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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL

CRIMES CONTRA A PESSOA


HOMICÍDIO

1. Conceito de Homicídio

O homicídio é crime contra a vida. Nesse sentido, explica o prof. Cleber Masson “a vida constitui-se

em direito fundamental do ser humano, consagrado no art. 5º da Constituição Federal. Trata-se de direito

formal e materialmente constitucional, com caráter supraestatal. Não obstante, tem natureza relativa: pode

sofrer limitações, desde que legítimas e sustentadas por interesses maiores do Estado. Nesse sentido, a

admissão da pena de morte em tempo de guerra (CF, art. 5º, XLVII, a), a legítima defesa (CP, art. 25) e o

aborto em determinadas situações legalmente previstas (CP, art. 128)”.

Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem.

Conforme proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto

culminante na orografia dos crimes. É o crime por excelência.

Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. Se

a vida humana for intrauterina estará caracterizado o delito de aborto. Se já iniciado

o trabalho de parto, a morte do feto configura homicídio ou infanticídio (art. 123,

CP).

Protege-se a vida humana, a qual se inicia no nascimento com vida. Não importa a viabilidade da

vida humana, basta que haja vida biológica. Obviamente, diferente do que ocorria no passado, mesmo o ser

humano com características “monstruosas” (monstrum vel prodigium, para o Direito Romano), é merecedor

de tutela penal.

2. Topografia do crime de homicídio

HOMICÍDIO
3. Observações

a) Homicídio Preterdoloso

O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, trata-se de uma

espécie qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a

título de culpa.

Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não

sendo crime doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri.

b) Homicídio vs. Genocídio

O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou

transindividual, não atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de

praticar genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência constitucional para o

julgamento de crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio atraído pelo Tribunal do Júri.

Corroborado ao exposto, Cleber Masson:

Genocídio é a destruição total ou parcial de grupo nacional, étnico, racial ou

religioso (art. 2º da Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto

30.822/1952 c.c. art. 1º, a, da Lei 2.889/1956). A competência é do juízo comum, e

não do Tribunal do Júri. Trata-se de crime contra a humanidade, e não de crime

doloso contra a vida, pois não foi catalogado no Capítulo I do Título I da Parte

Especial do Código Penal.

c) Crimes contra a Segurança nacional e homicídio

A tipificação do homicídio pode ser transferida do Código Penal para leis extravagantes em

decorrência das características da vítima. Nesses termos, quem mata dolosamente e com motivação política

o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal

incide no crime definido pelo art. 29 da Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional. Assim, se a

motivação for política contra os agentes mencionados restará afastado o delito de homicídio.

4. Homicídio (artigo 121 do Código Penal)


Homicídio simples

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

4.1. Conduta

Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no

art. 121 do CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. O homicídio pode ser praticado

tanto por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado pelo denominado

garantidor, isso porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal).

O núcleo do tipo é matar, ou seja, eliminar a vida alheia. Trata-se de um crime de forma livre, pois a

conduta de matar admite qualquer forma de execução. Normalmente, o agente mata a vítima por ação (tiro,

facada, envenenamento, atropelamento). Contudo, é perfeitamente possível matar por omissão, nos casos de

omissão penalmente relevante (art. 13, §2º, do CP).

Além disso, o homicídio pode ser praticado de forma:

a) Direta - o meio de execução é manuseado diretamente pelo agente. Por exemplo, o agente atira,

esfaqueia, atropela, envenena;

b) Indireta - o meio de execução é indiretamente manipulado pelo agente. Por exemplo, o ataque de um

cão treinado.

Salienta-se que, a depender do caso concreto, o meio de execução pode caracterizar uma

qualificadora, a exemplo do emprego de veneno, de fogo, de asfixia etc.

E em que momento acontece a morte? Se verifica com a cessação da atividade encefálica. Para a

Sociedade Americana de Neurorradiologia, morte encefálica é o “estado irreversível de cessação de todo o

encéfalo e funções neurais, resultante de edema e maciça destruição dos tecidos encefálicos, apesar da

atividade cardiopulmonar poder ser mantida por avançados sistemas de suporte vital e mecanismos de

ventilação”.

Corroborando, Cleber Masson (Código Penal comentado):

É o verbo matar. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou

por omissão, desde que presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º,

do CP), de forma direta (meio de execução manuseado diretamente pelo agente) ou


indireta (meio de execução manipulado indiretamente pelo homicida). Os meios de

execução podem ser materiais (os que assolam a integridade física do ofendido) ou

morais (a morte é produzida por um trauma psíquico na vítima como, por exemplo, a

depressão que acarreta a morte em face do uso excessivo de medicamentos).

Cumpre destacarmos que o meio de execução do delito de homicídio é livre, conforme mencionado

acima. Contudo o meio de execução empregado poderá caracterizar uma qualificadora, como se dá no

emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar

perigo comum (CP, art. 121, § 2º, III).

Indaga-se: a transmissão dolosa do vírus HIV pode ser considerada um meio de execução do

crime de homicídio? O vírus HIV é transmitido por meio da relação sexual, bem como através do

contato com sangue contaminado.

