca quando esta chegava do serviço).

DISSIMULAÇÃO é o fingimento, desfarçando o agente a sua intenção criminosa (ex.: convida a vítima para jantar,
levando-a para lugar ermo onde ocorre o ataque fatal).

ATENÇÃO! A premeditação NÃO serve como qualificadora, mas pode ser considerada na fixação da pena base
como circunstância judicial desfavorável.

ATENÇÃO! A idade da vítima, POR SI SÓ, NÃO possibilita a aplicação da presente qualificadora, pois constitui
característica da vítima e não recurso procurado pelo agente.

ATENÇÃO! O STF, no HC 95136/PR, decidiu que o DOLO EVENTUAL é incompatível com a qualificadora
deste inciso (IV).

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:


Este inciso trata do Homicídio Por Conexão.

Atenção para a expressão “crime”! Essa qualificadora NÃO abrange contravenção!

Qual crime pratica o agente que mata para assegurar a execução, a vantagem, a impunidade ou ocultação de uma
CONTRAVENÇÃO PENAL?
>>Poderá responder pelo Homicídio Qualificado por Motivo Torpe ou Fútil, a depender do caso concreto.

A conexão pode ser:


TELEOLÓGICA: o agente mata para assegurar a execução de um outro crime (FUTURO);
*A qualificadora NÃO depende da concretização do crime futuro. Ocorrendo o crime visado, o agente responderá
pelos dois delitos em concurso material;
*O crime futuro sequer precisa ter como autor o agente homicida.

CONSEQUENCIAL: o agente mata para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de um crime (PASSADO);
*É o caso do agente que mata a testemunha de um estupro, visando garantir a ocultação do crime e sua
impunidade;
*O crime passado NÃO precisa ter sido praticado pelo agente homicida.

CUIDADO! A conexão meramente OCASIONAL (o agente mata por ocasião de outro crime), sem vínculo finalístico,
NÃO qualifica o homicídio (x.: o agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata).

VI - contra a mulher por razões da condição de sexo f emini no [Feminicídio] (Incluído pela Lei 13104/ 15)
Segundo Rogério Sanches, a Lei 13.104/15 alterou o art. 121 do CP para nele incluir o “feminicídio”, entendido
como a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, baseada no gênero). A incidência da
qualificadora reclama situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de
poder e submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade.

Femicídio X Feminicídio: o Femicídio consiste na ação de matar uma mulher. Já o Feminicídio, trazido pela
novel lei 13104/15, consiste na supressão da vida humana de uma mulher por razões (motivação) de condições do
sexo feminino. Assim, Matar mulher, na unidade doméstica e familiar (ou em qualquer ambiente ou relação), sem
menosprezo ou discriminação à condição de mulher é FEMICÍDIO. Se a conduta do agente é movida pelo
menosprezo ou discriminação à condição de mulher, aí sim temos FEMINICÍDIO.

Trata-se de penal derivado qualificado que contém um especial fim de agir (crime de intenção).

A lei 13104/15 nada mais é do que a manifestação da LEGISLAÇÃO SIMBÓLICA (leis criadas sem o devido
sopesamento das reais consequências, apenas no intuito de dar uma resposta às fluidas aspirações da sociedade
num determinado momento). Trata-se de uma LEI IDENTIFICATIVA (lei que identifica algum problema social
em determinada coletividade e acaba por positivar a solução para aquele problema) e, como conseqüência disso, é
também uma LEI REATIVA (lei que surge como reação a algum problema emergencial).

CRÍTICA DE NUCCI: interessante é a criação do termo – feminicídio – como se o tipo penal, com seu título
jurídico (homicídio), fosse insuficiente. A interpretação feita, de longa data, pela doutrina penal, acerca do
homicídio, sempre se cingiu à morte de um ser humano – e não de um homem, pessoa do sexto masculino, até
porque o tipo é descrito comomatar alguém. Este alguém é homem ou mulher. Em breve, haveremos de criar o
idosicídio, o criancicídio (infanticídio não vale, pois envolve somente recém-nascidos), o adolescenticídio, dentre
outros. O homicídio deverá desaparecer para dar lugar a vários tipos penais qualificados ou até desmembrados do
art. 121.
ATENÇÃO! Esta nova qualificadora, na prática, elimina a agravante do crime contra mulher (art. 61, II, f, CP)
para a eliminação da vida.

§ 2º-A - Considera-se que há razões de condição de sexo f eminino quando o cri me envolve:
I - violência doméstica e familiar
II - menosprezo ou discriminação à condição de mul her.
(Incluído pela Lei 13104/15)

Esse parágrafo é uma espécie de norma penal explicativa.

O inciso I refere-se a violência doméstica e familiar prevista no art. 129 §9º do CP ou do art. 5º da lei
11340/06?
>>Fazendo uma interpretação literal, pode-se dizer que se refere ao art. 129 §9º.
>>Contudo, fazendo uma interpretação sistemática e teleológica, aplica-se o conceito do art.5º da lei 11340/06.

Homicídio culposo
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo.


Como a pena mínima é de 01 ano, admite suspensão condicional do processo (art. 89 da lei 9099/95).

Ocorre homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia deixa de empregar
atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou
previsível (culpa inconsciente), porém jamais aceito ou querido.

Forma de violação do dever de cuidado:


-IMPRUDÊNCIA: afoiteza (ação).
-NEGLIGÊNCIA: falta de precaução (omissão).
-IMPERÍCIA: falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão.

Para Mirabete é possível a prática de um crime culposo violando as 03 formas de dever de cuidado!

ATENÇÃO! O homicídio culposo na direção de veículo automotor configura o art. 302 do CTB.

121 § 3º do CP 302 do CTB


Pena: 01 a 03 anos. Pena: 02 a 04 anos.
Infração de médio potencial ofensivo. Infração de grande potencial ofensivo.
Admite suspensão do processo. Não admite suspensão do processo.

*Prevalece que o desvalor da conduta no trânsito justifica a diferença de tratamento, pois a negligência é mais perigosa,
sendo tal diferença constitucional.

Aumento de pena (Homicídio MAJORADO)


§ 4º No homicídio CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de:
- inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
- ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
- não procura diminuir as conseqüências do seu ato,
- ou foge para evitar prisão em flagrante.

Sendo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
- contra pessoa menor de 14 (quatorze)
- ou maior de 60 (sessenta) anos.

Majorantes no homicídio CULPOSO:


a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício;
É diferente de imperícia, pois aqui o agente domina a técnica, mas não a observa no caso concreto. Já na imperícia o
agente não domina a técnica. Essa majorante é chamada de “Negligência Profissional”.
Discute-se se essa causa de aumento – negligência profissional – configuraria bis in idem, na medida em que
a inobservância de regra técnica se apresenta, ao mesmo tempo, como núcleo do tipo e majorante.
1C: Não caracteriza bis in idem. (STF HC 86969/RS) [Prevalece na doutrina e jurisprudência]
2C: Caracteriza bis in idem. (STF 96078 e STJ REsp. 606170/SC) [decisão mais recente – 2011]

b) Deixar de prestar imediato socorro à vítima;


Trata-se da omissão de socorro. O agente deixa de prestar socorro à vitima, podendo fazê-lo e não havendo qualquer
risco pessoal.

CUIDADO! Não incide o art. 135 do CP, evitando, assim, o bis in idem.

Se a vítima é imediatamente socorrida por terceiros, não incide o aumento.


No caso de morte instantânea, também não incide o aumento.

De acordo com o STF, se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz concluindo pela
inutilidade da ajuda, não elide a majorante do art. 121 §4º.

c) Não procurar diminuir as conseqüências do seu ato;


Trata-se de redundância, segundo Fragoso, pois deságua na omissão de socorro.

d) Fugir para evitar prisão em flagrante;


A maioria reconhece como válida a presente majorante, pois o agente demonstra ausência de escrúpulo, prejudicando
a investigação.

A minoria, no entanto, questiona sua constitucionalidade, pois acaba obrigando o agente a produzir prova contra si
mesmo.

Majorantes no homicídio DOLOSO:


a) O crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
O que importa é a idade no MOMENTO DA CONDUTA!

Para incidir o aumento o agente tem que saber a idade da vítima, evitando-se, dessa forma, responsabilidade objetiva.

Perdão Judicial
§ 5º - Na hipótese de homicídio CULPOSO, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito
comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador
cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento.

Em suma, no perdão judicial o Estado perde o interesse de punir!

Trata-se de CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.

Perdão JUDICIAL Perdão DO OFENDIDO


É ato unilateral (não precisa ser aceito). É ato bilateral (precisa ser aceito).
Cabível nas hipóteses previstas em lei. Cabe nas ações penais de iniciativa privada.

Qual a natureza jurídica da sentença concessiva do perdão judicial?


1C: Sentença condenatória;
-interrompe a prescrição;
-serve como título executivo;
-só cabe o perdão depois do devido processo legal (para Capez).

2C: Sentença declaratória extintiva da punibilidade; (prevalece – súmula 18 do STJ)


-NÃO interrompe a prescrição;
-NÃO serve como título executivo;
-cabe na fase do IP (para Capez);

*Contudo, Rogério Sanches discorda de Capez e afirma que o perdão NÃO cabe na fase do IP, jamais! Como o
perdão implica o reconhecimento de culpa, é necessário o devido processo legal!

STJ -18: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, NÃO subsistindo
qualquer efeito condenatório.

O perdão judicial é aplicável nos crimes previstos no CTB!

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for praticado por MILÍCIA PRIVADA, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por GRUPO DE EXTERMÍNIO.(Lei nº 12.720 de 27.09.12)

A lei 12720/12 também criou o crime do art. 288-A (Constituição de milícia privada).

HOMICÍDIO PRATICADO EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTERMÍNIO


Lei 12720/12
ANTES DEPOIS
-art. 121 do CP -art 121 §6º do CP
-ou art. 121 §2º do CP (se presente qualificadora) -ou art. 121 §2º c/c §6º do CP.
Grupo de extermínio: não aumentava a pena ou, por si Grupo de extermínio: passou a aumentar a pena.
só, qualificava o crime (era apenas circunstância judicial
desfavorável do art. 59 do CP)
Tornava o delito hediondo quando simples. Torna o crime hediondo quando simples
Não era objeto de análise dos jurados (o juiz analisava). Esta circunstância deve ser objeto de análise dos jurados.

HOMICÍDIO PRATICADO POR MILÍCIA PRIVADA


Lei 12720/12
ANTES DEPOIS
-art. 121 do CP -art 121 §6º do CP
-ou art. 121 §2º do CP (se presente qualificadora) -ou art. 121 §2º c/c §6º do CP.
Milícia privada: não aumentava a pena ou, por si só, Milícia privada: passou a aumentar a pena.
qualificava o crime (era apenas circunstância judicial
desfavorável do art. 59 do CP)
Não tornava homicídio simples em hediondo. Continua não gerando a hediondez do crime quando
simples.
Não era objeto de análise dos jurados. Esta circunstância deve ser objeto de análise dos jurados.

*Milícia Privada: grupo armado de pessoas tendo como finalidade devolver a seguranca retirada das comunidades mais
carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes coupam determinado espaço territorial. A proteção
oferecida nesse espaço ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência ou grave ameaça.

*Grupo de Extermínio: reunião de pessoas, matadores, justiceiros que atuam na ausenca ou leniência do Poder Público,
tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas.

Quantas pessoas devem integrar o grupo de extermínio ou a milícia privada?


1ªC: utiliza o art. 288 do CP (associação criminosa): bastam 03 pessoas;
2ªC: utiliza a lei 12850/13 (ORCRIM): é necessária a presença de 04 pessoas;

Quando um grupo de extermínio promove a matança, os agentes respondem somente por homicídio majorado (art.
121 §6º) ou respondem em concurso com o delito de formação de grupo de extermínio (arts. 121 §6º + 288-A)?
1ªC: o agente somente deve responder pelo artigo 121 §6º do CP, evitando o bis in idem (Bitencourt);
2ªC: o agente responde pelos dois crimes em concurso material, pois são infrações autônomas e independentes, protegendo
bens jurídicos diversos! Não configurando, portanto, bis in idem. (Tendência a prevalecer) (Ex.: O STF admite o
concurso entre o art. 288 e o art. 157 qualificado pelo concurso de pessoas).

§7º. A pena do f emini cídio é aumentada de 1/3 até a metade se o crime f or prat icado:
I durante a gestação ou nos 03 meses posteriores ao parto;
II contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência
III na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
(Incluído pela Lei 13104/15)

No inciso I não incidirá a agravante do art. 61, II, alínea H e F, sob pena de bis in idem.

No inciso II não incidirá a agravante do art. 61, II, alínea F, sob pena de bis in idem. Também não incidirá a
majorante da segunda parte do parágrafo 4º do art. 121.

Quando se inicia o parto (termo inicial do prazo de 3 meses configurador da causa de aumento)?
>>A doutrina é divergente.
1ªC: FERNANDO CAPEZ, ao tratar do tema, cita alguns posicionamentos:“Alfredo Molinario entende que o
nascimento é o completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas. Para Soler, inicia-se desde
as dores do parto. Para E. Magalhães Noronha, mesmo não tendo havido desprendimento das entranhas
maternas, já se pode falar em início do nascimento, com a dilatação do colo do útero.”
2ªC: Na lição de LUIZ REGIS PRADO: “Infere-se daí que o crime de homicídio tem como limite mínimo o
começo do nascimento, marcado pelo início das contrações expulsivas. Nas hipóteses em que o nascimento não se
produz espontaneamente, pelas contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o
começo do nascimento é determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante,
nas hipóteses em que as contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é
sinalizado pela execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea)”.

A expressão “deficiência” disposta no inciso II abrange qualquer tipo de deficiência (física ou mental).

Levando em conta uma interpretação restritiva, Habib entende que a expressão “na presença” do inciso III se
refere a “presença física”. Contudo, por ser uma lei nova, ele faz uma ressalta para possíveis interpretações que
podem ser feitas no sentido de uma “presença virtual”.

De acordo com Rogério Sanches, ao exigir que o comportamento criminoso ocorra na “presença”, parece
dispensável que o descendente ou o ascendente da vítima esteja no local da agressão, bastando que esse familiar
esteja vendo (ex: por skype) ou ouvindo (ex: por telefone) a ação criminosa do agente.

Parece óbvio que, para a incidência das circunstâncias majorantes enunciadas nos incs. I, II e III, o agressor (ou
agressora) delas tenha conhecimento, evitando-se responsabilidade penal objetiva.

A qualificadora do Feminicídio tem natureza subjetiva ou objetiva?


>>Se a própria qualificadora expressa um especial fim de agir, fica claro que ela é de cunho subjetivo, sendo,
assim, incompatível com o privilégio do parágrafo primeiro do art. 121.
>>Essa qualificadora nada mais é do que uma espécie de motivo torpe, desnecessária, por tanto, essa novel lei.

Essa lei 13104/15 também inseriu no rol de crimes hediondos o Feminicídio.

