Contudo, o homicídio culposo, previsto no CP, é de médio potencial ofensivo e admite sursis processual.
Homicídio PRETERDOLOSO?
>>ATENÇÃO!
>>>Trata-se, na realidade, de lesão corporal seguida de morte – art. 129 §3º. Não vai ao Tribunal do Júri.
Trata-se de crime MONOSSUBJETIVO, pois pode ser praticado por pessoa isolada ou associada a outras;
Portanto, é crime de CONCURSO EVENTUAL.
OBS: Magalhães Noronha aponta o Estado tamém como vítima imediata do crime, pois o Estado tem interesse na
conservação da vida humana – que é condição para sua própria existência.
No art. 29 da 7170/83 tem que estar presente a motivação política – trata-se de crime contra a segurança nacional.
Este crime não vai ao Tribunal do Júri pelo fato de não ser considerado doloso contra vida.
TIPO OBJETIVO: Qual é conduta punida? É tirar a vida de alguém – a vida extrauterina.
Trata-se de CRIME DE EXECUÇÃO LIVRE, podendo ser praticado por ação/omissão, meios diretos/indiretos,
meios físicos/morais/psíquicos.
Noronha dá um exemplo de homicídio praticado por meio psíquico – caso da pessoa apoplética: pessoa que faz a
outra rir até a morte.
O tipo não exige finalidade específica animando o comportamento do agente, mas dependendo da finalidade
especial poderá ficar configurado uma qualificadora ou privilegiadora.
STF – 639 – Desclassificação de homicídio doloso para culposo na direção de veículo automotor –Em conclusão, a 1ª Turma
deferiu, por maioria, habeas corpus para desclassificar o delito de homicídio doloso para culposo na direção de veículo
automotor, descrito na revogada redação do art. 302, parágrafo único, V, da Lei 9.503/97 - CTB (“Art. 302. Praticar
homicídio culposo na direção de veículo automotor: ... Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo
automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: ... V - estiver sob a influência de álcool ou substância tóxica
ou entorpecente de efeitos análogos”) — v. Informativo 629. Inicialmente, ressaltou-se que o exame da questão não
demandaria revolvimento do conjunto fático-probatório, mas apenas revaloração jurídica do que descrito nas instâncias
inferiores. Em seguida, consignou-se que a aplicação da TEORIA DA ACTIO LIBERA IN CAUSA somente seria admissível
para justificar a imputação de crime doloso no caso de embriaguez PREORDENADA quando ficasse comprovado que o
agente teria se inebriado com o intuito de praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo, o que não ocorrera na espécie dos
autos. Asseverou-se que, nas hipóteses em que o fato considerado doloso decorresse de mera presunção em virtude de
embriaguez alcoólica eventual, prevaleceria a capitulação do homicídio como culposo na direção de veículo automotor em
detrimento daquela descrita no art. 121 do CP. O Min. Marco Aurélio acrescentou que haveria norma especial a reger a
matéria, com a peculiaridade da causa de aumento decorrente da embriaguez ao volante. Sublinhou que seria contraditória a
prática generalizada de se vislumbrar o dolo eventual em qualquer desastre de veículo automotor com o resultado morte,
porquanto se compreenderia que o autor do crime também submeteria a própria vida a risco. Vencida a Min. Cármen Lúcia,
relatora, que denegava a ordem por reputar que a análise de ocorrência de culpa consciente ou de dolo eventual em processos
de competência do tribunal do júri demandaria aprofundado revolvimento da prova produzida no âmbito da ação penal. HC
107801/SP, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 6.9.2011. (HC-107801)
*Rogério Sanches discorda das posições do STF, afirmando que dependerá sempre do caso concreto.
Apesar do CP dizer “poder”, trata-se de um “poder-dever” do juiz. Assim presentes os requsitos, reconhecidos
pelos jurados, o juiz deve reduzir a pena.
São 03 privilegiadoras:
(1) Cometer o crime impelido por motivo de relevante valor SOCIAL;
>Interesses de toda a COLETIVIDADE (Ex.: Matar o traidor da pátria / Matar perigoso bandido que ronda o bairro);
>O motivo tem que ser relevante.
(3) Cometer o crime sob o domínio de VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta provocação da vítima;
>HOMICÍDIO EMOCIONAL (Ex.: Pai que mata estuprador da filha; Homem que mata amante da esposa).
O “domínio de violenta emoção” significa que tal estado deve ser intenso, absorvente;
>>NÃO se confunde com a “mera influência” que pode caracterizar atenuante de pena – art. 65 do CP;
>>A “mera influência” é leve, passageira e momentânea.
>>Percebe-se que todas as privilegiadoras são subjetivas! Isto é, ligadas aos motivos ou estado
anímico do agente.
ATENÇÃO! A partir do momento que os jurados reconhecem a privilegiadora, esta se torna direito subjetivo do
réu. A discricionariedade do juiz será somente no que tange a quantificação da redução.
ATENÇÃO!
Fazendo uma analogia com o art. 67 do CP, prevalece a doutrina que ensina que o homicídio QUALIFICADO-
PRIVILEGIADO deixa de ser hediondo.
De acordo com STF/STJ, por incompatibilidade axiológica e falta de previsão legal, o homicídio qualificado-
privilegiado NÃO integra o rol de crimes hediondos.
# Motivo Fútil não se confunde com Motivo Injusto: Injusto é elemento integrante do crime.
STJ, 5ª Turma, AgRg no REsp 1113364, j. 21/08/2013: A anterior discussão entre a vítima e o autor do homicídio, por si
só, NÃO afasta a qualificadora do motivo fútil.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou OUTRO MEIO insidioso ou cruel, ou de que
possa resultar perigo comum;
O inciso III também trabalha com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (exemplos seguidos de encerramento genérico).
Veneno é toda substância, biológica ou química, animal, mineral ou vegeral, capaz de perturbar ou destruir as funções
vitais do organismo humano.
Para que se caracterize o Venefício, é imprescindível que a vítima desconheça estar ingerindo a substância letal (Meio
Insidioso).
Se o agente, com uma arma apontada para a cabeça da vítima, a coage dizendo que se ela não tomar o veneno ele a matará
com um tiro na cabeça, não restará configurada esta qualificadora, mas sim a do inciso IV (recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido).
TRAIÇÃO é o ataque desleal, repentino e inesperado (ex.: atirar na vítima pelas costas);
EMBOSCADA pressupõe ocultamento do agente, atacando a vítima com surpresa (ex.: o agente, escondido no jardim de
entrada da casa da vítima, ataca quando esta chegava do serviço).
DISSIMULAÇÃO é o fingimento, desfarçando o agente a sua intenção criminosa (ex.: convida a vítima para jantar,
levando-a para lugar ermo onde ocorre o ataque fatal).
ATENÇÃO! A premeditação NÃO serve como qualificadora, mas pode ser considerada na fixação da pena base
como circunstância judicial desfavorável.
ATENÇÃO! A idade da vítima, POR SI SÓ, NÃO possibilita a aplicação da presente qualificadora, pois constitui
característica da vítima e não recurso procurado pelo agente.
ATENÇÃO! O STF, no HC 95136/PR, decidiu que o DOLO EVENTUAL é incompatível com a qualificadora
deste inciso (IV).
Qual crime pratica o agente que mata para assegurar a execução, a vantagem, a impunidade ou ocultação de uma
CONTRAVENÇÃO PENAL?
>>Poderá responder pelo Homicídio Qualificado por Motivo Torpe ou Fútil, a depender do caso concreto.
CONSEQUENCIAL: o agente mata para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de um crime (PASSADO);
*É o caso do agente que mata a testemunha de um estupro, visando garantir a ocultação do crime e sua
impunidade;
*O crime passado NÃO precisa ter sido praticado pelo agente homicida.
CUIDADO! A conexão meramente OCASIONAL (o agente mata por ocasião de outro crime), sem vínculo finalístico,
NÃO qualifica o homicídio (x.: o agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata).
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo f emini no [Feminicídio] (Incluído pela Lei 13104/ 15)
Segundo Rogério Sanches, a Lei 13.104/15 alterou o art. 121 do CP para nele incluir o “feminicídio”, entendido
como a morte de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, baseada no gênero). A incidência da
qualificadora reclama situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de
poder e submissão, praticada por homem ou mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade.
Femicídio X Feminicídio: o Femicídio consiste na ação de matar uma mulher. Já o Feminicídio, trazido pela
novel lei 13104/15, consiste na supressão da vida humana de uma mulher por razões (motivação) de condições do
sexo feminino. Assim, Matar mulher, na unidade doméstica e familiar (ou em qualquer ambiente ou relação), sem
menosprezo ou discriminação à condição de mulher é FEMICÍDIO. Se a conduta do agente é movida pelo
menosprezo ou discriminação à condição de mulher, aí sim temos FEMINICÍDIO.
