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ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR

ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE


SARGENTOS - EFAS

CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE


SARGENTOS – CEFS II - 2023

DIREITO PENAL COMUM

UNIDADE I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

JOAQUIM MANOEL ALVES CARDOSO, CAP PM QOR


NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.
COORDENADOR
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

UNIDADE I
DO CRIMES CONTRA A PESSOA

▪ O Código Penal é dividido em duas grandes partes: a) Parte Geral; e b) Parte Especial. A Parte
Especial, que será objeto dos nossos estudos, é divida em títulos, capítulos e seções, apresentando
uma organização sistemática que leva em consideração o bem jurídico protegido.

▪ O professor Paulo José da Costa Jr. (2010, p. 347) nos ensina que a tarefa principal da “Parte
Especial é abrigar os fatos proibidos ou ordenados (nos tipos penais omissivos) pelo ordenamento
jurídico penal. Para realizar tal tarefa, o legislador lança mão de técnica por meio da qual descreve os
fatos de maneira precisa e inequívoca: o tipo penal. É ele o modelo, o paradigma do fato incriminado,
minuciosamente descrito, em todos os seus elementos, pela norma penal. Na Parte Especial, por
meio da descrição dos vários tipos delitivos, o cidadão irá conhecer quais as condutas reprovadas e
quais as permitidas”.

▪ O Código Penal trata, no Título I da Parte Especial, dos crimes contra a pessoa, reforçando a
importância da tutela penal para a garantia de uma convivência social que leve em consideração a
dignidade da pessoa humana, definindo os crimes que atingem a pessoa em seus principais valores
físicos ou morais, tais como: vida, integridade física, honra, liberdade etc.
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

▪ 2.1 UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

▪ Na presente Unidade vamos estudar os seguintes tipos penais:

2.1.1 Dos crimes contra a vida


2.1.1.1 Homicídio (art. 121)
2.1.2 Da periclitação da vida e da saúde
2.1.2.1 Omissão de socorro (art. 135)
2.1.2.2 Maus tratos (art. 136)
2.1.3 Da rixa
2.1.3.1 Rixa (art. 137)
2.1.4 Dos crimes contra a honra
2.1.4.1 Calúnia (art. 138)
2.1.4.2 Difamação (art. 139)
2.1.4.3 Injúria (art. 140)
2.1.5 Dos crimes contra a liberdade individual
2.1.5.1 Ameaça (art. 147)
2.1.5.2 Perseguição (art. 147-A);
2.1.5.3 Violência psicológica contra a mulher (art. 147-B)
2.1.5.4 Sequestro e cárcere privado (art. 148)
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CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA


DO HOMICÍDIO
ART. 121
CÓDIGO PENAL
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA

HOMICÍDIO

▪ O crime de homicídio, como regra, será julgado pelo Tribunal do Júri, conforme estabelecido no art. 5º, inciso XXXVIII,
alínea “d”, da Constituição Federal, que assim dispõe:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

▪ A exceção se refere à modalidade de homicídio culposo, que não está inserido no conjunto de competências do
Tribunal do Júri.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

HOMICÍDIO

▪ O homicídio pode ser doloso ou culposo;


▪ O homicídio doloso se subdivide-se em três modalidades: a) simples (art. 121, caput);
b) privilegiado (art. 121, § 1º) e c) qualificado (art. 121, § 2º);
▪ O homicídio simples consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada
por outra pessoa. O texto legal não define quando um homicídio é considerado simples.
Preferiu o legislador definir expressamente apenas o homicídio privilegiado e o
qualificado. Assim, por exclusão, é que podemos definir um homicídio como sendo
simples, isto é, será simples quando não for privilegiado ou qualificado;
▪ Para a prática do homicídio simples a lei admite qualquer meio de execução. Alguns
modos podem, inclusive, tornar o crime qualificado. Por admitir qualquer meio de
execução o homicídio é classificado como crime de ação livre;
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

HOMICÍDIO

▪ É possível também praticar o homicídio por omissão, como ocorre no caso da mãe
que causa a morte do filho deixando de alimentá-lo. Temos, nesse caso, um crime
comissivo por omissão. Afinal, a mãe tem o dever de garantir proteção e alimentação
ao filho incapaz (dever de garante).

▪ No crime de homicídio é também possível pensar na participação por omissão.


Suponha um policial que, ao virar uma esquina, veja um homem desconhecido
estrangulando uma mulher. O policial está armado e tem o dever de atuar, além de
poder, nesse caso, evitar o resultado. Contudo, ao perceber que a vítima é uma pessoa
que ele não gosta, resolve se omitir, permitindo o homicídio. O policial será partícipe
por omissão.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


▪ Crime comum;
HOMICÍDIO SIMPLES ▪ Crime doloso (animus necandi ou animus occidendi
– intenção de matar);
▪ Admite a modalidade culposa;
▪ Crime material: é aquele cuja consumação depende
Art. 121. Matar alguém: da produção naturalística de determinado resultado,
previsto expressamente pelo tipo penal, a exemplo do
que ocorre com os arts. 121 e 163 do Código Penal;
▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ▪ Sujeito passivo: da mesma forma, também pode ser
qualquer pessoa.
▪ Objeto material: é a pessoa contra a qual recai a
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA conduta praticada pelo agente;
▪ Bem juridicamente protegido: é a vida e, num
sentido mais amplo, a pessoa, haja vista que o delito
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por de homicídio encontra-se inserido no capítulo
motivo de relevante valor social ou moral, ou correspondente aos crimes contra a vida, no Título I do
Código Penal, que prevê os crimes contra a pessoa;
sob o domínio de violenta emoção, logo em ▪ Consumação e tentativa: a consumação do delito de
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz homicídio ocorre com o resultado morte, sendo
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. perfeitamente admissível a tentativa, tendo em vista
tratar-se de crime material e plurissubsistente, sendo
possível a hipótese de fracionamento do iter criminis.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


EXAME DE CORPO DE DELITO
HOMICÍDIO SIMPLES ▪ Tratando-se de crime material, infração penal que deixa
vestígios, o homicídio, para que possa ser atribuído a
alguém, exige a confecção do indispensável exame
Art. 121. Matar alguém: conforme determinam os arts. 158 e 167 do Código de
Processo Penal, como se observa:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.

CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à


realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
motivo de relevante valor social ou moral, ou II - violência contra criança, adolescente, idoso
sob o domínio de violenta emoção, logo em ou pessoa com deficiência.
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe
a falta.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


MODALIDADES COMISSIVA E OMISSIVA
HOMICÍDIO SIMPLES ▪ Pode o delito ser praticado comissivamente quando o
agente dirige sua conduta com o fim de causar a morte
da vítima, ou omissivamente, quando deixa de fazer
Art. 121. Matar alguém: aquilo a que estava obrigado em virtude da sua
qualidade de garantidor (crime omissivo impróprio),
conforme preconizado pelo art. 13, § 2º, alíneas a) tenha
por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; e c) com seu comportamento anterior, criou o
risco da ocorrência do resultado, do Código Penal,
agindo dolosamente em ambas as situações.
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA
▪ Isso significa que o agente pode causar a morte de seu
desafeto atirando contra ele, ou, como no caso da mãe
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por que, na qualidade de garantidora de seu filho recém-
motivo de relevante valor social ou moral, ou nascido, almejando a sua morte, não lhe fornece a
sob o domínio de violenta emoção, logo em alimentação necessária à sua sobrevivência.

seguida a injusta provocação da vítima, o juiz ▪ A redação contida no art. 121 do CP, portanto, prevê
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. um comportamento comissivo, que poderá, entretanto,
ser praticado via omissão, em virtude da posição de
garante ocupada pelo agente.
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HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

HOMICÍDIO SIMPLES ▪ Causa especial de diminuição de pena;


▪ Relevante valor social: aquele motivo que atende aos
interesses da coletividade. Não interessa tão somente
Art. 121. Matar alguém: ao agente, mas, sim, ao corpo social. A morte de um
traidor da pátria, no exemplo clássico da doutrina,
atenderia à coletividade, encaixando-se no conceito de
valor social; morte de um político corrupto (exemplos
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. de Greco);
▪ Relevante valor moral: é aquele que, embora
importante, é considerado levando-se em conta os
interesses do agente. Seria, por assim dizer, um motivo
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA egoisticamente considerado, a exemplo do pai que
mata o estuprador de sua filha;
▪ As hipóteses de eutanásia (boa morte) se amoldam à
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por primeira parte do § 1º do art. 121 do CP. Quando o
motivo de relevante valor social ou moral, ou agente causa a morte do paciente já em estado
sob o domínio de violenta emoção, logo em terminal, que não suporta mais as dores impostas pela
doença na qual está acometido, impelido por esse
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz sentimento de compaixão, deve ser considerado um
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. motivo de relevante valor social, impondo-se a
redução obrigatória da pena;
▪ Redução de pena: de 1/6 a 1/3.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


HOMICÍDIO PRIVILEGIADO

HOMICÍDIO SIMPLES ▪ Causa especial de diminuição de pena;


▪ Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima;
Sob o domínio: significa que o agente deve estar
Art. 121. Matar alguém: ▪
completamente dominado pela situação. Isso significa que a
injusta provocação levada a efeito pela vítima fez com que o
agente perdesse a sua capacidade de autocontrole, levando-
o a praticar o ato extremo;
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ▪ Violenta emoção: a emoção é um estado de ânimo ou de
consciência caracterizado por uma viva excitação do
sentimento;
▪ Logo em seguida: denota relação de imediatidade (imediato,
CASO DE DIMINUIÇÃO DE PENA instantâneo), de proximidade com a provocação injusta a que
foi submetido o agente. Isso não significa, contudo, que logo
em seguida não permita espaço de tempo. A lei busca evitar,
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por com a utilização dessa expressão, é que o agente que,
provocado injustamente, possa ficar “ruminando” a sua
motivo de relevante valor social ou moral, ou vingança, sendo, ainda assim, beneficiado com a diminuição
sob o domínio de violenta emoção, logo em de pena. Não elimina, contudo, a hipótese daquele que,
seguida a injusta provocação da vítima, o juiz injustamente provocado, vai até a sua casa em busca do
instrumento do crime, para com ele produzir o homicídio.
pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Deve-se observar o critério de razoabilidade.
▪ Injusta provocação da vítima;
▪ Redução de pena: de 1/6 a 1/3.
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HOMICÍDIO QUALIFICADO

HOMICÍDIO SIMPLES ▪ As qualificadoras estão divididas em 4 grupos, em razão dos


quais a pena relativa ao crime de homicídio passa a ser de
reclusão, de 12 a 30 anos, a saber:

Art. 121. Matar alguém: a) motivos;


b) meios;
c) modos;
d) fins.