O transexual pode ser sujeito passivo do Feminicídio?


>>Segundo Gabriel Habib, por ser uma norma que restringe direitos, norma penal de natureza incriminadora,
deve-se fazer uma interpretação restritiva, não podendo o transexual figurar como sujeito passivo de feminicídio.
>>De acordo com Rogério Sanches, podem ser observadas duas posições:
(1) uma primeira, conservadora, entendendo que o transexual, geneticamente, não é mulher (apenas passa a ter
órgão genital de conformidade feminina), e que, portanto, descarta, para a hipótese, a proteção especial;
(2) já para uma corrente mais moderna, desde que a pessoa portadora de transexualismo transmute suas
características sexuais (por cirurgia e modo irreversível), deve ser encarada de acordo com sua nova realidade
morfológica, eis que a jurisprudência admite, inclusive, retificação de registro civil.
Rogério Greco, não sem razão, explica: “Se existe alguma dúvida sobre a possibilidade de o legislador
transformar um homem em uma mulher, isso não acontece quando estamos diante de uma decisão transitada
em julgado. Se o Poder Judiciário, depois de cumprido o devido processo legal, determinar a modificação da
condição sexual de alguém, tal fato deverá repercutir em todos os âmbitos de sua vida, inclusive o penal”.
Nesse sentido, aliás, decidiu o TJ/MG, aplicando as Lei Maria da Penha não apenas para a mulher, mas
também transexuais e travestis. (TJMG, HC 1.0000.09.513119-9/000, j. 24.02.2010, rel. Júlio Cezar
Gutierrez).

Reconhecido o privilégio pelos senhores jurados (ex: domínio de violenta emoção), pode o juiz quesitar
(perguntar) o feminicídio?
É sabido que, apesar da sua posição topográfica, mostra-se perfeitamente possível a coexistência das
circunstâncias privilegiadoras (§ 1º do art. 121), todas de natureza subjetiva, com qualificadoras de natureza
objetiva (§ 2º, III e IV). Nesse sentido, aliás, é firme a jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores.
O STF, a propósito, já decidiu: “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da
possibilidade de homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias
do caso. Noutro dizer, tratando-se de qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é
possível o reconhecimento do privilégio (sempre de natureza subjetiva)”7.
O STJ, da mesma forma: “Admite-se a figura do homicídio privilegiado-qualificado, sendo fundamental, no
particular, a natureza das circunstâncias. Não há incompatibilidade entre circunstâncias subjetivas e objetivas,
pelo que o motivo de relevante valor moral não constitui empeço a que incida a qualificadora da surpresa” (RT
680/406).
Diante desse quadro preliminar, a qualificadora do feminicídio é subjetiva, incompatível com o privilégio,
ou objetiva, coexistindo com a forma privilegiada do crime?
É claramente subjetiva, pressupondo motivação especial, qual seja, o menosprezo ou a discriminação à condição
de mulher. Em resumo: reconhecendo o Conselho de Sentença a forma privilegiada do crime, fica afastada,
automaticamente, a tese do feminicídio.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio


Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se
da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Aumento de pena
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Trata-se de infração penal de grande potencial ofensivo, não admitindo transação penal e nenhuma medida
despenalizadora.

O art. 123 é uma forma especial de homicídio. Também é chamada de “homicídio privilegiado”, isto é, privilegiado pelo
estado puerperal. Tal artigo possui especializantes que são circunstâncias ou elementares que tornam o crime especial em
relação a outros.

SA: mãe (parturiente) sob influência do estado puerperal.

SP: filho nascente ou neonato.

Trata-se de delito BIPRÓPRIO, pois exige qualidade especial tanto do sujeito ativo quanto do passivo.

ATENÇÃO! Admite-se o concurso de agentes!

Sendo possível o concurso de agentes, vamos analisar 03 situações:


01) Parturiente, sob influência do estado puerperal, auxiliada por 3º, mata o neonato;
>Parturiente – art. 123 (autora);
>3º – art. 123 (partícipe);

02) Parturiente, sob influência do estado puerperal, e o 3º matam o neonato;


>Parturiente – art. 123 (autora);
>3º – art. 123 (autor);

03) 3º, auxiliado por parturiente em estado puerperal, mata o neonato;


ATENÇÃO!
De acordo com o CP:
>3º – art. 121 (autor);
>Parturiente – art. 121 (partícipe);
*Segundo Sanches esta posição não prospera por falta de proporcionalidade, equidade e razoabilidade;

De acordo com a doutrina:


1C: Parturiente e 3º – art. 123; (Delmanto, Noronha e Fragoso) [Prevalece]
2C: 3º – art. 121; e Parturiente – art. 123 (Bento de Faria e Frederico Marques).

Mãe, em estado puerperal, pensa estar matando seu filho, mas na realidade mata filho de outrem. Qual crime?
>>Nesse caso, aplica-se o art. 20 §3º do CP, devendo-se, assim, considerar as características da vítima virtual,
respondendo a mãe por infanticídio.

TIPO OBJETIVO: matar alguém (nascente/neonato).

A morte pode ser causada de forma livre (ação/omissão, meios diretos/indiretos).

Elemento Cronológico: A ação deve ocorrer durante ou logo após o parto. Caso cometido antes do parto, restará
configurado aborto. Se cometido depois do parto, ficará configurado homicídio.

Qual a abrangência da expressão “logo após”?


>>O “logo após” persiste enquanto perdurar a influência do estado puerperal. Portanto, dependerá de perícia para que seja
caracterizado.

CUIDADO! NÃO basta a presença do estado puerperal. É preciso que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e
o crime, pois nem sempre ele produz perturbações psíquicas na parturiente! (Exposição de Motivos do CP)

Estado puerperal # Puerpério


ESTADO PUERPERAL é o estado que envolve a parturiente durante o parto, gerando profundas alterações psíquicas e
físicas, deixando a parturiente sem plenas condições de entender o que está fazendo.
Para Nucci, trata-se de uma hipótese de semi-imputabilidade especial.

PUERPÉRIO é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez.

O estado puerperal pode configurar hipótese de inimputabilidade?


>>Dependendo do grau de desequilíbrio psíquico e físico, pode caracterizar hipótese de inimputabilidade.

Diferença entre art. 123 e art. 134 §2º


Infanticídio (art. 123) Exposição ou abandono de recém-nascido para ocultar
desonra própria com resultado morte(art. 134 §2º)
Trata-se de crime contra a vida. Trata-se de crime de perigo.
A mãe age com dolo de dano. A mãe age com dolo de perigo.
A morte é dolosa. A morte é culposa (crime preterdoloso).
É julgada pelo Tribunal do Júri. É julgada por juiz singular.

TIPO SUBJETIVO: é o dolo. NÃO se pune a forma culposa.

Qual crime pratica a parturiente que, sob influência do estado puerperal, culposamente mata o neonato?
1C: Fato atípico. A mulher, sob influência do estado puerperal, perde a prudência esperada, sendo inviável a caracterização
da culpa. (Damásio)
2C: O estado puerperal não retira da parturiente o dever de cuidado objetivo, respondendo por homicídio culposo.
(Bitencourtt) [Prevalece].

CONSUMAÇÃO: Com a morte do nascente ou neonato, sendo perfeitamente possível a tentativa.

ATENÇÃO! NÃO existe perdão judicial para essa mãe! Se não há previsão legal, não há como aplicar o perdão!
ABORTO
O correto é aborto ou abortamento?
1C: São termos sinônimos.
2C: Aborto é o resultado. Abortamento é a conduta criminosa.

CONCEITO: Aborto (abortamento) é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.

ATENÇÃO! Protege-se a vida intrauterina (viabilidade da vida extrauterina)!

Quando se inicia a gravidez?


1C: Com a fecundação.
2C: Com a nidação (Essa corrente prevalece no Direito. Se
adotada a 1ªC, a pílula do dia seguinte configuraria aborto).

Qual infração penal pratica o agente que ANUNCIA


processo, substância ou objeto destinado a praticar
aborto?
>>Pode configurar a contravenção penal do Art. 20 da LCP
(anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar
aborto – pena de multa).

Como o aborto é crime doloso contra a vida, todas as suas modalidades irão para o Tribunal do Júri.

Classificação Doutrinária de Aborto


Interrupção espontânea da gravidez.
NATURAL
É considerado atípico.
Decorre de acidentes em geral.
ACIDENTAL
É considerado atípico.
CRIMINOSO Previsto nos arts. 124 ao 127 do CP.
Previsto no art. 128 do CP.
LEGAL/PERMITIDO NECESSÁRIO/TERAPÊUTICO/PROFILÁTICO – Inciso I.
SENTIMENTAL/ÉTICO/HUMANITÁRIO/PIEDOSO – Inciso II.
MISERÁVEL/ECONÔMICO/SOCIA Praticado por razões de miséria, incapacidade financeira de sustentar vida futura.
L É crime.
Praticado para ocultar gravidez adulterina.
HONORIS CAUSA
É crime.
Praticado em face dos comprovados riscos de que o feto nasça com graves
anomalias psíquicas ou físicas, tornando a vida extrauterina inviável.
EUGÊNICO / EUGENÉSICO
ATENÇÃO! O aborto do feto anencefálico é uma espécie de aborto
eugênico/eugenésico.
OVULAR Praticado ATÉ a 8ª semana de gestação;
EMBRIONÁRIO Praticado ATÉ a 15ª semana de gestação;
FETAL Praticado APÓS a 15ª semana de gestação;

Art. 124 Art. 125 Art. 126


Pune a gestante. Pune o 3º provocador. Pune 3º provocador.

A gestante consente ou pratica nela Não há o consentimento da gestante. Há o consentimento válido da gestante
mesma o aborto. – respondendo ela pelo art. 124.

Aborto provocado pela gestante OU com seu consentimento


Art. 124 - Provocar aborto em si mesma OU consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

AUTO ABORTO.
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo.
Como a pena mínima é de 01 ano, ele admite suspensão condicional do processo.
Como a máxima é de 03 anos, em regra não admite preventiva para a gestante primária (art. 313, I, CPP).

SA: Gestante.
É crime próprio ou de mão própria?
1ªC: Mão própria (Bitencourt) – prevalece;
2ªC: Próprio (LRP) – nesse caso, o executor responderá pelo art. 126.

SP: Há divergência!
1ªC: É apenas o Estado, pois o feto não é titular de direitos, salvo aqueles expressamente previstos na lei civil.
2ªC: É o feto.
Para essa 2ªC, sendo a gravidez de gêmeos, o aborto gerará concurso formal impróprio [Prevalece].

No caso do consentimento criminoso, qual o crime praticado pelo 3º provocador?


>>Art. 126 do CP (exceção Pluralista à Teoria Monista)

Namorado que induz a namorada a praticar aborto, transportando a gestante até a clínica clandestina – Qual
crime?
>>Partícipe do art. 124 do CP.

Namorado que, depois de induz a namorada a praticar aborto, paga profissional para interromper a gravidez –
Qual crime?
>>Partícipe do art. 126 do CP (apesar de ter concorrido para os dois crimes – art. 124 e 126 – ele será considerado
partícipe do crime mais grave.

TIPO OBJETIVO: Quais condutas são punidas?


>>Consentimento criminoso (a gestante consente que outrem lhe provoque o aborto);
*exceção pluralista a teoria monista (gestante responde pelo 124 e o terceiro responde pelo 126).
>>Autoaborto (a gestante provoca em si mesma o aborto);

Mulher, imaginando-se grávida (gravidez psicológica), toma remédio abortivo – Qual crime?
>>Trata-se de crime impossível (delito putativo por erro de tipo).

TIPO SUBJETIVO: Dolo (direto ou eventual).

Hungria exemplifica o dolo eventual: Mulher, sabendo-se grávida, tenta o suicídio, gerando o abortamento.

CONSUMAÇÃO: É CRIME MATERIAL que se consuma com a destruição do produto da concepção (morte do feto).

Admite tentativa.

ATENÇÃO! Não importa se a morte do feto ocorreu dentro ou fora do ventre materno, desde que decorrente das
manobras abortivas. Contudo, se após as manobras abortivas o feto nasce com vida, a nova execução recairá sobre vida
extrauterina, caracterizando homicídio (ou infanticídio, se presente os requisitos legais). Nesse caso, a tentativa de aborto
fica absorvida de acordo com a maioria.

GESTANTE REALIZA MANOBRAS ABORTIVAS


Se em decorrência das manobras Se o feto nasce com vida, mas morre Se o feto nasce com vida e morre
abortivas, o feto nasce sem vida: logo após em razão das manobras depois da gestante renovar a execução
abortivas: (vida extrauterina):

>>Aborto. >>Aborto. >>Homicídio ou Infanticídio, ficando


a tentativa de aborto absorvida.

E se a gestante toma medicamento para acelerar o parto com o fim de adquirir direitos no âmbito civil?
>>Se o feto nasce com vida, não restará configurado crime.
>>Se o feto nasce sem vida, haverá duas situações:
1) A gestante não quis nem assumiu o risco do aborto: fato atípico;
2) A gestante assumiu o risco do aborto: art. 124 (dolo eventual).

Aborto provocado por terceiro (SEM o consentimento da gestante)


Art. 125 - Provocar aborto, SEM o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Trata-se de infração de GRANDE potencial ofensivo.
Como a pena mínima é de 03 anos, ele NÃO admite suspensão do processo (salvo na modalidade tentada).
Como a máxima é de 10 anos, em regra cabe preventiva mesmo para o agente primário (art. 313, I, CPP).

É a forma mais grave de aborto prevista no CP


SA: 3º provocador (crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa).

SP: Delito de dupla subjetivade passiva (crime que necessariamente possui duas vítimas)!
1ª vítima é a gestante – que não consentiu com o abortamento;
2ª vítima é o feto.

TIPO OBJETIVO: Quais condutas são punidas?


>>Interromper, intencionamente, a gravidez, destruindo o produto da concepção, SEM o consentimento da gestante;

Jurisprudência: “Quem desfere violento ponta-pé no ventre de mulher sabidamente grávida, pratica o crime de
aborto (ainda que a título de dolo eventual)”.

TIPO SUBJETIVO: O crime é punido a título de dolo (direto ou eventual).

Matar mulher que sabe estar grávida configura qual (quais) crime (crimes)?
>>Homicídio da gestante (art. 121 / dolo direto) + Abortamento sem consentimento da gestante (art. 125 / dolo eventual)
em concurso formal impróprio – desígnios autônomos (as penas serão somadas).

CONSUMAÇÃO: É crime material que se consuma com a destruição do produto da concepção (morte do feto).

Admite tentativa (crime plurissubsistente – a sua execução admite fracionamento em vários atos).

Aborto provocado por terceiro (COM o consentimento da gestante)


Art. 126 - Provocar aborto COM o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Trata-se de infração de médio potencial ofensiva.
Como a pena mínima é de 01 ano, ele admite suspensão do processo.
Como a máxima é de 04 anos, em regra NÃO admite preventiva para o agente primário (art. 313, I, CPP).