Trata-se de penal derivado qualificado que contém um especial fim de agir (crime de intenção).
A lei 13104/15 nada mais é do que a manifestação da LEGISLAÇÃO SIMBÓLICA (leis criadas sem o devido
sopesamento das reais consequências, apenas no intuito de dar uma resposta às fluidas aspirações da sociedade
num determinado momento). Trata-se de uma LEI IDENTIFICATIVA (lei que identifica algum problema social
em determinada coletividade e acaba por positivar a solução para aquele problema) e, como conseqüência disso, é
também uma LEI REATIVA (lei que surge como reação a algum problema emergencial).
CRÍTICA DE NUCCI: interessante é a criação do termo – feminicídio – como se o tipo penal, com seu título
jurídico (homicídio), fosse insuficiente. A interpretação feita, de longa data, pela doutrina penal, acerca do
homicídio, sempre se cingiu à morte de um ser humano – e não de um homem, pessoa do sexto masculino, até
porque o tipo é descrito comomatar alguém. Este alguém é homem ou mulher. Em breve, haveremos de criar o
idosicídio, o criancicídio (infanticídio não vale, pois envolve somente recém-nascidos), o adolescenticídio, dentre
outros. O homicídio deverá desaparecer para dar lugar a vários tipos penais qualificados ou até desmembrados do
art. 121.
ATENÇÃO! Esta nova qualificadora, na prática, elimina a agravante do crime contra mulher (art. 61, II, f, CP)
para a eliminação da vida.
§ 2º-A - Considera-se que há razões de condição de sexo f eminino quando o cri me envolve:
I - violência doméstica e familiar
II - menosprezo ou discriminação à condição de mul her.
(Incluído pela Lei 13104/15)
O inciso I refere-se a violência doméstica e familiar prevista no art. 129 §9º do CP ou do art. 5º da lei
11340/06?
>>Fazendo uma interpretação literal, pode-se dizer que se refere ao art. 129 §9º.
>>Contudo, fazendo uma interpretação sistemática e teleológica, aplica-se o conceito do art.5º da lei 11340/06.
Homicídio culposo
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Ocorre homicídio culposo quando o agente, com manifesta imprudência, negligência ou imperícia deixa de empregar
atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou
previsível (culpa inconsciente), porém jamais aceito ou querido.
Para Mirabete é possível a prática de um crime culposo violando as 03 formas de dever de cuidado!
ATENÇÃO! O homicídio culposo na direção de veículo automotor configura o art. 302 do CTB.
*Prevalece que o desvalor da conduta no trânsito justifica a diferença de tratamento, pois a negligência é mais perigosa,
sendo tal diferença constitucional.
Sendo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
- contra pessoa menor de 14 (quatorze)
- ou maior de 60 (sessenta) anos.
CUIDADO! Não incide o art. 135 do CP, evitando, assim, o bis in idem.
De acordo com o STF, se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz concluindo pela
inutilidade da ajuda, não elide a majorante do art. 121 §4º.
A minoria, no entanto, questiona sua constitucionalidade, pois acaba obrigando o agente a produzir prova contra si
mesmo.
Para incidir o aumento o agente tem que saber a idade da vítima, evitando-se, dessa forma, responsabilidade objetiva.
Perdão Judicial
§ 5º - Na hipótese de homicídio CULPOSO, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico e antijurídico por um sujeito
comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador
cabível, levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem para o evento.
*Contudo, Rogério Sanches discorda de Capez e afirma que o perdão NÃO cabe na fase do IP, jamais! Como o
perdão implica o reconhecimento de culpa, é necessário o devido processo legal!
STJ -18: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, NÃO subsistindo
qualquer efeito condenatório.
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for praticado por MILÍCIA PRIVADA, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por GRUPO DE EXTERMÍNIO.(Lei nº 12.720 de 27.09.12)
A lei 12720/12 também criou o crime do art. 288-A (Constituição de milícia privada).
*Milícia Privada: grupo armado de pessoas tendo como finalidade devolver a seguranca retirada das comunidades mais
carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes coupam determinado espaço territorial. A proteção
oferecida nesse espaço ignora o monopólio estatal de controle social, valendo-se de violência ou grave ameaça.
*Grupo de Extermínio: reunião de pessoas, matadores, justiceiros que atuam na ausenca ou leniência do Poder Público,
tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente etiquetadas como marginais ou perigosas.
Quando um grupo de extermínio promove a matança, os agentes respondem somente por homicídio majorado (art.
121 §6º) ou respondem em concurso com o delito de formação de grupo de extermínio (arts. 121 §6º + 288-A)?
1ªC: o agente somente deve responder pelo artigo 121 §6º do CP, evitando o bis in idem (Bitencourt);
2ªC: o agente responde pelos dois crimes em concurso material, pois são infrações autônomas e independentes, protegendo
bens jurídicos diversos! Não configurando, portanto, bis in idem. (Tendência a prevalecer) (Ex.: O STF admite o
concurso entre o art. 288 e o art. 157 qualificado pelo concurso de pessoas).
§7º. A pena do f emini cídio é aumentada de 1/3 até a metade se o crime f or prat icado:
I durante a gestação ou nos 03 meses posteriores ao parto;
II contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência
III na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
(Incluído pela Lei 13104/15)
No inciso I não incidirá a agravante do art. 61, II, alínea H e F, sob pena de bis in idem.
No inciso II não incidirá a agravante do art. 61, II, alínea F, sob pena de bis in idem. Também não incidirá a
majorante da segunda parte do parágrafo 4º do art. 121.
Quando se inicia o parto (termo inicial do prazo de 3 meses configurador da causa de aumento)?
>>A doutrina é divergente.
1ªC: FERNANDO CAPEZ, ao tratar do tema, cita alguns posicionamentos:“Alfredo Molinario entende que o
nascimento é o completo e total desprendimento do feto das entranhas maternas. Para Soler, inicia-se desde
as dores do parto. Para E. Magalhães Noronha, mesmo não tendo havido desprendimento das entranhas
maternas, já se pode falar em início do nascimento, com a dilatação do colo do útero.”
2ªC: Na lição de LUIZ REGIS PRADO: “Infere-se daí que o crime de homicídio tem como limite mínimo o
começo do nascimento, marcado pelo início das contrações expulsivas. Nas hipóteses em que o nascimento não se
produz espontaneamente, pelas contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o
começo do nascimento é determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante,
nas hipóteses em que as contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é
sinalizado pela execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea)”.
A expressão “deficiência” disposta no inciso II abrange qualquer tipo de deficiência (física ou mental).
Levando em conta uma interpretação restritiva, Habib entende que a expressão “na presença” do inciso III se
refere a “presença física”. Contudo, por ser uma lei nova, ele faz uma ressalta para possíveis interpretações que
podem ser feitas no sentido de uma “presença virtual”.
De acordo com Rogério Sanches, ao exigir que o comportamento criminoso ocorra na “presença”, parece
dispensável que o descendente ou o ascendente da vítima esteja no local da agressão, bastando que esse familiar
esteja vendo (ex: por skype) ou ouvindo (ex: por telefone) a ação criminosa do agente.
Parece óbvio que, para a incidência das circunstâncias majorantes enunciadas nos incs. I, II e III, o agressor (ou
agressora) delas tenha conhecimento, evitando-se responsabilidade penal objetiva.
Reconhecido o privilégio pelos senhores jurados (ex: domínio de violenta emoção), pode o juiz quesitar
(perguntar) o feminicídio?
É sabido que, apesar da sua posição topográfica, mostra-se perfeitamente possível a coexistência das
circunstâncias privilegiadoras (§ 1º do art. 121), todas de natureza subjetiva, com qualificadoras de natureza
objetiva (§ 2º, III e IV). Nesse sentido, aliás, é firme a jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores.
O STF, a propósito, já decidiu: “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da
possibilidade de homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias
do caso. Noutro dizer, tratando-se de qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), é
possível o reconhecimento do privilégio (sempre de natureza subjetiva)”7.
O STJ, da mesma forma: “Admite-se a figura do homicídio privilegiado-qualificado, sendo fundamental, no
particular, a natureza das circunstâncias. Não há incompatibilidade entre circunstâncias subjetivas e objetivas,
pelo que o motivo de relevante valor moral não constitui empeço a que incida a qualificadora da surpresa” (RT
680/406).
Diante desse quadro preliminar, a qualificadora do feminicídio é subjetiva, incompatível com o privilégio,
ou objetiva, coexistindo com a forma privilegiada do crime?
É claramente subjetiva, pressupondo motivação especial, qual seja, o menosprezo ou a discriminação à condição
de mulher. Em resumo: reconhecendo o Conselho de Sentença a forma privilegiada do crime, fica afastada,
automaticamente, a tese do feminicídio.
Aumento de pena
Parágrafo único - A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Trata-se de infração penal de grande potencial ofensivo, não admitindo transação penal e nenhuma medida
despenalizadora.