1ªC - A conduta do agente que, sabendo que está contaminado, transmite a doença de forma

intencional (seja por meio da relação sexual ou por meio de sangue contaminado) não é considerada

homicídio, podendo ser uma lesão corporal gravíssima ou perigo de contágio venéreo. Este é o

entendimento do STF (Info 603) e do STJ. STJ: Na hipótese de transmissão dolosa de doença incurável,

a conduta deverá será apenada com mais rigor do que o ato de contaminar outra pessoa com moléstia

grave, conforme previsão clara do art. 129, § 2.º inciso II do Código Penal. STJ. 5ª Turma. HC

160.982/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/05/2012

2ªC: Cleber Masson e parcela da doutrina discorda do posicionamento do STF, entendendo

que caracteriza homicídio, mesmo que o tempo para a consumação (a morte) seja longo. Isso porque o

vírus HIV é capaz de matar, sua transmissão dolosa será um homicídio tentado ou consumado, com

dolo direto ou eventual.

3ªC: Para Rogério Sanches, se a vontade do agente era a transmissão da doença de natureza

fatal, haverá tentativa de homicídio (ou homicídio consumado, caso seja provocada morte como

desdobramento da doença). Se não quis e nem assumiu o risco (usando preservativos), mas acaba

transmitindo o vírus, deve responder por lesão corporal culposa (ou homicídio culposa, no caso de

morte decorrente de doença.

4.2. Sujeitos
4.2.1. Ativo

Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige

qualidade especial do agente.

4.2.2. Passivo

Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. É necessário que seja após o

nascimento. O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código

Penal para Concursos, 2019) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”.

É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do

início do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121 do CP, mas pelo crime de aborto,

conforme será visto em sequência.

ABORTO HOMICÍDIO (OU INFANTICÍDIO)


VIDA INTRAUTERINA VIDA EXTRAUTERINA

Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero,

enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina

minoritária exige o início do desprendimento das entranhas maternas.

Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente,

pelas contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é

determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que

as contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela

execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea).6

Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto,

não há falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra

necessário que o nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando

existem nos autos outros elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ.

4.3. Tipo Subjetivo

É o dolo, denominado de animus necandi ou animus occidendi. Não se reclama nenhuma finalidade

específica. O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado)

quanto culposa (culposo).


Obs.: Cabe suspensão condicional do processo unicamente no homicídio culposo, desde que

presentes os demais requisitos exigidos pelo do art. 89 da Lei 9.099/1995.

Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor encontra-se tipificado no art.

302 do CTB.

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a

permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.,

4.4. Classificação doutrinária (usar sua tabela)

O homicídio é crime simples (atinge um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por

qualquer pessoa); material (o tipo contém conduta e resultado naturalístico, exigindo este último – morte –

para a consumação); de dano (reclama a efetiva lesão do bem jurídico); de forma livre (admite qualquer

meio de execução); comissivo (regra) ou omissivo (impróprio, espúrio ou comissivo por omissão, quando

presente o dever de agir); instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo),

mas há também quem o considere instantâneo de efeitos permanentes; unissubjetivo, unilateral ou de

concurso eventual (praticado por um só agente, mas admite concurso); em regra plurissubsistente (a conduta

de matar pode ser fracionada em diversos atos); e progressivo (para alcançar o resultado final o agente passa,

necessariamente, pela lesão corporal, crime menos grave rotulado nesse caso de “crime de ação de

passagem”).

4.5. Ação penal e competência

Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. A competência é do Tribunal do Júri para as

modalidades dolosas e do juiz singular para o homicídio culposo. Lembre-se: homicídio culposo não é

julgado perante o Tribunal do Júri.

(i)

(ii)

4.6. Homicídio privilegiado (causas privilegiadoras)

Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor

social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta

provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.


Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de

diminuição de pena. Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de

diminuição de pena.

Corroborando, Cleber Masson “a denominação homicídio privilegiado é fruto de criação doutrinária

e jurisprudencial. Na verdade, não se trata de privilégio, mas de causa de diminuição da pena”.

Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai

apenas quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação.

4.6.1. Natureza jurídica

Privilégio, no Direito Penal é o contrário de uma qualificadora (aumento dos limites das penas

mínimas e máximas), uma vez que diminui, em abstrato, as penas mínimas e máximas. Com isso, note que,

em verdade, o §1º do art. 121 do CP não é um privilégio, pois não há a diminuição em abstrato dos

patamares mínimos e máximos.

Desta forma, o homicídio privilegiado nada mais é do que uma mera causa de diminuição de pena,

que irá incidir na terceira fase de aplicação da pena.

A nomenclatura “homicídio privilegiado” foi criada pela doutrina e encampada pela jurisprudência.

Incomunicabilidade do privilégio

O prof. Cleber Masson explica que as hipóteses legais de privilégio apresentam caráter subjetivo.