A gestante, despois de consentir, se arrende e manda o terceiro provocador interromper as manobras abortivas. O
terceiro provocador não obedece, executando a morte do feto – qual crime?
>>Terceiro provocador responderá pelo art. 125.
>>A gestante responderá pelo art. 124, pois o seu arrependimento não foi eficaz, servindo, portanto, no máximo, como
uma atenuante inominada de pena.

Art. 125 Art. 126


3º provocador 3º provocador
SA
(qualquer pessoa – crime comum) (qualquer pessoa – crime comum)
Somente o feto.
Gestante + Feto
SP
(dupla subjetividade passiva)
A gestante responderá consoante o art. 124.
TIPO Provocar aborto SEM o consentimento da Provocar aborto COM o consentimento válido
OBJETIVO gestante. da gestante.
TIPO
Dolo (direto ou eventual) Dolo (direto ou eventual)
SUBJETIVO
CONSUMAÇÃ Morte do feto.
Morte do feto
O ATENÇÃO! Art. 126, parágrafo único.

Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior (art. 125), se a gestante:


>>NÃO é maior de 14 (quatorze) anos,
>>ou é alienada ou débil mental,
>>ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

O parágrafo único trata de uma hipótese de dissenso ou não consentimento presumido.


Nesse caso, o CP desconsidera a vontade positiva da gestante.
A pena será a do art. 125 (3 a 10 anos).
O dolo do agente provocador deve corresponder a qualidade/condições da gestante ou o modo pelo qual o
consentimento foi dado, evitando a responsabilidade penal objetiva.

O namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até “fulano”, médico, para
realizar o abortamento. Quais crimes são praticados?
>>A namorada: art. 124.
>>O médico: art. 126.
>>O namorado: art. 124, como partícipe (ele foi acessório da conduta da namorada).

O namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até “fulano”, médico, para
realizar o abortamento. O namorado paga R$1000,00 para o ‘fulano” realizar o procedimento. Quais crimes são
praticados?
>>A namorada: art. 124.
>>O médico: art. 126.
>>O namorado: art. 126 (ele concorreu para o comportamento da namorada e do médico).

Forma qualificada (Majorantes)


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (art. 126 e art. 125) são:
>>aumentadas de 1/3, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-
lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave;

>>e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas (em conseqüência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo), lhe sobrevém a morte.

Apesar de estar escrito “forma qualificada”, o art. 127 traz, na realidade, causas de aumento de pena (majorantes).

O art. 127 traz majorantes preterdolosas.


>>A gestante sofre lesão grave ou morte (resultados culposos – o agente age com dolo no aborto (antecedente) e culpa na
lesão grave ou morte (consequente) [preterdolo]).
>>Se o agente quis ou aceitou o resultado lesão grave ou morte, não incidirá esta majorante, mas sim haverá concurso
formal impróprio de crimes (desígnios autônomos).

As majorantes só incidem nos arts. 125 e 126!

Esta majorante jamais alcançará o art. 124! Um dos fundamentos para tal dispositivo é que o Direito Penal não pune a
autolesão.

Vale ressaltar que o partícipe do art. 124 também não será alcançando por essa majorante. Essa majorante é específica para
os terceiros provocadores e para aqueles que concorrem para a conduta do terceiro provocador.

O que significa “se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo...”?
>>Significa que a aplicação da causa de aumento DISPENSA a consumação do aborto.

A gestante, durante o processo de abortamento realizado por terceiro, morre, mas o feto nasce com vida. Qual crime
pratic o terceiro (sabendo que não quis nem aceitou a morte da gestante)?
>>Divergência!
1C: Aborto Majorado (Qualificado) CONSUMADO – art. 127. O fundamento dessa corrente é que crime
preterdoloso não admite tentativa. Aplica o mesmo raciocínio da súmula 610 do STF (Há crime de latrocíncio
[aborto majorado], quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima [ainda que não reste consumado o aborto]. [Capez]
2C: Aborto Majorado (Qualificado) TENTADO – Art. 127 c/c Art. 14, II. O fundamento dessa corrente é que o
crime preterdoloso admite tentantiva quando a parte frustrada do crime for a dolosa (aborto>dolo e
morte>culpa). [Predomina na doutrina – Frederico Marques, Mirabete, Hungria].

Aborto Legal ou Permitido


Art. 128 - Não se pune o aborto praticado POR MÉDICO:

NATUREZA JURÍDICA | “não se pune”:


>>>>>>>>De acordo com a maioria da doutrina, trata-se de causa especial de EXCLUSÃO DA ILICITUDE.
Art. 128, I: é forma especial de estado de necessidade;
Art. 128, II: é forma especial de exercício regular de direito.

ATENÇÃO! Se adotada a tese da tipicidade conglobante, o art. 128, II, excluirá a tipicidade penal!

Aborto NECESSÁRIO / TERAPÊUTICO / PROFILÁTICO


I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Requisitos (art. 128, I):


1º) Praticado por médico;
2º) Para salvar a vida da gestante;
3º) Impossibilidade de uso de outro meio para salvar a gestante (inevitabilidade do comportamento abortivo);

É forma especial de estado de necessidade.

E se for praticado por agente que não seja médico – qual crime?
>>Poderá alegar estado de necessidade de terceiro (art. 24 do CP)

ATENÇÃO!
>>>É dispensável o consentimento da gestante!
>>>Também não é necessário autorização judicial.

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (SENTIMENTAL / ÉTICO / HUMANITÁRIO / PIEDOSO)


II - se a gravidez resulta de ESTUPRO e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

Requisitos (art. 128, II):


1º) Praticado por médico;
2º) Gravidez resultante de estupro (abrange conjunção carnal e outros atos libidinosos);
3º) Consentimento da gestante, ou, quando incapaz, de seu representante legal
>>Portanto, é possível essa espécie de abortamento mesmo no caso de estupro de vulnerável.

É forma especial de exercício regular de direito.


> Se adotada a tese da tipicidade conglobante, o art. 128, II, excluirá a tipicidade penal, pois trata-se de um ato
normativo, e um ato normativo jamais pode ser típico.

E se for praticado por agente que não seja médico – qual crime?
>>O terceiro provocador responderá pelo crime!

E se for praticado pela prórpia gestante que não seja médico – qual crime?
>>Nesse caso, existe doutrina admitindo a tese da inexibilidade de conduta diversa (excluindo a culpabilidade).

ATENÇÃO! O art. 128, II, também NÃO requer autorização judicial. Contudo, o médico deve ser o mais formalista
possível para se resguardar. O STF já chegou a exigir Boletim de Ocorrência do Estupro para que fosse realizado este tipo
de abortamento.
_____

ABORTO x FETO ANENCEFÁLICO (Aborto EUGÊNICO/EUGENÉSICO)


Feto Anencéfalo – Conceito: é o embrião, feto ou recém-nascido que, por mal formação congênita, não possui uma parte do
sistema nervoso central, faltando-lhe os hemisférios cerebrais, tendo uma parcela do tronco encefálico.

Resumo do conceito: anencefalia significa má-formação (total ou parcial) do cérebro ou da calota craniana.

Aborto de feto anencéfalo é crime?


>>Divergência!
1C: É crime pelos seguintes fundamentos:
-não está no rol dos abortos permitidos;
-a exposição de motivos do CP anuncia ser crime;
*O projeto do novo CP admite.
2C: A gestante não pratica crime pelos seguintes fundamentos:
-trata-se de hipótese de inexibilidade de conduta diversa;
-dignidade da pessoa humana (da própria mãe e do feto);

>>A jurisprência permitia essa modalidade de abortamento desde que:


-anomalia que inviabiliza a vida extrauterina;
-anomalia atestada em perícia médica;
-Prova do dano psicológico da gestante;

A jurisprudência permitia essa modalidade de abortamento, mas não apontava sua natureza jurídica. Qual sua
natureza jurídica?
>>O STF, na ADPF 54, considerou que o fato não é formalmente típico. Assim, para o Supremo não há que se aplicar o
art. 128 do CP, pois o fato carece de tipicidade penal haja vista que o feto anencéfalo não tem vida intrauterina, pois vida
pressupõe atividade cerebral o que o anencéfalo não possui. Assim, como base nos princípios da dignidade da pessoa
humana, legalidade, liberdade e autonomia da vontade, o STF reconheceu, implicitamente, a aticidade da conduta pó
ausência de viabilidade da vida extrauterina. Diante dessa decisão, o CFM (Consellho Federal de Medicina) regulamentou
o procedimento.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS

Topografia do crime de lesão corporal


ão Corporal Dolosa LEVE;
º: Lesão Corporal Dolosa GRAVE;
>>Admite o Preterdolo;
º: Lesão Corporal Dolosa GRAVÍSSIMA;
>>Admite o Preterdolo;
º: Lesão Corporal seguida de morte;
>>Delito necessariamente Preterdoloso; é o chamado “Homicídio Preterdoloso”;
º e 5º: Minorantes (causas de diminuição de pena);
º: Lesão Corporal CULPOSA;
º: Majorantes (causas de aumento de pena);
º: Perdão Judicial;
º, 10 e 11: Violência Doméstica e Familiar;

BEM JURÍDICO TUTELADO: Incolumidade pessoal do indivíduo. De acordo com a exposição de motivos do CP,
protege-se a saúde (01) corporal, (02) fisiológica e (03) mental.

SA: Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa;

SP: Crime comum – pode ser vítima qualquer pessoa (REGRA).

ATENÇÃO! No art. 129 § 1º, IV (aceleração do parto) e art. 129 §2º, V (aborto) o sujeito passivo será a GESTANTE
(mulher grávida).

Vale lembrar que o direito penal não pune a autolesão!


Contudo, a autolesão pode ser meio eficaz para a prática de crime.

Se um inimputável, incapaz de querer ou entender, por determinação de outrem, praticar em si mesmo uma lesão,
quem o conduziu à autolesão responderá por qual crime?
>>Responderá por lesão corporal (art. 129) na condição de autor mediato. No caso, a incapacidade é considerada uma
arma utilizada pelo agente.

TIPO OBJETIVO: O que significa Lesão Corporal? >> O tipo é ofender, direta ou indiretamente, a incolumidade pessoal
de outrem.

ATENÇÃO! O tipo abrange causar ou agravar enfermidade que já existe.

ATENÇÃO! A dor é dispensável!

Cortar o cabelo de alguém contra sua vontade – qual crime?


>>Divergência!
1C: Lesão Corporal, desde que a ação provoque uma alteração desfavorável no aspecto exterior da vítima.
2C: Injúria Real.
3C: Lesão Corporal ou Injúria Real, tudo a depender do dolo que anima o agente.

A pluralidade de ferimentos (“surra”) configura pluridade de crimes?


>>A pluralidade de fermentos, no mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime, devendo ser considerada tal
circunstância na fixação da pena base.

A integridade física é um bem disponível ou indisponível? O consentimento do ofendido exclui o crime?


>>ATENÇÃO! Para responder a pergunta, é preciso decidir se a incolumidade pessoal (integridade física) é um bem
disponível (exclui o crime) ou indisponível (não exclui o crime).

>>Trata-se de bem relativamente disponível, desde que:


(a) A lesão seja leve;
(b) Não contrarie a moral e os bons constumes.

Exemplos: Colocar piercing; Colocar brinco em recém-nascido.

Transsexual que realiza a cirurgia de troca de sexo com um médico que não está autorizado para tanto – qual
crime?
>>O consentimento do ofendido não excluirá o crime, pois trata-se de lesão grave ou gravíssima, e o médico não estava
autorizado para tanto.

Lesão Corporal x Vias de Fato (art. 21 da LCP)


Não se pode confundir o crime de Lesão Corporal com a contravenção penal de Vias de Fato, pois nesta não existe (e
sequer é intenção do agente) qualquer dano à incolumidade pessoal da vítima (ex.: mero impurrão, puxão de cabelos, etc).

CONSUMAÇÃO: É crime material que se consuma com a ofensa à incolumidade pessoal da vítima.

Equimoses e Hematomas são consideradas lesões a integridade física da vítima.


Eritemas e a simples provocação de dor, por si só, não constituem lesão.

Com exceção da modalidade culposa, o crime de lesão corporal admite tentativa.

Lesão corporal
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Trata-se de infração de MENOR potencial ofensivo.


A ação penal depende de representação (ação penal pública condicionada a representação da vítima: art. 88 da 9099/95).

Conceito de Lesão Leve: tal conceito é formulado por exclusão, isto é, se a lesão não é grave, gravíssima ou seguida de
morte, ela será leve.

Existe doutrina, Pierangeli, que aplica à lesão corporal leve o princípio da insignificância (ex.: simples arranhaduras);

Lesão corporal de natureza GRAVE


§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

O §1º trata da lesão dolosa, ou preterdolosa, de natureza GRAVE.

Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, pois apesar de não admitir transação penal, é possível suspensão
condicional do processo.

A ação penal é pública INCONDICIONADA.

Na realidade, o §1º é uma QUALIFICADORA.

I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;


ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.

O que se entende por “ocupações habituais”?


>>É qualquer atividade corporal rotineira, não necessariamente ligada a trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser
LÍCITA, ainda que imoral.

Prostituta pode ser vítima dessa espécie de lesão?


>>A prostituição é uma atividade lícita, apesar de imoral, portanto a prostituta pode ser vítima de tal crime.

Bebê pode ser vítima dessa espécie de lesão?


>>Sim, pois ele pode ficar incapacitado de se amamentar habitualmente.

Em virtude da lesão a vítima fica com o olho roxo. Por vergonha, deixa de trabalhar por 30 dias. Resta configurada
a qualificadora?
>>Não. A relutância, por vergonha, de praticar as ocupações habituais não qualifica o crime.

De acordo com art. 168 §2º do CPP, para que se configure a qualificadora será necessário que se realize exame
complementar logo que decorra 30 dias da data do crime. Dessa forma, é feito um 1º exame onde se constata a
incapacidade para as ocupações habituais. Após, é feito um 2º exame, complementar, para constatar a permanência da
incapacidade. Esse 2º exame deve ser realizado logo após o prazo de 30 dias – contado da data do crime (esse prazo é
penal – computa-se o dia do início e exclui-se o dia do fim).

Não sendo possível realizar tal exame complementar, é possível que ele seja suprido por prova testemunhal.

II - perigo de vida;
ATENÇÃO! Essa qualificadora só admite o PRETERDOLO!
Assim, se o agressor considerou a possibilidade de matar a vítima, teremos homicídio tentado.

O que se entende por “perigo de vida”?


>>É a probabilidade séria, concreta e imediata do êxito legal, devidamente comprovado por perícia.

CUIDADO! A região da lesão não justifica, por si só, a presunção do perigo, sendo imprescindível a perícia.

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;


ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.

O que se entende por “delibilidade permanente”?


>>Debilidade é a diminuição, redução ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função.
>>Permanente é a recuperação incerta e por tempo indeterminado. NÃO significa perpetuidade!

Se a debilidade puder ser atenuada, reduzida ou até desaparecer com o uso de prótese. Permanece a qualificadora?
>>SIM, pois não importa que o enfraquecimento possa se atenuar ou se reduzir com aparelhos de prótese.