O art. 123 é uma forma especial de homicídio. Também é chamada de “homicídio privilegiado”, isto é, privilegiado pelo
estado puerperal. Tal artigo possui especializantes que são circunstâncias ou elementares que tornam o crime especial em
relação a outros.
Trata-se de delito BIPRÓPRIO, pois exige qualidade especial tanto do sujeito ativo quanto do passivo.
Mãe, em estado puerperal, pensa estar matando seu filho, mas na realidade mata filho de outrem. Qual crime?
>>Nesse caso, aplica-se o art. 20 §3º do CP, devendo-se, assim, considerar as características da vítima virtual,
respondendo a mãe por infanticídio.
Elemento Cronológico: A ação deve ocorrer durante ou logo após o parto. Caso cometido antes do parto, restará
configurado aborto. Se cometido depois do parto, ficará configurado homicídio.
CUIDADO! NÃO basta a presença do estado puerperal. É preciso que haja uma relação de causa e efeito entre tal estado e
o crime, pois nem sempre ele produz perturbações psíquicas na parturiente! (Exposição de Motivos do CP)
PUERPÉRIO é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez.
Qual crime pratica a parturiente que, sob influência do estado puerperal, culposamente mata o neonato?
1C: Fato atípico. A mulher, sob influência do estado puerperal, perde a prudência esperada, sendo inviável a caracterização
da culpa. (Damásio)
2C: O estado puerperal não retira da parturiente o dever de cuidado objetivo, respondendo por homicídio culposo.
(Bitencourtt) [Prevalece].
ATENÇÃO! NÃO existe perdão judicial para essa mãe! Se não há previsão legal, não há como aplicar o perdão!
ABORTO
O correto é aborto ou abortamento?
1C: São termos sinônimos.
2C: Aborto é o resultado. Abortamento é a conduta criminosa.
Como o aborto é crime doloso contra a vida, todas as suas modalidades irão para o Tribunal do Júri.
A gestante consente ou pratica nela Não há o consentimento da gestante. Há o consentimento válido da gestante
mesma o aborto. – respondendo ela pelo art. 124.
AUTO ABORTO.
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo.
Como a pena mínima é de 01 ano, ele admite suspensão condicional do processo.
Como a máxima é de 03 anos, em regra não admite preventiva para a gestante primária (art. 313, I, CPP).
SA: Gestante.
É crime próprio ou de mão própria?
1ªC: Mão própria (Bitencourt) – prevalece;
2ªC: Próprio (LRP) – nesse caso, o executor responderá pelo art. 126.
SP: Há divergência!
1ªC: É apenas o Estado, pois o feto não é titular de direitos, salvo aqueles expressamente previstos na lei civil.
2ªC: É o feto.
Para essa 2ªC, sendo a gravidez de gêmeos, o aborto gerará concurso formal impróprio [Prevalece].
Namorado que induz a namorada a praticar aborto, transportando a gestante até a clínica clandestina – Qual
crime?
>>Partícipe do art. 124 do CP.
Namorado que, depois de induz a namorada a praticar aborto, paga profissional para interromper a gravidez –
Qual crime?
>>Partícipe do art. 126 do CP (apesar de ter concorrido para os dois crimes – art. 124 e 126 – ele será considerado
partícipe do crime mais grave.
Mulher, imaginando-se grávida (gravidez psicológica), toma remédio abortivo – Qual crime?
>>Trata-se de crime impossível (delito putativo por erro de tipo).
Hungria exemplifica o dolo eventual: Mulher, sabendo-se grávida, tenta o suicídio, gerando o abortamento.
CONSUMAÇÃO: É CRIME MATERIAL que se consuma com a destruição do produto da concepção (morte do feto).
Admite tentativa.
ATENÇÃO! Não importa se a morte do feto ocorreu dentro ou fora do ventre materno, desde que decorrente das
manobras abortivas. Contudo, se após as manobras abortivas o feto nasce com vida, a nova execução recairá sobre vida
extrauterina, caracterizando homicídio (ou infanticídio, se presente os requisitos legais). Nesse caso, a tentativa de aborto
fica absorvida de acordo com a maioria.
E se a gestante toma medicamento para acelerar o parto com o fim de adquirir direitos no âmbito civil?
>>Se o feto nasce com vida, não restará configurado crime.
>>Se o feto nasce sem vida, haverá duas situações:
1) A gestante não quis nem assumiu o risco do aborto: fato atípico;
2) A gestante assumiu o risco do aborto: art. 124 (dolo eventual).
SP: Delito de dupla subjetivade passiva (crime que necessariamente possui duas vítimas)!
1ª vítima é a gestante – que não consentiu com o abortamento;
2ª vítima é o feto.
Jurisprudência: “Quem desfere violento ponta-pé no ventre de mulher sabidamente grávida, pratica o crime de
aborto (ainda que a título de dolo eventual)”.
Matar mulher que sabe estar grávida configura qual (quais) crime (crimes)?
>>Homicídio da gestante (art. 121 / dolo direto) + Abortamento sem consentimento da gestante (art. 125 / dolo eventual)
em concurso formal impróprio – desígnios autônomos (as penas serão somadas).
CONSUMAÇÃO: É crime material que se consuma com a destruição do produto da concepção (morte do feto).
Admite tentativa (crime plurissubsistente – a sua execução admite fracionamento em vários atos).
A gestante, despois de consentir, se arrende e manda o terceiro provocador interromper as manobras abortivas. O
terceiro provocador não obedece, executando a morte do feto – qual crime?
>>Terceiro provocador responderá pelo art. 125.
>>A gestante responderá pelo art. 124, pois o seu arrependimento não foi eficaz, servindo, portanto, no máximo, como
uma atenuante inominada de pena.
O namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até “fulano”, médico, para
realizar o abortamento. Quais crimes são praticados?
>>A namorada: art. 124.
>>O médico: art. 126.
>>O namorado: art. 124, como partícipe (ele foi acessório da conduta da namorada).
O namorado convence a namorada a interromper a gravidez. Conduz a namorada até “fulano”, médico, para
realizar o abortamento. O namorado paga R$1000,00 para o ‘fulano” realizar o procedimento. Quais crimes são
praticados?
>>A namorada: art. 124.
>>O médico: art. 126.
>>O namorado: art. 126 (ele concorreu para o comportamento da namorada e do médico).
>>e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas (em conseqüência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo), lhe sobrevém a morte.
Apesar de estar escrito “forma qualificada”, o art. 127 traz, na realidade, causas de aumento de pena (majorantes).
Esta majorante jamais alcançará o art. 124! Um dos fundamentos para tal dispositivo é que o Direito Penal não pune a
autolesão.
Vale ressaltar que o partícipe do art. 124 também não será alcançando por essa majorante. Essa majorante é específica para
os terceiros provocadores e para aqueles que concorrem para a conduta do terceiro provocador.
O que significa “se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo...”?
>>Significa que a aplicação da causa de aumento DISPENSA a consumação do aborto.
A gestante, durante o processo de abortamento realizado por terceiro, morre, mas o feto nasce com vida. Qual crime
pratic o terceiro (sabendo que não quis nem aceitou a morte da gestante)?
>>Divergência!
1C: Aborto Majorado (Qualificado) CONSUMADO – art. 127. O fundamento dessa corrente é que crime
preterdoloso não admite tentativa. Aplica o mesmo raciocínio da súmula 610 do STF (Há crime de latrocíncio
[aborto majorado], quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da
vítima [ainda que não reste consumado o aborto]. [Capez]
2C: Aborto Majorado (Qualificado) TENTADO – Art. 127 c/c Art. 14, II. O fundamento dessa corrente é que o
crime preterdoloso admite tentantiva quando a parte frustrada do crime for a dolosa (aborto>dolo e
morte>culpa). [Predomina na doutrina – Frederico Marques, Mirabete, Hungria].
ATENÇÃO! Se adotada a tese da tipicidade conglobante, o art. 128, II, excluirá a tipicidade penal!
E se for praticado por agente que não seja médico – qual crime?
>>Poderá alegar estado de necessidade de terceiro (art. 24 do CP)
ATENÇÃO!
>>>É dispensável o consentimento da gestante!
>>>Também não é necessário autorização judicial.
E se for praticado por agente que não seja médico – qual crime?
>>O terceiro provocador responderá pelo crime!
E se for praticado pela prórpia gestante que não seja médico – qual crime?
>>Nesse caso, existe doutrina admitindo a tese da inexibilidade de conduta diversa (excluindo a culpabilidade).
ATENÇÃO! O art. 128, II, também NÃO requer autorização judicial. Contudo, o médico deve ser o mais formalista
possível para se resguardar. O STF já chegou a exigir Boletim de Ocorrência do Estupro para que fosse realizado este tipo
de abortamento.
_____
Resumo do conceito: anencefalia significa má-formação (total ou parcial) do cérebro ou da calota craniana.