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ▪ As qualificadoras que correspondem aos motivos estão
elencadas nos incisos I, II, VI, VII e IX;
▪ No incisos III e VIII, diz a lei penal que qualifica o homicídio o
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
HOMICÍDIO QUALIFICADO insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum, além
do emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
apontando, dessa forma, os meios utilizados na prática da
infração penal;
§ 2º Se o homicídio é cometido: ▪ No inciso IV, o CP arrolou, a título de qualificadoras, os modos
com a infração penal é cometida, vale dizer, à traição, de
emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
▪ A qualificadora do inciso V se refere aos fins;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. ▪ A Lei nº 13.104/15 fez inserir mais um inciso ao § 2º do art. 121
do CP, criando, no inciso VI, o chamado feminicídio. Tem-se,
assim, uma motivação especial que pode ser subdividida em
relação aos motivos apontados nos inciso I e II, conforme será
analisado.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe;
HOMICÍDIO SIMPLES

Art. 121. Matar alguém: II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo
comum;
HOMICÍDIO QUALIFICADO

IV - à traição, de emboscada, ou mediante


§ 2º Se o homicídio é cometido: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
HOMICÍDIO SIMPLES de que possa resultar perigo comum;

Art. 121. Matar alguém: EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CÓDIGO PENAL

▪ Em seu item 38 esclarece o que vem a ser meio insidioso


ou cruel, dizendo ser aquele o meio dissimulado na sua
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. eficiência maléfica, e este, ou seja, o cruel, o que aumenta
inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma
brutalidade fora do comum ou em contraste com o mais
elementar sentimento de piedade.
HOMICÍDIO QUALIFICADO ▪ A expressão perigo comum significa que o meio utilizado
pelo agente, além de causar dano à vítima, traz perigo a
outras pessoas;
▪ Quanto ao veneno, assim diz Aníbal Bruno: O uso do
§ 2º Se o homicídio é cometido: veneno é um dos meios de dar morte com dissimulação,
entregue a vítima indefesa à atuação do criminoso, porque
inconsciente da manobra que vai tirar-lhe a vida. É pela
insídia característica dessa maneira de matar, que dela se
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. faz uma causa de qualificação do homicídio. Se a vítima
sabe que se trata de substância venenosa e a ingere sob
coação, a insídia é substituída pela crueldade e a
qualificação persiste.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe;
HOMICÍDIO SIMPLES

Art. 121. Matar alguém: II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo
comum;
HOMICÍDIO QUALIFICADO

IV - à traição, de emboscada, ou mediante


§ 2º Se o homicídio é cometido: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação


ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a
HOMICÍDIO SIMPLES defesa do ofendido;

▪ Traição: trair significa enganar, ser infiel, de modo que, no


contexto do homicídio, é a ação do agente que colhe a vítima
Art. 121. Matar alguém: por trás, desprevenida, sem ter esta qualquer visualização do
ataque. O ataque súbito, pela frente, pode constituir
surpresa, mas não traição (Nucci);
▪ Emboscada: pode ser entendida como uma espécie de
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. traição. Nela, contudo, o agente se coloca escondido, de
tocaia, aguardando a vítima passar, para que o ataque tenha
sucesso;
▪ Dissimular: tem o significado de ocultar a intenção
HOMICÍDIO QUALIFICADO homicida, fazendo-se passar por amigo, conselheiro, enfim,
dando falsas mostras de amizade, a fim de facilitar o
cometimento do delito;
▪ A fórmula genérica contida na parte final do inciso IV em
§ 2º Se o homicídio é cometido: estudo faz menção à utilização de recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido. Dificultar, como se
percebe, é um minus em relação ao tornar impossível a
defesa do ofendido. Naquele, a vítima tem alguma
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. possibilidade de defesa, mesmo que dificultado por causa da
ação do agente. O tornar impossível é eliminar,
completamente, qualquer possibilidade de defesa por parte
da vítima, a exemplo da hipóteses em que esta é morta
enquanto dormia.
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I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe;
HOMICÍDIO SIMPLES

Art. 121. Matar alguém: II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo
comum;
HOMICÍDIO QUALIFICADO

IV - à traição, de emboscada, ou mediante


§ 2º Se o homicídio é cometido: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade


ou vantagem de outro crime;
HOMICÍDIO SIMPLES
▪ Homicídio perpetrado como meio para executar outro
crime. Exemplos: a) homicídio para poder provocar um
incêndio; b) matar o vigilante da agência bancária no dia
Art. 121. Matar alguém: anterior à prática do crime de roubo. Ressalta-se que,
neste caso, o homicídio é cometido para assegurar a
execução de um crime futuro;

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ▪ Homicídio para ocultar a prática de outro delito.
Exemplos: a) homicídio contra o perito que vai apurar a
apropriação indébita do agente; b) marido que mata a
única testemunha que o viu enterrar o corpo de sua
HOMICÍDIO QUALIFICADO mulher, também morta por ele;

▪ Homicídio para assegurar a impunidade do autor.


§ 2º Se o homicídio é cometido: Exemplos: a) homicídio da testemunha que pode
identificar o agente como autor de um roubo, ou para fugir
à prisão em flagrante; b) agente que mata também a única
testemunha que presenciou o homicídio cujo corpo fora
deixado em um local público;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
▪ Homicídio para garantir a vantagem do produto, preço ou
proveito do crime. Exemplo: homicídio contra o coautor de
roubo ou furto para apossar-se da res furtiva.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


I - mediante paga ou promessa de
recompensa, ou por outro motivo torpe;
HOMICÍDIO SIMPLES

Art. 121. Matar alguém: II - por motivo fútil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo
comum;
HOMICÍDIO QUALIFICADO

IV - à traição, de emboscada, ou mediante


§ 2º Se o homicídio é cometido: dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 121. Matar alguém: (Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)

§ 2º-A. Considera-se que há razões de


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I - violência doméstica e familiar;
§ 2º Se o homicídio é cometido:
II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
I - violência doméstica e familiar;

Art. 121. Matar alguém: LEI Nº 11.340/06

Art. 5º Para os efeitos desta Lei configura violência doméstica e


familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o


HOMICÍDIO QUALIFICADO espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade


§ 2º Se o homicídio é cometido: formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor


conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo


independem de orientação sexual.
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 121. Matar alguém: (Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)

§ 2º-A. Considera-se que há razões de


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I - violência doméstica e familiar;
§ 2º Se o homicídio é cometido:
II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Art. 121. Matar alguém:
▪ Menosprezo: pode ser entendido, nesse
contexto, no sentido de desprezo, sentimento
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. de aversão, repulsa, repugnância a uma pessoa
do sexo feminino;

HOMICÍDIO QUALIFICADO ▪ Discriminação: tem o sentido de tratar de


forma diferente, distinguir pelo fato da condição
de mulher da vítima.
§ 2º Se o homicídio é cometido:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 121. Matar alguém: (Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)

§ 2º-A. Considera-se que há razões de


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I - violência doméstica e familiar;
§ 2º Se o homicídio é cometido:
II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 121. Matar alguém:

▪ O feminicídio, modalidade de homicídio


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. qualificado, pode ser praticado por qualquer
pessoa, seja ela do sexo masculino, ou mesmo
do sexo feminino. Assim, não existe óbice à
HOMICÍDIO QUALIFICADO aplicação da qualificadora se, numa relação
homoafetiva feminina, uma das parceiras,
vivendo em um contexto de unidade doméstica,
§ 2º Se o homicídio é cometido: vier a causar a morte de sua companheira;

▪ Para que possa ocorrer o feminicídio é preciso,


como vimos anteriormente, que o sujeito
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. passivo seja uma mulher, e que o crime tenha
sido cometido por razões da sua condição de
sexo feminino.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES
VI - contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino;
Art. 121. Matar alguém: (Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)

§ 2º-A. Considera-se que há razões de


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
HOMICÍDIO QUALIFICADO
I - violência doméstica e familiar;
§ 2º Se o homicídio é cometido:
II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)
.
CÓDIGO PENAL COMUM
UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A VIDA


FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino;

Art. 121. Matar alguém: § 7º A pena do feminicídio é AUMENTADA DE 1/3 (um


terço) ATÉ A METADE se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ao parto;

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com


HOMICÍDIO QUALIFICADO deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015, e com nova redação
dada pela Lei nº 14.344, de 24/5/2022, publicada no DOU de 25/5/2022,
§ 2º Se o homicídio é cometido: em vigor 45 dias após a publicação)

III - na presença física ou virtual de DESCENDENTE ou de


ASCENDENTE da vítima;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
.
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino;

Art. 121. Matar alguém: § 7º A pena do feminicídio é AUMENTADA DE 1/3 (um


terço) ATÉ A METADE se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ao parto;

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com


HOMICÍDIO QUALIFICADO deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015, e com nova redação
dada pela Lei nº 14.344, de 24/5/2022, publicada no DOU de 25/5/2022,
§ 2º Se o homicídio é cometido: em vigor 45 dias após a publicação)

III - na presença física ou virtual de DESCENDENTE ou de


ASCENDENTE da vítima;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
.
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES § 7º A pena do feminicídio é AUMENTADA DE 1/3 (um terço)
ATÉ A METADE se o crime for praticado:

Art. 121. Matar alguém: IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência


previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº
11.340, de 7 de agosto de 2006.

Pena - reclusão, de seis a vinte anos. LEI Nº 11.340/06


Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
HOMICÍDIO QUALIFICADO agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com


§ 2º Se o homicídio é cometido: comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas,
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer
meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
integridade física e psicológica da ofendida.
.
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FEMINICÍDIO
HOMICÍDIO SIMPLES VI - contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino;

Art. 121. Matar alguém: § 7º A pena do feminicídio é AUMENTADA DE 1/3 (um


terço) ATÉ A METADE se o crime for praticado:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores


Pena - reclusão, de seis a vinte anos. ao parto;

II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com


HOMICÍDIO QUALIFICADO deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015, e com nova redação
dada pela Lei nº 14.344, de 24/5/2022, publicada no DOU de 25/5/2022,
§ 2º Se o homicídio é cometido: em vigor 45 dias após a publicação)

III - na presença física ou virtual de DESCENDENTE ou de


ASCENDENTE da vítima;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
.
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HOMICÍDIO SIMPLES
VII - contra autoridade ou agente descrito nos
Art. 121. Matar alguém: arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau,
HOMICÍDIO QUALIFICADO em razão dessa condição;

§ 2º Se o homicídio é cometido: VIII - com emprego de arma de fogo de uso


restrito ou proibido:
(Inciso vetado pelo Presidente da República na Lei nº
13.964, de 24/12/2019, mantido pelo Congresso Nacional
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. e publicado no DOU de 30/4/2021)
.
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VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido.
HOMICÍDIO SIMPLES
DECRETO Nº 10.030, DE 30 DE SETEMBRO DE 2019

Art. 121. Matar alguém: ANEXO I

Art. 3º As definições dos termos empregados neste Regulamento são


aquelas constantes deste artigo e do Anexo III.
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Parágrafo único. Para fins do disposto neste Regulamento, considera-se:

II - ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO - as armas de fogo


automáticas, de qualquer tipo ou calibre, semiautomáticas ou de
HOMICÍDIO QUALIFICADO repetição que sejam:
a) não portáteis;
b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum,
atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
§ 2º Se o homicídio é cometido: duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou
c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de
munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética
superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;

Pena - reclusão, de doze a trinta anos. III - ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO:
a) as armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos ou
tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja
signatária; e
b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos.
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HOMICÍDIO SIMPLES
VII - contra autoridade ou agente descrito nos
Art. 121. Matar alguém: arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau,
HOMICÍDIO QUALIFICADO em razão dessa condição;

§ 2º Se o homicídio é cometido: VIII - com emprego de arma de fogo de uso


restrito ou proibido:
(Inciso vetado pelo Presidente da República na Lei nº
13.964, de 24/12/2019, mantido pelo Congresso Nacional
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. e publicado no DOU de 30/4/2021)
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HOMICÍDIO CONTRA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS

HOMICÍDIO SIMPLES
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos.
(Inciso acrescido pela Lei nº 14.344, de 24/5/2022, publicada
Art. 121. Matar alguém: no DOU de 25/5/2022, em vigor 45 dias após a publicação)

§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14


(quatorze) anos é aumentada de:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é
HOMICÍDIO QUALIFICADO pessoa com deficiência ou com doença que
implique o aumento de sua vulnerabilidade;

§ 2º Se o homicídio é cometido: II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente,


padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. empregador da vítima ou por qualquer outro título
tiver autoridade sobre ela.
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 14.344, de 24/5/2022, publicada no
DOU de 25/5/2022, em vigor 45 dias após a publicação)
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HOMICÍDIO CULPOSO
HOMICÍDIO CULPOSO
▪ No homicídio culposo o agente não quer e
não assume o risco de provocar a morte,
§ 3º Se o homicídio é culposo: mas dá causa a ela por imprudência,
negligência ou imperícia.

Pena - detenção, de um a três anos. ▪ O crime culposo é um tipo penal aberto,


que requer análise do intérprete, pois a
conduta culposa não está descrita na lei,
mas prevista genericamente no tipo.

▪ O Código Penal refere-se ao crime culposo


c o m a e x p re s s ã o “se o homicídio é
culposo”. Daí o maior cuidado em sua
apreciação, tendo em vista as várias
condutas culposas.

▪ O art. 18 do Código Penal trata do crime


culposo, como se observa adiante.
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DO CRIME
CRIME CULPOSO

Art. 18. Diz-se o crime: ▪ O crime culposo pode ser conceituado como a conduta
humana voluntária (ação ou omissão) que produz
resultado antijurídico não querido, mas previsível, e
CRIME DOLOSO excepcionalmente previsto, que podia, com a devida
atenção, ser evitado.