A perda de um DENTE configura debilidade permanente?


>>Depende do dente. Se for a perda de um dente que compremete a capacidade mastigatória, restará configurada a
debilidade permanente, caso contrário não. Deverá ser comprovado por perícia.

A perda de um DEDO configura debilidade permanente?


>>Segue o mesmo raciocínio da perda do dente. Se for a perda de um dedo que compremete a capacidade motora, restará
configurada a debilidade permanente, caso contrário não. Deverá ser comprovado por perícia.

IV - aceleração de parto;
ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.

O que se entende por “aceleração do parto”?


>>Em decorrência da lesão, o feto é expulso COM VIDA antes do tempo normal.
>>Se o feto for expulso SEM VIDA, restará configurada o art. 129 §2º, V.
>>Vale ressaltar que nas duas hipóteses o agente não quer nem assume o risco do abortamento.

Para evitar responsabilidade penal objetiva, é indispensável que ao gente saiba ou pudesse saber que a vítima era gestante.

Lesão corporal de natureza GRAVÍSSIMA


§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

O §3º trata da lesão dolosa, ou preterdolosa, de natureza GRAVÍSSIMA.

Trata-se de infração de GRANDE potencial ofensivo, não admitindo sequer suspensão condicional do processo.

A ação penal é pública INCONDICIONADA.

Na realidade, o §2º também é uma QUALIFICADORA.

ATENÇÃO! A expressão “GRAVÍSSIMA” não está na lei. A lei considera grave tanto o §1º quanto a do §2º. A doutrina
que criou a expressão “natureza gravíssima” foi a doutrina. Ressalte-se que a lei de tortura (art. 1º, §3º, da lei 9455/97)
adotou essa expressão.

I - incapacidade permanente para o trabalho;


ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.
A incapacidade deve ser para o exercício de qualquer espécie de trabalho ou basta não poder mais exercer o
trabalho anterior?
>>Apesar de divergente, prevalece que a incapacidade deve ser para o exercício de qualquer espécie de trabalho (Nesse
sentido, Mirabete). Rogério Sanches discorda dessa posição.

II - enfermidade incurável;
O que se entende por “enfermidade incurável”?
>>Entende-se por enfermidade incurável a alteração permanente da saúde, a provocação de uma doença para a qual não
existe cura no estágio atual da medicina. (exemplo: transmissão intencional de doença de chagas; deixar a vítima manca
em virtude da lesão).

Havendo uma cura arriscada, a vítima é obrigada a se submeter? Permanece a qualificadora?


>>A vítima não está obrigada a submeter-se a intervenção cirúrgica arriscada a fim de curar-se da enfermidade,
subsistindo a qualificadora.

Transmissão intencional de vírus HIV (AIDS) – qual crime?


>>Havendo o dolo de matar, a relação sexual dirigida à transmissão do vírus da AIDS é idônea para caracterizar tentativa
de homicídio (STJ).

>>O STF, analisando comportamento do agente que omitiu da parceira ser portador do vírus HIV, desclassificou a
tentativa de homicídio para o crime de perigo de contágio de moléstia grave previsto no art. 131 do CP.

III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;


ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.

PERDA: se dá com a amputação ou mutilação.


INUTILIZAÇÃO:o membro, sentido ou função fica inoperante.

ATENÇÃO! No caso de órgãos duplos, a lesão, para ser gravíssima, deve atingir ambos os órgãos, sob pena de se
classficar como lesão grave por debilidade permanente.

A impotência generendi (em ambos sexos) e a impotência coeundi caracterizam a presente qualificadora.

IV - deformidade permanente;
ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.

O que significa “deformidade permanente”?


>>Consiste no dano estético, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza e capaz de provocar
impressão vexatória (desconforto para quem olha e humilhação para a vítima).

O que vem a ser “Vitriolagem”?


>>São lesões viscerais e cutâneas produzidas por substâncias cáusticas (ex.: lançar ácido no rosto da pessoa para desfigurá-
la).

De acordo com Nelson Hungria, a idade, o sexo e a condição social da vítima devem ser tomados em consideração no
apreciar da deformidade.

CUIDADO! Não se pode exigir que a vítima procure cirurgia para encobrir os ferimentos. Contudo, optando pela cirurgia
plástica, fica afastada a qualificadora. Segundo alguns autores, tal cirurgia autoriza inclusive revisão criminal.
O Brasil não limita esta qualificadora a determinada parte do corpo. Basta que a lesão seja aparente, mesmo que em
situações de intimidade.

V – aborto;
ATENÇÃO! Este resultado qualificador é necessariamente preterdoloso.
É indispensável que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima é mulher grávida, sob pena de configurar
responsabilidade objetiva.

Art. 127 Art. 129 §2º, V


Aborto qualificado pela lesão grave: Lesão qualificada pelo aborto:
>>Dolo no aborto >>Dolo na lesão;
>>Culpa na lesão >>Culpa no aborto;

Coexistência de Qualificadoras
Exemplo: Lesão provoca incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (§1º, I – Pena de 01 a 05 anos) e
deformidade permanente (§2º, IV – Pena de 02 a 08 anos).
>>Deve-se aplicar a qualificadora mais grave e considerar a mais leve na fixação da pena base – conforme art. 59 do CP.

Lesão corporal seguida de morte


§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Trata-se de homicídio preterdoloso.

É infração de GRANDE potencial ofensivo.


A ação penal é pública INCONDICIONADA.

Elementos do crime:
a) Conduta dolosa, buscando ofender a incolumidade pessoal da vítima;
b) Resultado culposo mais grave;
c) Nexo entre a conduta e o resultado;

CUIDADO!
(01) O caso fortuito, ou a imprevisibilidade do resultado, elimina a configuração do crime preterdoloso, respondendo o
agente somente por lesões corporais.
(02) Se o antecedente doloso consiste numa simples vias de fato (contravenção penal), o evento morte caracteriza
homicídio culposo, ficando a contravenção absorvida. (ex.: dar empurrão e a pessoa cair, bater a cabeça e morrer).

Diminuição de pena (PRIVILÉGIO)


§ 4º - Se o agente comete o crime:
>> impelido por motivo de relevante valor social ou moral
>> ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima,

Trata-se de lesão corporal dolosa privilegiada (repetição do homicídio privilegiado).

Esse privilégio tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena.

ATENÇÃO! O privilégio é aplicado ao caput e aos §§1º, 2º, 3º, sendo portanto, aplicado até nas figuras qualificadas.

Substituição da pena
§ 5º - O juiz, NÃO sendo GRAVES as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.

Esse parágrafo traz hipótese de substituição de pena.

Essa substituição só é aplicável ao caput do art. 129, tendo em vista que diz “não sendo graves as lesões”.

Assim, a substituição da pena será aplicável somente ao art. 129, caput, e em 02 hipóteses:
- Lesão Corporal Privilegiada (art. 129 §4º);
- Lesões Corporais Recíprocas.

Lesão corporal culposa


§ 6º - Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Trata-se de infração de menor potencial ofensivo.

A ação penal é pública condicionada a representação da vítima.

Diferente da lesão dolosa, onde o grau da lesão muda o tipo do crime (§1º, §2º ou §3º), na lesão culposa o grau de lesão
serão consideradas apenas na pena base, ficando sempre tipificado o crime no art. 129 §6º.

CUIDADO! A lesão culposa na direção de veículo automotor caracteriza o artigo 303 do CTB – Lei 9503/97.

Art. 129 §6º do CP Art. 303 do CTB


Pena: 02 meses a 01 ano. Pena: 06 meses a 02 anos.
O desvalor da conduta justifica o maior rigor na
punição no CTB.

ATENÇÃO! A lesão dolosa leve tem pena de 03


meses a 01 ano.

Aumento de pena
§ 7º - Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.

§ 4º No homicídio CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.(Lei nº 12.720 de 27.09.12)

§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 (perdão judicial).

Violência Doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

Art. 129 §9º Art. 129 §10 Art. 129 §11


É uma qualificadora do caput do É um causa de aumento de pena É uma causa de aumento de pena
art. 129. para os §§1º, 2º e 3º. para o §9º.

Deixa de ser infração de menor Com o aumento, o §1º deixa de ser de


potencial ofensivo, apesar de médio potencial ofensivo não mais
permanecer como lesão leve. admitindo suspensão do processo.

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3.

§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de 1/3 se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.

ATENÇÃO! Nos §§9º, 10 e 11 a vítima não precisa ser mulher, bastando o agente praticar o crime contra:
a) Ascedente, descente ou irmão;
b) Cônjuge ou companheiro;
c) Com quem conviva ou tenha convivido;
d) Prevalecendo-se das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade.

(FCC 2011) No crime de lesão corporal praticado no contexto de violência doméstic, NÃO incide a agravante de o
crime ser cometido contra cônjuge, se a ofendida é casada com o autor.

COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO PENAL REFERENTE A SUPOSTO CRIME DE


AMEAÇA PRATICADO POR NORA CONTRA SUA SOGRA. STJ, 5ª Turma, HC 175816, j. 20/06/2013: É do
juizado especial criminal — e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher — a competência para
processar e julgar ação penal referente a suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua
sogra na hipótese em que não estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de
gênero e situação de vulnerabilidade. Isso porque, para a incidência da Lei 11.340/2006, exige-se a presença
concomitante desses requisitos.

OBS: Mesmo na hipótese de lesão leve, tratando-se de violência doméstica e familiar contra a mulher, decidiu o STF, no
controle concentrado de constitucionalidade, que a ação penal é pública INCONDICIONADA, pois a lei 11340/06 veda a
aplicação da lei 9099/95.
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo


Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia
venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:


Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2º - Somente se procede mediante representação.

Perigo de contágio de moléstia grave


Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Perigo para a vida ou saúde de outrem


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
natureza, em desacordo com as normas legais.

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.

§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:


Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.

§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

Exposição ou abandono de recém-nascido


Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:


Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.

Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial


Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.

Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:


Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo.


Admite transação penal.

CONCEITO de Rixa: Trata-se de briga perigosa entre mais de 02 pessoas, agindo cada uma por sua conta e risco,
acompanhada de vias de fato ou violências recíprocas.

SA: Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa.

O crime de rixa é plurissubjetivo (de concurso necessário), pois necessita de no mínimo 03 pessoas.
É um crime plurissubjetivo de condutas contrapostas ou divergentes (os agentes atuam uns contra os outros).

Rixa é o tumulto generalizado.

OBS.: Eventuais inimputáveis, ou briguentos não identificados, são computados no número mínimo de 03.

SP: Os próprios briguentos, bem como eventuais terceiros atingidos pela luta, são os ofendidos.

Para Rogério Greco, a rixa é um caso excepcional em que a pessoa é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo!

TIPO OBJETIVO: O art. 137 pune qual comportamento? >>Pune a participação em rixa.

A participação na rixa pode ser de 02 formas:


Participação Material: o agente toma parte na luta (PARTÍCIPE DA RIXA);
Participação Moral: o agente, SEM tomar parte na luta, instiga os contendores (PARTÍCIPE DO CRIME DE RIXA).
O partícipe do crime de rixa sequer precisa estar no local do crime.

É possível rixa a distância?


>>SIM, como, por exemplo, por meio de tiros, arremesso de objetos, etc.

ATENÇÃO! A troca de agressões verbais e generalizadas não configura rixa.

TIPO SUBJETIVO: Dolo (de perigo para a ordem e paz pública).

CONSUMAÇÃO: Consuma-se com o início do conflito.


1C: Trata-se de crime de perigo abstrato;
2C: Trata-se de crime de perigo concreto. [doutrina moderna – Rogério Greco]

O crime de rixa admite tentativa?


>>Divergência!
1C: Trata-se de crime unissubsistente, não admitindo o fracionamento da execução. (Mirabete)
2C: A tentativa é possível na rixa combinada (ex proposito). (Hungria)

A rixa ex improviso é aquela que a agressão tumultuária tem início repentinamente.

Rixa Qualificada
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza GRAVE, aplica-se, pelo fato da participação
na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Trata-se de infração de menor potencial ofensivo.

Existem 03 Teorias discutindo as consequências, isto é, 03 sistemas de punição:


1ª) Teoria da Solidariedade Absoluta: todos os participantes da rixa respondem por lesão grave ou homicídio,
independentemente de se apurar quem foi o real responsável pelo resultado mais grave.
2ª) Teoria da Cumplicidade Correspectiva: não sendo apurado o autor do resultado mais grave, todos os participantes
respondem pela lesão grave ou homicídio, porém com pena intermediária entre a sanção do atuor e do partícipe
do evento mais grave.
3ª) Teoria da Autonomia: a rixa é punida por si mesma, independetemente do resultado lesão grave ou morte – o qual, se
ocorrer, somente qualificará o crime. Por esta teoria, apenas o causador da lesão grave ou morte, se identificado,
é que responderá por lesão grave ou homicídio. ADOTADA PELO CP.

QUESTÃO 01: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa D sofre uma lesão grave. O autor da lesão grave não
foi identificado. Qual o crime das pessoas envolvidas?
>>Todos responderão por Rixa Qualificada, pois a rixa gerou maior perigo e todos os briguentos concorreram para este
maior perigo, inclusive a pessoa D que sofreu a lesão grave. Assim, alguns autores pregam que a Rixa Qualificada é um
resquício da responsabilidade penal objetiva.

QUESTÃO 02: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa D morre. A pessoa C foi identificada autor do
homicídio. Qual o crime das pessoas envolvidas?
>>A e B responderão por Rixa Qualificada.
>>Com relação a pessoa C, existe divergência:
1C: Responderá por Rixa Qualificada (a briga foi mais perigosa) em concurso material com homicídio. [Prevalece]
2C: Responderá por Rixa Simples em concurso material com homicídio (evitando-se bis in idem).

QUESTÃO 03: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa C abandona a rixa as 19 horas. Depois que C
abandonou a rixa, a pessoa D sofre lesão grave as 19h e 05m. A pessoa B foi identificada autor da lesão grave. Qual
o crime das pessoas envolvidas?
>>A: Rixa Qualificada;
>>B: Rixa Qualificada + Lesão Corporal (art. 129 §1º ou 2º a depender do caso);
>>C: Rixa Qualificada (pois de qualquer modo concorreu para a briga ficar mais perigosa);
>>D: Rixa Qualificada;

QUESTÃO 04: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa C sofre lesão grave às 19 horas. As 19 h e 05m, a
pessoa D abandona a rixa, e a pessoa E entra em seu lugar. Não foi identificado o autor da lesão. Qual o crime das
pessoas envolvidas?
>>A: Rixa Qualificada;
>>B: Rixa Qualificada;
>>C: Rixa Qualificada;
>>D: Rixa Qualificada;
>>E: Rixa Simples, pois não concorreu de qualquer modo para a briga ficar mais perigosa e gerar a lesão em C.

É possível legítima defesa no crime de rixa?