A jurisprudência permitia essa modalidade de abortamento, mas não apontava sua natureza jurídica. Qual sua
natureza jurídica?
>>O STF, na ADPF 54, considerou que o fato não é formalmente típico. Assim, para o Supremo não há que se aplicar o
art. 128 do CP, pois o fato carece de tipicidade penal haja vista que o feto anencéfalo não tem vida intrauterina, pois vida
pressupõe atividade cerebral o que o anencéfalo não possui. Assim, como base nos princípios da dignidade da pessoa
humana, legalidade, liberdade e autonomia da vontade, o STF reconheceu, implicitamente, a aticidade da conduta pó
ausência de viabilidade da vida extrauterina. Diante dessa decisão, o CFM (Consellho Federal de Medicina) regulamentou
o procedimento.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
BEM JURÍDICO TUTELADO: Incolumidade pessoal do indivíduo. De acordo com a exposição de motivos do CP,
protege-se a saúde (01) corporal, (02) fisiológica e (03) mental.
ATENÇÃO! No art. 129 § 1º, IV (aceleração do parto) e art. 129 §2º, V (aborto) o sujeito passivo será a GESTANTE
(mulher grávida).
Se um inimputável, incapaz de querer ou entender, por determinação de outrem, praticar em si mesmo uma lesão,
quem o conduziu à autolesão responderá por qual crime?
>>Responderá por lesão corporal (art. 129) na condição de autor mediato. No caso, a incapacidade é considerada uma
arma utilizada pelo agente.
TIPO OBJETIVO: O que significa Lesão Corporal? >> O tipo é ofender, direta ou indiretamente, a incolumidade pessoal
de outrem.
Transsexual que realiza a cirurgia de troca de sexo com um médico que não está autorizado para tanto – qual
crime?
>>O consentimento do ofendido não excluirá o crime, pois trata-se de lesão grave ou gravíssima, e o médico não estava
autorizado para tanto.
CONSUMAÇÃO: É crime material que se consuma com a ofensa à incolumidade pessoal da vítima.
Lesão corporal
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Conceito de Lesão Leve: tal conceito é formulado por exclusão, isto é, se a lesão não é grave, gravíssima ou seguida de
morte, ela será leve.
Existe doutrina, Pierangeli, que aplica à lesão corporal leve o princípio da insignificância (ex.: simples arranhaduras);
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, pois apesar de não admitir transação penal, é possível suspensão
condicional do processo.
Em virtude da lesão a vítima fica com o olho roxo. Por vergonha, deixa de trabalhar por 30 dias. Resta configurada
a qualificadora?
>>Não. A relutância, por vergonha, de praticar as ocupações habituais não qualifica o crime.
De acordo com art. 168 §2º do CPP, para que se configure a qualificadora será necessário que se realize exame
complementar logo que decorra 30 dias da data do crime. Dessa forma, é feito um 1º exame onde se constata a
incapacidade para as ocupações habituais. Após, é feito um 2º exame, complementar, para constatar a permanência da
incapacidade. Esse 2º exame deve ser realizado logo após o prazo de 30 dias – contado da data do crime (esse prazo é
penal – computa-se o dia do início e exclui-se o dia do fim).
Não sendo possível realizar tal exame complementar, é possível que ele seja suprido por prova testemunhal.
II - perigo de vida;
ATENÇÃO! Essa qualificadora só admite o PRETERDOLO!
Assim, se o agressor considerou a possibilidade de matar a vítima, teremos homicídio tentado.
CUIDADO! A região da lesão não justifica, por si só, a presunção do perigo, sendo imprescindível a perícia.
Se a debilidade puder ser atenuada, reduzida ou até desaparecer com o uso de prótese. Permanece a qualificadora?
>>SIM, pois não importa que o enfraquecimento possa se atenuar ou se reduzir com aparelhos de prótese.
IV - aceleração de parto;
ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.
Para evitar responsabilidade penal objetiva, é indispensável que ao gente saiba ou pudesse saber que a vítima era gestante.
Trata-se de infração de GRANDE potencial ofensivo, não admitindo sequer suspensão condicional do processo.
ATENÇÃO! A expressão “GRAVÍSSIMA” não está na lei. A lei considera grave tanto o §1º quanto a do §2º. A doutrina
que criou a expressão “natureza gravíssima” foi a doutrina. Ressalte-se que a lei de tortura (art. 1º, §3º, da lei 9455/97)
adotou essa expressão.
II - enfermidade incurável;
O que se entende por “enfermidade incurável”?
>>Entende-se por enfermidade incurável a alteração permanente da saúde, a provocação de uma doença para a qual não
existe cura no estágio atual da medicina. (exemplo: transmissão intencional de doença de chagas; deixar a vítima manca
em virtude da lesão).
>>O STF, analisando comportamento do agente que omitiu da parceira ser portador do vírus HIV, desclassificou a
tentativa de homicídio para o crime de perigo de contágio de moléstia grave previsto no art. 131 do CP.
ATENÇÃO! No caso de órgãos duplos, a lesão, para ser gravíssima, deve atingir ambos os órgãos, sob pena de se
classficar como lesão grave por debilidade permanente.
A impotência generendi (em ambos sexos) e a impotência coeundi caracterizam a presente qualificadora.
IV - deformidade permanente;
ATENÇÃO! O resultado qualificador pode ser doloso ou culposo.
De acordo com Nelson Hungria, a idade, o sexo e a condição social da vítima devem ser tomados em consideração no
apreciar da deformidade.
CUIDADO! Não se pode exigir que a vítima procure cirurgia para encobrir os ferimentos. Contudo, optando pela cirurgia
plástica, fica afastada a qualificadora. Segundo alguns autores, tal cirurgia autoriza inclusive revisão criminal.
O Brasil não limita esta qualificadora a determinada parte do corpo. Basta que a lesão seja aparente, mesmo que em
situações de intimidade.
V – aborto;
ATENÇÃO! Este resultado qualificador é necessariamente preterdoloso.
É indispensável que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima é mulher grávida, sob pena de configurar
responsabilidade objetiva.
Coexistência de Qualificadoras
Exemplo: Lesão provoca incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (§1º, I – Pena de 01 a 05 anos) e
deformidade permanente (§2º, IV – Pena de 02 a 08 anos).
>>Deve-se aplicar a qualificadora mais grave e considerar a mais leve na fixação da pena base – conforme art. 59 do CP.
Elementos do crime:
a) Conduta dolosa, buscando ofender a incolumidade pessoal da vítima;
b) Resultado culposo mais grave;
c) Nexo entre a conduta e o resultado;
CUIDADO!
(01) O caso fortuito, ou a imprevisibilidade do resultado, elimina a configuração do crime preterdoloso, respondendo o
agente somente por lesões corporais.
(02) Se o antecedente doloso consiste numa simples vias de fato (contravenção penal), o evento morte caracteriza
homicídio culposo, ficando a contravenção absorvida. (ex.: dar empurrão e a pessoa cair, bater a cabeça e morrer).
ATENÇÃO! O privilégio é aplicado ao caput e aos §§1º, 2º, 3º, sendo portanto, aplicado até nas figuras qualificadas.
Substituição da pena
§ 5º - O juiz, NÃO sendo GRAVES as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Essa substituição só é aplicável ao caput do art. 129, tendo em vista que diz “não sendo graves as lesões”.
Assim, a substituição da pena será aplicável somente ao art. 129, caput, e em 02 hipóteses:
- Lesão Corporal Privilegiada (art. 129 §4º);
- Lesões Corporais Recíprocas.
Diferente da lesão dolosa, onde o grau da lesão muda o tipo do crime (§1º, §2º ou §3º), na lesão culposa o grau de lesão
serão consideradas apenas na pena base, ficando sempre tipificado o crime no art. 129 §6º.
CUIDADO! A lesão culposa na direção de veículo automotor caracteriza o artigo 303 do CTB – Lei 9503/97.
Aumento de pena
§ 7º - Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.
§ 4º No homicídio CULPOSO, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.(Lei nº 12.720 de 27.09.12)
Violência Doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3.
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de 1/3 se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência.
ATENÇÃO! Nos §§9º, 10 e 11 a vítima não precisa ser mulher, bastando o agente praticar o crime contra:
a) Ascedente, descente ou irmão;
b) Cônjuge ou companheiro;
c) Com quem conviva ou tenha convivido;
d) Prevalecendo-se das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade.
(FCC 2011) No crime de lesão corporal praticado no contexto de violência doméstic, NÃO incide a agravante de o
crime ser cometido contra cônjuge, se a ofendida é casada com o autor.
OBS: Mesmo na hipótese de lesão leve, tratando-se de violência doméstica e familiar contra a mulher, decidiu o STF, no
controle concentrado de constitucionalidade, que a ação penal é pública INCONDICIONADA, pois a lei 11340/06 veda a
aplicação da lei 9099/95.