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou ▪ Para caracterização da conduta culposa faz-se
assumiu o risco de produzi-lo; necessário os seguintes elementos:

o Conduta humana voluntária, comissiva ou


omissiva;
CRIME CULPOSO o Inobservância de um dever objetivo de cuidado
(negligência, imprudência ou imperícia);
o O resultado lesivo não querido, tampouco
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado assumido, pelo agente;
por imprudência, negligência ou imperícia. o Nexo de causalidade entre a conduta do agente
que deixa de observar o seu dever de cuidado e o
resultado lesivo dela advindo;
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, o Previsibilidade (previsível é o fato cuja possível
ninguém pode ser punido por fato previsto como superveniência não escapa à perspicácia
crime, senão quando o pratica dolosamente. comum);
o Tipicidade.
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AUMENTO DE PENA
HOMICÍDIO CULPOSO
§ 4º NO HOMICÍDIO CULPOSO, A PENA É
AUMENTADA DE 1/3 (UM TERÇO), se o crime
§ 3º Se o homicídio é culposo: resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
Pena - detenção, de um a três anos.
evitar prisão em flagrante. SENDO DOLOSO O
HOMICÍDIO, A PENA É AUMENTADA DE 1/3 (UM
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º NA HIPÓTESE DE HOMICÍDIO CULPOSO, o


juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingiram o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária.
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AUMENTO DE PENA
HOMICÍDIO CULPOSO § 4º NO HOMICÍDIO CULPOSO, A PENA É AUMENTADA DE
1/3 (UM TERÇO), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
§ 3º Se o homicídio é culposo: prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. SENDO DOLOSO O HOMICÍDIO, A PENA É
AUMENTADA DE 1/3 (UM terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Pena - detenção, de um a três anos.
▪ A parte final do § 4º não se aplica aos casos de HOMICÍDIO
CONTRA MENOR DE 14 (QUATORZE) ANOS, que
observará a regra do § 2º, inciso IX:

Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos


IX - contra menor de 14 (quatorze) anos:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

▪ Assim, sempre que houver um homicídio qualificado


unicamente pela questão etária, a qualificadora prevalecerá
sobre a majorante, de modo que, nessa hipótese, o § 4º
tornar-se-á inaplicável.
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AUMENTO DE PENA
HOMICÍDIO CULPOSO
§ 4º NO HOMICÍDIO CULPOSO, A PENA É
AUMENTADA DE 1/3 (UM TERÇO), se o crime
§ 3º Se o homicídio é culposo: resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
Pena - detenção, de um a três anos.
evitar prisão em flagrante. SENDO DOLOSO O
HOMICÍDIO, A PENA É AUMENTADA DE 1/3 (UM
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor
de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

§ 5º NA HIPÓTESE DE HOMICÍDIO CULPOSO, o


juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingiram o próprio
agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária. (perdão judicial)
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA


§ 6º A PENA É AUMENTADA DE 1/3 (UM TERÇO)
HOMICÍDIO SIMPLES ATÉ A METADE se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio.
Art. 121. Matar alguém:
▪ Milícias paramilitares: são associações não oficiais,
cujos membros atuam ilegalmente, com o emprego de
armas, com estrutura semelhante à militar. Essas forças
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. paramilitares utilizam as técnicas e táticas policiais oficiais
por elas conhecidas, a fim de executarem seus objetivos
anteriormente planejados;
HOMICÍDIO QUALIFICADO ▪ O § 6º se refere, portanto, à milícia de natureza
paramilitar, isto é, uma organização não estatal, que atua
ilegalmente, mediante o emprego de força, com a
utilização de armas, impondo seu regime de terror em
§ 2º Se o homicídio é cometido: determinada localidade;
▪ Grupo de extermínio: grupo, geralmente, de
“justiceiros”, que procura eliminar aqueles que, segundo
seus conceitos, por algum motivo, merecem morrer.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Podem ser contratados para a empreitada de morte, ou
podem cometer, gratuitamente, os crimes de homicídio de
acordo com a “filosofia” do grupo criminoso, que escolhe
suas vítimas para que seja realizada uma “limpeza social”.
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


ART. 135 E 136
CÓDIGO PENAL
.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

OMISSÃO DE SOCORRO

▪ Objetividade jurídica: a preservação da vida e da saúde das pessoas e a consagração do


dever de assistência mútua e solidariedade.

▪ É possível a coautoria. Rogério Greco (2021, p. 282), tratando do tema, leciona que está de
acordo com o posicionamento de Cezar Roberto Bitencourt, entendendo pela “admissibilidade de
concurso de pessoas em sede de crimes omissivos, sejam eles próprios, como é o caso do delito
de omissão de socorro, ou mesmo impróprios”.

▪ Consumação: ocorre no momento da abstenção da conduta, como se verá mais adiante.


Não se cogita a figura tentada em crime omissivo.

▪ A pena é aumentada de metade se da omissão resulta lesão corporal grave e triplicada se


resulta morte.
.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ A omissão de socorro encontra-se no rol dos
crimes omissivos denominados próprios.
OMISSÃO DE SOCORRO ▪ Crimes omissivos próprios: são aqueles cuja
omissão vem narrada expressamente pelo tipo
penal incriminador. O caso da omissão de socorro
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando trata-se de vala comum, ou seja, um lugar onde se
possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança amoldarão os comportamentos, como regra, de
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida todos aqueles que não gozarem do status de
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente garantidores.
▪ Crimes omissivos impróprios: não se encontram
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da tipificados expressamente na lei penal.
autoridade pública: Caracterizam-se pela violação do dever de
garantia.
▪ Somente podem praticar o delito de omissão de
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. socorro aqueles que não gozem desse especial
status de garantidor, pois este último, o garante,
terá que responder pelo resultado, quando
devia e podia agir a fim de evitá-lo, e não o fez.
Parágrafo único. A pena é aumentada de ▪ O art. 135 do CP caracteriza uma norma
metade, se da omissão resulta lesão corporal de mandamental, posto que o legislador, na verdade,
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. está exigindo que o agente faça alguma coisa, sob
pena de ser responsabilizado pelo resultado por ele
previsto.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Verbo núcleo do tipo: deixar.
• O núcleo deixar está colocado no texto no
OMISSÃO DE SOCORRO sentido de não fazer algo, ou seja, não
prestar assistência, não assistir, não ajudar,
quando possível fazê-lo, sem risco pessoal,
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando à criança abandonada ou extraviada, ou à
possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente pública.
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da ▪ Criança abandonada ou extraviada: devemos
autoridade pública: entender aquela que, de acordo com o art. 2º do ECA
(Lei nº 8.069/90) não tenha, ainda, completado 12
anos de idade e que tenha, por algum motivo, sido
abandonada à própria sorte por aqueles que eram
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. seus responsáveis ou, no caso da criança extraviada,
que tenha com eles perdido o contato ou a vigilância,
não sabendo retornar ao seu encontro.
▪ Pessoa inválida: é toda aquela que, entregue a si
Parágrafo único. A pena é aumentada de mesma, não pode prover a própria segurança, seja isto
metade, se da omissão resulta lesão corporal de por suas próprias condições normais ou por acidente
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. (velhos, enfermos, aleijados, paralíticos, cegos, etc),
segundo Hungria.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Pessoa ferida: é aquela que teve ofendida sua
integridade corporal ou saúde, seja por ação de
OMISSÃO DE SOCORRO terceiros, caso fortuito ou até mesmo por vontade
própria, como no caso daquele que tentou contra a
própria vida e conseguiu sobreviver, sendo incapaz de,
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando por si mesmo, buscar auxílio a fim de evitar a
possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança produção de um dano maior à sua pessoa.
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ▪ Desamparo: em ambas as hipóteses, ou seja, pessoa
inválida ou ferida, a vítima deve encontrar-se ao
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente desamparo, isto é, abandonada, sem os cuidados
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da exigidos à manutenção de sua integridade corporal ou
autoridade pública: saúde, bem como da sua vida.
▪ Grave e iminente perigo: é aquele que ameaça
atualmente a vida da pessoa ou, de modo notável, a
sua incolumidade física ou fisiológica.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. ▪ Na segunda parte do tipo tem-se um
comportamento alternativo: ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública.
▪ Exemplo: imagine-se a hipótese daquele que, numa
Parágrafo único. A pena é aumentada de
lagoa, percebendo que a vítima estava se afogando
metade, se da omissão resulta lesão corporal de porque não sabia nadar, deixe de prestar o socorro,
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. pois, nesse caso, corria risco pessoal. Contudo, deverá
socorrer-se da autoridade pública competente.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Não é qualquer autoridade pública, ou seja,
funcionário do Estado que tem a obrigação de
OMISSÃO DE SOCORRO atender aos pedidos de socorro. Por outro lado é
dever de quem aciona a autoridade buscar quem
realmente pode prestar assistência. Muito fácil seria,
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando para alguém se desvincular do dever de buscar
possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança ajuda concreta, ligar, por exemplo, para a casa de
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida um Promotor de Justiça – que não tem essa função
pública – dizendo que há um ferido no meio da rua,
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente aguardando socorro. É curial que o indivíduo acione
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da os órgãos competentes, como a polícia ou os
autoridade pública: bombeiros.
▪ Crime comum quanto ao sujeito ativo e crime
próprio com relação ao sujeito passivo, nas
hipóteses em que a lei exige dele uma qualidade
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. especial.
▪ Crime de perigo concreto: devendo ser
demonstrado que a omissão do agente trouxe
Parágrafo único. A pena é aumentada de efetivamente, uma situação de perigo para a vítima.
metade, se da omissão resulta lesão corporal de ▪ Crime doloso.
▪ Bem jurídico: a vida e a saúde.
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa.
▪ Sujeito passivo: as pessoas elencadas no tipo penal.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Consumação: se consuma no lugar e no
OMISSÃO DE SOCORRO momento em que a atividade devida tinha de ser
realizada, isto é, onde e quando o sujeito ativo
deveria agir e não o fez.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança ▪ Tentativa: não é admitida (doutrina majoritária).
abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
autoridade pública:
▪ A doutrina, majoritariamente, aduz que as
causas de aumento de pena previstas no
parágrafo único somente poderão ser atribuídas
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ao agente a título de culpa, tratando-se,
portanto, de um crime preterdoloso, ou seja,
dolo com relação à omissão, e culpa no que diz
Parágrafo único. A pena é aumentada de respeito ao resultado: lesão corporal de
metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave ou morte.
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

MAUS TRATOS

▪ Objetividade jurídica: a vida e da saúde daquele que se encontra sob a guarda de outrem
para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia.
▪ O crime consiste em expor a risco a vida ou a saúde da vítima por uma das formas
enumeradas no tipo penal. Delito de ação vinculada.
▪ Formas de execução:
a) privação de alimentos ou cuidados indispensáveis.
b) sujeição a trabalhos excessivos ou inadequados.
c) abuso dos meios de disciplina e correção.