>>1ª Situação: Legítima defesa no caso de pessoa que não participa da luta. Por exemplo, A, B, C e D estão bringando e
chegando perto da pessoa E que não tem nada haver com a briga. A pessoa E poderá utilizar da legítima defesa. Assim, é
perfeitamente possível legítima defesa no caso de envolver pessoa não participante da batalha, que dela toma parte para se
defender licitamente.
>>2ª Situação: Legítima defesa para participante da rixa. Por exemplo, A, B, C e D estão bringando, momento em que a
pessoa B arma-se de um revólver. A pessoa C percebe que B está armado. A pessoa C atira em B para salvar-se. Nesse
caso, a pessoa C responderá apenas pela rixa. Assim, excepcionalmente, a legítima defesa pode socorrer um dos
participantes da rixa. Tal ocorrerá sempre que, dentro da briga, a agressão de um dos briguentos ultrapassar a medida
dentro da qual se faz a contenda, assumindo cunho desproporcional (agressão extraordinária).

ATENÇÃO! O art. 41-B do Estatuto do Torcedor (lei 10671/03) traz uma modalidade específica de rixa.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Os crimes contra honra são previstos em:


- Norma Geral:
>>Código Penal;
- Normas especiais:
>>Lei de imprensa;
ATENÇÃO! Os crimes contra a honra praticados por meio da imprensa ajustam-se às normas do Código
Penal, pois na ADPF 130 a lei de imprensa foi julgada não recepcionada pela CF/88.
>>Código Brasileiro de Telecomunicações;
>>Código Eleitoral (os crmes são de ação penal pública incondicionada);
>> Código Penal Militar;
>>Lei de Segurança Nacional;
>>Estatuto do Idoso;

CONDUTA HONRA OFENDIDA


Honra OBJETIVA
Inputar determinado fato previsto como crime,
Calúnia – Art. 138 (reputação)
sabidamente falso.
(o que terceiros pensam sobre você)
Inputar determinado fato NÃO criminoso, porém Honra OBJETIVA
Difamação – Art. 139 desonroso, não importando se verdadeiro ou (reputação)
falso. (o que terceiros pensam sobre você)
Honra SUBJETIVA
Injúria – Art. 140 Atribuir qualidade negativa. (dignidade, decoro ou autoestima)
(o que você pensa de si mesmo)

Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente (DETERMINADO) fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, SABENDO falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo.

SA: Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa.

ATENÇÃO! Determinadas pessoas, em razão das funções, são invioláveis nas suas opiniões e palavras, ou seja, são
imunes, não praticam calúnia. Exemplo: Parlamentares.

Advogado, no exercício da função, tem imunidade no crime de calúnia?


>>NÃO. A imunidade do advogado, no exercício da função, abrange apenas a Difamação e a Injúria.

SP: Crime comum – qualquer pessoa pode ser vítima.

Menores e loucos podem ser vítimas de calúnia?


>>Divergência!
1C: Considerando que menores e loucos não praticam crime, não são vítimas de calúnia, mas de difamação.
2C: Caluniar é imputar fato definido como crime (que não se confunde com imputar a prática de crime). Logo,
menores e loucos podem ser vítima de calúnia.

Pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia?


>>Prevalece, tanto no STF quanto no STJ, que, apesar de possuir honra objetiva, a pessoa jurídica NÃO pode ser vítima de
calúnia, pois não pratica crime. Será considerada, portanto, vítima de difamação. Segundo Rogério Sanches, essa tese deve
ser repensada, pois a pessoa jurídica pode praticar crimes ambientais.

A autocalúnia é crime?
>>Pode caracterizar o delito de Autoacusação Falsa – art. 341 – crime contra a Administração da Justiça.

A calúnia contra Presidente da RFB, da Câmara dos Deputados, Senado e STF será regida pela lei de Segurança Nacional.

CONDUTA: imputar determinado fato definido como crime, mas sabidamente falso.
CUIDADO! Imputar contravenção penal, apesar de ofensivo a honra objetiva, caracteriza difamação.

Trata-se de crime de execução livre (pode ser praticado por gestos, palavras, escritos, etc).

Pergunta: Caluniar é atribuir a alguém crime que nunca existiu ou é atribuir a alguém um crime que existiu, mas
que eu sei que a pessoa não foi autora?
>>Haverá calúnia quando o fato imputado jamais ocorreu (falsidade que recai sobre o fato) ou, quando real o
acontecimento, mas não foi a pessoa apontada seu real autor (falsidade que recai sobre a autoria do fato).

O morto pode ser vítima de calúnia?


>>É punível a calúnia contra os mortos (art. 138 §2º), mas seus parentes é que serão vítimas do crime, pois a honra é
atributo dos vivos e não dos mortos.

TIPO SUBJETIVO: O crime é punido a título de dolo.


>>Art. 138, caput: dolo direto e eventual;
>>Art. 138 §1º: somente dolo direto (“sabendo”);

NÃO confundir Calúnia com Denunciação Caluniosa!


Art. 138 – Calúnia Art. 339 – Denunciação Caluniosa
Crime contra a honra Crime contra a Administração da Justiça
A finalidade do agente é ofender a honra objetiva da A finalidade do agente é acionar, inultilmente, a
vítima. máquina da Administração da Justiça.
A Calúnia é o fim. A Calúnia é o meio.

ATENÇÃO! A calúnia, concorrendo com a denunciação caluniosa, é por esta absorvida. (Jurisprudência) (CESPE 2012)

NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
a) Animus Jocandi (intenção de brincar);
b) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
c) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
d) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
e) Animus Defendendi (defender direito);

CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no momento em que terceira pessoa toma conhecimento da imputação criminosa
contra a vítima.

ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à reputação da vítima (basta a potencialidade lesiva).

A calúnia admite tentativa?


>>Em regra, não, salvo quando praticada por escrito (ex.: carta caluniosa interceptada pela própria vítima).

Exceção da verdade – Na calúnia


§ 3º - Admite-se a prova da verdade, SALVO:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Na calúnia admite-se o querelado (réu), como meio de defesa, fazer prova da verdade (exceção da verdade) da imputação
feita ao querelante.

Qual a consequência da procedência da exceção da verdade (que corre em autos apartados – em apenso)?
>>Absolvição do crime de calúnia com fundamento na atipicidade do fato.

03 hipóteses em que a lei PROÍBE a exceção/prova da verdade:


I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
Exemplo: Aldo imputou a Beto a prática de crime de dano contra o patrimônio de Carlos. Porém, Carlos, vítima do
referido dano, não ingressou com a ação penal – que é privada no caso do crime de dano. Beto ingressa com a queixa-
crime impuntando autoria do crime de calúnia a Aldo. Aldo poderá fazer o uso da exceção da verdade?
>>Constituindo o fato imputado crime de Ação Privada, não caberá prova da verdade se Beto não tiver sido condenado por
sentença irrecorrível.

(CESPE 2013) A lei penal prevê a impossibilidade de arguição da exceção da verdade no crime de calúnia se o fato
imputado for crime de ação privada e o ofendido não tiver sido condenado por sentença irrecorrível.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (Presidente da RFB ou Chefe de Governo Estrangeiro);
Exemplo: Aldo caluniou Beto que é Presidente da RFB ou Chefe de Governo Estrangeiro. Beto ajuíza a inicial contra
Aldo. Aldo pode fazer uso da prova/exceção da verdade?
>>Razões políticas e diplomáticas fundamentam a vedação da prova da verdade.

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Exemplo: Aldo imputou a Beto a prática de crime de roubo contra Carlos. Porém, Beto já foi absolvido desse crime. Beto
propõe queixa-crime contra Aldo. Aldo poderá fazer o uso da exceção da verdade, ou seja, fazer prova de que Beto roubou
Carlos?
>>Proclamada a absolvição do réu, deve ser reconhecida a autoridade da coisa julgada, NÃO sendo, portanto, possível a
exceção da verdade.

ATENÇÃO! Existe minoria lecionando que, sendo a prova/exceção da verdade meio de defesa, as hipóteses que proíbem
esse meio não foram recepcionadas pelo princípio constitucional da ampla defesa.

ATENÇÃO! O art. 523 do CPP permite a EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE que é diferente da exceção da verdade.

Exceção da VERDADE Exceção de NOTORIEDADE


Finalidade: comprovar a verdade da imputação. Finalidade: comprovar que o fato imputado é público e notório.

Gera a absolvição por atipicidade. Gera a absolvição por crime impossível.

Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe (DETERMINADO) fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Trata-se de infração de menor potencial ofensivo.

SA: Crime comum – pode ser praticado por qualquer pessoa.

ATENÇÃO! Pessoas que desfrutam de imunidade material não praticam o crime.

ATENÇÃO! Advogado tem imunidade profissional na difamação (art. 7º, §2º, do EAOAB).

SP: Crime comum – qualquer pessoa pode ser vítima de difamação.

Pessoa jurídica pode ser vítima de difamação?


>>Os Tribunais Superiores decidem, copiosamente, que sim, pois a PJ tem reputação a ser preservada.
>>Em posição diversa, Mirabete. Para o autor, PJ não pode ser vítima de qualquer crime contra a honra.

Morto pode ser vítima de difamação? A difamação contra o morto é punível?


>>Não existe previsão legal. Diferentemente da calúnia, o CP não pune a difamação contra os mortos. Vale lembrar que a
lei de Imprensa punia a difamação contra os mortos.

CONDUTA: imputar fato DESONROSO, sem revestir de caráter criminoso.

Trata-se de crime de execução livre.

ATENÇÃO! Imputar contravenção penal caracteriza crime de difamação!

ATENÇÃO! O art. 139 do CP não contém a previsão de “propalar ou divulgar a difamação”, como faz o art. 138. De
acordo com a maioria da doutrina, a omissão não significa que o fato é atípico. Assim, todo aquele que propala ou divulga
fato desonroso acaba também por praticar (nova) difamação.

TIPO SUBJETIVO: O delito é punido a título de dolo, sendo imprescindível a intenção de ofender a reputação (honra
objetiva), ou seja, é imprescindível o animus difamandi.

NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
f) Animus Jocandi (intenção de brincar);
g) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
h) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
i) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
j) Animus Defendendi (defender direito);
CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no momento em que terceira pessoa toma conhecimento da imputação criminosa
contra a vítima.

ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à reputação da vítima (basta a potencialidade lesiva).

A difamação admite tentativa?


>>Em regra, não, salvo quando praticada por escrito (ex.: carta difamatória interceptada pela própria vítima).

Exceção da verdade – Na Difamação


Parágrafo único - A exceção da verdade SOMENTE se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.

Diferentemente do crime de calúnia onde a regra é a prova da verdade, no crime de difamação a exceção da verdade é a
exceção.

Assim, a exceção da verdade no crime de difamação só é possível quando a ofensa for dirigida contra o funcionário
público, mantendo nexo com o exercício de suas funções (se fora das funções, não admite exceção da verdade).

Cabe exceção da verdade contra Presidente da RFB no caso de crime de difamação?


>>Segundo a Exposição de Motivos do CP, assim como na calúnia, NÃO é cabível a exceção da verdade contra a
difamação proferida contra o Presidente da RFB.

Exceção da Verdade – CALÚNIA Exceção da Verdade – DIFAMAÇÃO


A sua procedência gera a absolvição do acusado por A sua procedência gera a absolvição do acusado por estar
ATIPICIDADE (pois a falsidade é elementar do tipo). acobertado pelo EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.

OBS: A exemplo da calúnia, a difamação também admite EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE!

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Trata-se de infração de menor potencial ofensivo.

Aqui, diferente da calúnia e difamação, tutela-se a honra subjetiva.

SA: crime comum – qualquer pessoa pode praticar o crime.

A autoinjúria é crime?
>>Em regra não existe o delito de autoinjúria, salvo quando a expressão ultrassa a órbita da personalidade do indivíduo
(ex.: sou filho de meretriz).

ATENÇÃO! Vale lembrar que os detentores de imunidade material não praticam injuria.

ATENÇÃO! Advogado tem imunidade quanto a injúria! O causídico só não tem imunidade na calúnia!

SP: crime comum – qualquer pessoa capaz de compreender a ofensa contra ela proferida pode ser vítima do crime.

CUIDADO! Se a vítima não tem capacidade de entender que está sendo ofendida em sua dignidade ou decoro,
não haverá o crime. (ex.: chamar criança de acéfalo).

Pessoa jurídica pode ser vítima de injúria?


>>Tendo em vista que a PJ não possui honra subjetiva, ela não pode ser vítima de injúria.

Ofensa contra os mortos


CALÚNIA DIFAMAÇÃO INJÚRIA
Pune-se a calúnia contra os NÃO se pune a difamação contra os NÃO se pune a injúria contra os
mortos. mortos. mortos.

ATENÇÃO! É possível injuriar a honra de pessoa viva denegrindo imagem dos mortos (ex.: dizer que a falecida era
cafetina das filhas).

Injúria Absoluta x Relativa


a) INJÚRIA ABSOLUTA: existe quando a expressão tem por si mesma e para qualquer um significado ofensivo,
constante e unívoco.
b) INJÚRIA RELATIVA: a expressão assume caráter ofensivo se proferida em determinadas circunstâncias ou
condições de forma, lugar, tempo, etc.

TIPO SUBJETIVO: O delito é punido a título de dolo, sendo imprescindível o animus injuriandi.

NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
a) Animus Jocandi (intenção de brincar);
b) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
c) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
d) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
e) Animus Defendendi (defender direito);

CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no momento em que a ofensa chega ao conhecimento da vítima.

ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à dignidade ou decoro da vítima (basta a potencialidade
lesiva).

A injúria admite tentativa?


>>Prevalece que a injúria também admite tentativa quando na forma escrita. Existe posição também admitindo a
tentantiva da injúria praticada verbalmente.

Exceção da verdade
CALÚNIA DIFAMAÇÃO INJÚRIA
Admite exceção da verdade. Admite exceção da verdade. NÃO admite exceção da verdade
Admite prova da notoriedade. ( mas somente na ofensa contra funcionário NEM da notoriedade.
público relativa ao exercício de suas funções.)
Admite prova da notoriedade.

Perdão JUDICIAL
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a INJÚRIA;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra INJÚRIA.

O §1º traz mais uma hipótese de perdão judicial.

ATENÇÃO! Não confundir o Perdão JUDICIAL (cabível) com o perdão do ofendido (art. 106 do CPP)!

Hipóteses de aplicação do perdão judicial:


I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
>>Trata-se de uma provocação genérica (ex.: provocar a injúria com um soco);
>>Só quem revida com injúria é perdoado – quem deu o soco responde pelo crime;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.


>>Trata-se de provocação especial;
>>Os dois agentes são perdoados (compensação de injúrias);

Injúria REAL
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem AVILTANTES:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

O §2º traz a chamada injúria REAL. O meio utilizado é a violência/vias de fato sendo o fim almejado a ofensa a honra
subjetiva.

Segundo Hungria, na Injúria REAL “atinge-se mais que o corpo, é atingida a alma.”

OBS: A contravenção penal de vias de fato fica absorvida.