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
natureza, em desacordo com as normas legais.
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de 1/3:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Omissão de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza
grave, e triplicada, se resulta a morte.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal
de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
CONCEITO de Rixa: Trata-se de briga perigosa entre mais de 02 pessoas, agindo cada uma por sua conta e risco,
acompanhada de vias de fato ou violências recíprocas.
O crime de rixa é plurissubjetivo (de concurso necessário), pois necessita de no mínimo 03 pessoas.
É um crime plurissubjetivo de condutas contrapostas ou divergentes (os agentes atuam uns contra os outros).
OBS.: Eventuais inimputáveis, ou briguentos não identificados, são computados no número mínimo de 03.
SP: Os próprios briguentos, bem como eventuais terceiros atingidos pela luta, são os ofendidos.
Para Rogério Greco, a rixa é um caso excepcional em que a pessoa é sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo!
TIPO OBJETIVO: O art. 137 pune qual comportamento? >>Pune a participação em rixa.
Rixa Qualificada
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza GRAVE, aplica-se, pelo fato da participação
na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
QUESTÃO 01: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa D sofre uma lesão grave. O autor da lesão grave não
foi identificado. Qual o crime das pessoas envolvidas?
>>Todos responderão por Rixa Qualificada, pois a rixa gerou maior perigo e todos os briguentos concorreram para este
maior perigo, inclusive a pessoa D que sofreu a lesão grave. Assim, alguns autores pregam que a Rixa Qualificada é um
resquício da responsabilidade penal objetiva.
QUESTÃO 02: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa D morre. A pessoa C foi identificada autor do
homicídio. Qual o crime das pessoas envolvidas?
>>A e B responderão por Rixa Qualificada.
>>Com relação a pessoa C, existe divergência:
1C: Responderá por Rixa Qualificada (a briga foi mais perigosa) em concurso material com homicídio. [Prevalece]
2C: Responderá por Rixa Simples em concurso material com homicídio (evitando-se bis in idem).
QUESTÃO 03: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa C abandona a rixa as 19 horas. Depois que C
abandonou a rixa, a pessoa D sofre lesão grave as 19h e 05m. A pessoa B foi identificada autor da lesão grave. Qual
o crime das pessoas envolvidas?
>>A: Rixa Qualificada;
>>B: Rixa Qualificada + Lesão Corporal (art. 129 §1º ou 2º a depender do caso);
>>C: Rixa Qualificada (pois de qualquer modo concorreu para a briga ficar mais perigosa);
>>D: Rixa Qualificada;
QUESTÃO 04: Em uma rixa envolvendo A, B, C e D, a pessoa C sofre lesão grave às 19 horas. As 19 h e 05m, a
pessoa D abandona a rixa, e a pessoa E entra em seu lugar. Não foi identificado o autor da lesão. Qual o crime das
pessoas envolvidas?
>>A: Rixa Qualificada;
>>B: Rixa Qualificada;
>>C: Rixa Qualificada;
>>D: Rixa Qualificada;
>>E: Rixa Simples, pois não concorreu de qualquer modo para a briga ficar mais perigosa e gerar a lesão em C.
ATENÇÃO! O art. 41-B do Estatuto do Torcedor (lei 10671/03) traz uma modalidade específica de rixa.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente (DETERMINADO) fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
ATENÇÃO! Determinadas pessoas, em razão das funções, são invioláveis nas suas opiniões e palavras, ou seja, são
imunes, não praticam calúnia. Exemplo: Parlamentares.
A autocalúnia é crime?
>>Pode caracterizar o delito de Autoacusação Falsa – art. 341 – crime contra a Administração da Justiça.
A calúnia contra Presidente da RFB, da Câmara dos Deputados, Senado e STF será regida pela lei de Segurança Nacional.
CONDUTA: imputar determinado fato definido como crime, mas sabidamente falso.
CUIDADO! Imputar contravenção penal, apesar de ofensivo a honra objetiva, caracteriza difamação.
Trata-se de crime de execução livre (pode ser praticado por gestos, palavras, escritos, etc).
Pergunta: Caluniar é atribuir a alguém crime que nunca existiu ou é atribuir a alguém um crime que existiu, mas
que eu sei que a pessoa não foi autora?
>>Haverá calúnia quando o fato imputado jamais ocorreu (falsidade que recai sobre o fato) ou, quando real o
acontecimento, mas não foi a pessoa apontada seu real autor (falsidade que recai sobre a autoria do fato).
ATENÇÃO! A calúnia, concorrendo com a denunciação caluniosa, é por esta absorvida. (Jurisprudência) (CESPE 2012)
NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
a) Animus Jocandi (intenção de brincar);
b) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
c) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
d) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
e) Animus Defendendi (defender direito);
CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no momento em que terceira pessoa toma conhecimento da imputação criminosa
contra a vítima.
ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à reputação da vítima (basta a potencialidade lesiva).
Na calúnia admite-se o querelado (réu), como meio de defesa, fazer prova da verdade (exceção da verdade) da imputação
feita ao querelante.
Qual a consequência da procedência da exceção da verdade (que corre em autos apartados – em apenso)?
>>Absolvição do crime de calúnia com fundamento na atipicidade do fato.
(CESPE 2013) A lei penal prevê a impossibilidade de arguição da exceção da verdade no crime de calúnia se o fato
imputado for crime de ação privada e o ofendido não tiver sido condenado por sentença irrecorrível.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (Presidente da RFB ou Chefe de Governo Estrangeiro);
Exemplo: Aldo caluniou Beto que é Presidente da RFB ou Chefe de Governo Estrangeiro. Beto ajuíza a inicial contra
Aldo. Aldo pode fazer uso da prova/exceção da verdade?
>>Razões políticas e diplomáticas fundamentam a vedação da prova da verdade.
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Exemplo: Aldo imputou a Beto a prática de crime de roubo contra Carlos. Porém, Beto já foi absolvido desse crime. Beto
propõe queixa-crime contra Aldo. Aldo poderá fazer o uso da exceção da verdade, ou seja, fazer prova de que Beto roubou
Carlos?
>>Proclamada a absolvição do réu, deve ser reconhecida a autoridade da coisa julgada, NÃO sendo, portanto, possível a
exceção da verdade.
ATENÇÃO! Existe minoria lecionando que, sendo a prova/exceção da verdade meio de defesa, as hipóteses que proíbem
esse meio não foram recepcionadas pelo princípio constitucional da ampla defesa.
ATENÇÃO! O art. 523 do CPP permite a EXCEÇÃO DA NOTORIEDADE que é diferente da exceção da verdade.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe (DETERMINADO) fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
ATENÇÃO! Advogado tem imunidade profissional na difamação (art. 7º, §2º, do EAOAB).
ATENÇÃO! O art. 139 do CP não contém a previsão de “propalar ou divulgar a difamação”, como faz o art. 138. De
acordo com a maioria da doutrina, a omissão não significa que o fato é atípico. Assim, todo aquele que propala ou divulga
fato desonroso acaba também por praticar (nova) difamação.
TIPO SUBJETIVO: O delito é punido a título de dolo, sendo imprescindível a intenção de ofender a reputação (honra
objetiva), ou seja, é imprescindível o animus difamandi.
NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
f) Animus Jocandi (intenção de brincar);
g) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
h) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
i) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
j) Animus Defendendi (defender direito);
CONSUMAÇÃO: consuma-se o crime no momento em que terceira pessoa toma conhecimento da imputação criminosa
contra a vítima.
ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à reputação da vítima (basta a potencialidade lesiva).
Diferentemente do crime de calúnia onde a regra é a prova da verdade, no crime de difamação a exceção da verdade é a
exceção.
Assim, a exceção da verdade no crime de difamação só é possível quando a ofensa for dirigida contra o funcionário
público, mantendo nexo com o exercício de suas funções (se fora das funções, não admite exceção da verdade).
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
A autoinjúria é crime?
>>Em regra não existe o delito de autoinjúria, salvo quando a expressão ultrassa a órbita da personalidade do indivíduo
(ex.: sou filho de meretriz).
ATENÇÃO! Vale lembrar que os detentores de imunidade material não praticam injuria.
ATENÇÃO! Advogado tem imunidade quanto a injúria! O causídico só não tem imunidade na calúnia!
SP: crime comum – qualquer pessoa capaz de compreender a ofensa contra ela proferida pode ser vítima do crime.
CUIDADO! Se a vítima não tem capacidade de entender que está sendo ofendida em sua dignidade ou decoro,
não haverá o crime. (ex.: chamar criança de acéfalo).
ATENÇÃO! É possível injuriar a honra de pessoa viva denegrindo imagem dos mortos (ex.: dizer que a falecida era
cafetina das filhas).
TIPO SUBJETIVO: O delito é punido a título de dolo, sendo imprescindível o animus injuriandi.