Relacionam-se ao agente, que atua imbuído por relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de

violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e não ao fato. Por corolário, a causa de

diminuição da pena não se comunica aos demais coautores ou partícipes, em consonância com a regra

prevista no art. 30 do Código Penal.

Vejamos um exemplo: “A”, ao chegar à sua casa, depara-se com sua filha chorando copiosamente.

Pergunta-lhe o motivo da tristeza, vindo a saber que fora ela recentemente estuprada por “B”. Pede então a

“C”, seu amigo, que mate o estuprador, no que é atendido. “A” responde por homicídio privilegiado

(relevante valor moral), enquanto a “C” deve ser atribuído o crime de homicídio, simples ou qualificado

(dependendo do caso concreto), mas nunca o privilegiado, pois o relevante valor moral a ele não se estende.

4.6.2. Causas privilegiadoras


a) Motivo de Relevante Valor Social

Por valor social deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos

interesses da coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança/ indivíduo que mata

o traidor da pátria. Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os

interesses da comunidade. Corroborando, Cleber Masson:

Motivo de relevante valor social é o pertinente a um interesse da coletividade. Não

diz respeito ao agente individualmente considerado, mas à sociedade como um todo.

Exemplo: matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de

uma pacata cidade interiorana. É imprescindível que o motivo seja relevante!

b) Motivo de Relevante Valor Moral

O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual.

Entende-se que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente

relacionados a sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia.

A eutanásia pode ser ativa ou passiva. A ativa ocorre quando presentes atos positivos com o fim de

matar alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de alguém. Por outro lado, a passiva: se dá com a

omissão de tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, irreversivelmente

comprometida, acelerando a sua morte.

Motivo de relevante valor moral é aquele que se relaciona a um interesse particular do responsável

pela prática do homicídio, aprovado pela moralidade prática e considerado nobre e altruísta. Exemplo: matar

aquele que estuprou sua filha ou esposa. E, como observado pelo item 39 da Exposição de Motivos da Parte

Especial do Código Penal, é típico exemplo do homicídio privilegiado pelo motivo de relevante valor moral

“a compaixão ante o irremediável sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico)”.

Trata-se de modo comisso de abreviar a morte do doente em estado


EUTANÁSIA EM SENTIDO terminal, com grave sofrimento, sem possibilidade de cura.
ESTRITO, HOMICÍDIO
PIEDOSO, COMPASSIVO, Pressupõe uma ação.
MÉDICO, CARITATIVO,
CONSENSUAL Por exemplo, é o que ocorre no filme “Menina de Ouro”.
Caracteriza-se por uma omissão, em que se deixa de adotar
providências capazes de prolongar a vida do doente.

Obs.: O art. 41 do Código de Ética Médica prevê que o médio não


ORTOTANÁSIA, pode abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
EUTANÁSIA POR OMISSÃO, representante legal (proibição da eutanásia). Já no parágrafo único é
MORAL OU TERAPÊUTICA previsto que o médico não precisa empreender ações diagnósticas ou
terapêutica inúteis ou obstinadas. Contudo, não se trata de uma
autorização para que seja praticada a ortotanásia, mas sim que o
paciente não seja tratado como uma cobaia.

DISTANÁSIA OU Trata-se morte lenta, sofrida, prolongada pelos recursos da medicina.


OBSTINAÇÃO Não há crime.
TERAPÊUTICA

É a morte precoce e miserável de alguém, provocada pelo


MISTANÁSIA descaso e pela maldade de alguns seres humanos.

Pode ocorrer em três hipóteses:

1ª H – Doente que não recebe tratamento médico adequado pelo


SUS, seja por motivos econômicos, sociais ou políticos. Pode
caracterizar FATO ATÍPICO, análise do caso concreto.

2ª H – Doente é atendido pelo SUS, mas morre em razão de erro


médico. HOMICÍDIO CULPOSO.

3ª H – Doente entra no SUS com real expectativa de vida, mas morre


em razão da má-fé das pessoas que lhe prestam atendimento.
HOMICÍDIO DOLOSO.

Obs.: alguns autores chamam a mistanásia de eutanásia social. Cleber


Masson considera equivocado.

Obs.: a eutanásia pressupõe o consentimento da pessoa doente ou de um parente/cônjuge. Contudo,


mesmo com o consentimento, não há exclusão do crime, uma vez que a vida humana é um bem
jurídico indisponível.

c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima

A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da

doutrina como homicídio emocional.

Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam:

• Domínio de violenta emoção;

• Reação imediata;
• Injusta provocação da vítima.

c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta

emoção. A influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não

deve ser leve e passageira ou momentânea.

O Código Penal filiou-se a uma concepção subjetivista. Leva-se em conta o aspecto psicológico do

agente que, dominado pela emoção violenta, não se controla. Sua culpabilidade é reduzida, refletindo na

diminuição da pena a ser cumprida.

c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do

privilégio se exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada

imediata, enquanto perdurar o domínio da violenta emoção.

c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer

conduta desafiadora, mesmo que atípica.

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