OBS: Havendo violência, a pena da injúria real é somada com a pena do crime contra a pessoa (lesão coporal, por
exemplo). De acordo com a maioria da doutrina, configura-se o concurso MATERIAL de delitos.

Injúria qualificada pelo PRECONCEITO / Injúria qualificada pela DISCRIMINAÇÃO


§ 3º Se a INJÚRIA consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

O §3º é o único crime contra a honra que é de médio potencial ofensivo, sendo, portanto, processado no juízo comum.

Existe doutrina que chama a injúria qualificada pelo preconceito de “Racismo Impróprio”.

É caso de Inquérito Policial e não TC.

Admite somente suspensão condicional do processo!

Art. 140 §3º - INJÚRIA QUALIFICADA Lei 7736/87 - RACISMO


Ofender, atribuir qualidade negativa. Segregação (ou incentivo a segregação)
Afiançável. Inafiançável.
Prescritível. Imprescritível.
Ação Penal Pública CONDICIONADA Ação Penal Pública INCONDICIONADA

A retorsão mediante injúria preconceito, de acordo com a maioria, NÃO permite o perdão judicial do art. 140 §1º, uma vez
que o preconceito manifestado não se reveste de simples injúria, tratando-se de violação muito mais séria à honra e a uma
das metas fundamentais do Estado Democrático de Direito (proteger a dignidade da pessoa humana).

(CESPE 2011) Se a injúria consistir na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou à
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, aumenta-se a pena de metade

Disposições comuns (CAUSAS DE AUMENTO DE PENA - MAJORANTES)


Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, difamação ou injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

O Art. 141 traz causas de aumento de pena – majorantes aplicáveis a qualquer crime contra a honra.

São 04 causas de aumento de pena:


I - contra o Presidente da República, OU contra chefe de governo estrangeiro;
>>Macular a honra do Presidente da RFB é ofender, indiretamente, a honra de todos os cidadãos.
>>Ofender chefe de governo estrangeiro pode estremecer as relações diplomáticas celebradas pelo Brasil.

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;


>>Se a ofensa não tiver nexo com a função, não incide a causa de aumento.
Crime contra a honra de funcionário público X Desacato
Crime contra a honra de funcionário público Desacato
A ofensa é na ausência do servidor. A ofensa é na presença do servidor.

III - na presença de várias pessoas, OU por meio que facilite a divulgação da calúnia, difamação ou injúria.
>>O que se entende por “várias pessoas”?
1C: Mínimo de 03 pessoas (Hungria) [Prevalece];
2C: Mínimo de 02 pessoas (Bento de Faria).
>>ATENÇÃO! Não se computam no número mínimo de pessoas o autor, coautor, partícipes e pessoas que não
puderem compreender o caráter desonroso da comunicação.
>>ATENÇÃO! Com a não recepção da lei de imprensa, os crimes por meio da imprensa sofrem a presente causa
de aumento!

IV – contra pessoa MAIOR de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúri a
>>É imprescindível que o agente saiba que a vítima é pessoa maior de 60 anos ou portador de deficiência, isto é,
o dolo do agente deve abranger estas condições, sob pena de responsabilidade objetiva.

>>ATENÇÃO! Excepciona-se o crime de injúria nessa causa de aumento!

(CESPE 2011) As penas cominadas aos delitos de calúnia, difamação e injúria aumentam-se de 1/3, se qualquer
dos crimes for cometido contra pessoa maior de 60 anos de idade ou portadora de deficiência.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
dobro.

O parágrafo único traz hipótese do se chama de “Ofensa Mercenária” (Paulo José da Costa Jr.).

Exclusão do crime – IN.DI


Art. 142 - Não constituem INJÚRIA ou DIFAMAÇÃO punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; (SALVO quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;)
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, SALVO quando inequívoca a intenção de
injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício. (SALVO quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;)
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

OBS: Estas imunidades NÃO alcançam a calúnia!

O art. 142 trata de causa de imunidade absoluta ou relativa?


>>Prevalece que estas imunidades são RELATIVAS! A expressão “salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
difamar” está implícita nos incisos I e III.

Natureza jurídica da imunidade:


1C: Causa especial de exclusão da ilicitude; (Prevalece)
2C: Causa de exclusão da punibilidade;
3C: Causa de exclusão do elemento subjetivo do tipo

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
>>Este inciso traz a imunidade judiciária.

(CESPE 2012) A causa de exclusão de crime abrange a calúnia, a difamação e a injúria irrogadas em juízo, na
discussão da causa, pela parte ou seu procurador, incluindo-se órgão do MP.

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, SALVO quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
>>Imunidade literária, artístitca ou científica

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de
dever do ofício.
>>Imunidade Funcional

OBS: De acordo com o parágrafo único, nas imunidades judiciária e funcional, responde pelo crime quem dá publicade à
injúria/difamação.

(CESPE 2011) A imunidade parlamentar material dos congressistas incide de forma absoluta quanto às declarações
proferidas no recinto do parlamento, dispensando-se a presença de vínculo entre o conteúdo do ato praticado e a função
pública parlamentar exercida.

Retratação – CA.DI
Art. 143 - O querelado que, ANTES DA SENTENÇA,
se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica ISENTO DE PENA.

O art. 143 traz a retratação como causa extintiva da punibilidade, o que não obsta a ação cível.

Retratar significa retirar do mundo o que afirmou, devolvendo a verdade.


Retratar não significa confessar! É muito mais que confessar!

A retração é ato UNILATERAL, portanto dispensa a concordância do ofendido.

A retração é comunicável ou incomunicável?


>>A retração, nos crimes contra a honra, é subjetiva e INCOMUNICÁVEL!

OBS: Não existe retratação extintiva da punibilidade na injúria!

OBS: A retratação, para extinguir a punibilidade, deve ocorrer até o julgamento de 1ª instância. Não existe retratação
extintiva da punibilidade em grau de recurso!
(CESPE 2012) Havendo concurso de crimes e concurso de agentes, a retratação feita por um dos agentes, por ser
circunstância de natureza pessoal, não aproveita aos demais, tampouco se admite retração a alguns dos fatos imputados.

OBS: Apesar de controvertido, prevalece o entendimento no sentido de que, tratando-se de difamação contra funcionário
público, a ação deixa de ser privada (art. 145 do CP), não gerando nenhum efeito eventual pedido de desculpa, até porque,
no caso, não se protege primacialmente sua incolumidade moral, mas o Estado, real interessado na defesa do cargo
público!

ATENÇÃO! A retratação do art 143 tem aplicabilidade restrita a ação penal privada, relativa aos crimes de calúnia e de
difamação. Tratando-se de ação penal pública, incabível a retratação. (STF/STJ)

Nos termos do art. 143, a retratação para gerar a extinção da punibilidade do agente, deve ser CABAL, ou seja,
COMPLETA, INEQUÍVOCA. No caso, em que a ofensa foi praticada mediante texto veiculado na internet, o que
potencializa o dano à honra do ofendido, a exigência de publicidade da retratação revela-se necessária para que esta
cumpra a sua finalidade e alcance o efeito previsto na lei (STJ – Resp 320958/RN de 2007).

Pedido de Explicações
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa.

Pedido de Explicações: trata-se de medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos
termos empregados, não se mostra evidente a intenção de ofender.

ATENÇÃO! O pedido de explicações NÃO suspende ou interrompe o prazo decadencial.

OBS: O pedido de explicações é medida facultativa!

OBS: Prevalece que as explicações pretendidas não são obrigatórias! Portanto, é facultativa tanto para quem pede quanto
para quem é instado a se explicar.

OBS.: O pedido de explicações segue o procedimento das justificações avulsas (arts. 861 a 866 do CPC).

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante QUEIXA, SALVO quando, no
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante REPRESENTAÇÃO do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

REGRA: Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo – Dos crimes Contra a Honra – somente se procede mediante queixa;

Exceções:
Ação Pública INCONDICIONADA quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal.
Art. 140 §2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Art. 145, Parágrafo único. Procede-se:


Mediante REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

Mediante REPRESENTAÇÃO do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §3º do art. 140 deste Código.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido:
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
STF - 714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Art. 140 §3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de 01 a 03 anos e multa.

ATENÇÃO! O crime de RACISMO é de ação penal pública INCONDICIONADA!


CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal
Art. 146 - CONSTRANGER alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não
manda:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

SA: Crime comum.

ATENÇÃO! Se o sujeito ativo for funcionário público, no exercício da sua função, havendo constrangimento
ilegal, estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP (Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder) ou de crime
de Abuso de Autoridade (Lei 4898/65).

(CESPE 2012) O fato de funcionário público ser sujeito ativo do crime de constrangimento ilegal qualifica a
infração, aplicando-se a ele a pena em dobro.

SP: qualquer pessoa CAPAZ de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, assim, os menores de pouca idade,
os loucos, os embriagados). Exige-se, pois, uma capacidade de vontade natural, ainda que essa vontade possa se mostrar
como limitada ou diminuída.

(CESPE 2012) O sujeito passivo do crime de constrangimento ilegal pode ser qualquer pessoa, independentemente de sua
capacidade de autodeterminação.

(CESPE 2012) No crime de constrangimento ilegal, admite-se a autoria mediata caso a violência ou grave ameaça sejam
exercidas contra pessoa diversa da que se pretenda constranger, sendo o agente responsabilizado, em concurso material,
pelo constrangimento ilegal e por outra infração que o executor venha a praticar.

Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas (MÍNIMO 04 PESSOAS), OU há emprego de armas.

STF: A majorante do constrangimento ilegal ora em debate refere-se a qualquer arma, desde que ela tenha a capacidade de
inpingir à vítima a grave ameaça contida no caput do art. 146 do CP. (STF HC 85005/RJ)

§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.

O §2º traz a hipótese de aplicação de concurso material. Segundo Fragoso, tal disposição significa que haverá concurso
material de crimes sempre que da violência empregada no constrangimento resultarem lesões. Em todos os outros casos em
que o constrangimento ilegal é meio para a prática de outro crime praticado contra a vítima, será ele sempre absorvido,
ainda que a pena seja mais leve.

(CESPE 2012) Por ser o delito de constrangimento ilegal tipicamente subsidiário, a violência nela empregada, em
qualquer modalidade, absorve sempre o crime.

Jurisprudência: O crime de constrangimento ilegal, como crime subsidiário, só se aplica como fato independente se
exercido sem fim outro diverso.

Exclusão do crime
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

Qual a natureza da causa de exclusão do §3º?


>>Divergência!
1C: Causa especial de exclusão da ilicitudade (Majoritária – Hungria e Mirabete);
2C: Causa excludente da tipicidade (Bitencour e Damásio).
Ameaça
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
injusto e grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal. A ameaça se consuma ainda que, analisada concretamente, a vítima não
tenha se intimidado ou mesmo ficado receosa do cumprimento da promessa do mal injusto e grave. Basta, para fins de sua
caracterização, que a ameaça tenha a possibilidade de infundir temor em um homem comum e que tenha chegado ao
conhecimento deste, não havendo necessidade, até mesmo, da presença da vítima no momento em que as ameaças foram
proferidas.

ATENÇÃO! AMEÇA DE MAL FUTURO: De acordo com Nucci e Rogério Greco, o crime de ameaça somente se
configura quando a promessa do mal for futura!

Sequestro e cárcere privado


Art. 148 - PRIVAR alguém de sua liberdade, mediante seqüestro OU cárcere privado:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Trata-se de infração de médio potencial ofensivo.


Como a pena mínima é de 01 ano, admite-se suspensão condicional do processo.
Como a pena máxima é de 03 anos, NÃO cabe preventiva para agente primário.

SA: Crime comum.


SP: Crime comum.

Sabendo que o bem jurídico tutelado é a liberdade de movimento, pessoas que sozinhas não podem exercer a
faculdade, podem ser vítimas de sequestro e cárcere privado (ex: pessoa paralítica, criança em tenra idade)?
>>Apesar de haver doutrina ensinando que pessoas que não podem exercer a faculdade de ir e vir não estão protegidas pelo
artigo 148, prevalece a corrente em sentido contrário. A liberdade de movimento não deixa de existir quando se exerce a
custa de aparelhos ou auxílio de outrem.

O bem jurídico tutelado – liberdade de movimento – é disponível (ex.: Big Brother). Portanto, se a vítima consentir em ver
a sua liberdade privada, seja mediante sequestro ou cárcere privado, o crime deixa de existir.

Sequestrar Presidente da RFB, Presidente do Senado/Câmara/STF configura qual crime?


>>Pode configurar o art. 148 ou crime previsto no art. 28 da lei 7170/83 (esse crime exige motivação política – ou seja,
trata-se de uma especializante).

CONDUTA: privação da liberdade de locomoção da vítima mediante sequestro ou cárcere privado. AÇÃO ÚNICA!

Sequestro x Cárcere Privado


SEQUESTRO: é uma privação sem confinamento (ex.: ficar privado da liberdade de locomoção numa fazenda);
CÁRCERE PRIVADO: é uma privação com confinamento (ex.: ficar privado da liberdade de locomoção em um quarto);

O cárcere privado, em tese, por gerar maior sofrimento para vítima, será considerado na fixação da pena base.

ATENÇÃO! A privação da liberdade NÃO pressupõe que a vítima seja transportada de um local para o outro.

Trata-se de crime de execução livre (pode ser praticado mediante violência, grave ameaça, fraude ou qualquer outro meio;
por ação ou omissão).

Exemplo de sequestro ou cárcere privado praticado por omissão: médico que não concede alta para paciente já curado.
Nesse caso, se o médico não concede alta para reaver despesas médicas, ficará configurado o crime de exercício arbitrário
das próprias razões (art. 345).

TIPO SUBJETIVO: o tipo é punido a título de dolo, dispensando finalidade especial animando o agente.

ATENÇÃO! Privação da liberdade + finalidade especial = pode caracterizar outro delito.


>>Por exemplo, se tiver por fim a escravização da vítima, restará caracterizado o art. 149 (condição de escravo);
>>Por exemplo, se tiver por fim obter vantagem indevida, o crime será do art. 159 (extosão mediante sequestro).
>>Por exemplo, se tiver por fim a tortura, o crime será da lei 9455/97 (lei de tortura).

CONSUMAÇÃO e TENTATIVA: consuma-se com a privação da liberdade da vítima.


Trata-se de delito permanente – enquanto não cessada a privação da liberdade da vítima, a consumação se protrai no
tempo.

O tempo de duração da privação da liberdade interfere na consumação?


>>Divergência!
1C: É irrelevante o tempo de privação. (Prevalece)
2C: Para consumação do crime é imprescindível privação por tempo juridicamente relevante.

>>Para a 1ª corrente o tempo de privação irá interferir na fixação da pena!

O crime admite tentativa – trata-se de delito plurissubsistente.

OBS: O pai que prende o filho no quarto com o fim de lhe aplicar um castigo não responde pelo crime, pois no caso age
acobertado por excludente de ilicitude, exercício regular de direito, na vertente direito de castigo.

