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O Código Penal inicia a sua parte especial com o Título I (Crimes contra a
pessoa), subdividindo-o a partir de então em capítulos, sendo o primeiro deles intitulado
Dos Crimes contra a Vida.
A partir do artigo 121 iniciamos a parte especial, que vai até o artigo 361, com
os crimes propriamente ditos, isto é, as condutas humanas previstas como tais.
1. Informações Gerais
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Elaborado com base, precipuamente, nas obras: 1. GRECO, Rogério. Código Penal Comentado; 2. CAPEZ,
Fernando. Curso de Direito Penal; 3. GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado: Parte
Especial; 4. SANCHES, Rogerio. Manual de Direito Penal: volume único. 5.ROQUE, Fabio. Direito Penal Didático:
parte especial.
1.1 Tipos Penais: dos artigos 121 a 128 estão previstos os crimes contra a
vida: Art. 121 – Homicídio; Art. 122 – Induzimento, Auxílio ou Instigação ao Suicídio
ou à Automutilação; Art. 123 – Infanticídio; Artigos 124 a 128 – Aborto: autoaborto
(art. 124); aborto praticado por terceiro sem consentimento da gestante (art. 125) e aborto
praticado por terceiro com consentimento da gestante (art. 126) e formas qualificadas).
Os crimes conexos aos dolosos contra a vida também serão julgados pelo
Tribunal do Júri (art. 78, I, CPP).
O único crime contra a vida que tem modalidade culposa é o homicídio, pois
a lei não previu modalidade culposa nos outros crimes contra a vida.
1.4 Latrocínio (art. 157, §3º, II), Estupro Qualificado pela Morte (art.
213, §2º), Tortura Qualificada pela Morte (art. 1º, §3º, Lei 9455/97), Lesão Corporal
Seguida de Morte (Art. 129, §3º, CP) - Preterdoloso
1.5 Genocídio
Não está previsto como crime contra a vida. Logo, a priori, não será
encaminhado o agente ao Tribunal do Júri.
Importante registrar que o crime de genocídio está previsto no art. 1º, alíneas
a a e, da Lei 2.889/1956, lá existindo previsão de eliminação de vidas humanas, mas
também outras formas de prática de genocídio2.
.
Eventualmente, portanto, pode sim ser praticado o crime de genocídio
através da morte de pessoas; mas tal não ocorre necessariamente, como visto na nota de
rodapé desta página.
2
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989)
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição
física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Caso, no entanto, o genocídio não seja praticado por meio de eliminação da
vida humana, o agente não irá a Júri Popular, sendo julgado por juiz togado.
2. Homicídio
3
[...]. 4. Iniciado o trabalho de parto, não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o
caso, pois não se mostra necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio,
notadamente quando existem nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente, razão pela qual
não se vislumbra a existência do alegado constrangimento ilegal que justifique o encerramento prematuro da
persecução penal. (HC 228.998/MG – STJ).
hábil para tal (disparo de arma de fogo, asfixia, facadas, emprego de veneno etc). Nesse tipo
de dolo existe vontade livre e consciente de eliminar a vida humana alheia.
Ex.: indivíduo que, a despeito de não ter a intenção de matar, dirige veículo
em alta velocidade na via pública ultrapassando todos os sinais vermelhos, até que em dado
cruzamento vem a atingir e matar ocupante de carro que estava, regularmente, a atravessar
o sinal verde.
2.2.3 Culpa
Na conduta culposa dá-se uma ação voluntária dirigida a uma finalidade lícita,
mas em virtude de quebra de dever de cuidado, advém um resultado ilícito, não perseguido,
em relação ao qual não houve assunção de risco.
Há culpa quando o agente não prevê o que era previsível, isto é, age de modo
imprudente, negligente ou imperito diante de situação que, na visão do homem médio,
careceria de maior cuidado. O agente não adota cautela que a situação exigiria, ocasionando
lesão ao direito de outrem em virtude da ausência do dever de cuidado.
Ex.: médico que opera paciente sem a observância de regra técnica quanto à
intubação e acaba causando lesão e morte ao paciente.
Obs.: em se tratando de homicídio culposo na direção de veículo automotor,
aplica-se o artigo 302, do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9503/97).
2.3.1 Consumação
* Morte encefálica: para o legislador pátrio (Lei 9434/97 – art. 3º), nos casos
em que há morte encefálica, considera-se o quadro irreversível e permite-se que seja
considerada morta a pessoa:
2.3.2 Tentativa
Tentativa
[...]
Art.
Homicídio Culposo Perdão Judicial
Art. 121, §3º Art. 121, §5º
Majorante do Culposo
Art. 121, §4º
Majorantes do Feminicídio
Art. 121, §7º
Pois bem, iniciando, pois pelo homicídio simples, temos a simples redação
do artigo 121 do CP:
Tal hipótese está relacionada aos motivos do agente para a prática do crime,
fazendo-o, hipoteticamente, pelo bem da coletividade. A doutrina, em geral, traz como
exemplo a conduta do agente que mata o traidor da nação, ou seja, a vítima é pessoa que
agiu diretamente contra os interesses da pátria, entregando, por exemplo, segredos militares
a país inimigo.
Em tal caso, temos que o agente que é motivado por sentimentos pessoais
que são objeto de aprovação da sociedade, como piedade, compaixão, revanche contra ato
repugnante. Ex.: eutanásia (agente mata a vítima, sendo a vítima pessoa que está em estado
terminal, estando a sofrer em virtude de doença agressiva). A doutrina também traz como
exemplo o do pai que, por vingança, mata o estuprador da filha ou esposa, sendo certo que
para que se verifique essa hipótese não é necessário que a morte seja ocasionada logo após
o estupro. Se o homicídio é praticado logo após o estupro, pode ser invocada a terceira
hipótese de homicídio privilegiado ou até legítima defesa a depender do caso.
Deve se dar o ato logo depois de injusta provocação da vítima. A reação deve
ser imediata ao conhecimento da injusta provocação.
Ex.: pessoa que sofre bullying, por meio de palavras ou agressões, vindo a
reagir e causar a morte do agressor.
Em primeiro lugar, cabe dizer que a legítima defesa, cujos requisitos estão
dispostos no artigo 25 do CP (Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem) exige mais do que a mera provocação, mencionando a lei a necessidade
de injusta AGRESSÃO, que deve ser repelida pelo meio necessário.
Ex.: injusta agressão → tentar atingir a pessoa com faca; apontar arma na
direção do indivíduo.