▪ A diferença entre maus-tratos e tortura reside no elemento subjetivo, ou seja, na finalidade


especial do sujeito ativo.
▪ Se a intenção do agente é aplicar um corretivo e acaba se excedendo, o crime a ser
reconhecido é maus-tratos. Porém, se atua por pura maldade, com prazer em causar
sofrimento físico ou mental, a hipótese poderá ser de tortura.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de
MAUS TRATOS
natureza grave:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de


pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, Pena - reclusão, de um a quatro anos.
para fim de educação, ensino, tratamento ou
custódia, quer privando-a de alimentação ou
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a § 2º Se resulta a morte:
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando
de meios de correção ou disciplina:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou


multa. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de
catorze anos.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Crime doloso.
MAUS TRATOS ▪ Embora localizado no capítulo que prevê os crimes de
perigo, a parte final do art. 136 nos permite também
raciocinar em termos de dolo de dano.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de ▪ Exemplo: quem abusa de meios de correção ou
disciplina, agredindo violentamente aquele que está
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, sob sua autoridade, guarda ou vigilância, atua com a
para fim de educação, ensino, tratamento ou finalidade de causar-lhe lesões corporais. Contudo,
custódia, quer privando-a de alimentação ou essas lesões corporais são especializadas pela
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a motivação do agente, vale dizer, a conduta do agente
que atua com excessivo animus corrigendi é praticada
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia.
de meios de correção ou disciplina: ▪ Podemos, portanto, visualizar no crime de maus-tratos
tanto um dolo de perigo, quando o agente expõe a
perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou autoridade, guarda ou vigilância, privando-a de
multa. alimentação ou cuidado indispensáveis, sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, como um dolo de
dano (lesões corporais de natureza leve), quando atua
abusando de meios de correção ou disciplina.
▪ Se ocorrer lesão corporal de natureza grave, por
exemplo, o crime se qualifica.
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Crime próprio: o delito de maus-tratos somente
MAUS TRATOS pode ser cometido por quem tenha autoridade,
guarda ou vigilância sobre a vítima, que é o seu
sujeito passivo.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de ▪ Delito de perigo concreto.
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, ▪ Bem jurídico: a vida e a saúde.
para fim de educação, ensino, tratamento ou ▪ Sujeito ativo: somente quem detém autoridade,
custódia, quer privando-a de alimentação ou guarda ou vigilância sobre a vítima.
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a ▪ Sujeito passivo: somente aquele que está sob a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando autoridade, a guarda ou a vigilância do agente é
que poderá figurar nessa condição.
de meios de correção ou disciplina:
▪ A esposa, por exemplo, não pode ser sujeito
passivo do delito de maus-tratos, haja vista não
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou existir entre ela e o marido qualquer relação de
multa. sujeição, ou seja, não há o vínculo jurídico de
subordinação exigido pelo tipo penal.
▪ Consumação: se consuma com a efetiva
criação de perigo para a vida ou para a saúde
do sujeito passivo. A criação do perigo deve ser
demonstrada no caso concreto.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Tentativa: é admissível.
• O pai que é impedido de espancar o filho
MAUS TRATOS com um instrumento que, com certeza,
causaria danos de grande proporção,
abusando, dessa forma, dos meios de
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de correção;
• Imagine-se que um pai, agindo com animus
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância,
corrigendi, fosse agredir o filho valendo-se de
para fim de educação, ensino, tratamento ou uma barra de ferro. Obviamente que tal
custódia, quer privando-a de alimentação ou instrumento, por si mesmo, já demonstra o
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a excesso nos meios de correção. No exato
instante em que ia desferir o golpe, antes,
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando contudo de acertar a vítima, o agente foi
de meios de correção ou disciplina: interrompido por terceiros, que a tudo
assistiam.
▪ Modalidades comissiva e omissiva
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou • Exemplo: pode alguém praticar o delito em
multa. estudo abusando de meios de correção ou
disciplina, isto é, fazendo alguma coisa contra
a vítima que está sob sua autoridade, guarda
ou vigilância, como pode também cometê-lo
deixando de fazer aquilo a que estava
obrigado, como é a hipótese prevista na
primeira parte do artigo, que prevê a
privação de alimentação.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Guarda ou vigilância: é a assistência a pessoas que
não prescindem dela, e compreende necessariamente a
MAUS TRATOS vigilância. Esta importa zelo pela segurança pessoal,
mas sem o rigor que caracterizaria a guarda, a que pode
ser alheia (ex.: o guia alpino vigia pela segurança de
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de seus companheiros de ascensão, mas não os tem sob
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, sua guarda).
▪ Autoridade: a assistência decorrente da relação de
para fim de educação, ensino, tratamento ou autoridade é a inerente ao vínculo de poder de uma
custódia, quer privando-a de alimentação ou pessoa sobre outra, quer a potestas seja de direito
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a público, quer de direito privado.
▪ O autor deve agir para fim de educação, ensino,
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando tratamento ou custódia, caracterizando o especial fim
de meios de correção ou disciplina: de agir.
▪ Educação: é conceito empregado, no tipo, com o
sentido de atividade para infundir hábitos a fim de
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou aperfeiçoar, sob o aspecto moral ou cultural, a
multa. personalidade humana.
▪ Ensino: significa o estrito trabalho docente de ministrar
conhecimentos.
▪ Tratamento: compreende não só o cuidado clínico e
assistência ao doente, como ainda ação de prover à
subsistência de uma pessoa.
▪ Custódia: é a detenção de alguém em virtude de
motivos que a lei autoriza.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de
MAUS TRATOS
natureza grave:

MODALIDADES QUALIFICADAS
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
▪ §§ 1º e 2º.
▪ As modalidades qualificadas traduzem hipóteses de
crime eminentemente preterdoloso. Isso significa que § 2º Se resulta a morte:
o agente não pode, em qualquer situação, ter querido a
produção do resultado morte ou lesão corporal de
natureza grave.
▪ Assim, existe dolo no antecedente – quando o agente Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
expõe a perigo a vida ou a saúde de pessoa,
submetendo-o a uma situação de perigo concreto – e
culpa no consequente – quando da exposição ao perigo § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o
a que foi submetida a vítima resulta lesão corporal de
crime é praticado contra pessoa menor de
natureza grave ou morte.
▪ Todos os resultados que qualificam o delito de maus- catorze anos.
tratos somente podem ser atribuídos ao agente a título
de culpa.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de
MAUS TRATOS
natureza grave:

CAUSA DE AUMENTO DE PENA Pena - reclusão, de um a quatro anos.

▪ Para que haja a incidência da mencionada causa


especial de aumento de pena será preciso anexar § 2º Se resulta a morte:
aos autos cópia de documento de identidade da
vítima, conforme determina o parágrafo único do art.
155 do CPP.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o


crime é praticado contra pessoa menor de
catorze anos.
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CÓDIGO PENAL COMUM
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de
MAUS TRATOS
natureza grave:

Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de


pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, Pena - reclusão, de um a quatro anos.
para fim de educação, ensino, tratamento ou
custódia, quer privando-a de alimentação ou
cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a § 2º Se resulta a morte:
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando
de meios de correção ou disciplina:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou


multa. § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o
crime é praticado contra pessoa menor de
catorze anos.
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DA RIXA
ART. 137
CÓDIGO PENAL
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

RIXA

▪ Na ocorrência de tumultos com grande número de pessoas envolvidas com troca


de agressões, em que se mostra impossível saber quem agrediu quem, o legislador
resolveu punir todos que integrarem a luta.
▪ Em suma, todos serão acusados pelo crime de rixa, ainda que tenha “levado a pior” na briga.
▪ Fica claro o fato de que aqueles que se limitaram a atos de defesa ou que tenha entrado na
contenda apenas para separar os lutadores não responderão pelo delito.
▪ A doutrina costuma fazer distinção na participação que pode ser: a) material - por parte daqueles
que realmente integraram a luta; b) moral - por parte daqueles que incentivaram os demais a
lutarem.
▪ Quem entra na rixa não pode alegar legítima defesa, afirmando que agrediu outras pessoas
por ter sido agredido por elas. É que, quem entra na luta, por esse simples fato já está
praticando o ato antijurídico e, no exato instante em que nela ingressa, já está
cometendo o crime de rixa. Todavia, pode ocorrer legítima defesa em relação ao
homicídio.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Crime comum;
RIXA ▪ Crime de perigo abstrato (doutrina majoritária);
▪ Crime doloso;
▪ Crime de forma livre;
▪ Crime plurissubjetivo: há necessidade, para sua
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os configuração, da presença de, pelo menos, 3 pessoas,
contendores: sendo que as condutas são consideradas
contrapostas, isto é, umas contra as outras;
▪ Plurissubsistente;
▪ Bem jurídico: a integridade corporal e a saúde, bem
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
como a vida e, secundariamente, a paz social;
multa. ▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa;
▪ Sujeito passivo: qualquer pessoa;
▪ Greco (2021, p. 317) lecionada que:
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da Assim, na participação na rixa, os rixosos são, ao
mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos. Aquele
participação na rixa, a pena de detenção, de seis que, com o seu comportamento, procura agredir o
meses a dois anos. outro participante é considerado sujeito ativo do
delito em questão; da mesma forma, aquele que
não só agrediu, como da mesma forma foi
agredido durante sua participação na rixa,
também é considerado sujeito passivo do crime.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Rixa: “uma briga entre mais de duas pessoas,
acompanhada de vias de fato ou violências
RIXA recíprocas”, segundo Hungria. Masson (2019, p. 644)
a define como “uma luta tumultuosa e confusa que
travam entre si três ou mais pessoas, acompanhada de
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os vias de fato ou violências recíprocas. Devem existir ao
contendores: menos três pessoas participando ativamente da
rixa”.
▪ Rixa subitânea (ex improviso) e rixa preordenada (ex
proposito);
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou ▪ Participar: tomar parte nas agressões. Os 3 ou mais
multa. rixosos devem combater entre si;
▪ A rixa é caracterizada pela confusão que se observa
na contenda. Ademais, a caracterização do delito
depende da existência de ofensas corporais;
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão ▪ Rixa simples: se caracteriza pelas vias de fato ou
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da lesão corporal leve, sendo que, em caso de lesão leve,
participação na rixa, a pena de detenção, de seis deve o contendor que a praticou responder também
meses a dois anos. por ela. Exemplo: empurrões, tapas etc. A doutrina
pondera que as vias de fato são absorvidas pelo delito
de rixa, mas as lesões corporais leves ocasionam o
concurso de crimes que, segundo a doutrina
majoritária, caracteriza concurso material de crimes;
▪ Rixa qualificada: morte ou lesão corporal grave.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


▪ Consumação: há necessidade de que os agentes
iniciem os atos de agressão, que podem se constituir
RIXA em vias de fato, lesões corporais, podendo, até
mesmo, chegar ao resultado morte;
▪ Não ocorre o delito de rixa quando vários pessoas
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os se ofendem com xingamentos, palavrões,
contendores: impropérios etc. O crime de rixa, por sua própria
natureza, exige atos de violência;
▪ É importante considerar que a rixa também se
consuma com o arremesso de materiais, objetivos etc.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou Não há, portanto, a necessidade de contato físico,
multa. embora ocorra atos de violência. Exemplo: briga em
um bar, boate ou restaurante em que ocorre o
arremesso de garrafas, cadeiras, copos etc.;
▪ É o momento em que há o contato pessoal ou o
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão arremesso de objetos que o delito de rixa se consuma,
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da havendo assim o início das agressões reciprocadas
participação na rixa, a pena de detenção, de seis por parte dos contendores (rixosos);
meses a dois anos. ▪ Tentativa: Greco afirma que é possível, embora de
difícil configuração; Masson admite a tentativa na rixa
preordenada; Cristiano Rodrigues afirma ser
inadmissível a tentativa; Bitencourt admite a tentativa
na ex proposito (preordenada), mas conclui ser de
difícil configuração.
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DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE


RIXA QUALIFICADA
(rixa complexa)
RIXA
▪ O delito de rixa será considerado como qualificado
como ocorrer um dos seguintes resultados: a)
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os
morte; b) lesão corporal de natureza grave.
contendores: ▪ Os resultados podem ter sido provocados a título
de dolo ou culpa e, de uma forma ou de outra, a
rixa será considerada qualificada.
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou ▪ Importante observar que para a qualificação do
multa. delito de rixa os resultados morte ou lesão corporal
grave deve, necessariamente, ocorrer. Sem um
desses resultados o delito não se qualifica.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão ▪ Greco (2021, p. 321) leciona que pode “ser que,
por exemplo, algum dos rixosos morra durante a
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da
contenda, como também uma pessoa estranha ao
participação na rixa, a pena de detenção, de seis entrevero, mas em razão dele. Em ambas as
meses a dois anos. hipóteses, os contendores responderão pelo delito
de rixa qualificada”.
▪ O delito de rixa, simples ou qualificada, como regra,
é de competência do Juizado Especial Criminal;
▪ Ação penal: pública incondicionada.
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A HONRA


ART. 138, 139 E 140
CÓDIGO PENAL
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso X, dispõe que “são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação”.

▪ Por isso, pune-se também criminalmente quem, deliberadamente, ofende a honra alheia.

▪ Os crimes contra a honra são a calúnia, a difamação e a injúria. Cada um desses


delitos possuem requisitos próprios e, além de estarem descritos no Código Penal, estão
previstos em leis especiais.

▪ Desse modo os tipos penais da legislação comum só terão vez se não ocorrer quaisquer
das hipóteses previstas nas legislações especiais.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Para uma melhor compreensão do tema, vamos tomar como base, para essa explanação, a obra
do professor Rogério Greco, vale dizer, o Curso de Direito Penal – Volume 2 – de 2021. A
linguagem é simples e de fácil compreensão.