(CESPE 2013) O fato de a vítima consentir no seu sequestro, realizado por seu namorado, a fim de exigir certa quantia em
dinheiro de seus pais, exclui a tipicidade penal, não havendo, portanto, crime de sequestro ou cárcere privado.

Qualificadoras
§ 1º - A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou MAIOR de 60 anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura MAIS de 15 (quinze) dias;
IV – se o crime é praticado contra MENOR de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.

No §1º, como a pena é de 02 a 05 anos, a infração passa a ser de GRANDE potencial ofensivo.
Como a pena mínima é de 02 anos, não admite suspensão condicional do processo.
Como a pena máxima é de 05 anos, cabe preventiva para agente primário.

Se o agente é primário, cabe preventiva no sequestro?


>>Sim, desde que o sequestro seja qualificado.

São 05 qualificadoras
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou MAIOR de 60 anos;
>>ATENÇÃO! Não abrange o irmão!
>>ATENÇÃO! Não abrange os parentes por afinidade (ex: sogra)!
>>ATENÇÃO! Não abrange todos os idosos! Somente idosos MAIORES de 60 anos!

>>A idade da vítima tem que ser conhecida pelo agente.


>>Basta a vítima ser maior de 60 anos no fim da privação, mesmo que menor de 60 anos no início do sequestro.

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;


>>Chamada pela doutrina de “internação simulada ou fraudulenta”;

III - se a privação da liberdade dura MAIS de 15 (quinze) dias;


>>Em virtude de acarretar mais sofrimento para vítima;

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos;


>>A idade da vítima deve ser conhecida pelo agente, para evitar responsabilidade penal objetiva;
>>ATENÇÃO! Basta ser menor no início da execução, mesmo que maior no momento da liberdade.

V – se o crime é praticado com fins libidinosos.


Antes da lei 11106/05 Depois da lei 11106/05
Era o crime do art. 219 (Rapto). Agora é o crime do art. 148 §1º, V.
Pena de 02 a 04 anos. Pena de 02 a 05 anos.
Ação Penal Privada. Ação Penal Pública INCONDICIONADA.

>>ATENÇÃO! Este inciso é um exemplo da aplicação do princípio da continuidade normativo-típica!

PROBLEMA: Antes da lei 11106/05, Fulano privou Beltrana da liberdade de locomoção com fins libidinosos. A
lei 11106/05 teve vigência sem que o IP fosse encerrado. A ação penal, nesse caso, será promovida por queixa ou
denúncia?
>>A ação penal para os casos praticados antes da lei 11106/06 deve continuar privada, pois raciocínio diferente
subtrai do agente inúmeros institutos extintivos da punibilidade (renúncia, perdão, perempção e decadência).
Qualificadora
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos OU da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.

E se o crime for praticado com fins libinosos e com grave sofrimento físico, ou seja, duas qualificadoras?
>>Será considerada como qualificadora a mais grave (§2º), devendo a qualificadora menos grave (§1º) ser considerada
como circunstância judicial na fixação da pena base (art. 59).

Redução a condição análoga à de escravo


Art. 149 – Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem:


I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

(CESPE 2013) O empregador que retiver a carteira de trabalho do empregado com a finalidade de fazer que ele
permaneça no local de trabalho responderá pela prática do crime de constrangimento ilegal.

§ 2º - A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:


I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à violência.

§ 2º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.

§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências:


I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.

§ 4º - A expressão "casa" compreende:


I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":


I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre:
Sonegação ou destruição de correspondência
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em
parte, a sonega ou destrói;

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica


II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica
ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas;

III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;

IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.

§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.

§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.

Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo
ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

Divulgação de segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada.

Violação do segredo profissional


Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Invasão de dispositivo informático


Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.

§ 2º Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se da invasão resulta prejuízo econômico.

§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos


comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do
dispositivo invadido:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave.

§ 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se houver divulgação, comercialização ou


transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos.

§ 5º Aumenta-se a pena de 1/3 à metade se o crime for praticado contra:


I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.

Ação penal
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime
é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Trata-se de infração de médio potencial ofensivo.


Pena mínima de 01 ano, portanto admite suspensão condicional do processo.
Pena máxima de 04 anos, portanto NÃO cabe preventiva para furtador primário.

Qual o bem jurídico tutelado no furto?


>>Divergência!
1C: Protege somente a propriedade; (Hungria)
2C: Protege propriedade e posse; (Noronha)
3C: Protege PROPRIEDADE, POSSE e DETENÇÃO legítimas; (Delmanto e Fragoso) [Prevalece]

PROBLEMA: Aldo é proprietário de um carro. Beto subtrai o carro de Aldo. Carlos subtrai o carro de Beto. Quem
a vítima do furto praticado por Carlos?
>>A vítima é Aldo – o real proprietário. Não é Beto pelo fato de ele não ter propriedade, posse ou detenção legítima do
carro.

SA: Crime comum - pode ser praticado por qualquer pessoa (salvo o proprietário) / não exige qualidade especial do
agente.

ATENÇÃO! O proprietário do bem NÃO pode ser sujeito ativo do crime de furto! Não existe furto de coisa
própria.

Qual crime pratica o proprietário que subtrai coisa sua que se encontra na legítima posse de terceiro?
>>Pode ser o art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões) ou art. 346 (forma especial de exercício arbitrário
das próprias razões).

Qual crime pratica o funcionário público que subtrai coisa pública ou particular em poder da
Administração?
>>Se a subtração tiver sido facilitada pela qualidade servidor público, será o art. 312 §1º (Peculato-furto);
>>Se a subtração não foi facilitada pela qualidade de servidor público, será o art. 155 (Furto comum);

Qual crime pratica aquele que subtrai co-herdeiro, condômino ou sócio da coisa comum?
>>Será o art. 156 (Furto de coisa comum) que é infração de menor potencial ofensivo.
>>O crime do art. 156 é uma espécie de furto cuja ação penal depende de REPRESENTAÇÃO da vítima.

SP: Pode ser vítima o proprietário, possuidor ou detentor legítimo do bem. Pode ser pessoa FÍSICA ou JURÍDICA.

TIPO OBJETIVO: Qual é a conduta? >> Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.

SUBTRAIR significa apoderamento definitivo.

Trata-se de crime de execução livre (o apoderamento pode ser direto ou indireto).

Exemplo de apoderamento indireto: feito por meio de interposta pessoa ou animal.

“COISA alheia móvel” é o objeto material do delito.

Coisa é o bem economicamente apreciável.

OBJETO MATERIAL: coisa alheia móvel (compreende bens eonomicamente apreciáveis)

Interesse moral ou sentimental pode ser obejto material do furto (ex.: fotografia)?
1C: O relevante interesse moral ou sentimental da coisa pode configurar objeto material de furto (Hungria / STJ).
2C: É imprescindível que a coisa seja economicamente apreciável. Subraindo coisa de interesse moral ou sentimental, o fato será atípico, devendo ser
perseguido na seara cível (Nucci).

OBS: Há jurisprudência no sentido que de que a mera subtração de folha de talão de cheques não pode ser objeto
de crime furto, pois não tem valor econômico, constituindo apenas meio para a prática de estelionato.

Cadáver pode ser objeto material de furto?


O cadáver, em regra, não pode ser objeto material de furto, salvo quando destacado para alguma finalidade específica
(ex.: servir aos estudantes de medicina na aula de anatomia – art. 14 da lei 9434/97).

Ressalte-se que a coisa deve ser ALHEIA! Portanto:


>>NÃO são objetos de furto tanto a coisa abandonada quanto a coisa de ninguém.

Homem pode ser objeto material de furto?


>>NÃO. Contudo, pode ser do delito de seqüestro ou cárcere privado.

Apoderar-se de COISA PERDIDA configura qual crime?


>>Nesse caso, não existirá subtração, mas apropriação.
>>Portanto, será o crime de apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, inciso II).

Subtrair coisa pública de uso comum configura qual crime?


>>Coisa pública de uso comum (que a todos pertence), como por exemplo, o ar, a água do mar e dos rios etc, em princípio
não pode ser objeto material de furto – pois não é coisa alheia, SALVO quando destacada do local de origem para atender
finalidade econômica de alguém (ex.: artesão que usa a areia da praia para obras artesanais – subtrair tal areia do artesão
configura o furto..

Ressalte-se que a coisa alheia deve ser MÓVEL!


>>Móvel para o direito penal não tem o mesmo significado de móvel do direito civil.
>>Para o direito penal, móvel é coisa que pode ser transportada de um local para outro sem perder a identidade.
>>Para o direito penal, diferentemente do direito civil, navio e aviões são consirados bens móveis.

ATENÇÃO! Art. 257 – Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento.


>>>>Ex.: Pessoa que subtrai extintores de incêndio de uma boate; ou pessoa que subtrai coletes salva-vidas de um navio.

TIPO SUBJETIVO: Dolo, sendo imprescindível a vontade de apoderamento definitivo.

Animus de uso descaracteriza o crime?


>>O furto de uso é atípico desde que (requisitos cumulativos):
a) intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa;
b) ser a coisa não consumível;
c) restituição imediata e integral à vítima

O apoderamento momentâneo de veículo configura furto de uso?


1C: NÃO. Será considerado crime, pois apesar de não consumível, temos o problema do consumo da gasolina, objeto material.
2C: Trata-se de fato atípico, pois quem usa carro não quer se apoderar de gasolina – simples acessório da coisa principal visada (carro).

>>A doutrina moderna vem adotando a 2ª corrente.

CONSUMAÇÃO: existem 04 teorias discutindo a consumação do delito de furto.


Contrectatio A consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia
A consumação se dá quando a coisa subtraída passa para o poder do
Amotio / Apprehensio
agente. O proprietário perde a disponibilidade da coisa.
(adotata – STF/STJ)
ATENÇÃO! Dispensa posse mansa e pacífica.
A consumação ocorre quando o agente consegue transportar a coisa
Ablatio
apoderada de um local para outro.
A consumação se dá quando a coisa é colocada em local segura.
Ilatio
Pressupõe posse mansa e pacífica.

>>De acordo com Hungria, haverá crime de furto mesmo que a coisa apoderada permaneça no âmbito
pessoal ou profissional da vítima (ex.: empregada doméstico que subtrai jóias e esconde em um cômodo
da casa da vítima).

É perfeitamente possível a tentativa. Trata-se de crime plurissubistente.

ATENÇÃO! A vigilância constante em supermercado, física ou eletrônica, não torna, por si só, o crime impossível,
devendo ser analisado o caso concreto.

Furto majorado (causa de aumento de pena)


§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
ATENÇÃO! Não se trata de qualificadora, mas sim causa de aumento de pena (majorante).

Com o aumento de 1/3 na a pena do caput do art. 155, a infração passa a ser infração de grande potencial ofensivo.
Como a pena mínima ultrapassará 01 ano, não será possível a suspensão condicional do processo.
Como a pena máxima ultrapassará 04 anos, será admitida preventiva mesmo para o réu primário.

REPOUSO NOTURNO é o período em que, A NOITE, a comunidade se recolhe para o descanso diário.

>>ATENÇÃO! Na interpretação do repouso noturno deve ser observado o costume da localidade/comunidade


(costume interpretativo).

Incide a majorante no furto de estabelecimento comercial?


>>Prevalece que não. De acordo com a maioria, a incidência da majorante depende de o crime ser praticado em local de
moradia, local em que as pessoas costumeiramente se recolherem para descanso. Ainda que os moradores não estejam
repousando ou ocasionalmente ausentes (STF/STJ).
>>ATENÇÃO!!! Contudo, o STJ, no HC 940245/RS, entendeu incidir a majorante.

Para incidir a majorante o imóvel deve estar habitado com seus moradores repousando?
>>Apesar de Hungria escrever que sim, prevalece nos Tribunais Superiores que a casa não precisa estar necessariamente
habitada ou seus moradores durmindo. A casa pode estar ocasionalmente desabitada.

Esta causa de aumento do repouso noturno incide no furto qualificado (§4º)?


1ªC: Em razão de sua posição topográfica, incide somente no furto simples – caput. No furto qualificado o repouso noturno
será considerado como circunstância judicial na fixação da pena base (art. 59). (LRP)
2ªC: Incide nas modalidades simples e qualificadas do crime. (Prevalece)

ATENÇÃO! Em recente julgado, HC 306459-SP, de 17/12/14, o STJ admitiu a incidência da causa de aumento
do repouso noturno no furto qualificado, sob o fundamento de que se o privilégio pode ser aplicado aos crimes
qualificados, a causa de aumento também pode.

PROBLEMA:
1º) Veículo furtado a noite na garagem de uma casa. 2º) Veículo furtado a noite quando estava parado em frente a casa.
>>Incide a causa de aumento do §1º. >>NÃO incide a causa de aumento do §1º.

Furto Privilegiado / MÍNIMO


§ 2º - Se o criminoso é PRIMÁRIO, e é de PEQUENO VALOR a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.

Requisitos do Furto Privilegiado/Mínimo


a) Primariedade – significa não reincidente, mesmo que ele tenha processos pretéritos;
b) Pequeno valor da coisa furtada – de acordo com a jurisprudência é o valor que não suplanta 01 salário mínimo.

ATENÇÃO! É diferente do furto insignificante!


>>O furto insignificante pressupõe:
-Mínima ofensividade da conduta do agente;
-Nenhuma periculosidade social da ação;
-Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
-Inexpressividade da lesão jurídica provocada;

É possível furto qualificado-privilegiado?


>>De acordo com os Tribunais Superiores, SIM (do mesmo modo que é possível homicídio qualificado-privilegiado).

STJ – 511: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 nos casos de furto qualificado, se
estiverem presentem a primariedade do agente, pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.

(CESPE 2013 PCBA) O reconhecimento do furto privilegiado é condicionado ao valor da coisa furtada, que deve ser
pequeno, e à primariedade do agente, sendo o privilégio um direito subjetivo do réu.

Cláusula de equiparação
§ 3º - Equipara-se à COISA MÓVEL a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

“Qualquer outra que tenha valor econômico”: energia mecânica, térmica, radioativa, genética etc.
Exemplo do furto de energia genética: Roubar sêmem de cachorro.

Subtração de Sinal de TV a Cabo (Gato-NET) caracteriza furto?


>>Divergência!
1ªC: Não configura furto. A energia se consome, se esgota, ao passo que sinal de tv não se gasta/diminui. (Bitencourt/STF)
2ªC: Configura furto, pois sinal de televisão é uma forma de energia. (Nucci/STJ)

ATENÇÃO! O STF, no HC 97261/RS de 2011, adotou, através da 2ª Turma, a 1ª Corrente.


ATENÇÃO! O STJ, no HC 17867/SP de 2002, adotou, através da 5ª Turma, a 2ª Corrente.

(CESPE 2013 PCBA) Considere que João, pro vários meses, tenha captado sinal de TV a cabo por meio de ligação clandestina e
que, em razão dessa ligação, cnsiderável valor econômico tenha deixado de ser transferido à prestadora do serviço. Nessa
situação hipotética, considerandos-e o entendimento do STJ, a respeito da matéria, João praticou o crime de furto de energia.