NÃO configuram o crime, por ausência de animus de ofender a honra, as seguintes hipóteses:
a) Animus Jocandi (intenção de brincar);
b) Animus Consulendi (espírito de aconselhamento);
c) Animus Narrandi (narrar fato, próprio da testemunha);
d) Animus Corrigendi (intenção de corrigir);
e) Animus Defendendi (defender direito);
ATENÇÃO! Trata-se de crime formal, dispensando efetivo dano à dignidade ou decoro da vítima (basta a potencialidade
lesiva).
Exceção da verdade
CALÚNIA DIFAMAÇÃO INJÚRIA
Admite exceção da verdade. Admite exceção da verdade. NÃO admite exceção da verdade
Admite prova da notoriedade. ( mas somente na ofensa contra funcionário NEM da notoriedade.
público relativa ao exercício de suas funções.)
Admite prova da notoriedade.
Perdão JUDICIAL
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a INJÚRIA;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra INJÚRIA.
ATENÇÃO! Não confundir o Perdão JUDICIAL (cabível) com o perdão do ofendido (art. 106 do CPP)!
Injúria REAL
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem AVILTANTES:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
O §2º traz a chamada injúria REAL. O meio utilizado é a violência/vias de fato sendo o fim almejado a ofensa a honra
subjetiva.
Segundo Hungria, na Injúria REAL “atinge-se mais que o corpo, é atingida a alma.”
OBS: Havendo violência, a pena da injúria real é somada com a pena do crime contra a pessoa (lesão coporal, por
exemplo). De acordo com a maioria da doutrina, configura-se o concurso MATERIAL de delitos.
O §3º é o único crime contra a honra que é de médio potencial ofensivo, sendo, portanto, processado no juízo comum.
Existe doutrina que chama a injúria qualificada pelo preconceito de “Racismo Impróprio”.
A retorsão mediante injúria preconceito, de acordo com a maioria, NÃO permite o perdão judicial do art. 140 §1º, uma vez
que o preconceito manifestado não se reveste de simples injúria, tratando-se de violação muito mais séria à honra e a uma
das metas fundamentais do Estado Democrático de Direito (proteger a dignidade da pessoa humana).
(CESPE 2011) Se a injúria consistir na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou à
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, aumenta-se a pena de metade
O Art. 141 traz causas de aumento de pena – majorantes aplicáveis a qualquer crime contra a honra.
III - na presença de várias pessoas, OU por meio que facilite a divulgação da calúnia, difamação ou injúria.
>>O que se entende por “várias pessoas”?
1C: Mínimo de 03 pessoas (Hungria) [Prevalece];
2C: Mínimo de 02 pessoas (Bento de Faria).
>>ATENÇÃO! Não se computam no número mínimo de pessoas o autor, coautor, partícipes e pessoas que não
puderem compreender o caráter desonroso da comunicação.
>>ATENÇÃO! Com a não recepção da lei de imprensa, os crimes por meio da imprensa sofrem a presente causa
de aumento!
IV – contra pessoa MAIOR de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúri a
>>É imprescindível que o agente saiba que a vítima é pessoa maior de 60 anos ou portador de deficiência, isto é,
o dolo do agente deve abranger estas condições, sob pena de responsabilidade objetiva.
(CESPE 2011) As penas cominadas aos delitos de calúnia, difamação e injúria aumentam-se de 1/3, se qualquer
dos crimes for cometido contra pessoa maior de 60 anos de idade ou portadora de deficiência.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
dobro.
O parágrafo único traz hipótese do se chama de “Ofensa Mercenária” (Paulo José da Costa Jr.).
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
>>Este inciso traz a imunidade judiciária.
(CESPE 2012) A causa de exclusão de crime abrange a calúnia, a difamação e a injúria irrogadas em juízo, na
discussão da causa, pela parte ou seu procurador, incluindo-se órgão do MP.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, SALVO quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
>>Imunidade literária, artístitca ou científica
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de
dever do ofício.
>>Imunidade Funcional
OBS: De acordo com o parágrafo único, nas imunidades judiciária e funcional, responde pelo crime quem dá publicade à
injúria/difamação.
(CESPE 2011) A imunidade parlamentar material dos congressistas incide de forma absoluta quanto às declarações
proferidas no recinto do parlamento, dispensando-se a presença de vínculo entre o conteúdo do ato praticado e a função
pública parlamentar exercida.
Retratação – CA.DI
Art. 143 - O querelado que, ANTES DA SENTENÇA,
se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica ISENTO DE PENA.
O art. 143 traz a retratação como causa extintiva da punibilidade, o que não obsta a ação cível.
OBS: A retratação, para extinguir a punibilidade, deve ocorrer até o julgamento de 1ª instância. Não existe retratação
extintiva da punibilidade em grau de recurso!
(CESPE 2012) Havendo concurso de crimes e concurso de agentes, a retratação feita por um dos agentes, por ser
circunstância de natureza pessoal, não aproveita aos demais, tampouco se admite retração a alguns dos fatos imputados.
OBS: Apesar de controvertido, prevalece o entendimento no sentido de que, tratando-se de difamação contra funcionário
público, a ação deixa de ser privada (art. 145 do CP), não gerando nenhum efeito eventual pedido de desculpa, até porque,
no caso, não se protege primacialmente sua incolumidade moral, mas o Estado, real interessado na defesa do cargo
público!
ATENÇÃO! A retratação do art 143 tem aplicabilidade restrita a ação penal privada, relativa aos crimes de calúnia e de
difamação. Tratando-se de ação penal pública, incabível a retratação. (STF/STJ)
Nos termos do art. 143, a retratação para gerar a extinção da punibilidade do agente, deve ser CABAL, ou seja,
COMPLETA, INEQUÍVOCA. No caso, em que a ofensa foi praticada mediante texto veiculado na internet, o que
potencializa o dano à honra do ofendido, a exigência de publicidade da retratação revela-se necessária para que esta
cumpra a sua finalidade e alcance o efeito previsto na lei (STJ – Resp 320958/RN de 2007).
Pedido de Explicações
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa.
Pedido de Explicações: trata-se de medida preparatória e facultativa para o oferecimento da queixa quando, em virtude dos
termos empregados, não se mostra evidente a intenção de ofender.
OBS: Prevalece que as explicações pretendidas não são obrigatórias! Portanto, é facultativa tanto para quem pede quanto
para quem é instado a se explicar.
OBS.: O pedido de explicações segue o procedimento das justificações avulsas (arts. 861 a 866 do CPC).
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante QUEIXA, SALVO quando, no
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante REPRESENTAÇÃO do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem
como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
REGRA: Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo – Dos crimes Contra a Honra – somente se procede mediante queixa;
Exceções:
Ação Pública INCONDICIONADA quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal.
Art. 140 §2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Mediante REPRESENTAÇÃO do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §3º do art. 140 deste Código.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido:
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
STF - 714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do
ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Art. 140 §3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência:
Pena - reclusão de 01 a 03 anos e multa.
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Constrangimento ilegal
Art. 146 - CONSTRANGER alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não
manda:
ATENÇÃO! Se o sujeito ativo for funcionário público, no exercício da sua função, havendo constrangimento
ilegal, estaremos diante do delito previsto no art. 350 do CP (Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder) ou de crime
de Abuso de Autoridade (Lei 4898/65).
(CESPE 2012) O fato de funcionário público ser sujeito ativo do crime de constrangimento ilegal qualifica a
infração, aplicando-se a ele a pena em dobro.
SP: qualquer pessoa CAPAZ de decidir sobre os seus atos pode ser vítima (excluem-se, assim, os menores de pouca idade,
os loucos, os embriagados). Exige-se, pois, uma capacidade de vontade natural, ainda que essa vontade possa se mostrar
como limitada ou diminuída.
(CESPE 2012) O sujeito passivo do crime de constrangimento ilegal pode ser qualquer pessoa, independentemente de sua
capacidade de autodeterminação.
(CESPE 2012) No crime de constrangimento ilegal, admite-se a autoria mediata caso a violência ou grave ameaça sejam
exercidas contra pessoa diversa da que se pretenda constranger, sendo o agente responsabilizado, em concurso material,
pelo constrangimento ilegal e por outra infração que o executor venha a praticar.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem
mais de três pessoas (MÍNIMO 04 PESSOAS), OU há emprego de armas.
STF: A majorante do constrangimento ilegal ora em debate refere-se a qualquer arma, desde que ela tenha a capacidade de
inpingir à vítima a grave ameaça contida no caput do art. 146 do CP. (STF HC 85005/RJ)
O §2º traz a hipótese de aplicação de concurso material. Segundo Fragoso, tal disposição significa que haverá concurso
material de crimes sempre que da violência empregada no constrangimento resultarem lesões. Em todos os outros casos em
que o constrangimento ilegal é meio para a prática de outro crime praticado contra a vítima, será ele sempre absorvido,
ainda que a pena seja mais leve.