▪ A divisão em honra objetiva e honra subjetiva tem por finalidade facilitar a compreensão dos
tipos penais, posto que honra, no fim das contas, é uma só. Podemos conceituá-la como a
imagem que o indivíduo constrói ao longo do tempo, é o seu bom nome, sua respeitabilidade
perante a comunidade em que vive e atua. Magalhães Noronha, citado por Cezar Roberto
Bitencourt (2022, p. 449-450), a define como “o complexo ou conjunto de predicados ou
condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria”.
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Do crime de calúnia
▪ No crime de calúnia, por exemplo, a lei protege a chamada honra objetiva, que é o conceito que determinada
pessoa acredita possuir e gozar no meio social em que ela vive. Todos nós temos uma imagem pública, isto é,
as pessoas com as quais lidamos formam a nosso respeito um juízo e nos valoram por isso.
▪ É possível desdobrar o crime de calúnia em vários elementos que são importantes para compreender esse
tipo penal, são eles: a) a imputação de um fato; b) esse fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente, ser
falso; c) além de falso, o fato deve ser definido como crime. Essa divisão é proposta por Rogério Greco (2021,
p. 339) e foi retirada diretamente do art. 138 do Código Penal.
▪ Nesse sentido, não basta ofender alguém para a configuração desse delito. É preciso narrar um fato e imputá-
lo à vítima, sabendo, previamente, que a acusação é falsa. Exemplo: “no dia 10 de dezembro de 2020, por
volta das 15 horas, eu vi o cidadão X entrar na casa da vítima e subtrair alguns objetos do seu interior”. Veja
que, nesse caso, o autor da calúnia narrou um fato (furto) e trouxe detalhes de como ele ocorreu. Não é
preciso trazer todas as informações, mas tem que ser narrado um fato. Esse fato imputado tem que ser falso.
O autor da calúnia sabe que aquela pessoa não praticou a referida conduta ou o fato nem sequer existiu. Isso
significa que a calúnia é um crime doloso e a vontade do autor é caluniar a vítima.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Do crime de calúnia
▪ O outro aspecto importante é que o fato imputado tem que ser um CRIME. Logo, se o autor acusar a vítima
falsamente de ter praticado uma contravenção penal ou uma transgressão disciplinar, por exemplo, ainda
que a acusação seja falsa, não será calúnia, pois a lei exige a imputação de um CRIME. Exemplo: imagine a
situação em que o autor da acusação diz que a vítima estava “bancando o jogo do bicho”, pois em certo dia
do mês de novembro de 2019 a viu atuando em uma determinada casa de jogo fazendo apontamentos.
Nesse caso, não poderemos falar de calúnia, pois a imputação aqui, ainda que falsa, foi de uma
contravenção penal, pois o “jogo do bicho” não configura crime. Em situações como essa o autor da
acusação poderá ser responsabilizado por difamação, como veremos adiante.
▪ Como o crime de calúnia atenta contra a honra objetiva da vítima, como visto anteriormente, a
CONSUMAÇÃO do delito ocorre quando uma terceira pessoa, que não aquela que foi acusada falsamente,
toma conhecimento da acusação falsa de fato definido como crime. Nesse caso, a ofensa atingiu a imagem
que a vítima tem na comunidade em que ela atua.
▪ O crime de calúnia só admite a modalidade dolosa. Assim, o objetivo do autor é, de fato, atingir a honra
objetiva da vítima.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Do crime de calúnia
▪ É importante também dizer que no crime de calúnia é também punível com a mesma pena aquele que, “sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga”. Veja que outra pessoa tomou conhecimento da acusação falsa de um crime e, mesmo
sabendo disso, relata verbalmente para outra pessoa (isso é propalar) ou relata por outro meio qualquer para outras
pessoas (isso é divulgar).
▪ A calúnia contra os mortos também é punível, pois o autor não pode imputar ao falecido, falsamente, a prática de um fato
definido como crime. Nesse caso, a família do morto poderá acionar judicialmente o autor a fim de proteger a memória
do falecido.
▪ A questão da exceção da verdade é um ponto importante para analisar. Afinal, para que possa existir calúnia é preciso
que o fato definido como crime seja falso, mas se ele for verdadeiro, qual a solução? A exceção da verdade, como
ensina o professor Rogério Greco (2021, p. 349), é a “faculdade atribuída ao suposto autor do crime de calúnia de
demonstrar que, efetivamente, os fatos por ele narrados são verdadeiros, afastando-se, portanto, com essa
comprovação, a infração penal a ele atribuída”. Essa prova da verdade ocorre no processo criminal. É importante
compreender que é legítimo provar a verdade daquilo que se imputou a outrem e essa prova da verdade afasta a
possibilidade de condenar alguém por calúnia, observando sempre os requisitos previstos no art. 138, § 3º, do Código
Penal.
▪ Como a pena do crime de calúnia é de detenção de 6 meses a 2 anos e multa, tem-se uma infração penal de menor
potencial ofensivo que admite o registro do TCO.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferenças entre calúnia e difamação:


▪ A calúnia e a difamação possuem pontos em comum, já que nesses dois tipos penais existe a imputação da
prática de um fato à vítima, além de ser uma ofensa à honra objetiva dela. As diferenças podem ser assim
destacadas, como ensina Rogério Greco (2021, p. 359): “a) na calúnia, a imputação do fato deve ser falsa, ao
contrário da difamação que não exige sua falsidade; b) na calúnia, além de falso o fato, deve ser definido como
crime; na difamação, há somente a imputação de um fato ofensivo à reputação da vítima, não podendo ser um
fato definido como crime, podendo, contudo, consubstanciar-se em uma contravenção penal”.
▪ Na difamação, é bom dizer, não há a acusação de crime, mas o autor difama alguém imputando a ele um FATO
ofensivo à reputação da vítima. Veja que aqui também a imputação tem de ser de um fato, vale dizer, é preciso
que o autor narre minimamente a situação com indicação aproximada do dia, hora, local ou outros detalhes.
▪ É muito importante compreender que na difamação não importa se o fato é falso ou verdadeiro, pois a ninguém é
dado o direito de atingir a reputação de outra pessoa. Afinal, na difamação o que se protege é a honra objetiva da
vítima, isto é, o conceito que essa pessoa acredita gozar perante a comunidade em que ela vive e atua. No crime
de difamação temos os seguintes elementos: a) a difamação de alguém; b) a imputação de um fato; c) o fato
imputado deve ser ofensivo à reputação da vítima.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferenças entre calúnia e difamação:


▪ A reputação pode ser entendida como o bom nome, a boa fama, ou mesmo o valor social daquela
pessoa. Assim, para sua consumação, é necessário que uma terceira pessoa, que não o ofendido na
difamação, tome conhecimento dos fatos ofensivos à reputação da vítima.
▪ Na difamação o que se pune de verdade é a chamada “fofoca”, o “disse-me-disse”, o “mexerico”.
Afinal, cada pessoa deve cuidar de sua vida particular sem fazer considerações sobre a vida alheia e
tampouco manifestar-se com comentários maliciosos. O autor da difamação afirmou, por exemplo,
que “viu o cidadão João Alegre saindo com um garoto de programa certa vez durante à noite”.
Ocorre que o cidadão João Alegre é casado, religioso, e pai de duas filhas, e a narrativa daquele fato,
pouco importa se é verdadeiro ou falso, trouxe sérios danos à reputação dele. Temos um típico caso
de difamação, posto que narrou-se um fato.
▪ A difamação é um crime doloso. Assim, o autor do fato tem consciência e vontade de praticar uma
conduta ofensiva à reputação da vítima.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferenças entre calúnia e difamação:


▪ Na difamação também cabe a chamada exceção da verdade, mas somente em um caso bem
específico, isto é, somente é admitida se “o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa
ao exercício de suas funções”. Nesse caso, o funcionário público praticou o fato no exercício da
função e alguém narrou esse fato para outras pessoas, praticando em tese difamação. Ocorre
que como a pessoa envolvida era funcionário público no exercício da função é possível que o
autor da suposta difamação prove que o que ele disse é verdade e que o fato aconteceu. É o
único caso que se admite a exceção da verdade na difamação. Essa questão, via de regra,
surgirá no processo criminal.

▪ Como a pena do crime de difamação é de 3 meses a 1 ano e multa, tem-se uma infração penal
de menor potencial ofensivo que admite o registro do TCO.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferenças entre calúnia e difamação:

CALÚNIA DIFAMAÇÃO
1) Fato imputado deve ser definido como crime. 1) O fato imputado deve ser desonroso.
2) A imputação deve ser falsa. 2) Não é necessário que a imputação seja falsa.
3) É punível contra os mortos. 3) Não é possível contra os mortos.
4) Admite, em regra, a exceção da verdade. 4) Não admite, em regra, a exceção da verdade.
(GONÇALVES, 2021, p. 267)
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferença entre calúnia e injúria:


▪ A diferença mais evidente entre esses dois crimes é que na calúnia existe a imputação falsa de um
fato definido como crime e na injúria se atribui à vítima uma qualidade negativa que atinge seu
decoro, não importa se esse atributo é falso ou verdadeiro, pois na injúria não cabe a exceção da
verdade; a calúnia atinge a honra objetiva e a injúria atinge a honra subjetiva da vítima, que é o
valor que a vítima dá a si mesma. Dessa forma, se o agente afirmar, falsamente, que determinada
pessoa estava certa noite vendendo muitos pinos de cocaína, tal acusação configura calúnia, mas se
afirmar que essa mesma pessoa é um traficante de drogas, essa imputação configura injúria.
▪ A injúria é um crime doloso. Assim, o autor tem a vontade e a consciência de atingir a honra subjetiva
da vítima. O crime de injúria, na sua forma simples, conforme previsto no caput do art. 140 do Código
Penal, tem pena de detenção de 1 a 6 meses ou multa. Veja-se que, nesse caso, é uma infração penal
de menor potencial ofensiva, admitindo o registro do TCO.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferença entre calúnia e injúria:


INJÚRIA CALÚNIA/DIFAMAÇÃO
1) Atinge a honra subjetiva. 1) Atinge a honra objetiva.
2) Consuma-se quando a vítima toma conhecimento da 2) Consuma-se quando terceira pessoa toma
ofensa. conhecimento da imputação.
3) Admite perdão judicial em certas hipóteses. 3) Nunca admite perdão judicial.
4) Não admite a exceção da verdade. 4) Calúnia admite exceção da verdade como regra e a
difamação quando for contra funcionário público em
razão da função.
5) A retratação não gera nenhum efeito. 5) A retratação, se cabal e antes da sentença, extingue a
punibilidade.
(GONÇALVES, 2021, p. 275)
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

▪ Algumas diferenças entre calúnia e difamação e entre calúnia e injúria

▪ Diferença entre calúnia e injúria:


▪ Na injúria o autor atinge a honra subjetiva da vítima, isto é, a percepção que a vítima tem de si mesma. O termo
injúria significa a palavra ou gesto ofensivo, humilhante, ou mesmo o insulto. Nesse caso, o autor imputa à vítima
atributos pejorativos. Exemplo: chamar alguém, dolosamente, de “vagabundo, pilantra, ladrão, cafajeste, etc.”
Aqui não há a narração de um fato, mas ofensas que visam atingir a dignidade ou o decoro da vítima.
A dignidade é o sentimento que tem o indivíduo do seu próprio valor social e moral; o decoro é
a respeitabilidade. Caracteriza também as “qualidades de ordem física e social que conduzem o indivíduo à
estima de si mesmo e o impõem ao respeito dos que com ele convivem” (GRECO, 2021, p. 376). Exemplo: dizer
que um indivíduo é trapaceiro seria ofender sua dignidade. Chamá-lo de burro, ou de coxo (manco) seria atingir
seu decoro.

▪ A consumação da injúria, por atingir a honra subjetiva da vítima, ocorre no momento em que a própria vítima toma
conhecimento das palavras ofensivas que foram dirigidas à sua dignidade ou decoro.