Diferença
Furto de energia elétrica Estelionato no consumo de energia
Não existe contrato entre o agente e a concessionária; Existe contrato autorizando o gasto de energia;
É praticado mediante ligação clandestina; O agente emprega fraude alterando o medidor de energia;
A pena, em princípio, é de 01 a 04 anos; A pena, em princípio, é de 01 a 05 anos;

Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de conf iança, ou mediante f raude, escalada ou destreza; (SUBJETIVO)
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de DUAS ou mais pessoas.

Trata-se de infração de grande potencial ofensivo.

A qualificadora consumada NÃO admite a suspensão condicional do processo.

OBS.: A tendência dos Tribunais Superiores é NÃO admitir o princípio da insignificância no furto qualificado, pois
ausente o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente.

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


A qualificadora se dá quando o agente rompe ou destrói o obstáculo que existe entre ele e a coisa.

ATENÇÃO! A violência empregada sobre a coisa a ser subtraída não qualifica o crime. Para qualificar o crime a violência
tem que recair sobre o obstáculo.

ATENÇÃO! Por questão de equidade, os Tribunais vem decidindo que o rompimento do vidro do veículo para a subtração
de objetos existentes no seu interior NÃO caracteriza a qualificadora. É que se a violação tivesse sido feita para subtração
do próprio automóvel o furto seria simples. Contudo o STJ não concorda com esse raciocínio – 5ª turma – HC 127464.MG.
Por outro lado, o STF entende que não seria razoável reconhecer como qualificadora o rompimento de vidro para furto de
acessórios dentro do carro, sob pena de resultar a quem subtrai o próprio veículo menor reprovação.

OBS: Pessoa deixa bolsa em cima da mesa. O gente com um estilete corta a base da bolsa, pega uma carteira que tinha
dentro da bolsa. Nesse caso não incide a qualificadora de rompimento de obstáculo, segundo Capez.

OBS: Subtrair automóvel desativando alarme não qualifica o crime.

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;


ABUSO DE CONFIANÇA: o agente viola a confiança nele depositada;

>>>Está presente vínculo de lealdade ou fidelidade entre agente e vítima (relação familiar, amizade ou emprego).
>>>É imprescindível maior facilidade na execução em razão do especial vínculo!

ATENÇÃO! De acordo com Noronha, pode o criminoso captar propositadamente a confiança, como valer-se de
confiança já existente.

Segundo a jurisprudência, para incidir a qualificadora, a subtração deve ser facilitada pela confiança depositada
no agente.

Furto qualificado pelo abuso de confiança Apropriação indébita


O agente tem mero contato, mas NÃO a posse da O agente exerce posse em nome de outrem.
coisa. O dolo é SUPERVENIENTE a posse.
O dolo é ANTECEDENTE a posse.

MEDIANTE FRAUDE:
Furto qualificado pela fraude Estelionato
A fraude busca diminuir a vigilância da vítima sobre a A fraude busca fazer com que a vítima incida em erro e,
coisa, facilitando a subtração. assim, entregar a posse desvigiada da coisa ao agente.
O bem é retirado sem que a vítima perceba. A vítima enganada concorda em entregar o bem ao agente.
A posse é alterada de forma UNILATERAL. A posse do bem passa para o agente de forma
A pena é de 02 a 08 anos. BILATERAL.
A pena é de 01 a 05 anos.

Configura furto mediante fraude (e NÃO estelionato):


a) Agente que, a pretexto de auxiliar a vítima a operar caixa eletrônico, apossa-se do seu cartão trocando-o por
outro;
b) Agente que simula interesse na compra de veículo e, com pretexto de testá-lo, o subtrai não mais retornando
(ex.: falso test drive);
c) Agente que coloca aparelho de maior valor em embalagem de aparelho de menor valor, fraudando o
pagamento no caixa (# tirar o preço de uma mercadoria e por em outra configura estelionato);
d) Hackers que via internet subtraem dinheiro de conta bancária (pode haver cúmulo material com o art. 154, a).

ESCALADA: é o uso de via anormal para se ingressar no local em que se encontra a coisa visada.

ATENÇÃO! Não implica, necessariamente, subida! Pode ser uma penetração via subterrânea (ex.: túnel).

A jurisprudência exige que a escalada seja resultado de um esforço fora do comum (análise do caso concreto).

Segundo Hungria, escalada é o ingresso em edifício ou recinto fechado, ou saída dele, por vias não destinadas
normalmente ao trânsito de pessoas, servindo-se o agente e meios artificiais (não violentos) ou de sua própria
agilidade. Tanto é escalada o galgar uma altura, quanto saltar um desvão (ex.: um fosso), ou passar por via
subterrânea não transitável ordinariamente (ex.: túnel de esgoto). Contudo, ressalta o atuor que, se a passagem
subterrânea é escavada adrede, o que se tem a reconhecer é o meio fraudulento (Rogério Sanches discorda).

DESTREZA: é a peculiar habilidade física ou manual para praticar o crime sem que a vítima perceba que está sendo
despojada.

O PUNGUISTA é o agente que pratica crime com destreza.

A jurisprudência condiciona a apliacação da qualificadora à vítima trazer o bem junto ao corpo.

ATENÇÃO! Aplica-se a qualificadora mesmo que terceiros percebam a ação do agente! Quem não pode perceber
é a vítima!

Não age com destreza o agente, segundo opinião doutrinariamente predominante, quando a subtração é realizada
contra vítima que dormia ou se encontrava embriagada, pois que, qualquer pessoa, em decorrência desses fatores,
poderia fazê-lo.

A respeito da trombada (ex.: ladrão que tromba com vítima, dá empurrão e furta sua carteira) a jurisprudência
diverge.

III - com emprego de chave falsa;


CHAVE FALSA: é todo o instrumento, com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras.

ATENÇÃO! Discute-se se ligação direta em automóvel configura chave-falsa ou rompimento de obstáculo.


>>>>>>>>>Há jurisprudência nos dois sentidos.

Chave verdadeira obtida mediante fraude – caracteriza a qualificadora?


>>Divergência:
1C: SIM. (Noronha)
2C: NÃO. (Maioria)

IV - mediante concurso de DUAS ou mais pessoas.


Hungria ensina que a esta qualificadora pressupõe 02 ou + pessoas executando o crime.
ATENÇÃO! Hungria não considera os partícipes.
>>>>>>>>>>Contudo, para a maioria da doutrina, basta a presença de 02 ou + pessoas concorrendo para o crime,
considerando em tal número os partícipes. [Prevalece]

Associação Criminosa (quadrilha ou bando) praticando Furto – qual crime?


>>A questão é controvertida.
1ªC: Parte dos doutrinadores entende perfeitamente possível o raciocínio do concurso de crimes sem que
haja a necessidade de ser afastada a qualificadora ou majorante, não entendendo pelo bis in idem,
em virtude do fato de que as infrações penais cuidam de bens jurídicos diversos (nesse sentido –
Weber Martins Batista // O STF tem decisão nesse sentido).
2ªC: Rogério Greco, em sentido contrário, afirma que a reunião de pessoas, nesse caso, estaria servindo
duas veses, à punição dos agente, razão pela qual, estaria-se gerando um bis in idem.

STJ - 442. É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Furto qualificado
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de
>>>>>>> veículo automotor que venha a ser transportado para outro ESTADO ou para o EXTERIOR.

ATENÇÃO! Para incidir a qualificadora não basta a intenção de conduzir para outro Estado/Exterior, é indispensável que
o veículo ultrapasse os limites do Estado/País.

O §5º somente abrange VEÍCULO AUTOMOTOR! Não abrange embarcações, por exemplo.

A maioria da doutrina prega que apesar de o artigo não se referir ao Distrito Federal, ele também está abrangido pela
qualificadora.

Fulano, no dia 15/05, subtrai veículo de Beltrano. No dia seguinte, quando visava transportá-lo para outro Estado,
foi preso em flagrante. Fulano responde por qual crime?
>>Responderá por furto simples, art. 155, caput, consumado.

Furto de coisa comum


Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém,
a coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente .

O art. 156 é infração de menor potencial ofensivo – FURTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.

O crime do art. 156 é uma espécie de furto cuja ação penal depende de REPRESENTAÇÃO da vítima.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo (PRÓPRIO)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

BEM JURÍDICO TUTELADO: Patrimônio e liberdade individual.

O roubo é um crime complexo!


>>Pois é uma unidade jurídica que reúne o art. 155 (que tutela o patrimônio) + art. 146 (que tutela a liberdade individual).

SA: Crime comum.

ATENÇÃO! O proprietário do objeto NÃO pode ser sujeito ativo do roubo!


>>>>>>>>>O proprietário, no caso, poderá responder por exercício arbitrário das próprias razões.

SP: É o proprietário, possuidor ou mero detentor da coisa, pessoa FÍSICA ou JURÍDICA.


>>>>>Também é sujeito passivo a pessoa contra quem se dirige a violência ou grave ameaça, mesmo que desligada da
lesão patrimonial (ex.: quero roubar o relógio de Tício, mas aponto o revólver na cabeça de Mévio).

O art. 157, caput, traz o chamado ROUBO PRÓPRIO.


Conduta Antecendente Conduta Subsequente
Violência;
Grave Ameaça; Subtração.
Qualquer outro meio (violência imprópria).

Já 157, §1º, traz o chamado ROUBO IMPRÓPRIO, também chamado ROUBO POR APROXIMAÇÃO.
Conduta Antecendente Conduta Subsequente
Subtração; Violência;
Grave Ameaça;
(é indispensável o prévio apoderamento da coisa)
(para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa)

>>>>>>>>>>>>>>ATENÇÃO! No roubo impróprio NÃO existe violência imprópria!

Exemplos:
01) Agente, mediante grave ameaça, subtrai a carteira da vítima = art. 157, caput (roubo próprio);
02) Agente, depois de apoderar-se da coisa, é surpreendido pelo proprietário, momento em que emprega violência
para assegurar a impunidade do crime = art. 157 §1º (roubo impróprio);
03) Agente, quando ia apoderar-se da coisa visada, é surpreendido pelo proprietário, empregando violência para
assegurar a impunidade = Tentativa de Furto + Lesão Corporal (em concurso material);

ATENÇÃO! Os Tribunais Superiores não reconhecem a aplicação do princípio da insignificância no crime de roubo!

TIPO SUBJETIVO:
>>Roubo PRÓPRIO: Dolo + Fim especial (obtenção da coisa para si ou para outrem);
>>Roubo IMPRÓPRIO: Dolo + Fim especial (assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída).

Roubo de uso é crime?


>>Divergência!
1C: É crime (de acordo com jurisprudência do STF/STJ);
2C: Não é crime de roubo, caracterizando somente constrangimento ilegal. Como o roubo é um crime complexo
(art. 155 + art. 146), e no caso o agente só tem animus de uso, fica descaracterizado o roubo. Assim, para
Rogério Greco, se houver violência na subtração levada a efeito pelo agente, que não atua com vontade de ter
a coisa para si ou para terceiro, mas tão somente usá-la pó um período curto de tempo, a fim de devolvê-la
logo em seguida, poderíamos raciocinar com o tipo penal do art. 146 do diploma repressivo, que prevê o
delito de contrangimento ilegal, pois, ao tomar a coisa à força, o agente impede que a vítima faça com ela
aquilo que a lei permite, vale dizer, usá-la da forma que melhor lhe aprouver.

CONSUMAÇÃO:
>>Roubo PRÓPRIO: Consuma-se com o apoderamento mediante violência ou grave ameaça, dispensando a posse
mansa e pacífica (Teoria da Apprehensio ou Amotio);
O Roubo PRÓPRIO admite tentativa, pois trata-se de crime material!

ATENÇÃO! O STF, no julgamento do HC 104593, decidiu que o crime de roubo, em regra, independe da posse
mansa da coisa; Tese inaplicável nas hipóteses em que a ação dos agentes é monitorada pela polícia que,
obstando a possibilidade de fuga, frustra a consumação.

>>Roubo IMPRÓPRIO: Consuma-se quando, depois da subtração (apoderamento da coisa), é empregada a


violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa.

*Rogério Greco, divergindo da maioria, não vê razão para distinção do momento de consumação do
roubo próprio para o impróprio. Segundo o autor, nas duas espécies, a consumação só ocorre com a
retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima e o ingreso na posse tranqüila do agente, não
havendo qualquer diferença no fato de ser a violência anterior ou posterior à subtração da coisa.

O roubo IMPRÓPRIO admite tentativa?


>>Divergência!
1C: Não admite tentativa, pois ou a violência é empregada e tem-se a consumação; ou não é empregada, e o
que se apresenta é o crime de furto; (Prevalece na doutrina Clássica)
2C: É possível tentativa, figurando como exemplo as hipóteses em que o agente, após apoderar-se do bem, é
impedido de empregar violência ou grave ameaça. (Prevalece na doutrina Moderna)

Roubo IMPRÓPRIO / POR APROXIMAÇÃO


§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, A FIM de assegurar a impunidade do crime OU a detenção da coisa para si ou para terceiro.

ATENÇÃO! No roubo impróprio é indispensável o prévio apoderamento da coisa!

O 157, §1º, traz o chamado ROUBO IMPRÓPRIO, também chamado ROUBO POR APROXIMAÇÃO.

Causas de aumento de pena (Majorantes)


§ 2º - A pena aumenta-se de 1/3 até METADE:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de ARMA;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

Qual o critério utilizado para o aumento?


>>Divergência!
1C: A pluralidade de majorantes faz com que o aumento se aproxime do máximo;
2C: A gravidade da majorante orienta o aumento. (Essa segunda corrente está sumulada pelo STJ)
STJ - 443. O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;


É necessário o efetivo emprego da arma ou basta o porte ostensivo para caracterizar essa majorante?
>>Divergência!
1C: É necessário o emprego efetivo da arma, sendo insuficiente o simples portar. (Bitencourt)
2C: É suficiente para a caracterização da majorante que o sujeito ativo porte arma ostensivamente. (LRP / Majoritária)

O que significa a palavra “arma”?


>>Divergência!
1C: Toma a expressão “arma” no sentido próprio/estrito – somente instrumento com finalidade bélica. (Intrepretação
Restritiva)
>>Fundamentos: Art. 22 §2º do Estatuto de Roma – Em caso de ambigüidade a lei será interpretada a favor da pessoa.
2C: Toma a expressão “arma” no sentido impróprio.amplo – é o instrumento com ou sem fim bélico, servindo para o ataque.
(Caso excepcional de Interpretação Extensiva contra o réu) [Prevalece no STF/STJ]
>>Fundamentos: a interpretação extensiva, no caso, garante proteção eficiente e suficiente do Estado.

E a arma de brinquedo?
A súmula 174 do STJ foi cancelada, pois a arma de brinquedo, apesar de gerar o mesmo temor gerado pela arma
verdadeira, jamais transformará o perigo em dano. Portanto, fixou-se o entendimento de que a arma de brinquedo
não autoriza o aumento de pena. Assim, a arma de brinquedo continua configurando roubo, mas NÃO majorado.

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