(CESPE 2012) Por ser o delito de constrangimento ilegal tipicamente subsidiário, a violência nela empregada, em
qualquer modalidade, absorve sempre o crime.
Jurisprudência: O crime de constrangimento ilegal, como crime subsidiário, só se aplica como fato independente se
exercido sem fim outro diverso.
Exclusão do crime
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se
justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal. A ameaça se consuma ainda que, analisada concretamente, a vítima não
tenha se intimidado ou mesmo ficado receosa do cumprimento da promessa do mal injusto e grave. Basta, para fins de sua
caracterização, que a ameaça tenha a possibilidade de infundir temor em um homem comum e que tenha chegado ao
conhecimento deste, não havendo necessidade, até mesmo, da presença da vítima no momento em que as ameaças foram
proferidas.
ATENÇÃO! AMEÇA DE MAL FUTURO: De acordo com Nucci e Rogério Greco, o crime de ameaça somente se
configura quando a promessa do mal for futura!
Sabendo que o bem jurídico tutelado é a liberdade de movimento, pessoas que sozinhas não podem exercer a
faculdade, podem ser vítimas de sequestro e cárcere privado (ex: pessoa paralítica, criança em tenra idade)?
>>Apesar de haver doutrina ensinando que pessoas que não podem exercer a faculdade de ir e vir não estão protegidas pelo
artigo 148, prevalece a corrente em sentido contrário. A liberdade de movimento não deixa de existir quando se exerce a
custa de aparelhos ou auxílio de outrem.
O bem jurídico tutelado – liberdade de movimento – é disponível (ex.: Big Brother). Portanto, se a vítima consentir em ver
a sua liberdade privada, seja mediante sequestro ou cárcere privado, o crime deixa de existir.
CONDUTA: privação da liberdade de locomoção da vítima mediante sequestro ou cárcere privado. AÇÃO ÚNICA!
O cárcere privado, em tese, por gerar maior sofrimento para vítima, será considerado na fixação da pena base.
ATENÇÃO! A privação da liberdade NÃO pressupõe que a vítima seja transportada de um local para o outro.
Trata-se de crime de execução livre (pode ser praticado mediante violência, grave ameaça, fraude ou qualquer outro meio;
por ação ou omissão).
Exemplo de sequestro ou cárcere privado praticado por omissão: médico que não concede alta para paciente já curado.
Nesse caso, se o médico não concede alta para reaver despesas médicas, ficará configurado o crime de exercício arbitrário
das próprias razões (art. 345).
TIPO SUBJETIVO: o tipo é punido a título de dolo, dispensando finalidade especial animando o agente.
OBS: O pai que prende o filho no quarto com o fim de lhe aplicar um castigo não responde pelo crime, pois no caso age
acobertado por excludente de ilicitude, exercício regular de direito, na vertente direito de castigo.
(CESPE 2013) O fato de a vítima consentir no seu sequestro, realizado por seu namorado, a fim de exigir certa quantia em
dinheiro de seus pais, exclui a tipicidade penal, não havendo, portanto, crime de sequestro ou cárcere privado.
Qualificadoras
§ 1º - A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou MAIOR de 60 anos;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura MAIS de 15 (quinze) dias;
IV – se o crime é praticado contra MENOR de 18 (dezoito) anos;
V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
No §1º, como a pena é de 02 a 05 anos, a infração passa a ser de GRANDE potencial ofensivo.
Como a pena mínima é de 02 anos, não admite suspensão condicional do processo.
Como a pena máxima é de 05 anos, cabe preventiva para agente primário.
São 05 qualificadoras
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou MAIOR de 60 anos;
>>ATENÇÃO! Não abrange o irmão!
>>ATENÇÃO! Não abrange os parentes por afinidade (ex: sogra)!
>>ATENÇÃO! Não abrange todos os idosos! Somente idosos MAIORES de 60 anos!
PROBLEMA: Antes da lei 11106/05, Fulano privou Beltrana da liberdade de locomoção com fins libidinosos. A
lei 11106/05 teve vigência sem que o IP fosse encerrado. A ação penal, nesse caso, será promovida por queixa ou
denúncia?
>>A ação penal para os casos praticados antes da lei 11106/06 deve continuar privada, pois raciocínio diferente
subtrai do agente inúmeros institutos extintivos da punibilidade (renúncia, perdão, perempção e decadência).
Qualificadora
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos OU da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
E se o crime for praticado com fins libinosos e com grave sofrimento físico, ou seja, duas qualificadoras?
>>Será considerada como qualificadora a mais grave (§2º), devendo a qualificadora menos grave (§1º) ser considerada
como circunstância judicial na fixação da pena base (art. 59).
(CESPE 2013) O empregador que retiver a carteira de trabalho do empregado com a finalidade de fazer que ele
permaneça no local de trabalho responderá pela prática do crime de constrangimento ilegal.
SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Violação de domicílio
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente à violência.
§ 2º - Aumenta-se a pena de 1/3, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre:
Sonegação ou destruição de correspondência
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em
parte, a sonega ou destrói;
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal.
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo
ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Divulgação de segredo
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º - Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada.
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput.
Ação penal
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime
é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
PROBLEMA: Aldo é proprietário de um carro. Beto subtrai o carro de Aldo. Carlos subtrai o carro de Beto. Quem
a vítima do furto praticado por Carlos?
>>A vítima é Aldo – o real proprietário. Não é Beto pelo fato de ele não ter propriedade, posse ou detenção legítima do
carro.
SA: Crime comum - pode ser praticado por qualquer pessoa (salvo o proprietário) / não exige qualidade especial do
agente.
ATENÇÃO! O proprietário do bem NÃO pode ser sujeito ativo do crime de furto! Não existe furto de coisa
própria.
Qual crime pratica o proprietário que subtrai coisa sua que se encontra na legítima posse de terceiro?
>>Pode ser o art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões) ou art. 346 (forma especial de exercício arbitrário
das próprias razões).
Qual crime pratica o funcionário público que subtrai coisa pública ou particular em poder da
Administração?
>>Se a subtração tiver sido facilitada pela qualidade servidor público, será o art. 312 §1º (Peculato-furto);
>>Se a subtração não foi facilitada pela qualidade de servidor público, será o art. 155 (Furto comum);
Qual crime pratica aquele que subtrai co-herdeiro, condômino ou sócio da coisa comum?
>>Será o art. 156 (Furto de coisa comum) que é infração de menor potencial ofensivo.
>>O crime do art. 156 é uma espécie de furto cuja ação penal depende de REPRESENTAÇÃO da vítima.
SP: Pode ser vítima o proprietário, possuidor ou detentor legítimo do bem. Pode ser pessoa FÍSICA ou JURÍDICA.
TIPO OBJETIVO: Qual é a conduta? >> Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
Interesse moral ou sentimental pode ser obejto material do furto (ex.: fotografia)?
1C: O relevante interesse moral ou sentimental da coisa pode configurar objeto material de furto (Hungria / STJ).
2C: É imprescindível que a coisa seja economicamente apreciável. Subraindo coisa de interesse moral ou sentimental, o fato será atípico, devendo ser
perseguido na seara cível (Nucci).
OBS: Há jurisprudência no sentido que de que a mera subtração de folha de talão de cheques não pode ser objeto
de crime furto, pois não tem valor econômico, constituindo apenas meio para a prática de estelionato.
>>De acordo com Hungria, haverá crime de furto mesmo que a coisa apoderada permaneça no âmbito
pessoal ou profissional da vítima (ex.: empregada doméstico que subtrai jóias e esconde em um cômodo
da casa da vítima).
ATENÇÃO! A vigilância constante em supermercado, física ou eletrônica, não torna, por si só, o crime impossível,
devendo ser analisado o caso concreto.
Com o aumento de 1/3 na a pena do caput do art. 155, a infração passa a ser infração de grande potencial ofensivo.
Como a pena mínima ultrapassará 01 ano, não será possível a suspensão condicional do processo.
Como a pena máxima ultrapassará 04 anos, será admitida preventiva mesmo para o réu primário.
REPOUSO NOTURNO é o período em que, A NOITE, a comunidade se recolhe para o descanso diário.
Para incidir a majorante o imóvel deve estar habitado com seus moradores repousando?
>>Apesar de Hungria escrever que sim, prevalece nos Tribunais Superiores que a casa não precisa estar necessariamente
habitada ou seus moradores durmindo. A casa pode estar ocasionalmente desabitada.
ATENÇÃO! Em recente julgado, HC 306459-SP, de 17/12/14, o STJ admitiu a incidência da causa de aumento
do repouso noturno no furto qualificado, sob o fundamento de que se o privilégio pode ser aplicado aos crimes
qualificados, a causa de aumento também pode.
PROBLEMA:
1º) Veículo furtado a noite na garagem de uma casa. 2º) Veículo furtado a noite quando estava parado em frente a casa.