▪ Com essas considerações iniciais, passaremos às análises específicas da calúnia, da difamação e da injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
CALÚNIA
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime: EXCEÇÃO DA VERDADE

§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas


indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação


pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


▪ Crime doloso.
CALÚNIA
▪ Crime comum.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
▪ Delito formal: a consumação ocorre mesmo
falsamente fato definido como crime: que a vítima não tenha sido, efetivamente,
maculada em sua honra objetiva, bastando que
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e o agente divulgue, falsamente, a terceiro, fato
definido como crime.
multa.
▪ Consumação: se consumado quando um
terceiro, que não o sujeito passivo, toma
conhecimento da imputação falsa de fato
definido como crime.

▪ Tentativa: é possível em caso específicos.


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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
CALÚNIA
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime: EXCEÇÃO DA VERDADE

§ 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas


indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação


pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
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§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
CALÚNIA

• Propalar: relatar verbalmente.


Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe • Divulgar: relatar por qualquer outro meio.
falsamente fato definido como crime:

§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
• A memória do falecido merecer ser preservada,
impedindo-se, com a ressalva feita no § 2º, que
também seus parentes sejam, mesmo que
indiretamente, atingidos pela força da falsidade
do fato definido como crime, que lhe é
imputado.

• O CP somente ressalvou apenas a possibilidade


de calúnia contra os mortos, não admitindo nas
demais modalidades de crimes contra a honra,
vale dizer, na difamação e na injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
CALÚNIA
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime: EXCEÇÃO DA VERDADE

§ 3º Admite-se a prova da verdade, SALVO:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas


indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação


pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


EXCEÇÃO DA VERDADE
CALÚNIA
§ 3º Admite-se a prova da verdade, SALVO:

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe


II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
falsamente fato definido como crime:
indicadas no nº I do art. 141;

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e


CÓDIGO PENAL
multa.
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Disposições comuns
Art. 141. As penas cominadas neste capítulo aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de


governo estrangeiro.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
falsa a imputação, a propala ou divulga.
CALÚNIA
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe
falsamente fato definido como crime: EXCEÇÃO DA VERDADE

§ 3º Admite-se a prova da verdade, SALVO:


Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.
I - se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas


indicadas no nº I do art. 141;

III - se do crime imputado, embora de ação


pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
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DIFAMAÇÃO EXCEÇÃO DA VERDADE

Parágrafo único. A exceção da verdade


Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato
SOMENTE se admite se o ofendido é
ofensivo à sua reputação:
funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções.

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.


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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


▪ Na difamação pune-se, tão-somente, aquilo que
DIFAMAÇÃO popularmente é chamado de “fofoca”. É,
outrossim, o crime daquele que, sendo falso ou
verdadeiro o fato, o imputa a alguém com o fim
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato de denegrir sua reputação.
ofensivo à sua reputação: ▪ Assim, o fato imputado pode ser falso ou
verdadeiro e, ainda assim, configurará
difamação.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. ▪ Crime comum.
▪ Crime doloso.
▪ Delito formal.
▪ Bem jurídico: honra objetiva.
▪ Consumação: quando terceiro, que não a
vítima, toma conhecimento dos fatos ofensivos à
reputação desta última.
▪ Tentativa: é possível em casos específicos.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA

DIFAMAÇÃO EXCEÇÃO DA VERDADE

Parágrafo único. A exceção da verdade


Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato
SOMENTE se admite se o ofendido é
ofensivo à sua reputação:
funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções.

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.


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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA
empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dignidade ou o decoro: multa, além da pena correspondente à violência.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: portadora de deficiência:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, Pena: reclusão de um a três anos e multa.


provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em


outra injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA
empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dignidade ou o decoro: multa, além da pena correspondente à violência.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º Se a injúria consiste na utilização de


elementos referentes a religião ou à condição de
pessoa idosa ou com deficiência: (Parágrafo
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: acrescido pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, com nova
redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)

I - quando o ofendido, de forma reprovável,


provocou diretamente a injúria; Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Pena acrescida pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997,
com nova redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


▪ O crime de injúria pode assim ser subdividido:
✓ Injúria simples: art. 140, caput;
INJÚRIA ✓ Injúria real: art. 140, § 2º;
✓ Injúria preconceituosa: art. 140, § 3º.
▪ Injúria: é a palavra ou gesto ultrajante com que o agente
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a ofende o sentimento de dignidade da vítima. É a
imputação de atributos pejorativos à vítima.
dignidade ou o decoro: ✓ Dignidade: sentimento que tem o indivíduo
do seu próprio valor social e moral.
✓ Decoro: respeitabilidade. Caracteriza
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. também as qualidades de ordem física e
social que conduzem o indivíduo à estima de
si mesmo e o impõem ao respeito dos que
com ele convivem.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: ✓ Dizer que um indivíduo é trapaceiro seria
ofender sua dignidade. Chamá-lo de burro,
ou de coxo seria atingir seu decoro.
I - quando o ofendido, de forma reprovável, ▪ Crime comum.
provocou diretamente a injúria; ▪ Crime doloso.
▪ Delito formal.
▪ Bem jurídico: honra subjetiva.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em ▪ Consumação: no momento em que a vítima toma
outra injúria. conhecimento das palavras ofensivas à sua dignidade ou
decoro. Não há necessidade da presença da vítima.
▪ Tentativa: é possível em casos específicos.
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INJÚRIA CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO E
INJÚRIA DESACATO

▪ O professor Victor Eduardo Rios Gonçalves (2021, p.


Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a 272), leciona que:
dignidade ou o decoro:
O crime de injúria contra funcionário
público, referente ao desempenho de sua
funções, excepcionalmente, só pode ser
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. cometido na ausência da vítima. É que a
ofensa irrogada em sua presença constitui
crime mais grave, previsto no art. 331 do
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: Código Penal, chamado desacato. Assim, se
um servidor do Poder Judiciário, quando
está no cartório, na presença de seus
I - quando o ofendido, de forma reprovável, colegas de trabalho, diz que o juiz de direito
provocou diretamente a injúria; é preguiçoso para sentenciar, comete crime
de injúria agravada pelo fato de a vítima ser
funcionário público (art. 141, II, do CP). Se
II - no caso de retorsão imediata, que consista em alguém, todavia, vai até uma sala de
outra injúria. audiência e xinga pessoalmente o juiz,
responde por desacato.
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§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA
empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dignidade ou o decoro: multa, além da pena correspondente à violência.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º Se a injúria consiste na utilização de


elementos referentes a religião ou à condição de
pessoa idosa ou com deficiência: (Parágrafo
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: acrescido pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, com nova
redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)

I - quando o ofendido, de forma reprovável,


provocou diretamente a injúria; Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Pena acrescida pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997,
com nova redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
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§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
dignidade ou o decoro: além da pena correspondente à violência.

• O § 2º trata da denominada injúria real, que ocorre


Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. quando a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, são
consideradas aviltantes.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: • Na injúria real, a violência ou as vias de fato são
utilizadas não com a finalidade precípua de ofender a
integridade corporal ou a saúde de outrem, mas, sim,
I - quando o ofendido, de forma reprovável, no sentido de humilhar, desprezar, ridicularizar a
provocou diretamente a injúria; vítima, atingindo-a em sua honra subjetiva.
• Podem ser caracterizados como injúria real o tapa no
rosto que tenha por finalidade humilhar a vítima, o
II - no caso de retorsão imediata, que consista em puxão de orelha, o fato de o agente ser expulso de
outra injúria. algum lugar recebendo chutes em sua nádegas, o
cortar a barba ou o cabelo do agente.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA
empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dignidade ou o decoro: multa, além da pena correspondente à violência.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º Se a injúria consiste na utilização de


elementos referentes a religião ou à condição de
pessoa idosa ou com deficiência: (Parágrafo
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: acrescido pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, com nova
redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)

I - quando o ofendido, de forma reprovável,


provocou diretamente a injúria; Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Pena acrescida pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997,
com nova redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou
INJÚRIA com deficiência: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.459, de
13/5/1997, com nova redação dada pela Lei nº 14.532, de
11/1/2023)
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro: Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Pena
acrescida pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, com nova redação dada
pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.


INJÚRIA PRECONCEITUOSA

§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: ▪ A injuria preconceituosa pune o agente que, na
prática do delito, se utiliza de elementos referentes
a:
I - quando o ofendido, de forma reprovável,
provocou diretamente a injúria; ▪ Religião;
▪ Condição de pessoa idosa;
▪ Condição de pessoa com deficiência.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de
fato, que, por sua natureza ou pelo meio
INJÚRIA
empregado, se considerem aviltantes:

Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dignidade ou o decoro: multa, além da pena correspondente à violência.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º Se a injúria consiste na utilização de


elementos referentes a religião ou à condição de
pessoa idosa ou com deficiência: (Parágrafo
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: acrescido pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997, com nova
redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)

I - quando o ofendido, de forma reprovável,


provocou diretamente a injúria; Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa. (Pena acrescida pela Lei nº 9.459, de 13/5/1997,
com nova redação dada pela Lei nº 14.532, de 11/1/2023)
II - no caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
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DOS CRIMES CONTRA A HONRA


REGRA Admissibilidade

CALÚNIA Não admite nas seguintes situações:

I - se, constituindo o fato imputado crime


de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
EXCEÇÕES II - se o fato é imputado a qualquer das
pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de
ação pública, o ofendido foi absolvido por
EXCEÇÃO DA sentença irrecorrível.
VERDADE
REGRA Não admite

DIFAMAÇÃO
Somente se admite se o ofendido é
EXCEÇÕES funcionário público e a ofensa é relativa
ao exercício de suas funções.

INJÚRIA Não admite (incompatibilidade)


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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


DOS CRIMES CONTR A A LIBERDADE PESSOAL
ART. 146, 147, 147-A, 147-B E 148
CÓDIGO PENAL
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

AMEAÇA

▪ A ameaça pode se dar por:

▪ Palavras – na presença da vítima, por gravação, telefone etc;


▪ Escrito – carta, bilhete, e-mail, mensagem de telefone etc;
▪ Gestos – apontar arma, fazer sinal com a mão etc;
▪ Qualquer outro meio simbólico - enviar pequeno caixão, sinais etc.

▪ Pode ser classificada em:

▪ Direta – quando se refere a mal a ser provocado na própria vítima;


▪ Indireta – quando se refere a mal a ser causado em terceira pessoa querida pela vítima;
▪ Explícita – é a ameaça feita às claras, não deixando dúvida da intenção de intimidar;
▪ Implícita – em que o agente dá a entender, de forma velada, que está prometendo mal à
vítima.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

AMEAÇA

▪ Ameaça realizada por pessoa embriagada

▪ O professor Victor Eduardo Rios Gonçalves (2021, p. 303), leciona que existem “também dois entendimentos.
Para alguns, constitui crime porque o art. 28, II, do CP, estabelece que a embriaguez não exclui o dolo. Outros
alegam que a embriaguez é incompatível com o dolo de ameaçar”. Esclarece o professor Gonçalves que, em seu
entendimento, “é necessário analisar o caso concreto, excluindo-se o ilícito penal apenas se restar constatado
que a embriaguez era de tal forma avançada que o agente não tinha consciência da gravidade do que dizia”.
▪ Rogério Greco (2021, p. 441) afirma que “somente aquele estado de embriaguez que torne ridícula a ameaça
feita pelo agente é que poderá afastar a infração penal, em razão da evidente ausência de dolo; ao contrário, se o
agente mesmo sob os efeitos do álcool ou de substâncias análogas, tiver consciência do seu comportamento,
deverá responder pelas ameaças proferidas.
▪ O art. 28, inciso II do Código Penal, assim dispõe:

Emoção e paixão
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
[...]
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

AMEAÇA

▪ Ameaça realizada por pessoa embriagada

▪ A jurisprudência, por outro lado, parece caminhar no sentido de não afastar a responsabilidade penal do agente
por crime de ameaça o seu estado de embriaguez voluntária, como se vê na Apelação Criminal n.
1.0470.17.009426-7/00, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, tendo como Relatora o Desembargadora Beatriz
Pinheiro Caires. A Ementa restou assim consignada:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TENTATIVA DE LESÕES CORPORAIS E AMEAÇA -


AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS - EMBRIAGUEZ DO AGENTE -
CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO EXCLUI O DOLO - ABSORÇÃO PELO CRIME DE LESÕES
CORPORAIS - ADMISSIBILIDADE - DELITOS PRATICADOS NO MESMO CONTEXTO
FÁTICO - INEXISTÊNCIA DO DOLO ESPECÍFICO DE INTIMIDAR.
- A embriaguez, quando voluntária, não exclui o dolo do crime de ameaça. O fato de o
agente se encontrar sobre a influência de álcool ou de outra substância psicoativa não lhe
retira a vontade de intimidar e nem deixa de infundir temor à vítima. (TJMG - Apelação
Criminal 1.0470.17.009426-7/001, Relator (a): Des.(a) Beatriz Pinheiro Caires, 2ª CÂMARA
CRIMINAL, julgamento em 05/03/2020, publicação da súmula em 13/03/2020).
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


▪ Crime comum.
▪ Crime doloso.
AMEAÇA ▪ Crime formal: a infração penal se consuma mesmo
que a vítima não se sinta intimidada.
▪ Alguns doutrinadores consideram que o mal prometido
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou deve ser futuro, posto que, se imediato for, pode-se
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de cogitar da hipótese de constrangimento ilegal, como
daquele que determina que a vítima “cale a boca”, sob
causar-lhe mal injusto e grave: pena de agredi-la. Há, nesse caso, uma relação de
proximidade a afastar a ameaça. Esse aspecto é
controverso.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. ▪ Mal injusto e grave: o mal prometido deve ser
verossímil.
▪ Consumação: se consuma ainda que, analisada
concretamente, a vítima não tenha se intimidado ou
Parágrafo único. Somente se procede mediante mesmo ficado receosa do cumprimento da promessa
representação. do mal injusto e grave. Basta, para fins de sua
caracterização, que a ameaça tenha a possibilidade de
infundir temor em um homem comum e que tenha
chegado ao conhecimento deste, não havendo
necessidade, inclusive, da presença da vítima no
momento em que as ameaças foram proferidas.
▪ Tentativa: é admissível, segundo Greco, em casos
bem específicos.
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PERSEGUIÇÃO

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por


qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
I - contra criança, adolescente ou idoso;

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


II - contra mulher por razões da condição de sexo
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código;
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas OU com o emprego de arma.
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021)
.
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▪ Crime comum.
▪ Crime doloso.
PERSEGUIÇÃO ▪ A prática de perseguição é também conhecida como
“stalking“;
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por ▪ A expressão stalking, segundo Bitencourt, “tem o
significado de prática de ações, agora criminosas, por
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou meios físicos ou virtuais, que interferem na liberdade
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de individual, independentemente do sexo da vítima e do
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou autor”. (2022, p. 554)
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. ▪ A conduta é praticada mais rotineiramente por
pessoas do sexo masculino em desfavor de pessoa do
sexo feminino. Ocorre, entretanto, que não há
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. vedação para que essa conduta ocorra no sentido
inverso ou mesmo entre pessoas do mesmo sexo.
▪ Bem jurídico tutelado: a liberdade pessoal e
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
individual de autodeterminação, isto é, a liberdade
psíquica do indivíduo, que será abalada pelo temor
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem infundido pela ameaça (não é um crime de ameaça
prejuízo das correspondentes à violência. propriamente). É inegável que há proteção da honra e
da dignidade da pessoa humana, que além de
violentar sua liberdade de locomoção, de constrangê-
§ 3º Somente se procede mediante representação. la física, moral e psicologicamente, cria-lhe uma
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021) insegurança permanente.
.
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▪ O crime de “perseguição reiterada” ameaça a
integridade física ou psicológica da vítima, restringe a
PERSEGUIÇÃO capacidade de locomoção e perturba a esfera de
liberdade ou privacidade desta e, por isso, é punido
mais severamente que os crimes de ameaça e
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por
constrangimento ilegal.
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou ▪ O crime de perseguição absorve ou contém os outros
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de dois, constrangimento ilegal e ameaça, os quais, nessa
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou relação, são crimes subsidiários.
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. ▪ Bitencourt afirma que esse delito “atinge os bens
jurídicos integridade física e psicológica, a liberdade
de ir e vir e a privacidade individual, e, de certa forma,
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. faz a vítima sentir-se ‘aprisionada’, virtualmente, e
insegura, sentindo-se tolhida de usar sua liberdade
plena no plano físico, psicológico, emocional e
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: espiritual”. (2022, p. 556)
▪ Sujeito ativo: qualquer pessoa física.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem ▪ Sujeito passivo: qualquer pessoa física.
▪ Perseguir alguém: somente pessoas determinadas,
prejuízo das correspondentes à violência.
individualizadas, podem ser sujeito passivo. A vítima,
portanto, precisa ser identificada. Pessoa
indeterminada não pode ser sujeito passivo desse
§ 3º Somente se procede mediante representação.
crime.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021)
.
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▪ Perseguir alguém: significa importunar, amedrontar,
colocar medo ou insegurança na vítima, causar
PERSEGUIÇÃO constrangimento ao ofendido. Tem-se aqui a perseguição
insistente, persistente, reiterada na qual o sujeito ativo
realiza, repetidamente, ações comportamentais
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por ameaçadoras sob o aspecto físico, psíquico ou
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológico contra alguém, isto é, condutas invasivas,
agressivas e perturbadoras da esfera da liberdade e
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de privacidade da vítima.
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou ▪ Reiteradamente: exige, no mínimo, que a perseguição
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. seja repetida, reiterada, insistente, persistente, com
insistência, denotando um certo grau de permanência ou
repetição persistente, incompatível com o tradicional
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. crime de ameaça.
▪ Crime formal: não se trata de crime material, isto é de
resultado, assemelhando-se aos crimes de
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: constrangimento ilegal e de ameaça, que são crimes
formais, isto é, sem resultado material. Assim, para a
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem configuração do crime não é necessário que o agente
tenha a intenção efetiva de concretizá-lo, sendo suficiente
prejuízo das correspondentes à violência. a finalidade de perseguir alguém insistentemente,
ameaçando, constrangendo, invadindo sua esfera de
liberdade e privacidade.
§ 3º Somente se procede mediante representação. ▪ Elemento subjetivo especial do tipo: tem-se o especial
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021) fim de intimidar, amedrontar ou causar temor na vítima.
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▪ Consumação: se consuma no momento em que
PERSEGUIÇÃO o conteúdo ou existência da perseguição chega
ao conhecimento do perseguido. Consuma-se,
assim, com a intimidação sofrida pelo sujeito
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por passivo ou simplesmente com a idoneidade
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou intimidativa da ação.
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de ▪ É desnecessário que a perseguição crie na
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou vítima o temor da sua concretização ou que, de
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. qualquer forma, perturbe, in concreto, a sua
tranquilidade, tratando-se, pois, de crime formal.
▪ É desnecessária a presença do ofendido no
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
momento em que os atos constitutivos da
“perseguição” são praticados.
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
▪ Tentativa: é de difícil configuração, embora, na
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem forma escrita, haja quem sustente sua
prejuízo das correspondentes à violência. viabilidade.

§ 3º Somente se procede mediante representação.


(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021)
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PERSEGUIÇÃO

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por


qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
I - contra criança, adolescente ou idoso;

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


II - contra mulher por razões da condição de sexo
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código;
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas OU com o emprego de arma.
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021)
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


II - contra mulher por razões da condição de sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
PERSEGUIÇÃO Código;

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por DOS CRIMES CONTRA A VIDA
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou HOMICÍDIO SIMPLES
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 2º-A. Considera-se que há razões de condição de
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido:
sexo feminino quando o crime envolve:

§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem I - violência doméstica e familiar;


prejuízo das correspondentes à violência.
II - menosprezo ou discriminação à condição de
§ 3º Somente se procede mediante representação. mulher.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021) (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.104, de 9/3/2015)
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

PERSEGUIÇÃO

Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por


qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de
locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou
perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
I - contra criança, adolescente ou idoso;

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


II - contra mulher por razões da condição de sexo
§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste
Código;
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem
prejuízo das correspondentes à violência. III - mediante concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas OU com o emprego de arma.
§ 3º Somente se procede mediante representação.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.132, de 31/3/2021)
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


▪ Crime doloso.
▪ Crime comum.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER ▪ Crime material.
▪ Delito subsidiário.
▪ Bem jurídico tutelado: o estado emocional da vítima.
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que Ademais, protege a honra e a dignidade da pessoa
humana, que além de violentar sua liberdade de
a prejudique e perturbe seu pleno
locomoção, de constrangê-la física, moral e
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a psicologicamente, cria-lhe uma insegurança
controlar suas ações, comportamentos, crenças e permanente. Bitencourt (2022, p. 568) leciona que o
decisões, mediante ameaça, constrangimento, bem jurídico protegido “também é a liberdade pessoal
e individual de autodeterminação, mas é,
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, especialmente, a integridade emocional e psíquica da
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou mulher, que será abalada pelo temor da conduta que
qualquer outro meio que cause prejuízo à sua lhe produz danos emocionais”.
saúde psicológica e autodeterminação: ▪ Esse crime faz a vítima sentir-se virtualmente
“aprisionada” e insegura, sentindo-se tolhida em
usar sua liberdade plena no plano físico, psíquico,
psicológico, emocional e espiritual.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
▪ Emoção: é uma viva excitação do sentimento. É uma
e multa, se a conduta não constitui crime mais forte e transitória perturbação da afetividade a que
grave. estão ligadas certas variações somáticas ou
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.188, de 28/7/2021) modificações particulares das funções da vida
orgânica.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


▪ Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa física
penalmente capaz, inclusive mulher, embora tenha
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER como vítima somente mulher, não requerendo
nenhuma qualidade ou condição especial, sendo,
pois, classificado, doutrinariamente, como crime
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que comum.
a prejudique e perturbe seu pleno ▪ Sujeito ativo: somente pode ser pessoa do sexo
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a feminino. Ademais, a mulher vítima precisa ser
determinada e individualizada. Nesse sentido,
controlar suas ações, comportamentos, crenças e pessoa indeterminada não pode ser sujeito passivo
decisões, mediante ameaça, constrangimento, desse crime.
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ▪ O tipo penal é composto por três partes: a) causa;
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou b) consequências; c) meios utilizados.
qualquer outro meio que cause prejuízo à sua ▪ Causa: causar dano emocional.
▪ Consequências: que prejudique e perturbe seu
saúde psicológica e autodeterminação: pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a
controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, gerando prejuízo à sua saúde psicológica
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e autodeterminação (consequência final).
e multa, se a conduta não constitui crime mais ▪ Meios utilizados: ameaça, constrangimento,
grave. humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.188, de 28/7/2021) ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER

Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que


a prejudique e perturbe seu pleno
desenvolvimento ou que vise a degradar ou a
controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou ▪ Consumação: somente se consuma com a
produção efetiva de dano ou prejuízo à saúde
qualquer outro meio que cause prejuízo à sua
psicológica da mulher e à sua
saúde psicológica e autodeterminação: autodeterminação, por qualquer forma ou meio,
pois, como diz textualmente a descrição típica
“ou qualquer outro meio que cause prejuízo à
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
sua saúde psicológica e autodeterminação”.
e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave. ▪ Tentativa: é possível.
(Artigo acrescido pela Lei nº 14.188, de 28/7/2021)
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO

▪ No caput do 148 do Código Penal estão descritas as condutas que tipificam o sequestro e o
cárcere privado. Ao descrever o tipo penal o legislador assim dispôs: “privar alguém, de sua
liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado”.
▪ Há uma diferença entre ambos os crimes, pois no sequestro a vítima tem maior liberdade de
locomoção (vítima presa numa fazenda).
▪ Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade em um recinto
fechado, como por exemplo: dentro de um quarto ou armário.
▪ O crime de cárcere privado pode se dar de duas formas, por meio da detenção e sequestro:

• A detenção ocorre quando a violência exercida sobre a pessoa consiste no


impedimento ou obstáculo de sair de um determinado lugar;
• No sequestro compreende-se o fato de conservar a pessoa em lugar solitário e ignorado,
de modo que difícil seria a vítima obter socorro de outrem.
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


▪ Crime comum: em relação ao sujeito ativo.
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
▪ Crime comum: em relação ao sujeito passivo,
exceção das modalidades qualificadas previstas
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante nos incisos I e IV do § 1º do art. 148 do CP, em
sequestro ou cárcere privado: que os sujeitos passivos deverão ser pessoas
determinadas.

Pena - reclusão, de um a três anos. ▪ Crime doloso.

▪ Delito material: a conduta do agente produz um


resultado naturalístico, perceptível por meio dos
sentidos, que é a privação da liberdade da
vítima.

▪ Art. 5º, XV, CF – é livre a locomoção no


território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer, ou dele sair com seus bens.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


▪ Verbo núcleo do tipo: privar, ou seja, negar ao
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO sujeito passivo a possibilidade, ainda que relativa
(como no caso de risco pessoal), do exercício de
seu direito de locomoção.
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante ▪ Sequestro: a turbação da liberdade de
sequestro ou cárcere privado: locomoção se dá pelo cerceamento do direito,
mas sem clausura, sem confinamento, e sim pelo
arrebatamento, pela abdução, pelo ato de
Pena - reclusão, de um a três anos. arredar uma pessoa do local em que está.
▪ Cárcere privado: agride-se a liberdade de
locomoção pelo confinamento, pelo
enclausuramento do sujeito passivo, por
exemplo, mantendo-o em um cubículo sem a
possibilidade de sair.
▪ A privação da liberdade deve ocorrer por certo
período de tempo, não havendo posicionamento
uníssono quanto à delimitação desse tempo. Há,
todavia, posicionamentos que consideram que o
tempo de duração é irrelevante.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO


▪ Consumação: se consuma com a efetiva
impossibilidade de locomoção da vítima, que
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante fica impedida de ir, vir ou mesmo permanecer
sequestro ou cárcere privado: onde quer.

▪ Crime permanente.
Pena - reclusão, de um a três anos.
▪ Tentativa: é possível, por exemplo, quando o
autor tenta arrebatar a vítima e levá-la à
clausura, mas é impedido por circunstâncias
alheias à sua vontade.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado:
▪ A norma é taxativa, não admite
analogias ou interpretações extensivas, de
modo que não incide a qualificadora se a
Pena - reclusão, de um a três anos.
vítima for padrasto ou madrasta, genro, irmão,
tio ou sobrinho etc.
▪ Em relação à pessoa maior de 60 anos,
inserida no CP pela Lei nº 11.106, de
28/3/2005, é importante lembrar que, se a
vítima foi capturada quando tinha menos de 60
anos, mas permaneceu privada de sua liberdade
ate superar tal idade, a qualificadora se aplica.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em
casa de saúde ou hospital;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado:
▪ O crime pode ocorrer com emprego de
fraude, enganando-se os profissionais da área
médica com exames falsos, ou com a anuência
Pena - reclusão, de um a três anos. destes, hipótese em que serão coautores do
crime.
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§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante


sequestro ou cárcere privado:
▪ A vítima pode ser qualquer pessoa, homem
ou mulher, e consuma-se no momento da
captura da vítima, ainda que o agente não
Pena - reclusão, de um a três anos. consiga realizar com ela nenhum dos atos
libidinosos que pretendia.
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§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: ▪ Se aplica quando a vítima fica detida em
local frio, excessivamente úmido, muito
quente, com ratos e baratas, com falta de
Pena - reclusão, de um a três anos. alimentação etc.
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DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL


§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: II - se o crime é praticado mediante internação da
vítima em casa de saúde ou hospital;

Pena - reclusão, de um a três anos. III - se a privação da liberdade dura MAIS DE quinze
dias;

IV - se o crime é praticado contra MENOR de 18


(dezoito) anos;

V - se o crime é praticado com fins libidinosos.

§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus tratos ou da


natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
CÓDIGO PENAL
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Conforme a matéria, marque V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) No crime de homicídio é possível ser praticado por omissão, como o caso da mãe que causa a
morte do filho deixando de alimentá-lo. Temos nesse caso um crime comissivo por omissão.
( ) São qualificadoras do homicídio pelos meios empregados a utilização de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura, meio insidioso ou cruel, traição, emboscada e dissimulação.
( ) A diferença entre maus-tratos e tortura reside no elemento subjetivo, ou seja, na finalidade
especial do sujeito ativo.
( ) Os crimes contra a honra são a calúnia, a difamação e a injúria. Cada um desses delitos
possuem requisitos próprios e, além de estarem descritos no CP estão previstos em leis especiais.
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UNIDADE I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Conforme a matéria, marque V para as verdadeiras e F para as falsas:

( ) A difamação é punível contra os mortos assim como a calúnia.


( ) O crime de calúnia admite, em regra, exceção da verdade assim como no crime de difamação.
( ) A injúria ofende a honra objetiva da vítima, diferente da calúnia/difamação que ofende a honra
subjetiva.
( ) Se a vítima foi sequestrada com 59 anos e permaneceu em cárcere por 2 anos, incide na
qualificadora do crime de sequestro prevista no inciso I do art. 148.
( ) No crime de injúria, a retratação, se cabal e antes da sentença, extingue a punibilidade.
( ) Nos crimes contra a honra, o perdão judicial é admitido somente ao crime de injúria.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

GABARITO
V–F – V–V–F – F – F – V–F – V
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PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
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1ª QUESTÃO (FUNRIO - CADETE – PMGO – 2017 – ANULADA NO CONCURSO - ADAPTADA –


CAP CARDOSO - 2018) – A respeito do crime de homicídio (art. 121 e seus parágrafos do Código
Penal), assinale a alternativa CORRETA.

A) O filho que, diante do pedido do pai moribundo, verificando seu enorme sofrimento físico e
psíquico, desliga os aparelhos que o mantêm vivo responde por homicídio qualificado pelo emprego
de recurso que impossibilita a defesa da vítima.
B) Ocorre o chamado feminicídio sempre que o agente pratica o crime de homicídio, tendo como
vítima uma mulher, independentemente de sua motivação ou das circunstâncias do fato.
C) O agente que causa dolosamente a morte da companheira de um policial militar pratica
homicídio qualificado, independente dos motivos do crime, dos meios empregados na execução do
delito ou de sua finalidade.
D) O juiz poderá deixar de aplicar a pena tanto do homicídio doloso quanto do homicídio culposo se
as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se
torne desnecessária.
E) A pena do homicídio é aumentada de um terço até a metade, se o crime é praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
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2ª QUESTÃO (CFO/2017 – RECURSO NÃO CONHECIDO) – Considerando o que estabelece pelo Código
Penal Brasileiro, mais especificamente sobre o crime de homicídio, analise as assertivas abaixo e, ao final,
responda o que se pede.

I. É causa de aumento de pena, a prática do crime contra integrantes da Força Nacional de Segurança Pública,
no exercício da função.
II. É causa de diminuição de pena, no caso de feminicídio, se o crime for cometido na presença de
descendentes ou de ascendente da vítima.
III. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício.
IV. São consideradas circunstâncias legais que qualificam o crime de homicídio, a realização do tipo penal: por
motivo fútil, à traição, mediante dissimulação e com emprego de explosivo.

Marque a alternativa CORRETA.

A) Apenas as assertivas II e III estão incorretas.


B) Apenas as assertivas I e II estão incorretas.
C) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
D) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
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3ª QUESTÃO (CFS/CSTSP) – 2018 – RECURSO INDEFERIDO) – Dois terços dos casos de feminicídio foram
cometidos na casa da vítima, segundo pesquisa do Ministério Público de São Paulo. Em 58% dos casos foram
usadas armas brancas, como facas, para ferir ou matar as vítimas. Dos registros, em 75% a vítima tinha
relacionamento com o agressor (eram namorados ou casados).

(Fonte: https://veja.abril.com.br/brasil/dois-tercos-dos-feminicidios-ocorrem-na-casa-da-vitima/) Por Estadão Conteúdo. Acesso em: 2


mar 2018.

De acordo com o previsto no Código Penal Comum sobre os Crimes Contra a Vida, marque a alternativa
CORRETA.

A) No crime de feminicídio considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve
violência doméstica e familiar.
B) Ocorre aumento de pena para o crime de feminicídio se for praticado durante a gestação ou até 01 (um)
ano posterior ao parto.
C) O crime de homicídio só receberá a denominação de feminicídio se for praticado por homens e contra
mulheres.
D) Constitui condição indispensável do crime de feminicídio, o menosprezo ou discriminação pela identidade
de gênero.
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4ª QUESTÃO (VUNESP – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – RIO GRANDE DO SUL -


2018 – ADAPTADA – TEN CARDOSO 2018) – O feminicídio (CP, art. 121, § 2º, VI):

A) a pena do feminicídio é aumentada se for praticado contra pessoa menor de 18 (anos),


maior de 65 (sessenta e cinco) anos ou com deficiência.
B) demanda, para seu reconhecimento, obrigatória relação doméstica ou familiar entre
agressor e vítima.
C) é o homicídio qualificado por condições do sexo feminino.
D) foi introduzido em nosso ordenamento pela Lei Maria da Penha (Lei no 11.340/06).
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5ª QUESTÃO (PMMG - CFO/2018) – Marque a alternativa INCORRETA em relação ao


crime de homicídio, previsto no art. 121 do Código Penal Brasileiro:

A) Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).
B) Motivo fútil e emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum são qualificadoras deste crime.
C) A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade) se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
D) Em se tratando de homicídio culposo, o juiz em hipótese alguma poderá deixar de
aplicar a pena, mesmo se as consequências da infração atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
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6ª QUESTÃO (CRS/PMMG – CFO – 2019) - Marque a alternativa CORRETA em relação


às qualificadoras do crime de homicídio (Art. 121) previstas no Código Penal:

A) Se o homicídio é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro


motivo torpe ou para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime.
B) Se o homicídio é cometido com emprego de veneno, carro, fogo, explosivo, asfixia,
ameaça, tortura, confiança ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum.
C) Se o homicídio é cometido utilizando para tanto traição, emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que possibilite a defesa do ofendido.
D) Se o homicídio é cometido contra homem por razões da sua condição homossexual ou
em razão de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
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7ª QUESTÃO (CHQAOPM/2014 - PMSP) - Assinale a alternativa CORRETA em relação


aos crimes contra a honra, conforme doutrina dominante.

A) A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva do indivíduo, enquanto a injúria atinge


a honra subjetiva do indivíduo.
B) A calúnia e a difamação atingem a honra subjetiva do indivíduo, enquanto a injúria
atinge a honra objetiva do indivíduo.
C) A calúnia, a difamação e a injúria são crimes próprios e materiais.
D) A calúnia e a injúria não admitem exceção da verdade, enquanto o crime de difamação
admite a exceção da verdade.
E) A calúnia contra os mortos não é punível, enquanto os crimes de difamação e injúria
admitem a punição quando praticados contra os mortos.
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8ª QUESTÃO (SOLDADO – PMSC – 2015) – Imputar a alguém fato ofensivo à sua


reputação constitui crime de:

A) calúnia.
B) injúria.
C) difamação.
D) exceção da verdade.
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9ª QUESTÃO (CEGESP/2022) – Em 31 de março de 2021 foi publicada a Lei


Federal n.14.132, que altera o Código Penal para incluir o art.147-A, tipificando o
crime de perseguição (stalking), o qual, ainda que inove o ordenamento jurídico
com um tipo penal especifico, coloca em evidência algo que a doutrina (nacional e
estrangeira) já debate há tempos. Nesse sentido, a respeito do delito de
“PERSEGUIÇÃO”, marque a assertiva CORRETA:

A) A ação penal é pública incondicionada.


B) O crime pode ser praticado nas modalidades culposa ou dolosa.
C) Somente pessoa do sexo masculino (homem) pode ser sujeito ativo do delito de
Perseguição.
D) O tipo penal é formado pelo verbo nuclear perseguir e pelos meios: ameaçando,
restringindo, invadindo ou perturbando.
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

GABARITO
QUESTÃO RESPOSTA
1 E
2 B
3 A
4 C
5 D
6 A
7 A
8 C
9 D
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REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 1: parte geral (art. 1º a 120). 27.
ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2021.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – v. 2: parte especial (art. 121 a
154-B). 22. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: SaraivaJur, 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: parte especial. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2021.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v. 2. 18 ed. rev. e atual. Niterói: Impetus,
2021.
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR
ESCOLA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE
SARGENTOS - EFAS

ATÉ A PRÓXIMA!

NOSSOS SÍMBOLOS, NOSSA HONRA.

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