>>Incide a causa de aumento do §1º. >>NÃO incide a causa de aumento do §1º.
STJ – 511: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 nos casos de furto qualificado, se
estiverem presentem a primariedade do agente, pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
(CESPE 2013 PCBA) O reconhecimento do furto privilegiado é condicionado ao valor da coisa furtada, que deve ser
pequeno, e à primariedade do agente, sendo o privilégio um direito subjetivo do réu.
Cláusula de equiparação
§ 3º - Equipara-se à COISA MÓVEL a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
“Qualquer outra que tenha valor econômico”: energia mecânica, térmica, radioativa, genética etc.
Exemplo do furto de energia genética: Roubar sêmem de cachorro.
(CESPE 2013 PCBA) Considere que João, pro vários meses, tenha captado sinal de TV a cabo por meio de ligação clandestina e
que, em razão dessa ligação, cnsiderável valor econômico tenha deixado de ser transferido à prestadora do serviço. Nessa
situação hipotética, considerandos-e o entendimento do STJ, a respeito da matéria, João praticou o crime de furto de energia.
Diferença
Furto de energia elétrica Estelionato no consumo de energia
Não existe contrato entre o agente e a concessionária; Existe contrato autorizando o gasto de energia;
É praticado mediante ligação clandestina; O agente emprega fraude alterando o medidor de energia;
A pena, em princípio, é de 01 a 04 anos; A pena, em princípio, é de 01 a 05 anos;
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de conf iança, ou mediante f raude, escalada ou destreza; (SUBJETIVO)
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de DUAS ou mais pessoas.
OBS.: A tendência dos Tribunais Superiores é NÃO admitir o princípio da insignificância no furto qualificado, pois
ausente o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente.
ATENÇÃO! A violência empregada sobre a coisa a ser subtraída não qualifica o crime. Para qualificar o crime a violência
tem que recair sobre o obstáculo.
ATENÇÃO! Por questão de equidade, os Tribunais vem decidindo que o rompimento do vidro do veículo para a subtração
de objetos existentes no seu interior NÃO caracteriza a qualificadora. É que se a violação tivesse sido feita para subtração
do próprio automóvel o furto seria simples. Contudo o STJ não concorda com esse raciocínio – 5ª turma – HC 127464.MG.
Por outro lado, o STF entende que não seria razoável reconhecer como qualificadora o rompimento de vidro para furto de
acessórios dentro do carro, sob pena de resultar a quem subtrai o próprio veículo menor reprovação.
OBS: Pessoa deixa bolsa em cima da mesa. O gente com um estilete corta a base da bolsa, pega uma carteira que tinha
dentro da bolsa. Nesse caso não incide a qualificadora de rompimento de obstáculo, segundo Capez.
>>>Está presente vínculo de lealdade ou fidelidade entre agente e vítima (relação familiar, amizade ou emprego).
>>>É imprescindível maior facilidade na execução em razão do especial vínculo!
ATENÇÃO! De acordo com Noronha, pode o criminoso captar propositadamente a confiança, como valer-se de
confiança já existente.
Segundo a jurisprudência, para incidir a qualificadora, a subtração deve ser facilitada pela confiança depositada
no agente.
MEDIANTE FRAUDE:
Furto qualificado pela fraude Estelionato
A fraude busca diminuir a vigilância da vítima sobre a A fraude busca fazer com que a vítima incida em erro e,
coisa, facilitando a subtração. assim, entregar a posse desvigiada da coisa ao agente.
O bem é retirado sem que a vítima perceba. A vítima enganada concorda em entregar o bem ao agente.
A posse é alterada de forma UNILATERAL. A posse do bem passa para o agente de forma
A pena é de 02 a 08 anos. BILATERAL.
A pena é de 01 a 05 anos.
ESCALADA: é o uso de via anormal para se ingressar no local em que se encontra a coisa visada.
ATENÇÃO! Não implica, necessariamente, subida! Pode ser uma penetração via subterrânea (ex.: túnel).
A jurisprudência exige que a escalada seja resultado de um esforço fora do comum (análise do caso concreto).
Segundo Hungria, escalada é o ingresso em edifício ou recinto fechado, ou saída dele, por vias não destinadas
normalmente ao trânsito de pessoas, servindo-se o agente e meios artificiais (não violentos) ou de sua própria
agilidade. Tanto é escalada o galgar uma altura, quanto saltar um desvão (ex.: um fosso), ou passar por via
subterrânea não transitável ordinariamente (ex.: túnel de esgoto). Contudo, ressalta o atuor que, se a passagem
subterrânea é escavada adrede, o que se tem a reconhecer é o meio fraudulento (Rogério Sanches discorda).
DESTREZA: é a peculiar habilidade física ou manual para praticar o crime sem que a vítima perceba que está sendo
despojada.
ATENÇÃO! Aplica-se a qualificadora mesmo que terceiros percebam a ação do agente! Quem não pode perceber
é a vítima!
Não age com destreza o agente, segundo opinião doutrinariamente predominante, quando a subtração é realizada
contra vítima que dormia ou se encontrava embriagada, pois que, qualquer pessoa, em decorrência desses fatores,
poderia fazê-lo.
A respeito da trombada (ex.: ladrão que tromba com vítima, dá empurrão e furta sua carteira) a jurisprudência
diverge.
STJ - 442. É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Furto qualificado
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de
>>>>>>> veículo automotor que venha a ser transportado para outro ESTADO ou para o EXTERIOR.
ATENÇÃO! Para incidir a qualificadora não basta a intenção de conduzir para outro Estado/Exterior, é indispensável que
o veículo ultrapasse os limites do Estado/País.
O §5º somente abrange VEÍCULO AUTOMOTOR! Não abrange embarcações, por exemplo.
A maioria da doutrina prega que apesar de o artigo não se referir ao Distrito Federal, ele também está abrangido pela
qualificadora.
Fulano, no dia 15/05, subtrai veículo de Beltrano. No dia seguinte, quando visava transportá-lo para outro Estado,
foi preso em flagrante. Fulano responde por qual crime?
>>Responderá por furto simples, art. 155, caput, consumado.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente .
O art. 156 é infração de menor potencial ofensivo – FURTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.
O crime do art. 156 é uma espécie de furto cuja ação penal depende de REPRESENTAÇÃO da vítima.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo (PRÓPRIO)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
Já 157, §1º, traz o chamado ROUBO IMPRÓPRIO, também chamado ROUBO POR APROXIMAÇÃO.
Conduta Antecendente Conduta Subsequente
Subtração; Violência;
Grave Ameaça;
(é indispensável o prévio apoderamento da coisa)
(para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa)
Exemplos:
01) Agente, mediante grave ameaça, subtrai a carteira da vítima = art. 157, caput (roubo próprio);
02) Agente, depois de apoderar-se da coisa, é surpreendido pelo proprietário, momento em que emprega violência
para assegurar a impunidade do crime = art. 157 §1º (roubo impróprio);
03) Agente, quando ia apoderar-se da coisa visada, é surpreendido pelo proprietário, empregando violência para
assegurar a impunidade = Tentativa de Furto + Lesão Corporal (em concurso material);
ATENÇÃO! Os Tribunais Superiores não reconhecem a aplicação do princípio da insignificância no crime de roubo!
TIPO SUBJETIVO:
>>Roubo PRÓPRIO: Dolo + Fim especial (obtenção da coisa para si ou para outrem);
>>Roubo IMPRÓPRIO: Dolo + Fim especial (assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída).
CONSUMAÇÃO:
>>Roubo PRÓPRIO: Consuma-se com o apoderamento mediante violência ou grave ameaça, dispensando a posse
mansa e pacífica (Teoria da Apprehensio ou Amotio);
O Roubo PRÓPRIO admite tentativa, pois trata-se de crime material!
ATENÇÃO! O STF, no julgamento do HC 104593, decidiu que o crime de roubo, em regra, independe da posse
mansa da coisa; Tese inaplicável nas hipóteses em que a ação dos agentes é monitorada pela polícia que,
obstando a possibilidade de fuga, frustra a consumação.
*Rogério Greco, divergindo da maioria, não vê razão para distinção do momento de consumação do
roubo próprio para o impróprio. Segundo o autor, nas duas espécies, a consumação só ocorre com a
retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima e o ingreso na posse tranqüila do agente, não
havendo qualquer diferença no fato de ser a violência anterior ou posterior à subtração da coisa.
O 157, §1º, traz o chamado ROUBO IMPRÓPRIO, também chamado ROUBO POR APROXIMAÇÃO.
E a arma de brinquedo?
A súmula 174 do STJ foi cancelada, pois a arma de brinquedo, apesar de gerar o mesmo temor gerado pela arma
verdadeira, jamais transformará o perigo em dano. Portanto, fixou-se o entendimento de que a arma de brinquedo
não autoriza o aumento de pena. Assim, a arma de brinquedo continua configurando roubo, mas NÃO majorado.